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Uma mulher samaritana Copyright © 2017 by Lara Suliano Copyright © 2017 by Editora Ágape Ltda. COORDENAÇÃO EDITORIAL
CAPA
PREPARAÇÃO
DIAGRAMAÇÃO
Rebeca Lacerda
Fernanda Guerriero Antunes
Dimitry Uziel Rebeca Lacerda
REVISÃO
Tássia Carvalho COORDENADOR EDITORIAL
EDITORIAL
AQUISIÇÕES
João Paulo Putini Nair Ferraz Rebeca Lacerda
Vitor Donofrio
Cleber Vasconcelos
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1o de janeiro de 2009. Todas as citações bíblicas, salvo indicação em contrário, foram extraídas da Bíblia Sagrada, Ameida Corrigida Fiel,® ACF.® Copyright© 1994, 1995, 2007, 2011 por Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
Suliano, Lara Uma mulher samaritana: entre homens e Deus / Lara Suliano. ‑‑ Barueri, SP : Ágape, 2017. 1. Testemunhos (Cristianismo) 2. Vida cristã 3. Mulheres cristãs 4. Busca por Deus I. Título 17‑0877
CDD 248.4
índice para catálogo sistemático: 1. Vida cristã 248.4 EDITORA ÁGAPE LTDA.
Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1112 CEP 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri – SP – Brasil Tel.: (11) 3699-7107 | Fax: (11) 3699-7323 www.editoraagape.com.br | atendimento@agape.com.br
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Para Von Hollenberg, uma voz que clama no deserto‌
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O Chamado. O Mensageiro. A Fonte da Vida. O Livro da Verdade.
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Apresentação É importante tecer algumas observações sobre Uma Mulher Samaritana
– Entre homens e Deus, obra que é, antes de tudo, um testemunho de uma jovem mulher que não conhecia nada de Deus. Demorei cinco meses para escrevê‑la e já se passaram sete meses entre a conclusão da obra e a digitação desta apresentação, portanto tempo suficiente para gerar mais conhecimento e maturidade a respeito das coisas passadas, princi‑ palmente no que concerne àquilo que é divino. Guiada pelo Espírito do Senhor, porém, estou convencida de que estas páginas devem perma‑ necer tais como estão: um testemunho fiel de quem estava recebendo a primeira unção da parte de Deus. Quero enfatizar o fato de que este livro foi escrito especialmente para você, leitor(a), que talvez não tenha ouvido falar a respeito de unção, sobre a qual eu nada sabia até descobrir, na teoria e na prática, os efeitos dela na minha vida. Unção é o poder que Jesus tinha para exercer o seu ministério enquanto era homem; portanto, um poder divino derramado por Deus sobre alguém para um propósito. Ela é o que transforma a identidade e molda o caráter pessoal, derramando sabedoria e capacitando para uma atividade específica, quebrando o jugo dos vícios e comportamentos destrutivos. Somente com a unção somos capazes de ser o que jamais seríamos, de fazer o que de modo algum faríamos por nós mesmos e de chegar aonde nunca chegaría‑ mos sem Deus. Estou convicta de que Deus quer derramar esse poder sobre todo ser humano, primeiro para tratar de todas as mazelas pessoais que nos trazem sofrimentos e doenças; depois, a fim de nos capacitar para algo muito maior – pode apostar, há algo muito grande reservado por Ele para você que somente com a unção poderá conhecer. No entanto, con‑ viver com a unção requer aprendizado e obediência; afinal, precisamos ser confiáveis aos olhos divinos para receber poder. Se você faz parte do grupo de pessoas que já ouviram falar a respei‑ to de unção, esta obra também é para você. Tenho certeza de que há verdades profundas escritas aqui que fogem da minha capacidade como 9
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escritora, às quais atribuo a unção que está sob a minha vida. Embora este trabalho esteja repleto de pensamentos particulares moldados ain‑ da pela antiga criatura, enfatizo o fato de que Deus é paciente ao longo do processo. Muitas foram as revelações durante esta produção, mas meu propósito maior estava em escrever minuciosamente o desenvol‑ vimento de um chamado na sua fase embrionária. Sentada na sala do meu líder espiritual, ansiosamente ouço com atenção: – Menina, gostei da forma como você aborda certas questões. De fato, a linguagem pode conflitar com aqueles mais religiosos. E há ver‑ dades muito profundas para quem tem pouco tempo de caminhada. – Não quero escandalizar – digo –, mas essa linguagem é necessária, pois é um livro de vida, e não de religião. – Compreendo e concordo. Meu líder, pastor José Pedro, que hoje está à frente do Ministério 100% Trigo na cidade de Fortaleza, aprovou meu livro, o que é mister para quem deseja crescer em Deus – há um mover sobrenatural de união, de ordem e de obediência. O meu desejo é que cresçamos espiritualmente e que possamos atingir um nível mais profundo de poder – não somente o nível da primeira unção, mas os três níveis disponíveis. Que não falhemos na nossa caminhada. “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhi‑ dos” (Mt 22:14). Que a voz de Deus seja cada vez mais nítida para su‑ perarmos o treinamento e as provações terrenas, afinal a quem mais é dado mais é cobrado.
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Introdução Abro o Livro da Verdade e está escrito: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3:6‑8). Ou, para os mais céticos, em outro livro e em outras palavras:
Você está chorando… e essas lágrimas representam dor e desconfor‑ to de seu passado… e você está muito incomodado(a)… Enquanto se lembra… daquelas sensações em especial e novamente elas vol‑ tam para o seu corpo… Gostaria que você considerasse o seguinte… Todos nós, em nossas próprias histórias pessoais, tivemos muitas e muitas experiências, algumas das quais rotulamos de desagradáveis. Essas experiências desagradáveis formam muitas vezes a base de ha‑ bilitações posteriores e de capacidade… que as pessoas que nunca foram desafiadas por tais experiências não conseguem desenvol‑ ver… Como é agradável experienciar o incômodo do passado… Percebendo completamente que você sobreviveu àquelas experiên‑ cias e que elas compõem um conjunto completo de experiências a partir das quais você pode gerar comportamentos mais adequados no presente. (BANDLER e GRINDER, 1984, p. 119)
Eu renasci com quase trinta anos de idade. Não que consciente‑ mente estivesse doente, quase para morrer, e por um milagre tenha sobrevivido. Não era isso. Nasci do Espírito, ou simplesmente: apaguei meu passado. Como? Demorei quase dois anos para reconhecer quem verdadeiramente sou. Quando reconheço quem eu sou, posso ser quem eu quiser! Estava buscando um preenchimento interno, uma revolução espiri‑ tual, respostas. Queria encaixar‑me em algum lugar; procurava o ver‑ dadeiro encontro com meu eu, uma profissão apaixonante, dinheiro para rodar o mundo… Independência, liberdade! Queria saber quem realmente era e acreditar, mesmo que sem provas palpáveis, no propó‑ sito da vida. Da minha vida! 11
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Acreditar é o meio máximo de alcance. Se acredito em algo que diz ser o fim, o meio será justificado – e, de certa forma, todo sacrifício será justificável. Parece que vivo buscando algo, angustiada por aquilo que não encontro. A Programação Neurolinguística (PNL) diz que isso é autossabotagem; o Livro da Verdade diz que é a falta de fé. Tenho a sensação de ser diferente das pessoas à minha volta. De al‑ gum modo minha alma é inquieta, como se estivesse sendo enganada ou distraída para que não pudesse perceber a realidade.Tenho a intuição de algo ter que acontecer na minha vida que justifique um vazio interno que insiste em não se preencher. Foram tantos erros – Experiências do passado? Um modo carnal de viver a vida? Falta de controle mental? – que só me resta acreditar terem sido apenas treinamento para algo muito maior. Andando de lá pra cá, ouvindo, observando e vivendo, cheguei à mesma conclusão a que o autor do Livro da Verdade chegou: Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sem‑ pre permanece. Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa‑se e volta ao seu lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr. Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer:Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós (Ec 1:3‑9).
Acredite, não há nada de novo neste mundo. O que existe são ape‑ nas diferentes pontos de vista. Eu escolho meu ponto de vista. É uma escolha. Não é sorte, inteligência nem oportunidade. É uma escolha. Pessoas de sucesso sempre estão falando de energia, de Deus, cos‑ mos, unção, universos paralelos, mente positiva, ou seja lá o que for… Uma coisa é certa, parece existir um fator “invisível” – algo que dife‑ rencia o sucesso do fracasso –, o qual é a fonte de tudo. Quem sabe a Fonte da Vida? Vida é movimento, o que o faz fluir, expandir, amar… Movimento gera conquista. 12
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Passei um tempo em uma busca mais intensa da espiritualidade, fre‑ quentando alguns centros espíritas e lendo sobre budismo e esoterismo. Queria uma fórmula mágica que me conectasse com a fonte de tudo, a Fonte da Vida. Nessa peregrinação espiritual, fui por alguns meses a um centro espírita que faz uso de um chá natural e psicoativo (deixo no anonimato para não produzir uma publicidade indesejada ou errônea), que, por milênios, está presente nas culturas indígenas da Amazônia, segundo as doutrinas que fazem uso Dele, com o objetivo de mergulhar dentro de si. Precisava com urgência conectar‑me com o ser supremo e me conhecer profundamente ou ter uma espécie de sonho revelador, e não conseguia encontrar nada mais “mergulhante” no próprio eu que esse chá natural! Quem toma o chá recebe a promessa de ter quebradas as barrei‑ ras mentais construídas pelo passado. Entre religiosos e profissionais da medicina já é velho o uso de substâncias de vários tipos para esse fim – o mais conhecido e menos indicado seria o abuso de álcool, pois bebida não apaga o passado, e talvez você já saiba disso por experiência própria. O gosto do chá é muito amargo, e após meia hora já é possível sentir seu efeito: lembranças começam a pipocar na mente, como uma espécie de passeio pela memória. Parece que se está sozinho, sentado na última fila do cinema, assistindo a fragmentos da própria vida – no meu caso, visões eram formadas e, com frequência, um índio surgia fazendo uma limpeza no meu organismo, puxando algo de dentro de mim que saía pela minha boca, ao mesmo tempo que eu sentia um pouco de enjoo. Não muita coincidência, durante esse momento de “limpeza” (muitos vomitam e têm diarreias horrendas), o chá o leva para um passeio no passado, e muitas vezes a um passado sujo, triste e que precisa ser eliminado. No início, sentia‑me ansiosa, angustiada, porém essas sensações ruins foram embora e comecei a mergulhar mais profundamente no meu eu. Uma vez vi um lindo castelo de mármore branco e pensei que talvez fosse o tipo de morada nos céus. Tive parte da minha memória ativada e lembrei‑me de coisas que já havia esquecido. Com certeza essas novas lembranças afetam meu presente. Muitas vezes estamos fo‑ cados no tapa que o Pai nos dá na cara que nossa memória apaga as inú‑ meras vezes que Ele calçou nossos sapatos e beijou nossa testa com um 13
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“eu te amo, filho”. O chá, porém, faz o favor à nossa memória, viciada em guardar rancor, de resgatar essas lembranças. Era o ano de 2009 e estava prestes a morar definitivamente nos Estados Unidos. Em minha última sessão, com o meu futuro marido ao meu lado, o meu eu me fez uma pergunta: “Você o ama?”. Por meio de uma visão de olhos fechados vivi uma situação ao lado Dele cuja resposta seria: “Você acha que o ama. Aprenda a amar!”. Abri os olhos, pois não tinha gostado do que vi.Tentei pensar em outra coisa, tentando burlar a mim mesma. O ser humano sempre tem a mania de não querer enxergar a realidade quando não está de acordo com seus desejos e as necessidades. Talvez não seja esse o momento mais apropriado para falar de realidade, afinal estava chapadona depois de beber o chá (com todo o respeito por aqueles que acreditam que estão mergulhados na super‑realidade; não estão totalmente errados, porém nem absoluta‑ mente certos). Fechei novamente os olhos e a figura do índio apareceu, ao mesmo tempo em que ouvi as músicas que os mestres colocavam para tocar. O chá, então, me levou a um passeio dançante em minhas memórias embalado pelas melodias. Terminada a sessão, o mestre diri‑ gente veio até mim e disse: – Lara, vi coisas ao seu respeito e confesso que me assustei. Espero que você saiba o que está fazendo, indo embora para outro país com esse rapaz. Tem certeza de que esse é o seu caminho? – Vai ficar tudo bem, mestre – respondi. Fui para os Estados Unidos e nunca mais voltei a tomar o chá. Cinco anos depois eu me divorciei. Como estava muito ocupada com meu casamento em outro país, minha busca pelo fator invisível ou espiritua‑ lidade foi menos intensa. Dediquei‑me totalmente às coisas da carne e deixei as do espírito de lado. Gosto de malhar e me tornei atleta de fisiculturismo. O fato era que o universo, a energia interior ou quem sabe Deus já estavam querendo avisar‑me sobre algo: “Encontre primeiramente você!”. Fui totalmente movida por uma paixão louca e adaptei a minha vida em virtude do meu ex‑marido. Os avisos vêm pelos meios aos quais damos a oportunidade; se não os buscarmos, quase nunca seremos avisados, ou quando somos não percebemos e não damos importância. 14
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O difícil é compreender, aceitar e reconhecer os avisos. Nas sessões em que bebi o chá, chorei profundamente pelos meus erros ou porque amava as pessoas. Pensava em todos os aspectos da minha vida e conse‑ guia, de forma surpreendente, julgar a mim mesma por outro ponto de vista além do meu de costume. Embora tivesse um novo juiz da minha vida (eu mesma, porém menos centrada no meu ego – acho que esse efeito justifica o uso do chá, afinal as pessoas que lá frequentam são homens e mulheres de família, bem‑sucedidos profissionalmente, e não adolescentes doidões com “papo zen”), sentia o mesmo vazio, um vazio na alma que insistia em permanecer. Tinha que esperar por quinze dias e então voltar à sessão e fugir um pouco da realidade, ou mergulhar nos questionamentos da minha realidade. Esse vazio, que me acompanhou por anos, gerava em mim uma in‑ quietude que se tornava ansiedade, depois tristeza e então um cho‑ ro que durava uns bons minutos. Chorava, sofria e não sabia ao certo o motivo. Algo difícil de ser compartilhado, mas queria alguém para contar tudo isso. Li em algum livro que, quando realmente queremos encontrar um guru ou um mestre espiritual na vida, nós o encontra‑ mos. A vida dá um jeito de cruzar os nossos caminhos (lei da atração ou Deus trabalhando?). Em outra obra li que aquele que procurar a Deus de todo o coração O irá encontrar. Nenhum desses lugares re‑ ligiosos e sagrados em que pisei ensinou‑me a buscar a Deus de todo o coração. Sempre quis ter alguém para orientar‑me espiritualmente. Não estamos apenas habitando um mundo somente de coisas visíveis e passageiras. Pelo contrário, estamos muito mais imersos dentro de uma realidade invisível, de coisas eternas e insondáveis. Aos trinta anos conheci uma pessoa a quem chamo de Mensageiro (o livro estava certo, agora tenho um “guru” espiritual). Acredite quando digo, ele é a única pessoa que nos convence de verdades espirituais, e não há outra melhor. O Mensageiro me falou muito a respeito da Fonte da Vida ou simplesmente a fonte do fator invisível, dizendo‑me que quem bebe dessa fonte jamais vive da mesma forma de antes. Ele também me apresentou o Livro da Verdade, a obra mais popular do mundo, com mais de quatro bilhões de exemplares vendidos. Ou seja, quase o mundo intei‑ ro o conhece. Algo de muito especial deve estar em suas páginas. O primeiro ensinamento que o Mensageiro me passou foi que mui‑ tos não conseguem acreditar no que está escrito no Livro da Verdade, 15
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pois sua leitura é feita de maneira errada, vazia. Sua função na vida de qualquer pessoa é ensinar tudo o que há nele para que as palavras pe‑ netrem no coração de quem o lê; assim, será possível receber o melhor da vida. O Mensageiro me ensinou que eu estava procurando o fator invisível em lugares errados. Alguns até imaginam que encontraram, em outros lugares e com outros mestres, o fator que alavanca sua vida, seja no campo profissional, emocional ou social. No entanto, eu não poderia (e muitos outros também não poderão), e por uma razão: fui escolhida desde o ventre da minha mãe para algo. O fator invisível do qual falo é uma prosperidade que vai além de ser bem‑sucedido. Vou logo avisando, não sou a única – somos milhares, incontáveis como os grãos de areia da praia. Seria impossível me encontrar em outros luga‑ res (e tentei muito!), pois, antes mesmo da minha existência, sempre houve um propósito. Eu nasci dentro desse propósito. Durante todos esses anos de busca, meu espírito queria encontrar a fonte, porque ele é parte dela e para ela voltará. Posso dizer, então, que o vazio que carregava havia anos sumiu a partir do momento em que descobri, no poder da palavra do Livro da Verdade, o segredo que está dentro de mim. Não encontraria nada fora, mas, sim, dentro de mim. Maior é aquele que está dentro de mim do que aquele que está fora. É por dentro que traço meus limites; o lado de fora é limitado, porém o meu lado interior é ilimitado. Pode parecer incoerente a prin‑ cípio e muitos, por exemplo, por terem dificuldade de assimilar isso, desenvolveram técnicas de Programação Neurolinguística (PNL) e o coaching, recursos válidos os quais posso afirmar sem medo: nada mais são do que um modo científico humanamente desenvolvido para algo já praticado há séculos. O Livro da Verdade trata de poder, ao qual eu experimentei e do qual não posso mais abrir mão. Seu autor adora enigmas e mistérios, e eu quero que as pessoas os conheçam; tendo o domínio desse poder, a vida será muito diferente. Sou perfeitamente preenchida pelo poder das palavras. Tudo é tão real, verdadeiro quanto este livro que escrevo, o qual com certeza não seria produzido se o poder das palavras do Livro da Vida não fosse real. Escrever estas páginas é um resultado real, prova concreta de que a palavra funciona. O Mensageiro é real, pois não é apenas teoria. Eu consegui exteriorizar (ou, de fato, realizar) um desejo sem medo do fracasso – escrevi um livro –, porque aprendi que minhas 16
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emoções não mandam em mim. A maior balela é dizer que o correto é fazer o que está em nosso coração, por isso muitas pessoas estão na inércia e infelizes. É preciso aprender a domar o coração; aí sim… fazer o que está nele. Meu passado não existe mais e a cada manhã recebo uma dose de capacidade para realizar tudo o que desejo. Quero realmente fazer di‑ ferente a partir de agora, pois antes vivi sem nenhuma orientação além de um coração rebelde e desgovernado; e, tenho que assumir, fiz muita besteira. Olho para os trinta anos da minha vida e me pergunto: Quem sou eu? Era a garota sarada da praia, bronzeada, tatuada, popular, e sempre tive um homem ao meu lado ocupando os meus fins de semana – uma distração que me paralisava na tentativa de buscar o espiritual (o fator invisível) com mais profundidade e me encontrar. Não ficava sozinha, e às vezes tinha mais de um homem ao meu lado. Eu prefe‑ ria usar o outro como espelho da minha alma, incorporando gostos e estilos alheios para satisfazer a característica de mulher companheira e “pau para toda obra” que era. Uma verdadeira mulher samaritana, um reflexo da vida dos homens que passaram por mim e moldada por influências até então desconhecidas – não assumia o controle da minha realidade espiritual. Minha vida só fazia sentido quando estava ligada à vida de outra pessoa. Cheguei a um momento da vida, aos trinta anos (acho que essa fase causa naturalmente questionamentos, principalmente quando os planos dos vinte e poucos anos se frustram), em que tudo desmoronou dentro de mim e ao meu redor. Não havia saída: precisava mudar sem saber como ou por onde. Apenas desejava que as coisas fossem diferentes. Até que a vida, o destino ou o acaso (o que isso importa?) me levou a co‑ nhecer o Mensageiro (guiado pelo meu desejo de encontrá‑lo, não pos‑ so me esquecer disso!). Na verdade, era a busca inconsciente do meu chamado. Quando alguém nasce com um talento extraordinário, há um desejo de viver por meio dele. A Beyoncé, por exemplo, tem uma voz incrível e um desejo de viver do talento. Quantos “nãos” ela recebeu? Muitos. Disseram até que ela não era cantora. Ela conseguiu domar um coração muitas vezes ferido pelas pessoas e nunca desistiu da busca de viver por meio do que tinha de melhor dentro de si. Embora haja rumores e coincidência de simbolismos de que a cantora faça parte de uma seita (espécie de maçonaria), inclusive declarando em entrevistas 17
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que Sasha Fierce1 é seu alter‑ego, e não ela própria, uma força extra que a conduz no mundo da fama, induz a pensar, para os que acreditam, que há muito por detrás das nossas escolhas e conquistas. Não é o outro quem determina quem somos e não são as pessoas que nos abrem as portas. Talvez você não concorde comigo neste mo‑ mento porque pode não conhecer o fator invisível, ao qual decido chamar reino espiritual com controle remoto. Sempre teremos duas opções de escolha; nunca seremos parciais: escolhemos um ou outro, conscientes ou não. Tenho a necessidade de escrever sobre os dois últimos anos da minha vida e como conheci o Mensageiro – esse alguém que roda o mundo inteiro em busca de pessoas disponíveis para ouvir, aprender, receber treinamento e cumprir uma missão nesta terra. Foi o Mensageiro quem me fez mudar minha visão de mundo. Quando tiro o foco de mim, das minhas necessidades, dos problemas, das circunstâncias e passo a viver pela fé, TUDO a mim pode ser dado. Pois é quando perdemos a nossa vida que, de fato, a encontramos. – Chegou a hora de você começar a escrever, Lara – falou‑me o Mensageiro. – Mas escrever o quê? – perguntei. – Sobre as coisas que tenho lhe ensinado. – Por onde poderia começar? – Comece pelo Vidente.
1 Sasha Fierce é o nome do terceiro álbum da cantora. 18
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1 O Mensageiro me orientou a começar a partir do momento em que
decidi ir a uma consulta com uma vidente. Tinha vinte e dois anos na época, quase formada em Jornalismo. Fui sozinha e receosa, pois eu nunca havia mexido com o oculto. Algumas coisas que a vidente disse me marcaram: eu escreveria um livro sobre a minha vida e trabalharia com muitas pessoas, numa espécie de palestra ou aula. Ela viu uma bus‑ ca espiritual. Ah, e disse também que eu estava sendo infiel! E acertou, pois eu estava tendo um caso com um professor da faculdade. Quase 10 anos depois, estava na cidade de Fortaleza, no Ceará, sen‑ tada novamente na sala de um vidente, desta vez um homem indicado por uma amiga, pois ele parecia conhecer do futuro. Coisas que ele havia dito a ela aconteceram. Fiquei curiosa, afinal passava por uma fase complicada. Recém‑divorciada, voltei para minha cidade natal, ainda era atleta patrocinada, minha vida financeira estava relativamente es‑ tável e escrevia para uma empresa internacional que investia no Brasil. Minha vida sentimental, porém, estava acabada! Tenho duas filhas de relacionamentos diferentes, ou seja, minhas tentativas de construir uma família haviam falhado. Era casada, morava nos Estados Unidos, fui para o Rio de Janeiro e agora estava de volta. Tive perdas materiais nes‑ sas mudanças e outras perdas maiores que pareciam ser irreparáveis. Nunca me preocupei com os meus relacionamentos quando davam in‑ dícios de que estavam indo mal, afinal outra pessoa sempre aparece‑ ria… Sempre! Estava vivendo um romance virtual com um homem de dois metros de altura, com lindos olhos verdes, corpo malhado e um rosto perfeito. Fui duas vezes a esse Vidente. Na primeira ocasião, esperei em torno de três horas para ser atendida. Fiquei em uma sala ao lado da recepção onde havia muitos livros e um quadro branco com alguns dizeres es‑ pirituais. Tentei, então, ocupar‑me com um livro enquanto aguardava. No meio de muitos havia uma Bíblia, a qual folheei por uns instantes e desisti. Quando finalmente chamaram o meu nome, levantei ansiosa, 19
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atravessei um corredor extenso e entrei pela última porta. Não havia ninguém na sala, apenas uma mesa com duas cadeiras e, no canto, mui‑ tos cristais: um bem grande, com um metro de altura, e vários menores ao seu redor, de tamanhos variados. Em outro lado da sala havia muitas estátuas. Sentei‑me em uma das cadeiras e aguardei ansiosa pela entrada do Vidente. Finalmente ele entrou. Simpático, perguntou o meu nome, colocou o baralho na mesa e mandou‑me cortá‑lo. Simplesmente eu não disse mais nenhuma palavra e durante os quarenta minutos seguin‑ tes ele falou sobre a minha vida passada e futura. – Lara, não é mesmo? – Sim, eu! – respondi. – Vejo que você está passando por uma fase conturbada… Hum, vejo uma separação. E, pior, você está se saindo dessa como a malvada. As pessoas estão falando mal de você, querida! De fato era verdade. Estava divorciando‑me e a corda parecia ter partido para o meu lado. Meu ex queria fazer de mim a pior pessoa do mundo para os outros. Fiquei mais ansiosa ainda para ouvir tudo. – Houve uma quebra no seu destino – ele continuou. – Não era para você estar nesta cidade. Ouça bem o que tenho a dizer, o seu ex irá pe‑ dir para voltar. Caso aceite, você não irá viver algo que o futuro reserva e ficará limitada. A sua fase atual está difícil e vai piorar. Vejo que você tem filhos! Vejo um processo de guarda na justiça entre vocês dois, mas nada com que deva se preocupar. Portas estão fechadas a ponto de hoje não haver nem uma casa para morar, e outras portas serão fechadas. Mas seu futuro será muito próspero. Vejo que você está se dedicando a uma nova profissão, este é o caminho. Vejo um canudo na sua mão. Você fará muito dinheiro e irá conquistar a própria independência fi‑ nanceira. Vejo você falando para muitas pessoas. Irá se casar novamente e seu marido não a sustentará, mas não se preocupe. Lara, escute bem, tenho trinta anos de profissão e nunca vi alguém ter isso que você tem: possuir felicidade na vida. – O que eu tenho? – perguntei. – Você tem um dom que considero idiota. Você é uma suportadora, a ponto de passar pelas coisas e parecer que não passou por nada. Além disso, você tem uma agitação espiritual grande, e é preciso controlá‑la; só assim terá felicidade e continuidade nas coisas. Elas começam bem e desmoronam do nada; tudo é com muito esforço e parece não dar certo 20
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no final, consequência dessa agitação espiritual. Você precisa trabalhar com as suas mãos, mas isso fará sentido mais na frente. Procure uma religião, pode ser qualquer uma. O esporte para você vai acabar cedo. Você ficará por dois anos sem conhecer a pessoa certa, homem que, a princípio, só vai querer o seu corpo. Apenas depois, conhecendo a sua pessoa, ele irá de fato ficar com você. Então você se casará novamente, como já disse. Vejo três crianças entre o casal. Você terá mais um filho ou seu futuro marido já tem um, não sei. Nesses dois anos, você não ficará sozinha – muitos homens irão aparecer. Confesso que a parte de ficar sem a pessoa certa por dois anos não me agradou. E, de fato, considerei um balde de água fria no lindo, alto e de olhos verdes… não era ele! E nem poderia, pois o rapaz morava em outro estado e, sinceramente, já descartava a possibilidade de ficarmos juntos. Aquele romance quente e virtual, porém, distraiu‑me por um tempo. Na verdade, sempre fui assim, saía de um relacionamento e ia direto para uma cama bem quente e que me ocupasse. Algumas vezes fazia uma confusão na linha do tempo e antecipava os fatos, escolhia uma nova cama e depois terminava o relacionamento. Isso não era nem um pouco digno, porém não conseguia viver na infidelidade – ser infiel era a maneira que encontrava para acabar meus relacionamentos. Os homens são mais capazes de se relacionar na infidelidade. Casam‑se com mulheres para casar – na concepção deles – e se divertem com aquelas que eles acham que são apenas para isso, até que se apaixonam por uma dessas e largam suas esposas frias. Sempre acreditei que sou o tipo de mulher que se enquadra nas duas categorias. Na minha cidade natal, os homens são muito machistas, e a propor‑ ção é de quinze mulheres para um homem em média. Se esse dado não for real nas estatísticas (nem vou atrás para verificar isso), quando saio na noite ou na rua é o que me parece como realidade. Nessas propor‑ ções, a mulherada parece estar desesperada. Os hormônios estão a mil e tudo está muito fácil para o homem ou para a mulher, depende do pon‑ to de vista. Lembrei‑me da jumenta de uma passagem na Bíblia que fala assim: “Jumenta montês, acostumada ao deserto, que, conforme o de‑ sejo da sua alma, sorve o vento, quem a deteria no seu cio? Todos os que a buscarem não se cansarão; no mês dela a acharão” (Jr 2:24). Quando li a primeira vez essa passagem pensei: Isso está na Bíblia? Senhor… Há coisas escritas lá que vão além do que eu imaginava. As mulheres hoje 21
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são como essa jumenta, sempre no cio. Os papéis estão invertidos so‑ cialmente: mulheres se esforçando para conquistar um homem, e não o contrário. Não quero ser careta, até porque para mim esse lance de sexo na primeira noite e mulher fácil ou difícil é muito relativo (tendo em vista o contexto social que vivi no passado). Relacionei‑me com meu ex‑marido pela internet e, depois de um mês, fui até os Estados Unidos conhecê‑lo. E adivinhe o que rolou na primeira noite?! Sexo! Depois de alguns meses, estava casada. Era um casamento real, com sentimentos reais. Ele foi pedir aos meus pais a minha mão em casa‑ mento. Foi um sonho lindo, mas que virou um pesadelo com um final triste e de ódio. Hoje, tenho uma opinião diferente a respeito do sexo. Deve ser a fase dos trinta anos que mudou a minha cabeça. Meus últimos três anos foram vividos para o esporte que cultua o corpo, tudo porque não gostava do meu. De repente, estava morando nos Estados Unidos, no melhor país para competir o fisiculturismo. Aos poucos, meu hobby virou profissão, tive um blog que alcançou muitas visitas diárias, tinha bons patrocínios e tudo era muito promissor. Isso era minha paixão, minha fome, minha sede e meu foco. Sentada na sala do Vidente, ele falava a respeito do meu futuro no esporte: – Vai passar rápido – ele dizia. – Não há futuro no esporte para você. Saí da consulta realmente impressionada. Ele sabia da minha vida e parecia saber o que estava para acontecer! No entanto, eu só poderia dar crédito a ele quando as coisas realmente acontecessem.
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