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A democracia venceu a batalha, mas precisa vencer a guerra
O que aconteceu no dia 8 de janeiro em Brasília foi a crônica trágica de um assalto anunciado à democracia.
Todos sabíamos que o bolsonarismo, uma forma de neofascismo tupiniquim, tentaria emular o que Trump havia feito na famigerada “invasão do Capitólio”, ocorrida dois anos antes. Afinal, os bolsonaristas seguem a agenda preconizada pela extrema-direita mundial e norte-americana, liderada, entre outros, por Steve Bannon.
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O terreno para esse assalto não vinha sendo preparado há apenas algumas semanas. Vinha sendo preparado há anos e foi precedido por outras tentativas.
Desde o golpe de 2016, que a democracia brasileira estava sendo fragilizada. Foi esse golpe, combinado com a Lava Jato, que conduziu, em última instância, Jair Bolsonaro ao poder, um notório defensor da ditadura e da tortura.
De fato, naquela época insuflaram as forças mais retrógadas do Brasil para dar um golpe contra a presidenta honesta e colocar no poder a “turma da sangria”. Saíram às ruas junto com Bolsonaro, MBL e outros grupos protofascistas, que pediam intervenção militar e condenavam a democracia e a política de um modo geral.
Chocaram o ovo da serpente que injetaria veneno mortal em nossas instituições democráticas e na mente de parte da nossa população. Criaram a antipolítica, a antessala histórica do fascismo.
Felizmente, o grande assalto à democracia, gestado pelas fake news e pelo ódio, falhou miseravelmente. As instituições democráticas, já sob o manto protetor da frente democrática unida em torno do presidente Lula, reagiram em forte tom uníssono.
Os golpistas ficaram totalmente isolados e mereceram o justo repúdio nacional e mundial. Não foi um simples tiro no pé. Foi uma verdadeira bomba atômica no pé.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) já se movimenta para realizar reunião de emergência sobre os atos terroristas ocorridos no Brasil. Circula uma ideia de aliança entre vários países da Américas para frear a possibilidade de golpes na região. O Brasil deve apresentar suas experiências de como tem agido para lidar com os golpistas. Como resposta ao vandalismo, o presidente Lula decretou intervenção na segurança do Governo do Distrito Federal e determinou a apuração sobre a organização e o planejamento dos atos na busca de quem está financiando os movimentos terroristas, usando pessoas comuns como “massa de manobra” por meio de manipulação de informação e disseminação de ideais fascistas.
Em uma convocação histórica, Lula reuniu 27 governadores, inclusive de oposição, Presidentes da Câmara e do Senado e ministros do Supremo Tribunal Federal para demonstrar união em defesa do Estado Democrático de Direito no Brasil e unificar as ações que a legislação prevê como reação aos ataques à democracia, às instituições e à sociedade brasileira. Agora, cumpre punir os culpados dessa imensa vergonha internacional. Não somente os idiotas úteis que formaram a massa de manobra que invadiu, depredou, vandalizou e emporcalhou as sedes dos três poderes, mas, sobretudo, os mandantes da horda antidemocrática, aqueles que organizaram e financiaram o grande assalto à democracia. E também as autoridades que, por ação ou omissão, contribuíram decisivamente para a tentativa canhestra de golpe.
Muito provavelmente, as investigações chegarão até a Flórida, onde o principal responsável político pelo descalabro, viu, como Nero, a vil fogueira da tirania tentar queimar nossa frágil democracia.
Não se trata de revanche política ou vingança. Trata-se de justiça, única forma legítima de defesa da democracia. Para que o Brasil se una e se pacifique, é necessário que o império da lei se imponha, assegurando o amplo e irrestrito direito à defesa e a proteção aos demais direitos fundamentais. Não podemos repetir o erro fatal da República de Weimar, que não soube se defender do nazismo e que acabou acolhendo Hitler, o líder que a golpeou de morte.
Afinal, é necessário que se entenda que a democracia, desta vez, ganhou a batalha. Mas a guerra pela democracia ainda não foi ganha.
Expediente
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