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Sobre vida e obra de Rodin Saussure

Sobre a vida e obra de Rodin Saussure

TEXTO Rafael S. Agostinho Jorge

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Rodin nasceu francês, ou devo dizer, nasceu humano e tornou-se francês com os anos. Teve três filhos, também franceses de criação, escreveu cinco obras das quais desgostou de todas, entrou em doze relacionamentos-expresso, saiu de todos eles, claramente; noivou quatro vezes, das quais duas renderam casamentos de mais de um ano e uma de menos. A outra, faleceu com algumas semanas do compromisso, era diabética, hipertensa e tinha o mau hábito de fumar. Durante os seus 80 anos, Rodin comprou seis cachorros, e ganhou três, e encontrou dois na rua que por pena se tornaram seus. Bondoso, caridoso e generoso eram suas qualidades. Nunca matou ninguém, nem física, nem psicologicamente. De fato, pensou em esgoelar suas meninas, mas nunca a ponto de matá-las, não era cruel. Foi estudante em Paris. Fazia arte, e era isto, pois nunca soube bem definir a arte que fazia, na verdade, nunca soube definir a Arte como substantivo abstrato. Demasiado abstração até mesmo para o artista plástico. Criou obras maravilhosas, segundo os críticos, que hoje estão nos melhores museus de Nova York. “O seio”, sua mais conceituada, está no MoMa, onde ganha olhares profundos sob câmeras de celulares. É um grande seio de mulher que parece pronto para amamentar o faminto rebento da humanidade, assim define. Quando lhe perguntavam, os jornalistas

assíduos por respostas mágicas e profundas. “D´onde lhe veio esta incrível inspiração, sr. Rodin?”, ele se calava e dizia: “é segredo, eu só senti, mas não posso contar”. Grande homem foi este, que muito nos deixou em matéria de arte, embora não soubesse defini-la. Talvez, se alguém perguntasse a Sócrates o que era a filosofia ele diria: não o sei, eu só sinto. Assim é a beleza das artes pouco entendidas, somente sentidas em seu abstracto senso de existência, sendo quase divinas. Chego então à conclusão que Rodin Saussure foi mais que um artista, foi um profeta. Ou todo artista é um profeta ou todo profeta tem que ser um artista, mas nem todo artista tem que ser um profeta. Estando Rodin Saussure na intersecção dos dois conjuntos, ele foi um artista e um profeta. Podia ter sido o líder de uma nova seita, a sua seita. Ele sente e transmite, nada mais faltaria para fundar sua religião. O profeta-artista faleceu no dia treze de maio de mil novecentos e noventa e três. O filho do modernismo morreu na contemporaneidade; sem nação, já que ninguém proclama nacionalidade perante a morte, o que facilita o ato, com os filhos e filhas olhando-o nos seus últimos minutos de vida, onde jazia na sua cama em Paris, mirando sua mais bela obra pela tela de uma grande televisão; disse: “C´est moi” e, num ato dramático, deixou de respirar, parecendo até que foi coisa montada. Grande Rodin, artista até na morte.

Expediente Expediente

Editores

Sofia Mello Lungui. Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2020). Rafael S. Agostinho Jorge. Estudante de Letras na Universidade Católica Argentina; e de Física na Universidade de Buenos Aires.

Visual

Projeto gráfico e diagramação: Sofia Mello Lungui Retrato da capa: Jaqueline Bastos, @jaqueilustra Ilustrações dos ensaios: Rafael Athaualpa Alves Petracco, @ludius.07 Demais artes: pxhere.com

Textos

Leonardo Marcondes Alves. Antropólogo, pesquisador na VID Specialized University, Stanvanger, Noruega. Mantém o blog www.ensaiosenotas.com. Paula Granado. Estudante de Letras na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. João Magalhães. Estudante de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo.

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