Inicio o ano de 2020 pronta para enfrentar pela primeira vez depois de anos uma sala de aula do ensino base, estava animada mesmo que fosse para apenas observar ali sentada no fundo, do lado da parede próxima a janela. Devido a covid-19 tudo muda, toda a expectativa de se estar presente na sala de aula é repensado, agora as salas de aula são em vídeo-chamadas, a hora do lanche é na cozinha de casa e o sinal para avisar que a aula acabou ou que vai começar é o despertador dos aparelhos celulares. A escolha de fazer o estágio I por ensino remoto emergencial foi arriscada pois poderia me gerar ou muita frustação ou apenas pensar que foi uma grande perda de tempo, porém conforme os encontros se deram percebi que sem dúvidas essa experiência me faria crescer junto com os demais professores que estavam e ainda estão lidando com o ERE, no fim das contas não foi uma perda de tempo.
Acompanhei duas turmas do 6º ano no Centro Pedagógico UFMG, que foram divididas em duas turmas para não sobrecarregar a plataforma moodle do CP. Nas primeiras aulas já noto que existem grupos bem calados e outros bem participativos e um outro grupo onde um outro participava por vontade própria, a professora Sâmara em todas as aulas gostava de dar ênfase para que todos os alunos participassem das aulas. Nas primeiras semanas de aula acreditei que havia uma grande
pressão para que os alunos fizessem as atividades propostas pela professora, pois em todos os encontros havia uma cobrança para a entrega das atividades, porém houve reclamação dos alunos em decorrência da sobrecarga de outras disciplinas e houve um consenso com outros professores e depois disso não houve mais cobrança por parte da Sâmara nem reclamação dos alunos. Esse conflito me chamou atenção e o modo como foi resolvido pois ouviram os alunos.
A mecânica estrutural da aula era composta por um PDF com as atividades e os encontros por vídeo conferência eram geralmente para a explicação da tarefa e para tirar dúvidas caso alguém recorresse, a professora sempre perguntava o nível de dificuldade para os alunos ‘’FÁCIL, MÉDIO E DIFÍCIL’’. As atividades seguiam um padrão, sempre bem claro e objetivo, houve uma atenção para a continuação de trabalhos anteriores realizados em sala, o que foi importante para a turma relembrar a dinâmica de como era em sala de aula. Houve aulas onde alunos realizaram visitas a exposições virtuais e outras que aprenderam a montar slides para apresentação de seminários, muitos não sabiam. Acredito que o material didático foi condizente e adaptado para o ERE, achei adequado, embora a presença do professor durante a prática artística dos alunos para auxiliar se perca totalmente, não sei dizer ate que ponto isso pode se tornar um fator negativo, desde que seja natural os alunos terem aquele momento de troca de materiais e ideias e ate mesmo influências criativas entre si.
A semana de apresentação dos slides sem duvidas foram os dias quais mais gostei de estar presente nos encontros, praticamente todos os alunos estavam presentes e a professora deu autonomia na escolha do tema a ser tratado nas apresentações. Anteriormente as apresentações a professora havia mencionado aos alunos para que estudassem bem o tema e que ‘’decorassem bem’’ o que iriam falar, isso me incomodou um bocado e esperava que as apresentações ficassem robóticas, mas para minha surpresa senti certa autonomia em boa parte dos alunos durante as apresentações e acredito que isso se deva ao tema livre onde escolheram artistas ou técnicas que mais gostassem ou tinham interessem em aprender, a maioria dos temas escolhidos os alunos já haviam tido contato ou simplesmente gostavam e praticavam. Houve temas diversos como origami, fotografia, desenho e principalmente desenho animado.
Durante essa semana de apresentações observei que nesse ciclo é importante para os professores reconhecerem o que cercam esses alunos para tornar a experiência do entender e compreender a arte estão no seu entorno e isso não se diz respeito a apenas esculturas pelas cidades ou quadros mundialmente famosos. Um desenho animado ou um jogo de celular pode atrair o fazer artístico dessas crianças e tornar o processo de aprendizagem mais participativo e efetivo. Talvez. Não sei. É o que ando pensando depois desse acompanhamento com os meninos do sexto ano.