Revista Pro Moto

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REAL TEST

COMPARATIVO 2T

QUEM AGRADA MAIS?

X

4T

Qual é o praticante de off road que nunca se parou para perguntar: qual moto é mais gostosa de se pilotar na trilha ou numa prova de enduro? A que tem motor 2 tempos ou a de 4 tempos? Foi aí que surgiu a proposta desta matéria. Mas queríamos mais! Queríamos um teste que fosse realizado por trilheiros e pilotos “comuns”! Seja bem vindo ao nosso primeiro “REAL TEST PRÓ MOTO”. POR ANDRÉ RAMOS

H

ouve uma época na qual o motociclismo fora de estrada era dominado por motos de ronco agudo e que expeliam uma fumacinha de cheiro bastante característico pelo seu bojudo escapamento. Eram conhecidas pela sua agilidade, leveza e incrível diversão, associada a uma manutenção relativamente fácil e barata. Mas aí, o tempo foi passando e o motor já não soltava a fumacinha, roncava mais grave, a moto ficou pesadona, difícil de pegar pra caramba e que não tinha uma mecânica tão fácil. Eram as 4 tempos de baixo rendimento. Apesar de todos os argumentos contrários à esta nova geração, o passo já estava dado, rumo aos motores mais limpos e eficientes. 72 • Pró Moto / Real Test

“É o fim de uma era!”, gritavam os alarmistas; “O que farei agora, sem o cheiro do óleo dois tempos nas minhas narinas?”, perguntavam os ferrenhos admiradores, também chamados já de saudosistas. A maioria acreditou que o motor dois tempos iria minguar, até acabar. Mas qual a Fênix, a mitológica ave que renasce das cinzas, passada a fase de transição e euforia pelo chegada do novo, os dois tempos foram de fininho, voltando ao mercado e hoje já contam com uma boa quantidade de lançamentos, para alegria e alívio de seus muitos admiradores. A fumacinha? Quase não existe mais, pois os modernos 2 tempos atuais utilizam pouquíssimo óleo, alguns até com menos de 1% de mistura.


O que se vê, atualmente nas trilhas e cometições, são motos 2 e 4 tempos lado a lado, e muita gente fica em dúvida sobre como se comportam estas motocicletas, quais seriam suas características, qual seria a mais legal de se pilotar dentro das características e nível de pilotagem de cada um.

O

MÉTODO

Sabemos que os pilotos profissionais, repletos de experiência nos mais variados tipos de motocicleta e condições de pilotagem, têm uma elevada sensibilidade para poder avaliar um modelo, colhendo dele impressões bastante valiosas para exprimir as sensações transmitidas por uma motocicleta, entretanto, na maioria dos casos, seu nível de tocada está muito além do normal e isso acaba gerando um gap entre o que o leitor comum lê e o que depois, confere na motocicleta. Deste modo, resolvemos reunir pilotos comuns, que fazem uso da motocicleta somente nos finais de semana, mas que carregam muitos anos de experiência (o que significa a passagem por um grande número de motos e vivências motociclísticas) para que nos dessem as suas impressões.

AS IMPRESSÕES REAIS DE CADA UM Moto 01 – CRF 250X 2010 (4T) Proprietário: Fernando Silvestre Idade: 41 anos, sendo 26 anos de pilotagem Profissão: Executivo Modalidade: Trilhas, Enduro FIM, Regularidade, Rali

Reunimos nada menos que 7 motos e 7 trilheiros/pilotos, na Fazenda ASW, em Mogi das Cruzes/SP, para fazer uma espécie de tira-teima entre motos dois e quatro tempos. Eram duas 2T e cinco 4T, de diferentes cilindradas, marcas e anos. O mais importante: todas estas motos você encontra nas trilhas e pistas do Brasil. Afinal, de que adianta testar motos que você nunca verá por aqui? Cada piloto deu uma volta pelo circuito de cross country local com cada uma das sete motocicletas. Assim que terminasse sua volta, nos passava seu depoimento, relatando na hora e com todas as informações frescas na cabeça, as impressões colhidas. O único depoimento que não colhemos era aquele do dono da moto, pois acreditamos que suas impressões, por estarem por demais cristalizadas em sua mente, poderiam oferecer uma visão mascarada, tanto das virtudes quanto das eventuais deficiências da máquina. A título de informação, cabe dizer que cada motocicleta recebeu um número de controle e de agora em diante, este número será sequencial, ou seja, a próxima moto a ser testada, receberá o número “8” e assim por diante. Isso ajudará a nós – e a você também – a saber quantas motocicletas já passaram por nossa experiência de Real Test. Para facilitar a leitura e o ordenamento das informações, abaixo de cada moto estão as impressões de cada piloto.

PILOTOS

E MÁQUINAS

163 anos de pilotagem! Sim, este fantástico número é o resultado da soma do tempo de experiência de cada um dos participantes deste teste. Certamente não faltou experiência entre os participantes.

Clélio Benitez “Zinho”: “Muito boa, macia, anda bem. Gostei porque ando de CRF 450, então a pilotagem não muda muito, colaborando com a facilidade em pilotá-la”. Álvaro Guerra: “Achei a moto muito boa e suas suspensões preparadas facilitaram bastante sua tocada. Ela traciona muito em curva, com excelente aderência e esta seria uma moto que eu escolheria para fazer uma prova de enduro FIM. Relação muito bem escolhida, tudo perfeito”. Kiko Mazucante: “O motor é bem mais manso que uma 450, mas é progressivo. A suspensão da Honda é muito dura, você sente muito as imperfeições e acho que precisaria dar uma recalibrada nela. Para mim as suspensões deixaram a desejar um pouquinho. Freios? Nota oito!” Eduardo Shiguinha: “Embora seja 250cc, não falta motor. Mas também não sobra. Para o enduro de regularidade, é uma moto que oferece performance e durabilidade. Moto confiável de manutenção e a meu ver com suspensões fantásticas; ideal para qualquer tipo de piloto”. Eduardo Corona: “Tem uma baixa sensacional e ciclística muito boa. Nos momentos de dificuldade ela não te deixa na mão. Se você tiver um fator surpresa, ela corrige. Uma moto sensacional de curva, suspensão e de motor”. Eduardo Alemão: “Moto bem acertada, que deve ter feito um bom trabalho nas suspensões. Mas para mim, ainda mexeria um pouco nos cliques. De resto é uma moto que considero como perfeita”. Outubro / Novembro 2011 • 73


Observação da Redação: Como se viu, Kico Mazucante não gostou das suspensões. Shiguinha, Alemão e Corona, ao contrário, ficaram satisfeitos com este item. Não se assuste com isso, afinal, este é um teste real e as impressões de cada um refletem o seu estilo próprio de pilotagem.

quanto às suspensões. Bem interessante a posição de pilotagem, muito confortável, mas fica devendo um pouco quanto a motor. Tem uma vantagem: você pode acelerar e segurar, sem medo, pois oferece tempo para que você tome a próxima decisão. Então, o que poderia ser um ponto negativo, acaba se convertendo em algo positivo. Eu recomendo!” Kiko Mazucante: “Me surpreendeu. Tem uma suspensão macia, boa, mas o motor deixa muito a desejar, principalmente para o meu peso-pesado (aproximadamente 100 quilos). A achei bem equilibrada, bons freios, é uma boa compra”. Eduardo Shiguinha: “Na trilha é bem leve em razão do tanque ser embaixo do banco. Muito fácil de ser pilotada, ideal para iniciantes, mas em termos de competição, acho que fica devendo um pouco no motor. É um excelente conjunto, uma moto bem preparadinha para quem está começando”. Eduardo Corona: “Pela cilindrada da moto, tem uma baixa excelente. A ciclística é muito boa e para quem não está preocupado em mergulhar de cabeça em competição, é uma moto ideal, por ser suave. Ela não te cansa. As suspensões, em relação à minha moto, uma 250 GasGas, são praticamente a mesma coisa, muito boas. O que ajuda bastante é a centralização de massas proporcionada pelo tanque ser embaixo do banco, bem no meio da moto. Enfim, muito boa”.

Moto 02 – AJP TR5 250 2011 (4T) Proprietário: Eduardo “Alemão” Idade: 38 anos, sendo 20 anos de pilotagem Profissão: Empresário Modalidade: Trilhas

ClélioBenitez “Zinho”: “Muito boa para quem vai iniciar no esporte. Mansa, com motor gostoso, boa de suspensão, que me agradou bastante”. Álvaro Guerra: “Muito legal, bem acertada, principalmente 74 • Pró Moto / Real Test

Fernando Silvestre: “Esta é uma moto com refrigeração a ar, uma outra escola, um outro jeito de andar. A suspensão é fora de série e tem uma geometria muito legal. Naturalmente é uma moto mais tranquila, mais dedicada ao lazer. Se você for para uma competição, irá se divertir, mas há uma diferença considerável para um motor 250cc refrigerado a água. A grande diferença dela está em sua geometria, muito estável, graças ao fato do tanque estar sob o banco”.


Moto 03 – GasGas EC 250F 2010 (4T)

ficou devendo um pouquinho em baixa. A embreagem hidráulica, bem macia, colabora com o conforto na pilotagem. O único porém foram as abas do radiador, que senti um pouco abertas demais, dificultando a pilotagem em pé”.

Proprietário: Eduardo Corona Idade: 46 anos, sendo 30 anos de pilotagem Profissão: Empresário Modalidade: Trilhas, Regularidade, Enduro FIM

Clélio Benitez “Zinho”: “Para quem já está acostumado com motos 4 tempos, esta é uma moto tranquila, gostosa para curtir. Gostei! Apenas achei que a suspensão dianteira está quicando demais para o meu estilo de pilotagem, mas de resto, firmeza, show!”. Álvaro Guerra: “Achei esta moto muito legal. Agarra muito nas curvas, tem boa tração, supera bem os obstáculos. É uma moto que se eu pudesse ter na garagem, eu teria (risos)”. Kiko Mazucante: “Moto boa, motorzinho que não é estúpido, macio, suspensão perfeita, leve, você tira e a põe onde você quiser. Bem equilibrada, enfim, fiquei surpreso, gostei! Uma bela de uma moto”.

Moto 04 – GasGas EC 300 2011 (2T) Proprietário: Eduardo Shiguinha Idade: 22 anos, sendo 15 anos de pilotagem Profissão: Contador Modalidade: Trilhas, Enduro FIM, Regularidade

Eduardo Shiguinha: “É uma moto em que a gente sente bastante a influência da baixa do motor Yamaha. Possui uma ciclística muito boa, aliás, semelhante à da moto com a qual eu ando. Ao contrário do que muitos pensam, a 250 é muito gostosa de tocar em locais estreitos e este é o ponto que considero ser o mais marcante dela, a agilidade ciclística”. Fernando Silvestre: “A moto é muito macia, bem ‘mãezona’, bem gostosa e a diferença do quadro de alumínio para o quadro de ferro é nítida. A moto fica mais macia, cansa um pouco menos. O motor é muito legal, muito fácil de andar, claro que está ajustada para os padrões do Eduardo Corona, mas está aqui uma motinho que gostei muito de andar e eu compraria uma dessa”. Eduardo Alemão: ”A moto é muito bacana, com a suspensão bem acertada, motor dócil, mas com força quando preciso. Senti que Outubro / Novembro 2011 • 75


Clélio Benitez “Zinho”: “A moto é bem diferente da 4 tempos, mas uma moto boa, muito leve, ágil, suspensão bem calibrada, enfim, um conjunto que me agradou bastante”. Álvaro Guerra: “Tem um motor muito forte, excelente retomada, com boas suspensões. Sua ciclística é perfeita, uma moto que considero como o número certo para o enduro. Eu nem mexeria nada nela não; deixaria desse jeito”. Kiko Mazucante: “Boa, leve, dois tempos, só que falta motor. Explico: estou acostumado a andar com quatro tempos, com o giro lá em baixo e ela não tem baixa, só anda com o giro lá em cima para poder ter força. No contexto é uma moto leve, fácil de controlar, freios bons, uma moto boa, sensacional”.

Moto 05 – KTM EXC 450 2010 (4T) Proprietário: Kiko Mazucante Idade: 48 anos, sendo 30 anos de pilotagem Profissão: Engenheiro mecânico Modalidade: Trilhas, Enduro FIM, Regularidade e Rali

Eduardo Corona: “Esta é uma moto que gosto muito. Tem uma ciclística muito parecida com a minha (4T), um pouco mais leve. Um ponto que achei interessante é que você consegue andar em marchas mais altas quando você precisa economizar braço e quando você quer uma pilotagem mais agressiva, ela responde bem também. Enfim, oferece uma gama bastante ampla de usos”. Fernando Silvestre: “Que moto fácil de andar! Prazerosa, com muita baixa, muita média, ótima de freios, boa de altura, está aqui uma motinho que me surpreendeu!” Eduardo Alemão: “Estranhei um pouco a ciclística, pois achei difícil para o piloto conseguir ‘subir’ no tanque. Também achei um pouco estranha a sua geometria e eu, particularmente, não consigo me adaptar muito com motos dois tempos. Já andei bastante de dois tempos mas hoje em dia eu tenho essa dificuldade, pois me acostumei com a baixa e média das quatro tempos. As dois tempos não têm essa mesma entrega. Para mim, o ponto positivo são as suspensões.”

Álvaro Guerra: “Como estou acostumado a andar de KTM, a 450 é bem parecida com a minha, principalmente no aspecto ciclístico. Gostei muito do motor, que sobra, bem elástico a ponto de você praticamente fazer o percurso todo em uma única marcha. Nos demais aspectos a moto é muito boa. Eu mudaria apenas um pouco a suspensão, para ficar mais dura”. Eduardo Shiguinha: “Uma moto muito forte. É uma moto que está acertada para rali, você trabalha pouco as marchas: se você está em segunda ela sobe, se está em terceira, ela sobe também e tem, além disso, um funcionamento fantástico em altos giros. Atinge uma velocidade absurda. É uma moto muito forte”. Eduardo Corona: “A moto é muito forte, algo maravilhoso, com suspensões muito boas. Para trilhas travadas, percebe-se que a inércia dela é um pouco maior, por causa do seu peso, porém tem um motor fantástico e a suspensão corrige muito bem na hora da velocidade, fazendo toda a diferença na hora de uma competição”. Fernando Silvestre: “Muito boa moto também. A grande constatação, hoje, é que não há mais moto ruim. É uma moto muito dócil, na mão, equilibrada, muito confortável. Está muito menor em comparação à 2007, com a qual eu já tinha andado também. Esta moto está mais "na mão", o que a deixa muito interessante. Oferece uma entrega de potência muito linear, sem aquela explosão de antigamente”. Eduardo Alemão: “Muito bem acertada, com boa suspensão, mas entra em questão o que você vai fazer com ela. No meu caso, que ando no regularidade e trilha, é uma moto muito selvagem, indo me-

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lhor, na minha opinião, em uma prova de rali. Ela não tem muita baixa e tem muita alta. Bem forte mesmo, o que faria o piloto sofrer numa trilhinha mais técnica”.

Clélio Benitez “Zinho”: “Esta é uma moto com a qual você tem de treinar bastante para pegar o jeito dela. É leve e ao mesmo tempo, muito arisca. É mais recomendada para quem já anda há muito tempo de moto, pois não é muito fácil de ser tocada”. Kiko Mazucante: “Fazia muito tempo que não andava de dois tempos e a moto é sensacional. Mas é preciso aprender muito para conseguir andar com ela, porque é um ‘corisco’, sai de baixo na hora que você quer, mas é sensacional." Eduardo Shiguinha: “Esta é uma moto que podemos dizer que é pura competição. O posicionamento, acelerador muito leve, é uma moto que a todo momento você está em posição de ataque, como tem de ser mesmo numa moto "ready to race". Seu motor tem muita baixa, uma velocidade final muito alta, a qual você atinge muito rápido. Por outro lado exige que se tenha muito preparo físico”. Eduardo Corona: “Uma moto divertida de andar, justamente por ser muito leve e ter um motor arisco, o que faz com que você consiga ultrapassar qualquer obstáculo sem problemas. Tem fácil retomada e em curvas, devido à ciclística, tem muita tração. Eu aprovo!”. Fernando Silvestre: “Achei esta moto impressionante, com bastante motor, muito leve e ao mesmo tempo, bem fácil de andar, o que demonstra que a evolução das dois tempos é gritante. Está muito acertada e o amortecedor de direção faz toda a diferença. Esta aí uma senhora moto, mas é preciso estar em dia fisicamente, porque exige bastante. É muito gostosa”.

Moto 06 – KTM EXC300 2011 (2T)

Eduardo Alemão: “Como andei há pouco na GasGas dois tempos, achei a ciclística desta KTM mais acertada, a achei melhor, mas volto a repetir: tenho esta dificuldade em me adaptar com dois tempos, pois o comportamento delas lembra muito a explosão do motocross. Numa subida lisa eu sinto falta da baixa e média rotações”.

Proprietário: Álvaro Guerra Idade: 40 anos, sendo 12 anos de pilotagem Profissão: Empresário Modalidade: Trilha, Enduro FIM, Regularidade, Rali, Cross Country

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Moto 07 – CRF 450X 2009 (4T) Proprietário: Clélio Benitez “Zinho” Idade: 52 anos, sendo 30 anos de pilotagem Profissão: Consultor Modalidade: Motocross e Rali

Álvaro Guerra: “O motor é muito elástico, bem forte. É uma moto firme, com boa ciclística e é uma moto que eu escolheria para um rali ou baja. Acho que é muito forte para aplicação no Enduro. Em termos de suspensão, é só mesmo uma questão de afinação, mas é um excelente conjunto”. Kiko Mazucante: “Aqui tem motor sobrando, mas continuo achando que a Honda tem suspensões um pouco duras. Nada que um ajuste não corrija. No conjunto a moto é boa, bem balanceada, com freios sensacionais”. Eduardo Shiguinha: “Esta é uma moto que tem as marchas mais longas. As suspensões são muito bem acertadas, macias e com um motor que é um trator, com muita força, eliminando a necessidade de constantes trocas de marchas. Permite atingir boa velocidade no momento certo”. Eduardo Corona: “Esta é uma moto forte, tem muita baixa e quando você precisa de motor é bastante agressiva. Talvez para trilhas travadas não seja a moto ideal, mas para trilhas abertas o motor responde muito bem. É por isso que o pessoal a utiliza muito em rali, graças à grande elasticidade oferecida”. Fernando Silvestre: “Merece respeito, né? 450 é 450, mas é uma moto dócil, como já é tradição entre as Honda. Claro que é um monstro de motor, se você precisar, mas é uma moto que dá para você curtir numa boa. Dá para fazer rali, dá pra fazer regularidade, dá pra levar garupa, belíssima moto também”. Eduardo Alemão: “Uma usina de força, potência pra caramba, só que não assusta. É um pouco na mão, diferentemente da KTM 450, a qual achei que você tem de brigar muito com a moto. Com esta você não duela tanto”. 78 • Pró Moto / Real Test

CONCLUSÕES Fernando Silvestre “No geral, são motos prazerosas. O grande monstro de motor é a KTM 300. As 450, claro, merecem sempre respeito, mas as duas aqui presentes são dóceis. A KTM tem muita suspensão, é uma coisa que nas duas (300 2T e 450 4T) você percebe isso, algo que para você chegar neste nível, nas japonesas, é preciso investir em um acerto próprio. A Honda não precisa valvular, pois as válvulas originais são boas. Outra boa surpresa do dia foi a AJP, uma moto com uma outra proposta: não é uma moto Racing, mas é muito prazerosa. Não digo que seria uma moto para o cara começar; acho que tem de começar com uma CRF 230, mas a AJP é uma moto que vai te levar em qualquer lugar. Seu bom centro de gravidade faz diferença, muito confortável e fácil de andar, por ser uma 250cc refrigerada a ar, com bom torque. Ideal para passear e se divertir com ela. A GasGas 250 4 tempos me pareceu muito boa para trilhas encrencadas; daquelas que quando você pegar um pedreira, casca grossa, vai


te ajudar a passar, porque é pequena, dócil. Uma outra boa surpresa foi a GasGas 300; fiquei com vontade de andar mais com ela. Hoje em dia, percebe-se que as motos dois tempos não têm mais aquela falha em relação à falta de torque em baixas rotações. Para você ter ideia, você anda dois quilômetros em terceira marcha, sem tocar na embreagem. Veja só o nível de torque nessas motos! São quase que automáticas (hehe). Atualmente, não há também, suspensão ruim. Os freios de todas são muito bons. Algo que ficou muito claro neste comparativo, também, foi a diferença entre quadro de alumínio e de ferro. O quadro de alumínio é mais rígido, devolvendo mais as imperfeições do solo, só que é mais preciso. O quadro de ferro é mais confortável, mas você percebe a moto menos precisa na mudança de trajetória.” Álvaro Guerra “O ideal seria ter grana para ter uma moto para cada tipo de aplicação. As 450 eu acho legal no rali e na trilha também, pois têm aquela sobra de motor para dar uma brincada, sem compromisso. São motos mais cansativas numa trilha, mas não deixam de ser boas motos nessa situação. As 250cc quatro tempos acho bem legal porque agarram bem, têm boa aderência no solo. Seriam boas motos para provas de enduro FIM, mas

minha paixão mesmo são as dois tempos, tanto a GasGas, como a KTM. Eu ficaria com as dois tempos!" Eduardo Shiguinha “Hoje nós tivemos a oportunidade de andar em verdadeiras máquinas. Embora atualmente eu esteja andando de dois tempos, andei bastante tempo de quatro tempos e ao andar na 250 quatro tempos bateu uma saudade. Porém, depois de adaptado a uma moto dois tempos, você consegue ser competitivo e por outro lado, se você vai fazer uma trilha, você tem uma moto bem mais divertida. Já as 450, eu as indicaria mais para os pilotos de rali, pois têm muito motor, uma final extraoridinária. Para o regularidade e enduro FIM, uma 250 dois tempos ou mesmo uma 250 quatro tempos, são o número ideal.” Eduardo Corona “Nós tivemos aqui neste teste pilotos de rali, enduro FIM e regularidade. No meu caso, faço estas duas últimas modalidades. Como

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sou um piloto de final de semana, eu apostaria nas 250 quatro tempos. As 450 são maravilhosas de andar, mas acredito que numa prova com muitas dificuldades, exigiria um trabalho maior de embreagem e ficaria cansativa. Por isso, prefiro as 250 quatro tempos, onde você tem uma ampla gama de rotações e para as modalidades que participo, são as ideais. Eu já andei de dois tempos, tanto Gas Gas quanto KTM, só que em cilindradas mais baixas. São motos muito divertidas, onde você tem o prazer de andar com um motor muito forte, associado à leveza, mas em competição, elas pecam um pouco na performance, após um tempo de utilização” Eduardo Alemão “Vamos lá. Todas as motos são show, não tem como falar mal de nenhuma delas, são motos muito bacanas e aqui, nesta avaliação, pesa muito o gosto pessoal. Eu tenho este problema de adaptação com as dois tempos. Para o que eu faço, acho a cilindrada 250 quatro tempos é ideal. As 450 têm bastante potência, mas tudo depende do que você vai fazer, para trilha é um pouco mais cansativa. As suspensões de todas elas são excelentes, não há o que falar. No geral, acabei gostando mais mesmo das 250cc quatro tempos. Obrigado pela oportunidade. Gostei muito.” Acompanhe também as conclusões de Flávio de Oliveira, empresário, trilheiro e responsável pela adesivação das motos e gravação dos depoimentos. Ele também anda de moto, não resistiu e também foi dar umas voltas ao final do teste. Flávio de Oliveira “Eu adoro motos dois tempos! A KTM EXC300 é fantástica, com motor e ciclística excepcionais. Compraria uma! A AJP me surpreendeu demais, pois seu conjunto todo é muito bom. Tracionamento, freios, motor, o fato de o tanque ser embaixo do banco colabora muito com a estabilidade da moto, sem contar as suspensões. A moto tem o motor mais fraco, sim, que uma moto de competição, mas para quem está saindo de uma moto de entrada e quer pegar uma mais evoluída, esta é a moto! Outra que me surpreendeu foi a Honda CRF 250X, que é gostosa de andar, com suspensões muito boas, motor controlável. Já na KTM EXC450F é preciso ter braço para segurar. Requer um grau de experiência mais elevado. A GasGas 300 dois tempos eu achei dura, mas com uma boa ciclística. Levinha, show de roda. Seu motor tem uma baixa fantástica. Já a Honda CRF 450X achei ideal para quem já tem uma certa experiência na trilha, porque é mais linear que a KTM. Você tem baixa, evolui aos poucos, mas se você acelerar, vai embora. Suas suspensões são, assim como a 250X, excelentes e entre ela e a KTM, eu que só ando no final de semana, ficaria com a Honda.” 80 • Pró Moto / Real Test

Kiko Mazucante

PASSANDO

Clélio Benitez “Zinho”

A RÉGUA

Assim como bem observou Fernando Silvestre, hoje em dia não há mais motos ruins, seja entre os modelos dois como entre os quatro tempos. A evolução tecnológica realizada pelas fábricas nos últimos sete, oito anos, trouxeram melhorias ciclísticas e mecânicas que beneficiaram as duas concepções. Apesar de as motos dois tempos estarem equipadas com motores que oferecem atualmente uma boa gama de potência e torque em baixas e médias rotações, estas possuem respostas muito peculiares e continuam a exigir mais trabalho por parte do piloto para domá-las. Bom, talvez seja por isso mesmo que sejam consideradas grandes escolas no off road. Hoje, as dois tempos já não são mais aquelas motos poluentes do passado, muito embora ainda deixem no ar o delicioso aroma do óleo característico quando passam gritando de maneira aguda. Por outro lado, as quatro tempos parecem ter conquistado definitivamente seu espaço, graças à confiabilidade mecânica e facilidade de condução. São motos que, no geral, “levam” o piloto em trechos mais difíceis, possibilitando uma pilotagem mais confortável, elementos que têm atraído principalmente os mais novos, que já começam a aprender a andar de moto sobre uma quatro tempos. Ao contrário dos trilheiros e pilotos mais antigos, que invariavelmente tinham à sua disposição as saudosas DT´s 180, 200 e as inesquecíveis Agrale´s. E você? Qual a sua preferência? Dois ou quatro tempos? Entre no nosso site e deixe a sua resposta, na seção de Contato.

AGRADECIMENTOS Não posso deixar de agradecer a duas pessoas: o "Fernandinho" Silvestre e o Flávio de Oliveira. O primeiro, além de nos ter cedido gentilmente o espaço para a realização deste teste, também compareceu com sua motocicleta, participou e nos auxiliou com algumas ideias. O segundo, proprietário da FAS Gráficos, desenvolveu todos os adesivos especialmente para esta finalidade, ajudou a colá-los nas motocicletas e também, ajudou na coleta dos depoimentos.


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