Castelo de Beja A Muralha de Beja como Motor de Recuperação Urbana Da Porta de Avis ao Quartel da GNR
Universidade de Coimbra FCTUC Departamento de Arquitectura Atelier de Projecto II A Professor Paulo Providência
António José Moreno
A Cidade de Beja. Portugal Contextualização Histórica
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A Relação da Cidade com a Muralha 1.5000
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Fotografias do Castelo, Muralha e Torres
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Esquema evolutivo 1.20000
A Muralha e a Cidade Anรกlise de Grupo
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Análise Antigos Acessos
Serviços
Edifícios Residenciais (Vivendas) Edifícios Residenciais (Prédios)
Edifícios em Ruína GNR / PSP
Arrecadações e Anexos
Edifícios Culturais
Edifícios Residenciais e de Comércio
Igrejas
Edifícios Sociais
Museu
11 Estacionamentos e zonas verdes
Zona de estacionamento Zona verde
Relação com outros objectos de trabalho
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A cidade de Beja apresenta uma longa história que se alicerça em torno do atual castelo, implantase num morro com 277m de altitude, dominando a vasta planície envolvente. O campo surge assim, como uma fronteira natural entre a vida urbana e a vida rural, marcando a vida deste povoado desde a sua fundação, algures na Idade do Ferro, um oppidum. A dominar a paisagem desta zona do Alentejo, com a sua Torre de Menagem, a Fortaleza de Beja tem as características das fortificações portuguesas, mas é suposto que as suas origens remontem à época Romana, tendo sido modificada e ampliada ao longo dos séculos. Porém foi no período de domínio árabe onde a fortificação sofreu mais alterações relativamente à sua configuração: a sua forma ortogonal vai-se alterando e ganhando uma forma radial. Depois de algumas tentativas de conquista desta cidade aos árabes, por D. Afonso Henriques, só em 1162, Fernão Gonçalves, a conquista, para ser de novo recuperada pelos árabes e só em 1200, a cidade é definitivamente conquistada para a coroa portuguesa, concedendo-lhe o Rei D. Afonso III, o Foral, em 1254, procedendo também á sua reconstrução, já que nessa época se encontrava muito arruinada e despovoada. A Torre de Menagem deve-se ao Rei D. Dinis, que a mandou edificar em 1310, é considerada um dos melhores exemplos de arquitetura medieval, tem aproximadamente, 40 metros de altura e a escadaria de acesso possui 198 degraus. Para além de ser considerada a mais alta da Península
Ibérica, tem ainda a particularidade de ter sido toda construída em mármore. À semelhança de outras cidades medievais, Beja também tinha uma cintura de muralhas que protegia a área urbana, uma cerca que integrava mais de quarenta torres e quatro portas principais (portas de Évora, de Mértola, de Avis e de Aljustrel) a que se acrescentaram mais três com o correr dos séculos (portas de Moura, de São Sisenando e da Corredoura). A localização estratégica da cidade na vasta planície do Baixo Alentejo demonstrou a importância do castelo de Beja ao longo dos séculos, sendo mesmo restaurado na segunda metade do século XVI, quando a sua tipologia medieval se mostrava já obsoleta perante as exigências pirobalísticas do momento, sendo assim reforçado com baluartes conforme projeto do engenheiromilitar e arquiteto francês Nicolau de Langres. Encontrava-se em total decadência no século XIX, altura em que servia de prisão militar, o castelo foi integralmente restaurado pela DGEMN nos meados do século XX, sob a batuta do Visconde da Ribeira Brava, imbuído de um espírito vanguardista, decide-se “modernizar” a cidade, despojando-a dos edifícios velhos numa tentativa clara de criar novas ruas abertas e largas desafogando, assim, as suas muralhas de construções então adossadas e beneficiandose extraordinariamente a sua torre de menagem. A muralha ficaria totalmente à vista, bem como o Arco Romano das Portas de Évora, imagem que parcialmente se concretizou.
Integração da Muralha na Cidade
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Zonas de Trabalho 1.5000
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1.1. Explicação do todo e as partes 16
Para facilitar a compreensão desta proposta, esta foi dividida em duas partes principais. A primeira, realizada em grupo, engloba a criação de um percurso, o caminho de ronda, e a deslocação dos parques de estacionamento adjacentes à muralha, com a criação de novas zonas para o mesmo efeito. A segunda parte advém da subdivisão da área que a muralha ocupa, em cinco áreas que correspondem a zonas específicas da cerca, que designamos por: a zona em torno do castelo; a zona em que a muralha se encontra no interior do quarteirão; a zona com edifícios adjacentes à muralha; a zona da muralha totalmente apropriada pelos edifícios e por fim a zona onde a muralha foi demolida. Esta parte do processo de trabalho foi realizada por cada aluno do grupo de atelier de projeto, individualmente
1.2. Trabalho do tema em geral O tema geral tem como principal objetivo a criação de um percurso em torno da muralha, “o caminho de ronda”, que visa alcançar a reapropriação da muralha com a sua independência e devolve-la à comunidade. Com este percurso será possível percorrer o adarve, espaço que serve de passagem ao longo do alto das muralhas de uma fortificação para ronda ou serviço das ameias, e ao lado da muralha, dependendo de cada caso específico. Durante todo o percurso irão ser criados pontos de subida e descida que facilitarão o acesso ao interior e ao exterior da muralha, atualmente inexistente. Também serão criados pontos de observação que possibilitarão a vista para o interior/exterior da cidade.
Relativamente ao reaproveitamento do espaço em torno da muralha, este tem vindo a ser utilizado como logradouro das habitações, como parques de estacionamento ou mesmo como parede exterior de algumas habitações. Com a reapropriação do espaço pretendese retirar ou remodelar esta área outrora designada de “privada”. Os parques de estacionamento seriam recolocados em pontos específicos, dado que existem parques subterrâneos próximos ou em espaços livres distribuídos em torno da cidade muralhada que tenham a área necessária e se encontrem a uma distância aceitável. Para compensar o distanciamento dos novos parques serão criados percursos pedonais e novas ciclovias. Também existe a possibilidade de se utilizar a restruturação da muralha, os novos pontos de passagem através desta e do caminho de ronda, facilitando assim o acesso fácil e rápido.
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A Muralha e a Cidade Proposta de Grupo
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Proposta Geral 1.5000
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Castelo - Rebeca Rodrigues O castelo (parte A) neste momento encontra-se em bom estado de conservação. Embora as varandas tenham sido recentemente restauradas, após o seu desmoronamento em 2014, o castelo ainda apresenta diversos problemas. Dentro destes, encontramos a fragilidade da torre, que inviabiliza a construção de palcos ou salas de cinema, porque o ruído/vibração aumenta o risco de desmoronamento da mesma, mas também o acesso principal à torre de menagem que, vindo da praça de armas, é feito através de umas escadas estreitas e íngremes, ainda muito militarizadas e, como tal, de difícil acesso. A casa do governador, cujo interior foi recentemente reabilitado, apresenta uma organização de espaço pouco funcional. A acessibilidade mal resolvida com a colocação do elevador no centro de uma pequena sala distante da entrada principal. Para resolver estes problemas é criado um estudo, composto por simples alterações. Na casa do governador dá-se a transferência do elevador já existente para o interior de uma das torres da muralha que se encontra lado a lado com o edifício. Esta alteração possibilita o acesso, a partir do piso térreo, tanto ao piso superior do edifico como à adarve da muralha do castelo. A remodelação do café já existente e a criação de uma nova esplanada no exterior do edifício, mas dentro das muralhas do castelo, permite redesenhar a “praça de armas” do castelo.
A apropriação dos espaços do antigo barbacã do castelo, neste momento fechados ao público, podem ser utilizados como ponto de articulação entre o castelo e o percurso de ronda. A torre hexagonal, uma das torres do castelo, que se encontra vedada ao público, tem caraterísticas muito distintas das restantes torres. Para além da sua forma hexagonal, esta torre tem uma pequena área coberta no topo da muralha, que possibilita a sua utilização como um pequeno espaço de exposição onde se poderia propor uma exposição permanente, tendo como tema a história e a evolução da cidade de Beja. A zona a norte do castelo seria também reorganizada como um espaço verde em torno da muralha, propondo-se a reapropriação do mesmo, a destruição dos edifícios inseridos no quarteirão e a deslocação do parque de estacionamento situado no local tendo como intuito enaltecer o castelo. No lado exterior da muralha, e enquanto representação do clima árido de Beja, pretende-se a criação de uma praça que impulsione a utilização da área. Enquanto parte integrante desta intervenção, e elemento de memória do espaço, está a marcação no pavimento dos edifícios previamente demolidos envolventes à muralha, pelo que também se propõe a criação de um centro social e cultural que não só dinamize a área e possibilite um espaço multiusos para apropriação da população, mas também enquanto espaço de receção para futuros visitantes do castelo.
Interior de quarteirão - Inês Lopes No interior do quarteirão (parte E) pretende-se dar outra utilização à casa da misericórdia. Aquando da sua construção, foi utilizada a muralha como apoio no lado noroeste do edifício. Neste momento, a casa da misericórdia é utilizada como museu, mas com a presente proposta tornar-se-á também ponto de subida para o adarve da muralha permitindo começar o percurso do caminho de ronda ao longo da muralha. A divisão dos espaços, nomeadamente do pátio da casa de misericórdia (privado) e do jardim das laranjeiras (público), é feita através de um muro em toda a sua extensão, com cerca de 3 metros de altura, que apresenta uma forma de construção muito comum nesta zona do país. A própria parede é utilizada como uma extensão da fundação, ou seja, em vez da criação de uma grande laje de pedra ou de estrutura rígida, da construção de pilares enterrados e que se interligam em arco quando atingem a cota da superfície, dando assim a altura ao muro. O espaço vazio seria preenchido com tijolo ou adobe e rebocado, construindo assim a estrutura do muro. Assim, propõe-se remover o preenchimento do arco, criando uma espécie de arcada que possibilita a ligação entre ambos os espaços. Com a criação desta nova passagem e a remoção do parque de estacionamento existente, permite a junção destes três espaços: Pátio da Misericórdia, Jardim das Laranjeiras e parque de estacionamento, o que possibilitará a criação de um parque público, que neste momento
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é inexistente. Neste momento, os habitantes da cidade não têm disponível um espaço exterior público. Continuando no caminho de ronda, a partir da Casa da Misericórdia, numa das torres junto ao espaço referido anteriormente, será criado um novo ponto de atravessamento vertical, que permite o acesso à cidade interior e exterior à muralha e à própria muralha, as quais se encontram a cotas diferentes. Com a junção dos percursos pedonais, este lugar tornar-se-á um espaço bastante importante para a cidade, tanto para os seus habitantes como para os seus visitantes. O parque será um espaço de repouso e sombra para os habitantes e visitantes da cidade, uma vez que poderão desfrutar de espaços de lazer com mobiliário urbano adequado, vegetação autóctone e chafarizes.
Da Porta de Avis ao Quartel da GNR Proposta Individual
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Da Porta de Avis ao Quartel da GNR Memória Descritiva
Localizada entre a Porta de Avis e o Quartel da GNR, em Beja, a proposta desenvolve-se num local onde a muralha aparece de duas formas distintas. A primeira, junto à Porta de Avis, caracteriza-se por se apresentar como um muro de suporte, criando uma praça alta (Terreirinho das Peças), que é delimitada por edifícios, a Sul, por um lar de idosos, um edificio com valor arquitectónico a Nascente, pela Porta de Avis a Poente e, pela muralha, a Norte, que serve de guarda, apresentando-se como um miradouro sobre a paiagem Alentejana. Num segundo momento a muralha encontra-se “escondida” no meio de edifícios, sendo que, em alguns casos, foi apropriada pelos mesmos. As dificuldades encontradas nesta zona foram, principalmente, a inexistência de percursos que liguem a cota alta da muralha à cota baixa, sendo que a distância entre as conexões verticais é extensa. Isto deve-se ao facto de a muralha ter sido apropriada por casas, que impossibilitaram a existência de percursos conectores. Por outro lado, a existência de veículos automóveis no Terreirinho das Peças impossibilita a leitura total do local, e diminui a vivência do
O projecto obedece a uma estratégia urbana mais generalizada para a zona de Beja em estudo, pretendendo valorizar não só o espaço onde se insere a proposta, mas também o resto da cidade. Pretende-se então criar possibilidades de atravessamento pela muralha, criando percursos pelos interiores dos quarteirões e requalificando pequenos edifícios que sejam pertinentes requalificar para a proposta. Pretende-se também dar ênfase à mobilidade pedonal, tirando os automoveis do centro urbano. Começando pela Terreirinho das Peças, pretendese que a zona seja repensada com um novo desenho urbano que possibilite a criação de três momentos diferentes. A primeira é caracterizada pela criação de uma peça arquitectónica que tem como objectivo dar um novo espaço ao café existente, que é um edificio com fraca qualidade arquitectónica. Esta peça, pretende também oferecer casas de banho públicas à cidade como forma de insentivar a permanência dos cidadãos no local. O segundo momento de desenho da praça, visa criar condições para a permanência no local, mas também, através do desenho e materialidade, indicar a localização de pontos específicos para a montagem de tendas para feiras. Pretende-se que o Terreirinho das Peças seja um local onde se realizem eventos, podendo estes estar ligados, também, ao lar de idosos. Num terceiro momento, pretende-se requalificar a relação
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de Avis é sugerido um edifício que pretende a conexão vertical, sendo um volume mais alto, destacando-se no alçado da Rua 1º de Maio. A partir do terreirinho das peças surge um percurso, que entra a rompante pelo lar de idosos, que se conecta com a muralha no interior do quarteirão. Este percurso vai de encontro a uma torre que é o local onde se faz a conexão vertical, que surge como acesso à cota inferior. Esta torre surge da mesma maneira do que a outra, em termos de altura. As pequenas torres destacam-se na paisagem urbana, assinalando o início/fim dos percursos verticais. Por fim, junto ao quartel da GNR, pretende-se conectar a cota da rua ao patamar do existente estacionamento, área requalificada pelo João Sousa, sendo que, no momento antecedente, junto ao jardim, se pretende refazer um pedaço da muralha, que outrora existiu, mas de momento é inexistente.
ResidĂŞncia UniversitĂĄria Processo de Trabalho
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ResidĂŞncia UniversitĂĄria Desenhos Finais da Proposta
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Planta Piso 0 1.200
Planta Piso 1 1.200
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Planta Piso 2 1.200
Planta Piso 1 1.200
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Corte Longitudinal 1.200
Corte Transversal 1.200
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Alรงado Norte 1.200
Alรงado Poente 1.200
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Alรงado Sul 1.200
Alรงado Nascente 1.200
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Cafetaria e Casa de Banho PĂşblica Desenhos Finais da Proposta
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Planta de Cobertura 1.200
Planta Piso 0 1.200
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Corte Longitudinal 1.200
Corte Transversal 1.200
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Alรงado Nascente 1.200
Alรงado Norte 1.200
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