Guerra, Cidade e Identidade

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Gu e r r a , Ci da deeI de nt i da de

O( r e ) s u r g i me nt odei de nt i da de sa r q u i t e c t óni c a snopós g u e r r a Pr oj e c t oTe s e

Fa c u l da dedeCi ê nc i a seTe c nol og i adaUni v e r s i da dedeCoi mbr a De pa r t a me nt odeAr q u i t e c t u r a S e mi ná r i odeI n v e s t i g a ç ã oe mAr q u i t e c t u r a Ar q u i t e c t u r a sVi v i d a s : Di n â mi c a se n t r ec o n c e p ç ã oef r u i ç ã od oe s p a ç o S obor i e nt a ç ã odaPr of e s s or aCa r ol i naCoe l ho ANTÓNI OJ OS ÉS ANTOSCOS TAMORENO 1 8deDe z e mbr ode2 0 1 7



Gu e r r a , Ci da deeI de nt i da de

O( r e ) s u r g i me nt odei de nt i da de sa r q u i t e c t รณni c a snopรณs g u e r r a


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectรณnicas no pรณs-guerra

I


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

“Porém, tal como afirma María-Ángeles Durán, “recordar é escolher”. A identidade que cada cidade construiu a partir de si mesma é uma “memória eleita”, uma escolha feita entre acontecimentos históricos, objectos arquitectónicos, formas urbanas, características orográficas e, inclusive, grupos humanos.” (Garcia Vasquéz, 2008, pág. 45)

II


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Esta proposta de dissertação segue o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1945. Todas as citações estão feitas de acordo com as normas APA. III


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Sumário Resumo

1

Objectivos | Resultados Esperados

3

Estado da Arte | Pertinência

5

Metodologia

9

Palavras-Chave . Questão de Investigação

Objectivos Gerais . Objectivos Específicos

Casos de Estudo

11

Roterdão Error! Bookmark not defined. Londres

13

Berlim

15

Estrutura Prevista

17

Justificação da Estrutura Prevista

19

Referências Bibliográficas

21

Monografias

21

Contribuições em Revistas e Jornais

23

Dissertações de Licenciatura ou Mestrado

23

Sumário de Figuras

25

Painel Síntese

27

IV


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectรณnicas no pรณs-guerra


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Resumo (149) O presente trabalho tem como objectivo reflectir sobre a criação de identidades arquitectónicas que podem (re)surgir a partir da regeneração de cidades, como resposta à sua destruição por uma catástrofe. Torna-se pertinente perceber a forma como a devastação pode motivar o enraizamento dos espíritos de vanguarda latentes, a consolidação/ reinvenção da identidade de uma região/país e/ou ser um espaço de experimentação arquitectónica. Pelos inúmeros exemplos possíveis, informação e proximidade temporal, surge a Segunda Guerra Mundial como época em estudo. Serão analisadas Casos de estudo:

três cidades em contextos distintos, que passaram por processos de

Londres – Inglaterra

reconstrução diferentes. Nestas, procurar-se-á perceber quais os princípios

Roterdão – Países Baixos Berlim – Alemanha

regenerativos antecedentes à guerra que se afirmaram no processo de planeamento urbano, pelos novos métodos utilizados como resposta às necessidades da época. Em síntese, pretender-se-á entender o cenário de catástrofe como momento de reflexão arquitectónica, reinvenção e/ou afirmação cultural, e em que medida a regeneração procurou responder às necessidades vividas.

Palavras Chave

catástrofe; regeneração; resiliência; identidade; Segunda Guerra Mundial

Questão de Investigação

Numa cidade destruída, onde a memória foi devastada por um acontecimento catastrófico, será possível defini-la após a sua destruição, criando características que a (re)definam?

1


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitect처nicas no p처s-guerra

Figura 1 Cidade e Identidade. Berlim, Roterd찾o, Amesterd찾o, Coimbra, Lisboa e Londres

2


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Objectivos | Resultados Esperados (300) Objectivos Gerais

O objectivo deste projecto-tese é compreender como a destruição de uma cidade, durante um conflito/catástrofe, tal como a Segunda Guerra Mundial, pode ser, perante as necessidades humanas, motivadora de uma regeneração racional e objectiva do território. Sendo também um espaço de experimentação e afirmação de uma identidade arquitectónica, procura-se perceber a adaptação da arquitectura ao processo regenerativo e inferir quais as motivações e os seus resultados num contexto internacional. Interessa igualmente analisar como a regeneração das cidades é planeada na época em que se insere, se a mesma consegue (re)criar a sua identidade e se esta se adapta culturalmente à sociedade.

Objectivos Específicos

Pretende-se interpretar o conceito de identidade arquitectónica, entender

(ver Figura 1)

o papel da história e da tradição no processo regenerativo da cidade e a prevalência destes no pós-guerra; se a evolução verificada se constitui como uma continuidade do passado ou algo totalmente inovador. Procura-se também compreender a influência da Carta de Atenas e dos CIAM no “pensar a cidade” do pós-guerra, a afirmação do estilo internacional e a capacidade reinterpretativa do mesmo no Pós-Modernismo. Torna-se relevante descodificar de que forma a arquitectura entende o espaço urbano e como a tecnologia construtiva e definição material se adaptam às necessidades da época e do local, e se estas são confrontadas com o comportamento dos grupos que a habitam. Paralelamente, interessa, através da comparação de alguns exemplos, perceber como se pode (re)criar a identidade arquitectónica de uma cidade, tendo como partida diferentes abordagens. Esta proposta pretende aprofundar o conhecimento do papel da arquitectura na construção da cidade, na resposta a situações de excepção, e perceber a sua importância na construção de uma narrativa que torne as cidades diferentes entre si. Finalizando, espera-se contribuir para a compreensão da catástrofe como espaço de experimentação, reflexão e reinvenção arquitectónica como possibilidade de afirmação de uma identidade própria.

3


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectรณnicas no pรณs-guerra

Figura 2 VI CIAM Bridgewater, Inglaterra. 1947

4


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Estado da Arte | Pertinência (600)

André Corboz (1928-2012) Historiador de arte, suiço

Arquitectura, cidade e identidade são conceitos que têm uma estreita relação. André Corboz (2001) apresenta a teoria dos três Ps (Produto, Processo e Projecto) aplicada à paisagem como forma de entender a cidade território. A paisagem é vista como palimpsesto, um lugar com acumulação de características inerentes ao tempo: extensão, densidade e mutação. É sobre

Kevin Lynch (1918-1984)

os cinco pontos definidos por Kevin Lynch (2017)1: vias, limites, bairros,

Urbanista e escritor,

cruzamentos e pontos marcantes que se cria o conceito de cidade, um

americano

conjunto de partes que constituem um todo. Para ele, um ambiente legível proporciona uma experiência urbana mais intensa, sendo que a cidade deve expressar toda a sua complexidade através da sua imagem. Para Lynch, a percepção do ambiente pode ser analisada a partir de três componentes: identidade, estrutura e significado. A identificação de um edifício implica o seu reconhecimento como sendo único, garantindo-lhe identidade. Percebendo o que define identidade arquitectónica, questiona-se se metrópoles onde a tradição arquitectónica foi destruida pela Segunda Guerra Mundial, conseguem (re)assumir uma identidade própria.

CIAM – Congresso

O primeiro CIAM (1928), em La Sarraz (Suiça), pretendia discutir a

internacional de

arquitectura moderna. Le Corbusier, no IV CIAM, propôs a Carta de Atenas

arquitectura moderna

(1933), onde se considera a urbe como um organismo autónomo que deve

Le Corbusier (1887-1965)

responder racional e funcionalmente às necessidadedes humanas. Sugere a

Arquitecto, urbanista e

separação de funções na cidade e propõe uma diminuição da densidade

escultor suiço

urbana (Cidade Funcional). Todos os intervenientes, acontecimentos, teorias e conclusões dos congressos, são descritos por Eric Mumford (2002). A reconstrução das cidades destruídas durante a Segunda Guerra Mundial introduziu o Modernismo como ponto de partida.

(ver Figura 2)

Em 1947, Bridgewater (Inglaterra), deu-se o VI CIAM no qual se procurou reafirmar as bases dos congressos anteriores e pretendeu encontrar uma resposta para a reconstrução das cidades. Este congresso acabou por gerar

várias

discussões,

criticando-se

o

Modernismo.

Culminou,

Keneth Frampton (1930-)

posteriormente, no surgimento da corrente do Regionalismo Crítico (Keneth

Arquitecto, Crítico e

Frampton, 1981). Esta pretendia perceber o contexto de cada lugar, a história

historiador, inglês

e o respeito pela mesma. Desta forma, a arquitetura e o planeamento urbano são diferentes em cada cidade, podendo culminar na criação de distintas identidades arquitectónicas.

1-

Versão original de 1959

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Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectรณnicas no pรณs-guerra

6


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Edmund Bacon (19102005) Arquitecto e urbanista americano

Edmund Bacon (1995) relata princípios de planeamento urbano modernistas que determinam a forma das grandes cidades, determinando as dinâmicas da mobilidade urbana moderna. Completa a sua teoria através de exemplos de cidades que se caracterizam ou pelo sistema de mobilidade, como Nova Iorque e Londres, ou pela agradabilidade do centro urbano, como

Tom Avermaete

Roterdão e Estocolmo. Tom Avermaete (2014) relata a criação de planos

Professor de arquitectura

estatais no pós-guerra para a construção de programas de habitação social,

holandês

educação, cultura, lazer e criação de novas cidades. Refere ainda o impacto da arquitectura no mundo.

Casos de estudo:

Roterdão é referenciado numa colectânea de textos e conferências que

Londres – Inglaterra

aconteceram em 2001. Giovani Cristofaro fala sobre a reconstrução de

Roterdão – Países Baixos Berlim – Alemanha

Londres, do plano de Abercrombie e brutalismo em Inglaterra. Pedro Baía (2005; 2008) refere a reconstrução de Berlim. Ricardo Mendes (2009) faz um estudo sobre a reconstrução das cidades alemãs, focando-se em Dresden e Hannover. João Timóteo Rendeiro (2004) e Han Meyer (1999) referenciam Roterdão e Londres, descrevendo a relação entre cidade portuária e urbe. Existem outros estudos sobre regeneração de cidades à catástrofe, como Catarina Nunes (2009) que direcciona o estudo a sismos e João Pratas (2014), que investiga sobre cidades resilientes e tsunamis.

Pertinência

Num mundo onde frequentemente acontecem catástrofes, torna-se pertinente estudar a resposta à destruição causada pela Segunda Guerra Mundial, constituindo-se este acontecimento histórico, pela sua abrangência, num marco temporal próximo, rico em exemplos significativos. A pertinência desta proposta vem desta percepção, podendo ser útil para aplicar a casos presentes/futuros. A destruição não deve ser apenas abordada como algo lamentável, mas vista como uma oportunidade.

7


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Figura 3 Expressão arquitectónica no pós-modernismo. Londres - Royal National Theatre; Barbican Centre; Lloyds Bank Roterdão - Kijk Kubus; Bijenkorf; Kunsthal Berlim - Reichstag; Berliner Philharmoniker; Jewish Museum

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Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Metodologia (300) A metodologia proposta para o desenvolvimento deste projecto-tese centrar-se-á,

primeiramente,

na

clarificação

de

conceitos

e

na

contextualização histórica, de base teórica, visando perceber o espírito da época. Posteriormente, proceder-se-á à análise de três casos de estudo que procurem responder às questões e objectivos da proposta. Perceber o que define a identidade de um lugar deverá ser o ponto de partida para o desenvolvimento da proposta. Será suportada por uma recolha de informação bibliográfica que vise cruzar diferentes perspectivas, de forma interdisciplinar, definindo mais objectivamente o conceito Posteriormente,

analisar-se-ão

documentos

oficiais,

manifestos,

publicações, como os textos de Hein Carola (2016) e Heins Ibelings (2016, e outra bibliografia que tenda a perceber o impacte das vanguardas europeias e das correntes arquitectónicas no planeamento urbano, contextualizando o pensamento da época perante a cidade. A investigação centrar-se-á, sobretudo, na tentativa de perceber a regeneração do território no momento que sucede a catástrofe (guerra). Pretende-se

fazer

uma

análise

contextual,

percebendo

as

transformações/regenerações urbanas no pós-guerra. Os casos de estudo deverão ser justificativos e tratados com base nestas premissas, como forma de completarem a componente teórica da proposta. Com base nos casos de estudo, na análise de planos urbanos e bibliografia existente, analisar-se-á a resposta imediata ao momento que sucede a catástrofe, compreendendo as relações entre o momento pré e pósdestruição, os intervenientes, as ideias e os diferentes resultados. (ver Figura 3)

Posteriormente proceder-se-á à análise de três edifícios em cada cidade como forma de entender a expressão que a arquitectura assumiu no PósModernismo. Pretende-se visitar os locais para perceber a relação das obras com o espaço urbano, e clarificar dúvidas relativas aos casos em estudo. A pesquisa teórica realizar-se-á maioritariamente com o acesso ao repositório das bibliotecas onde se encontre disponível a bibliografia pretendida, com a consulta de documentos online, revistas, artigos e em livros alusivos ao tema.

9


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“Nós glorificaremos a guerra – a única higiene militar, patriotismo, o gesto destrutivo daqueles que trazem a liberdade, ideias pelas quais vale a pena morrer, e o escarnecer da mulher.” (Marinetti, 1909)

Figura 3 Destruição de Roterdão (fotografia 1946)

´

Figura 4 Plano para a reconstrução de Roterdão Plano para a reconstrução de Roterdão

10


Guerra, Cidade e Identidade O surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Casos de Estudo (600) Durante a Segunda Guerra Mundial, foram vários os exemplos de cidades bombardeadas em diversos países. Londres, Roterdão e Berlim são três exemplos de urbes significativamente destruídas durante este período temporal, sendo que cada uma parece ser singular por ter tido uma abordagem diferente no processo de regeneração territorial. A expressão arquitectónica que cada cidade assumiu foi o motivo essencial para a escolha dos casos de estudo, pelo que, à partida, respondem à questão de investigação e aos objectivos da proposta, por terem características e abordagens diferentes.

Roterdão (177)

Países Baixos . 14 Maio de 1940

Localizada na província da Holanda do Sul, Roterdão é uma cidade portuária com forte influência mercantil. Serve de caso de estudo por ser uma cidade que, pelo espírito reinventivo característico da arquitectura neerlandesa, se reafirmou no panorama internacional da arquitectura contemporânea (Grande, 2001). (ver Figura 4)

A destruição da cidade afectou maioritariamente o seu coração. A

(ver Figura 5)

primeira fase de reconstrução baseou-se na remoção dos entulhos, fundações, tubagens e condutas, criando-se condições para regenerar a cidade. Em 1946 realizou-se o “Basic Plan” que pretendia a criação de novas funções para o centro e uma rede alargada de vias, que só se puderam concretizar por causa da devastação. (McCarthy, 1998). Confirmando a ambição de uma cidade nova, o Bijenkorf (1956) assume o lugar de um edifício que foi demolido para a sua construção, de linhas rectas. Na década de 1960-70, a euforia de reconstrução caíu no septicismo e crítica. (Gadanho, 2001)As Kijk Kubus surgem com uma forma arquitectónica inovadora. Mais tarde, no início da década de 90, surge a geração dos Super Dutch. Projectado por Koolhaas, o Kunsthal marca o surgimento desta geração. 11


Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Figura 6 Destuição de Londres Vista do topo de St. Paul Cathedral

Figura 7 Plano de Abercrombie

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Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra

Londres (162)

Inglaterra . Setembro 1940 – Maio de 1941

Localizada nas margens do rio Thames, serve de caso de estudo por ser uma cidade que, pelo uso da cidade-jardim como plano regenerador, se manteve fiel aos pensamentos do pré-guerra. Londres surge como uma excepção à cidade modernista. A destruição da cidade afectou maioritariamente a zona de Southbank e a City of London. Foi reconstruída a partir do plano de Abercrombie, que (ver Figura 6)

pretendia respeitar a estrututa e actividades existentes na cidade, mantendo o

(ver Figura 7)

seu carácter. O plano visava o sentido de comunidade e existência de bairros, que era bastante identitário na cidade. A City of London tornar-se-ia a zona empresarial e Southbank procurava uma nova relação com o rio. Em Southbank, o Royal National Theatre (1976) assumia-se no meio de um vasto número de edifícios públicos pelo uso de betão à vista. O Barbican Centre (1982) e o Lloyds Bank (1986) destacavam-se na City of London. O primeiro, por se assumir como brutalista e o segundo pela alta tecnologia aplicada à construção.

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Figura 8 Destruição de Berlim Unter den Linden

Figura 9 Plano urbano para a exposição Interbau

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Berlim (173)

Alemanha .Maio de 1945

Localizada nas margens do rio Spree, Berlim é uma cidade que ao longo da sua história teve várias guerras no seu território. Serve de caso de estudo pela constante restruturação ao longo do tempo. O Jewish Museum é “o desenho das cicratizes de Belim, agora sobre a forma de memorial.” (Figueira, 2008). (ver Figura 8)

A guerra devastou a maior parte da cidade. Reconstruida a partir de planos de construção habitacional, destacando-se os planos Kaiserzeit, pela distribuição de apartamentos em torno de pátios; Siedlungen, desenvolvido no

(ver Figura 9)

período entre guerras e ainda o plano elaborado durante a exposição Interbau, modernista na sua génese. Em 1963, a Filarmónica de Berlim veio trazer uma nova dinâmica à “vida adormecida da cidade” (figueira, 2008). Em 1990, no final da Guerra Fria, Berlim volta a ser capital da Alemanha, sendo que o governo teve que regressar de Bonn. A necessidade de construir bairros residenciais para os políticos deu azo à reconstrução de várias zonas da cidade e o Reichstag foi reconstruído pelo arquitecto Norman Foster (1992), demonstrando o símbolo do poder.

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Estrutura Prevista 1. Questões de Identidade 1.1 Definição de Cidade e suas vivências. 1.2 Diferença entre Identidade Arquitectónica e Significado 2. Consequências e Resposta à Segunda Guerra Mundial 2.1 Pré Segunda Guerra Mundial 2.2 Destruição de Cidades na Segunda Guerra Mundial. 2.3 A Necessidade de Regeneração e o Modernismo. 2.3.1

Uma visão alargada das cidades europeias.

2.3.2

CIAM e o modernismo

2.3.3

Roterdão e o Plano de Willem Witteveen.

2.3.4

Londres e o Plano de Abercrombie.

2.3.5

Berlim, plano Kaiserzeit, Siedlungen e a Exposição Interbau.

3. O Surgimento de Identidades Arquitectónicas 3.1 Roterdão – O espírito reinventivo da cultura neerlandesa. 3.1.1

Bijenkorf (1956) - Marcel Breuer e Abraham Elzas

3.1.2

Kijk Kubus (1977) – Piet Bloom.

3.1.3

Kunsthal (1992) – Rem Koolhaas

3.2 Londres – Do Brutalismo ao High Tech 3.2.1

Royal National Theatre (1976) – Sir Denys Lasdun

3.2.2

Barbican Centre (1982) – Chamberlin, Powell and Bon

3.2.3

Lloyds Bank (1986) – Richard Rogers

3.3 Berlim – Reconstrução da memória de uma cidade destruída. 3.3.1

Berliner Philharmoniker (1963) – Hans Scharoun

3.3.2

Jewish Museum (2001) – Daniel Libeskind

3.3.3

Reichstag Dome (1999) – Sir Norman Foster

4. Tradição e Regeneração – Uma Relação (In)existente

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Justificação da Estrutura Prevista (368) A estruturação desta proposta de dissertação tem como principal objectivo a aproximação faseada ao tema, de modo a conseguir contextualizálo progressivamente. Como forma de introdução, “Questões de Identidade”, visa entender o que define uma cidade, tendo como base a distinção entre identidade arquitectónica, que se relaciona com o edificado, relações espaciais, técnicas construtivas, etc., e o carácter de uma cidade, que advém da apropriação que dela se faz e das memórias que se criam a partir de si. Percebendo o que define identidade arquitectónica, o segundo capítulo surge como o principal conteúdo da dissertação. O primeiro subcapítulo aparece como forma de contextualizar o pensamento arquitectónico e cultural antes da Segunda Guerra Mundial. O segundo subcapítulo retrata a destruição das cidades europeias de forma geral, ou seja, pretende referir os países que mais sofreram com a guerra, percebendo o território a uma escala alargada. Por fim, o subcapítulo “A Necessidade de Regeneração e o Modernismo” tende a reflectir, inicialmente, sobre a reconstrução das cidades europeias Cidade Funcional Teoria apresentada em Berlim, 1931

tendo em conta a teoria da Cidade Funcional (Mumford, 2002), a presença de um estilo internacional, e o entendimento do modernismo como ponto de partida para a regeneração. As origens do Modernismo, o papel dos CIAM, e a percepção como cada país sentia a sua cultura, a arquitectura e o planeamento urbano irão ser temas a aprofundar neste subcapítulo. Pretende-se detalhar a reconstrução dos casos de estudo como forma de perceber a aplicação das temáticas referidas anteriormente, com o auxílio ao estudo dos planos urbanos usados imediatamente a seguir à guerra. “Surgimento de Identidades Arquitectónicas”, o capítulo em que será explorado o território como um lugar de experimentação arquitectónica. Neste capítulo pretende-se perceber o lugar que a arquitectura assumiu na urbe, como período de (re)criação de diferentes identidades. Para isso,

Questão de Investigação Numa

cidade

destruída, onde a memória foi

devastada

por

um

acontecimento catastrófico, será possível defini-la após a sua destruição, criando características (re)definam?

que

a

estudar-se-ão três obras em cada cidade, percebendo-se as suas relações com outras volumetrias e a sua inserção nos planos estudados no capítulo anterior. Aspira-se que este capítulo seja justificativo da questão de investigação. O último capítulo surgirá como uma reflexão sobre a questão de investigação. Tentar-se-á concluir se a tradição e a memória, embora factores importantes para a presença de uma identidade arquitectónica, são, ou não fundamentais, sendo que a identidade pode ser (re)criada.

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Referências Bibliográficas Monografias Avermaete, T. (2014). Architecture and the Welfare State. Abingdon-ofThames: Routledge. Bacon, E. (1995). Design of Cities: a superbly illustrated account of the development of urban form, from ancient Athens to modern Brasilia. Londres, Thames and Hudson. (1º Edição – 1967) Corboz, A. (2001). Le territoire comme palimpsesteet autres essais. Paris: Les éditions de l’imprimeur. Corbusier, L.; Giraudoux, J.; Ramón Capella, J. (1971). Principios de urbanismo: La carta de Atenas. Barcelona: Ariel. Figueira, J. (2008) Berlim. Baía, P. (ed.). Berlim: Recontrução Crítica. (Cap. 2, pp.44-49). Porto: Circo de Ideias. Frampton, K. (1981). Towards a Critical Regionalism: Six Points for an Architecture of Resistance. In Foster, H. (ed.). The anti-aesthetic: essays on postmodern culture. (pp. 17-34). Frampton, K. (1996). Historia crítica de la arquitectura moderna : Keneth Frampton. Barcelona: Gustavo Gili. Gadanho, P.; Lootsma, B.; Toorn, R.; Crimson (Eds.). (2001). Post.Rotterdam: architecture and city after the tabula rasa = arquitectura e cidade após a tabula rasa. Rotterdam; Porto : 010 Publishers ; Porto 2001 SA. Garcia Vásquez, C. (2008). Berlim, memória com maiúsculas. In Baía, P. (ed.). Berlim: Recontrução Crítica. (Cap. 2, pp.44-49). Porto: Circo de Ideias. Grande, N. (2001). Welcome to Post.Rotterdam. In Gadanho, P.; Lootsma, B.; Toorn, R.; Crimson (Eds.). (2001). Post.Rotterdam: architecture and city after the tabula rasa = arquitectura e cidade após a tabula rasa. Rotterdam; Porto : 010 Publishers ; Porto 2001 SA. Lynch, K. (2017). A Imagem da Cidade. Lisboa: Edições 70, LDA. Edição original: 1959

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Meyer, H. (1999). City and port : urban planning as a cultural venture in London, Barcelona, New York, and Rotterdam : changing relations between public urban space and large-scale infrastructure. Utrecht: International Books. Mumford, E. (2002). The CIAM discourse on urbanism : 1928-1960. Cambridge: the MIT Press. Contribuições em Revistas e Jornais Carola, H. (2016). Modernist urban visions and the contemporary city. Joelho, 7, 64-71. Ibelings, H. (2016). The Postmodern European City. Joelho, 7, 28-37. Marinetti, F. (1909). Manifesto Futurista. Le Figaro, 51, pg. 1. McCarty, J. (1998). Reconstruction, regeneration and re-imaging: The case of Rotterdam. Cities, Vol. 15, No. 5, 337–344. Dissertações de Licenciatura ou Mestrado Baía, P. (2005). Tragic new Berlin.

Prova Final de Licenciatura em

Arquitectura. Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. Cristófaro, G.; Cruz, L. (2016). Habitação e Brutalismo: O caso da arquitectura pós-guerra na Inglaterra. Ensaio em teoria e história do urbanismo. Universidade de Brasília, Brasília, Brasil. Mendes, R.; Tavares, D. (2009). De Leste a Ocidente, duas reconstruções: a reconstrução das cidades na Alemanha após 1945. Prova Final de Mestrado em Arquitectura. Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. Nunes, C.; Byrne, G. (2009). Sismos: O Lugar da Resposta Arquitectónica. Prova Final de Mestrado em Arquitectura. Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. Pratas, J. P.; Lousa, A. (2014). Tsunamis e Cidades Resilientes : Estratégia para Lisboa ribeirinha: Entre Alcântara e o Terreiro do Paço. Prova Final de Mestrado em Arquitectura. Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. Ribeiro, J. (2004). A metropole e o porto / 3 casos de estudo-Londres, Roterdão e Lisboa. Prova Final de Licenciatura em Arquitectura. Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal.

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Sumário de Figuras Figura 1 - Cidade e Identidade.

2

Figura 2 - VI CIAM

4

Figura 3 - Expressão arquitectónica no pós-modernismo.

8

Berlim, Roterdão, Amesterdão, Coimbra, Lisboa e Londres Imagens de António Moreno

https://www.ribaj.com/culture/exhibition-congres-international-d-architecturemoderne-bridgwater-somerset

Londres - Royal National Theatre (wikipedia.com); Barbican Centre (Shootfactory.com); Lloyds Bank (independent.co.uk) Roterdão - Kijk Kubus (António Moreno); Bijenkorf; Kunsthal (casa33.es) Berlim - Reichstag (http://calcinatory3.rssing.com/chan3190749/all_p1818.html); Berliner Philharmoniker (Pinterest.com); Jewish Museum (Archi-Find.com)

Figura 4 - Destruição de Roterdão (fotografia 1946)

10

Figura 5 - Plano para a reconstrução de Roterdão

10

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=135685674

https://www.wederopbouwrotterdam.nl/en/tijdlijn/basic-plan-van-traa/

Figura 6 - Vista do topo de St. Paul Cathedral - Destruição de Londres 12

http://phenomena.nationalgeographic.com/2016/05/18/bomb-damage-mapsreveal-londons-world-war-ii-devastation/

Figura 7 - Plano de Abercrombie

http://www.assael.co.uk/content/we-love-designing-city-villages

12

Figura 8 - Destruição de Berlim - Unter den Linden 1414 https://rarehistoricalphotos.com/berlin-end-war-1945/

Figura 9 - Plano urbano para a exposição Interbau 1414 https://www.pinterest.pt/pin/787637422300944649/

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Guerra, Cidade e Identidade O (re)surgimento de identidades arquitectรณnicas no pรณs-guerra

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GUERRA, CIDADE E IDENTIDADE O surgimento de identidades arquitectónicas no pós-guerra António José Santos Costa Moreno ORIENTADORA: CAROLINA COELHO TEMA: ARQUITECTURAS VIVIDAS. DINÂMICAS ENTRE CONCEPÇÃO E FRUIÇÃO DO ESPAÇO MIA | DARQ/FCTUC | SEMINÁRIO DE INVESTIGAÇÃO EM ARQUITECTURA 2017/2018


ANTÓNI OJ OS ÉS ANTOSCOS TAMORENO J a ne i r ode2 0 1 8


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