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Grupo de Artistas Plásticos para Promoção das Artes

NUSUNE

revista digital de promoção da cultura e das artes

junho nº0 2012



NUSUNE

digital

Carta do editor A divulgação da arte, dos artistas e das suas obras foi desde sempre uma preocupação do AKN –Artéknusune – Grupo de artistas plásticos para a promoção das artes. Começamos por criar um evento que foi a 1ª Mostra de artes plásticas de Outono de S.Francisco – Alcochete, seguindo-se Artshow /Fil2011 e Artshow/Paula Mendes2011, eventos com enorme êxito que lançaram alguns artistas.

Surgiu então a ideia da revista digital “low cost” e fosse grátis, vivendo apenas da publicidade, quer de particulares, quer mesmo de alguns artistas, mas chegando aos emails de mais de 18.000 pessoas entre as quais, hotéis, artistas, galerias, coleccionadores, investidores entre outros entusiastas das artes.

Seguidamente criou-se juntamente com a empresa Meiostextos, lda, a revista Novos Talentos – Revista cultural de novos autores de forma a impulsionar o sector das artes plásticas e todos os seus intervenientes.

Desta forma quebraremos a “barreira” que nos separa de quem realmente queremos mostrar, o nosso trabalho, todavia sem o vosso apoio e a vossa parceria não será fácil.

Esta última aposta, ajudou-nos a perceber que os coleccionadores, investidores e as galerias não vêm ao nosso encontro pelo número reduzido de vendas que a mesma obteve, mesmo com todo um esforço no sentido da sua divulgação, nunca ultrapassou os 300 exemplares vendidos no país inteiro.

A AKN – Revista digital de promoção da cultura e das artes, pretende continuar a promover a arte e a cultura como um todo, destacando sempre as artes plásticas e assim chegar mais longe e ir ao encontro de quem realmente se interessa pela arte e pela cultura neste país.

Ficha Técnica

Todos já vimos que a cultura tem um tratamento muito peculiar por parte dos nossos governantes, mas nós artistas, não podemos ficar de braços cruzados, é da nossa arte que se trata é do nosso futuro que falamos e principalmente do que vamos deixar aos nossos filhos e netos.

Propriedade/Edição AKN - Artéknusune - Grupo de Artistas Plásticos para a Promoção das Artes

Diretor Executivo

Colaboradores

Paula Cardoso Graça

Carlos Almeida Sónia Pessoa Vitor Lages Paula Cardoso Graça Jorge Alves Fernando Girão Maria João Rodrigues Ogayr Dorfenan Rogério do Carmo

Editor / Designer Gráfico Luís Fernando Graça Deptº Comercial Maria João Rodrigues

E como “a arte é que nos une”, a AKN – Artéknusune – Grupo de artistas plásticos para a promoção das artes, jamais baixará os braços, contra ventos e marés, sejam bem-vindos todos os que connosco quiserem promover a arte. A Arte pela Arte

Administração, Redação e Publicidade Rua Gomes Eanes de Azurara,54 r/c Dtº 2870-419 Montijo Telef. 21 408 06 78 E-mail: aknusune@gmail.com É expressamente proibida a reprodução da revista em qualquer língua, no todo ou em parte, sem a prévia autorização escrita da AKN - On Line. Todas as opiniões expressas são da inteira responsabilidade dos autores.

Luís Fernando Graça editor 1


Aureliano de Aguiar Cresci, tornei-me adolescente, com os percalços de um outro qualquer. Jamais parei de criar. Cresci sem ter conhecido o grupo escola ou rasgos de memória felizes desse tempo. Por insistência da minha família nuclear (pai, mãe, irmão) iniciei-me nas profissões da metalurgia: o meu pai metalúrgico e o meu irmão a dar os primeiros passos como soldador. Experimentei todos, mas mesmo todos os materiais de metalurgia, o que não foi difícil. A pressão para que me tornasse metalúrgico como eles, também foi difícil. Um artista, aos olhos dos outros, pode parecer que anda à deriva. Então adolescente… Mas não há adolescente com mais certezas do que um artista! Executei alguns empregos e com os ordenados comecei a colecionar pinceis. Fiz as grades e as tintas, estiquei as telas e pintei. Estes foram os primeiros tempos. Assumime como artista plástico a tempo inteiro em 1987. Sem ser intimista, ou apenas o que baste para falar de mim, sem pretender engrandecer a minha pessoa, nasci para a Arte e com ela tenho feito a minha vida. Lembro-me na minha infância, muito precoce, do momento em que me fascinei com um garfo no estuque da parede que se encontrava sobre o divã… Distanciei-me do conjunto de crianças da família e guardei na memória a insistência do meu avô Marques que repetia que “este menino deve ir para Belas Artes, ainda pode ser o Homem da família”. Repetia isto após eu ter desenhado o Cristo Rei a urinar para o Tejo, em tempo de ditadura e o avô, antigo combatente das causas republicanas, sentia um imenso orgulho em mim. 2


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30 anos ao serviço da arte!!!

Coletei-me nas finanças e participei na I Mostra de Artes & Ideias nesse ano, com uma pedra de lancil colhida numa das noites lisboetas, um figurativo, “Tesio”. Foi aí que senti o que era a escultura. Fiz várias em pedra com um olho no ferro, material que contrariei pela pressão que sentia de ser um metalúrgico entre tantos. Foi no bairro dos atores, em casa da minha avó, com 25 anos, que percorri o período do “cesto para chicletes”, em que contactei com vários artistas e mais ou menos grupos que intervinham com exposições. Em 1992 mudo-me para a região de Coimbra, pela necessidade de ter a minha casa-atelier, com muito boas condições de espaço, para dar continuidade à missão de ser artista, que assumi aos 12 anos quando pintei um quadro de girassóis com fundo de terra sena queimada. 3


Aureliano de

Um artista é um camaleão que imita a natureza. Que também se constrói na intimidade do seu ser. O ferro ligou-se por ser um material acessível e pelo domínio das técnicas de metalurgia que conhecia bem. Apliquei-as à escultura e assentou como uma luva! Como em todas as situações encontramos amigos. Na minha casa, num desses encontros, surge a oportunidade de expor em Odemira e em consequência dos “bronzes do olimpo” vem o convite para a obra pública, expoente máximo da arte. A obra “árvore” foi o motor de arranque para estas lides. Uma ambição antiga. Seguiram-se a “homenagem aos bombeiros” e “homenagem ao sapateiro”, em Almodôvar. Foram surgindo outras obras públicas e umas temporadas na Alemanha, de onde trouxe mais riqueza nos saberes culturais do que nas algibeiras. A primeira, a seguir à “árvore”, foi a “homenagem aos bombeiros”. O que me deu mais prazer foi o perigo de usar oito vulgares banheiras de chapa de ferro esmaltado e elegêlas à representação de um carro de bombeiros. O estatuto pretendido, ao invés, era representar os bombeiros no estatuto de heróis soldados da paz. A eleição do objeto à arte é sem dúvida o que mais me atrai. Acertando linhas, compondo volumetrias, e obedecendo às imposições simbólicas que cada objeto contém. Por vezes instintivamente saltam para a obra fazendo parte de um sonho que no seu todo é a arte que se idealiza na busca constante do sentido da vida e do tempo.

A minha escultura figurativa de maior escala foi sem dúvida a “homenagem ao sapateiro”. Não podia fazer maior pois não caberia no local definitivo. Com cerca de seis metros, a figura que pega no sapato e com a mão direita puxa o fio que o cose, apresenta-se sentada numa cadeira de sapateiro. Se se pusesse de pé teria perto do dobro da altura. Representar a figura humana a esta escala é sempre um desafio. 4


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Aguiar Iniciei à dois anos a “árvore da sabedoria”. Uma obra imensa de doze metros de altura e cerca de três toneladas de corrente que pendem da copa ao sabor do vento. Oferece cinética que provoca um som fantástico. Os milhares de objetos de aço que lhe concedem a forma e estruturam a textura como uma filigrana traduzindo uma delicadeza gigante que demarcará um espaço. Um monumento, por definição.

Com os objetos devidamente casados mostra o sonho, o fantástico. A inclusão de objetos cirúrgicos e de sapateiro foi uma preocupação. E conjuga-los faseadamente foi como uma afirmação de que ambos precisam das mãos para trabalhar. Colocada no seu lugar definitivo, nem inaugurada foi. A corrente política que na altura representava o município e que encomendou a obra acabava de perder as eleições. Para alguns, a arte é como fogo de artifício que se faz estourar num dia santo qualquer.

Tornou-se insustentável continuar a financiar a obra que se encontra na fase derradeira. Três meses, estimo. Aqui fica o apelo.

Aureliano de Aguiar 5


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Renato Pereira o silêncio da cor...

A minha arte é um fenómeno Surrealista do enigma, impossível e quase que inexplicável para muitos... na realidade existe sempre um objectivo que por vezes se dissipa em inspirações, formas de beleza a brilhar, que me obrigam a absorver neste Mundo Artístico, muito meu! Nasceu em 1945, em Manaus, capital do Amazonas, Brasil. Veio para Portugal apenas com 5 anos e, em Lisboa passou pelo Colégio Particular para Deficientes Auditivos do Prof. Cruz Filipe, e pela Escola de Artes Decorativas António Arroio onde frequentou o Curso de Pintura Decorativa. Desde o ano de 1966 é desenhador arquitectónico e gráfico, por profissão, da Fundação Calouste Gulbenkian, e reformou-se no ano de 2000. Apenas nos tempos livres executava a actividade artística, e sem “atelier” onde trabalhar, pelo que trabalhava na residência. Desde uma curta temporada – com excepção do ano de 1976 e noutro de 1984 – e foi só a partir do ano 85, revelou-se, por inteiro, dotado de invulgares aptidões artísticas. 7


Por motivos ligados à sua longa actividade de xadrez no escalão mais elevado a nível nacional e mundial não pintou até 1984, ano em que abandonou o xadrez e, começou por se dedicar à pintura. E, então, começou a cultivar as aptidões com persistência, praticando o desenho e executando inúmeros quadros a lápis, carvão, aguarela, guache, óleo, etc. que logo o tornaram notado nos meios artísticos. Tem raízes artísticas, que se o originaram no “figurismo abstracto moderno” consoante as suas ideias heterogéneas e heteromorfas variavelmente coloridas aplicando-se sobre os temas diferentemente críticos. Mais que tudo – só o figurismo o tornou um apaixonante em causa, e nesta perspectiva de exibicionismo pictural o influi na questão, tantos anos após a sua actividade «xadrezística», começou expondo individualmente e colectivamente em várias galerias. 8


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A arte é uma fonte de cultura baseada num vasto leque de sentimentos… Evolui-se nos temas, categorias, técnicas, cores, títulos inspirados em objectivos com entusiasmo, com método, entrega e por vezes a improvisação… há que pensar um pouco também no desenvolvimento cultural do País. A arte é arte sempre acompanhada de paixão para compaixão ou vice-versa! 9


Artistas, artífices e artesãos. por Victor Lages

A criação artística é um processo comunicativo que o artista mantém, com o observador da obra de arte, sendo que para a criação artística é necessário a liberdade individual, bem como a absorção que o artista faz da cultura de um povo ou de um país onde está inserido.

Só se pode considerar alguém como artista, aquele que idealiza e cria a obra, sendo portanto o criativo e o executor. Por sua vez, todo aquele que executa a obra que lhe é pedida, é portanto um artífice ou um artesão, visto que são estes que executam a obra, mas que não a imaginaram, não a criaram. Sendo assim, um artífice é um operário especializado num determinado ramo de actividade e que realiza trabalhos normalmente com ferramentas mecânicas. Por sua vez o artesão é alguém menos especializado e que utiliza meios mais rudimentares. Este normalmente fabrica manualmente determinadas peças ou obras, por exemplo de olaria, de carpintaria, de tecelagem, também rendas ou outros produtos, sendo que não tem intermediários e assim comercializa-os directamente.

Pablo Picasso em determinada altura disse: “Pensam que um artista é um imbecil feito só de olhos, se é pintor, só de ouvidos, se é músico ou de coração em forma de lira, se é poeta ou mesmo feito só de músculos, se é pugilista? Não, é exactamente o contrário. Ele é, ao mesmo tempo um ser político, sempre alerta com os acontecimentos tristes, alegres e violentos, aos quais reage de todas as maneiras. Não, a pintura não é feita para decorar apartamentos. É um instrumento de guerra para operações de defesa e ataque contra o inimigo.” Por isso um artista deve ser uma pessoa atenta e observador, por outro lado deve fazer uma introspecção, com essa tomada de consciência e em liberdade, então assim pode e deve produzir a sua obra de arte, que de certo será única. Mas, nem todo aquele que produz obras de arte pode ser considerado um artista. Isto porque, existe quem realiza obras de arte mas, de acordo com alguma indicação, modelo ou projecto. 10


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No passado quem queria ser pintor ou escultor ia trabalhar para junto de alguma artista já considerado mestre e dessa forma como aprendiz, o mestre ensinava-lhe então alguns dos seus conhecimentos e com eles desenvolvia a sua própria arte e mais tarde então abria o seu atelier. Isto levava muitos anos de aprendizagem e o trabalhar num atelier ou oficina de artista era no passado, uma profissão como outra qualquer, porque os trabalhos eram encomendas feitas por senhores poderosos, monarcas ou pelo clero, sendo a igreja católica quem mais encomendou obras que hoje se consideram de arte, aos artistas num período que vai do medieval ao fim do renascimento. Hoje em dia, o artista faz as suas próprias criações e apresenta-as em exposição, normalmente em galerias especializadas, fazendo disso um evento social. De forma que o artista contemporâneo e em geral, tende a se considerar um “espécime” à parte e não um trabalhador comum, como outro qualquer. Isto porque as artes são consideradas como trabalho intelectual, daí a diferença em relação às outras actividades.

É comum chamar de artista a todo aquele que executa com grande facilidade e portanto mestria, qualquer que seja a sua actividade. Temos assim os artistas da “bola”, os intérpretes das canções, todo aquele que executa trabalhos manuais como olaria, carpintaria, etc. e muitos mais, como todo aquele que consegue sacar, roubar ou enganar o outro é também um artista desde que não seja apanhado ou consiga escapar à justiça. Portanto o que pretendo aqui deixar explícito, é que existe uma certa diferença entre o que é ser artista, artífice, artesão e mesmo projectista, sendo que cada um tem as suas especificações e qualidades e por isso todos têm o seu papel na sociedade sem que uns sejam mais que os outros. Todos os nomes ou classificações, são simples rótulos que se dão e neste caso a pessoas que exercem determinadas actividades e funções de forma a podermos entender o que se passa à nossa volta.

Existe também uma outra classificação, o projectista. Sendo estas pessoas, criadoras de uma determinada ideia ou projecto, que depois pagam a artífices ou artesão para executarem essa sua ideia ou projecto. Do meu ponto de vista, um projectista não pode ser considerado um artista, mesmo que tenha tido uma ideia “luminosa”. Porque o artista deve ser além de um criativo, também e ao mesmo tempo um executor ou seja, um artesão ou artífice, só desta forma posso entender o que é um artista. 11


Rogério do Carmo

uma vida ao serviço da Cultura... ABERTURA Cortina de espeço negrume Sobre minha fria lucidez Rede atirada ao meu cardume Bisturi rasgando minha embriaguez. Amor paixão feitos lume Corpo febril Aguardando a sua vez!

A VIAGEM

Submissão lasciva póros dilatados Braços estendidos porta sempre aberta Íntimos anseios nunca resgatados Ilha virginal nunca descoberta Poemas nunca escritos círculos fechados!

Meu comboio chegou Ao ponto de partida. Entrei na sala de espera Em busca da Primavera Não encontrei a saída!

Perdido no alto mar açoitado pelo vento Náufrago do meu próprio ser Tudo calei sem um ai um suspiro um lamento Neste meu discreto recolher Prisioneiro do meu impenetrável silêncio Dei à luz um aborto no excremento O filho que tanto quisera ter A trazer no meu deserto oásico alento!

A morte anda lá fóra Ela não chegou agora Há muito que me namora Me espreita embevecida! Esperou-me à chegada Seguiu-me pela estrada Ao lngo de uma vida!

De todos os meus efémeros amores Não me ficou uma carícia uma noite de luar Uma árvore um cheiro a maresia Um lingínquo eco de fragores Um pouco da minha carne para vos deixar Deixo-vos pois a minha poesia!

Acompanhou-me na viagem Parte daquela bagagem Atrás nunca esquecida!

Rogério do Carmo Villejuif, 18/3/1987

Paciente no esperar Na certeza do embarcar Comigo na partida! Lenço branco latente Aguardando tranquilamente A hora da despedida!

use e abuse da CULTURA, não provoca overdose!!

Rogério do Carmo Paris, 18/6/1989 12


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Mas deram-me uma cruz Com uma doirada coroa de espinhos E pétalas dum sonho desfeito Para que a levasse a Jesus Mas perdi-me nos caminhos Nos caminhos do meu peito Perdi-a!

A CRUZ Eu não morrera Simplesmente Deixara d’existir! E duma vida que perdera Apressadamente Dispursera-me a saír Fugia!

E ainda hoje sem um lamento Continuo à procura Dessa cruz pesada e dura Que deixei caír no firmamento Vivia! Rogério do Carmo Leiria, 25 Novembro 1954

Meu corpo inerte Na terra verde e fresca Da margem daquele rio Que a morte não desperte A vida grotesca Do meu destino tardio Jazia!

ANIVERSÁRIO E faço hoje dezanove anos… E aquele mar sereno como um espelho Quebrou-se encapelou-se Sinto-me velho! E que será nesse mar encapelado Aquele triste barquinho naufragado Sem remos já sem côr destroçado Mudo e só em gestos supremos À deriva? E porquê o luar já não estende sua esteira Cintilando no meu mar? E porquê no meu mar sem branca espuma Há apenas bruma? E porquê o meu barquinho garboso Impetuoso Que saltitava outrora Sobre um mar sereno É hoje barco denegrido Apodrecido Silencioso inanimado À mercê dum mar encapelado? Porquê? Quem o dirá? Nem eu nem ninguém jámais o saberá!

Mas fugi daquele corpo inerte Rompi a teia d’arvoredo E no azul imenso mergulhei Que minha boca aperte Eternamente O segredo que nunca pronunciei Mentia! De mãos postas Junto ao queixo erguido D’olhos semi-cerrados Ao mundo virei as costas Como um foragido Dos caminhos errados Evoluía! No meu alar estatuificado Os sonhos brancos e leves Esvoaçavam etéreos no espaço Sobre meu corpo petrificado De mãos vazias sorrisos breves E duma vida que já não faço Fazia!

Rogério do Carmo Mafra, 1954 13


Gabriel Rito a Arte num todo... Como me parece ter também algum jeito para a escrita, se o que é preciso é descrever a minha vida relacionada com as Artes, então, quem melhor indicado que eu para o fazer? Afinal, estou por “dentro” de todos os registos e sentimentos, pois que sou o próprio! Desse modo, abordarei ambos os assuntos: A Arte e a Escrita. Claro que, será uma abordagem resumida. Afinal, nem isto pretende ser um livro e nem vos quero “cansar”. Darei o meu melhor. Ser criativo é, nascendo da sua imaginação, fazer acontecer coisas novas, diferentes, interpretadas, transformadas, adulteradas ou recriadas. É fazer tudo o que ainda não existe. Seja considerado bom ou mau. Goste-se ou deteste-se. Nesta área não entra a rotina préestabelecida, a reprodução ou repetição do que se já criou, a tarefa pura e simples, que preenche o desempenho de todos os que cumprem uma missão de trabalho. Ora, o que vos vou descrever, nada de “outro mundo”, tem a ver apenas com o que está relacionado com o meu p e r c u r s o d e A r ti s ta /A u to r. Concretamente, na área da Pintura e Poesia. Vamos a isso! Certamente, imagina-se facilmente, na criatividade material, tudo começou em tenra idade. 14


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Eu, cedo, moldei o barro, fabricando a minha olaria. Fabriquei os meus brinquedos, usando um simples canivete, que sempre usei e ainda uso. Isso está em mim, na minha natureza, naquilo em que me fui moldando, mas, a sério, na pintura, que mais pratico e que há tanto sonhava e forçosamente adiava, tudo começou quando comecei a dispor de tempo, o que veio a acontecer em finais de 2001, logo após ter ficado sem trabalho. Não cheguei a ter qualquer formação de pintura, excepto a passagem pela Escola António Arroio, onde, sem condições dignas desse nome, percorri quatro anos de aulas nocturnas, saltando de frustrante curso de Desenhador Gravador Litógrafo, para outros: Desenhador de Letra e o de Pintura, nos quais em nada cheguei a desenvolver-me no que quer que se identifique com tais cursos, pois que, por falta de aproveitamento, não passava do princípio, acabando por voltar ao mesmo, que não me “entusiasmava”, mas que mais se identificava com a Arte que já praticava: Artes Gráficas, e, não aproveitando nada, acabei por desistir, mas, confesso, preferi assim, pois falta-me paciência para estudar e “marcar passo”, e sobra-me para magicar e descobrir. Adoro sentir-me autónomo. Antes da pintura, a sério, “entretiveme” executando desenhos a tinta-dachina. Excepto um, com efeitos riscados, executei vários com acumulação de pontinhos minúsculos, deixados pelo bico da caneta Rotring. 15


Exigiam muita concentração e esforço de vista, por não se poder falhar, por isso passei a fazer a carvão. Embora seja, também, difícil e exigente, torna-se muito mais rápido. Ainda faço, sempre que me apetece, mas mais por amor que por proveito. É que, é muito difícil a quem não faz, poder saber reconhecer e valorizar do seu justo valor. Paciência! Naturalmente que dei alguns “tombos” nas primeiras obras que concretizei, é natural, mas, rapidamente, com muita imaginação e persistente aplicação, consegui por em prática algumas diferentes ideias que permanecem como produtos novos e muito apreciados. Um deles, de muito feliz resultado e que tantos tem encantado, é o meu tema “Alentejo” e a sua versão “Erótica”, a que os olhares não resistem. A princípio, afinal aprende-se todos os dias, não partilhava da ideia da Arte abstracta. Felizmente que despertei, hoje sou um adepto incondicional desse tipo de criatividade artística.

. Afinal é cem por cento imaginação, que é o que mais mexe comigo, permitindo-me “deitar para fora” o que gosto de imaginar. No caso do figurativo, inspiro-me e uso da realidade. Não é a mesma coisa. Apesar de apostar mais no abstracto, gosto e atrai-me imprimir-lhe algo discretamente figurado. Afinal, toda a obra de Arte, se não tiver algo que dê que pensar, tende mais a ser encarado e usado como elemento decorativo, por isso mais banal e desvalorizado. A Arte é uma das linguagens universais, de expressão figurada, por isso mesmo, deve dizer algo que valha a pena os muitos milhões que puder vir a valer. Estrategicamente, costuma-se apostar numa única ideia a seguir. Concordo favorecer o reconhecimento do artista, como se fosse uma marca, e assim faoncilitar no campo dos resultados. 16


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Mas, condicionar a imaginação, que deve ser totalmente livre, é para mim muito frustrante, daí as várias ideias que mantenho activas em paralelo com outras que vou criando e desenvolvendo, pois que em cada dia há uma nova descoberta. Gosto de ser multi-facetado, e isso tem acontecido e já acontecia, pois que sempre pratiquei desenho, invenção, bricolage e poesia. Só paro quando durmo, e mesmo assim… Na criatividade escrita, aconteceu por acaso. Quando tinha dezassete anos, um amigo que nunca mais vi, ainda hoje estou para saber o que viu em mim…:), propôs-me escrever uma letra, visto ele fazer parte de uma Banda, que nunca cheguei a conhecer, nem sei qual era. Nunca mais nos encontrámos. Mas, “despertado” pela sua sugestão, acabei por “experimentar essa coisa nova”, iniciando-me na Poesia e escrevendo um poema com o nome: “Nuvem passageira”. Poema simples, mas agradável. A partir do momento que, na disciplina de Português, no 2º ano do Ciclo Preparatório, escrevi uma redacção, que lamentavelmente perdi, sobre as Descobertas Portuguesas, relatando o que imaginei ter sido a partida de Vasco da Gama para a Índia, a qual mereceu um Bom, não sendo um Muito Bom, por ter erros gramaticais, senti que tinha “queda” e gostei. 17

Nessa altura, em que escrevi o meu primeiro poema, “Nuvem passageira”, tendo dezassete anos e já trabalhando, pois que, por morte de meu pai, tive de arranjar trabalho que me sustentasse, fui influenciado muito positivamente por um colega, chamado Pedro da Silva Morais de Carvalho, já falecido há muitos anos, que tinha a seu cargo a revisão de textos das publicações e trabalhos comerciais executados nessa firma de Artes Gráficas. Ele era, naturalmente, bastante entendido na área da escrita e cultura geral. Sendo ele que me ajudou a “lapidar” os meus “dotes” de poeta. Alguns dos que foram publicados em pequenos jornais feitos nessa firma, foram por iniciativa e influência dele.


Para mim, a poesia ou a prosa, tem, n a tu ra l me n te , u ma mo ti va çã o resultante da minha maneira de ser. Sou “tentado” pelas causas, os valores, os princípios. Sou atraído para “atacar” o que condeno. Sou um revoltado contra as injustiças, incorrecções, abusos e procuro incutir ideias que me pareçam melhores. Sou um idealista! Mas, cedo aprendi: Cada um deve ter um ideal, o problema é quando o queremos ver, à força, aplicado pelos outros. Quer isso dizer: Devemos, sim, falar de ideais. Não devemos “empurrar” ninguém, pois que tudo deve ser um acto de liberdade e auto-decisão. Daí para cá, de acordo com as possibilidades, tenho escrito poesia e alguma prosa, mas espero nunca mais parar. Afinal, já não se depende tanto do bloco e esferográfica. Hoje, felizmente, podemos contar com um simples telemóvel, sempre connosco, para escrever sempre que nos ocorrem ideias ou inspirações, que não se devem desperdiçar. É assim que fço agora, tendo podido escrever imensas coisas, que de outro modo me “escaparíam”. Tenho procurado, dentro do possível, divulgar as minhas criatividades nas melhores condições, o que tem resultado muito bem. Vejo que a apreciação é geral e isso compensa imenso, o que se torna num excelente incentivo a continuar magicando. Se o sonho não tem fronteiras… então, sou livre! E isso é excelente. Gabriel Rito

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Sónia Pessoa A escrever é que a gente se entende...

imagem retirada da internet

Homenagem a Bernardo Sassetti O dia em que pensava sobre o que escrever para esta edição foi o mesmo em que a notícia da morte de Bernardo Sassetti invadiu a internet, as televisões, a rádio, as conversas de café. Um dia que era de sol ficou mais triste, menos iluminado, mais pobre. Diz quem conheceu o pianista que era uma pessoa especial, uma grande pessoa. Uma curta vida, uma grande obra. Uma obra que merece ser por nós recordada e aqui eternizada em meia dúzia de palavras que de forma singela lhe prestem a devida homenagem. Era o filho mais novo de Sidónio de Freitas Branco e de Maria de Lourdes da Costa de Sousa de Macedo Sassetti e era bisneto de Sidónio Pais. Iniciou os seus estudos de piano clássico aos nove anos com a professora Maria Fernanda Costa e, mais tarde, com o professor António Meneres Barbosa, tendo frequentado também a Academia dos Amadores de Música. Dedicou-se ao jazz, estudando com Zé Eduardo, Horace Parlan e Sir Roland Hanna. 19

Em 1987 começa a sua carreira profissional, em concertos e clubes locais, com o quarteto de Carlos Martins e o Moreiras Jazztel; participa em inúmeros festivais com músicos tais como Al Grey, John Stubblefield, Frank Lacy e Andy Sheppard. Desde então, nos primeiros quinze anos de carreira, apresenta-se por todo o mundo ao lado de Art Farmer, Kenny Wheeler, Freddie Hubbard, Paquito D´Rivera, Benny Golson, Curtis Fuller, Eddie Henderson, Charles McPherson, Steve Nelson, integrado na United Nations Orchestra e no quinteto de Guy Barker com o qual gravou o CD "Into the blue" (Verve), nomeado para os Mercury Awards 95Ten álbuns of the year. Em Novembro de 1997, também com Guy Barker, gravou "What Love is", acompanhado pela Orquestra Filarmónica de Londres e tendo como convidado especial o cantor Sting. Como compositor destacam-se as suites "Ecos de África", "Sons do Brasil", "Mundos", "Fragments (Of Cinematic Illusion)", "Entropé" (para piano e orquestra) e "4 Movimentos Soltos" (para piano, vibrafone, marimba e orquestra). O seu primeiro trabalho discográfico como líder, Salsetti (Groove/Movieplay), foi gravado em Abril de 1994 com a participação de Paquito D’Rivera, o segundo, Mundos (Emarcy/Polygram), em Janeiro de 1996.


«Nocturno", lançado pela editora Clean Feed em 2002, foi distinguido com o 1.º Prémio Carlos Paredes. "Indigo" e "Livre" são outras das suas mais recentes gravações de piano solo para a mesma editora. Bernardo Sassetti dedicava-se regularmente à música para cinema, tendo realizado vários trabalhos, de entre os quais se destaca a sua participação no filme do realizador Anthony Minguella - "O Talentoso Mr. Ripley" Para este projecto gravou "My Funny Valentine" com o actor Matt Damon, entre outros temas. Compôs igualmente, em parceria com o trompetista Guy Barker uma série de temas para serem apresentados na estreia deste filme realizada em Los Angeles, Nova Iorque, Chicago, Berlim, Paris Londres e em Roma. Os seus mais importantes trabalhos de composição para cinema são "Maria do Mar" de Leitão Barros, "Facas e Anjos" de Eduardo Guedes, "Quaresma" de José Álvaro Morais, "O Milagre Segundo Salomé" de Mário Barroso, "A Costa dos Murmúrios" de Margarida Cardoso, "Alice" de Marco Martins, o documentário "Noite em Branco" de Olivier Blanc e a curta-metragem "As Terças da Bailarina Gorda" de Jeanne Waltz. Como solista, participou também no filme "Pax" de Eduardo Guedes e na curta-metragem "Bloodcount" de Bernard McLoughlan. Ainda como concertista apresenta-se em piano solo, em trio com Carlos Barretto e Alexandre Frazão ou em duo com o pianista Mário Laginha, com quem gravou os CD's "Mário Laginha/Bernardo Sassetti" e "Grândolas" (uma homenagem a Zeca Afonso e aos 30 anos do 25 de Abril). 20

De entre muitos discos gravados (como solista, acompanhador e compositor) podem destacar-se Conrad Herwing e Trio de Bernardo Sassetti - "Ao vivo no Guimarães jazz"; Orquestra Cubana Sierra Maestra "Dundumbanza" e "Tibiri tabara"; Carlos Barreto - "Impressões" e "Olhar"; Carlos Martins com Cindy Blackman - "Passagem"; Luis Represas - "Cumplicidades"; Carlos do Carmo "Ao vivo no Coliseu"; Guy Barker - "Into the blue", "Timeswing" e "What love is"; Perico Sambeat "Perico"; Guillermo McGill - "Cielo" e "Oración"; Tetvocal - "Desafinados"; Djurumani - "Reencontro" e Andy Hamilton - "Jamaica by night", entre muitos outros. A obra é extensa, o valor incalculável, e a vida curta demais para quem tinha ainda muito por cumprir. Faleceu no dia 10 de Maio de 2012, após ter caído cerca de 20 metros de uma falésia no Guincho onde tirava fotografias, uma outra paixão. Fica a memória do olhar apaixonado pela vida, pela criação, pelo mundo.

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Samuel Velho de corpo e alma...

Samuel Velho nasceu em Lisboa, cresceu no Ribatejo e vive actualmente em Castelo Branco.

São aplicados neste projecto os conhecimentos adquiridos no Conservatório, na licenciatura de Música Electrónica e Produção Musical (onde recebeu um prémio de melhor aluno) e na licenciatura de Formação Musical que está a terminar.

Decidiu elaborar um projecto a solo (Indie Rock Céltico) por sugestão e influência do seu professor, amigo e reconhecido produtor Mário Barreiros. A música retrata uma essência rock com letras em português, guitarra acústica para criar um ambiente de contar histórias, flauta transversal como elemento inovador a dar um aroma céltico, para além da bateria, baixo e teclados, tudo composto, tocado e produzido pelo próprio.

Tem aprofundado os conhecimentos adquiridos e estudado outros assuntos fundamentais ao sucesso deste projecto, auto-didacticamente. Este projecto a solo tem como objectivo escrever, na língua materna, contos emocionais verídicos ou fictícios e também despertar a consciência para a música interventiva. Em suma, canções agradáveis que fiquem no ouvido, na memória, no coração e que se queiram cantarolar, lembrar e sentir. Desta forma, começa a construir o seu caminho como profissional na música.

As canções entram no ouvido e reflectem influências interventivas numa sociedade incongruente, para além de paixões saudosistas e momentos vivenciados pelo cantautor. O "Ante-Estreia" desperta curiosidade para o álbum "FRACTAIS" que sairá em 2012. Apesar de as músicas serem fruto do trabalho de uma só pessoa, os concertos para promover o trabalho são executados com alguns membros convidados ou apenas pelo próprio, em versões acústicas e com auxílio do computador.

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Como nasceu a musica em ti? O meu interesse pela música foi suscitado pela minha mãe. A família fazia serões em casa, onde ela tocava guitarra (com três acordes tocavam-se muitas músicas diferentes), e a família e os amigos acompanhavam com a voz e instrumentos de percussão artesanais, criados pelo meu pai. Mais tarde tive a possibilidade de estudar música, e como as notas que tinha nas aulas de música eram superiores às que tinha na escola, os meus pais continuaram a apoiar a minha formação musical, apesar de ser bastante caro. Fazer originais acabou por se tornar uma necessidade, e a informação que ia adquirindo nas aulas acabava por ser criativamente aplicada nas composições. As músicas originais nascem conforme as experiências vividas, e podem começar com um ritmo, uma melodia, ou uma frase. Cada música que componho começa de forma diferente, e o seu processo é único. O mais complicado é criar homogeneidade com um álbum completo, mas a formação que adquiri permite-me que esse processo seja menos difícil.

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Independente! Opção ou obrigação? Opção. Depois de ter estudado a fundo a industria discográfica e as opções alternativas, cheguei à conclusão que essa industria é um sistema do qual não pretendo fazer parte, porque se torna tendencialmente prejudicial para o artista e respectivos apoiantes. Os meus ideais são muito diferentes dos ideais da indústria discográfica. O meu objectivo principal, como músico independente, é ser reconhecido pelo que faço, ser fiel, e fazer disto um ganha-pão. E, mais do que tudo, depender dos fãs, das pessoas que têm apoiado este projecto, em vez de uma equipa de agentes que, se calhar, nem apreciam a minha música. Ao depender de uma editora corro o risco de ter cortes na minha criatividade, de ser obrigado a fazer coisas que não pretendo, de não poder fazer outras que gostava, e de fazer música que os meus apoiantes não iriam gostar. É verdade que é muito mais instável não ter uma editora que trate de tudo, e é muito trabalhoso ser eu a fazer tudo isto sozinho... Mas acho que o mais importante é fazer música para aqueles que gostam de a ouvir, e não para aqueles que pretendem apenas fazer dinheiro com ela.

Se contarmos com a falta de verbas, quais os principais obstáculos que um músico independente encontra? Falta de divulgação e apoio financeiro dos fãs. Muitas pessoas desconhecem ainda a realidade de um músico independente. Para um músico ser independente, precisa da ajuda dos seus apoiantes. Mas esse factor também existe na música mais conhecida, apesar de não ser tão relevante. Muitas vezes oiço críticas sobre a "má" música que aparece nos tops de vendas nacionais, mas por vezes essas pessoas que criticam são as últimas a comprar CDs dos grupos que realmente gostam. Só consegue continuar a música que angaria verbas para tal, e os músicos que chegam aos tops têm verbas para continuar a trabalhar. 23


Como nasceu este projeto? Nasceu de uma forte necessidade de viver profissionalmente da música que tenho criado. Já estive em muitos projectos, mas é raro encontrar músicos com uma atitude lutadora e profissional, que queiram fazer da música um verdadeiro trabalho, mais do que um mero passatempo. À medida que fui evoluindo como músico, aprendi a tocar diversos instrumentos, e a ideia de criar um projecto a solo foi-se materializando. No entanto, o passo decisivo deu-se quando estava a conversar com o Mário Barreiros, e lhe disse que gostava de fazer um projecto a solo, de originais em português. O Mário é uma pessoa muito prática, e creio que essa sua característica tem feito dele uma das pessoas mais influentes em relação à música que se tem feito em Portugal. Ele disse simplesmente "Então faz!". Eu deixei então de falar acerca daquilo que gostava de fazer, e comecei realmente a fazer.

A industria discográfica está a mudar, e a mentalidade das pessoas que gostam de música tem que mudar também. No passado, pelo menos 90% do bolo de receitas ia para a editora, e 10% para o artista (que recebia, geralmente, nos concertos). A justificação para esta divisão devia-se ao facto de as editoras apostarem (isto é, gastarem dinheiro em divulgação para tentarem fazer dinheiro em vendas) em certos artistas que mais tarde se traduziam em prejuízo. Deste modo, os grandes artistas sustentavam indirectamente outros que não chegavam a ter sucesso. No presente, o factor "editora" está a ser gradualmente removido da equação, e os apoiantes do artista estão-se a tornar nos verdadeiros responsáveis para que a música que gostam possa continuar a ser criada. E , no final, tanto o apoiante como o apoiado ficam a ganhar. Há outro grande obstáculo: um músico independente tem de saber de tudo. Isto é, não só o processo de composição, execução, produção, gravação, mistura, masterização, edição física de CDs, como também registo de obras, agenciamento, gestão de carreira, e também design gráfico, web-design, programação, edição de vídeo, marketing, etc. Antigamente, um músico sabia fazer a sua música, e se tivesse uma editora interessada, tinha sorte. Hoje a sorte é medida pela capacidade de fazer tudo aquilo que a editora faria, ou de pelo menos, estar suficientemente esclarecido sobre esses assuntos. Apesar de ser demasiado trabalho para uma pessoa só, a verdade é que isso é um factor positivo, pois reduz a possibilidade ao músico de ser prejudicado, já que está mais bem informado.

Sentes que este projeto é um grito de alerta para novos músicos em relação aos critérios das editoras? Diria mais que é um aviso para as editoras, e pela visão que (ainda) têm do mercado. Os músicos já sabem que têm a Internet e muitos serviços gratuitos nela incluídos. As editoras têm as rádios para divulgação, mas as rádios nem sempre dizem de quem é a música que estão a passar. Prometem concertos, mas se eu falar com promotoras de eventos também os arranjo. 24


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Os grandes estúdios, e muito equipamento outrora quase inacessível foi modelado para digital, sem perder as suas características sonoras. Hoje os músicos têm mais ferramentas do que em qualquer outra altura, e até alguns "dinossauros" do antigo sistema afirmam que esta é uma época excelente para os músicos. Não tanto para as editoras e os grandes estúdios... Estamos finalmente a viver uma era onde os mais pequenos têm acesso a muito boas ferramentas. Agora, a diferença não está no acesso ao equipamento, mas no brio e na vontade de trabalhar afincadamente.

Estás a fazer Crowdfunding para o teu próximo álbum "Fractais". Como funciona? Crowdfunding significa literalmente financiamento colectivo, e tem a alcunha de "vaquinha online" com recompensas incluídas, para as pessoas entenderem melhor. Já existe há algum tempo, mas só apareceu em Portugal no Verão do ano passado, e tem originado projectos muitíssimo interessantes. Esta grande alternativa às editoras permite, neste caso, que um artista angarie o dinheiro necessário para lançar um álbum. Funciona do seguinte modo: as pessoas apoiam com uma determinada quantia monetária, e recebem recompensas (CD's, t-shirts, concertos privados, etc) de acordo com o apoio que fizerem. Se o projecto conseguir financiamento até ao prazo indicado, consegue-se realizar e os apoiantes recebem as suas recompensas. Se não conseguir a totalidade do financiamento, o dinheiro volta para trás, isto é, o apoiante recebe o seu dinheiro de volta. Isto significa que quem me apoiar não arrisca nada, mas no entanto eu arrisco tudo. No vídeo promocional que fiz para esta iniciativa, peço divulgação, muita divulgação, para conseguir chegar ao maior número de pessoas, e consequentemente conseguir apoiantes, que para além de terem o seu nome nos agradecimentos do CD, farão com que esta possibilidade se torne realidade. A página oficial desta iniciativa, com o respectivo vídeo, pode ser consultada aqui: http://ppl.com.pt/prj/fractais

A capa deste album "Fractais" foi um desafio que colocaste aos artistas plásticos no Facebook, qual foi a adesão? Há mais de 100 propostas de Portugal, Brasil, Estados Unidos da América, Inglaterra, Itália, Argentina, Noruega, Alemanha, e outros países. O álbum de fotos Concurso Capa CD "FRACTAIS" do Facebook acabou por se tornar numa espécie de galeria de arte com debates saudáveis e interessantes. A votação das pessoas com um "Gosto" na capa da sua preferência ajudará à decisão final, que será tomada um pouco antes da edição física do CD. Pode-se votar na capa da s u a p r e f e r ê n c i a a q u i : http://tiny.cc/capavotacao 25


César Barros Amorim (mutes) nasce em França, Margny Les Compiegne em 1976, regressa a Portugal em 1986, reside atualmente em Arcos de Valdevez desde 2000. Pintor autodidacta, professor lecciona aulas de pintura na Santa casa da Misericórdia de Arcos de Valdevez e nas suas diversas valências, tendo como seus alunos os utentes dessas instituições, pessoas especiais, com uma forma de estar na vida diferente e que interpretam aquilo que fazem de uma forma muito carinhosa, pois falamos de alunos desde os 60 até aos 90 anos. Mutes procura nos seus sentimentos, nos seus medos nas alegrias, nas tristezas, nas emoções, nos seus estados de espírito, nas experiências do seu dia-a-dia, a força interior para projectar tudo isso nos seus trabalhos…

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do graffiti à tela...

Na arte, procurar nada significa, o que importa é encontra-la, no seu lugar de liberdade entre o pintor e a tela, sua confidente... Na forma da consciência estética está a minha arte, a arte de pintar é apenas a arte de exprimir o invisível através do visível, tal como a pintura que nunca é prosa, é poesia que se escreve com versos de rima plástica. Na pintura tento racionalizar um conflito de emoções dentro de mim, mas mais importante do que a obra propriamente dita, é o que ela vai gerar dentro de cada um de vocês espectadores. Gosto de trabalhar com diferentes correntes pictóricas a reprodução e dissimilação múltipla das imagens que crio dentro do meu subconsciente, dando vida aos meus trabalhos de diversas formas. mutes

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MUTES


Uma expressividade orgânica e experimental aliada a uma espontaneidade notória que traduz a procura deste jovem pintor na origem mais ancestral do homem. - O desejo, os sentidos, o mundo interior, as suas lutas, os medos... A pintura de César pseudónimo (mutes), como assina sempre, pode remeter ao encanto do visitante por territórios seguros e até facilmente identificáveis. - Da irresistível atracção pelo drip-paiting de Jackson Pollock, passando pelas cores de Kandinsky percorrendo caminhos labirínticos do graffiti, a espontaneidade de Joan Miró, experimenta por vezes também o "naif" e a arte africana. Mas não podemos limitar ou "domesticar" o olhar a simples referências cognoscíveis anteriores. Não, seria um erro, Mutes cria os seus próprios cenários, os seus próprios mundos e convida-nos a uma viagem visualmente rica, intensa e inesperada. Maria Sampaio

Vítor Loureiro - Fotografia apresenta de 4 a 8 de junho a exposição de fotografia Non nova, sed nove um conjunto de trinta trabalhos no Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Educação. Uma apresentação com o apoio da ArtéKnusuNe e organização/curadoria de Márcio Teixeira e Diogo Lima finalistas da Licenciatura em Promoção Artística e Património.

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Fernando Girão a alma da caneta...

“ O teu nome eu vou levar “ “A nossa forma de amar” O teu nome eu vou levar Marcado na minha carne Personagem permanente Das histórias que eu invento

Depois de uma noite de amor onde o prazer e a dor tiveram um justo lugar, olho para ti e adormeço pensando que nada é comparável ao fogo da nossa paixão, á nossa forma de amar.

De quase tudo que eu penso Do livro da minha vida Na coragem e no medo No mais intimo segredo O teu nome eu vou levar

A ternura, a malicia, o carinho e o tesão misturaram-se no mesmo momento. Eu aos deuses agradeço quererem que seja teu. Dou-me a ti sem fachadas, sem véus, sem disfarces, dou-te exactamente aquilo que sou.

O teu nome eu vou levar Gravado na minha alma No brilho branco da lua Nos momentos de euforia Na minha cama vazia No filme que eu realizo No argumento que eu preciso O teu nome eu vou levar

O jogo do amor que jogo contigo é aberto, sem truques, sem mentiras. Eu jogo limpo, pois é assim que quero, pois tanto de ti eu espero que não quero defraudar-te. Tu para mim és a arte, és bondade, és firmeza, só tu me dás a certeza que eu não vejo mais ninguém. É verdade, ninguém antes de ti conseguiu que eu mudasse…

Como musa inspiradora Da atitude sonhadora Que transmite todo o artista Que faz da dor a conquista Que os outros chamam derrota Pois no fundo o que importa É chegar à conclusão Que viver sem emoção É como uma noite fria Como comida sem sal E é tão fácil ser banal Mesmo sendo diferente

Eu conjugava o verbo amar de uma maneira errada, pensava e perguntava se o meu esforço valeria a pena... Agora, eu passo as madrugadas, inventando-te poemas.

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Façamos diferente... Luís Fernando Graça Artista Plástico Formador Certificado pelo IEFP Motivação e Crescimento Pessoal Editor da revista Akn-Online

www.luisfernandograca.com

Quantas vezes insistimos em criticar os outros , exigindo mudanças de comportamentos dos nossos amigos e na verdade, nós é deveriamos mudar o nosso rumo… Consta que em 1995 um navio americano ao aproximar-se da costa do Canadá terá tido este diálogo engraçado, começando os americanos educadamente a pedir aos canadianos: É favor alterar o vosso curso 15 graus para norte, afim de evitar colisão com a nossa frota. Os canadianos responderam: Recomendo mudar a sua rota 15 graus para sul. O americano não gostou e disse: Daqui é o comandante de um navio de guerra americano e repito, mude o seu curso. O canadiani insistiu: Impossivel mude o comandante o seu. O americano não aguentou e berrou: Fala do porta-aviões USS LINCOLN, o segundo maior da frota americana no Atlântico. Estamos acompanhados de 3 Destroyer’s, três fragatas e numerosos navios de apoio. Exijo que mudem imediatamente o curso quinze graus para norte, de contrário tomaremos medidas de para garantir a segurança. Olhe comandante, pode ter muita razão, mas eu repito não vou mudar nem um grau, isto aqui é um farol… Câmbio. Ah pois é… humildade é o remédio!

Todos os dias nos deparamos com pessoas “importântes”, daquelas que pensar ser mais “importantes” do que nós, ou porque estão atrás de um balcão, ou num cargo de chefia, ou simplesmente acham que têm o “rei na barriga”. Menosprezam toda a gente, olhando sempre com um olhar meio de “cá de cima”. Para alguns coitados é a sua defesa contra a sua total ignorância, o que não deixa de ser irritante também. Quem já não foi pedir uma informação a alguém e só porque levava a “fralda” da camisa de fora, foi logo julgado como “labrego”? Ou foi a uma repartição qualquer e o atendedor lhe deu uma informação completamente errada do alto da sua “sabedoria” e quando voltamos para confrontar a “suma inteligência”, a mesma está fora e é um colega que nos atende, deste vez, mais humilde. Todos os dias somos vitimas destes tipos de comportamentos ignorantes e completamente despropositados, mas se calhar, por vezes, também o fazemos, sem nos aperceber, é qua a arrogância é um mal que se pega e se não lutarmos-mos todos os dias, ficamos com a mesma doença. 31


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por Luís Fernando Graça

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É completamente impossível ignorar estas obras urbanas na Rua de São Sebastião da Pedreira em Lisboa.

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abriu uma nova loja nas Caldas da Rainha

Rua Raul Proenรงa, nยบ 56 A-B 2500-248 Caldas da Rainha Telef.: 262 283 000

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António Porto visões de Caminha...

Após a minha entrada no mundo laboral era mais um, como todos os outros e nunca me enquadrei bem com o sistema trabalho casa, casa trabalho, havia qualquer coisa em mim que me puxava para fora.

Chamo-me António Porto e nasci na vila de Caminha em 1964. Em 1966 emigrei para a França com a esperança de uma vida melhor onde vivi 28 anos. A minha educação e mentalidade foram mais francesas que portuguesas mas sempre tive aquele impulso de regressar à minha terra. Hoje já vejo as coisas de outra forma onde todas as terras do mundo são únicas, o importante é se sentir bem consigo mesmo e deixar que a vida faça o resto. A minha educação foi a de um aluno normal destacando nas aulas de desenho e artes que tive durante 2 anos. Ainda que não fosse completamente do meu agrado, já que existiam demasiadas regras e procedimentos, realizei um curso de desenho técnico e algumas coisas ficaram na minha memória. 36


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Tive a oportunidade de visitar a Austrália (1988), India e Malásia onde as diferencias culturais estão patentes e marcaram-me significativamente. Foi em Austrália que descobri a arte da pintura aborígene, que aprecio particularmente. Cada obra produzida parece ter alguma coisa de mágica como as pinturas tradicionais asiáticas. Mas foi em França; que descobri a lendária revista “Metal Hurlant” criada pelos artistas Philippe Druillet o cenarista Jean Pierre Dionnet e o famoso Moebius, que nos deixou há pouco tempo. 37

Este foi o impulso para a descoberta de um universo onde fantástico e ficção científica andam interligados num amalgame surreal do imaginário. As tendências de aquela época influenciaram-me para uma pintura mais forte, mais carregada, com cores e contrastes mais pronunciados. O meu primeiro contacto oficial com o público foi em 1987 com a participação num festival de cinema fantástico e ficção científica (um pouco como o Fantasporto em Portugal) paralelamente a este evento havia um concurso de artes, pintura e escultura, tudo relacionado com o dito tema, e lá estava eu junto com 300 participantes.


Por enquanto participei no concurso de arte virtual de Nova Iorque e em várias outras exposições por Portugal e Espanha em colaboração com outro pintor. No imediato, de realçar uma exposição que temos este Verão em Barcelona e umas coletivas no Porto, tenho alguns projetos para expor no estrangeiro…França em primeiro lugar, e o convite de uma galeria em Austrália. Para acabar gostava de deixar aqui uma mensagem para todos aqueles que governaram, que governam ou que virão a governar... Que vejam bem o que fizeram a este pais após uma liberdade merecida estão a deixa-lo com uma desigualdade social sem precedentes. Ajudai a desenvolver a arte porque a arte é a riqueza de todo um povo; e a vida é tão curta que sem ajuda, o artista morre.

Só 25 artistas iam ser selecionado para expor durante todo o festival. Para mim foi uma grande alegria estar no meio desse pequeno grupo, foi mais uma vez uma grande honra e uma motivação fundamental que me permitiu agarrar-me as artes mesmo quando me estava a distanciar delas. Participei em pequenos trabalhos de publicidade para o jornal local, também pinturas em t-shirts por encomenda e cartazes para lojas. Em 1994 regresso a Portugal, recomecei a pintar paisagens uma coisa mais comercial e a fazer algumas exposições coletivas e individuais. Mas em mim havia sempre aquela paixão pelo fantástico e foi com a Internet que descobri o projeto Utopia de Victor Lages e que vim a conhecer todo um mundo de gente ao redor desse tema, como o grupo ARTSHOW que acho formidável e para quem tenho o máximo de respeito. 38


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Jorge Alves

Fotografo

A Regra dos Terços e a Composição Fotográfica

As linhas horizontais são usadas para distribuir espaço, harmonia, estabilidade e descanso. As linhas verticais produzem poder, força e determinação. As linhas convergentes são importantes para produzir pontos de interesse, dão ideia de prespetiva e criam dinâmica. As diagonais ajudam a percorrer o nosso olhar pela imagem.

O que diferencia os Bons Fotógrafos dos Excelentes é como estes últimos apreendem e utilizam a composição fotográfica assim como também a sua criatividade, persistência e domínio da técnica. Daí a utilização da “regra dos terços” e as regras da composição fotográficas são um passo importante para o sucesso estético de um enquadramento. A “regra dos terços” usados na pintura, fotografia, cinema e artes gráficas são um passo importante Imagine no LCD, no visor da máquina ou na sua tela de pintura quatro ponto de intersecção da imagem. São os pontos de maior interesse numa imagem. As linhas que convergem nesse ponto também são importantes porque conduzem o olhar a essa área da imagem. Os nossos olhos vão naturalmente para aí. Por vezes é aqui que se diferencia uma imagem banal de uma excelente imagem. Depois temos as linhas horizontais, verticais e diagonais que são elementos poderosos numa imagem e conduz o espectador pela fotografia.

Imagem 1 Nota da imagem: Regra dos terços, vendose quatro pontos de intersecção. Uma imagem tem mais força nesse ponto de intersecção Imagem de Jorge Alves a Artista Plástico Jayr Peny 39


Imagem 2 Nota da imagem: “As linhas horizontais são usadas para distribuir espaço, harmonia, estabilidade e descanso.” Ansel Adams Lake MacDonald, Glacier National Park 1942

Imagem 4 Nota da imagem: “As linhas convergentes são importantes para produzir pontos de interesse, dão ideia de prespetiva e criam dinâmica” Imagem de Jorge Alves a Artista Plástico Firmo Silva Jorge Alves Fotógrafo e Formador www.jorgealves.net http://jorgealvesfotografia.blogspot.co m/ http://www.facebook.com/jorge alves fotógrafo

Gostavas de ter um E-book com a apresentação do teu trabalho plástico?

Imagem 3 Nota da imagem: “As linhas verticais produzem poder, força e determinação.” LENI RIEFENSTAHL Olympia Album, 1936

contacta-nos aknusune@gmail.com 40


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Ana Isabel André contos da suíça... «Pois...o tempo de namorar esvaise, como éter, fica o frio que vai gelando as almas...ficam os corpos ancorados em docas secas e abandonadas...até o medo de dar a mão, colar à outra, ou de sentir a fragância entranhada , há que anos, na pele já menos aveludada mas ainda cheirosa...algo como um acetinado já a ficar rugoso...cetim é sempre cetim!...Os beijos não sabem a velho, sabem a vida, a sal e têm o perfume inalterável do desejo inquietante, que brota dos olhos de um homem! Blue ia caminhando, devagar, como se a pressa tivesse morrido de todo. Agora sabia-lhe bem aquele respirar ,sereno, desmagoado, de olhar voltado para o rio e votado à carícia do murmúrio das palavras das árvores. Teria que abraçar uma delas. Uma qualquer. Todo aquele sossego interior fazia-a chorar. Era disso que precisava. Lavar a alma. Lavrar os pensamentos. Semear outros novos. Chorar para expiar a dor. A dor trazida pela solidão. Nada de queixumes nestas horas!...A queixa é inimiga do sossego e da paz! Se abraçar uma árvore, ficarei livre, ela arrecadará de mim todas as mágoas. Só tenho que aceitá-las e moê-las num moedor...ahhhh, as memórias são a história de um povo e são também as linhas paralelas de uma vida.

Nunca se encontram, pois não passam de memórias! As memórias escrevem-se e pintam-se. Cantam-se e declamam-se. Se vivermos de memórias nunca seremos livres na nossa verdadeira essência. E todos trazemos memórias e somos parte de todas as memórias, somos a memória levada ao extremo da reconstrução molecular. Que estúpidos pensamentos invadem esta minha mente cretina!pensava Blue, parada, em cima do tronco, já apodrecido, da centenária árvore, de onde saiam as larvas gigantes, brancas, viscosas, nojentas, onde se devem ter abrigado, alimentado e crescido durante vastos anos, talvez décadas. verde começa a despertar. E vão nascer milhares de tons de verde, de pasmar! De sufocar o peito! Apetece chorar! Rir! Gritar! Juntou as mãos envelhecidas pelo tempo e pelo trabalho, e mal cuidadas que ela nunca tinha tempo para ela, não fazia caso nenhum dela, de cada vez que se via num espelho descobria mais uma ruga e nem isso a atormentava. Elevou as mãos sobre a cabeça e fechou os olhos, deixou que todos os odores a invadissem, todos os sentires, libertou o estômago de todas as contracções e sentiu-se liberta. Respirou e voltou a respirar. Seguiu o caminho, na direção das pedras sagradas. 41


«Mais parecia um diabo!...E o homem que vinha atrás, esse, era a personificação «devilliana», imaginada pelos comuns mortais.»

Praguejava palavras em alemão, indecifráveis e de tom violento. Blue, como boa portuguesa, mulher arguta, de poucos medos, sangue saloio nas veias, oriunda de uma família matriarca, gente de terras, vinho, poesia e vida, desembainhou a faca de mato, apanhou o cão pela goela e encostou-lhe a faca, viu o avô, em miúda, fazer isto largas dezenas de vezes, não aos cães, mas aos carneiros, e aos bois... a avó bisa deve ter morto centenas de galinhas, durante toda a vida ,assim. Era tão rápida a matar as galinhas e os coelhos!...Mulher do caraças! Blue, largou o cão e mandou o militar para o caralho!...Parece que ele tinha percebido a palavra. Não deve haver aqui suiço que não conheça “ vai pó caralho, ó filho da puta!”

Tinha que lá voltar. Desejava que o cão estivesse preso. Melhor ainda, que não aparecesse, nem preso e muito menos solto e nem mesmo em sonho ou alucinação o queria voltar a encontrar. Tinha ouvido dizer que por detrás daqueles rochedos havia uma grande plantação de cannabis. No caminho, percebeu que aqueles rochedos gigantescos eram a protecção natural, acentuada por uma forte vigilância e guarda, de umas outras pedras, dispostas em círculo e com inscrições antigas...da plantação de cannabis, nem cheiro!!

( In "As Histórias Não Contadas de AnaBlue"...Histórias Soltas.) publicidade

Quando se preparava para fotografar as pedras ,que pareciam ser de uma imensa e poderosa importância, com todas aquelas inscrições e dispostas de uma forma mágica, apareceu o cão!...Maldito! Mais parecia um diabo!...E o homem que vinha atrás, esse, era a personificação «devilliana», imaginada pelos comuns mortais.

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Ogayr Dorfenan filósofo Crónicas de raiva e de esperança!

“O mal de qualquer violência” As alterações produzidas pelas cabeças de alguns homens e mulheres, que estando em lugares privilegiados na hierarquia da sociedade provocam, nada mais são, do que tentativas bem conseguidas para alimentar o medo existente nas populações.

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Sempre vivemos, desde os primórdios da civilização, numa constante fobia de insegurança. A paranóia do medo, é uma fiel companheira de todos os regimes ditatoriais e falsas democracias. Figuras grandes da história do mundo nada teriam sido se não implantassem os seus critérios à força, se não estivessem alicerçadas em máquinas de guerra opressoras do povo e tudo que lhes fizesse frente. Os próprios ditos grandes, temiam-se entre os seus iguais e os mais horrendos crimes cometidos por toda a elite mundial sempre foram prova disso. 43

Não creio na violência como meio de atingir fins seja para o que for, como também não creio que a falta de acção das populações seja solução para governos que em nada se preocupam com o povo e muito pelo contrário, pisam até a exaustão, aqueles que deviam defender com todas as forças ao seu alcance. Por mais optimista que eu possa ser, tudo indica, que mesmo povos de brandos costumes em todo o mundo, chegarão ao ponto de ruptura total com os sistemas sem alma que dirigem o planeta. Infelizmente, os “mandantes” são mesquinhos e incultos em relação ao que deveriam saber nos seus cargos de liderança: como resolver os problemas dos mais aflitos, dos mais fracos, dos necessitados, dos pequenos trabalhadores, dos que auferem salários mínimos e trabalham como escravos modernos. Sendo assim, nada haverá a fazer, a não ser, esperar pela mudança através da força, como tudo indica, ou (coisa que parece muito mais difícil) beneficiarmos de uma espécie de milagre terreno, que opere essa mesma mudança através de uma tomada de consciência geral por parte dos “patrões” do mundo… continua na pag. 44


MeiosTextos, Edições, Lda.

Por mais que maioritariamente, as massas sejam covardes, e só actuem quando desesperadas, ou quando consideram não ter nada mais a perder, tudo tem limites, e mesmo os “defensores da paz”, quando cercados pela maldição de sempre levarem a pior parte, podem inventar uma revolta de dimensões catastróficas, pois, cansadas de serem continuamente roubadas pelas classes superiores na hierarquia material, adquirem uma força, que como uma avalanche toma conta cada vez mais, de todos os sentidos racionais, e deixa de preocupar-se com as consequências das suas acções. Esse caos, gerado no limite da paciência, pode despoletar o final de uma Era… Ogayr Dorfenan publicidade

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Helena contra Kramer fotografia

Helena Kramer nasceu a 15 de Janeiro de 1989. Desde cedo sentiu uma grande paixão pela fotografia e pelo cinema, influenciada pelo seu avô e as projecções de filmes captados em super 8 e de álbuns recheados por «polaroid». Frequentou o curso de ciências e tecnologias de 2003 a 2005, na Escola Secundária D. João V da Damaia, onde venceu o primeiro lugar no concurso de fotografia. No mesmo ano decide abandonar as ciências e dedicar-se ao que realmente gosta. Parte assim para a Escola Secundária Artística António Arroio que deixa em 2006 por motivos de força maior. Ainda em 2006 frequenta o curso profissional de fotografia na Oficina da Imagem onde faz inclusive um workshop de fotografia de nus e de fotografia de moda. Em 2007 volta à António Arroio que tinha deixado para trás. Em 2010 expõe uma obra de fotografia no museu Giacometti em Setúbal. A obra exposta pertence agora à colecção privada do artista Albino Moura. Em 2011 termina os estudos com especialização em cine-video e cria a sua primeira instalação de vídeo arte intitulada “Hexapolaridade”. De momento faz parte do grupo artístico Random.Mov com o qual já expôs várias vezes. 45

Influenciada pelo Pop Art, tem como referência artistas como Andy Warhol, David La Chapelle e Roy Lichtenstein, adepta da cor e do movimento, Helena trabalha sempre com o intuito de criar metáforas visuais com base em experiências quotidianas, recorrendo por vezes à auto-representação.


Helena contra Kramer fotografia

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