EXPEDIENTE Alex Dantas
Fot贸grafo convidado
Genilson Coutinho
Fot贸grafo convidado
Felipe Politano
Colunista Colaborador
Anderson
Diretor ge
de Oliveira
ral
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Ronney Argolo
Jornalista
Rafael Brit Pimentel o
Jornalista
Victor Villarpando
Jornalista
Alina Amaral
Jornalista
Cinelli Duarte
Produtor
Ano 04 – Nº 11 Mai/Jun – 2012 revistapocket.com.br diga@revistapocket.com.br
Alan Alves
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Jorge Gauthier
Jornalista
Letícia Portela
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Thiago Mohallem
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EDITORIAL Fomos buscar nas espirituosas tiradas de Otávio Mangabeira, engenheiro e exgovernador da Bahia, a inspiração para compor a edição 11 + absurdo. Aqui, propomos duas reflexões: Quando um ato se torna um absurdo? Qual a nossa participação nos absurdos que nos rodeiam? Assim, fomos descobrir o que jornalistas, arquitetos, artistas, professores e populares consideram absurdo. O time vai desde Ivete Sangalo a Roy, passando por Aninha Franco, Lena Lebram, Cris Montenegro, Marcia Ganem, Ana Paula Magalhães e Carla Perez. Na capa, assinada por Alina Amaral, um absurdo de luxo. Bel Borba e sua arte inspiradora, interativa e transformadora. O que seria de Bel Borba sem Salvador e de Salvador sem Bel Borba? Quer um chá de realidade sobre o Brasil? Vá direto para nossa coluna Mirante, p.47, e confira como nosso colunista Felipe Politano juntou Dilma Roussef, Xuxa, Marisa Monte, Ed Motta, Bruno Mazeo, Gretchen, Claudia Leite, Pedro Bial, Dráuzio Varela, Silas Malafaia, Lula e Maluf. Para relaxar, delicie-se com os absurdos da beleza. Três beldades com corpos esculturais arrasam pelo mundo afora. Vitorino Campos estreando sua moda simples e elegante no São Paulo Fashion Week e nossa coluna 3x4 com os agitos bacaninhas da cidade. Continuem se divertindo com a Pocket. Anderson de Oliveira
POCKET APRESENTA O que é? Cliente descoladinho com conceito e respeito. :: Por quem? Alina Amaral :: Fotos? Alex Dantas
Grife aposta em identidade consciente e participativa De cara a marca de camisetas inspira a energia do terceiro milênio que tem o tom da cidadania, da responsabilidade social, ecológica e especialmente a positividade. A Salve Terra nasceu sob este signo, inspirar positividade. Seu discurso, que começa com a sua comunicação visual, a marca escrita em verde está impressa em papel reciclado, pressupõe, longe de incitar discussões panfletárias [59]
sobre algum tema, traduzir o mundo de uma forma mais leve, limpa, consciente e solidária. A marca do empresário Guilherme Menezes surgiu de um desejo de fazer a sua parte, “uma pequena parte, mas, a minha parte”, diz o empresário que demonstra o desejo da Salve Terra: “representar a energia da sociedade que deseja um mundo mais justo, mais consciente, moderno e participativo”, diz.
“Queremos estimular novas tecnologias, novos comportamentos e ideais” E o projeto da marca se desenha desde as embalagens, feitas de garrafas pet, a utilização racionada de papéis, a aposta em acessórios assinados pela artista plástica Márcia Maria Menezes feitos com reaproveitamentos, a embalagem de presente feita em papel de pão e a escolha de fios e malhas ecológicos (100% algodão, fios de pet ou algodão orgânico) para a produção das camisetas. As estampas contextualizam a preocupação [11]
Acessórios feitos com sucata de papel, cortiça e sementes.
consciente da marca que aposta em frases de efeito que inspirem o pensamento, entre as mais populares, a camiseta com o jargão “Veta Dilma”, Salve Xingu” e a bem humorada “Inundação no Xingu dos outros é refresco”. “Queremos estimular novas tecnologias, novos comportamentos e ideais”, argumenta Guilherme, que tem consciência que é apenas um grão no universo das novas práticas e buscas para um mundo melhor, mas que, ainda assim, presta seu depoimento, através da Salve Terra.
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Conheça mais na loja virtual: www.salveterra.com.br
LIQUIDIFICADOR O que é? Tudo misturado Por quem? Alina Amaral
Ele é responsável por muitas e mais inspiradas e inspiradoras imagens do design gráfico. Comunicar vai além de tipos, agrega beleza, solidez e conceito, e muito! Rodrigo Andrade, Estúdio Roda, pensa assim e assim assina marca do F Hostel Design, nova forma de se hospedar em Salvador.
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O visual é uma metáfora da experimentação, impermanência e modernidade. Dá pra sentir, no Quarto Street, Floresta, Ocean, Voo Livre e o Luz, Câmera, Ação! E mais! A turma assina ainda o UrubuBar, o Yellow Bistrô. Cult!
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O dono da imagem_
Assumido_ A campanha “Never Hide” estoura champagne de 75 anos da Ray Ban em grande e diverso estilo. A mais famosa grife de eyewear do planeta produziu uma série de fotos mega politicamente corretas. A melhor é esta aí que mostra dois fofos bem anos 30 de mãos dadas. Bem Godard!
Em rede_ Economia criativa virou “o assunto” do momento. #Ficadica de mais uma ferramenta tipo help me! ItsNoon.net é um marketplace sobre o tema que abusa do crowdsourcing para conectar todas as pontas do processo. Tipo assim, uns têm a mão de obra, outros a querem, outros desenvolvem, outros compram. A Chamada Criativa é feita sempre por uma empresa que precisa de respostas. Quem as tem?
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Moda + RG + Lifestyle + Beleza + Arte + Virtual
Era uma vez_
© ALEX DANTAS
Um sapateiro muito temperamental, fino e poderoso que tinha por capricho colorir de vermelho os solados mais disputados do planeta. Não satisfeito, “catou” a Cinderela e transformou em poder seu singelo sapatinho. Christian Louboutin assinará a peça no relançamento em blu-ray e DVD do desenho animado da Disney. Nem a velha princesinha escapou! Super sacada!
Todos por um!_
Os mais de 150 milhões de usuários americanos do Facebook contam com mais um item na linha do tempo: Doador de órgãos. Os resultados já soam positivos: 800% de aumento no cadastro. A mega sacada sintetiza a missão da rede, “um único indivíduo pode mudar a vida de outro”, justifica a empresa que estuda a ação para o resto do mundo. Só para lembrar, o Brasil já é o segundo em usuários da rede com 45 milhões.
Experience Café_
Com vista para a Praia da Paciência, a bartender Maria Bento inspira-se no preparo de drinks e a Chef Silvana Sacramento mescla sabores únicos. Paulo Henrique Souza preparou o cenário moderno. Djs turbinados assinam Chill Lounge e pistas com concepção visual de Frederico Filho. O Franco Café Lounge Bar reúne assinaturas para uma experiência especial. No comando, Marcia Franco e Silvia Passos e o Rio Vermelho como testemunha. [54]
© ROCHARTE
Hotel Chilli_
História de Sertão_
Inspirado em canções do repertório de Maria Bethânia que traduzem imaginário do homem simples, “Uma História de Sertão” conta contos de um homem idealista que vê o mundo através da literatura e segue por terra árida para desvendar-se. Escrita pelo baiano Alec Saramago, a história de atmosfera onírica é vencedora do edital da Fundação Pedro Calmon e é da Companhia Beluna. [53]
Menina quase baiana_
Apresentada pela Biscoito Fino com o CD “Responde à Roda”, a baiana de coração – nascida em Belém - Cláudia Cunha, cai na Estrada em turnê. Na bagagem, canções inspiradoras de gente de finíssimo trato como Rodolfo Stroeter, Tom Zé e Paulo Cesar Pinheiro e o orgulho de fazer uma MPB acústica com sambas, cocos e cirandas. www.claudiacunha.com © ROMMEL PORTUGAL VIANA
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Brown, Isabela Capeto, Ronaldo Fraga e Herchcovitch juntos sintetizam a nova fase da marca - uma das que mais cresceram no país com quase 200 lojas – com o conceito Hotel Chillli Beans. Num esforço de branding, a linha contextualiza o avanço da marca em todos os universos e públicos abrigando coleções especiais e conceito high. De quebra, conta com Lacrimosa, de Mozart, na trilha Sonora da campanha.
Arte em casa_
Aplausos_
Inverno e poesia_
Multitalentoso movido a criação, Jorge Santos, bailarino, cantor e ator cumpre agenda de tirar o fôlego. Bailarino de Daniela Mercury, brilhou na montagem Shakespeariana “Outra Tempestade” dirigido por Luis Alberto Alonso, deu vida a textos de Jorge Amado no Prêmio Braskem, encarna personagem de Nelson Rodrigues no cinema dirigido pelo Belga Rudolf Mestdagh, em “Senhora dos Afogados” e assinou coreografia para a turnê de São João de Elba Ramalho. © DIVULGAÇÃO
A obra do baiano Vinícius S.A, “Lágrimas de São Pedro” e a fotografia de Erivan Morais inspiram imagens da campanha de Inverno do Shopping Barra. “Azul da Cor do Mar. Azul da Cor da Chuva”. Contextualização à parte, a assinatura é da Rocha Comunicação e a top é a New Face Fátima Correa, fotos de Michel Rey e moda by Tininha Viana.
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Naara Nascimento, Zé de Rocha, Igor Souza e Davi Caramelo, 4 artistas/designers, muita inspiração e produtos fofos. Davi Caramelo assina canecas cheias de personalidade e bossa, os outros três se dedicam à serigrafia em papel algodão em tiragem limitada e aplicações criativas. Bem na linha casa divertida e cheia de arte, a trupe lança suas ideias no site www.rvculturaearte.com
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Miudín_
Você também pode ter um “miudín” para chamar de seu ou o de quem você ama! “Famosin pelos miudíns” de celebridades, Caio Muniz começa a fazer sucesso em outras rodas, tipo, se dê de presente de corpo alma e miudín!! #ficaadica. http://miudins. blogspot.com.br/
Estilo apurado_
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Advanced Style caiu na rede, foi ao cinema e depois à livraria. Depois do Festival de Sundance, em formato de documentário, o fotógrafo fundador do blog, Ari Seth Cohen, lança em livro uma seleção das mais estilosas senhorinhas do planeta, o Advanced Style. Corra para Amazon!
Inventores! Avante!_
Se você é daquele tipo criativo e tudo que precisa é de alguém que finalize sua obra, chegou a Quirky. A empresa americana é focada em desenvolver produtos criativos. Você acessa o www.quirky. com, propõe sua ideia que será apreciada e julgada. A vencedora vira objeto de esforço de viabilização de todos. Depois, é mercado! Todos ganham! O case é brilhante e tem o tom de cooperação bem terceiro milênio.
© DODÔ VILAR
Exotic_
Ninfas modernas meio Sex and the City em paradas exóticas. Salvador, no caso! Neste clima, Thereza Priori lança seu inverno color mix ao som de trilha assinada por Mauro telefunksoul que entrou na cena. Os looks tipo cartão-postal em várias paradas do mundo estão na pele das tops Priscila d’Ávila e Dani Brugni. Fotos Dodô Villar. Look catálogo digital! http://www.triunit.com. br/therezapriore/
Unindo estética e preservação do meio ambiente, a Lewis Joias tem como missão produzir suas peças a partir de sucatas. Isso mesmo, catracas de relógio, telas de celulares e lixo eletrônico viram preciosidades pelas mãos do joalheiro Arthur Lewis. www.lewisjoias.blogspot.com.br
Romeu@Julieta_
Uma rede social para apaixonados shakespearianos. My Shakespeare é dedicada aos amantes do dramaturgo inglês e, claro, a toda sua obra com troca de textos, informações, títulos raros, trabalhos novos e contatos imediatos em torno de Shakespeare! myshakespeare. worldshakespearefestival.org.uk
© CHRIS KONTOGEORGOS
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Lixo e luxo_
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Boas de arte_
Pra pensar_
© DIVULGAÇÃO
Memórias da estrada que ganham forma e prateleiras. O Blog Sincerão, da jornalista e inquieta aquariana Luciana Dias vira livro com título “pra pensar” Penso, logo insisto ... “o livro é um compartilhar”, assume a jornalista que escolheu a Bahia para lançar suas palavras ao vento e na internet, sim, o livro está disponível também na rede, “assim fica mais democrático”, afirma. Uma “viagem” de 152 páginas com ilustrações de Mônica San Galo, prefácio de Guto Chaves e orelha do jornalista Antônio Trigo. Leia ou acesse! www.viajandocomlucianadias. blogspot.com.br
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© ANDRÉ CARVALHO
“Que Nesta Casa se Faça Cultura!”. Assim nasceu, há 15 anos, com missão impressa em placa em bronze descerrada pelos homenageados – o Teatro Jorge Amado e do Espaço Calasans Neto. O Teatro nasceu para se dedicar a arte completa com as mais diversas linguagens artísticas, o segundo, o foyer do teatro, um espaço democrático para mostras de artes plásticas. Assim permaneceu e comemora bodas de diversidade e compromisso com a arte e como referência nas escolas de ensino fundamental e médio. Em 15 anos, 4450 apresentações realizadas e cerca de 1.250.000 expectadores, 75 exposições de artes plásticas e mostras fotográficas. Parabéns!!
Empório FG_
Pensar no conceito, desde mobiliário especial, soluções arquitetônicas exposições,arte, design, comunicação, moda e gastronomia. Essa é a linha do tempo na qual se desenrola a proposta do exclusivo Empório FG, loja-conceito dos arquitetos André Figueredo e Alex Galletti, na praia do Buracão, que será inaugurada em setembro. O conceito nasce com a maturidade de 10 anos de parceria dos arquitetos que comemora o projeto da boate Off Club e da rede de hostels que o ator global Luiz Fernando Guimarães inaugura, partindo de Salvador.
MIRANTE O que é? Varanda com vista para uma sacada que ninguém quer enxergar :: Por quem? Felipe Politano :: Ilustração? Alan Alves
Telhado de vidro
Gente que demoniza a repórter da Band que humilhou o bandidinho entrevistado, mas faz graça da diarista que fala errado. Gente que critica a greve dos metroviários de São Paulo, mas apoia a dos professores baianos, mas critica a dos aeroviários justo na época das férias. Gente que faz uma cruzada contra o que julga ser péssimo serviço da TIM, e deixa seu prefeito fazer o que quiser por oito anos. Gente que aplaude a repórter Sheherazade descendo o pau na garota Mayara, punida por discriminação contra nordestinos, mas não curte frequentar lugar “de gente misturada”. Gente que pede Veta Dilma no Twitter, mas dá um jeitinho de sair e deixar o ar-condicionado do hotel ligado pra chegar com a cama geladinha. Gente que teme a alta do dólar nas suas compras no Duty Free, mas apoia o protecionismo da economia baseada em factoide populista. Gente que ridiculariza o drama de abuso sexual da Xuxa no Fantástico, mas se ofende com
[47]
a piada que sugere ao Lula que trate seu câncer no SUS. Gente que odeia o Tchu e o Tcha, mas adorou o arrocha romântico novo da Marisa Monte. Gente que posta status no Facebook contra a babaquice virtual, mas só porque quer ganhar “like” e “share” dos coleguinhas. O problema do Brasil não está na existência do absurdo. Pelo contrário: sem ele, não existe Brasil. O problema está na ausência de qualquer pessoa que tenha envergadura moral para julgar
ou comentar o absurdo alheio - institucionalizando, assim, o estapafúrdio como inescapável condição de existência do país. Talvez por conta do sol escaldante dessas bandas, não se conhece por aqui a expressão “telhado de vidro”. Ed Motta vai a público dizer que o brasileiro é um povo feio, o humoristão Bruno Mazzeo questiona a inteligência dos internautas e Gretchen muito elegantemente desaprova o funk por julgar “muito vulgar” - tire as suas próprias conclusões. Vive-se em um país no qual Cláudia Leitte está escalada para julgar a qualidade de cantores em um programa televisivo - algo como convidar o físico Stephen Hawking, em sua cadeira de rodas, para a bancada de um concurso de dança. Talvez a teoria realmente valha bastante. Veja bem, Pedro Bial - o homem que cita Nietzsche, Voltaire e uma receita de bolo de fubá para eliminar uma modelatriz do BBB - se propôs a criar um programa inteiro de crítica ao tal absurdo. Não seria o mesmo que pedir ao pastor Silas Malafaia que apresentasse um concurso de transformistas na TV? Ou sugerir ao doutor Dráuzio Varela que se vestisse de cowboy fumante para uma propaganda de Marlboro? Fica muito difícil identificar o absurdo quando os bons e os maus exemplos se misturam no mesmo saco de coxinhas. Herói, segundo um certo apresentador global, é o participante de reality show que passa o dia entre academia e ofurô.
Lula está em vias de ser eleito por uma pesquisa popularesca “o maior brasileiro de todos os tempos” - isso depois de ser eleito presidente, mascote e BBB favorito do Brasil, é claro. No único país do planeta ainda católico o bastante para incluir “história de vida” como critério de escolha e desempate, quanto mais sofrimento tiver, melhor o currículo. E ninguém acha estranho, nem quando ele aparece como best friend forever do Maluf - estranho seria se não fosse absurdo, afinal. Não importa que a essa altura todos os lulistas já devessem ter se escondido em cavernas ou entrado em autocombustão espontânea por vergolha alheia. Não interessa se os petistas a essa altura não têm mais respaldo pra falar mal nem de partido alto no sambão, muito menos de partidarismo político. O fato é que o homem “veio de baixo” e “chegou lá”, e como se não fosse suficiente foi um “guerreiro” e enfrentou essa doença terrível. Aliás, se tivesse sido eu o inventor da quimioterapia, jogaria uma bomba no Brasil. Sobreviver a um câncer pode ser uma bênção divina ou da medicina, como cada um preferir. Mas na república da coxinha, é a coroação máxima da força e fé e mérito e superação de um político, cantor ou galã de novela. Médico pra quê. Dica para quem quer dar um up na carreira: ignore o conselho do Bial (sempre ele) e tome sol sem protetor. Com sorte, você vira um exemplo de vida e tira um trocado na biografia.
CAPA O que é? Pessoa interessante que fez ou faz, consistentemente alguma coisa. :: Por quem? Alina Amaral :: Fotos? Burt Sun
Um artista, um vínculo, uma cidade, uma obra Passeando
– e parafraseando a canção – “pelo mundo afora na cidade que não tem mais fim...” deparei-me com física quântica pura, sem lisergia alguma, acredite. Sim, porque sob a luz da quântica os efeitos e ações de ordem microscópica não podem – jamais - ser desprezados e reverberam em ondas catalizadoras a olhos vistos e, no caso, em explosão de cores. A obra de Bel Borba prega a lógica da quântica, embora, nunca tão microscópica assim. Descendo a minúcia, o artista baiano é aquariano, esteta pela própria natureza e encerra com sua obra a grandeza: a cidadania. Sem a pascimônia de um oriental, Bel Borba faz uma acupuntura de arte na cidade de Salvador e, quando expõe além destas fronteiras, leva o DNA da sua terra natal. O reflexo disso? Pergunto eu a Bel Borba que responde: “Reflexo” ! E isso já está de ótimo tamanho.
Av. Lafayete Coutinho (Av. Contorno) [42]
Aeronave bimotor_Aero Star
Pet Dog_Rio Vermelho
Hospital Aliança_Av. Juracy Magalhães Jr.
Comunidade Solar do Unhão_ Entre Ondina e o Rio Vermelho
Tudo começou lá pelo idos de 70, já out side. “Salvador é out side total. O acarajé está nas ruas, as festas de largo, o carnaval, a praia como espaço de convergência”, justifica o artista que começou assim, na rua, inaugurando a Feira de Artesanato do Terreiro de Jesus, no Pelourinho, em dezembro de 70. Aliás, out side e coletivo, como clama a urbanidade. Bel Borba, seu irmão Manoel Araújo e outros artistas começavam ali a mistura com a cidade. “Não havia carta de intenções, eu só queria mostrar meu trabalho que, naquele momento, era distante dos meios convencionais”, lembra Bel. Mesmo sem contextualizar, nascia ali um vínculo. Bel Borba é um presente para Salvador ou Salvador é um presente para Bel Borba? A provocação é respondida com uma gargalhada no melhor estilo Bel: generosa. “Salvador me inspira, sou um bom baiano, presenteio a cidade com minha essência, é o que tenho. Se a cidade se enfeita e cresce em estima, agradeço pela parte que me cabe”, diz. No início eram a assemblages, os retoques em fotografias, as colagens com peças de carros uma analogia a um futuro que já chegou - os recortes - essenciais ao seu discurso - a reciclagem ou a preconização dela, velha forma do artista. Hoje, Bel Borba refaz seu caminho por todos os suportes, intuitivo, com a prioridade de um contumaz criador. A repetição gera as
novas perspectivas e linguagens para um artista hiperativo, e a cidade agradece hoje em brado. “Fico lisonjeado quando estou pintando em cima de um guindaste e as pessoas gritam: Bel! Bel! Bel! É um brado de incentivo”, fala sobre este vínculo que hoje é efetivo e afetivo. “Fui me envolvendo, pintei com e sem autorização hoje vejo pelo volume de manifestações, que ações como estas contribuem para a consciência da cidadania”, avalia Bel. Primeiro a estranheza, depois a beleza? “Passamos grande parte do tempo fora de casa, estou exposto e hoje as pessoas se aproximam, entendem, questionam. A criatividade não é prerrogativa do artista, é de todos. Vou colecionando cúmplices”, defende Bel. Colecionando cúmplices e lendas, as lendas dos seus personagens sem voz encontrados na esquina certa, no ponto de convergência certo. “Conheço a cidade como a palma da minha mão. Minhas obras estão onde elas devem estar, no lugar certo. Elas renascem ali, se mimetizam com a paisagem”, diz Bel sobre o que entende como transmutações da sua obra, interação. E enquanto o cachorro do Rio Vermelho feito com quase duas mil garrafas pet vira souvenir, os mosaicos feitos em uma comunidade entre o Rio Vermelho e Ondina transformam o lugar em algo [40]
Parque Cruz Aguiar_Esquina da Rua Feira de Santana com a praça Dr. Carlos Batalha
Túnel de Camaçari_Estrada do Coco
Terreiro da Casa Branca_Vasco da Gama
Rio Vermelho
muito melhor e os moradores seguem orgulhosos: “Foi seu Bel que fez!” E Bel faz e não tem ideia de quanto faz. Sobre o número de obras na cidade? Perdeu a conta e nem conta em completo exercício de imbricação.
E sobre desejos? “Que eles permaneçam desejos, desejo nasceu para ser desejo”, brada o artista.
Maratona
Paradoxo perfeito à calmaria que o artista deseja atingir, Bel Borba contabiliza o último ano como único. Aos 55 anos, nasceu, do Mas o que são números perto seu casamento com Mery , Bela do processo? Bel Borba é um Borba. “Ela é uma inspiração, apaixonado pelo processo. uma leveza para a alma”, Em meio a entrevista traçava derrete-se. E como se tempo com sua equipe rota, formas, tivesse, reservou inspiração, ferramentas, horários e transpiração e contextualização cuidados na montagem de uma para 4 exposições: 1 em NY, outra nova peça em processo final na Suíça, a exposição AQUI. Em de pertencimento. ”Depois é a 7 Elementos, no Museu Rodin e cidade que decide sobre o seu “Saveiros da Baía”, nos Correios. significado”, diz. E o seu processo No entremeio, o documentário criativo começa pela fabricação “Bel Borba Aqui – Um Homem das ferramentas - o processo e Uma Cidade, dirigido por faz-se arte seja em qual for o Burt Sun e André Constantin suporte. E por falar em suporte, que estreou no Cinequest, em qual o preferido de Bel ? A argila, março, na programação do responde rápido. “A argila e o Festival Internacional de Cinema fogo juntos produzem tudo. O de Boston e no Festival de aço é outro material nobre, ele Cinema de Phoenix. “ Foram três que tudo pode.” Sobre sua marca, anos de captação, conversas e Bel confessa, “o recorte. Ele está alquimias”, disse Bel. presente desde sempre na minha obra”. E de recorte em recorte, Bel E para onde vai este aquariano Borba traça seus objetivos sem viciado em grandes obras, perder a cidade de vista, mesmo espaços a preencher, cores e, distante. “ Espero controlar minha hoje, no sorriso de Bela? Sigo hiperatividade, deixar que ela não acreditando e fazendo o que me mate. Quero concentração, viver gosto. Já sobre os seus desejos mais o processo”, diz Bel que se ele torce: “Que eles permaneçam emociona em falar sobre um grande desejos, desejo nasceu para orgulho: “minha grande obra é a ser desejo”, brada o artista. minha relação com a cidade. Somos Enquanto isso viver em tom e indissolúveis”, diz. cor maior me basta. [38]
PERFIL O que é? Pessoa interessante que fez ou faz algo importante
para Salvador :: Por quem? Ronney Argolo :: Fotos? Alex Dantas
Ciborgue baiano É MEIO-DIA NA LADEIRA DO PAÇO, PELOURINHO, QUANDO AS PORTAS FEITAS DE ARAME, BARRO, ARENOSO E LAMA SE ABREM. CURIOSOS E CRIANÇAS SE AGLOMERAM. QUEREM VER O ANFITRIÃO JAYME FIGURA. ARTISTA PLÁSTICO, CANTOR, DESENHISTA, ESCULTOR E MUITO MAIS: ESSE HOMEM É UM ABSURDO AMBULANTE PELAS RUAS DA CIDADE HÁ 43 ANOS. [32]
A armadura de ferro cobre seu rosto e as ligas de arame vestem seus ombros. A calça de couro está rasgada e suja de barro, o tênis cheio de furos. Por onde ele passa, ora encanta, ora assusta... às vezes, choca. Mas de maneira alguma passa despercebido. De família grande, vinda do interior da Bahia (Cruz das Almas), Jayme é o sétimo de oito filhos. Ele construía os próprios brinquedos - carro de lata e radiola de radiografia. A veia artística despertou quando, de tanto ver as esculturas de um vizinho artista plástico, resolveu se aventurar. Fez um orixá, que o cara vendeu e embolsou todo o dinheiro sozinho, lembra ele.
Após a experiência, Jayme trabalhou em uma gráfica. Inicialmente foi servente, depois virou desenhista. “Estava estabelecido na empresa, quando chegou o Plano Collor e desestruturou tudo. Fiquei desempregado, comecei a me desiludir e a andar sempre de preto, como luto. Depois, bateu um desespero muito grande porque saí de 15 salários para 2. Aí comecei a rasgar minhas calças e fui rodar, andar por toda a cidade”, explicou. Ele revela que no começo não tinha intenção de esconder o rosto, mas teve que fazê-lo por causa da violência. “Morava na Fazenda Grande do Retiro (bairro de Salvador) e meus vizinhos me odiavam por causa de meu som alto, punk, rock. Um dia me bateram e cortaram a minha cara toda”, explica. Jayme revela ainda que os materiais que usa são todos comprados, não usa nada do lixo, nem da sucata. “Em molduras, em farpas reluzentes, o espírito expõe a dor, o amor e a arte”, diz Jayme e uma de suas composições. Uma frase recorrente dele é “A minha arma é a espátula”. Pergunto se ele se acha louco ou absurdo: “Não me olho no espelho. Não quero ver o poder que eu tenho quando visto a roupa. Eu tenho que ser gentil. Tenho que ser Jayme. Não quero me ver diferente”. E a família, [36]
o que acha? “Minha mulher, meus filhos (ele tem um de 25 e um de 32 anos) acham que sou louco e quando vou para perto deles, serei sempre apenas isso”.
Atelier-Museu Se o figurino do anfitrião já impressiona, a entrada no atelier é um caso à parte. Começou com Jayme dizendo o seguinte: “pode subir no meu lombo, porque aqui é uma tumba. Essas costas são de um ex-combatente do Exército. Não tenha medo, só tem como entrar assim”. E lá fomos nós.
Todas as paredes são de barro e arenoso, com várias passagens e compartimentos. Para cada um deles há uma ideia diferente. “Quero transformar esse atelier em museu com setores de música, escultura, pintura gráfica... E um outro só com o caixão onde eu gosto de cochilar”, planeja. O projeto ainda contempla um espaço para vender lembrancinhas. No momento, há o caixão, os compartimentos, o silêncio, o calor sem janelas, as velas quase terminando e uma caixa de fósforos. E muitos sonhos e histórias. Sentado em um alçapão, ele conta que construiu o espaço com muito esforço, durante anos. “Muitos pensam que eu escavei até virar barro, mas eu trouxe arenoso e barro para construir paredes, cômodos e banheiro. Antes eu morava aqui, mas agora está sem água, sem luz e com problemas de insetos”, comenta. O corpo do sessentão – com problemas nas costas e nas vistas – reclama. Carregar a pesada armadura pelas ruas não é fácil. Por isso, ele entrou em um consórcio de moto e já ganhou. Agora só falta passar no teste do Detran. “Estou criando modelos cibernéticos para andar com capacetes bizarros como um ciborgue e roupas acopladas à moto”.
[34]
ESPECIAL O que é? Sobre nosso tema especial :: Por quem? Ronney Argolo, Luciana Diniz,
Pense num Paula Outorelo, Jorge Gauthier e Rafael Brito :: Fotos? Evendro Veiga
A FRASE “MOSTRE-ME UM ABSURDO: NA BAHIA HÁ PRECEDENTES”, IMORTALIZOU O EX-GOVERNADOR OTÁVIO MANGABEIRA. FATOS INUSITADOS ACOMPANHAM A HISTÓRIA DO ESTADO DESDE A ÉPOCA DA COLÔNIA. DEPOIS VAMOS FALAR DE COISAS MAIS ATUAIS QUE – PARA O BEM OU PARA O MAL – SÃO ABSURDAS. COMECEMOS, ENTÃO, DO INÍCIO: VEJA ALGUNS DOS MAIS ANTIGOS ABSURDOS REGISTRADOS POR AQUI.
DIZ O POVO
Garcia D’ávila, dono da região onde hoje fica o castelo Garcia D’Ávila, seria um filho ilegítimo do governador-geral Tomé de Sousa. Isso explicaria o fato do político ter doado a ele uma sesmaria que já foi a maior propriedade privada do mundo. O terreno se estendia da Praia do Forte ao Ceará.
[33]
PEGANDO FOGO
Os fortes de São Marcelo e do Barbalho, construídos para proteger Salvador, abriram fogo contra a própria cidade em 1911. Tudo porque as lideranças locais não aceitaram a eleição de Joaquim José Seabra para governador. Seabra pediu ajuda ao exército nacional e os canhões soteropolitanos intercederam por ele. Na onda de ataques, até a biblioteca pública pegou fogo.
absurdo... SUPERCORONEL
Juracy Magalhães foi nomeado interventor da Bahia por Getúlio Vargas em 1931, com a missão de acabar com o coronelismo e “modernizar” a política baiana. Mas ele não encontrou apoio em Salvador. O jeito foi costurar alianças com os políticos que controlavam o interior do Estado. Com isso, o interventor terminou se tornando um supercoronel.
PÍLULAS BAIANAS
- Em 1947, Otávio Mangabeira assumiu o governo do Estado. A Bahia era para ele um desafio tão árduo que comentou: “a Bahia está tão atrasada que, quando o mundo se acabar, os baianos só vão saber cinco anos depois”. - Quando quis candidatarse ao governo do Estado em 1962, Lomanto Júnior comunicou a vontade para o ex-governador Juracy Magalhães. Este, no melhor estilo Poliana, disse: “coisas piores já me aconteceram”.
FONTES: Historiadoras Elisa de Moura Ribeiro e Carla Côrte. Livros e teses: Minhas memórias provisórias, de Juracy Magalhães. Coronelismo e Oligarquias (1889-1934); A Bahia na Primeira República Brasileira, de Eul-Soo Pang; As oligarquias na política baiana, Cid Teixeira. Juracy Magalhães e a construção do juracisismo: um perfil da política baiana, de Patrícia Carneiro S. M. de Carvalho. Octávio Mangabeira – Democrata Irredutível, de Paulo Segundo da Costa. Independência do Brasil na Bahia, de Luís Henrique Tavares.
Apertadinhas Ainda com as luzes do palco apagadas, elas chegam devagar, quase sempre em duplas. Cabelos devidamente alisados, franjas ajeitadas toda hora. As roupas curtas e justas evidenciam as curvas. Os lábios – quase sempre vermelhos - perdem o brilho no contato com cerveja, vodca e uísque. Os copos esvaziam mais rápido que a batida do pandeiro. São 22h de um sábado à noite em Salvador. Na ausência dos olhares masculinos, as meninas bebem (e muito) de graça, ao som de pagode. Às 23h09, um sinal sonoro avisa o fim da bebedeira grátis. É o ápice da Noite da Apertadinha. O que aconteceu? Alguém usou o banheiro. As mulheres bebem sozinhas até a primeira perder o controle sobre a bexiga. É o fim do open bar e início da entrada dos homens. Até então, eles se aglomeravam ansiosos na porta da Oba Oba Music Hall, na orla de Patamares.
Reação
A ‘mijona’ quase sempre é hostilizada. As outras se revoltam por terem que pagar pela bebida. “Tem mulher que vacila e vai logo no banheiro. Eu sou precavida. Tomo várias de uma vez”, conta a vendedora Kelly Ribeiro (20 anos). Ao lado das amigas Mônica Simão (19) e Giselle Carvalho (20), ela bebeu 29 roskas (vodca com suco) no período de open bar. Mas foi a estudante M. S., de 19 anos, que estreou o banheiro. Não conseguiu resistir a 12 copos de vodca e 4 cervejas e passou o resto da noite ‘escondida’ no camarote por 2 motivos: “medo das mulheres se retarem comigo porque eu mijei e também porque estou dando o zig no meu namorado”.
Empolgação Depois que os homens entram, tudo muda. As coreografias privilegiam movimentos pélvicos. Muita gente perde a compostura e promove cenas intensas de contato físico. No palco, coreografias para lá de sensuais. O público da Noite da Apertadinha é bem diverso. Brotas, Lauro de Freitas, Castelo Branco, Cajazeiras... A distância não impede ninguém de bater ponto na festa. É o caso das amigas Bianca Cardoso (19), Laiana Gabrielle (21) e Lorena Cordeiro (21). “Saímos de longe porque gostamos da banda. É um tipo de pagode que não tem onde moramos”, conta Bianca.
Conceito Eduardo Oiticica é o produtor e idealizador do evento, que acontece há 6 anos. “Era sempre na antiga Boomerangue, no Rio Vermelho. Mas depois que veio pra cá, o público aumentou. Já colocamos 2 mil pessoas na casa”, explica. O sucesso, segundo Ivan Moraes, dono do Oba Oba, se deve à bebida e à entrada gratuita para as mulheres. “Torna a festa diferente. É um lugar de paquera”. Os homens concordam: “Ficamos fora bebendo. Quando entramos, as mulheres estão prontas para ficarem apertadinhas nos nossos braços”, poetiza o estudante Marcos Novaes (27). O esquente do lado de fora acontece até 1h30, quando a banda New Hit sobe ao palco. Por fim, tem moças que não ligam para o open bar e preferem só entrar depois dos homens. “Sou gostosa o suficiente para não precisar beber de graça. Fico do lado de fora para observar os caras. É mais efetivo. Só saio de casa para fechar negócio”, revela a universitária Cláudia Santana.
Nos olhos dos outros... Aninha Franco (dramaturga)
É analógico de contrassenso e imbecilidade, adjetivo com cara de substantivo... O Brasil está na América do Absurdo. É um país republicano que se comporta como imperial. É um jovem excessivamente conservador. Antônimo da razão e da lógica, absurdo é um ótimo sinônimo para Brasil.
Ivete Sangalo (cantora)
É ver o tanto de crianças morando nas ruas, em situação de vulnerabilidade social e de total abandono familiar, sem comida e saúde. © RAFA MATTEI
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DEPOIS DO NOSSO APANHADO, PERGUNTAMOS PARA ALGUMAS PESSOAS: “O QUE É UM ABSURDO PARA VOCÊ?”. CONFIRA AS RESPOSTAS.
Afonso Martins Alban (ambulante) Os fenômenos da natureza. Por exemplo, está chovendo tanto em Salvador e no interior rola essa seca infernal, que mata gente e animal de fome.
Rebeca Pereira (estudante de gastronomia)
A indiferença com a humanidade. Enquanto muitos humanos transbordam valores e/ou vivem na extravagância material, há outros tantos que não têm o que comer, vestir, estudar... O descaso para que isso se torne “normal” é vergonhoso. Não há interesse nos sentimentos alheios.
Márcia Ganem (estilista)
O distanciamento do povo brasileiro das nossas raízes e da nossa cultura. Já a boa nova é a abertura da Casa de cultura de Saubara, espaço que conta a história da relação entre índios, colonizadores e africanos. Pra isso, a casa se utiliza de muitas indumentárias. Lembrando que Saubara é o reduto mais apurado de renda de bilro do Brasil. Moda é cultura. Isso é absurdamente bom!
Valdir Silva (artesão)
A corrupção na política, o descaso com a cidade, a violência na orla, os turistas sendo roubados dia e noite. E ninguém faz nada. Essa falta de segurança reflete no meu trabalho, aqui no Porto da Barra. As pessoas não têm coragem de tirar dinheiro da bolsa. No final de semana é pior, porque diminui o efetivo policial.
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Ainda convivermos com preconceitos diversos em um mundo com tanta informação. Inclusive da parte de pessoas que se dizem progressistas e esclarecidas. É inconcebível que uma pessoa seja, por exemplo, do movimento negro e ao mesmo tempo machista e homofóbica. Ou que um gay seja racista e misógino. O volume de informações não se traduz em conhecimento para diminuir o preconceito.
Joana Carvalho dos Santos (baiana de acarajé)
A falta de sanitários públicos e chuveiros para tomar banho e tirar a água salgada depois do banho de mar. Em cada parte da praia você sente o cheiro de urina impregnado nas paredes. Durante o verão a limpeza é benfeita, mas em outras estações quase não há. É preciso também consciência dos visitantes e dos vendedores, que alugam cadeiras e deixam o lixo na areia.
Carla Perez (cantora)
A exploração do trabalho infantil. Lugar de criança é na escola e não no trabalho antes da hora. O país precisa ter a competência de fazer com que essas crianças não fiquem na rua entregues ao crime ou às drogas.
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© GENILSON COUTINHO
Leandro Colling (professor universitário)
Raimunda Correia Reis (vendedora ambulante)
A saúde pública em Salvador. Hospitais públicos com corredores lotados, pacientes no chão e macas quebradas. É triste e desumano. Vivi isso na pele quando meu pai precisou ser internado no Hospital Roberto Santos. A população carente sofre com a atual situação da saúde pública.
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José Magalhães (delegado aposentado)
Dinheiro público desviado por políticos corruptos; a corrupção no Brasil. Se os políticos não desviassem verbas, poderíamos ter uma situação melhor. Meu pai, que foi prefeito, dizia que dinheiro público deve ser aplicado para o bem da população e não roubado. Mas, infelizmente, as leis minimizam esse crime. Mais absurdo ainda é ele ter deixado de ser hediondo.
Linderman Barros dos Santos (artesão)
Quando o motorista de ônibus não cumpre horário. Isso interfere no dia dos que dependem do transporte público. Tem também a falta de educação dos motoristas. É corriqueira a possibilidade de ser atropelado. Muitas vezes, estamos atravessando a faixa de pedestre e eles não param.
Cris Montenegro ( jornalista)
Receber mais de 2 ligações seguidas do mesmo número no celular – se eu não atendo, deve haver motivo... Nem retorno esses ‘super insistentes’. Se for caso de vida ou morte, haverá mais um enterro na cidade. O preço da pipoca no cinema é absurdo e ainda pior é eu reclamar e comprar sempre. E falar ao telefone no carro? Sou mestra. Melhor parar por aqui, porque pelo visto eu sou o absurdo!
Angelina Nascimento (guardadora de carros e atleta. Cadeirante)
A falta de estrutura, de planejamento urbano das cidades brasileiras para atender deficientes, físicos ou visuais. Órgãos públicos, que deveriam ser exemplo, não têm nem uma rampa. Às vezes, tenho que descer da cadeira e me arrastar pelas escadas. Andar pelas calçadas é impossível. Sinto-me constrangida.
Ana Paula Magalhães (arquiteta)
A falta de autenticidade, as máscaras das pessoas que não demonstram quem realmente são. Quando somos verdadeiros e temos uma postura autêntica, tudo fica mais fácil. É melhor conviver com pessoas quando esperamos como elas irão se comportar diante das situações.
Lena Lebram (decoradora e blogueira)
O mau trato da cidade. Ruas esburacadas, pontos de ônibus mal cuidados, calçadas inexistentes, montanhas de lixo pelas esquinas... É evidente que há culpa do cidadão – e esse é um absurdo maior ainda -, mas acho que faltam campanhas de socialização para que ele saiba qual sua parte no trato da cidade.
Adrielle Coutinho (blogueira)
Tudo que extrapola os limites do bom senso. As críticas do @BahiaDepressao geralmente são de coisas que extrapolam os limites. Na Bahia, principalmente, vejo coisas que parece que só acontecem aqui. Isso pode ser bom e ruim. É aí que entra o limite. Por exemplo, a lei que proíbe os ‘djs do buzu’ poderia ser dispensável, caso houvesse respeito ao espaço do outro.
Roy (cantor)
A falta de mobilidade urbana em Salvador, passarelas inacabadas, uma piada de metrô, o centro histórico entregue às moscas e aos pedintes. A Baixa do Sapateiro, que já foi grande centro comercial, virou uma cidade fantasma; o Cineteatro Jandaia, um mausoléu. E na TV, ao meio-dia, pão e circo, sangue e audiência.
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Colírios Absurdos
“A Bahia tem um jeito que nenhuma terra tem”. Assim disse Dorival Caymmi em Você já foi à Bahia?. Ele deve estar mais certo do que imaginava. Na canção, o buda nagô cita basicamente gastronomia, mas daqui já saíram verdadeiros absurdos de beleza. Ramirez Allender (30 anos), Erasmo Viana (27 anos) e Priscila D’Ávila (19 anos) são três exemplos escolhidos a dedo. Com eles, de fato, a beleza põe mesa. Como nem tudo na Bahia faz a gente querer bem, os dois rapazes, que são modelos profissionais, nasceram em Salvador e escolheram São Paulo para seguir carreira. Acertaram na aposta e já têm projeção internacional. Já a catarinense, também modelo, se rendeu ao clima soteropolitano e hoje é cobiçada para campanhas e desfiles. “Sinceramente? A beleza abre portas e só me ajuda”, brinca Priscila. “Quando chego tarde pra pegar um voo procuro sempre uma atendente mulher para não ter que pagar taxas. Às vezes dá certo”, revela Ramirez. Absurdo é não tê-los perto dos nossos olhos... Ramirez Allender [25]
© ALEX DANTAS
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Erasmo Viana
Priscila D’Ávila [24]
ESTILO + SPFW O que é? Algo que, quem tem sabe o que é.
Por quem? Felipe Politano :: Fotos? FotoSite
Vitorino preto-no-branco [21]
O suprematismo russo foi a primeira vanguarda da pintura abstrata no movimento moderno, usando a rigidez de figuras geométricas e cores escassas para abrir as portas do olhar à supremacia da subjetividade. Assim como os quadrados negros de Malevich foram particularmente subversivos cem anos atrás, é o contexto que torna a nova coleção de Vitorino Campos - designer de moda baiano, única estreia nesta edição de verão do São Paulo Fashion Week - ainda mais especial. Afinal, devaneios sobre a arte de Moscou em 1915 não são exatamente o que se espera de um desfile para a estação mais calorosa do ano. Um estilo sóbrio, introspectivo e austero é, convenhamos, pura subversão para a coleção de verão de um criador vindo da pitoresca Bahia; e é, assim, prova da sua liberdade e dos riscos que está disposto a assumir para criar a sua identidade na moda. A sofisticação delicada das composições transforma-se num convite à abstração, explorando sem
culpa um falso minimalismo (na verdade uma rica concisão, e não o tédio simplista que tomou conta do design), de formas geométricas jamais monótonas e cartela de cores propositadamente restrita - apenas preto, branco e pêssego foram convidados para esta festa. Seria injusto reduzi-lo ao clichê do “menos é mais”; o que subentendese é que o “mais”não se entrega sob um primeiro olhar. Ao contrario, convida à descoberta das riquezas contidas na construção das peças e seus materiais. Talvez não por acaso, o perfume elegante da coleção traz oportunamente muito da essência paulistana. Vitorino faz repensar nossas convicções acerca da feminilidade, do luxo e da sazonalidade, ao mesmo tempo que oferece uma proposta perfeitamente desejável e comercial. A estréia da marca no SPFW comprova, como fizeram russos de outrora, que não é preciso complicar para ousar. Basta enxergar boas ideias e, porque não, um banal e vazio quadrado negro repleto de intencionalidades. [18]
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3x4
O que é? Gente que faz acontecer as baladinhas e novidades da cidade. :: Por quem? Anderson de Oliveira :: Fotos? Genilson Coutinho
Natura Musical Desde o dia que a Natura aportou em Salvador, ela não foi mais a mesma. Além dos seus aromas, a marca trouxe filosofias inspiradoras e seu escritório regional norte-nordeste, o que representa a importância deste polo cultural para a marca. Agora ela lança um edital regional com verba de R$1 milhão que proporcionará a diversos artistas a possibilidade de iniciar ou continuar desenvolvendo seus trabalhos musicais.
Flávio Renegado
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Marcia Castro
Karin Cavalcanti, Daniel Silveira e Mariana Amazonas
Gabriel Povoas, Tais Nader e Duda
Lia Shopia
Laisa Sotero, Cristiane Kohn, Joana Silva, Juliana Pasqualini
Luê Soares
Danusa Carvalho Jorge Thadeu e Nara Gil
Enio, Roberto e CH
Jussara Silveira
Carla Visi
Tito Bahiense e D達o
Elaine Hazin, Regina Webering e Piti Canella
Magary Lord, Gerson Silva e Ildazio Tavares
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Almoço do Roda
Andrezão e Fernando Guerreiro
Climinha descontraído reúne descoladinhos, empresários e artistas que juntos transformam o almoço do Roda Baiana num encontro único. Um mix de programa de auditório com pitadas dos tempos áureos dos programas de rádio.
Marcela do Vale, Fernanda Bezerra e Dayse Porto
Marcia Short e Saulo Fernandes
Larissa Sellmann João Paulo_O anfitrião
Luis Miranda
Alan Benevedo
Flavia Figueiredo Claudia Canguçu
Flavia Kertz
Vagner Luciano
Jonga Cunha
Os anfitriões_Teresinha Palhares e Leo Gois
Casa Nandos
Paulo Macêdo
Arquitetos e decoradores foram conferir de perto as novidades da Casa Nandos, que comemora 25 anos com reposicionamento da marca e reforço no compromisso em facilitar o acesso ao design.
Kaka Bulhosa, Luzia e Cristiane Tapioca
Stela V. Pita e Júlio Cardim
Luiz Mário e Nislene Gonçalves assinam o novo showroom
Daniela Granjo
Karin Hartmann e Katia Barreto
Virginia Santa Barbara e Olivia Fernandez
Carla Noronha e Celeste Leão
Suede Matos
Everton Lima, Ines Ribeiro, Luize Correa e Felipe Caribe
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Prêmio Braskem de Teatro Com roteiro e direção artística de Elisio Lopes Jr, o prêmio Braskem 2012 reforçou a importância da produção coletiva na arte, reunindo no palco nossa Salvador e seu povo naturalmente artista. Ao mesmo tempo, o prêmio beneficiou 30 jovens com qualificação técnica para a produção de conteúdo audiovisual, o que gerou matéria-prima para a premiação com olhar moderno e um diálogo próprio entre o teatro, a cidade e seu povo.
Aldri Anunciação
Carlos Betão Elisio Lopes Jr
Rose Lima
Lazzo Matumbi Hilmara Rodrigues Igor Epifânio Luciana Embilina
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Luiz Marfuz
Letieres Leite
Narcisa
Roberto Cordeiro e Vlady Alves
Lolly Ramos
Ai que Balada! Narcisa Tamborindeguy, nossa capa ed#10, aterrissou com seu badalo na cidade e discotecou na Off Club.
Vitorino Campos
Denny Reis e Thales Vasconcelos
Atila Britto
Mauricio Azevedo, Chico Junior e Emanuel CĂŠsar
Regininha Mendes
Hugo Porto
Yuri Martins
Felipe GuimarĂŁes
ONDE ENCONTRAR O que é? Lugares descoladinhos onde você encontra a Pocket
MODA
DECO
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BARES, CAFÉS & RESTAURANTES
Escala Pantone Pantone 1375U Pantone Black
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CMYK Cyan 0% • Magent a 40% Yellow 100% • Black 0% Black 100%
Consulte todos os endereços no revistapocket.com.br
BELEZA
DANCE
The Best
Instituto de Beleza
CINE, MUSIC, MUSEUS & TEATROS
HOTÉIS & VINHOS
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FITNESS
VOCร NO SEU MELHOR
IDIOMAS
DESCOLADINHOS
SHOPPINGS
*
Consulte todos os endereรงos no revistapocket.com.br
BORA? O que é? Algo que deve estar sempre com você.
Cinemas
Barra 1 e 2 - Shopping Barra 71 3264-5795 | shoppingbarra.com Cine Cena Unijorge – Shopping Itaigara 71 3353-3527 | cinecenaunijorge.com.br Cinemark - Salvador Shopping 71 3023-3916 | cinemark.com.br Cinépolis - Salvador Norte Shopping 71 3414-9280 | cinepolis.com.br Cinépolis - Bela Vista Shopping 71 3431-9057/3494 | cinepolis.com.br UCI Aeroclube - Aeroclube Plaza Show 71 3535-3030 | ucicinemas.com.br UCI Orient Iguatemi Salvador - Shopping Iguatemi 71 3173-7150 | ucicinemas.com.br UCI Orient Paralela 71 2104-0005 | ucicinemas.com.br Sala Walter da Silveira e Alexandre Robatto 71 3116-8120 | dimas.ba.gov.br
Circuito de Cinema Saladearte
saladearte.art.br Cinema da UFBA - 71 3235-9879 Cinema do MUSEU - 71 3338-2241 Cine Vivo - 71 3015-6867 Cine XIV - 71 3321-1948
Espaço Itaú Cinema Glauber Rocha itaucinemas.com.br Tel.: 71 3011-4706
Teatros
Acbeu - 71 3444-4423/24 Caballeros de Santiago - 71 3334-0241 Castro Alves - 71 3117-4899 Cine Teatro Casa do Comércio - 71 3341-8700 Eva Herz | Livraria Cultura - 71 3505-9050 Gil Santana - 71 3489-2917 ISBA - 71 4009-3689 Jorge Amado - 71 3525-9720 [3]
Módulo - 71 3354-6654 Sala do Coro Teatro Castro Alves - 71 3117-4883 Salesiano - 71 3327-0166 Sesi Rio Vermelho - 71 3335-3020 Vila Velha - 71 3336-1384 XVIII - 71 3322-0018
Museus
Carlos Costa Pinto - 71 3336-6081 MAM - 71 3117-6130 MAB - 71 3336-9450 Museu da Misericórdia - 71 3322-7355 Palacete das Artes Rodin Bahia - 71 3117-6968
Táxis
Chame Táxi - 71 3241-2266 Elite Táxi - 71 3432-4040 Ligue Táxi - 71 3277-7777 Rádio Táxi - 71 3324-4333 Tele Táxi - 71 3341-9988
Outros
Caixa Cultural 71 3322-0219 Concha Acústica Teatro Castro Alves 71 3117-4885 Instituto Cervantes 71 3797-4667 Instituto Feminino da Bahia 71 3329-5520/5522 Salvador Shopping Central de Relacionamento - 71 3417-6001/6002 Shopping Barra Central de Relacionamento - 71 2108-8288 Shopping Bela Vista Central de Relacionamento - 71 3178-1673 Shopping Iguatemi Super Cliente - 71 3350-5207 Shopping Paralela Central de Relacionamento - 71 3617-0969/0950