Apostila de Interpretação de Textos e Redação

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CURSO DE REDAÇÃO E INTERPRETAÇÃO - IBENAC PROF. AMAURI FRANCO aula 01 Dicas para uma boa interpretação textual 01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto,definindo o tema; 02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente; 03. Se possível, ler o texto pelo menos umas duas vezes ou mais; 04. Ler com perspicácia, procurando associar o texto ao conhecimento de mundo; use as suas experiências pessoais, se elas estiverem relacionadas ao tema; lembre-se de outros textos ou filmes ou documentários ou reportagens que você tenha lido ou visto sobre o assunto; 05. Voltar ao texto tantas vezes quantas forem necessárias, fixando-se não apenas no fragmento relacionado à questão, mas ao contexto em que ele está inserido; 06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; 07. Ler o texto em partes, para melhor compreensão, procurando sintetizar mentalmente o conteúdo de cada parágrafo, sem esquecer que existe entre eles uma conexão semântica e sintática; 08. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão, sublinhando vocábulos como estes: “NÃO”,“EXCETO”,“SOMENTE”,“CORRETA”,“INCORRETA”,“FALSA”,“VERDADEIRA,“CERTA”, “ERRADA”, “DESTOA”(= diferente de), que às vezes não são percebidas devidamente pelos candidatos ; 09. Quando duas alternativas lhe parecerem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa, de acordo com o que se pede; 10. Ler, primeiramente, o título . Isto facilita o entendimento e direciona o esquema de leitura.

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Interpretação textual Há três erros clássicos na compreensão de textos: extrapolação, redução e contradição. Extrapolação: o leitor quer ver no texto algo que não está escrito. Às vezes, o leitor projeta na leitura seu próprio ponto de vista, querendo que o texto diga aquilo que não está expresso. Muitas vezes são fatos reais, mas que não estão expressos no texto. Deve-se ater somente ao que está relatado. Redução: é o fato de se valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua totalidade. Deixa-se de considerar o texto como um todo para se ater apenas à parte dele. Contradição: é o fato de se entender justamente o contrário do que está escrito. Veja alguns exemplos: Fui ao Rio de Janeiro, conheci mulheres lindíssimas e cheguei à conclusão de que meu lugar preferido, a partir daquele momento, era o Rio. Interpretações erradas: 

Todas as mulheres do Rio de Janeiro são lindíssimas.

O lugar onde o personagem mora não possui mulheres lindíssimas.

Interpretações corretas: 

A oportunidade tida pelo personagem no que diz respeito ao acesso às mulheres bonitas do Rio de Janeiro fez com que ele se apaixonasse pelo Estado.

Veja outros exemplos, agora com questões do concurso público da ASEP-RJ DA “LIVRE MANIFESTAÇÃO” AO VANDALISMO (João Mellão Neto) [...] Recordo-me de um bar, no centro de São Paulo onde, na década de 60, nos toaletes, aparecia a seguinte inscrição: “Não risque as paredes. Se você acredita que seu pensamento seja tão original a ponto de merecer sua inscrição aqui, não se constranja. Procure a gerência e nós mesmos nos encarregamos de autorizá-lo”. O mesmo raciocínio vale para os pichadores. Se o que eles têm a manifestar tem algum valor artístico ou filosófico, sem dúvida existirão proprietários de muros dispostos a permitirlhes a inscrição. Agora, pichação de bens públicos ou de muros particulares, à revelia do proprietário, não é manifestação artística, é vandalismo. E, como tal, deve ser coibido.(...) Eu, como milhões de cidadãos, gosto de ver a minha cidade limpa. Faço minha parte, de um lado mantendo meu muro pintado e de outro pagando impostos para que a Prefeitura faça o mesmo com os nossos monumentos. Se os pichadores têm seus “direitos” de expressarem-se livremente, eu também tenho os meus de querer minha cidade em ordem e bonita. Com uma diferença: eu pago impostos para exercer a minha cidadania e eles, tãosomente, adquirem uma lata de aerossol.

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01 – No título, os termos livre manifestação e vandalismo: (A) representam duas maneiras de encarar o mesmo fato; (B) falam, respectivamente, do aspecto ilegal e legal das pichações; (C) são argumentos favoráveis ao aparecimento de pichações; (D) indicam o pensamento das autoridades sobre as pichações; (E) mostram duas realidades que ocorrem simultaneamente.

02 - O texto se estrutura: (A) na justificativa do posicionamento do autor; (B) na contra-argumentação ao vandalismo; (C) na intimidação dos pichadores; (D) na persuasão dos que condenam os pichadores; (E) na explicação dos fundamentos da lei contra as pichações.

03 - “Se o que eles têm a manifestar tem algum valor artístico ou filosófico, sem dúvida existirão proprietários de muros dispostos a permitir-lhes a inscrição.”; só NÃO se pode deduzir desse segmento que: (A) algumas pichações podem valorizar muros; (B) nem todos são contrários a todas as pichações; (C) algumas pichações possuem valor decorativo; (D) os proprietários de muros permitem pichações de valor artístico; (E) as pichações de valor filosófico seriam bem aceitas por alguns proprietários.

04 - “Faço minha parte, de um lado mantendo meu muro pintado e de outro pagando impostos para que a Prefeitura faça o mesmo com os nossos monumentos.”; esta afirmação faz crer que, para o autor do texto: (A) uma campanha educativa pode proteger os monumentos; (B) só os proprietários podem proteger seus muros; (C) muros e monumentos deviam ser protegidos por todos os cidadãos; (D) proprietários e Prefeitura têm responsabilidade na beleza da cidade; (E) os cidadãos responsáveis pagam à Prefeitura para que sejam protegidos.

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Exercícios: Questões da Fundação Carlos Chagas As palavras e a violência A grande pensadora norte-americana Susan Sontag (1933-2004) refletiu e escreveu sobre inúmeros temas culturais da modernidade, sem jamais esquecer-se dos aspectos políticos neles implicados. Sabedora do peso das palavras, indignava-se quando os poderosos se valiam delas com o fito de encobrir artificialmente uma violência real. Por vezes, a elipse mesma da palavra correta pode significar a camuflagem de um fato que não se deseja nomear. Veja-se este trecho da autora, extraído de seu livro póstumo Ao mesmo tempo: “Palavras alteram, palavras acrescentam, palavras subtraem. Foi a insistência em evitar a palavra “genocídio”, enquanto cerca de 800 mil tutsis estavam sendo massacrados em Ruanda pelos seus vizinhos hutus, alguns anos atrás, que indicou que o governo americano não tinha a menor intenção de fazer nada. Recusar-se a chamar o que ocorreu com tantos prisioneiros no Iraque, no Afeganistão ou na baía de Guantánamo pelo seu nome verdadeiro − “tortura” − é tão escandaloso quanto a recusa em chamar o genocídio de Ruanda de genocídio. A respeito dos presos no Iraque,disse o governo que foram objetos de “maus tratos” ou até de “humilhação” − isso foi o máximo que admitiu o secretário de Defesa Donald Rumsfeld, numa entrevista coletiva. E concluiu: “Portanto, não vou usar a palavra tortura”. As palavras podem ser utilizadas com eufemismo por duas razões, pelo menos: atendendo à delicadeza de quem as pronuncia, para não chocar desnecessariamente o interlocutor, ou encobrindo com má-fé o ato ignominioso, que se falseia para ocultar a responsabilidade de quem o praticou. Para uma escritora crítica como Susan Sontag, essas operações não se confundem jamais, e ela parece nos alertar para que também nós apuremos os ouvidos diante do que realmente dizem as palavras, ao descreverem um fato. (Sebastião Arruda Campos, inédito) 1. Afirma-se, no texto, que a pensadora Susan Sontag (A) desconfia das palavras porque sabe que elas costumam trair aquilo que alguém deseja de fato dizer. (B) sabe que as palavras são inequívocas quanto ao sentido que trazem no dicionário e incorporam no uso político. (C) subestima a importância das palavras, uma vez que ela julga os fatos pelo que são, e não pelo que deles se diz. (D) superestima a importância das palavras, ao acreditar que elas devam ser utilizadas com certo eufemismo. (E) acredita que o poder das palavras pode ser usado para toldar a natureza do fato que estão nomeando. 4


2 .Atente para as seguintes observações: I. Susan Sontag acredita que a palavra “genocídio” traduz uma violência que não se deve comparar à denotada pela palavra “tortura”. II. A violência das palavras costuma sobrepujar a violência dos fatos, razão pela qual os políticos são muito cautelosos em seu vocabulário. III. Ao afirmar que não usaria a palavra “tortura”, Donald Rumsfeld acaba por corroborar a tese expressa na primeira frase do trecho de Susan Sontag. Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. 3.Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: (A) com o fito de encobrir (1ºparágrafo) = por causa do desvelamento (B) a elipse mesma da palavra correta (1ºparágrafo) = a própria retificação do termo justo (C) podem ser utilizadas com eufemismo (3ºparágrafo) = deixam-se manipular pela imprudência (D) encobrindo com má-fé o ato ignominioso (3ºparágrafo) = ocultando maliciosamente a ação vil (E) que se falseia para ocultar a responsabilidade (3º parágrafo) = que se incrimina a fim de omitir a autoria 4.Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto: (A) Não tivessem as palavras um peso decisivo na determinação e qualificação dos fatos, a ninguém ocorreria valer-se delas para mascarar a realidade. (B) Quem deseja ocultar a verdade de um fato supõe que este seja sensível às palavras, razão pela qual estas são convocadas para traduzir-lhe diante de todos. (C) O emprego discriminatório das palavras pode até trazer benefício à quem o faça, mas certamente não colabora para com a verdade dos fatos a elas submissos. (D) O caso dos prisioneiros políticos do Iraque, do Afeganistão ou de Guantánamo, traduz bem a camuflagem com que se apresenta as palavras, quando de seu interesse. (E) Nem por eufemismo deveria-se confundir a delicadeza das palavras com a má-fé que as habita, mormente quando utilizadas por quem lhes reconhece o peso decisivo.

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Cultura de massa e cultura popular O poder econômico expansivo dos meios de comunicação parece ter abolido, em vários momentos e lugares, as manifestações da cultura popular, reduzindo-as à função de folclore para turismo. Tal é a penetração de certos programas de rádio e TV junto às classes pobres, tal é a aparência de modernização que cobre a vida do povo em todo o território brasileiro, que, à primeira vista, parece não ter sobrado mais nenhum espaço próprio para os modos de ser, pensar e falar, em suma, viver, tradicionais e populares. A cultura de massa entra na casa do caboclo e do trabalhador da periferia, ocupandolhe as horas de lazer em que poderia desenvolver alguma forma criativa de autoexpressão; eis o seu primeiro tento. Em outro plano, a cultura de massa aproveita-se dos aspectos diferenciados da vida popular e os explora sob a categoria de reportagem popularesca e de turismo. O vampirismo é assim duplo e crescente; destrói-se por dentro o tempo próprio da cultura popular e exibe-se, para consumo do telespectador, o que restou desse tempo, no artesanato, nas festas, nos ritos. Poderíamos, aqui, configurar com mais clareza uma relação de aparelhos econômicos industriais e comerciais que exploram, e a cultura popular, que é explorada. Não se pode, de resto, fugir à luta fundamental: é o capital à procura de matériaprima e de mão de obra para manipular, elaborar e vender. A macumba na televisão, a escola de samba no Carnaval estipendiado para o turista, são exemplos de conhecimento geral. No entanto, a dialética é uma verdade mais séria do que supõe a nossa vã filosofia. A exploração, o uso abusivo que a cultura de massa faz das manifestações populares não foi ainda capaz de interromper para sempre o dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se reproduz quase organicamente em microescalas, no interior da rede familiar e comunitária, apoiada pela socialização do parentesco, do vicinato e dos grupos religiosos. (Alfredo Bosi. Dialética da colonização. S. Paulo: Companhia das Letras, 1992, pp. 328-29)

5. Tomando como referências a cultura de massa e a cultura popular, o autor do texto considera que, entre elas, (A) não há qualquer relação possível, uma vez que configuram universos distintos no tempo e no espaço. (B) há uma relação de necessária interdependência, pois não há sociedade que possa prescindir de ambas. (C) há uma espécie de simbiose, uma vez que já não é possível distinguir uma da outra. (D) há uma relação de apropriação, conforme se manifestam os efeitos da primeira sobre a segunda. (E) há uma espécie de dialética, pois cada uma delas se desenvolve à medida que sofre a influência da outra. 6


6. Atente para as seguintes afirmações: I. No primeiro parágrafo, afirma-se que a modernização é determinante para a sobrevivência de algumas formas autênticas da cultura popular. II. No segundo parágrafo, a expropriação sofrida pela cultura de massa é vista na sua concomitância com o desprestígio da cultura popular. III. No terceiro parágrafo, aponta-se a resistência das manifestações de cultura popular, observadas em determinados círculos sociais. Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

7. Um mesmo fenômeno é expresso pelos segmentos: (A) poder econômico expansivo e socialização do parentesco. (B) aparência de modernização e forma criativa de autoexpressão. (C) aspectos diferenciados da vida popular e reportagem popularesca. (D) aparelhos econômicos e a dialética é uma verdade mais séria. (E) o dinamismo lento e se reproduz quase organicamente.

8. No 3o parágrafo, o autor vale-se do termo dialética para indicar (A) a dinâmica pela qual a cultura popular ainda resiste à cultura de massa. (B) a absoluta absorção que a cultura de massa impõe à cultura popular. (C) a contradição entre interesse econômico e a macumba na televisão. (D) o contraste entre manifestações populares e relações de vicinato. (E) o apoio que a cultura de massa acaba representando para a popular.

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Redação - A Dissertação Dissertação – estilo de texto em que se faz uma exposição de ideias ou se apresentam posicionamentos pessoais sobre determinados assuntos. No texto dissertativo não se criam personagens, nem diálogos; o que interessa é a realidade, é a exposição e/ou a discussão dos fatos, apresentando – se, ou não, a opinião individual sobre um assunto, tema ou problema apresentado. Dissertação expositiva Tem como objetivo expor, explicar ou interpretar ideias. Na dissertação expositiva, podemos explanar sem combater ideias de que discordamos. Por exemplo, um professor de História pode fazer uma explicação sobre os modos de produção, aparentando impessoalidade, sem tentar convencer seus alunos das vantagens e desvantagens deles. Mas, se ao contrário, ele fizer uma explanação com o propósito claro de formar opinião dos seus alunos, mostrando as inconveniências de determinado sistema e valorizando um outro, esse professor estará argumentando explicitamente. Exemplo Único bioma de ocorrência exclusiva no Brasil, que já ocupou 10% do território nacional, a caatinga experimenta um processo acelerado de desmatamento — que pode significar a desertificação do semiárido nordestino. Com 510 espécies de aves e 148 de mamíferos, a caatinga padece da ausência de uma política clara de conservação que estanque o processo de desflorestamento e ajude a impedir a formação de um deserto em pleno Nordeste, ameaça concreta diante do aquecimento global do clima no planeta. Quase dois terços da área sob risco de desertificação no Brasil estão na caatinga, que já teve, a exemplo do cerrado, aproximadamente metade de sua extensão, que é de 826.000 km², destruída. Jornal do Commercio (PE), 16/3/2010 (com adaptações). Dissertação argumentativa Procura persuadir o leitor ou ouvinte de que determinada tese deve ser acatada. Na dissertação argumentativa, além disso, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a nossa linha de raciocínio é coerente. Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apoia nos princípios da lógica, que não se perde em especulações vãs. As provas, por sua vez, servem para reforçar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos-exemplos, os dados estatísticos e o testemunho.

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Ex.: Para preservar a caatinga, será preciso mais do que fiscalização — sempre de difícil execução no país — ou mais do que a declaração de boas intenções. Um dos caminhos viáveis parece ser seguir a fórmula adotada na Amazônia, que possui 20% de seu território protegidos por lei. Na caatinga, esse percentual é de apenas 7%. A promessa do governo federal de utilizar metade do Fundo de Mudanças Climáticas para a recuperação do bioma e a perspectiva de criação de um Fundo Caatinga pelo Banco do Nordeste são notícias importantes, porém devem ultrapassar logo a fase dos discursos. A caatinga brasileira não tem mais tempo a perder. Idem, ibidem (com adaptações). Obs.: Num texto dissertativo-argumentativo o autor opina, explica, mostra, aponta, tenta convencer o leitor sobre o tema que está expondo e até interpreta suas ideias, defendendoas com argumentações.

Como fazer uma dissertação . Em se tratando de redação para concurso público, a modalidade escolhida pelas bancas é quase sempre a dissertação argumentativa. Como as provas de concursos, normalmente têm limite de trinta linhas, observe o seguinte: Faça a redação com quatro parágrafos, no mínimo, e seis parágrafos, no máximo. O ideal é que o texto tenha cinco parágrafos. assim distribuídos: a) Introdução (+/- 4 linhas – [ 1§] ) É a parte em que se apresenta a ideia principal, a tese, a qual deverá ser desenvolvida progressivamente no decorrer do texto. A ideia principal é o ponto de partida do raciocínio. A elaboração dessa etapa inicial exige boa capacidade de síntese, pois a clareza alcançada na exposição da ideia constitui uma das formas de obtermos a adesão do leitor ao texto. Ex: QUALIDADE DE VIDA É de conhecimento geral que a qualidade de vida nas regiões rurais é, em alguns aspectos, superior à da zona urbana, porque no campo inexiste a agitação das grandes metrópoles, há maiores possibilidades de se obterem alimentos adequados e, além do mais, as pessoas dispõem de maior tempo para estabelecer relações humanas mais profundas e duradouras.

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b) Desenvolvimento (+/- 5 linhas por parágrafo [ 2 ou 3 § ] ) A articulação de novos argumentos ocorre nesta etapa de elaboração do texto. No desenvolvimento, as informações sobre a matéria anunciada na introdução são analisadas, debatidas em confronto com informações integrantes do universo a que pertence o tema. Ex.: Ninguém desconhece que o ritmo de trabalho de uma metrópole é intenso. O espírito de concorrência, a busca de se obter uma melhor qualificação profissional, enfim, a conquista de novos espaços lança o ambiente urbano em meio a um turbilhão de constantes solicitações. Esse ritmo excessivamente intenso torna a vida bastante agitada, ao contrário do que se poderia dizer sobre os moradores da zona rural. Por outro lado, nas áreas campestres há maior qualidade de alimentos saudáveis. Em contrapartida, o homem da cidade costuma receber gêneros alimentícios colhidos antes do tempo de maturação, para garantir maior durabilidade durante o período de transporte e comercialização. Ainda convém lembrar a maneira como as pessoas se relacionam nas zonas rurais. Ela difere da convivência habitual estabelecida pelos habitantes metropolitanos. Os moradores das grandes cidades, pelos fatos já expostos, de pouco tempo dispõem para alimentar relações humanas mais profundas.

c) Conclusão (+/- 4 linhas [1 §] ) Esta parte, que é também chamada de desfecho, sintetiza o que há de mais relevante no conteúdo desenvolvido; o objetivo dessa retomada de conteúdos é registrar as considerações finais do autor sobre o tema. Ex.: Por isso tudo, entendemos que a zona rural proporciona a seus habitantes maiores possibilidades de viver com tranquilidade. Só nos resta esperar que as dificuldades que afligem os habitantes metropolitanos não venham a se agravar com o passar do tempo. OBS:- O texto dissertativo requer uma linguagem séria, exata, sem rodeios, porque o leitor tem que ser convencido pela força dos argumentos apresentados pelo autor, por isso deve ser objetiva.

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Apresentação visual da redação 01. Faça parágrafos distando mais ou menos dois centímetros da margem e mantenha-os alinhados. 02. Não ultrapasse as margens (direita e esquerda) e também não deixe de atingi-las. 03. Evite rasuras e borrões. Caso você erre, anule o erro com um traço apenas. 04. Apresente letra legível, tanto de forma quanto cursiva. 05. Diferencie bem as maiúsculas das minúsculas. 06. Evite exceder o número de linhas pautadas ou pedidas como limites máximos e mínimos. 07. Faça a redação com quatro parágrafos, no mínimo, e seis parágrafos, no máximo. Obs.: Quando os concursos pedem a construção de um texto em prosa, a banca examinadora quer um texto constituído por parágrafos, que não seja composto por versos.

Evitar numa dissertação 01. Ao terminar o texto, não autografe, nem coloque nada que possa identificar sua redação. 02. Prefira usar palavras de língua portuguesa a estrangeirismos. 03. Não use chavões, provérbios, ditos populares ou frases feitas. 04. Jamais use a primeira pessoa do singular, a menos que haja solicitação do tema (Ex.: O que você acha sobre o aborto - ainda assim, pode-se usar a 3ª pessoa) 05. Evite usar palavras como “coisa” e “algo”, por terem sentido vago. Prefira: elemento, fator, tópico, índice, item, etc. 06. Repetir muitas vezes as mesmas palavras empobrece o texto. Lance mão de sinônimos e expressões que representem a ideia em questão. 07. Só cite exemplos de domínio público, sem narrar seu desenrolar. Faça somente uma breve menção. 08. A emoção não pode perpassar nem mesmo num adjetivo empregado no texto. Atenção à imparcialidade. 09. Evite o uso de etc. e jamais abrevie palavras. 10. Não analisar assuntos polêmicos sob apenas um dos lados da questão.

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A Introdução A introdução da dissertação traz ao leitor o tema a ser discutido além de, muitas vezes, trazer sob qual ângulo a questão será discutida. Dessa forma, é ela quem provoca no leitor o primeiro impacto, é ela a apresentação de seu texto. Há várias boas maneiras de começar uma dissertação. As formas abaixo são algumas possíveis, mas, certamente, não são as únicas. Trabalharemos com o seguinte tema como exemplo: “A questão do menor no Brasil”

01. Roteiro Neste tipo é apresentado ao leitor o roteiro de discussão que será seguido durante o desenvolvimento. No exemplo abaixo, o roteiro escolhido foi a avaliação de causas e consequências. Ex.: Quando a sociedade discute a situação do menor no Brasil, um dos pontos de maior preocupação são as agressões e abusos físicos sofridos por eles. Para se analisar a questão da violência contra o menor no país é essencial que se discutam suas causas e suas consequências.

02. Hipótese Este tipo de introdução traz o ponto de vista a ser defendido, ou seja, a tese que se pretende provar durante o desenvolvimento. Evidentemente a tese será retomada – e não copiada - na conclusão. Vejamos um exemplo para o mesmo tema: Um dos assuntos que mais preocupa as autoridades brasileiras é a questão da violência contra o menor. Esse problema tem origem, principalmente, na miséria - responsável pela desagregação familiar.

03. Perguntas Esta introdução constitui-se de uma série de perguntas sobre o tema. Ex.: Muito se tem discutido a respeito da situação social do menor brasileiro. É possível imaginar o Brasil como um país desenvolvido e com justiça social enquanto existir tanta violência contra o menor? Quais são os agentes causadores desse processo? Que medidas podem ser tomadas para a solução dessa triste realidade? 12


04. Refutação Contesta uma ideia ou uma citação conhecida, ou seja, põe em questionamento um juízo ou opinião consagrados pela tradição popular. Ex.: Apesar de muitos acreditarem que a criança é o futuro de um país, no caso brasileiro esse porvir está negativamente comprometido, uma vez que aqui muitos menores vivem em condições socioeconômicas adversas. Fome, violência física, abandono, escassez de escolas, doenças são algumas das dificuldades enfrentadas por eles. Diante desse quadro, como se pode falar em futuro para crianças que, em muitos casos, nem atingirão a maioridade? Expressões que podem ser utilizadas para iniciar a introdução: É de conhecimento geral que ... Todos sabem que, há tempos, observa- se ... Muito se debate,hoje em dia,... É de fundamental importância o... É indiscutível que ... É inegável que ... Muito se discute a importância de ... Comenta-se, com freqüência, a respeito de ... Não raro, toma-se conhecimento, por meio de ... Apesar de muitos acreditarem que .... (refutação) Ao contrário do que muitos acreditam ... (refutação) Pode-se afirmar que, em razão de ...

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Exercício: Veja a definição que o Dicionário Aurélio Eletrônico oferece sobre os conceitos de “ democratização”, “cidadão” e “cidadania”: DEMOCRATIZAR -[Do gr. demokratízein.] V. t. d. 1. Levar à democracia; tornar democrático ou democrata. 2. Pôr ao alcance do povo; popularizar. CIDADÃO - [De cidade + -ão2.] S. m. 1. Indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este. 2. Habitante da cidade. 3. Pop. Indivíduo, homem, sujeito

CIDADANIA - [De cidadão + -ia1, seg. o padrão erudito.] S. f. "Qualidade ou estado de cidadão. Comenta-se, com freqüência, a respeito de ... Não Um dos problemas que ocorre com alguns candidatos, no momento de fazer a redação, é interpretar erradamente o tema proposto pela banca. Isso acontece, muitas vezes, por falta de conhecimento do assunto, ou até do significado de uma ou mais palavras da proposta. Por isso é preciso valorizar a leitura de jornais, revistas, textos informativos e didáticos, enfim. Deve-se ter atenção ao fato de que uma mesma palavra pode ter mais de um significado e, dessa forma, deve-se analisar detalhadamente o tema. Reflita sobre ele antes de escrever.

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Elabore uma introdução dissertativa sobre o seguinte tema: “A democratização do acesso a uma educação de qualidade é um dos meios mais eficazes para chegarmos a um estado de cidadania plena.”

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