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ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL
Jovens e a Construção de Projetos de Vida - O papel emancipador da
Animação Sociocultural
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Pedro Martins
Resumo
Neste artigo pretende-se refletir sobre a capacidade da animação sociocultural no
trabalho com jovens, mais propriamente no campo da transformação identitária e na
construção de projetos de vida.
Realiza-se uma abordagem social ao conceito juventude e seus elementos,
identificando parte dos desafios inerentes ao período da adolescência que ocorrem em
grande maioria no contexto escolar. Considera-se que esta fase de vida dos jovens é
composta por vários desafios ao nível da tomada de decisão em transições específicas
na sua adolescência. O que leva os jovens numa procura incessante da sua própria
definição.
Adicionalmente, reveem-se as capacidades da animação sociocultural em trabalhar
tanto no contexto escolar como comunitário, recorrendo a metodologias de educação
não-formal como num meio participativo e empoderador.
Assume-se a animação sociocultural como uma estratégia de trabalho com jovens,
através do seu cariz participativo e educador, podendo ter um impacto transformador
e emancipador na arquitetura dos projetos de vida, fazendo dos jovens os próprios
agentes de mudança.
Palavras-chave: Animação Sociocultural, Juventude, Transformação identitária, Projetos de vida.
Abstract
In this article, we intend to reflect on the capacity of sociocultural animation in
working with young people, more specifically in the field of identity transformation and
in the construction of life projects.
A social approach is made to the concept of youth and its elements, young people,
identifying part of the challenges inherent to the period of adolescence that occur in
the vast majority in the school context. It is considered that this stage of life of young
people is composed of several challenges, in terms of making choices in specific
transitions in their adolescence, which leads young people, in an incessant search for
their own definition.
In addition, we review the capacities of socio-cultural animation to work in both the
school and community context, using non-formal education methodologies as a
participatory and empowering means.
Sociocultural animation is assumed as a strategy of working with young people,
through its participative and educating nature, which can have a transformative and
emancipatory impact on the architecture of life projects, making young people them
selves agents of change.
Key concepts:
Sociocultural animation, Youth, Identity transformation, Life projects.
Introdução
Este artigo apresenta-se como uma reflexão acerca do papel da animação sociocultural
no campo da juventude, mais especificamente, no trabalho de capacitação e
construção dos projetos de vida dos jovens. Através de um aprofundamento teórico na
área da juventude e na transformação identitária, procura-se neste artigo cruzar esse
trabalho com os princípios e formas de atuar da animação sociocultural, refletindo
assim sobre os seus contributos.
As motivações para a redação deste artigo resultam do interesse epistemológico sobre
o conceito de juventude, cruzando com a área de formação de base em animação
sociocultural (vertente socioeducativa).
A juventude enquanto temática de estudo científico apresenta-se em constante
mudança e as diversas abordagens conceptuais e epistemológicas que existem, fazem
com que o grupo social representativo, os jovens, passe a ser um elemento bastante
complexo em análise. No entanto, sabe-se que têm sido várias as técnicas,
metodologias e mesmo filosofias que são usadas, cruzadas e complementadas para
trabalhar com jovens em várias dimensões.
No processo de socialização de um jovem, este passa por uma transformação ao nível
identitário e social a vários níveis, passando pela educação escolar e não escolar (Vieira,
1998). Neste caso, coloca-se em análise a possibilidade da animação sociocultural,
como uma ferramenta transformadora e transversal, poder ser um instrumento de
empoderamento, de consciencialização das opções sociais e culturais que a trajetória
de vida oferece e de capacitação para a construção de projetos de vida pessoais.
Ao longo das suas trajetórias sociais, os jovens experienciam vários contextos, fazem
trocas culturais, vivem choques de cultura e momentos de incerteza, e, por essas
razões, os seus projetos de vida ficam por vezes reféns de dilemas, nem sempre fáceis de resolver. É a este exercício de análise que o texto se dedica. No sentido de
contribuir para um debate sobre algumas bases teóricas, no estudo sobre os jovens e,
no processo de transformação identitária. Bem como na reflexão sobre o papel de
animação sociocultural como uma via emancipadora.
Jovens e a Construção de Projetos de Vida
O conceito juventude é nos dias de hoje estudado em diversas perspetivas e a vários
níveis. São vários os autores que observam tanto como grupo social como também
uma fase da vida. Assim, apresenta-se como uma tema complexo, sendo alvo de
diferentes olhares científicos, o que leva a ser um tema em contínua mudança
devido à transformação suscetível deste grupo social e, a influências e interações
diversas. Tais como: históricas, culturais e geracionais. Daí ser importante referir
este aspeto com o objetivo de afirmar que este é um desafio na identificação de
metodologias socioeducativas no trabalho com jovens.
Para além do conceito juventude que sociologicamente se tem afirmado como uma
definição complexa, assumindo-se por um lado como uma fase da vida e, por outro,
como uma categoria social (Pappámikail, 2010; Pais, J. M., 1990; Vieira, M. 2016;
Ferreira, V., 2017). O conceito de juventude é composto por identidades e, nesta
ótica, direciona-se a perspetiva deste artigo sobre os jovens em duas linhas:
Por um lado, identificando a diversidade inerente às experiências de vida dos jovens
que no fundo são parte da construção de identidades, tal como Vieira, R. (2019)
indica:
A construção de identidade consiste, neste sentido, em dar significado consistente e
coerente à própria existência, integrando as suas experiências passadas e presentes,
com o fim de dar um sentido ao futuro. Trata-se de uma incessante definição de si
próprio (Vieira, 2019, p. 44).
Por outro lado, é necessário refletir sobre o conceito de projeto que, se relaciona com
a temática da juventude e é defendido por Boutinet (1990) considerando que este
serve para definir as condições de escolha e de orientação que se colocam nas
etapas-chave da existência.
A própria construção identitária é parte da construção do projeto de vida do jovem,
estando conectada à relação com o outro numa ótica coletiva e transversal,
mergulhando em diferentes realidades, compondo assim, um projeto com diversas
influências sociais e culturais. Apresenta- se como um processo dinâmico e não
apenas estrutural. No fundo, um processo de “autoformação” (Vieira, 2009).
Com o contributo de Vieira (2009), podemos refletir sobre o peso que a
autoformação tem na construção da identidade. Não querendo minimizar a
importância da heteroformação, ou seja, do papel dos outros na construção do nosso
ser, cabe ao sujeito definir a sua identidade perante as suas escolhas relativamente
ao que tem vivenciado em conjunto com estas duas fontes de formação.
Na adolescência, os processos referenciados ocorrem em constante relação. Ao nível
da heteroformação, Vieira, M. & Pappámikail (2017) debruçam-se sobre a
identidade coletiva, onde as linguagens culturais de grupo que servem de pertença,
ou seja, códigos e linguagens acentuados numa marca grupal e geracional catalogam desta forma as identidades juvenis. É uma perspetiva a sublinhar, pelo peso que a
influência do grupo tem nesta fase de vida específica que é a adolescência.
Na construção do sujeito ocorrem diversas transições (Gil Calvo, 2011) que
contribuem para a construção da identidade do jovem através de transformações
existentes e que são externas ao mesmo. A transição do ensino básico para o
secundário, a transição de um grupo de amigos ou outra qualquer a nível social são,
no fundo, transformações vividas pelo jovem que fazem com que a construção
identitária seja um trabalho de descoberta contínua, tal como refere Vieira (2019)
“uma incessante definição de si próprio”.
Ao nível do contexto espacial que contribui para os processos já mencionados de
construção identitária e de projeto de vida, a juventude como condição etária e
cultural constrói-se sobre uma maior participação no contexto escolar, face ao
tempo que está predestinado ao ensino, tendo como efeitos uma modernização na
vivência familiar e social do jovem.
No fundo, é no espaço escola que os jovens passam grande parte do seu tempo.
Olhar a escola como um espaço de socialização é ter um olhar complexo sobre o
jovem, a sua identidade, as suas escolhas e a própria construção do projeto de vida.
São diversos os elementos que estão envolvidos na construção e transformação
identitária do jovem, sendo também elementos constituintes do seio escolar.
A construção de um projeto de vida, tema que serve de base para a reflexão do
recurso à animação sociocultural como metodologia facilitadora a este processo,
começa a ser estimulada no espaço/tempo escola. Através das escolhas escolares e
vocacionais que, no fundo, são forçadas na transição do ensino básico para o ensino
secundário, onde “os indivíduos são convidados a projetar-se no futuro e a fabricar a
sua própria biografia” (Vieira, M. 2016, p.134).
Como bem assinala a autora, jovens que vivem esta fase transitória, ao longo do
processo de escolha, vivenciam simultaneamente um duplo processo de crescimento
e amadurecimento, em que uma identidade ainda muito provisória sofre um
diagnóstico hesitante.
Segundo Breviglieri (2007, citado por Vieira, M. 2016, p. 135) “a adolescência tende a ser um período em que as experiências ancoradas no presente, baseadas na
exploração e no desejo de arriscar, prevalecem face a planos envolvendo um
futuro longínquo.”. É neste período
específico, na adolescência, que o processo de escolhas é submisso a uma crise de
identidade, ou seja, a um processo de mudança e transformação, aliado ao de
reflexão e observação, levando a optar por uma ou outra direção.
Entende-se que a passagem pela adolescência é acompanhada por transições
ocorridas no contexto escolar, o que é naturalmente desafiante para os jovens.
O convite inconsciente para começar a projetar o futuro provém das escolhas feitas
no presente, o que abre portas à prática de uma autonomia individual. Esta
autonomia “implica escolhas permanentes entre várias opções, aos mais diversos
níveis de existência: estilos de vida, identidades, relações sociais…” (Vieira, M. 2016, p. 136).
Neste exercício pessoal, os jovens desenvolvem competências que os colocam
perante “um cenário de incerteza e de ansiedade, que decorre juntamente do facto
de a contemporaneidade oferecer um mundo feito de escolhas” (Leccardi 2006, citado por Vieira, M. 2016, p.136).
As fases de transição que ocorrem ao longo da adolescência no contexto escolar,
seja no final do ensino básico, seja no final do ensino obrigatório, são fases que se
apresentam como um culminar de experiências, escolhas, certezas e incertezas. São
um processo de amadurecimento, dentro do decurso da sua escolaridade. O que
leva os jovens a desenvolver um autoconhecimento, surgindo ainda mais dúvidas.
Reveja-se seguinte observação:
No quadro particular da construção de trajetórias escolares e da construção de
projetos de futuro verifica-se que o convite (institucional) à construção (precoce) de
um projeto de vida confronta os jovens adolescentes com inúmeras incertezas
biográficas, num momento em que eles próprios se encontram num processo
(hesitante, dubitativo) de conhecimento de si (Vieira, M. 2016, p. 143).
Este conhecimento de si, como refere Vieira, M. (2016), pode ser definido segundo
Malik, L. (2003) como a auto perceção das experiências acumuladas pelo indivíduo
ao longo do processo de construção de si próprio. Ao longo da experiência escolar
que o jovem vivencia, todas as experiências se relacionam com o seu percurso, em
conjunto com a vida social e familiar que este contém na sua génese. Desta forma,
torna-se num processo de autodescobrimento onde a construção identitária é
inerente ao longo da trajetória.
Animação Sociocultural no trabalho com jovens
Debruçando este trabalho sobre a Animação Sociocultural (ASC) na ótica do trabalho
com jovens, neste artigo pretende-se analisar as potencialidades da ASC enquanto
ferramenta, metodologia e filosofia para uma capacitação juvenil, ao nível do
processo da construção identitária e do projeto de vida.
Assume-se a animação sociocultural como uma metodologia de intervenção social e
de pedagogia participativa, tanto em contextos formais como não-formais. Para
além disso, faz parte desta metodologia a promoção para a participação do próprio
grupo, neste contexto, os jovens, fazendo deles os próprios autores dos seus
projetos e da sua mudança.
De modo transversal, Jaume Trilla (1998) descreve ASC como um conjunto de ações
executadas por indivíduos, grupos ou instituições numa comunidade (ou num sector
da mesma) e dentro do campo de ação de um território concreto, com o objetivo
primordial de impulsionar nos seus membros uma postura de participação ativa no
decurso do seu próprio desenvolvimento social e cultural.
No trabalho com jovens, podendo este ser desenvolvido em paralelo com o projeto
escolar, num contexto também ele formal como não-formal e informal. A animação
sociocultural entra nesta relação com uma dimensão também educativa mas, numa
modalidade participativa, à qual se remete para o uso de metodologias de educação
não-formal. Assume-se desta forma a vertente socioeducativa como pedagogia de
educação, neste caso, não-formal, em que o objetivo passa pelos jovens serem
protagonistas do processo (Viveiros, 2014).
A Animação Socioeducativa – é definida por Pérez (2006) como uma forma de
animação que procura essencialmente a educação do e no tempo livre das crianças,
jovens e também adultos, por via do jogo e das atividades aprazíveis em grupo. Esta
animação educativa ou pedagógica trabalha no sentido de desenvolver a motivação
para a formação contínua, recorrendo a métodos ativos e técnicas de participação
nos procedimentos de ensino aprendizagem.
Para além disso, apresenta-se como uma metodologia que atua de forma
estruturada e pronta adaptar-se.
“A animação é um estilo educativo entre os muitos existentes na tarefa educativa
das sociedades contemporâneas: pressupõe uma intencionalidade (objectivos
educativos), uma operacionalização dos objectivos através de um modo específico
de intervir (estratégias educativas) e um processo sucessivo com acções graduais
(itinerário educativo) ” (Jardim, 2002:29). No ponto seguinte, aprofundar-se-á a aplicabilidade adaptada desta metodologia
para o trabalho na capacitação da construção identitária e do projeto de vida.
O papel da Animação Sociocultura na construção de projetos de vida
O espaço de atuação da animação sociocultural pode ser assumido tanto no
contexto formal como no não-formal. O cruzar de metodologias e o possível
complemento à instituição escola, dá à animação sociocultural um papel mais
preponderante na dimensão educativa e, consecutivamente, ao nível da capacitação
juvenil. Partilha-se da mesma ótica que Viveiros (2014) identificando a animação
sociocultural como uma dinâmica socioeducativa, onde o animador deve ser um
facilitador de espaços de encontro e atividades que propiciem a liberdade dos jovens
e a aprendizagem pela responsabilidade individual.
Ao nível da construção identitária e do projeto de vida dos jovens, perspetiva-se que
o papel da ASC passe pela preparação para uma socialização mais participativa e
autónoma capaz de desenvolver nos jovens ativamente os seus projetos de vida, de
forma consciente e com mais certezas do papel de cada um na sociedade.
No fundo, tal como Viveiros (2014) identifica no seu artigo “A dimensão sociopolítica
da animação sociocultural no memorando europeu para as políticas de juventude”, o autor identifica na ASC, através das ações apresentadas, um papel importante na
potencialização e desenvolvimento de competências sociais e pessoais na juventude.
O mesmo relembra que a “animação é complementar à educação
não-formal” (Viveiros, 2014), o que gera aprendizagens nesse contexto educativo, através de
dinâmicas de participação em atividades onde os jovens são os protagonistas. Nesta
visão, as possibilidades de aplicação da ASC tornam-se ilimitadas. O cruzamento de
temáticas como os direitos humanos, a participação cívica, o associativismo ou até o
empreendedorismo, são áreas que têm capacidade de enriquecer o papel da ASC no
trabalho com jovens, semeando competências para um melhor crescimento a nível
social e comunitário.
Poder-se-á acrescentar que mais do que possibilitar aprendizagens, existe espaço
para a própria desocultação e reconhecimento de aprendizagens e competências,
estimulando a reflexão sobre essas próprias aprendizagens, o que confere aos jovens
uma maior autoconfiança.
As metodologias de educação não-formal assumem um modelo pedagógico
centrado nos participantes, através de uma abordagem participativa, reflexiva,
experiencial e transformadora. Esta metodologia é, na sua essência, estimulante face
ao exercício introspetivo que se desenvolve em cada jovem, sendo um meio
facilitador do desenvolvimento pessoal.
Segundo Menchén (2006), a educação não formal desenvolve-se fora dos contextos
educativos (mas que nem sempre significa que se desenrola fora da escola enquanto
espaço), o que denota a inexistência de um currículo, sendo que a elaboração das
atividades são centradas no próprio educando, até porque, a sua participação neste
processo é também fulcral.
Desta forma, a animação sociocultural e educativa pode ser identificada como uma
estratégia de trabalho com jovens na construção de projetos de vida. Tendo como
objetivo emancipar jovens a participarem ativamente na construção dos seus
projetos de vida, contribuin-do para uma melhor preparação face aos desafios da
socialização e de crescimento social. Estes que são representados por um conjunto
de pressões intrínsecas e extrínsecas que moldam a transformação identitária e a
tomada de decisões com impacto futuro, representadas por três forças.
Falamos da pressão social (e/ou familiar) para que o/a jovem cumpra com as
expetativas em relação ao mercado de trabalho, da pressão para que se molde (e
não que irrompa) às normas sociais pré-estabelecidas quanto ao papel de um futuro
adulto e, por último, mas de extrema importância, das suas próprias expetativas e
identidades (Mandelli, Soares & Lisboa, 2011).
Sendo assim, acredita-se no papel da animação sociocultural no trabalho sobre o
autoconhecimento e a transformação identitária, pois facilita a compreensão do sujeito e a sua integração no processo de escolha. É, também, essencial promover a
capacidade de identificar e desenvolver competências, bem como de as reconhecer
como transversais e passíveis de converter e aplicar em vários domínios e contextos.
Esta é uma necessidade presente na sociedade no que toca aos jovens de hoje.
Reflexões finais
O percurso desta análise exploratória debruçou-se sobre o papel da animação
sociocultural no campo da juventude. Com isto, pretendeu-se refletir sobre possíveis
cenários de aplicação para a animação sociocultural, abrindo janelas para novos
cenários de reflexão, contribuindo para o enriquecimento do papel da ASC.
Queremos salientar para o facto da animação sociocultural não ser apresentada aqui
como uma prática resolutiva de qualquer problemática mas sim, transformadora e
emancipadora, podendo fazer parte com outras metodologias para um trabalho
mais completo e transversal. Seja no campo da educação, seja no campo social e
comunitário, esta é uma breve apresentação onde a animação, através das suas
técnicas de educação não-formal e todos os seus princípios e valores, pode ter
espaço para o trabalho com jovens.
Não se pretendeu fazer uma revisão teórica nem uma análise conceptual sobre a
animação sociocultural mas sim, um questionamento de novos contextos e
aplicabilidades onde a animação sociocultural tem espaço para tal.
Apesar de ser um trabalho desenvolvido numa ótica exploratória, convém deixar
assente “alguns” aspetos relevantes:
Ao longo do período da adolescência, os jovens enfrentam diversos desafios que
envolvem a transformação identitária através da influência de forças tanto
intrínsecas como externas. Daí que o trabalho com jovens ser importante tendo em
vista uma geração mais capacitada e moldada aos desafios da sociedade atual.
Grande parte do desenrolar da transformação identitária é ocorrida em contexto
escolar, devido ao tempo que os jovens dedicam ao ensino e à aprendizagem, pelo
que a escola deve ser vista como um espaço complexo, como um “microcosmos da sociedade” (Vieira, A. 2013). Daí que a própria instituição deve estar recetiva à presença de profissionais da área da animação sociocultural, que através de
metodologias de educação não-formal, são capazes de se adaptar ao contexto
formal como não-formal, trabalhando em conjunto com outras áreas de ação e
intervenção presentes na escola.
É esta a capacidade de adaptação multidimensional que faz com que a ASC, mais
uma vez, demonstre ser por um lado uma estratégia contribuindo para construção
de planos de intervenção participativos, educativos e ativos e, por outro lado, ser
também um conjunto de técnicas que leve os profissionais que trabalham com
jovens, tanto em contexto escolar como comunitário, a serem capazes de criar uma
relação construtiva e transformadora no trabalho com os seus grupos.
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