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A vez das patroas
by Alerj
EMPREENDEDORISMO
A vez das PATROAS
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A EMPRESÁRIA INGRID Gomes começou no ambiente virtual e hoje tem loja de móveis em Madureira
Mulheres comandam 38% dos negócios e contam com políticas públicas de incentivo
TEXTO CAROL SILVA E LÍBIA VIGNOLI FOTOS JULIA PASSOS
Aempresária Ingrid Gomes, de 28 anos, deu uma guinada na vida quando assumiu o papel de empreendedora. Única mulher no ramo do varejo de móveis no estado do Rio de Janeiro, e também a mais jovem, a “Patroa dos Móveis”, como é conhecida no segmento, enfrentou o desafio de ser bem-sucedida num ambiente dominado por homens. Uma realidade que vem sendo experimentada por um número cada vez maior de mulheres. Segundo dados do
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae-RJ), elas já são 38% dos empreendedores no estado, sendo que 92% trabalham por conta própria e 8% são empregadoras.
A estimativa é de que o Rio tenha dois milhões empreendedoras, das 28 milhões em todo o país. Mãe, esposa e apaixonada por artes e artigos de decoração, Ingrid já usava os canais on-line para realizar suas vendas. “Nunca fiz outra coisa na minha vida a não ser trabalhar com móveis. Iniciei, há 12 anos, como vendedora em lojas. Fiz alguns cursos de marketing de influência e criei uma equipe de vendas on-line, com divulgação por redes sociais e plataformas
Ingrid Gomes Empresária conhecida como "Patroa dos Móveis"
EMPREENDEDORISMO
de comércio eletrônico”, lembra a empresária, que, em meio à pandemia de covid-19, saiu do anonimato e decidiu ter seu próprio CNPJ. Empreender, de maneira geral, já é desafiador. Mas os obstáculos são ainda maiores para as mulheres, que ainda enfrentam o acúmulo da rotina doméstica, da criação dos filhos e a falta de confiança do mundo dos negócios. Reconhecendo esse pano de fundo, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, em 2020, a criação de uma Política Estadual de Empoderamento da Mulher, para fomentar mecanismos de apoio institucional ao empreendedorismo feminino e estabelecer uma liderança corporativa sensível à igualdade de sexo (Lei 8.780/20).
“Eu sou mulher, jovem e o setor é muito machista. O maior desafio foi fazer com que as pessoas aceitassem e confiassem em uma mulher dentro do ramo. Houve preconceito e, sobretudo, muita dúvida da minha capacidade. Tive que me ausentar um pouco mais de casa e estar menos com o meu filho para dar conta das demandas da loja”, conta Ingrid.
APOIO MÚTUO Bem no espírito do “quem sobe, puxa outra”, empreendedoras de sucesso têm divulgado suas experiências como forma de inspirar e dar confiança às que estão começando. Esta é a motivação da empresária Camila Farani, presidente da G2 Capital, e fundadora da “Ela Vence”, parceria de conteúdo para o desenvolvimento de lideranças femininas. “Queremos estar perto, apoiando as empreendedoras e também nos unindo a outros hubs para, juntas, ganharmos força a partir das conexões criadas, e impactarmos mais mulheres”, conta Camila. Homenageada pela bancada feminina da Alerj, em março, a empresária Luiza Trajano, fundadora do Magazine Luiza, é uma das 40 criadoras do grupo Mulheres do Brasil, que conta com mais de 22 comitês e 110 núcleos de trabalho no país e no exterior. A instituição atua na capacitação de empreendedoras e na projeção de mulheres candidatas a cargos políticos. Políticas públicas também vêm sendo estabelecidas para estimular as que se lançam no mundo dos negócios. A Lei 9.303/21 propõe o ensino do empreendedorismo nas escolas e universidades, além de acesso facilitado e prioritário para as mulheres em cursos de capacitação. Instituído em 2019, o Sebrae Delas oferece formação, além de estimular a sensibilização e articulação de atores estratégicos relacionados ao empreendedorismo feminino. O programa já atendeu 2,2 mil empresárias, que
Camila Farani Presidente da G2 Capital recebem orientação e encontram o ambiente adequado para compartilhar anseios e dúvidas. “Quando entrei no mercado de trabalho, eu me esforçava para mostrar que era boa. Por isso, hoje, eu faço de tudo para acolher as pessoas que estão chegando na empresa e tirar todas as dúvidas. É um grande prazer ensinar quem está chegando. Sempre que posso, apresento mulheres que começaram como microempreendedoras para que contribuam com suas experiências. E falo para as que estão começando: “quando estiverem no topo, façam o mesmo, apoiem umas às outras”, conta analista do Sebrae-RJ e gestora do Sebrae Delas, Renata Roqui. As mulheres representam 70% do público que busca o Sebrae-RJ para implementar os seus negócios. Em comum, elas têm a busca de melhores condições para a família, sobretudo para os filhos, e se diferenciam pela preocupação com o bom ambiente de trabalho para os funcionários. “Assim, vai girando a economia do seu bairro como um todo. Se investirmos mais em mulheres empreendendo, a tendência de melhora no nosso país é bem significativa”, diz Renata.
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