PTAH
(DIGA PITÁ)
EDIÇÃO DE JUNHO
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EDIÇÃO DE JUNHO MINIMALISMO
PTAH ANO 1 - JUNHO 2012
Aléssio Perez e Vítor Guimarães - Edição Aléssio Perez - Direção de Arte Carlos Mota - Colunista
Projeto apresentado como Trabalho de Conclusão da Disciplina Teoria da Comunicação I - CSO1C - ESPM 2012-1
Sobre Editorial 2 Expediente 2 Som 3 Nova York, Viking, Explosões no Céu.
Editorial PTAH: Para os egípcios da antiguidade, foi PTAH quem criou o mundo, tendo sonhado com a criação e depois a concretizado.
Aléssio Perez
Deus da criação, das artes e da fertilidade.
Arte Visual 5 Mondrian: Traço e cor.
PTAH significa a libertação da alma em relação ao corpo
Aléssio Perez e Vítor Guimarães
Da arte existem inúmeras vertentes.
Literatura 7 O Minimalismo presente na obra de Pablo Neruda: O modernismo e simplicidade crítica. Carlos Mota
Cinema 9 O Minimalismo de/em Robert Bresson. Vítor Guimarães
Misc 11 Pôsteres e Minimalismo: Viktor Hertz.
EDIÇÃO DE JUNHO - MINIMALISMO: Em contraponto às inúmeras técnicas ditas aprumadas, desenvolvidas durante séculos, com todo o seu excesso, a verborragia, o excesso de cores, as progressões infinitas da música clássica e do progressivo, o minimalismo. As repetições geométricas em simetria e em melodia, Elaborar as obras com o mínimo de recursos. Menos cores, menos palavras, mas tantos significados quanto (ou mais). Construtivismo. Vanguarda russa. Modernismo. E o que mais pode vir. Dos poemas-pílula às repetições denunciatórias do Kraftwerk e
Aléssio Perez e Vítor Guimarães
das bandeiras de Volpi até os filmes de Robert Bresson.
Foto 15
Menos pode ser bem mais.
O Mínimo pelo máximo. O máximo pelo mínimo.
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som Nova York. Viking. Explosões no Céu. Por Aléssio Perez
N
ova York, década de 1940, Um jovem compositor decide, deliberadamente, fazer das ruas sua moradia, compondo um estilo musical fortemente marcado por repetições e um característico pulsar, estilo esse
que seria “oficializado” na década de 1960, nos Estados Unidos, nas cidades de São Francisco e Nova York, como um estilo experi-
mental conhecido como “New York Hypnotic School”, que se desenvolveu a ponto de se tornar o estilo de música experimental mais popular de todo o século XX. A música minimalista se caracteriza pela repetição (de frases ou células musicais, durante toda a música), pela consoânsia sonora, e por seu pulso marcante.
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Como principal expoente do minimalismo musical nos Estados Unidos, podemos citar Philip Glass, um dos compositores mais influentes do final do século XX, e que não é apreciador do rótulo “minimalista”. Atua compondo nas mais diversas áreas de produção musical, sendo creditado por óperas, trilhas sonoras de filmes, sinfonias e concertos. Em relação ao Brasil, Glass realizou trabalhos como a trilha sonora do filme “Nosso Lar, sobre o livro de mesmo nome escrito por Chico Xavier, além de sua controversa obra “Itaipú”, que recebeu críticas de ambientalistas por ter como tema a usina hidrelétrica de mesmo nome; e Steve Reich, ganhador do Grammy de melhor compositor contemporâneo, possuindo uma vasta obra, que
conta com desde óperas até composições para palmas, microfonia, e sons de gravadores de fita. Na europa temos como principal representante do estilo o compositor Michael Nyman, cuja obra é, inclusive, responsável pelo surgimento do termo “minimalismo” sendo relacionado à música. A música minimalista invade o território popular em estilos musicais como o Krautrock dos anos 1970, da banda Kraftwerk, e está presente até mesmo em conhecidos nomes da música como King Crimson, Brian Eno, e Robert Fripp. Nos anos 1990 o minimalismo musical busca território na música eletrônica, influenciando estilos como o Trance e o Techno, além de presente em melodias de bandas como U2.
s
Moondog
Cartaz da banda Explosions In The Sky É tambem nos anos 1990 que surge o principal expoente do movimento na atualidade. Um estilo conhecido como Post Rock, de bandas como Tortoise, Slint e Talk-Talk. Atualmente o minimalismo, atuando pelo Post Rock, tem como principais representantes os texanos de Explosions in the Sky, os escoceses de Mogwai, e os islandeses de Sigur Rós, além de bandas menos conhecidas como God is an Astronaut e Fly Pan Am. O post rock é geralmente in-
strumental, com excessão de algumas bandas como Mogwai, que usa vocais tradicionais, e Sigur Rós, que decidiu usar vocais apenas como mais um instrumento, não se utilizando de letras, apenas de melodias vocais. Dessa forma, o minimalismo musical busca os mesmos princípios do movimento expresso visualmente. A utilização da música na sua forma mais simples, e no entanto, visando atingir a emoção em sua forma mas profunda
Dosagem Mínima Recomendada - CD 1 - Viking 1 - Moondog - O surgimento da Música Minimalista 2 - Metamorphosis Two - Philip Glass - Minimalismo “Clássico” Parte 1 3 - Different Trains - Steve Reich - Minimalismo “Clássico” Parte 2 4 - The Promisse - Michael Nyman - Minimalismo Europeu 5 - Das Model - Kraftwerk - Krautrock e Kraftwerk, década de 1970 6 - O Superman - Laurie Anderson - Minimalismo dos anos 1980 7 - Everglade - Tortoise - Minimalismo e Post Rock dos anos 1990 8 - Your Hand in Mine - Explosions in the Sky - Post Rock dos anos 2000 9 -Syndir Guðs (Opinberun Frelsarans) - Sigur Rós - Post Rock Europeu Faixa Bonus - 1989 - Aléssio Perez - Post Rock brasileiro
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arte visual Mondrian: Traço e Cor Por Aléssio Perez e Vítor Guimarães
O
minimalismo nas artes visuais é conhecido também como arte mínima, arte literal ou arte ABC. Por mais que seu conceito tenha surgido nos anos ’60, já existiam nuances minimalistas em outros artistas do passado.
Mondrian.
e futuristas nas obras de Mondrian.
Pouco mais d’uma dúzia de traços e algumas cores. Mas em suas obras, inúmeros – senão infinitos – significados. Conversando com a história da arte, podemos analisar seus traços sempre simétricos, conversando, contendo espaços coloridos. Sua concisão e exatificação de traços e toques, que, ao tentarmos desconstruílos, não conseguimos entender qual traço foi dado primeiro, dadas as inúmeras sobreposições.
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Os intervalos simétricos e multiplicação de figuras geométricas (em proporção, ou não) caracterizam um pouco da arte visual minimalista, mas também podemos identificar vertentes dadaístas, cubistas
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Encontramos a quebra, muitas vezes, da direção comum (esquerda -> direita), em suas obras. Na verdade, quebra com qualquer tipo de direção, pois suas obras parecem ficar rodando em si mesmas. Não se encontra a simetria dinâmica em suas obras. Para concluir, os tropicalistas Caetano e Gil, tem a mania de argumentar em dualidades. Pois tudo é algo, ou não é algo. Podemos dividir as coisas em ser e não ser, estar e não estar, ter ou não ter. É fácil argumentar assim, como já disse Lobão. Então aqui estão alguns aspectos da vertente de Mondrian que é minimalista. Ou não.
A árvore vermelha (1908)
A árvore vermelha (1908)
A árvore vermelha (1908)
Ao analisarmos essas três obras em paralelo, conseguimos notar a desconstrução figurativista das obras de Mondrian.
Tênis Nike homenageando as obras de Mondrian (e quebrando a bidimensionalidade fundamental para compreensão das obras do artista)
Composição Número 10
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literatura O Minimalismo em Pablo Neruda: O Modernismo e simplicidade crítica. Por Carlos Mota
P
ablo Neruda foi um poeta Modernista chileno muito engajado em questões políticas de seu tempo. Ficou muito famoso pela sua poesia política de cunho marxista, onde criticava ferozmente os regimes autoritários de sua época. Mas afinal, quem foi o Pablo Neruda que queremos analisar? Em sua poesia de tema romântico, Pablo Neruda, como muitos poetas modernistas, inovava em forma e desrespeitava regras clássicas. Em seu famoso livro “100 Sonetos de Amor”, Neruda se utiliza de uma forma alternativa do Soneto. Embora utilizasse da forma de dois tercetos e dois quartetos do soneto, ignora o esquema de rima, amplamente respeitado pelos poetas clássicos. Percebe-se também que sua temática é a natureza junto de seu ambiente amoroso. Compara muitas vezes o seu amor com a natureza.
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“Te amo como a planta que não floresce e leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, e graças a teu amor vive escuro em meu corpo o apertado aroma que ascendeu da terra.” (Trecho do Soneto XVII do livro “100 Sonetos de Amor) Embora sua “mensagem” (representada através do poema) seja original e portanto menos passível de apreensão por um receptor médio, em uma entrevista para a conceituada revista literária “Paris Review” de 1972 , Pablo Neruda emitiu a polêmica sentença: “Não acredito em símbolos. Minha poesia é simplesmente material. A Natureza existe para mim apenas no sentido material. O fato de alguns temas se destacarem em minha poesia, não passam de serem temas materiais.”
Neruda queria reduzir a entropia causada por sua mensagem. Não queria interpretações subjetivas de suas palavras. Apenas queria transmitir o sentido “material” de suas palavras. Com esta explicação, Neruda pede uma interpretação minimalista para seus leitores. Ele não usa metáforas, usa apenas o sentido literal. Porém, em um tipo de poesia romântica, é quase ingenuidade, pensar que seus leitores não tomariam a liberdade de interpretar seus versos e recusar o sentido literal. A poesia romântica em grande parte depende da interpretação idealista. Portanto, embora Neruda tivesse uma intenção diferente, nada muda o fato de sua mensagem ser criativa e consequentemente ter pouca audiência. Mesmo
l
querendo negar a entropia... Acontece que o Poeta nessa época, com sua ideologia revolucionária e marxista, se opunha fortemente ao idealismo tipicamente “burguês”, focando somente em sua poesia política pois era mais realista e consequentemente, materialista. Negara seu pas-
sado de poesias líricas.... Morreria um ano depois da polêmica entrevista, em estado deprimente , pois seu Chile havia sido alvo de um golpe militar de cunho fascista... Mas afinal, seu minimalismo seria intencional, ou consequência de sua postura política tardia?
Soneto XVII
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
senão assim deste modo em que não sou nem és
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
o apertado aroma que ascendeu da terra.
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
te amo como se amam certas coisas obscuras,
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Pablo Neruda
secretamente, entre a sombra e a alma.
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
Te amo como a planta que não floresce e leva
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
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cinema O Minimalismo de/em Robert Bresson. Por Vítor Guimarães
T
ido como um mestre do cinema, o cineasta francês Robert Bresson (1901-1999) convergia suas intenções ao pensar a imagem cinematográfica, sendo conhecido pelo rigor na construção fílmica e por não fazer concessões que pudessem atrapalhar seu jeito de mostrar as coisas. Em seus filmes, a dramatização era suprimida, usando atores não-profissionais que precisavam rejeitar qualquer tipo de emoção em seus gestos e suas vozes. Seus enquadramentos, assim como composições, são montados sem excessos e as cenas preocupam-se em mostrar apenas o necessário para que a narrativa se desenvolva. Bresson era formado em Artes plásticas e Filosofia, acreditava que filmes deveriam ser construídos a partir do branco, da imobilidade e do silêncio, e segundo ele, essas três formas elevam e educam o espectador.
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Essas suas técnicas são mais claras, principalmente, em dois de seus filmes: O batedor de carteiras (1959) e Mouchette (1967). As atmosferas desses filmes são calculadas, gestos mínimos, cada olhar parece calculado. Não existem motivações psicológicas, segundo o diretor eles são modelos que vivenciam personagens. Bresson renovou concepções no cinema, a de ator, montagem, encenação e na relação som e imagem cinematográficas, abrindo caminho para inovações de outros cineastas como Resnais e Godard. Segundo Jean-Luc Godard: “O que caracteriza Bresson é que ele nos ensinou muito, a nós da Nouvelle Vague, pelo rigor do seu pensamento, sem jamais desviar da sua linha: qualquer que seja o
risco ou violência das coisas, ele vai até o fundo dos homens”. O ato de roubar, em O Batedor de carteiras, não era o problema financeiro, mas sim um desafio do tato, daquela sensação. Era uma complexa coreografia das mãos. Usar imagens táteis é um dos principais elementos do cinema Bressoniano, isso fez com que ele fosse referência para inúmeros cineastas, como a argentina Lucrecia Martel e o chinês Jia ZhangKe, seu livro Notas sobre o cinematógrafo inspirou o movimento Dogma 95 dos dinamarqueses Lars Von Trier e Thomas Vintenberg.
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Bresson reduzia ao máximo o número de elementos expressivos e os trabalhava em profundidade, explorava todos os
“Rejeitar tudo que do real não se torna verdadeiro”. .
Cartaz de O batedor de carteiras (Pickpocket), de 1959.
seus ângulos, suas nuances. Em muitos de seus filmes, temos acesso apenas a fragmentos da imagem, do corpo, da história. Era necessário controlar a precisão ao máximo, para que o inesperado atingisse o filme. Esse é o legado de Robert Bresson.
Cena de Mouchette (1967), esse filme inspirou Lars Von Trier em Dogville, 36 anos depois.
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misc. Pôsteres e Minimalismo: Viktor Hertz Por Aléssio Perez e Vítor Guimarães
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designer gráfico e fotógrafo Viktor Hertz criou uma série de pôsteres minimalistas de filmes, de Kubrick até filmes mais recentes como A origem. Aborda-se um objeto que faz referência a uma cena ou a algum momento específico do filme, tendo um resultado interessante para quem gosta de cinema poder se divertir com o sentido dessas imagens.Seguem algumas obras do artista:
foto
O O
mínimo pelo máximo.
máximo pelo mínimo.
Poetic Memories - Carlos Mota
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Serpente - AlĂŠssio Perez
A rua de Madrid - Vítor Guimarães
Roma - AlĂŠssio Perez
PTAH
H (DIGA PITÁ)