• M a nua l Di gi ta l d o Pro fes s o r • Tex tos : A n a Pa u la M a t h ia s d e Pa iva
A Canguru Voadora
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A Canguru Voadora
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Manual do professor O professor-mediador é uma figura fundamental, sobretudo nos primeiros anos de contato com a leitura, porque multiplica as chances de letramento, amplia a capacidade de compreensão dos textos e compartilha com seus alunos a paixão pelas leituras, abrindo espaço para a autonomia futura, o protagonismo e a interação entre crianças e livros. Recursos de apoio são bem-vindos quando se pautam na expansão de conhecimentos, motivação interpessoal e elaboração de rotinas pedagógicas adequadas às diversidades nacionais. O Manual do Professor correlaciona tais argumentos às obras literárias, destaca gêneros e temáticas, organiza propostas, atividades e orientações capazes de potencializar habilidades e competências, assim como de suprir dificuldades detectadas.
Sumário
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Síntese da obra
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Sobre o autor
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Adequação e desenvolvimento de competências
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Temática
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Como utilizar em sala de aula Adelaide: a canguru voadora
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Orientações para a aula de língua portuguesa
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Atividades propostas #1
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Atividades propostas #2
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Atividade transdisciplinar
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Interlocuções
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Síntese da obra Quando um evento inusitado ocorre nessa família de cangurus, conhecemos a personagem Adelaide, um filhote de asas. A canguru nasce diferente de todos os outros e transforma a situação (nova) em oportunidade de autoconhecimento e de
A Canguru Voadora
reconhecimento da diversidade. Corajosa e aventureira, Adelaide viaja o mundo tendo como bagagem apenas seus sonhos e identidade. Sentimentos como coragem, ousadia, amor, liberdade, amadurecimento, estranhamento, aventura e autoconfiança acompanham essa protagonista. Adelaide: a canguru voadora é um conto sensível sobre alguém que sonha e descobre o mundo como um lugar surpreendente para quem abre suas asas e levanta voo. Não por acaso, em 1959, Tomi Ungerer, um recém-chegado do interior da França para Nova Iorque, publica Adelaide logo depois de ter voltado de uma longa viagem de carona pela Europa. Pela primeira vez, desembarcara no Novo Mundo com 6
apenas 60 dólares no bolso e muitos sonhos na mala. Dizem que a vida imita a arte, mas a recíproca também pode ser verdadeira! O livro, narrado de forma leve e agradável, cativa leitores de todas as idades por seu texto sutil e atemporal, suas ilustrações expressivas e o olhar singular do autor sobre modos de amadurecer e ser feliz.
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Sobre o autor O escritor, ilustrador e designer Tomi Ungerer é um profissional de enorme reconhecimento internacional. Nascido no ano de 1931, em Estrasburgo, França, já publicou mais de 140 livros, traduzidos e lidos em muitos idiomas. Suas criações abarcam o universo da literatura infantil e juvenil, bem como sátiras sociais, filmes, cartazes publicitários e livros com temática adulta. Ungerer já foi diretor da Ordem de Letras e Artes da França, nos anos 80, e atuou em atividades humanitárias da Cruz Vermelha. Em 2003, foi nomeado Embaixador para a Infância e Educação pelo Conselho Europeu. Em 1998, na categoria Ilustração, foi ganhador do Prêmio Hans Christian Andersen. Em 2007, a fim de homenagear e partilhar com o grande público o universo criativo desse profissional múltiplo, o governo francês inaugurou o Museu Tomi Ungerer, espaço cultural dedicado ao seu trabalho inovador e representativo. No Museu, um acervo com mais de oito mil ilustrações de Ungerer. 8
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Adequação e desenvolvimento de competências
▶ Vale-se da dinamicidade narrativa textual-imagética para motivar o prazer da leitura. ▶ Amplia o repertório cultural (localidades, comunicações, hábitos e comportamentos).
Primeiros anos do Ensino Fundamental
▶ Fomenta a observação cultural e estética, além de diálogos e interações.
Competências gerais: conhecer-se, compreender-se (auto-
▶ Apresenta conteúdo acessível e rico, em um ambiente
conhecimento); expressar-se. Trocar saberes, partilhar experiências
ora realístico, ora fantasioso, ora familiar, ora não acolhedor, em
e sentimentos por meio das linguagens (comunicação pessoal e
estilo atemporal e sugestivo.
social). Opiniar acerca do mundo social e relacional (interpessoal) pela observação de atitudes e sentidos culturais. O livro Adelaide: a canguru voadora: ▶ Estimula a apreciação estética e tem potencial atrativo para provocar a aproximação espontânea do leitor. ▶ Estimula a imaginação. Cria acesso à fantasia e à aventura. ▶ Favorece a partilha de sentimentos e reflexões sobre diversidade, distinção e autoconfiança. 10
Temática Temas abordados: ▶ Descoberta de si; ▶ Família, amigos e escola; ▶ O mundo natural e social; ▶ Diversão e aventura. Os temas perpassam o autoconhecimento, trabalham sentimentos e emoções, bem como relações familiares, amicais e o mundo social. O livro focaliza a diferença e a diversidade. Questões abordadas: crescer e amadurecer autoconfiante, saída da localidade para o conhecimento do mundo, relações próximas e distantes, (des)acolhimento, interação multicultural. 11
Gênero: narrativo Nesta obra o uso estético da linguagem escrita é marcado pela presença de narrador, tempo, espaço, enredo e personagens.
Subcategoria do gênero: conto Tipo de narrativa literária breve e concisa, com número restrito de personagens, estruturada em um começo, meio e fim. 12
Como utilizar em sala de aula
dessa comunicação pode atingir muitas pessoas simultanea-
Adelaide: a canguru voadora
mente. Enunciar sua opinião. b. Mas o que é um teatro de variedades? São espetáculos
Estímulo à atividade transdisciplinar
de entretenimento de que tipo? Eram pensados para distrair e alegrar? Tiveram origem em que país? Na França havia desta-
Exercitar a curiosidade cultural através da mediação: No li-
que para atrações como números musicais, mágica, dança, co-
vro em questão, cartazes são colados nas ruas para a melhor
média, performance, acrobacias, representação de peças etc.
divulgação de um espetáculo. A canguru Adelaide é convidada
Descrever o que é possível ver, encontrar, encenar no teatro
a atuar em um teatro de variedades em Paris e o anúncio a evi-
(monólogos, recitação, ópera, dança etc.) e quais as linguagens
dencia como grande atração. Cartazes são colados e expostos
de expressão dos artistas (voz, gestos, corpo etc.).
nas ruas, uns se sobrepõem aos outros, competindo pela atenção dos pedestres que transitam.
c. Com o surgimento da TV e o reconhecimento popular como “principal meio de comunicação da sociedade”, o que a
a. Hoje em dia, se existir um show, apresentação musical, espetáculo circense ou similar na cidade onde você mora, qua-
TV nos apresenta de diverso ou original? Descrever que tipo de variedade encontramos na programação.
se sempre o anúncio desse evento de entretenimento também vai aparecer nas telas (do computador e do celular) e o alcance
d. Observar, em aula prática, diversas manifestações contem13
porâneas comunicativas (whatsapp, youtube, outdoor, comerciais
e. Adelaide se identifica ao perceber no Museu [Louvre]
etc.). Apresentar aos alunos um exemplo de peça comunicativa do
lindas esculturas com asas. Exercício de recognição. Pedir aos
tipo cartaz e/ou faixa, tematizando o livro Adelaide: a canguru voa-
alunos que relatem com o que se identificam: podem pensar
dora. Comentar os propósitos de escrita do anúncio – por exemplo,
em cores, personagens literários, núcleo familiar etc.
oferecer um serviço e identificar o contato pelo nome e telefone; divulgar um espetáculo, seu dia, hora e local etc. Expor (na segunda-feira) faixa ou cartaz na escola, em local corriqueiro de passagem
Desenvolver o pensamento criativo por meio
dos alunos. Perguntar ao final da semana (sexta-feira) quem viu o
de ação comunicativa
cartaz ou faixa de Adelaide, a canguru voadora. Atividade: Descrever o que retiveram. Na sala, abrir no computador (na tela) uma
No livro entramos em contato com abordagens relevantes,
comunicação similar em conteúdo àquela que consta no cartaz e/
tais como: origem, distinção, deslocamentos, viagens culturais, imi-
ou faixa produzido(a) para a atividade de observação – por exemplo
gração, adaptação de papéis sociais, salvamento, liberdade. Como
um site que traga uma sinopse do livro. Exemplificar como foi pos-
podemos associar esses conteúdos à coragem de Adelaide?
sível a todos, ao mesmo tempo, visualizar a comunicação. Mediar
Manifestar em linguagem visual, por meio de ilustrações
entendimentos sobre o ocorrido (quem viu o que; quantos viram
e se possível de palavras-chave, como a canguru ampliou seus
os cartazes e faixas; quem encontrou pelo caminho comunicações;
horizontes de conhecimentos, amadureceu e encontrou a es-
ao clicar num link surgem comunicações disponíveis sobre o livro).
tabilidade. Trocar ideias e opiniões com os colegas até um en-
Atividade principal: formular hipóteses acerca da experiência.
tendimento mútuo do significado da conversação. 14
Orientações para a aula de língua portuguesa Antes da leitura Enriquecer a chegada dessa leitura com a seguinte proposta: É CONVERSANDO QUE A GENTE SE ENTENDE, tematizando “aquilo que me dá asas”. De modo interdisciplinar, conversar com os alunos a respeito das possibilidades que surgem quando um animal aprende a voar: desde as primeiras tentativas, etapas do processo até a bem-sucedida saída do ninho ou casulo, e a ampliação do contato com o mundo ao redor. A seguir, suscitar nas crianças uma curiosidade acerca do sentido metafórico de “ter asas”: ter asas e descobrir lugares, paisagens, pessoas, altitudes. Como seria? Criar uma gradação no conhecimento e propor: que tal sobrevoar o pensamento? Deslocar-se em decisão, opinião, impressões, bem como em sensações e 15
atitudes que, enfim, desenvolvem a autoconfiança, o posicio-
cial e foram, assim, bem longe nos seus sonhos. Como sugestão,
namento social, a criatividade e a imaginação.
o caso de Dorina Nowill e o livro Dorina viu, Editora Paulinas.
Objetivo: Preparar a sensibilidade das crianças para o conhe-
▶ Motivar novas leituras na classe que apresentem, em lin-
cimento do livro. Transitar entre o sentido das palavras variando
guagem acessível à faixa etária, acessibilidade a universos ou-
contextos de uso. Interagir com as ideias e questões dos alunos,
tros (geográficos, sociais, culturais, psicológicos).
de modo a motivar o saber, o refletir, o aplicar e o imaginar.
Após a leitura ▶ Criar um momento de interação, em roda, de modo a mediar observações e contribuições dos alunos sobre aquilo que parecia impossível para um canguru e que Adelaide alcançou fazer. Associar a obra a uma ficção (elaboração fantasiosa), mas deixar aceso nas crianças o desejo de que grandes vontades e sonhos estão sim ao nosso alcance. Levar para a conversa alguns exemplos de pessoas especiais (nascidas no Brasil ou em outros países longínquos) que superaram dificuldades ou o estigma so16
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Atividades propostas #1 ▶ Incentivar a apreciação das ilustrações do livro de Ungerer e, em seguida, exercitar com os alunos um reconto por síntese e improviso, mediando saberes, dúvidas e exemplos, de modo a evidenciar na comunicação as nuances de (re)significação de um reconto. ▶ Fazer com os alunos uma releitura da obra solicitando agora que atentem para os desafios que atravessam a vida de Adelaide, desde o seu nascimento. Compor um roteiro objetivo destacando começo, meio e fim da história. Perguntar aos alunos se conhecem a função do narrador no gênero narrativo. Eleger um narrador com a ajuda da turma. Ensaiar com os alunos alguns papéis – dos pais, da protagonista Adelaide, do aviador, do policial de alfândega, de Marius, de Leon e dos filhotes –, representando situações sequenciais do livro por meio de expressões fisionômicas e gestualidade. Dinâmica e ludicamente, exercitar 18
com o grupo possibilidades cênicas, mas sempre valorizando o papel da narração e a figura do narrador, ou seja, daquele que conta a história na qual os personagens atuam num espaço-tempo ambientado. Ao final do processo, em roda, demonstrar que os personagens agiram no ritmo e conforme aquilo que o narrador falava (na sala de aula, oralmente) // contava (no livro, pela escrita). Propor então um novo desafio: mediar a leitura de uma obra do gênero dramático, própria para a representação e avivada na voz direta dos personagens (sem narrador). Comparar os estilos. Incentivar que comentem suas alegrias e dificuldades no processo, retendo percepções de aprendizagem.
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Atividades propostas #2 Corpo em cena: ludicidade e superação ▶ Confeccionar com os alunos, a partir de um modelo, pequenas asas em papel cartonado (um par para cada aluno). Associar a atividade artística a uma prática física. Incentivar que customizem as peças com cores, cola glitter, colagens etc. Propor um evento na escola denominado Asas nos pés. No dia indicado em calendário, cada aluno vai colar suas asas embaixo do tênis, de modo a criar a ilusão de asas nos pés. Ao “ganhador veloz” oferecer uma obra literária que tematize a vontade de ir além dos próprios limites – a exemplo de Adelaide, a canguru voadora. Há ainda a opção de fazer uma corrida de saco, contanto que as crianças pulem como cangurus e confeccionem asas para as costas (maiores) – atividade Canguru voador.
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Atividade transdisciplinar
Atividade com mediação: Descrever oralmente o que acontece em Paris, considerando a história de Adelaide, as ilustrações do livro e as questões abaixo.
IMIGRAÇÃO E EDUCAÇÃO ▶ Por que a canguru se sente constrangida nesse primeiro Mudança espacial – mudando de país como imigrante
momento de adaptação social? Você já se sentiu deslocado? Já se sentiu inadequado? Descrever as sensações e lembrança.
Um dia, Adelaide foi embora voando. Despediu-se dos pais e
▶ Qual a importância da linguagem para o entendimento
seguiu o primeiro avião que encontrou. A partir deste deslocamen-
mútuo? O que é a língua materna? Como seria estar em um
to, a canguru conheceu países, pessoas, situações, a cultura dos su-
lugar onde todos falam uma outra língua?
jeitos e dos lugares. Adelaide era então uma viajante em aventura
▶ Quando está na companhia de Marius e trabalhando no
pelo mundo. Mas quando se despede do amigo piloto em Paris e
teatro de variedades, Adelaide se sente feliz e convive com a
decide ficar por mais tempo na terra estrangeira, ela se depara com
diversidade. Gosta de apreciar a cidade estrangeira e suas parti-
algumas situações bem embaraçosas. Na posição de imigrante que
cularidades. Mas a canguru deseja conhecer alguém como ela.
deseja se estabelecer na terra nova, Adelaide encontra dificuldades
Sentir identificação com algo ou alguém é importante? O
no que se refere ao acolhimento (das pessoas), ao pertencimento (à
que é acolhida e o que é empatia?
cultura local) e à assimilação da cultura (uma nova língua e costumes). Ainda bem que tudo isso é passageiro para ela! 21
INTERCULTURALIDADE NO ENSINO
– como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Portugal, dentre outros.
Desenvolvendo a percepção auditiva e a consciência gráfica.
Objetivos: Dialogar a respeito da importância das línguas maternas. Refletir ganhos socioculturais a partir da aprendiza-
Base para a observação: Aprender a falar e a ler outra lín-
gem de outra língua. Valorizar origens e diversidades.
gua exige uma série de capacidades complexas tais como reconhecer sons, vocábulos, significados, contextos de uso e desenvolver fluência.
Objetivo transversal: Exercitar em conversações o combate à intolerância e a atitudes hostis.
Proposta: Aproximar os alunos da escuta e observação visual (gráfica) de outras línguas. Disponibilizar o áudio e as letras de músicas e poesias. Procurar demonstrar a sonoridade e modos de escrita típicos de países de onde vieram imigrantes hoje instalados no Brasil – como sugestão, Bolívia, Haiti, Venezuela, Itália, Alemanha, Espanha, Japão, Síria, Líbano etc. Pode-se igualmente valorizar contos em dialetos ou expressões, pronúncias e sotaques em outros países de língua portuguesa 22
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Interlocuções Na obra Tudo bem ser diferente, do escritor e ilustrador norte-americano Todd Parr, o foco temático são as diferenças, abordadas de maneira divertida, simples e clara. Ilustrações originais e atrativas alcançam assuntos tais como deficiências físicas e preconceitos raciais, entre outros. Será que é preciso ter asas para voar? No livro Nas asas do haicai, o pequeno leitor vai conhecer o voo inusitado de seres vivos ou inanimados. A autora Sônia Barros compõe em versos o retrato de um voo, utilizando como fio condutor um alfabeto criativamente ilustrado por Angela Lago. Cada jeito de voar é então apresentado num haicai – uma forma especial de poesia nascida lá no Japão, que consiste em três versos e um número determinado de sílabas.
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Autora deste manual: Ana Paula Mathias de Paiva Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Projeto gráfico: Thiago Amormino Supervisão: Jéssica Tolentino Coordenação-geral: Rosana de Mont'Alverne Neto
Praça Comendador Negrão de Lima, 81 D – Floresta CEP 31015 310 – Belo Horizonte – MG | Brasil Tel: +55 31 3296 7903 www.aletria.com.br