Todas as cores de Malu

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todas as cores de

MALU Rosana Mont’Alverne Ilustrações Maurizio Manzo



TODAS AS CORES DE

MALU


Título: Todas as cores de Malu Texto © Copyright 2016 Rosana Mont’Alverne Ilustrações © Copyright 2016 Maurizio Manzo Este livro não pode ser reproduzido, no todo ou em parte, sem prévia autorização da editora Aletria. Editora responsável: Rosana de Mont’Alverne Neto Coordenação: Juliana Mont’Alverne Flores Revisão: Bruno Silva D’Abruzzo Projeto gráfico: Maurizio Manzo

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Mont´Alverne Neto, Rosana Todas as cores de Malu / Rosana Mont´Alverne Neto ; ilustrações de Maurizio Manzo -- Belo Horizonte : Aletria, 2016. 40 p. : il. ISBN 978-85-61167-94-3 1. Literatura infantojuvenil brasileira. I. Manzo, Maurizio, ilust. II. Título. CDD: 808 CDU: 087.5(81) Ficha catalográfica elaborada por Denise Mª Ribeiro – CRB/6 nº 1473

Praça Comendador Negrão de Lima, 81 - D. Floresta. CEP 31015 310 - Belo Horizonte - MG | Brasil Tel: + 55 31 32967903 www.aletria.com.br - editora@aletria.com.br


TODAS AS CORES DE

MALU Rosana Mont’Alverne Ilustrações Maurizio Manzo

Belo Horizonte - 2016



Para a Malu e seus amigos

As casas tão verde e rosa Que vão passando ao nos ver passar Os dois lados da janela E aquela num tom de azul Quase inexistente, azul que não há Azul que é pura memória de algum lugar. ( Caetano Veloso )


Pretinha, magrelinha, olhinhos arregalados, Malu foi parar em uma casa enorme, cheia de pessoas branquinhas, branquinhas.

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Desde muito cedo, Malu aprendeu que as cores pintavam gente, coisas, plantas e animais. Até acontecimentos, para ela, tinham cores. Natal, por exemplo, tinha cor de beterraba. Aniversário, cor-de-rosa. Primeiro dia de aula, azul-piscina. Uma nova amizade tinha a cor do peixinho-dourado da loja do Sr. Tekada. — O cheiro do vento é verde-clarinho! – dizia. — Onde já se viu vento ter cheiro ou cor, menina?! – respondia a mãe branquinha.

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— O som é amarelo, o machucado é roxo, o grito é marrom, o riso é branco, o arrepio é azul-escuro, o calor é alaranjado, o frio é vermelho vermelho vermelho vermelho – afirmava a menina num fôlego só.

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Malu aprendeu a tocar acordeão. Ganhou um verdinho, mas não era um verde qualquer. — É que eles misturaram pérolas derretidas na tinta verde, por isso meu acordeão ficou assim – dizia, toda contente. As crianças da escola adoravam ouvir as histórias e o acordeão de Malu, que inventou um jeito para escolherem as músicas. Fez fichinhas de cartolina, e coloriu uma por uma com lápis de cera. Eram do tamanho de uma moeda. Distribuía as fichinhas e explicava: — Uma pra cada um. Cada cor, uma música. Cada música, uma cor.

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Uma noite, Malu acordou gritando: — Mãe, meu quarto está todo vermelho! Estou com tanto frio! A família toda acordou. Malu estava doente, com muita febre.

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No hospital, parecia que todos sorriam amarelo para ela. Malu começou a achar aquilo tudo muito estranho. Foram tantos exames, radiografias, injeções! — Nossa, meu sangue é quase preto! Mãe, todo mundo tem o sangue da mesma cor? E os marcianos, têm sangue verde? Mãe, o meu sangue vai acabar? Malu perguntava e perguntava. Já estava há vários dias no hospital. Malu estava ficando desbotada. Será que voltaria para casa? Será que voltaria para a escola?

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— Malu, o moço veio raspar sua cabeça. Malu não respondeu, nem se virou. Estava deitada, fraca, só conseguia olhar para o seu acordeão em cima da cadeira, mudo, parecia descorado o coitado, doente como ela. A mãe a pegou no colo e a menina não disse uma palavra. Malu observou as bochechas rosadas da mãe, sentiu o seu cheirinho lilás e tocou de leve seus cabelos castanhos macios.

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— Malu, tem uma surpresa pra você – disse a mãe.

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A porta do quarto se abriu e a turma da escola foi entrando. Todos tinham nas mãos um pincel e potinhos de tinta. — Viemos colorir a sua careca. Você deixa, Malu? Parecia a festa da primavera! Brotaram girassóis, abelhas, um riacho, plantinhas, um gato, um cachorro, tudo isso na careca de Malu, que, de tão alegre, teve vontade de tocar acordeão.

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“Puxa, a alegria é bem colorida!”, pensou Malu.

Malu está carequinha até hoje. Mas não liga pra isso. Os amigos comemoram cada melhora sua e dizem que ela tem razão quanto às cores dos sentimentos, porque descobriram que o amor tem cor.

o amor tem cor de No dia em que Malu voltou para casa, foi uma festa! A turma da sua rua havia pintado o muro inteirinho. Parecia uma história enorme, toda ilustrada, cheia de cenas, personagens e aventuras. Malu estava por toda parte: pilotando um foguete cor-de-rosa, montando em um rinoceronte cinza de bolinhas vermelhas, tocando seu querido acordeão verde perolado, pulando corda em cima de um barco amarelo, voando num colorido tapete sobre as torres dos castelos dos contos de fadas, brincando de roda com a meninada...

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O médico entrou no quarto e disse para Malu: – Agora você vai precisar tomar meia hora de sol todos os dias. Malu detestava o Sol, vivia correndo dele. Quando saía pelas ruas usava sempre um chapéu, cada um mais colorido que o outro. – Pra que sol, se já sou pretinha, pretinha? Mas o médico foi firme: – Você precisa do sol, Malu. Comece aos poucos: um dia você fica sentadinha lá fora por cinco minutos, depois dez... Quando você menos esperar, estará apaixonada pelo Sol. A meninada caiu na gargalhada! – Malu vai se casar com o Sol enrolada no lençol! Aquele estava sendo um dia tão feliz que Malu disse: – Pois então eu vou deixar o Sol me abraçar todos os dias!

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“Puxa, a alegria é bem colorida!”, pensou Malu.

Malu está carequinha até hoje. Mas não liga pra isso. Os amigos comemoram cada melhora sua e dizem que ela tem razão quanto às cores dos sentimentos, porque descobriram que o amor tem cor.

o amor tem cor de No dia em que Malu voltou para casa, foi uma festa! A turma da sua rua havia pintado o muro inteirinho. Parecia uma história enorme, toda ilustrada, cheia de cenas, personagens e aventuras. Malu estava por toda parte: pilotando um foguete cor-de-rosa, montando em um rinoceronte cinza de bolinhas vermelhas, tocando seu querido acordeão verde perolado, pulando corda em cima de um barco amarelo, voando num colorido tapete sobre as torres dos castelos dos contos de fadas, brincando de roda com a meninada...

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O médico entrou no quarto e disse para Malu: – Agora você vai precisar tomar meia hora de sol todos os dias. Malu detestava o Sol, vivia correndo dele. Quando saía pelas ruas usava sempre um chapéu, cada um mais colorido que o outro. – Pra que sol, se já sou pretinha, pretinha? Mas o médico foi firme: – Você precisa do sol, Malu. Comece aos poucos: um dia você fica sentadinha lá fora por cinco minutos, depois dez... Quando você menos esperar, estará apaixonada pelo Sol. A meninada caiu na gargalhada! – Malu vai se casar com o Sol enrolada no lençol! Aquele estava sendo um dia tão feliz que Malu disse: – Pois então eu vou deixar o Sol me abraçar todos os dias!

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“Puxa, a alegria é bem colorida!”, pensou Malu.

Malu está carequinha até hoje. Mas não liga pra isso. Os amigos comemoram cada melhora sua e dizem que ela tem razão quanto às cores dos sentimentos, porque descobriram que o amor tem cor.

o amor tem cor de No dia em que Malu voltou para casa, foi uma festa! A turma da sua rua havia pintado o muro inteirinho. Parecia uma história enorme, toda ilustrada, cheia de cenas, personagens e aventuras. Malu estava por toda parte: pilotando um foguete cor-de-rosa, montando em um rinoceronte cinza de bolinhas vermelhas, tocando seu querido acordeão verde perolado, pulando corda em cima de um barco amarelo, voando num colorido tapete sobre as torres dos castelos dos contos de fadas, brincando de roda com a meninada...

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O médico entrou no quarto e disse para Malu: – Agora você vai precisar tomar meia hora de sol todos os dias. Malu detestava o Sol, vivia correndo dele. Quando saía pelas ruas usava sempre um chapéu, cada um mais colorido que o outro. – Pra que sol, se já sou pretinha, pretinha? Mas o médico foi firme: – Você precisa do sol, Malu. Comece aos poucos: um dia você fica sentadinha lá fora por cinco minutos, depois dez... Quando você menos esperar, estará apaixonada pelo Sol. A meninada caiu na gargalhada! – Malu vai se casar com o Sol enrolada no lençol! Aquele estava sendo um dia tão feliz que Malu disse: – Pois então eu vou deixar o Sol me abraçar todos os dias!

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A Malu vê cores em tudo, o Maurizio vê desenhos, eu vejo palavras. Cada um acha um jeito de se expressar, de enxergar e interpretar o mundo. O importante é encontrar o seu e se orgulhar dele. Maurizio e eu usamos aqui nossas habilidades para contar a história da Malu, essa menina valente, linda, inesquecível. É o nosso segundo livro juntos, o primeiro chama-se Meu pai é uma figura, também publicado pela Aletria. Quando me perguntam se sou escritora, respondo que sou contadora de histórias que de vez em quando escreve livros. Mas adoro fazê-los! Não foi à toa que fundei a Aletria, uma casa que publica livros para crianças, jovens e educadores. E ensina a contar histórias de boca em boca, essa arte tão antiga que em pleno século XXI continua luminosa. Como a Malu, acredito que se você tem amigos, tem um tesouro! E muitas histórias para contar.

Ilustrar um livro é sempre uma grande alegria. Ilustrar uma história escrita pela Rosana é muito mais que isso, porque Rosana é contagiante, tinge as pessoas à sua volta com sua energia. Igual faz Malu com as cores e os sentimentos – alegrias, delicadezas, tristezas, dúvidas, amizades, tudo tem cor ou cores. Espero que vocês saiam mais coloridos desta história. Mais Malu, mais amorosos... Moro em Belo Horizonte, MG, onde trabalho como ilustrador, principalmente de livros infantojuvenis, e também como designer gráfico. Assim como Malu, gosto muito de cores e de colorir. Sou formado em design gráfico pela UEMG, com pós-graduação em Projetos Editoriais – Impressos e Multimídia pelo Centro Universitário UNA. Em 2016, fui selecionado para o livro Vivo Latinoamérica: Las mejores ilustraciones latinoamericanas 2015, publicado na Argentina.


Esta obra foi composta em Lucida Sans e Usenet, impressa pela Formato Artes GrĂĄficas em papel couchĂŠ fosco 150g para a Editora Aletria em agosto de 2016.




Desde muito cedo, Malu aprendeu que as cores pintavam gente, coisas, plantas e animais. Até sentimentos, para ela, tinham cores. Uma noite, Malu acordou gritando: – Mãe, meu quarto está todo vermelho! Estou com tanto frio! Começava ali o maior desafio da vida de Malu. E ela e seus amigos descobriram algo muito especial...


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