Manual Digital do Professor Textos: Ana Paula Mathias de Paiva 1
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Texto Christelle Vallat • Ilustrações Stéphanie Augusseau • Tradução Rosana de Mont'Alverne Neto
Manual do professor O professor-mediador é uma figura fundamental no âmbito escolar porque multiplica as chances de letramento literário, amplia a capacidade de compreensão dos textos e compartilha com seus alunos a paixão pelas leituras. A boa mediação abre espaço para a autonomia dos estudantes, seu protagonismo e sua compreensão de si, do outro e do mundo. Recursos de apoio são bem-vindos quando se pautam na expansão de conhecimentos, motivação interpessoal e elaboração de rotinas pedagógicas adequadas às diversidades nacionais.
O Manual do Professor correlaciona tais argumentos às obras literárias, destaca gêneros e temáticas, organiza propostas, atividades e orientações capazes de potencializar habilidades e competências, assim como de suprir dificuldades detectadas.
Sumário 6
Síntese da obra
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Sobre as autoras
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Adequação e desenvolvimento de competências
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Gênero literário
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Ao mediador da leitura
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Como utilizar em sala de aula o livro Zélia
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Atividades propostas #1
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Atividades propostas #2
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Atividades propostas #3
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Depois da leitura
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Interlocuções
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Síntese da obra Há sempre um dia na semana em que Zélia especialmente se dedica aos outros. Ela se senta e escuta as preocupações e infelicidades das numerosas pessoas que fazem fila à sua frente. Homens e mulheres chegam cabisbaixos e saem da companhia de Zélia mais leves e sorridentes. Todo domingo é assim. Em retribuição, as pessoas oferecem a esta ouvinte, Zélia, uma pequena sementinha antes de irem embora. Carinhosamente Zélia as guarda e todas as sementes viram motivo de alegria e encantamento, florescendo no jardim da vida. O menino Júlio
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também estava na tal fila, tinha um segredo para contar a Zélia, mas perdeu sua sementinha (pensamento) e por isso deu meia-volta, mantendo no peito sua aflição. E agora? Será Zélia capaz de ajudar a pôr fim à essa angústia de criança? A todos os leitores, eis um livro sensível, poético e criativo. A narrativa que temos em mãos trata, sobretudo, de angústias e desabafos, de momentos de segredo e acolhimento, bem como de tristezas e do preenchimento vital que emana dos momentos de escuta e afeto. Um livro sobre perder-se e encontrar-se porque alguém nos ouve, respeita nossas emoções e o nosso próprio tempo.
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Sobre as autoras Christelle Vallat vive em Saint-Jean-en-Royans, França. É escritora, adora livrarias e bibliotecas, participa de salões do livro e frequenta espaços onde pode estar na companhia de livros. A educação é um campo em que atuou e do qual ainda se serve para inspirar estudantes e sujeitos envolvidos com a leitura juvenil. É autora dos títulos: Amis d’jour, Mäger Madis valmistub talveks, Aux peines perdues, La grosse faim de Captain Lupo, Toc, toc, toc, Il parait que le loup, Le "trapp-attrappe" de Captain Lupo, Bala et l’enorme crocodile, dentre outros. Para saber mais ou para conversar diretamente com a autora, visite o blog: http://christelle.vallat.over-blog.com/
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Stéphanie Augusseau é uma ilustradora muita talentosa e produtiva que já levou sua arte a diversos países – é o caso de Nicodème (Nícolas na tradução brasileira, da autora Agnès Laroche), publicado no Japão. Stéphanie estudou História da Arte, Design Gráfico e Comunicação Visual (LISAA-Paris). Atualmente, a ilustradora trabalha no ateliê que criou (Atelier de L’image, L’Ourse Bleue), em Angers. Algumas de suas inspiradoras oficinas de arte estão disponíveis para visualização no endereço eletrônico: http://actudmaviedartiste.blogspot.com/search/label/ Ateliers%20scolaires. Para saber mais, visite o blog da ilustradora: http://actudmaviedartiste.blogspot.com/. Desfrute também de belas ilustrações e croquis de Augusseau reunidos em: http:// stephanie-augusseau.ultra-book.com/
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Adequação e desenvolvimento de competências
Ensino Fundamental 6. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral e escrita), corporal, visual (e visual-motora), sonora e digital – para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos
Competências gerais associadas à obra Zélia:
em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação mútua.
Educação Infantil 1. Ampliação do repertório sensível em observação a dinâmicas interpessoais.
7. Reconstruir a textualidade via recuperação e análise da organização textual, progressão temática e/ou estabelecimento de relações entre as partes do texto.
2. Estímulo à gratidão e à empatia entre amigos.
8. Apreender os sentidos globais do texto.
3. Valorização do diálogo e da permuta de sentimentos.
9. Estabelecer relações entre o texto e conhecimentos pré-
4. Expressão e partilha de ideias e emoções com ampliação do repertório literário. 5. Motivação do desejo de expressão oral como forma de desabafo ou relato.
vios, vivências, valores. 10. Adesão a práticas de leitura – mostrar-se ou tornar-se receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativa, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura.
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O TEMA perpassa situações íntimas; a descoberta de si; conflitos pessoais; situações de autoconhecimento; sentimentos e emoções.
Direitos de aprendizagem e desenvolvimento no caso da educação infantil relativos à obra Zélia:
Temas principais: acolhimento, angústia, tristeza, desorientação, desabafo, paciência, compa-
1. Expressar-se como sujeito dialógico, criativo e sensível.
nheirismo, afetuosidade, alívio. 2. Expressar necessidades, emoções, sentimentos, dúviTemas transversais: companhia, amizade, intimidade, confiança mútua, desopressão (reprimido/
das, descobertas, opiniões, por meio de diferentes linguagens (desenho, oralidade, escrita, gestos etc.).
contido/rejeitado), orientação, solidariedade. 3. Fruição da leitura textual-imagética com ganho de conhecimento afetivo-social. 4. Constituir uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento nas diversas experiências de cuidado e interações.
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Gênero Literário:
Prosa de ficção Os personagens estão inseridos num contexto ficcional lógico, desenvolvendo suas ações. Há um narrador. A história é fantasiosa mas faz sentido no contexto, há coerência nas ações dos personagens apresentados ao público leitor e percebe-se no interior do texto uma progressão temporal entre os acontecimentos relatados.
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Ao mediador de leitura
Considerando a maturidade de desenvolvimento cognitivo e a experiência literária do grupo em questão, complemente a reflexão com as percepções a seguir se achar que é
Observe com as crianças que esta é uma narrativa curta,
propício, professor(a):
chamada de conto, a qual pode ser lida em pouco tempo. Ainda assim, dentro da narrativa existe uma riqueza de emoções e sen-
▶ No entanto, ainda que o livro não seja uma poesia (mos-
timentos. Tal gênero textual é escrito em frases (prosa) e sem ri-
tre às crianças uma poesia ou um livro de poesias), Zélia é uma
mas. Outro aspecto a destacar com as crianças é que esta história
história poética tanto porque valoriza a imaginação do leitor
pode ser compreendida no Brasil, no Japão, no Egito, na África
e uma estética rica em qualidades sugestivas (as sementes, as
do Sul, na França, nos EUA, enfim, em qualquer lugar do mundo.
bolas de luz e cor etc.), quanto porque trabalha com uma at-
Porque é uma história que fala de sentimentos e emoções e que
mosfera de encanto e sutilezas, com a sensibilidade dos perso-
mostra-se significativa para todos os povos, raças, países, conti-
nagens e o sublime da existência humana.
nentes. Todos poderão aprender algo especial com Zélia.
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Como utilizar em sala de aula o livro Zélia ANTES DA LEITURA
A importância da escuta - tempo de crescer em amizades Antes de iniciar a leitura de Zélia, professor(a), sugere-se: 1. Uma calorosa acolhida dos alunos, tão logo cheguem na sala de aula. Isso pode incluir abraços, saudações – Que saudades!; Bem-vindo(a)!; Que bom que você chegou!; Que legal que você veio! –, bem como perguntas sobre o cotidiano – Olá, tudo bem?; O dia de ontem foi bom?; Dormiram bem?; Estão animados para o dia de hoje? etc.
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2. A seguir, o diálogo pode se abrir para outras frases e
3. Logo depois, comente com as crianças que naquele dia, mais
conversações que abarquem os assuntos temáticos a serem
tarde, todos irão conhecer um livro especial e que dentro dele mora
trabalhados no planejamento do Manual do professor de Zélia.
Zélia, uma velhinha amiga e bondosa, e também Júlio, um menino
Por exemplo: “– Hoje eu trouxe comigo pensamentos tão es-
que está com um problema e o guarda em segredo. [Comente: Por-
peciais... pensamentos macios como carneirinhos, leves como
que quem anda feliz por aí não fica sem sorrir, de cabeça baixa e
bolhas de sabão, fofinhos como bebês e filhotes”. “– E vocês, no
com cara de aflito. Sim... porque os aflitos são pessoas preocupadas.
que estão pensando? O que existe aí na caixa de pensamen-
A caixa de pensamento dos aflitos é pesada, difícil de carregar.]
tos de vocês?” [Professor(a), contextualize a explanação]: "Sim... todos nós temos dentro das nossas cabeças uma grande caixa
4. Faça uma cestinha e escreva alguns pensamentos avul-
de pensamentos: de amor, felicidade, brincadeiras, medos, tris-
sos – dependendo da faixa etária da turma, escreva os pensa-
tezas, lembranças, raiva etc".
mentos ou emoções em letra maiúscula para serem mais facil-
Explique aos alunos com exemplos esses sentimentos e
mente reconhecidos na escrita. Leia os pensamentos em voz
emoções. Por exemplo: uma lembrança de um bichinho que-
alta. Indique às crianças que a cestinha vai passar por cada um
rido que já morreu; a alegria de ganhar um brinquedo novo ou
e que cada criança deve colocar dentro dela o pensamento es-
de receber um coleguinha em casa para brincar; a frustração
colhido. Comece por você, professor(a). Por exemplo, ao esco-
de ter perdido uma moeda de chocolate; a raiva por ter ido dor-
lher a palavra “tranquilidade” coloque-a na cestinha enquanto
mir tão cedo etc. O importante é colocar na roda de conversa a
diz: “– Hoje acordei tão calma e leve, tão tranquila, nada estava
franca expansão de sentimentos e pensamentos íntimos.
me preocupando, nem medos, nem preguiça, nem nada.” 17 17
5. As crianças podem ajudar na tarefa de fazer a cesta e na sugestão de pensamentos. Coloque-os em atividade, profes-
8. Instigue nas crianças a curiosidade para conhecer a história Zélia, de Christelle Vallat.
sor(a), pois no ato de fazer há descobertas e ganho de conhecimento. Além disso, este pode ser um momento de intimidade, troca coletiva, partilha de ideias, assim como de ganho de repertório vocabular, compreensão de divisão silábica e escritas lúdicas/simbólicas. 6. Sentados em roda, pegue a cesta e leia em voz alta os pensamentos. Afinal, cada pensamento tem algo a nos dizer sobre emoções, medos, sentimentos. [Comentar os pensamentos escritos e/ou selecionados pelas crianças vai criar um momento de intimidade e de afetuosidade. Mencione que amigos gostam de brincar conosco, gostam de nos ouvir e de nos ajudar.] 7. Ao final da atividade, crie a lembrança de que Júlio e Zélia estão prontos para nos conhecer. Eles também têm pensamentos para nos mostrar. 18 18
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Atividades propostas #1 Sentidos vivos na linguagem A primeira frase do livro diz assim: Como todos os domingos, Zélia se prepara. No decorrer da narrativa também encontramos as seguintes frases: Amanhã ela começará sua viagem de sempre. [...] Como todas as segundas-feiras, Zélia atravessa a cidade e chega até a praça. ▶ O que podemos perceber? Zélia realiza algumas ações com regularidade, frequência, assiduidade. Enfim, o texto explicita que Zélia reitera suas ações para o bem. 20 20
O leitor poderia interpretar de muitas formas: Existe uma repetição de fatos no cotidiano de Zélia; Há tomadas de decisão que são costumeiras na vida de Zélia; Zélia não falha; Zélia realiza atividades que se repetem ao longo do tempo; Tem coisas
Quando você acorda, o que é que todo dia você faz repetidamente? Exemplifique: Algo que você faz... e acontece de novo e de novo, tipo escovar os dentes.
que Zélia faz sempre, em sua (con)vivência habitual. Na hora de brincar, com que frequência você chama um ▶ Sugerimos que o(a) professor(a) leve ao conhecimento dos alunos vocábulos que evidenciem aquilo que é frequente – como nas frases do parágrafo anterior –, sempre de forma
amigo para brincar junto? Exemplifique: É comum chamar um amigo ou amiga? Ou isso quase não acontece?
natural, inclusive valendo-se de sufixos adverbiais (-mente), porém com exemplos que sejam próximos da realidade das crianças. Desta forma, mesmo se houver um estranhamento inicial,
Se a criança falar que costuma chamar, o(a) professor(a) ratifica: - Ah! Então é frequente!
diante de expressões e vocábulos novos, a literatura vai estar contribuindo para contextualizar situações (circunstanciais) de aprendizagem cultural e também linguística.
Chegada a hora do almoço com que constância você come em casa? Exemplifique: Quer dizer, você come em casa quase sempre ou nunca isso acontece?
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Periodicamente você faz natação ou algum outro esporte?
Exemplo:
Exemplifique: Laura toda segunda-feira e quarta-feira faz
▶ Eu adoro comer sorvete e bala de goma todo sábado. E você?
algum esporte. E você? Miguel toda terça-feira e quinta-feira você joga futebol. Tem esporte na sua rotina? Um exercício físico que você faz toda semana? Alguém na sua família viaja sempre, constantemente, seja a trabalho ou a lazer, de avião, de caminhão, de carro ou de ôni-
▶ Se eu pudesse, eu ia quase sempre na casa da minha avó, porque lá tem quintal. ▶ Gostaria de construir uma casa na árvore e lá ficar constantemente. E você?
bus? Saberia nos contar? ▶ É frequente eu comer amora, porque tem uma árvore na ▶ Abra espaço para que as crianças manifestem sua ex-
minha rua.
pressão comunicativa, dúvidas, apropriações do sentido da frase – gradativamente absorvendo pela própria atividade a importância da menção a uma ação regular, frequente, comum
▶ Repito sempre a mesma ação. Subo no muro, puxo um galho e como as madurinhas. Você já fez isso alguma vez?
às (suas) rotinas. E abra espaço interlocutório para que as crianças acrescentem ideias, via conversações:
▶ O vendedor de biju passa na frente da minha escola dia sim, dia não.
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▶ Tem algum vendedor de sorvete ou pipoqueiro que sem falta passa na sua rua? ▶ Vovô precisa de cuidados assíduos, sem interrupção, porque já tem 92 anos. ▶ Isso não muda mais: alguém cuidar dele todo dia, dando remédios e comida. ▶ Você conhece alguém que também precisa sempre de ajuda?
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Atividades propostas #2 Imagens expressivas, comportamentos e significados no contexto (opinião e/ ou relato) Após a história, o(a) professor(a), junto às crianças, pode criar motivação ao: ▶ Ressaltar imagens expressivas da narrativa e comentar seus significados no contexto – por exemplo: Um senhor oferece uma semente vermelha em retribuição a Zélia; Júlio sai da fila, dá meia-volta e desiste de falar com Zélia; quando Zélia delicadamente sopra as sementinhas, elas viram magníficos balões que alegram as crianças na praça; Zélia leva à antiga macieira as cores de belas maçãs vermelhas; Zélia pega um punhado de 24 24
sementes e as espalha; Zélia e Júlio molham a terra e a semen-
história seu semblante transparece...). Ajude as crianças nessa
te; Zélia e Júlio aguardam a germinação; a conversa de Zélia e
tarefa, mediador, completando os sentidos.
Júlio tendo ao centro o vaso com a semente plantada; a imagem da florzinha azul despontando; o abraço final que envolve
OBJETIVOS: Instigar a apreciação e a atenção dos lei-
as emoções de Zélia e Júlio; a semente que cresceu e floresceu.
tores. Criar exercícios interativos de significação (denotativa e conotativa – o que o texto diz e o que sugere). Desenvolver
▶ Destacar características da personalidade dos envolvi-
a capacidade compreensiva de usos literários verbo-visuais.
dos na história (personagens) e pedir que os alunos lembrem
Desenvolver a capacidade expressiva de comunicação a res-
destas particularidades (modos de ser) por palavras-chave ou
peito dos modos de ser dos protagonistas. Entender o que é
relatos breves – (Zélia era tão... estava sempre disposta a... suas
opinião e relato.
atitudes demonstram...; Júlio, no início da história, parecia estar... depois se aproximou de Zélia e ficou mais... e ao final da
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Atividades propostas #3 Reconto e promoção de sínteses lógicas (RECONTO LIVRE): Lembre às crianças e aproveite a participação delas para rememorar que, inicialmente, na história Zélia há uma fila de pessoas que desejam conversar com a velhinha sobre seus segredos, aflições e preocupações. O menino Júlio também está lá, na fila, mas dá meia-volta e vai embora. As pessoas, antes de irem embora, retribuem a escuta de Zélia com sementes. Zélia segue sua viagem de sempre, levando cores, vida e alegria aos espaços por onde passa. Então, Zélia encontra algo precioso: a aflição de uma criança. Zélia a guarda no bolso. Júlio e Zélia se reencontram. Eles esperam juntos pela germinação da semente-pensamento. O tempo passa. Nasce uma flor especial. Júlio sorri. A aflição enfim passa. 26 26
▶ Misture agora as ilustrações do livro Zélia e solicite que os
▶ Explique que a sequência é importante para a compreen-
alunos recriem, individual ou coletivamente, a sequência narra-
são dos acontecimentos narrativos e o desfecho lógico da história.
tiva correta.
Demonstre, inclusive, como a sequência errada pode criar uma nova história ou confusão com relação à história que foi apreen-
▶ Algumas folhas podem ser impressas, representando as
dida e apresentada. Exemplifique ao mesclar partes, sequências.
principais sequências ilustradas da história recontada. Observe que esta ação transformada em exercício cria um padrão mental de síntese lógica da narrativa literária. ▶ Observe se há entre as crianças um entendimento de começo, meio e fim da história.
▶ Peça que as crianças coloquem as imagens em ordem sequencial. Faça um belo mural. ▶ Destaque a qualidade perceptiva das crianças (disposição correta da sequência – partes do livro – via entendimento, memorização e interpretação da narrativa).
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Depois da leitura Uma pequena semente pode ser uma grande surpresa ▶ Experimente com as crianças plantar algumas sementes.
▶ Demonstre o sentido de cuidar (molhar, colocar um pouco no sol, proteger da chuva forte etc.).
▶ Escolha sementes de tamanhos, formatos e cores variadas. Comente as diferenças visuais.
▶ Observe dia após dia o crescimento das sementes. Note que é preciso desenvolver a paciência.
▶ A seguir, comente funções e que há sementes comestíveis. Umas ajudam na digestão (mostarda), outras têm efeito
▶ Nem todas as sementes vão crescer de forma igual. Algu-
calmante (papoula), hás as que ajudam a combater o cansaço e
mas crescerão mais rápido, outras mais lentamente. Umas serão
a anemia (abóbora) e as que melhoram o funcionamento do in-
rasteiras e fartas, crescidas para os lados, outras serão pequenas
testino (amaranto) etc.
mas frondosas, outras ainda serão compridas, altas. Algumas fo29
lhagens serão grandes, outras diminutas. Alguns caules serão li-
(b): Conhecer atividades do projeto Germinar. Sugestão (c): Se for
sos, outros pegajosos e haverá os que terão espinhos. Com tem-
possível, visitem um viveiro de plantas ou “berçário” de plantas –
po, algumas sementes que germinaram darão flores e até frutos,
sementeiras – em observação ao ambiente que integra espécies
outras oferecerão aromas. Todas as sementes, enfim, terão uma
e fases de germinação.
história para contar quando observadas atentamente. OBJETIVOS: Selecionar sementes; aprender o nome das ▶ As crianças podem ficar encarregadas de plantar, cuidar
plantas, suas funções e características (formas, folhagens,
e relatar o que está acontecendo com as sementes ao longo do
florações, ambientações ideais, usos na alimentação etc.);
tempo. [Algumas sequências ilustradas do livro podem ser revis-
agir e ver nascer uma vida (plantar); experimentar e desen-
tas, especialmente as imagens que tratam da semente que é co-
volver a paciência; notar as contribuições do tempo para a
locada na terra para germinar. Lembrem juntos da frase do livro:
germinação; conhecer o local onde germinam plantas e es-
“Agora só resta esperar”].
pécies em harmonia.
▶ Sugestão (a): descobrir a arte do bonsai . Algumas imagens de bonsais podem ser levadas para a escola, mostrando flores, frutos, formas e folhagens. Pode ser comentada também a idade dos bonsais. O tempo que passou (dias, meses, anos) até os bonsais adquirirem a imagem que hoje observamos. Sugestão 30 30
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Interlocuções TODAS AS CORES DE MALU trata de um assunto relevante, es-
O MONSTRO DAS CORES é uma deliciosa história ilustrada so-
crito pelas cores da pureza e do carinho. Malu é uma criança que
bre o funcionamento da mente, o efeito das emoções e pensa-
percebe o mundo ao redor e recarrega seus sentimentos através
mentos em nosso sentir e viver. Dentre os temas apresentados na
da expressão mental das cores. Alegre e imaginativa, em harmo-
narrativa estão a inteligência emocional, a educação emocional,
nia com o meio, Malu tem um forte mal-estar e, logo à frente, as
o autoconhecimento, bem como expressões de (des)equilíbrios
cores de um novo desafio, enunciativo em contrastes e abalos
mentais. Nesta obra concebida por Anna Llenas, as emoções,
vermelhos, cor que para Malu expressa um frio da alma e efeitos
juntas ou separadas, podem nos inquietar ou aquietar. Exploran-
de incerteza. Envolvente e cativante, a história perpassa a saúde
do recursos expressivos e cromáticos, sutilezas e circunstâncias,
e a doença de Malu, ilustrando também a presença e o apoio
a narrativa ganha sentido lúdico a partir de uma estrutura co-
solidários dos amigos, bem como as vibrações dos sentimentos
municativa de sensações e representações mentais, corporais e
à flor da pele. Em luta contra uma grave doença e diante do des-
relacionais (evidentes e subjetivas) de bloqueio, extravasamento,
botamento de algumas sensações, Malu representa sobretudo a
apreensão, angústia, raiva, alegria, calma, medo, tristeza, amor.
esperança e as cores novamente harmonizadas pelo esforço da
Tudo isso a partir de um protagonista para lá de cativante.
superação, nesta história sensível contada por Rosana Mont'Alverne e expressiva nas ilustrações de Maurízio Manzo. 32 32
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