A DR I A NA B A R R E T TA A L MEIDA
&
V ERÔNIC A F U K U DA
A DR I A NA B A R R E T TA A L M EIDA & V E RÔN IC A F U K U DA
Texto © Copyright 2020, Adriana Barretta Almeida | Ilustrações © Copyright 2020, Verônica Fukuda Todos os direitos reservados. Este livro não pode ser reproduzido, no todo ou em parte, sem prévia autorização da Editora Aletria. Editora Responsável: Rosana de Mont’Alverne Neto Assistente Editorial: Patrícia Franca Comunicação: Thaíne Belissa Projeto Gráfico: Romero Ronconi
A367
Almeida, Adriana Barretta
O abraço do ouriço / Adriana Barretta Almeida; Verônica Fukuda (Ilustradora)
Belo Horizonte: Aletria, 2020.
44 p., il.; 16 x 20 cm
ISBN 978-65-86881-20-2
1.Literatura infantojuvenil. 2. Amizade. 3. Família I. Almeida, Adriana Barretta.
II. Fukuda, Verônica (Ilustradora). III. Título. CDD: 028.5
Ficha catalográfica elaborada por Janaina Ramos – CRB-8/9166
Praça Comendador Negrão de Lima, 81 D – Floresta CEP 31015 310 – Belo Horizonte – MG | Brasil Tel: +55 31 3296 7903 aletria.com.br
Ao meu filho, Thomas, meu abraรงo mais precioso.
SE NÃO ERA AQUILO E NÃO ERA ISSO, QUAL ERA A TRISTEZA DO PEQUENO OURIÇO?
ELE OUVIA A VIDA INTEIRA: – OURIÇOS SÃO ESPINHOSOS. E DISSO NOS ORGULHAMOS. – OS OUTROS BICHOS, QUANDO CHEGAMOS, SAEM DE PERTO.
– PORQUE FOMOS FEITOS PRA ESPETAR.
E ESPETAMOS.
ERA ESSA A TRISTEZA DO OURIÇO. AO MENOS NESSE DIA, QUERIA AQUILO QUE VIA NOS ABRAÇOS: OLHINHOS SE FECHANDO DE ALEGRIA,
BRAÇOS COMPRIDOS, ESTICADOS POR MAGIA. E O CALOR DE UM CORPO AMIGO PREENCHENDO SEUS ESPAÇOS.
E SABER O QUE É OU NÃO É SER UM OURIÇO NÃO DAVA AO SEU DESEJO NEM DESCANSO, NEM SUMIÇO.
MAS TEM BICHO QUE APRESSA O PASSO QUANDO VÊ AMIGO TRISTE PRECISADO DE ABRAÇO.
O TATU...
TENTOU...
O CARNEIRO...
TENTOU...
A VACA ...
TENTOU...
É... NÃO TEVE JEITO. AINDA TRISTE, O OURIÇO FOI PRA CASA COM UM NÃO-ABRAÇO NO SEU PEITO.
MAS NA VIDA DE UM OURIÇO E NA MINHA E NA SUA, NA DE QUEM EXISTE, EXISTIRÁ OU EXISTIU, UMA COISA É UMA COISA E TAMBÉM É OUTRAS MIL.
UM CARINHO DE PRESENTE, UM PAPARICO, UMA AMIZADE
SÃO ABRAÇOS DE OUTRO JEITO E NÃO SÃO MENOS DE VERDADE.
ASSIM, NO SEU CORAÇÃO, NAQUELA NOITE APARECEU
UM PONTO BEM QUENTINHO, QUE NUM INSTANTE CRESCEU. UM ABRAÇO NASCEU LÁ DENTRO
E SEUS ESPAÇOS PREENCHEU.
Adriana Barretta Almeida Há muitos anos, quando eu morava na Inglaterra, um pequeno ouriço vinha visitar meu jardim. Ele chegava sorrateiro, meio tímido. Eu o observava bem quietinha, mas com o coração pulando de alegria. Tinha que conter meu impulso de correr para abraçar esse serzinho de olhar tão doce (que a Verônica traduziu tão bem), mas que nasceu para espetar quem chega muito perto. Minha vontade de abraço se materializou, então, num potinho com leite, que ele sabia que podia encontrar sempre cheio. E seu jeitinho de me olhar feliz me abraçava de volta. Afinal, um
paparico, uma amizade e tantas outras coisas também podem ser abraços. Hoje moro em Curitiba, com meu filho Thomas, que um dia me pediu uma história sobre um bichinho “diferente”. E assim, o ouriço de muitos anos atrás voltou a me visitar, dessa vez na minha imaginação. Muito tempo depois, essa história se transformou nesse livro, num ano esquisito, em que a gente teve que aprender com os ouriços outros jeitos de abraçar. Que ele chegue para você, então, como um paparico, uma amizade, um abraço!
Verônica Fukuda Sempre gostei de observar a natureza e tenho uma relação muito próxima a bichos e plantas. Já ilustrei 15 livros, e muitos deles falam de animais. Quando recebi o texto da Adriana, me encantei com a busca do nosso amigo ouriço. A partir daí, também começou em mim a procura para traduzir em imagens tanta doçura, carinho e afeto. Na composição desse animalzinho, pequenos detalhes falam muito. Por exemplo: preferi representar seus espinhos como pelos despenteados, como se assim ele negasse sua natureza de nascer para espetar.
Eu torcia tanto para que o ouriço fosse abraçado, que até desenhei a cena para o fim do livro (afinal, a arte nos permite imaginar o que quisermos). O abraço não aconteceu, mas o ouriço me ensinou muitas coisas durante esse fazer: percebi que às vezes o que queremos se apresenta de outras formas, e só precisamos ter sabedoria para aprender a enxergá-las. Meu ateliê fica em Curitiba, onde moro há quase duas décadas. É lá que compartilho com meus alunos minha busca, tendo a arte como leme e lente: todos os dias reaprendemos as formas das coisas. Como o nosso pequeno ouriço.
Agradecimentos Aos queridos Odilon Moraes, Carolina Moreyra e colegas da Casa Tombada, que abraçaram esse ouriço assim que ele nasceu. À artista e amiga Verônica Fukuda, por somar tanto carinho e beleza a esse livro.
“
SE NÃO ERA AQUILO E NÃO ERA ISSO, QUAL ERA A TRISTEZA DO PEQUENO OURIÇO? ” O pequeno ouriço cresceu ouvindo os outros de sua espécie se gabando de que eram espinhosos e nasceram para espetar. No entanto, o que ele mais queria era sentir o calor de um abraço. Como consegui-lo, sem espetar alguém? Será que esse bichinho gentil e diferente vai encontrar outros jeitos de abraçar?