Jornal da Comunidade

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Ano XXIV – N° 1.420 JORNAL DA COMUNIDADE Brasília, 30 de Abril a 6 de maio de 2016

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Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

Pedofilia MP registra 158 casos no DF em 2015 lei seca

Apesar da resistência

ajuda a reduzir mortes A embriaguez ao volante causou a morte de 479 pessoas nas rodovias federais em 2015, quase o mesmo de 2012, quando 485 pessoas morreram. O número de acidentes caiu de 7.594 para 6.738, uma redução de 11%. A3

Saúde e Segurança ampliam problemas

A vigência do Regime Tributário foi prorrogada para 1º de janeiro 2018. De acordo com a lei anterior, o programa iria acabar em 1º de maio. A4

O caos na saúde e na segurança pública de Brasília preocupa deputados distritais. Má gestão e atos irresponsáveis são causas dos problemas. A4

Opinião A2 Ricardo Callado

Os 500 dias do governo Rollemberg

Marco Antonio Pontes Da maldição do foro ao doutor ‘horroris’ causa Antonio Cruz/Agência Brasil

Simples Candango vai valer até 2018

Artigo

Segurança privilegiada

Concursados para as administrações

Divulgação

Deputado distrital cobra a profissionalização dos serviços nas administrações regionais e a continuidade das políticas públicas de estado. A4

Criança brasileira já não atrai estrangeiros O número de casais estrangeiros que adotaram crianças brasileiras diminuiu 63,6%. Em 2010, houve 316 adoções internacionais e, no ano passado, 115. A6

Cadeias do país estão lotadas Chegou a 622.202 o número de pessoas presas no Brasil, em dezembro de 2014, representando um aumento de 7% em relação ao ano anterior. Mais da metade da população carcerária é formada por negros, e o tráfico de drogas foi crime mais comum. A6

Malhação adota treinamento militar Empreendedor brasiliense lança uma modalidade de treinamento funcional que se utiliza de exercícios militares, o Top Fit. A7


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Opinião

Os 500 dias do governo Rollemberg POR RICARDO CALLADO

Se o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) for fazer um balanço dos seus 500 dias de governo, será um discurso mais econômico que político. Ainda há tempo para preparar a defesa de sua gestão. O simbolismo será marcado no próximo dia 14 de maio. Mas, o que dizer? A marca dos 500 dias pode ser o início da virada. A equipe do Buriti deve estar, com certeza, preparando algo para mostrar à sociedade. Rollemberg pode centrar-se na recuperação econômica do Distrito Federal, mostrando os números positivos do primeiro trimestre de 2016. A questão é que mesmo com o arrocho nas contas públicas em 2015, a contenção de despesas e o aumento de impostos, a crise financeira do governo ainda é a pauta. Ainda não existem números positivos suficiente que se pode comemorar. A economia só deve iniciar uma recuperação em 2017. O jeito para o governo é entrar no discurso político. Só que a política foi relegada a segundo plano no início do governo. Deixou de ser um item de pauta. Para quem aconselhava o governador, a mesma política que o elegeu governador tornou-se algo repugnante. Isso fez o governo perder quase um ano. A decisão de isolar o Executivo e cassar diálogo com os outros poderes, prejudicou Rollemberg. O governador foi vítima da sua própria equipe. As decisões necessárias que poderiam ser mais fácies num primeiro momento, acabaram se transformaram em um cabo de guerra. A sociedade viu que o governo batia cabeça. Foi um desgaste desnecessário para o governo. E Rollemberg teve que correr atrás para consertar a sequência de erros daqueles em que depositou confiança. E ainda corre atrás. A desgraça foi grande. E as ações que vem sendo tomadas são boas, mas insuficientes. É preciso de um plano de recuperação de imagem para o governo e para o governador. É só lembrar do clichê: não basta ser, tem que parecer. E aparecer. E o momento é esse, em que as atenções estão voltadas para o calvário da presidente Dilma. A mudança no governo federal não vai resolver a crise, mas cria-se um ânimo novo. E essa onda otimista acaba indiretamente favorecendo o GDF. Para isso, Rollemberg tem que passar otimismo através de ações. E mostrar de forma inteligente que essas ações estão sendo feitas. Senão, o efeito será contrário. As atenções das massas insatisfeitas podem mirar novamente no Buriti. Assim, o governador viverá novamente tempos difíceis. O momento é de construir pontes. A estratégia da discórdia implantada no início do governo deve ficar para trás. O governador também precisa pedir aos integrantes do primeiro escalão pararem de gerar agenda negativa. Acreditem, Rollemberg vive hoje seu melhor momento desde que assumiu. Ainda está tentando descobrir como transformar isso em algo positivo na avaliação de governo pelo brasiliense. Rollemberg deve aproveitar o momento e mostrar a capacidade que o governo pode ter de oferecer à sociedade a possibilidade de estar sempre lidando com uma agenda positiva. Uma agenda de governo depende de vários fatores, mas, primordialmente, do perfil do gestor público. E esse perfil precisa ser também trabalhado. Nesses primeiros 500 dias, alguns números melhoraram, outros não. Muitos dos empreendimentos prometidos não avançaram, mas não se pode perder a oportunidade de apresentar com estardalhaço os feitos de governo. A população precisa saber o que se faz. É simples assim. Não adianta fazer e não mostrar. Do contrário, nunca se conseguirá uma boa avaliação. O governo tem que ser o primeiro a dar o exemplo. “As palavras convencem, mas os exemplos é que arrastam”, já dizia Confúcio. Saber oferecer uma agenda positiva de governo depende muito do resultado das ações, mas deve fazer parte do perfil do gestor. Se Rollemberg tem dificuldade, até por seu perfil mais recatado de mostrar com pompa o que fez, outros governos conseguiram superar essa barreira de forma prática. E se deram muito bem. Rollemberg não tem mais o direito de perder oportunidades de lançar boas notícias sobre a sua gestão. São as pequenas diferenças que dizem muito do perfil do gestor e da gestão.

Espaço do leitor CAOS POLÍTICO Mais uma semana se passou após o vendaval político que foi a votação a respeito da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que ficou um gosto de ressaca , país tonto sem muito bem como proceder, isso é claro quando encontramos a base aliada ao governo(se ainda se pode chamar assim) , se ficou alguém, ou se se pularam desse barco na eminência de afundar. Deputados esqueceram do decoro parlamentar, nisso a economia do país entra na UTI, e se depender de um atendimento vai ser difícil sair sem nenhuma sequela. O brasileiro que acorda cedo para trabalhar , os poucos que ainda têm emprego e outros que vão em busca de algo melhor só tê na mente o pedido que este caos passe logo, que o mar revolto que se tornou a política logo volte a calmaria de como se fosse o Rio São Francisco.

Brasília, 30 de Abril a 6 de maio de 2016

Comunicação&Problemas Marco Antônio Pontes – Tributo a Octavio Malta (Última Hora, Rio, circa 1960) marcoantonidp@terra.com.br

Foro maldito Virgínia Helena Vianna Rocha comenta o que escrevi na semana passada: – O ‘pior de nossos males’ é a letargia ou ‘descuido’ diante das denúncias, desde 2006 [há denúncias] no Judiciário sobre contas no exterior de Eduardo Cunha, e foram silenciadas – lamenta, e prossegue: [Já contam] 28 anos os procedimentos sobre ‘malfeitos’ de Jader Barbalho, até declarar-se em seu favor a prescrição. Ela detecta o que parece ser regra geral quanto a possíveis crimes cometidos por políticos (“Maldito foro privilegiado!”, exaspera-se): as acusações “dormem nas gavetas dos excelsos ministros”.

Por que o silêncio? Virgínia Helena invectiva, ao concluir: – Por que silenciamos ante fatos como esses? A responsabilidade do judiciário quanto a contas públicas, do primeiro ao último grau de jurisdição, exige-lhe atenção imediata.

Vergonha Minhas críticas do comportamento dos deputados ao autorizar o impeachment foram objeto de observações de Eluza Lima: – Seja a que partido possam pertencer, fiquei envergonhada dos nossos representantes na Câmara. Eluza lembrou-se, a propósito, da formatura de seu filho, hoje advogado em Minas Gerais. O pai, o querido colega granberyense Roberto Thomaz (saudades!), estava “todo satisfeito e orgulhoso” mas “saiu decepcio-

nado” com parte dos formandos que empunhavam cartazes, assobiavam e faziam brincadeiras “num evento, que para o pai, era de grande relevância”. Tudo lhe pareceu, como dito na coluna, “a apresentação de um joguinho de futebol num campinho improvisado”.

Embuste e desespero Sobre mesma coluna escreve-me Jesus Ivandro Campos: – Ao ler suas observações sobre o momento trágico que vivemos, encontrei eco em preocupações que venho alimentando sobre a era petista. O que parecia aurora de uma nova política, transformadora e libertária, resultou em política velha, carcomida pela corrupção agora sistêmica e pela pior face da mentira, o embuste como política de governo. Em pouco mais de uma década eles conseguiram jogar no chão a economia e trazer a tragédia do desemprego, levando os mais pobres ao desespero [...].

Posições invertidas – O Advogado Geral da União – estranha Jesus –, ao invés de defender os poderes da República contra as agressões, deixou-a à própria sorte e resolveu defender quem a agrediu, ao cometer crimes de responsabilidade – e não ‘pedaladas’.

Atraso secular Ele prossegue: – Os efeitos catastróficos se espraiam [...], deixando estados e municípios sem recursos para os serviços essenciais. Crescem os dramas

humanos. É uma situação pungente e o pior é que não há solução a curto prazo, sobretudo pela crise política e completa ausência de credibilidade dos líderes. – É como dizia Nelson Rodrigues – conclui o lúcido intelectual pernambucano –, ‘o subdesenvolvimento é obra de séculos, não se improvisa›.

‘Horroris’ causa Paulo Pavel manda-me notícia de movimento de universitários portugueses, a ecoar nossa desilusão ante o chefe político que apressadamente os brasileiros quisemos elevar à condição de estadista. Ele mesmo conta: – Estudantes de Coimbra exigem a cassação do título “honoris causa”, que agora virou ‘horroris’ causa... A agência Lusa registra que integrantes da Juventude Social-Democrata (Jsd) pediram à Universidade a anulação do título honorífico concedido a Lula em 2011.

Desmerecimento Pavel transcreve trechos da carta aberta na qual os estudantes posicionam-se contra Lula: “É apanágio desta nossa casa a transmissão da verdade, das boas práticas administrativas, da competência, transparência, defesa dos interesses públicos e não instrumentalização do magistério público em benefício pessoal. [...] Clamamos, na sequência dos acontecimentos recentes, a anulação do grau de doutor ‘honoris causa’ a Luiz Inácio Lula da Silva por cessação das causas que fundamentaram a sua atribuição: o seu prestígio internacional.”

Artigo

Segurança privilegiada Não há erro que fique sem ser descoberto. Sob os olhos atentos da imprensa de cor indefinida, foi divulgada a notícia de que a secretária de Segurança Pública do DF, Márcia de Alencar, dispõe de um policial militar e de uma viatura para escoltar seus filhos no trajeto de ida e volta. Se a notícia não repercutiu bem diante da população, o mesmo aconteceu durante sessão ordinária, no plenário da Câmara Legislativa do DF, na quinta-feira (27). Segundo a informação publicada em um portal e depois replicada e muitos outros, um segundo-sargento da PM é responsável por levar e buscar os filhos da secretária diariamente com uma viatura descaracterizada. A observação sobre a notícia foi colocada pela presidente da CLDF, deputada Celina Leão. Ela destacou que usar bem público para fins privados é muito grave. Para ela, se houvesse alguma ameaça a seus filhos, a escolta seria justificada, mas caso contrário, é inaceitável. E sustenta: “Ela, como gestora pública, precisa dar exemplo. Esse fato tem que ser esclarecido, até porque a secretária enfrenta dificuldade para ser aceita pelas forças de segurança, que têm demonstrado resistência a um nome de fora das corporações policiais. A presidente da CLDF lembrou que durante o governo Agnelo Queiroz foi ameaçada de morte por várias vezes e nem por isso requisitou aparato policial. Justificou dizendo que aquele, sim, seria o momento de pedir escolta da polícia, mas não o fez. Celina afirmou que o assunto precisa ser investigado pela CLDF. E destacou a importância da averiguação. Para ela esse modelo de uso de carro público não condiz com o cargo de secretária de Segurança Pública. Chama de desmoralizante. E que querendo ou não, é grave. Celina Leão convidou a secretária a ir à CLDF prestar esclarecimentos, sob o argumento de que como repre-

sentantes do povo, os parlamentares precisam ouvir as explicações de Márcia Alencar. Imediatamente, o líder do governo na Casa, deputado Júlio César (PRB) garantiu que a secretária irá à CLDF espontaneamente, no próximo dia 5 de maio. O parlamentar quis, com isso, evitar a convocação da secretária. O deputado Wellington Luiz também condenou o uso de escolta policial à família da gestora e disse que a má utilização de equipamentos públicos é sempre reprovável. E alertou que esse fato chama a atenção para um ponto importante, que é o da própria secretária de Segurança não confiar na segurança comandada por ela. E ressalta: “ora, se ela acha que a família dela precisa de um esquema especial de segurança, imaginem o sofrimento do resto da população". Já o deputado Rafael Prudente chegou a apresentar um requerimento de convocação à secretária Márcia de Alencar para dar explicações à CLDF sobre o ocorrido, mas foi rejeitada pelos distritais. A repercussão chegou à Câmara dos Deputados. No dia seguinte à publicação da notícia, o deputado federal Laerte Bessa disse, criticou a atitude no plenário da Câmara, e disse que o comportamento é motivo de exoneração. E bradou: “Ela está usando a secretaria como puxadinho da sua residência”. E aproveitou para dar sequência a outra denúncia grave contra a secretária Márcia Alencar. A chefe da pasta nomeou sua ex-empregada doméstica no seu gabinete. Bessa disse que “é o maior absurdo que viu na vida. Esses fatos violam a lei de improbidade administrativa”. Tudo isso é fora dos padrões de ética. Mas pior foi a explicação do governador Rodrigo Rollemberg, dizendo que a secretária está amparada por um requerimento. Ainda assim não se justifica o privilégio!

Antônio Maria da Silva Bispo, 60 anos, empreendedor.

Conselho de Administração Ronaldo Martins Junqueira Presidente

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Diretoria Executiva Cláudio Santos Diretor Administrativo/Financeiro Darlan Toledo Gerente Industrial

Redação Silvana Amaral Chefe de Reportagem Eron de Castro Editor de Arte Alexandre Alves Diagramador

Editado e impresso por Comunidade Editora Ltda. SIG Q 2 nº 580 ‑ CEP: 70610‑420 ‑ Brasília/DF Publicação semanal com tiragem de 71.000 exemplares distribuídos gratuitamente no Lago Sul, Lago Norte, Asa Sul, Asa Norte, setores Octogonal, Sudoeste e Águas Claras. Geral: (61) 3441‑0200 / Comercial: (61) 3441‑0272 / Redação: (61) 3441‑0212 / Criação: (61) 3441‑0219 www.maiscomunidade.com.br / www.jornaldacomunidade.com.br / redacao@grupocomunidade.com.br


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Brasília, 30 de Abril a 6 de maio de 2016

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A3 Wilson Rossato/divulgação

QUATRO ANOS

Motoristas ainda resistem à Lei Seca Mas número de acidentes ocorridos por causa da ingestão de bebidas caiu de 7.594 para 6.738, uma redução de 11% SABRINA CRAIDE* Repórter da Agência Brasil

A embriaguez ao volante foi responsável pela morte de 479 pessoas nas rodovias federais no ano passado. O número é praticamente o mesmo de 2012 – ano em que as penas para quem dirige depois de ingerir bebidas alcoólicas se tornaram mais rígidas – quando 485 pessoas morreram em acidentes nas estradas fiscalizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) mesmo período, o número de acidentes ocorridos por causa da ingestão de bebidas caiu de 7.594 para 6.738, uma redução de 11%. Na avaliação de especialistas, apesar de a Lei Seca prever multas, perda da habilitação e detenção para quem é flagrado dirigindo sob efeito de álcool, o comportamento dos motoristas mudou pouco nos últimos anos. A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), que ajudou na elaboração da Lei Seca, estima que 54% dos motoristas brasileiros fazem uso de álcool antes de pegar o volante. Já a Pesquisa Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que 24,3% dos motoristas afirmam que assumem a direção do veículo após ter consumido bebida alcoólica. O diretor da Abramet, Dirceu Rodrigues Alves Junior, culpa a falta de fiscalização pela demora na mudança dos hábitos dos condutores. “Por falta de fiscalização, a população não adotou a regra de não beber ao dirigir. São poucos aqueles que assumiram essa condição, pouquíssimos são aqueles que não usam a bebida alcoólica na direção veicular”, diz. Para ele, as barreiras policiais são feitas em poucas cidades e restritas a locais específicos, como a Vila Madalena, em São Paulo, e a Zona Sul do Rio de Janeiro, deixando de lado o interior e as periferias onde o uso de álcool também é uma realidade. O diretor da Abramet considera a legislação excelente, mas critica a aplicação. “Não houve mudança comportamental por falta de campanhas incisivas, continuadas, que se iniciem e não tenham fim. Para que a gente possa conscientizar as pessoas com relação a esse risco”, avalia.

ÁLCOOL E ACIDENTES

Segundo a Polícia Rodoviária, em cerca de 8% dos acidentes com mortes houve ingestão de álcool pelo motorista.

Efeitos do álcool Além de alterar os reflexos do condutor, o consumo de álcool afeta a sobrevivência dos envolvidos em um acidente de trânsito. Segundo a Abramet, o álcool reduz a capacidade de percepção da velocidade e dos obstáculos, diminui a habilidade de controlar o veículo, manter a trajetória e realizar curvas. “Nós gostaríamos que as pessoas não associassem a direção de veículo automotor, seja automóvel, caminhões, ônibus, motocicletas, com o uso de álcool. Esse seria o nosso sonho. Para chegarmos nisso, vai depender de um tempo ainda e de investimentos em educação”, avalia o psiquiatra Arthur Guerra, diretor do Centro e Informação sobre Saúde e Álcool (Cisa). Para ele, já é possível notar uma mudança no comportamento dos motoristas, mas ela ainda é lenta. “Ainda não é a mudança que gostaríamos.” Segundo a Polícia Rodoviária Federal, cerca de 8% dos acidentes com mortes nas estradas federais ocorrem por ingestão de álcool. “Não há o que se comemorar. O número [de mortes] ainda é muito grande considerando a publicidade e a importância que se dá ao tema. Poderíamos ter avançado mais”, avalia o assessor nacional de comunicação da PRF, Diego Brandão.

Se o bafômetro registrar 0,34 miligrama de álcool, o motorista pode ser preso

Fiscalização e campanhas A fiscalização sobre o cumprimento da Lei Seca é feita pela Polícia Rodoviária Federal, nas estradas federais, pelas polícias estaduais e pelos Detrans de cada estado. A PRF diz que a fiscalização feita pelo órgão é direcionada por estudos estatísticos e eventos esporádicos. O tema alcoolemia é tratado nas ações operacionais feitas com policiamento em pontos onde é registrada maior incidência de acidentes ou flagrantes de motoristas dirigindo sob a influência de álcool, e o teste com etilômetro (bafômetro) é usado como diretriz básica para o policiamento diário. Também são feitas operações especiais para coibir o uso de álcool em festas, eventos, grandes feriados e períodos de férias. A PRF diz que tem recursos limitados para fazer campanhas publicitárias, mas faz inserções digitais veiculadas em canais oficiais, além de parcerias com outros órgãos e ministérios para inclusão do tema em campanhas publicitárias e de educação para o trânsito. Em 2015, a PRF fez 1,9 milhão de testes de alcoolemia, que resultou em 23,4 mil condutores multados por dirigir sob influência de álcool e 7,5 mil prisões pelo crime de embriaguez ao volante.

Mudança gradual Para o delegado de Polícia Civil e professor de direito penal Marcelo Zago, do Centro Universitário Iesb, em Brasília, a mudança de hábitos no trânsito é um processo gradativo. Ele lembra que, há alguns anos, quase ninguém usava o cinto de segurança e as crianças andavam soltas no banco de trás dos carros, coisas que hoje são praticamente inimagináveis. Segundo ele, a mesma lógica pode ser usada em relação à conscientização dos motoristas sobre a combinação de álcool e direção. “Essa mudança é gradativa, acredito que está havendo uma mudança sim.

É LEI DESDE 2008 A Lei Seca foi instituída em 2008. A legislação mudou o Código de Trânsito Brasileiro, estabelecendo penas para quem bebe e dirige. Mas foi a partir de 2012 que mudanças na lei aumentaram o rigor das punições, estabelecendo tolerância zero para o consumo de álcool por motoristas. Um condutor submetido ao teste do bafômetro que apresentar qualquer quantidade de álcool no organismo pode ser multado em R$ 1.915,40 e ter a carteira suspensa por um ano. A partir da detecção, no bafômetro, de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar expelido, é considerado crime e o motorista pode ser preso. Segundo a Abramet, o resultado do bafômetro depende muito do metabolismo de cada pessoa. Condições como alimentação e há quanto tempo a bebida foi ingerida também influenciam. Em média, duas taças de vinho ou dois copos de cerveja são suficientes para que o aparelho registre mais de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar expelido, ou seja, o condutor pode responder criminalmente.

E, apesar do aumento do número da frota, o número de acidentes vem se mantendo constante ou até caindo”, justifica. Desde 2012, a frota de veículos do país cresceu quase 20%, passando de 76,1 milhões para 91,1 milhões, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O número total de acidentes nas estradas federais caiu de 184.562 em 2012 para 122.005 no ano passado, uma redução de 33%. No mesmo período, o número de mortes reduziu de 8.663 para 6.859, uma queda de 20%, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal. Para Zago, tanto a fiscalização por meio da realização de blitz como campanhas educativas colaboram para essa mudança de hábitos. “A Lei Seca foi um marco do qual se partiram diversas campanhas. E essas campanhas efetivamente reduziram o índice de acidentes”, avalia o autor do livro Crime de Embriaguez ao Volante.

PENALIDADES

O motorista que apresentar qualquer quantidade de álcool no organismo pode ser multado em R$ 1.915,40 e ter a carteira suspensa um por ano. A partir da detencção, no bafômetro, de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar expelido, é considerado crime e o motorista pode ser preso.

ÁLCOOL E DIREÇÃO

A associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) estima que 54% dos motoristas brasileiros fazem uso de álcool antes de pegar o volante.

Em média, duas taças de vinho ou dois copos de cerveja são suficientes para que oaparelho registre mais de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar expelido.

A pesquisa Nacional de Saúde realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 24,3% dos motoristas afirmam que assumem a direção do veículo após ter consumido bebida alcoólica.

Seca. Enquanto ele bebe sua cervejinha, ela toma um suco de laranja. “Quando quero sair para beber, saio com a mulher, que não bebe. A Lei Seca inibe a pessoa de beber e dirigir. Eu tiro pelos meus amigos, muitos mudaram de hábitos com a Lei Seca. E é importantíssima

a mudança.”, diz o servidor público. A esposa diz que deixou de beber por conta da nova lei. “Eu tomava minha cervejinha e parei por conta disso. Já vai fazer dois anos. Alguém tem que dirigir. Então ele toma uma cervejinha, eu tomo um suco e dirijo”, conta.

ACIDENTES RELACIONADA AO USO DO ÁLCOOL

MORTES RELACIONADA AO USO DO ÁLCOOL

ACIDENTES NAS RODOVIAS FEDERAIS

Novos hábitos Em um dos bares e restaurantes da Praia de Iracema, em Fortaleza (CE), o casal Nivaldo Barros e Ana Cristina Costa diz que mudou os hábitos por causa da Lei CMYK


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Brasília, 30 de Abril a 6 de maio de 2016

INFÂNCIA

COMISSIONADOS Divulgação

Crime de pedofilia cresce em Brasília Em 2015, o Distrito Federal registrou 158 casos de pedofilia, segundo Ministério Público, e Ceilândia lidera o ranking com 30 ocorrências. Em seguida vêm Planaltina, com 14 casos, São Sebastião, com 13 casos e Samambaia, com 12 casos registrados. As informações foram prestadas pelo promotor de Justiça do Núcleo de Enfrentamento à Violência e à Exploração Sexual contra Criança e Adolescente, Thiago Pierobom, à Comissão Especial de Combate à Pedofilia, na Câmara Legislativa do DF. “Ceilândia infelizmente lidera essa lista, mas é também a ‘cidade’ com maior população. Se analisarmos o número de casos por 100 mil habitantes, nos deparamos com sinais de alerta, como é o caso do Itapoã, com oito casos dentro de uma população de 60 mil habitantes”, analisou Pierobom. Na visão do promotor, o combate à violência sexual contra crianças e adolescentes prescinde da atuação conjunta da chamada rede de proteção à criança e ao adolescente. “A atuação conjunta das áreas de educação, saúde e assistência social é fundamental para a garantia de direitos”, frisou. Pierobom apresentou exemplos da atuação conjunta de diversos segmentos no enfrentamento desse tipo de crime. “Uma experiência interessante se chama Maria da Penha vai à Escola, que é um programa de capacitação de educadores para diagnosticarem casos de suspeita de abuso sexual. O objetivo é transformar as escolas em parceiras nessa luta. Por sua vez, o sistema de saúde também orienta seus profissionais a acionarem a rede de

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MP registra 158 casos em 2015, sendo 30 só em Ceilândia, mas Itapoã é que preocupa mais

Violência doméstica alarma A violência doméstica é responsável pela morte de cinco mulheres por hora no mundo, mostra a organização não governamental (ONG) Action Aid. A informação é resultado de análise do estudo global de crimes das Nações Unidas e indica um número estimado de 119 mulheres assassinadas diariamente por um parceiro ou parente. A ActionAid prevê que mais de 500 mil mulheres serão mortas por seus parceiros ou familiares até 2030. O documento faz um apelo a governos, doadores e à comunidade internacional para que se unam a fim de dar prioridade a ações que preservem os diretos das mulheres. O estudo considera dados levantados em 70

países e revela que, apesar de diversas campanhas pelo mundo, a violência ou a ameaça dela ainda é uma realidade diária para milhões de mulheres. “A intenção do relatório é fazer um levantamento sobre as diversas formas de violência que a mulher sofre no mundo. Na África, por exemplo, temos países que até hoje têm práticas de mutilação genital. Aqui, na América Latina, o Brasil é o quinto país em violência contra as mulheres. Segundo dados do Instituto Avon, três em cada cinco mulheres já sofreram violência nos relacionamentos em nosso país”, informa a assistente do programa de direitos das mulheres da Action Aid Brasil, Jéssica Barbosa.

SUBNOTIFICADAS O relatório considera as diferenças regionais entre os países e, além disso, observa o universo de denúncias subnotificadas, de mulheres que sofrem assédio, estupro ou outros tipos de violência e têm vergonha de denunciar. No Brasil, a organização promove a campanha Cidade Segura para as Mulheres, que busca o compromisso do Poder Público com uma cidade justa e igualitária para todos os gêneros. “Muitas mulheres não conseguem exercer seu direito de ir e vir. A cidade não foi pensada para as mulheres, os becos são muito estreitos e escuros no Brasil. É necessário que haja o empoderamento das mulheres para superar a situação de violência. Por mais que o Estado tenha a obrigação de garantir instrumentos, é preciso que a gente invista na autonomia dessas mulheres”, acrescenta Jéssica.

proteção quando for percebida evidência de violência sexual”, explicou. O promotor disse aguardar a inauguração de um centro integrado de atendimento para evitar que a vítima seja obrigada a reviver o episódio reiteradas vezes em cada etapa do processo. “O GDF prometeu a inauguração desse centro para maio. É muito importante concentrar todos os órgãos envolvidos num

único lugar, pois assim evitamos reinquirições dolorosas à criança”, disse. Pierobom também defendeu a criação de uma vara especial no Tribunal de Justiça do DF para tratar de crimes contra crianças e adolescentes. Sobre a política distrital de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, Pierobom ponderou: “Avançamos muito na criação de núcleos especializados e nas discus-

sões sobre o tema. Porém, ainda há um longo caminho a percorrer. Por exemplo, a equipe especializada do TJDFT em realizar oitivas com crianças é muito reduzida em relação ao número de casos. Por isso, muitas vezes o juiz dispensa a oitiva especializada por não querer aguardar o prazo disponível. Isso acaba revitimizando a criança, que é levada à sala de audiência e obrigada a se expor diante do juiz, do promotor e do advogado de uma forma muito traumática”. O promotor também comentou sobre a natureza dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. “Segundo dados do Disque 100, 80% das vítimas são meninas e 85% dos agressores são homens. Isso mostra que não se trata apenas de um crime contra a infância, mas sim de um recorte de gênero.

CAOS

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Toninho Tavares/Cedoc

A situação da saúde e da segurança pública no Distrito Federal voltou a ser tema de pronunciamentos no plenário da Câmara Legislativa e alguns distritais não pouparam críticas à atuação do governo. O deputado Rafael Prudente (PMDB) contou ter visitado o Hospital Regional de Sobradinho e ter ficado “chocado” com o que viu: “Logo na entrada havia muita espera. Nos corredores, pessoas esperavam em condições sub-humanas”. O distrital disse ter uma lista extensa de medicamentos e insumos básicos em falta na rede pública,

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Saúde e segurança preocupam

Prudente ficou chocado

Vigilante vê gestão ruim

como curativos, seringas e paracetamol. “Destinamos R$ 30 milhões para o orçamento da saúde. Não falta dinheiro, falta gestão na área de compras”, criticou. Discurso semelhante foi feito pelo deputado Chico

Vigilante (PT), que afirmou haver “falta de gestão e de compromisso com a vida da população”. Ele ainda criticou o fechamento de pediatrias em hospitais públicos e a ideia do governo de estabelecer parcerias com

organizações sociais (OS). “O caos está estabelecido, e ainda pode ficar pior com as OSs, é só ver o exemplo de Goiás”, afirmou. O deputado Rafael Prudente defendeu, por fim, a indicação de nomes, ainda esta semana, para comporem a comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar má gestão na saúde pública do DF. O deputado distrital Chico Vigilante criticou a situação da segurança pública no DF. Para ele, o GDF não tem um plano de segurança. “A secretária da pasta fica só filosando, mas primeiro deveria combater a criminalidade.

Distrital cobra estrutura das administrações O deputado distrital Chico Leite (Rede) cobrou em plenário a regulamentação do percentual de cargos a serem ocupados por servidores públicos concursados nas administrações regionais de Brasília. O parlamentar afirma que 75% dos cargos deveriam ser ocupados por profissionais selecionados por meio do concurso público. O distrital defende que a regulamentação da proposta asseguraria maior profissionalização dos serviços e o fortalecimento das administrações. O parlamentar sugeriu que o governador trate o assunto junto ao projeto de eleições para administradores regionais. “A proposta garantiria que os serviços prestados à comunidade não fossem interrompidos a cada troca de governo”, destacou. Ele destacou, ainda, que a medida mudaria o perfil das administrações no DF, que em grande parte são ocupadas por servidores comissionados

TRIBUTO

Simples Candango é prorrogado até janeiro de 2018 O plenário da Câmara Legislativa aprovou projeto de lei que prorroga a vigência do Regime Tributário Simplificado do DF - o Simples Candango - para 1º de janeiro 2018. De acordo com a legislação anterior, o programa iria se encerrar no dia 1º de maio. A prorrogação do Simples Candango beneficiará feirantes, ambulantes e pequenos empreendedores do Distrito Federal, e contou com a articulação e Projeto de Lei da vice-presidente da Câmara Legislativa, deputada distrital Liliane Roriz (PTB), também autora da proposta aprovada na Casa. Em visitas que a parlamentar realizou em diversas feiras do DF, Liliane ouviu muitas queixas de feirantes que estavam preocupados com o fim do Simples Candango. Ela pediu à Secretaria de Fazenda a prorrogação do regime tributário. Em reunião com o secretário João Antônio Fleury Teixeira, Liliane Roriz – que levou ainda um grupo de feirantes para o encontro -, conseguiu a garantia do governo de que o Simples Candango continuaria a valer.

LEITURA

Feira do Livro destaca mestre Com o tema “Meu mestre, meu livro”, a 32ª Feira do Livro de Brasília destaca o papel do professor como protagonista na promoção da literatura e na formação de leitores. “Estamos brincando com essa ambiguidade, quem é o mestre? É o livro, é o escritor que fez o livro, é o professor que preparou o escritor ou o que apresentou o livro? Como essas coisas estão relacionadas?”, disse o presidente do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal (Sindescritores) e coordenador da feira, Marcos Linhares. Lançada dia 27, a feira vai de 1º a 10 de julho, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, com a presença de 170 escritores locais e cerca de 20 nacionais. A organização espera receber 400 mil pessoas durante o evento.


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JUROS

SELIC

Julgamento sobre cálculo é adiado

Indústria reclama da manutenção de taxa elevada

Voto Antes da suspensão, o julgamento contava apenas com voto de Fachin, relator do processo. Primeiro a votar, Fachin mudou seu posicionamento em relação a cautelares concedidas por ele e entendeu que a Lei

Barroso pediu prazo para aprovação de matéria no Congresso

POLÍTICA

Mello é a favor dos compostos

Fachin apresentou relatório

Complementar 151/ 2014, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, que trata do refinanciamento das dívidas, é inconstitucional. Na prática, a medida representa uma derrota para os estados. Os representantes dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e de Minas

Gerais defenderam na tribuna do Supremo a mudança na correção das dívidas entre estados e a União. A Advocacia-Geral da União (AGU) defendeu cobrança de juros compostos (juros sobre juros) nos contratos das dívidas dos estados com a União. Segundo a

secretária do contencioso da AGU, Gracie Fernandes, uma decisão do Tribunal a favor da cobrança de juros simples, como querem os estados, representaria um “nocaute nas contas públicas”. Dados atualizados pelo Ministério da Fazenda indicam um impacto de R$ 402,3 bilhões nas contas públicas se todos os estados endividados conseguirem obter na Justiça a mudança de cálculo. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que a melhor solução para o tema da dívida dos estados é um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional. A proposta prevê alongamento em 20 anos do prazo para pagamento da dívida e abatimento opcional de 40% extras na parcela, desde que os estados se comprometam a fazer ajuste fiscal.

PESQUISA Reprodução da Internet

José Cruz/Agência Brasil

O adiamento por 60 dias do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a incidência de juros simples na dívida dos estados é positivo, informou o Ministério da Fazenda. Em nota, a pasta disse que a suspensão do processo para que se os estados e a União busquem um consenso sobre o tema coincide com a orientação do governo. De acordo com a pasta, o voto do ministro Edson Fachin a favor da manutenção dos juros compostos na correção da dívida dos estados e a indicação de outros três ministros, Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes, de que acompanhariam o voto é um sinal de que o governo federal está correto em torno do tema.

Antônio Cruz/Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu suspender por 60 dias o julgamento das ações que tratam sobre o cálculo das dívidas dos estados com a União. A Corte atendeu a uma proposta do ministro Luís Roberto Barroso. Segundo o ministro, a questão não deveria ser judicializada e, durante o período de suspensão, deve ser decidida pelas partes e o Congresso Nacional. “Minha proposta é de suspensão do processo por 60 dias para que as partes possam negociar e dar curso político ao projeto de lei [Projeto de Lei Complementar 257], que já está na Câmara dos Deputados. E resolver isso de um ponto de vista sistêmico e não com cláusula de aplicação ou não de juros compostos”, disse Barroso. Com a decisão, por maioria de votos, a Corte decidiu que ficam mantidas as liminares que concederam aos estados o cálculo da dívida de acordo por meio de juros simples, sem a imposição de sanções, como colocação no cadastro de inadimplentes da União. A Corte começou a julgar três mandados de segurança nos quais o ministro Edson Fachin concedeu, no mês passado, aos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais direito à correção das dívidas por juros simples e não por juros compostos (juros sobre juros), forma que é adotada atualmente.

Divulgação

Estados e União disputam valores bilionários da dívida

A manutenção dos juros básicos no maior nível em quase dez anos dificultará a recuperação da economia, a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade informou que a taxa Selic em 14,25% ao ano restringirá o crédito às empresas no segundo ano seguido de recessão. Para a confederação, a autoridade monetária poderia aproveitar o agravamento da crise econômica, que diminui a produção e o consumo, e a queda do dólar para cortar os juros básicos. “A decisão do Banco Central provavelmente reflete o ambiente de incerteza política que domina a economia. Isso porque o aprofundamento da recessão, a valorização do real frente ao dólar e a desaceleração da inflação justificariam o início do processo de queda dos juros”, diz a nota. A CNI pediu rigor com o ajuste fiscal para acelerar a convergência da inflação oficial para a meta, cujo teto está em 6,5% neste ano. “O controle sustentado dos preços e a consequente convergência da inflação para a meta depende da combinação da política monetária com uma política fiscal austera. A concretização do ajuste fiscal efetivo ajudará a controlar a demanda e restabelecer a confiança dos agentes econômicos, afastando o risco de uma trajetória insustentável da dívida pública”.

Consumidor está menos confiante O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), caiu 2,7 pontos na passagem de março para abril deste ano. O indicador recuou de 67,1 para 64,4 pontos em abril, atingindo o menor nível da série histórica em setembro de 2005. A queda foi influenciada principalmente pela opinião dos consumidores em relação aos próximos meses. O Índice de Expectativas recuou 3,2 pontos, atingindo 65,8 pontos, o menor da série histórica, principalmente pelo pessimismo em relação à situação financeira da própria família. A confiança dos consumidores em relação ao atual momento também caiu, embora de forma mais moderada: 1,6 ponto. O Índice da Situação Atual atingiu 64,7 pontos, também um mínimo histórico por conta da piora na avaliação sobre a situação financeira familiar.

CRÉDITO

Cresce número de endividados Aumentou o número de empresas endividadas no Brasil nos últimos 12 meses. A constatação é de pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. O estudo abrangeu apenas as regiões Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. De acordo com a pesquisa, nessas quatro regiões o número de empresas inadimplentes aumentou 11,08%, em março, comparado a março de 2015. A região onde houve maior crescimento na inadimplência foi a Nordeste, com avanço de 16,64%, seguida pela Cen-

tro-Oeste, com 15,66% a mais, a Norte, 12,11%, e a Sul, 11,42%. O relato credita o aumento no endividamento das empresas ao cenário econômico desfavorável. “Dados do indicador mostram que o número de empresas negativadas apresentou crescimento expressivo entre março de 2016 e o mesmo mês do ano anterior”, destacou a pesquisa. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que a forma como essa taxa aumentou em apenas um ano demonstra o aprofundamento da recessão. “O

cenário foi piorado pelo recuo da atividade [econômica] com a alta dos preços e, por consequência, da taxa de juros”, sustentou a economista.

Vendas As vendas do comércio varejista do Rio de Janeiro caíram 6,1% em março deste ano, comparativamente a março de 2015, segundo o Termômetro de Vendas divulgado pelo Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas - CDLRio. É o pior resultado desde março de 2006 quando a queda chegou a 10,6%. CMYK


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ESTRANGEIROS

O número de pessoas privadas de liberdade no Brasil chegou a 622.202 em dezembro de 2014. Em dezembro de 2013, eram 581.507, o que mostra que a população carcerária aumentou 7% em um ano (40.695 detentos a mais). Cerca de 40% dos presos brasileiros são provisórios, ou seja, ainda não foram julgados em primeira instância. Mais da metade da população carcerária é formada por negros, e o tráfico de drogas foi crime que mais levou os detentos à prisão. Os dados são do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) e foram divulgados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça. Com o total de 622.202 pessoas privadas de liberdade, o Brasil tem a quarta maior população penitenciária do mundo, atrás dos Estados Unidos (2,2 milhões, ano de referência 2013), China (1,65 milhão, ano de referência 2014) e Rússia (644.237, ano de referência 2015). O Brasil tem déficit de 250.318 vagas, de acordo com o

Brito

Pesquisa mostra que população carcerária aumentou 7% em um ano, 40.695 a mais

Superlotação torna a vida na cadeia mais complicada

Presos provisórios Em todos os estados brasileiros, há presos aguardando julgamento há mais de 90 dias, prazo tido como o minimamente razoável para que o detento conheça sua sentença. O Espírito Santo tem o maior percentual de presos nessa situação, 97%, e Distrito Federal, o menor, 1%. “Dessas pessoas que ficam presas provisoriamente, 37% delas, quando são sentenciadas, são soltas. Ou seja, mais de um terço das pessoas que ficam presas provisoriamente não recebem uma pena de prisão, aquela medida é cautelar. Isso indica que temos de fato um excessivo uso da prisão provisória no Brasil”, disse o diretor-geral do Depen.

levantamento. O diretor-geral do Depen, Renato De Vitto, disse que o crescimento constante da população carcerária no Brasil preocupa e cita que, em 25 anos, o número de pessoas privadas de liberdade saltou de 90 mil para 622 mil. Segundo De Vitto, é preciso combinar medidas como políticas de educação e trabalho e penas alterna-

tivas para buscar a redução. “A taxa de encarceramento no Brasil tem crescido de forma anômala em relação ao que vem ocorrendo nos países que mais prendem no mundo.” De acordo com o diretor-geral, apenas o encarceramento como política de segurança não resulta na redução das taxas de criminalidade. “Se não cuidarmos desse aumento

expressivo da população prisional, qualquer arranjo de gestão pode parecer insuficiente”, acrescentou. O relatório aponta que, se considerado o número de pessoas que entraram no sistema penitenciário nacional e deixaram a prisão ao longo de 2014, pelo menos 1 milhão de brasileiros passaram por encarceramento no período. Os dados do levantamento mostram que 61,6% dos presos são negros, 75% têm até o ensino fundamental completo e 55% têm entre 18 e 29 anos. Vinte e oito por cento respondiam ou foram condenados pelo crime de tráfico de drogas, 25% por roubo, 13% por furto e 10% por homicídio. O ritmo de crescimento da taxa de mulheres presas na população brasileira chama a atenção, de acordo com o relatório. De 2005 a 2014, essa taxa cresceu numa média de 10,7% ao ano. Em termos absolutos, a população feminina aumentou de 12.925 presas em 2005 para 33.793 em 2014. O tráfico de drogas (64%) foi o crime que mais motivou a prisão de mulheres, seguido por roubo (10%) e furto (9%).

NA RUA

Migrantes aumentam população A maior parte da população em situação de rua na capital paulista é formada por migrantes, de acordo com o Censo da População de Rua divulgado pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da prefeitura. Os migrantes correspondem a 71% das pessoas que vivem na rua e a 73,4% das abrigadas nos centros de acolhi-

mento da cidade. A maior participação é do Sudeste e também do Nordeste. O censo já havia sido divulgado no ano passado, mas o perfil socioeconômico da população em situação de rua foi apresentado agora pela prefeitura. No total, a cidade tem 15.905 pessoas na rua, sendo 8.570 nos centros de acolhimento e

7.335 em vias e espaços públicos. De acordo com a pesquisa, a presença de imigrantes vivendo em situação de rua – 7% acolhidos e 1% na rua – é um fato social relativamente recente na cidade. “Esses estrangeiros são oriundos principalmente de países africanos que, chegando à cidade, procuram os serviços da rede de assistência

social”, informa o documento. Apesar de constituírem um grupo relativamente pequeno, o censo verificou uma tendência de crescimento em futuro próximo, com a intensificação do fluxo de refugiados para a capital, procedentes de países que passam por dificuldades econômicas e conflitos de natureza política, étnica e religiosa.

Reprodução da Internet

Presídios acumulam 622.202 detentos Número de adoções diminui 63,6% nos últimos cinco anos O número de casais estrangeiros que adotaram crianças brasileiras diminuiu 63,6% nos últimos cinco anos, informou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo o CNJ, em 2010, houve 316 adoções internacionais e, no ano passado, 115. Os dados, da Autoridade Central Administrativa Federal (Acaf), foram divulgados durante o seminário Adoção internacional: as diferentes leituras de uma mesma história, realizado na Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal. De acordo com dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), coordenado pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, existem atualmente, 135 pretendentes estrangeiros habilitados para adoção. A maioria desses casos de adoção é feita com crianças maiores de seis anos e, geralmente, com grupos de irmãos. O Brasil faz parte da Convenção de Haia, relativa à proteção de crianças e adolescentes, que tem o objetivo de assegurar que a adoção internacional seja feita de acordo com o interesse maior da criança e também de prevenir o sequestro, venda ou tráfico de menores. Para o CNJ, a adoção de crianças brasileiras por pais estrangeiros é uma medida extrema, que ocorre quando não se encontra uma família brasileira disponível para acolher o menor. De 2010 a 2015, ocorreram 1.409 adoções internacionais. No ano passado, os estados que registraram mais adoções desse tipo foram São Paulo (35), Rio de Janeiro (20), Minas Gerais (16), Santa Catarina (14), Pernambuco (9) e Espírito Santo (8).

Distrito Federal No Distrito Federal (DF), há, atualmente, 97 crianças e adolescentes cadastrados para adoção, dos quais oito estão fazendo estágio de convivência. As famílias habilitadas para adoção no DF são 535. Segundo dados da Vara da Infância e Juventude, apesar desta proporção (de 5,5 famílias por criança), a conta não fecha devido ao perfil exigido pelos adotantes. Das 535 famílias cadastradas no DF, a maioria declara ter prerência por crianças com até 4 anos e apenas 1,7% aceitaria adotar crianças entre 9 e 12 anos. Nenhum dos cadastrados interessa-se pelas que têm mais de 12 anos. No entanto, das 97 crianças que esperam por adoção no DF, 61 são adolescentes acima de 12 anos. A Comissão Distrital Judiciária de Adoção (CDJA) do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) realizou 32 adoções internacionais de 2000 a 2015. A faixa etária das crianças adotadas por estrangeiros no DF é de 4 a 14 anos, de cor morena e de grupos de irmãos.

NOMES

Maria e José são peferidos Levantamento inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que o nome próprio mais comum no Brasil é Maria. Segundo o órgão, 11,7 milhões de brasileiras tem esse nome. É mais que o dobro de pessoas chamadas José, o nome de 5,7 milhões de homens brasileiros. A informação é do Projeto Nomes no Brasil, divulgado hoje (27). Baseado no Censo de 2010, o levantamento compilou 130.348 nomes, durante as entrevistas em domicílios, sendo a maioria nomes de mulheres: 72.814 – que representam mais da metade da população do país. O terceiro nome mais comum no país também é de mulher: Ana. A compilação do IBGE revela os nomes mais frequentes por décadas de nascimento desde 1930, permitindo saber quais entraram e saíram de moda em cada período da história. A compilação do IBGE revela os nomes mais frequentes por décadas de nascimento desde 1930, permitindo saber quais entraram e saíram de moda em cada período da história. CMYK


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Fitness

Malhação padrão TOP Fotos: Divulgação

Educador físico cria método de treinamento funcional do BOPE e nem é preciso ser rato de academia para ingressar nessa nova modalidade que tem extrapolado os limites do DF DA REDAÇÃO

Desde o começo de 2015, a crise econômica brasileira e a falta de planejamento fazem muitas empresas fecharem as portas precocemente. Mas muitos empresários enxergam nesse panorama, uma grande oportunidade para alavancar seus negócios. É o caso do educador físico Charles Magalhães, pós-graduado em Gestão Estratégica e proprietário do Grupo Top Body. Percebendo a necessidade de aumentar sua renda em face da crise e evitar a evasão de alunos, Charles fundou uma modalidade de treinamento funcional que utiliza de exercícios militares, o Top Fit. Há três anos, a nova modalidade dá ênfase aos trabalhos aeróbio e neuromuscular, desenvolvendo a força, resistência, coordenação, flexibilidade, entre outras valências físicas semelhantes às adquiridas pelos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), unidade de elite da PM onde Charles começou sua carreira policial. "Eu sou formado em Educação Física há 24 anos, fui coronel da Polícia Militar da reserva e do Bope. Sempre sonhei criar uma modalidade em que qualquer pessoa pudesse realizar, que tivesse excelentes resultados e usasse exercícios de tropas de operações especiais do Brasil e de outros países", afirma. Segundo Charles, a efetividade dos resultados alcançados em seus treinos por meio da atuação aproximada e interativa do corpo profissional faz com que os alunos, de qualquer idade e nível de condicionamento físico, se sintam motivados, frequentes e ativos. "Os treinos, que variam entre 45 minutos a 1 hora, são mais intensos para pessoas altamente condicionadas, mas são facilmente praticadas por pessoas que não tem bom nível de condicionamento e, por eles serem bastantes dinâmicos".

Planejamento também precisa ser Top Estima-se que existam no país cerca de 24 mil academias, sendo o Brasil o maior mercado de academias de ginástica da América Latina e o segundo país do mundo em número de academias, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Nova modalidade, genuinamente brasiliense, sai dos quartéis-generais do BOPE e invade o ambiente de academia. Segundo Charles Magalhães, criador do método, não é preciso ser praticante de musculação para começar. Qualquer um pode fazer

Segundo dados do Sebrae, só no Distrito Federal, tem um estabelecimento para cada 4,7 mil usuários, representando quase o dobro da média nacional. Em um cenário tão competitivo, o que fazer? A estratégia foi seguir degrau por degrau. A primeira Academia Top Body, localizada na entrada do Grande Colorado, em Sobradinho, começou com pouco mais de 300 metros quadrados e abrigava pouco mais 450 alunos. Com a criação do Programa Foco no Objetivo (PFO) - periodização de treinos feita durante cinco meses - e um corpo profissional de alta qualidade, criou a necessidade de expansão para um prédio de três andares, com mil metros quadrados, tornando-se uma referência entre as academias das quatro cidades da região leste do DF. O sucesso desse tipo de treinamento é notório. Depois de três anos de fundado, o Grupo Top Body começa a expandir suas unidades para outras áreas do Dis-

trito Federal, Goiás e Bahia. Pela projeção do Grupo, a intenção é criar arenas em vários estados do Brasil. Planaltina de Goiás será referência para o país porque vai ser o mais estruturado espaço da América Latina e a primeira do modelo Top Fit com essa magnitude. A aluna Adriana Bitencourt Cruz, de 45 anos, conta que desde agosto de 2014, quando iniciou a aula de Top Fit, sua força e disposição tem melhorado. "Antes de iniciarmos, eu e minhas amigas estávamos procurando uma academia que tivesse uma modalidade diferente. Ficamos sabendo do Top Fit, fizemos e aprovamos. Nós gostamos de desafios", comentou Adriana. Para o estudante de Educação Física, William Mota, de 32 anos, a proposta da Top Fit é muito diferente da low cost, que oferece aluguel de aparelhos a preço baixo. "Faço musculação há 18 anos e sempre procurei uma academia que oferecesse algo além de preço

baixo. Há quatro meses me matriculei na Top Body e encontrei uma academia com um "quê" a mais. Conheci a modalidade Top Fit, um curso de táticas militares onde as aulas são dinâmicas e bem diversificadas,me inscrevi no curso e não vejo a hora de começar.

Nutrição esportiva para otimizar os resultados Não é só acompanhamento nos exercícios que trazem os melhores resultados. A alimentação complementa essa vertente da prescrição de treino periodizada. Dessa crescente demanda de comercializar os suplementos alimentares propostos nas dietas dos alunos, com preços abaixo da concorrência, surgiu a Top Body Nutrição Esportiva.

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