Jornal da Comunidade

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Ano XXIV – N° 1.424 JORNAL DA COMUNIDADE BRASÍLIA, 28 DE MAIO A 3 DE JUNHO DE 2016

A5 Lula Marques/Fotos Públicas

PESQUISA PARTIDOS NÃO NOS REPRESENTAM

Agressão nem tão silenciosa Renato Araújo/Agência Brasília

Pesquisa aponta que 86% das mulheres brasileiras sofreram assédio em público. O levantamento mostra que é um problema global. A7

Arte: Alexandre Alves

OPINIÃO A2 RICARDO CALLADO

Bancada do DF no Senado é aposta do PT para Dilma voltar ao poder

MARCO ANTONIO PONTES Superação é isso!

ARTIGO

Organização das contas

Brasília e Goiás fazem pacto pela segurança no Entorno José Cruz/Agência Brasil

Divulgação/Fotospúblicas

José Cruz/Agência Brasil

Protocolo de intenções foi assinado a fim de estabelecer o Pacto de Segurança Integrada para o Entorno de Brasília. Assim, forças de segurança das duas unidades da Federação trabalharão em conjunto para construir a cultura da paz na região. A3

Brazlândia, Ceilândia e São Sebastião lideram ranking da dengue

Mendes descarta tentativa de barrar Justiça

Endividamento assola juventude brasileira

Meirelles emplaca 1ª medida do governo Temer

Confirmados 14.226 casos de dengue em moradores do DF e 1.982 em pessoas de outras unidades da Federação. A3

Para o ministro do STF há, somente, impropriedade em citar a corte suprema. A5

Jovens com idade de 18 a 25 anos são 15,7% dos 60 milhões de inadimplentes. A6

Para ministro, ou se aprovava o déficit de R$ 170, 5 bilhões, ou o país poderia parar. A5


A2

Caderno A

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Opinião

Bancada do DF no Senado é aposta do PT para Dilma voltar ao poder

Comunicação&Problemas Marco Antônio Pontes – Tributo a Octavio Malta (Última Hora, Rio, circa 1960) marcoantonidp@terra.com.br

Rebelde com causa Mara Gabrili, deputada federal paulista entrevistada por Jô Soares na madrugada de 24–25.05, declarou-se adepta de uma causa, a dos portadores de deficiência. Tetraplégica, ela personifica a redenção por que luta e vai além ao defender causas outras, igualmente meritórias. Antes de abordá-las, porém, volto ao assunto de que tratei na semana passada: tem tudo a ver.

POR RICARDO CALLADO

A bancada do Distrito Federal no Senado virou a tábua de salvação do PT. O partido aposta que pode convencer os senadores brasilienses a derrubar o impeachment de Dilma Rousseff e, assim, permitir o seu retorno ao Palácio do Planalto e de todo o grupo do PT que comandava o País há 13 anos. Cristovam Buarque (PPS), Hélio José (PMDB) e José Antônio Reguffe (sem partido) são os alvos dos petistas. No trio, apostam suas fichas e acalentam sonhos. Dos três, o único que titubeia é Cristovam Buarque. O discurso que vem fazendo é dúbio. Não é de fácil compreensão e isso dá esperança ao PT e à Dilma. Um portal ligado ao PT divulgou com destaque que o ex-governador do DF é voto decisivo no processo. Cristovam também vem servindo de caixa de ressonância do projeto petista de novas eleições este ano. O senador, hoje no PPS, tem sua origem no petismo. Foi pelo partido se elegeu governador de Brasília e onde mantém boas relações com lideranças do PT. Também é curioso que as mais contundentes humilhações que sofreu em sua vida política partiram do PT. Quando foi ministro da Educação no primeiro governo Lula, sua demissão foi feita por telefone, mas teve outras. Enquanto é assediado pelo PT, militantes do partido o perseguem pelo país protestando por sua posição na votação de admissibilidade do processo de impeachment. A mais recente humilhação aconteceu no Ceará. Em Fortaleza, ele não conseguiu proferir a palestra para a qual estava inscrito por causa do protesto de petistas. Para complicar mais ainda, deu nova declaração dúbia sobre sua posição. Cristovam explicou que "apenas" votou pela admissibilidade do processo, e que não tem ainda posição tomada sobre o impeachment. Não precisa ser um bom entendedor. O sonho petista reside na indecisão do senador. Se Cristovam Buarque mudar seu voto, a presidente afastada Dilma Rousseff precisará de apenas mais um voto no Senado para reverter a situação e voltar ao poder. O senador encerra o seu mandato em 2018. Ele tentará ficar no Senado, onde está desde 2002. Já tem hoje o mais longo mandato de senador pelo Distrito Federal. Vai completar 16 anos no cargo. Se foi reeleito pela terceira vez, pode ficar por 24 anos. Só para comparação, é quase o dobro do tempo do que Joaquim Roriz exerceu no cargo de governador do Distrito Federal. Roriz ficou no Palácio do Buriti por 13 anos, em mandatos alternados. Se Cristovam está perto do PT, Reguffe e Hélio José irão manter a coerência inicial. Não devem voltar a atrás. Reguffe manterá a sua posição de independência a tudo e a todos. Vai agir de acordo com os anseios da sociedade e manterá a sua coerência, que sempre foi marca de seus mandatos, desde a Câmara Legislativa. Hélio José está hoje no PMDB. É aliado do presidente interino Michel Temer. A sua origem petista é o que faz o PT sonhar em reverter a sua posição e colocar novamente Dilma no Planalto. Além de afirmar que manterá fidelidade ao seu partido, Hélio José está trabalhando muito para renovar o mandato de senador em 2018. Não vai mudar o seu voto. Se conseguir atrair Cristovam, o PT vai ter que buscar o segundo voto que precisa em outra bancada. Talvez algum senador que esteja disposto a encerrar a sua carreira política, assim como o brasiliense. No Distrito Federal, não conseguirá.

Espaço do leitor POLÍTICA DE MAL A PIOR Mal começou o reinado de Michel Temer e seu castelo se demonstra construído com alicerces não muito confiáveis, já se ouvi nos corredores aquela frase célebre, cortem a cabeça, o decapitado nada mais é do que Romero Juncá, responsável pela pasta do planejamento, algo que realmente faltou e falta naquele reino, que só falta ter o chapaleiro maluco para virar um filme de ´comédia, ou melhor, trágico-Cômico. Rei cuidado com seus aliados. A corrupção é o mal de política brasileira, uma vez contaminado o político não consegue se livrar dessa praga. Tudo isso fica mais que caracterizado que a população deve saber muito bem em quem votar nas próximas eleições e não trocar o voto por meia dúzia de promessas que nós sabemos que jamais serão cumpridas. Porque depois não vai adiantar chorar pelo leite derramado ou melhor sob o voto desperdiçado.

Brasília, 28 de maio a 3 de junho de 2016

Ficou na saudade Semana passada escrevi sobre as tragédias da esquerda brasileira e tentei distinguir uma delas, felizmente imaginária – a derrocada do Pt, esquerda só na saudade de quem um dia imaginou-o progressista – das duas catástrofes que a vitimaram: o golpe de estado de 1964 e a ascensão de Lula ao poder. No contexto, referi-me ao ‘jefe’ petista como “operário com notável passado de superação”. Pra quê?... ...fui dizer isso!, nestes tempos de acirradas paixões. Recebi enxurrada de protestos, alguns quanto às conclusões a que cheguei, a maioria para negar a Lula quaisquer méritos, mesmo passados. Resumo-os na observação de Mário Arcanjo, habitual e arguto crítico desta coluna – e desta vez discordo dele: – A única superação de Lula foi da própria condição de retirante pobre para se transformar em milionário, conferencista de empreiteiras... Utopia partidária Discordo só em parte. Diferentemente do fiel leitor, vi méritos no sindicalista de São Bernardo quando pisava chão de fábricas e arregimentava os companheiros em campanhas salariais, depois em propostas políticas ao perceber que política sindical é política, tout court.

Algum tempo acreditei em seu projeto quando fundou o Pt, utopia de partido originado de lutas de massas, como nos melhores sonhos da esquerda que tentava reerguer-se das derrotas impostas pela ditadura. Não tardaria a desiludir-me. Crime impune A desilusão confirmou-se nos compromissos assumidos pelo Pt para disputar com chances de êxito e finalmente ascender ao poder, em 2002–2003. Anos antes, no entanto, a mística do partido operário, diverso e avesso das tentações burguesas e imune à corrupção, já se colocara sob suspeita em Santo André e estigmatizara-se pelo crime, no ainda não explicado episódio que culminou no assassinato de seu prefeito Celso Daniel. E aqui retorno à primeira nota dessa coluna e a Mara Gabrili, corajosa deputada.

salão e invectivar o principal ministro (do Gabinete Civil) de Lula, o hoje presidiário José Dirceu: “Sai daí!, Zé.” Ela venceu Assim como Dirceu do Planalto, Cunha acabou apeado do poder quase absoluto que exercia na Câmara – se não pelo repto de Mara Gabrili, ao menos em obediência a decisão do Supremo Tribunal Federal, que lhe suspendeu as funções parlamentares. Analogamente, a deputada hoje vê suas denúncias de associação criminosa em Santo André, e subsequentes tentativas de encobrimento, em vias de confirmarem-se pela Operação Lava a Jato.

Nova missão Frágil na aparência, sozinha a enfrentar o poder, Gabrili assumira outra causa na Câmara federal ao insistir em denúncias do assassinato de Celso Daniel e acusar rico empresário do Abc, protegido por alegada aliança do Pt com o crime organizado, de conluios para eliminar o prefeito que se rebelara contra o financiamento partidário via corrupção. Esquemas semelhantes, aliás, seriam mais tarde revelados no mensalão e seu multiplicado corolário, o petrolão desnudado pela Operação Lava a Jato.

Chantagem paga Justo graças às pistas deixadas pelas tentativas de encobrimento, a cruzada de Gabrili parece frutificar graças às atuações da Polícia Federal e do Ministério Público, no bojo dos processos que evoluem na Justiça Federal em Curitiba. Pois o pecuarista Bumlai, o amigão de Lula, segundo consta foi apanhado a receber alguns milhões em empréstimos fictícios concedidos por grupo empresarial que vendeu equipamentos à Petrobrás, mediante superfaturamento que geraria recursos com que pagar chantagem do tal empresário de Santo André que se teria associado ao Pt nas tramoias que motivariam o assassinato de Celso Daniel.

Sai daí! Em memorável sessão ela desafiou o então todo-poderoso presidente da Câmara Eduardo Cunha, que lhe cerceava a palavra: “Desça desta cadeira!, você não tem legitimidade para ocupá-la” – cito como me vem à memória. Terá talvez emulado, com carradas mais de autenticidade, o brado de Roberto Jefferson ao denunciar o men-

Citações em série Vem a propósito de tudo isso a citação de Roberto Pompeu de Toledo, que há três semanas citou em Veja Antônio Carlos Jobim, que por sua vez citara autor de quem não se lembrava na frase desde então célebre: “O Brasil não é para principiantes.”. À qual Toledo acrescentou, mui oportunamente: “Tampouco é para pós-graduados.”

Artigo

Organização das contas O presidente interino Michel Temer já está dando mostras, com sua equipe, de tentar colocar as finanças do Brasil em ordem, dando andamento aos protocolos diários. Tanto que, sancionou, sem vetos, o projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016 para incluir a nova meta fiscal que prevê um déficit primário de até R$ 170,5 bilhões nas contas públicas. A Lei 13.291 foi publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira (27). A sessão que aprovou, em votação simbólica, a revisão da meta fiscal para 2016 durou mais de 16 horas, num debate intenso entre governistas e oposicionistas. Com a aprovação da meta fiscal no Congresso Nacional, deverá ajudar a reduzir incertezas que rondam. De acordo com o texto, a elaboração e a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária de 2016, bem como a execução da respectiva lei. Tudo comprovado e explicado no Diário Oficial da União, onde também traz publicado um anexo de metas fiscais com os parâmetros que foram atualizados para a definição da nova meta. A justificativa é de que o objetivo primordial da política fiscal do governo é o de promover a gestão equilibrada dos recursos públicos, de forma a assegura a manutenção da estabilidade econômica, o crescimento sustentado, a distribuição da renda. Fazendo no presente para colher no futuro próximo, o anexo acrescenta que para 2017 e 2018 o governo está revendo o cenário macroeconômico e os números de projeção da receita (administrada e extraordinária) de forma a adotar o cenário mais prudencial, de forma a evitar frustrações de previsão de arrecadação tão elevadas quanto às observadas nos últimos dois anos.

O Tesouro Nacional também já deu as caras para divulgar que a dívida pública caiu 3,01% em abril, para R$ 2,79 trilhões. Numa comparação, o endividamento público, em alta, havia chegado a março a R$ 2,88 trilhões. A redução da dívida em abril se deve aos resgates de títulos públicos em valores superiores aos das emissões pelo governo. Enquanto as emissões somaram R$ 52,74 bilhões, os resgates ficaram em R$ 161,33 bilhões, o que resultou em um resgate líquido (descontada as emissões) de R$ 108,60 bilhões. Em abril, a apropriação de juros somou R$ 21,69 bilhões. Dívida pública é o resultado dos títulos que o governo emite para pagar os papéis que estão sendo resgatados, ou seja, que estão vencendo, e também para financiar empréstimos. Pelo que foi divulgado na mídia, a expectativa do governo é que a dívida fique entre R$ 3,1 trilhões e R$ 3,3 trilhões no fim de 2016. A previsão está do Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2016. Ao fim de 2015, ela era de R$ 2,79 trilhões. Para isso, Michel Temer anunciou medidas para tentar conter o crescimento dos gastos públicos e retomar o crescimento da economia brasileira. Não foi anunciado aumento de impostos nesse momento. Entretanto, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartou que isso seja feito no futuro. Pelo que se vê o chamado ‘golpe’ pelos petistas só tem buscado a organização financeira do País, de forma que os brasileiros voltem a ter acreditar que a política pode sim, ser utilizada para o bem da nação. E isso só depende de quem está com a caneta na mão, seja situação ou oposição.

Arioswaldo Siqueira Muniz, 56 anos, servidor público.

Conselho de Administração Ronaldo Martins Junqueira Presidente

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Diretoria Executiva Cláudio Santos Diretor Administrativo/Financeiro Darlan Toledo Gerente Industrial

Redação Alexandre Alves Diagramador Silvana Amaral Chefe de Reportagem Eron de Castro Editor de Arte

Editado e impresso por Comunidade Editora Ltda. SIG Q 2 nº 580 ‑ CEP: 70610‑420 ‑ Brasília/DF Publicação semanal com tiragem de 71.000 exemplares distribuídos gratuitamente no Lago Sul, Lago Norte, Asa Sul, Asa Norte, setores Octogonal, Sudoeste e Águas Claras. Geral: (61) 3441‑0200 / Comercial: (61) 3441‑0272 / Redação: (61) 3441‑0212 / Criação: (61) 3441‑0219 www.maiscomunidade.com.br / www.jornaldacomunidade.com.br / redacao@grupocomunidade.com.br


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SAÚDE

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ENTORNO

CONSTRUÇÃO

Zoológico quer construir parque dos dinossauros A Fundação Jardim Zoológico de Brasília divulgou aviso de licitação para construção do Parque dos Dinossauros em uma área de 4,8 mil metros quadrados dentro do local. O chamamento publicado no Diário Oficial do Distrito Federal prevê a concessão de uso para empresas privadas para execução do projeto e exploração comercial da atividade turística no complexo temático. O plano prevê exposição de 30 réplicas robotizadas de dinossauros e sala de cinema 5-D, além de espaço para arvorismo, loja de lembranças e food trucks, conforme edital disponível no site do órgão. Em contrapartida, o governo de Brasília receberá participação mínima de 30% sobre a arrecadação da bilheteria. A concorrência ocorre em 7 de julho, das 9 às 10 horas, no auditório da fundação, quando serão abertos os envelopes com as propostas. O projeto é inspirado no Parque dos Dinossauros do Zoológico de São Paulo, na Zona Sul da capital paulista, e foi elaborado durante um ano e meio por servidores do órgão de Brasília. A proposta de criação do espaço visa à ampliação da oferta de atrações e, dessa forma, ao reforço da arrecadação. A empresa que oferecer a maior porcentagem na contrapartida tem direito a explorar a área por um ano. Além disso, o repasse mensal mínimo ao governo deve ser de R$ 10 mil. O valor total do contrato é de R$ 120 mil e pode ser renovado a cada ano. No caso do cinema 5-D, a participação mínima na bilheteria é de 15%, no mesmo período.

Como será O Parque dos Dinossauros ficará em uma área isolada, a 100 metros do recinto das ariranhas. As réplicas de animais da Era Mesozoica emitirão som e se moverão. O mais alto deles será o Tiranossauro Rex, com 12 metros de altura. “Pensamos em um local que fique distante dos animais e, dessa forma, não interfira no conforto deles”, explica o presidente da Comissão Permanente de Licitação da Fundação Jardim Zoológico de Brasília, Paulo Maurício Macedo Alegre Alarcon. Na área do arvorismo, o projeto estabelece 105 metros de cordas para percursos entre a vegetação. O cinema, por sua vez, deverá ter capacidade para 50 pessoas. Uma consulta pública para avaliação da proposta pela população vigorou de 9 a 18 de maio. O projeto não recebeu modificações da comunidade no período.

As ações serão resultado da integração dos programas Viva Brasília e Goiás com Vida

Brasília e Goiás fazem Pacto para segurança Policiais das duas unidades da Federação devem trabalhar em conjunto Os governos de Brasília e de Goiás assinaram protocolo de intenções para estabelecer o Pacto de Segurança Integrada para o Entorno. Com isso, forças de segurança das duas unidades da Federação trabalharão em conjunto. O superintendente-executivo da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás, coronel da Polícia Militar Edson Costa de Araújo e a secretária da Segurança Pública e da Paz Social do DF, Márcia de Alencar, assinaram Pacto de Segurança. As ações serão resultado da integração das metodologias dos programas Viva Brasília — Nosso Pacto pela Vida, da capital federal, e Goiás com Vida, do Executivo goiano. Ambas apostam na união entre as forças de segurança e outros órgãos de governo para construir uma cultura de paz. Entre as prioridades estão o aumento nas apreensões de drogas e de armas, a solução de crimes contra a vida e a diminuição da vulnerabilidade social. Representando o governador em exercício de

Comitês O Pacto de Segurança Integrada para o Entorno terá dois comitês: gestor de nível estratégico e executivo de nível tático e operacional. O primeiro será composto pelos governadores, secretários de Segurança Pública e dirigentes das forças de segurança pública (Corpo de Bombeiros, Polícias Civil e Militar e Departamento de Trânsito) das duas unidades da Federação. O segundo terá representantes indicados por estes órgãos e pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica de Goiás. As primeiras ações devem ocorrer, segundo a secretária Márcia de Alencar, já em junho. Antes disso, os gestores se reunirão em Goiânia (GO) para definir metas e estratégias para as forças. Ainda será instituída a Força de Atuação Integrada no Entorno, que respeitará protocolos de procedimento integrados nas áreas que compreendem a Ride. Serão realizadas capacitações conjuntas e criadas câmaras temáticas, para analisar tópicos específicos ou prioritários. A integração em atividades de prevenção, salvamento, combate a incêndio, atendimento pré-hospitalar, controle epidemiológico e de defesa civil também está prevista no acordo assinado. Pelo Distrito Federal, o documento foi assinado pela secretária da Segurança Pública e da Paz Social, pelos diretores-gerais do Departamento de Trânsito, Jayme Amorim de Sousa, e da Polícia Civil, Eric Seba de Castro, pelos comandantes-gerais do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Hamilton Santos Esteves Junior, e da Polícia Militar, coronel Marcos Antônio Nunes de Oliveira.

Segundo a secretária da Segurança Pública e da Paz Social do DF, Márcia de Alencar, a iniciativa atenderá todos os locais da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride), definida pela Lei Complementar n° 94, de 1998. No entanto, serão tratados, em uma primeira fase, especialmente dois municípios de Goiás: Cidade Ocidental e Valparaíso. “Nós percebemos que essas áreas estão diretamente ligadas aos crimes

Goiás, José Eliton, o superintendente-executivo da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás, coronel da Polícia Militar Edson Costa de Araújo, disse que o documento cria a possibilidade de trabalho conjunto nos âmbitos operacional e de inteligência. “A ideia é que possamos implementar ações que visem à diminuição dos índices de criminalidade nas regiões. O crime não tem fronteira.”

contra o patrimônio, que são migratórios.” De acordo com Márcia, uma maior aproximação com o Entorno já estava prevista no Viva Brasília. Como ocorre no programa brasiliense, a ideia é que sejam feitas análises criminais mensalmente. Está incluído no acordo o compartilhamento de softwares e das bases de dados de crimes violentos contra a vida e contra o patrimônio, de tráfico de drogas, de identificação civil e de criminalística.

FISCALIZAÇÃO

GDF amplia investimento em equipamentos para a PM Levantamento realizado pelo deputado distrital Chico Leite (Rede), no início deste ano, mostrou que o GDF tinha reduzido os investimentos para modernização e reequipamento das unidades de segurança pública da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Após a publicação do estudo, o GDF incrementou os recursos disponíveis para as melhorias. Com a alteração, o orçamento autorizado disponível para este ano passa dos R$ 38 milhões. O levantamento anterior mostrou que, para

José Cruz/Agência Brasil

A Secretaria de Saúde confirmou 14.226 casos de dengue em pacientes residentes em Brasília e 1.982 em pessoas de outras unidades da Federação. É o que mostra o Boletim Epidemiológico nº 21. As regiões administrativas recordistas em registros seguem a tendência dos informes anteriores. Brazlândia ocupa o primeiro lugar no ranking, com 1.911 infectados. Em seguida, aparece Ceilândia, com 1.577 ocorrências. São Sebastião, por sua vez, apresentou 1.434 infecções pelo mosquito Aedes aegypti. Neste ano, sete pessoas morreram em decorrência da doença. Além disso, outras 16 manifestaram a forma grave da dengue. Não há registro de óbitos de moradores de outras unidades da Federação na rede de saúde local. Zika e chikungunya O boletim também apresentou 97 registros de infecção por febre chikungunya em residentes no Distrito Federal. Destes, 24 contraíram a doença em Brasília e, 37, em outras localidades. Nos 36 demais casos não foi possível determinar a origem da contaminação. Em relação ao zika vírus, o levantamento apresentou 144 confirmações em Brasília: 44 contágios no DF e 15 em outras unidades da Federação. Nos demais 85 registros, não foi possível identificar o local da contaminação. O documento também atualiza os números de gestantes que manifestaram o zika vírus. São 19 mulheres residentes no Distrito Federal, nove moradoras do Entorno e uma vinda de Mato Grosso. Até o momento, não há nenhum caso confirmado de microcefalia relacionada ao vírus.

Renato Araújo/Agência Brasília

Distrito Federal registra 14.226 casos de dengue

Chico Leite vê tomada de ação

2016, o GDF tinha autorizado apenas R$ 8 milhões para o programa de modernização da PM. Uma redu-

ção de 72,5% em relação ao ano anterior, quando o orçamento autorizado passou dos R$ 29 milhões. Novo levantamento mostra que o GDF complementou o orçamento com mais de R$ 30 milhões, um aumento de 31,64% com relação a 2015. “Com a complementação, esse orçamento passa a ser o maior investimento do GDF em reaparelhamento e modernização da PM nos últimos cinco anos”, ressaltou Chico Leite. O estudo mostra também que os valores já liquidados este ano correspon-

dem a 81,84% de todo o valor liquidado em 2015. Chico Leite mostrou também que, de janeiro a maio do ano passado, o GDF não liquidou nenhum centavo com o programa. Já em 2016, até o momento, R$ 939,7 mil foram liquidados. “Fico feliz em ver que o GDF está tomando ações necessárias para garantir melhorias na segurança pública da cidade. Temos o dever de apontar os setores onde os recursos não estão sendo suficientes e o governo deve ter atenção para resolver”, disse. CMYK


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Orgulho De acordo com a pesquisa Ipsos, 61% dos entrevistados afirmam que sentem orgulho de ser brasileiro. Desses, 34% dizem sentir

Lula Marques/Fotos Públicas

A Ipsos é uma empresa independente global na área de pesquisa de mercado presente em 87 países. A companhia tem mais de cinco mil clientes e ocupa a terceira posição na indústria de pesquisa.

muito orgulho. O Nordeste é a região onde há mais pesquisados com esse sentimento: 79% sentem orgulho e metade sente muito orgulho. A região com menor percentual nesse quesito é

o Sul, onde apenas 49% dos entrevistados afirmaram orgulhar-se de sua nacionalidade. Em contrapartida, um quinto dos entrevistados afirmaram sentir vergonha de ser brasileiro, enquanto

16% disseram não se orgulhar de sua nacionalidade. O Sul é onde o sentimento é mais acentuado (35% sentem vergonha), seguido pelo Norte (21% envergonham-se de ser brasileiro).

SUPREMO

Gilmar não vê tentativa de ingerência na Lava Jato O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse que não considera as declarações do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá, divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo, uma tentativa de obstrução da Operação Lava Jato. Por causa das declarações, Jucá pediu para ser exonerado. “Não vi isso. A não ser, uma certa impropriedade em relação à referência ao Supremo. Sempre vem essa história: ‘já falei com os juízes’ ou coisa do tipo. Mas é uma conversa entre pessoas

que têm alguma convivência e estão fazendo análise sobre o cenário numa posição não muito confortável”, disse Gilmar Mendes, em referência ao trecho em que Jucá cita o STF na conversa. “A não ser essa referência [sobre o STF], que causa incômodo, é uma repetição. Virou um mantra, um enredo que se repete”, acrescentou o ministro, em entrevista no STF. Mendes disse que nunca foi procurado por Jucá para falar sobre a Lava Jato. Para o ministro, o STF tem agido com imparcialidade com

José Cruz/Agência Brasil

NATURA Léo Barak/Cedoc

José Cruz/Agência Brasil

SOBRE A IPSOS

A falta de propostas e de causas bem definidas de partidos e políticos gerou insatisfação generalizada entre os brasileiros. Levantamento realizado pela empresa de pesquisa Ipsos nacionalmente mostra que 79% dos entrevistados não se sentem representados por nenhum dos 35 partidos atuantes no país hoje. Um dos fatores que explica a insatisfação é a falta de propostas, indica a pesquisa: a maioria (78%) acredita que os partidos não têm causas definidas e 86% afirmam que falta no Brasil um político confiável. Os dados fazem parte da pesquisa Pulso Brasil, realizada pela Ipsos em abril com 1.200 entrevistas presenciais em 72 municípios brasileiros. A margem de erro é de três pontos percentuais. Quando o assunto é corrupção, a maioria acredita que é possível governar sem desonestidade (83%), mas pouquíssimos acreditam que tal possibilidade será realidade no país um dia: 80% dos entrevistados acreditam que corrupção é um problema que irá sempre afligir o Brasil. Para a maioria dos entrevistados (61%), a causa da corrupção está na escolha dos eleitores, que elegem políticos corruptos. Outros 36% discordam da afirmativa. A pesquisa também indica que o bordão “rouba, mas faz” tem apoio de minoria da população: um quarto dos pesquisados concorda com a afirmativa. O percentual dos que discordam é de 69%.

O Congresso Nacional aprovou, na madrugada de quarta-feira (25), em votação simbólica, o projeto com a revisão da meta fiscal para 2016. O texto autoriza o governo federal a fechar o ano com um déficit primário de até R$ 170,5 bilhões nas contas públicas. “A aprovação da meta resulta em ajuste de receitas de forma real porque a receita que previa superávit de R$ 30 bilhões, que era o texto do governo anterior, era algo extremamente irreal. Estamos ajustando as receitas, ajustando as despesas e estamos retomando investimentos estratégicos para o país”, disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Os parlamentares aprovaram o relatório do deputado Dagoberto (PDT-MS), que invocou o “momento excepcional” ao pedir a aprovação do texto. “Não podemos ignorar as dificuldades financeiras que o país vem enfrentando. O momento político requer grande esforço de todos em prol da retomada do crescimento”, disse. A meta fiscal, economia que o governo promete fazer para pagar a dívida pública, gira em torno da expectativa da receita arrecadada e também dos gastos. A nova meta com o déficit foi anunciada no dia 20 pelo então ministro do Planejamento, Romero Jucá, e pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Apesar de o texto não detalhar os cortes, do total de R$ -170,5 bilhões, R$ -163,9 bilhões dizem respeito ao déficit para o setor público não financeiro para o Governo Central, dos quais R$ 114 bilhões referem-se ao déficit fiscal, acompanhado de R$ 21,2 bilhões de descontigenciamento de receitas; R$ 9 bilhões para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); R$ 3,5 bilhões para o Ministério da Defesa; R$ 3 bilhões para a Saúde; R$ 13,3 bilhões para renegociação de dívidas dos estados e outras despesas. Também entram no cálculo RS 6,554 bilhões para os estados e municípios. O governo interino justificou o resultado alegando dificuldades diante da crise econômica e queda nas receitas com um recuo do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,8%. Também contribuiu o fato de que, caso a meta não fosse revista, o governo ficaria paralisado”, disse.

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara Legislativa do DF, deputada Sandra Faraj (SD), anunciou a ida, nesta terça-feira (31), do secretário de Fazenda do DF, João Antônio Fleury, e do adjunto Wilson José de Paula, à CCJ para prestarem esclarecimentos sobre a suposta isenção fiscal concedida à empresa de cosméticos Natura. Os convocados devem dar explicações ao colegiado sobre um termo de acordo entre a Secretaria e a empresa, assinado em 2014, que propiciou à Natura um cálculo diferenciado do ICMS.

79% dos brasileiros rejeitam os partidos Pesquisa mostra a insatisfação generalizada de considerável parte da sociedade com a política

Congresso aprova déficit primário de R$ 170,5 bilhões

Secretário vai explicar isenção

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SEM PROPOSTAS Foto: Divulgação

A META

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Gilmar viu impropriedade em relação à referência ao Supremo

relação à operação. “Não há o que suspeitar do Tribunal, o Tribunal tem agido com muita tranquilidade, com muita

seriedade, muita imparcialidade, a mim me parece que não há nada para mudar o curso [da Lava Jato].” CMYK


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CALOTE

VIAGEM

Jovens ficam cada vez mais endividados

Gastos no exterior são os menores desde 2009

Categoria ocupa o segundo lugar no ranking de inadimplência Cerca de 9,4 milhões de jovens com idade entre 18 e 25 anos entraram para a lista de devedores no último mês de março, o que representa 15,7% do total de 60 milhões de inadimplentes do país, segundo estudo divulgado pela Serasa Experian. Essa é a maior parcela já registrada entre os jovens desde 2012. Eles já ocupam o segundo lugar no ranking de devedores, seguindo a classificação por faixa etária. Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pesquisa mostra que esses jovens têm sido afetados pelo desemprego. No primeiro trimestre do ano, a taxa na população de 18 a 24 anos atingiu 24,1%, com uma alta de 6,5 pontos percentuais em comparação a igual período de 2015. A maior proporção de inadimplentes (19,1%) está na faixa etária entre 41 e 50 anos, porém, está crescendo mais entre os jovens os casos de dívidas não quitadas no prazo.

Inadimplência no país atinge 58,7% das famílias

O percentual de famílias endividadas no país ficou em 58,7% em maio deste ano, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A taxa é menor do que as de abril deste ano (59,6%) e de maio do ano passado (62,4%). É também o resultado mais baixo desde fevereiro de 2015 (57,8%). Por outro lado, a inadimplência cresceu em maio deste ano, já que o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso passou de 23,2% em abril deste ano para 23,7% neste mês. A taxa de maio deste ano também é superior àquela observada em maio de 2015 (21,1%). O percentual de famílias que não terão condições de pagar suas contas também cresceu e chegou a 9% em maio deste ano. Em abril, a taxa havia ficado em 8,2% e, em maio do ano passado, em 7,4%. As famílias que se consideram muito endividadas chegaram a 14,9% do total de pessoas com dívidas no país, maior percentual desde dezembro de 2011 (15,4%). A média do tempo com pagamento em atraso ficou em 62,6 dias.

Para os economistas da Serasa Experian, além do desemprego, a dificuldade em honrar os compromissos ocorre por causa da alta da inflação e dos juros. Eles acrescentam que “a falta de experiência dos jovens no crédito e a maneira mais

impulsiva na hora de fazer compras também contribuem para esse resultado”. A saída defendida pelos economistas é a renegociação. Entre 2012 e 2016, o número de inadimplentes cresceu de 50,2 milhões para 60 milhões. Econo-

mistas dizem que, por meio do Limpa Nome Online da Serasa , a negociação pode ser feita pela internet, diretamente com o credor, com toda comodidade e segurança. (Repórter da Agência Brasil – Marli Moreira).

Sem fundos

Recorde no percentual de cheques devolvidos Em abril, 2,38% dos cheques foram devolvidos pela segunda vez por insuficiência de fundos. O número representa uma queda em relação a março, quando o percentual foi de 2,66%, mas é o maior patamar de devoluções em um mês de abril desde 1991, segundo o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos.

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Foram 1,1 milhão de cheques devolvidos e 47 milhões de cheques compensados no mês. Em abril de 2015, o percentual de devoluções havia sido de 2,26%, com 1,2 milhão de cheques devolvidos e 56,1 milhões compensados. Segundo os economistas da Serasa Experian, o agravamento da situação de desemprego no país,

que chegou a quase 11% primeiro trimestre deste ano, aliado a um quadro inflacionário que provoca perda de renda real, estão impulsionando os níveis de inadimplência no Brasil a atingirem patamares recordes. “A inadimplência com cheques em abril de 2016 é apenas mais um exemplo desta situação conjuntural.”

Nos primeiros quatro meses do ano, a liderança de devoluções de cheques foi da região Norte, com 4,67% no período. O Sudeste foi a região que apresentou o menor percentual de devoluções entre janeiro e abril de 2016: 1,97%. Na Região Nordeste foram 4,75% de cheques devolvidos, na Região Sul foram 2,01% e no Centro-Oeste, 3,06%.

Os gastos de brasileiros no exterior ficaram em US$ 1,076 bilhão, em abril, informou o Banco Central (BC). Esse é o menor valor para o período desde abril de 2009, quanto totalizou US$ 770 milhões. No mesmo mês de 2015, os gastos ficaram em US$ 1,644 bilhão. No primeiro quadrimestre desde ano, os gastos dos brasileiros somaram US$ 4,048 bilhões, contra US$ 6,876 bilhões em igual período de 2015. O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que a menor cotação recente do dólar pode estimular os gastos no exterior, embora a contratação dos serviços de viagens seja feita com antecedência. “É uma conta sensível à variação de câmbio. O movimento mais recente tende a contribuir, muito embora haja uma defasagem. As pessoas contratam sua viagem com certa antecedência” disse. Mesmo assim, Maciel destacou que o dólar este ano está 30% mais caro que em 2015 e há queda da renda dos brasileiros, o que leva à redução dos gastos no exterior. “Com a atividade retraindo, há recuo da renda e naturalmente isso tem impacto na conta de viagens. É um produto de lazer e tem elasticidade”, afirmou. As receitas de estrangeiros em viagem no Brasil ficaram em US$ 475 milhões, no mês passado, contra US$ 444 milhões registrados em abril de 2015. De janeiro a abril, as receitas ficaram em US$ 2,320 bilhões, ante US$ 2,081 bilhões em igual período de 2015. Com esses resultados das despesas de brasileiros no exterior e as receitas de estrangeiros no Brasil, a conta de viagens internacionais ficou negativa em US$ 602 milhões, em abril, e em US$ 1,728 bilhão, nos quatro meses do ano.

CONSTRUÇÃO

Queda na atividade e no emprego O ritmo de queda na atividade e no emprego da indústria da construção se intensificou em abril, informou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de nível de atividade registrou 36,4 pontos no mês passado ante 37,5 pontos em março, de acordo informações da pesquisa Sondagem Indústria da Construção. O indicador de emprego assinalou 35,7 pontos frente aos 36,6 pontos em março. Os indicadores variam de zero a 100. Quanto mais abaixo de 50 pontos, maior e mais disseminada é a retração na atividade e no emprego. O nível de atividade em relação ao usual para o mês registrou 26,4 pontos em abril. A utilização da capacidade de operação na indústria da construção ficou em 54% em abril, atingindo o piso da série histórica, iniciada em janeiro de 2012. Além disso, o valor está 12 pontos percentuais abaixo da média histórica.


Brasília, 28 de maio a 3 de junho de 2016

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BRASIL

ASSÉDIO PÚBLICO

DESIGUALDADE Para a representante da ONU Mulheres no Brasil, os dados refletem a desigualdade entre homens e mulheres na sociedade. “É uma questão de gênero, de entender que na sociedade, qualquer que seja, as mulheres não são consideradas iguais aos homens. A ideia é que a mulher está subordinada no lar, na casa, no trabalho. Dados [da Organização Mundial da Saúde] apontam que uma a cada três mulheres sofre violência doméstica. Para os homens, os corpos e as vidas das mulheres são uma propriedade, está para ser olhada, tocada, estuprada”, disse. Segundo Nadine, é necessário implementar políticas públicas que garantam a segurança da mulher em espaços públicos, com políticas públicas específicas, como a iluminação adequada das ruas e transporte público exclusivo para mulheres. “Quando se pensa que quase todas as mulheres têm a experiência com abusos, não se tem a ideia do assédio. Isso tem um impacto, isso limita de andar na rua com segurança e direitos como educação e trabalho”, diz.

O assobio é o mais comum, seguido por olhares insistentes e comentários de cunho sexual Pesquisa divulgada pela organização internacional de combate à pobreza ActionAid mostra que 86% das mulheres brasileiras ouvidas sofreram assédio em público em suas cidades. O levantamento mostra que o assédio em espaços públicos é um problema global, já que, na Tailândia, também 86% das mulheres entrevistadas, 79% na Índia, e 75% na Inglaterra já vivenciaram o mesmo problema. A pesquisa foi feita pelo Instituto YouGov no Brasil, na Índia, na Tailândia e no Reino Unido e ouviu 2.500 mulheres com idade acima de 16 anos nas principais cidades destes quatro países. No Brasil, foram pesquisadas 503 mulheres de todas as regiões do país, em uma amostragem que acompanhou o perfil da população brasileira feminina apontado pelo censo populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Todas as estudantes afirmaram que já foram assediadas em suas cidades. Para a pesquisa, foram considerados assédio atos indesejados, ameaçadores e agressivos contra as mulheres, podendo configurar abuso verbal, físico, sexual ou emocional.

Formas de assédio Em relação às formas de assédio sofridas em público pelas brasileiras, o assobio é o mais comum (77%), seguido por olhares insistentes (74%), comentários de cunho sexual (57%) e xingamentos (39%). Metade das mulheres entrevistadas no Brasil disse que já foi seguida nas ruas, 44% tiveram seus corpos tocados, 37% disseram que homens se exibiram para elas e 8% foram estupradas em espaços públicos. “É quase uma exceção raríssima que uma mulher não tenha sofrido assédio em um espaço público. É muito preocupante. A experiência de medo, de ser assediada, de sofrer xingamento, olhares, serem seguidas, até estupro e assassinato. Os dados são impressionantes se pensarmos que a metade das mulheres diz que foi seguida nas ruas, metade diz que teve o corpo tocado”, diz a representante da ONU Mulheres, Nadine Gasman. (Heloisa CristaldoRepórter da Agência Brasil).

SEXO

Denúncias de violência contra crianças passam de 50 por dia Mais de 17,5 mil crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violência sexual no Brasil em 2015, quase 50 por dia durante um ano inteiro. Os números são relativos às denúncias feitas ao DisqueDenúncia Nacional, Disque 100. As denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes no Disque 100 foram apenas uma parcela das 80.437 registradas em 2015 contra essas faixas etárias. Negligência e violência psicológica são outras violações registradas. As meninas são as maiores vítimas, com 54% dos casos denunciados. A faixa etária mais atingida é a de 4 a 11 anos, com 40%. Meninas e meninos negros/pardos somam 57,5% dos atingidos. No Rio de Janeiro, os dados do Núcleo de Violência Doméstica (NVD), do Disque-Denúncia, indicam redução de 30% nas denúncias sobre esses assuntos, 558 sobre abuso sexual e 574 sobre exploração sexual. Em 2014, ocorreram 810 denúncias de abuso sexual e 801 de exploração sexual. Apesar da redução, o número de casos de exploração sexual infantil em relação ao de abuso registrou aumento de quase 3%. Para a Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj), a população precisa estar alerta ao problema, que é preocupante. “Temos de participar das ações direcionadas a esse grave problema, mobilizando os vários setores da sociedade e proteger nossas crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. É um problema grave, que precisa ser enfrentado de forma sistemática, trazendo maior visibilidade”, comentou a vice-presidente da Soperj, Anna Tereza Soares de Moura. “Vale ressaltar que esses números são apenas a ponta de um iceberg, já que existe um muro de silêncio em torno desses casos de violência contra criança e adolescente, dificultando ainda mais a compreensão da magnitude real do problema”, acrescentou Anna Tereza.

FALTA REPRESSÃO

Arte: Alexandre Alves

Problema das cidades Os dados são publicados no lançamento do Dia Internacional de Cidades Seguras para as Mulheres, uma iniciativa da organização para chamar a atenção para os problemas de assédio e violência enfrentados pelas mulheres nas cidades de todo o mundo. “É bastante preocupante que não haja uma perspectiva de gênero nas cidades, um planejamento que não leve isso em conta, como horários, transportes e abordagem de ensino nas escolas. Isso gera e perpetua uma cultura de violência, normatizada e normalizada, de fazer parte do

desenvolvimento masculino assediar mulheres e isso não é questionado. A pesquisa mostra a naturalização da violência como uma prática bastante arraigada. Há a necessidade urgente e setorial de se enfrentar isso”, disse a coordenadora da campanha Cidades Seguras para as Mulheres no Brasil, Glauce Arzua. A campanha Cidades Seguras para as Mulheres foi lançada pela ActionAid no Brasil em 2014. O objetivo é promover uma melhoria da qualidade dos serviços públicos nas cidades para tornar os espaços

urbanos mais receptivos a mulheres e meninas. Glauce aponta a educação como aspecto fundamental para que seja possível reverter o quadro de assédio ao redor do mundo. “A abordagem educacional é uma chave para o enfrentamento. Medidas como acontecem no Brasil, de vagões de trem separados, são paliativas, transitórias. Temos que quebrar essa cultura, que passa por campanhas, treinamento dos gestores, sobretudo criar espaços para que o planejamento das cidades tenha essa perspectiva de gênero”, diz.

A professora de direito civil da Universidade de Brasília (UnB), Suzana Borges, avalia que não há repressão adequada ao assédio à mulher em espaços públicos. “É uma questão social porque, em função de uma posição histórica inferiorizada, a mulher foi objeto de repressão, violência, não só nos espaços públicos, mas privados, dentro da família, em casa, no trabalho”, disse. Suzana Borges diz que há necessidade das mulheres denunciarem as situações de assédio que vivenciam no cotidiano. “Por se tratar de uma questão de gênero, a denúncia é um mecanismo que reforça a proteção”.

POR REGIÕES

A Região Centro-Oeste é onde as mulheres mais sofreram assédio nas ruas, com 92% de incidência do problema. Em seguida, vêm Norte (88%), Nordeste e Sudeste (86%) e Sul (85%). No levantamento, as mulheres também foram questionadas sobre em quais situações elas sentiram mais medo de serem assediadas. 70% responderam que ao andar pelas ruas; 69%, ao sair ou chegar em casa depois que escurece e 68% no transporte público. Na comparação com outros países, 43% das mulheres ouvidas na Inglaterra e 62% na Tailândia disseram que se sentiam mais inseguras nas ruas de suas cidades, enquanto que, na Índia, o espaço de maior insegurança era o transporte público, apontado por 65% das entrevistadas.

COMO DENUNCIAR?

Para denunciar qualquer caso de violência sexual infantil, é necessário procurar o Conselho Tutelar, delegacias especializadas, autoridades policiais ou ligar para o Disque-Denúncia Nacional, o Disque 100, vinculado à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.

A DATA

No dia 18 de maio de 1973, uma menina de 8 anos foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada no Espírito Santo. Seu corpo apareceu seis dias depois carbonizado. Os agressores, jovens de classe média alta, nunca foram punidos. A data ficou instituída como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a partir da partir da aprovação da Lei Federal 9.970/2000.

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