Ano XXIV – N° 1.434 JORNAL DA COMUNIDADE Brasília, 20 a 26 de agosto de 2016
Opinião A2 Ricardo Callado
Crise política, gravações e a guerra de comunicação
Marco Antonio Pontes
Festas, vaias e o fim de um projeto
Artigo
Buriti leva crise à Câmara
Qualidade de vida e ambiental define voto
Mortes evitáveis limitam infância
GDF usa 14,5% em manutenção hospitalar
Eleitor quer saber de áreas verdes, energias renováveis e mobilidade urbana. A8
Elas correspondem a mais da metade dos casos em todas as capitais do país. A7
Houve queda nos recursos para a manutenção de máquinas e equipamentos. A4 Andre Borges/Agência Brasília
Ensino integral ajuda a superar as desigualdades Pesquisa que mapeou escolas mostra que modelo ajuda a superar questões como inclusão social e sexualidade. A6
Lago Sul comemora 56 anos
Dênio Simões/Cedoc
Pedro Ventura/Agência Brasília
A programação de aniversário está focada em esporte, lazer e cultura. Neste sábado (20), a Orquestra Sinfônica de Brasília se apresenta no Lago Paranoá, às 20 h. O encontro será no Pontão do Lago Sul. A3
Violência doméstica aflige quase nove mil mulheres De outubro de 2015 a junho de 2016, a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos fez 8.951 atendimentos nas unidades da rede de proteção à mulher do Distrito Federal. A3
Na crise, corta-se tudo, menos a beleza Pesquisa aponta que, mesmo em tempos de crise, os gastos com beleza ainda são vistos como uma prioridade para muitos consumidores. A5
A2
Caderno A
| JORNAL DA COMUNIDADE
Opinião
O que se falou no
Twitter Internacional Estátuas de Trump pelado são espalhadas pelos EUA. Brasil Temer vai à Olimpíada. Mas quase não fala. Brasil Lei Maria da Penha c ompleta 10 anos. Impeachment Dilma Rousseff deve ser ouvida pelo Senado no dia 29. Internacional Panda dá à luz e 'esconde' gêmeo por uma semana. Política Uruguai acusa Serra de tentar comprar voto. Esporte Morre Laor, ex-presidente do Santos. Internacional Grande incêndio segue devastando o sul da Califórnia. Política Teori libera para julgamento denúncia contra Gleisi e Paulo Bernardo Brasil Justiça anula acordo da Samarco com União e mantém ação de R$20 bi, diz MPF. Rio de Janeiro Dono de posto diz que nadadores americanos praticaram vandalismo 'Lochte era o mais abusadinho', diz comerciante. Esporte Zagallo recebe alta e deixa hospital após nove dias de internação.
Espaço do
leitor TUDO COMO ANTES NO QUARTEL DE ABRANTES Manifestações a favor e contra e discussões acaloradas nas redes sociais. Não teve jeito com todos os problemas as Olimpíadas Rio 2016 começou, Brasília sediou alguns jogos no suntuoso Mané Garrincha, que também não escapou de críticas e reclamações. Ao primeiro sinal do início da cerimônia de abertura das Olimpíadas foi esquecido os problemas e queixas. Em um só coro e emoção , coração se emocionou e mostrou ao mundo que ”sim podemos”. Infelizmente tudo que é bom dura pouco, o evento acaba no próximo fim de seman, o povo volta a ter a realidade da insegurança, saúde precária, educação no banco de reservas das prioridades do governo. Pedro Henrique Nunes Maia, 32 anos, empresário.
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Comunicação&Problemas
Crise política, gravações e a guerra de comunicação Por Ricardo Callado
Desde que assumiu o governo, em janeiro de 2015, Rodrigo Rollemberg (PSB) teve poucos momentos de calmaria. A crise econômica e a troca de equipe em sequência minaram parte de sua popularidade. As gravações da deputada distrital Liliane Roriz (PTB), aparentemente ajudam o Executivo, pois a turbulência mudou de endereço e pousou nos corredores da Câmara Legislativa. Não que o Palácio do Buriti deva achar que terá dias de calmaria. A recomendação é de cautela. Ainda não se sabe à proporção que essa crise vai tomar, e dos seus desdobramentos. Nos bastidores políticos fala-se em mais gravações que atingem muito mais personagens e dos dois lados da Praça do Buriti. Poucos tiveram acesso ao conteúdo. Alguns jornalistas locais, também de um grande jornal e de uma revista, ambos de circulação nacional. As gravações seriam distintas e de casos diferentes. Além de denúncias de supostos acertos de propina envolvendo dinheiro público, existe uma crise política e uma guerra de comunicação. A política brasiliense está novamente sob fogo cruzado. Os casos são graves e precisam ser apurados. Esse processo obedece a um rito para desgastar a imagem dos envolvidos. Entre uma gravação e outra, um intervalo de alguns dias para vir a público. É uma ação organizada, com mentores e intermediários, muita contrainformação, e vai romper setembro. A Câmara Legislativa foi atingida em cheio. Notas de partidos de esquerda aconselharam a presidente da Casa, Celina Leão (PPS), a se afastar do cargo. É jogo para a plateia. Celina não é boa de receber conselhos, principalmente de adversários. Só fizeram que essa decisão fosse descartada. Celina e os outros deputados citados vão para a guerra política, só não irão brigar com os fatos. O Palácio do Buriti é o alvo. O governador Rodrigo Rollemberg vai enfrentar uma oposição ainda mais acirrada. Se o jogo é da guerra, o Governo de Brasília terá de aposentar o cubo mágico e colocar seus soldados para sair em defesa do Executivo. É possível discutir política sem descer o nível? Hoje, muito se fala e pouco se ouve. Muito se prega, pouco se debate. Quando há troca, ela acontece menos como debate e mais como disputa, sempre com cada lado buscando ter a última palavra e vencer. Nessa guerra não há vencedor. A entrevista de Celina na quinta-feira (18) foi uma tentativa de virar a batalha da comunicação, apresentando a sua defesa, e partindo para o ataque. O objetivo é colocar a crise no colo do Buriti. O Executivo precisa também de uma estratégia que vá além do cubo mágico. Não basta desqualificar a CPI da Saúde, já que o governo é o ordenador de despesa, e, ainda, jogar a responsabilidade para o Ministério Público. É preciso de algo mais. Quem sobreviver a essa crise vai sair desgastado e, contraditoriamente, também fortalecido. Uma crise na Câmara não garante paz ao governador. É preciso estar atento 24 horas pisando em ovos. A situação não é nada boa. Rollemberg foi eleito num período conturbado da política e da economia brasilienses. Herdou problemas e modelo de administração contaminado. Soma-se a isso a falta de habilidade política de sua equipe. O governador tem inimigos por todos os lados. Na base aliada, na ex-base aliada, na oposição, nos gabinetes do Buriti, no funcionalismo público. Rollemberg não tem o direito a descanso, até para manter a sobrevivência política. Não basta ter um vigilante, é preciso estar vigilante. A imprensa, o Ministério Público e o Judiciário farão a sua parte, até setembro chegar.
Você sabia? Dicas do bem falar... ... e do bem escrever!
AO INVÉS DE X EM VEZ DE Reserva-se o uso da expressão ao invés de exclusivamente para os casos em que há ideia de situação antônima, contrária. Exemplos: foi ao baile ao invés de dormir cedo; partiu para o ataque ao invés de simplesmente se defender. Usa-se em vez de quando se trata de escolher entre opções, ainda que entre duas opções opostas. A expressão pode, portanto, ser empregada com significado de em lugar de ou de ao contrário de. Exemplos: jogou futebol em vez de ir ao cinema (alternativas não opostas); após a revisão, sua nota diminuiu em vez de aumentar (alternativas opostas, onde, portanto, caberia também a expressão ao invés de). Logo, a expressão em vez de estará bem aplicada em todas as situações. Fernando Velloso Mestre-em-Ciëncias Pós-graduação em Língua Portuguesa, e-mail: livroserevistas@bol.com.br
Conselho de Administração Ronaldo Martins Junqueira Presidente
Diretoria Executiva Cláudio Santos Diretor Administrativo/Financeiro Darlan Toledo Gerente Industrial
Brasília, 20 a 26 de agosto de 2016
Marco Antônio Pontes – Tributo a Octavio Malta (Última Hora, Rio, circa 1960) marcoantonidp@terra.com.br
O Rio é uma festa Assim como Paris no princípio do século xx, muito bem descrita no título das reminiscências de Ernest Hemingway (Paris é uma festa), o Rio festeja sempre e transforma em festa os eventos internacionais que recebe; fez isso na Copa do Mundo e repete-o nas Olimpíadas. País em crise, estado do Rio em ‘emergência financeira’, a cidade ela mesma às voltas com trânsito caótico, violência, baía poluída, com tudo isso as coisas funcionam e o Rio, além da consagrada paisagem, oferece aos participantes das Olimpíadas adequada infraestrutura, descontadas pequenas falhas iniciais logo corrigidas. Ingressos, embalos Curioso: os maiores problemas debitam-se, como na Copa, aos promotores do evento e a visitantes. Em 2014 empresários credenciados pela Fifa, ‘cupinchas’ da corrupta hierarquia então chefiada por Blatter (mais tarde deposto por... corrupção, é claro), foram flagrados em tramoias com ingressos; agora o presidente do Comitê Olímpico irlandês, membro do Coi dono dos Jogos, é acusado de falcatrua semelhante. E houve a falsa denúncia de assalto com que quatro nadadores estadunidenses, na saída de um ‘embalo’, quiseram esconder os próprios malfeitos. Correção Esse vexame foi corrigido: o Comitê Olímpico estadunidense pediu desculpas ao povo brasileiro pela “conduta inaceitável” de seus atletas. Nota triste Nos palcos propriamente esportivos, em que abundaram vitórias espetaculares como as do jamaicano Bolt, carinhosamente adotado pela torcida brasileira, uma nota triste tocou o atleta francês derrotado pelo brasileiro Tiago Braz no salto com vara, talvez a mais plástica prova do atletismo. O francês reclamava do público que ao apoiar o concorrente vaiava-o impiedosa-
mente e exagerou ao comparar sua situação com a do corredor afro-estadunidense Jesse Owens, vítima do nazismo nos Jogos de 1936. Desculpou-se depois; menos mal. Por que vaiar? Entretanto na copiosa, exaustiva cobertura a imprensa brasileira passou ao largo do infeliz capítulo das vaias. Haver-se-ia de questionar a concepção dominante segundo a qual a torcida pode tudo, inclusive urrar inumanamente contra os adversários. Coerente com o espírito olímpico seria contrapor, aos aplausos de apoio aos preferidos, só o silêncio ante os oponentes. Silêncio eloquente Criança perplexa, participei de episódio em que o silêncio foi mais eloquente que barulhentos apupos. Foi no Maracanã, 26 de julho de 1950, depois do fatídico gol uruguaio que nos tirou o pão da boca, a primeira vez em que a Copa do Mundo escapou-nos em casa: quase 200 mil torcedores absorvemos calados, civilizada e estoicamente, o insucesso. Solidariedade Menos ainda justificam-se vaias no contexto olímpico que privilegia solidariedade, ameno convívio entre povos. Como no exemplo das corredoras neozelandesa e estadunidense que abriram mão da disputa para auxiliarem-se após uma queda no percurso. E até o prosaico, belo gesto de Neimar, que ajudou o arqueiro hondurenho a recolocar no braço a faixa de capitão, em meio a disputa em que sofria duras agressões. Democracia olímpica Respalda-me essa tese o excelente artigo do jornalista Aylê-Salassié Quintão (Correio Braziliense, 16.08). “Vamos democratizar o espírito olímpico e encher os estádios”, ele conclama, ao constatar que os altos preços dos ingressos alienam participação e propor abertura dos portões nos eventos em que
aquisições prévias não esgotaram a lotação. Convívio alegre “As Olimpíadas trazem consigo valores civilizatórios – argumenta Aylê –, conduzem uma pedagogia informal que motiva a aculturação dos povos, expressa-se no convívio alegre da população com os estrangeiros [...]”. Elas ensinam a “respeitar e admirar o outro [...], produzem um crescimento pleno do ser humano e uma integração com o mundo.” Espaço de competição – ele conclui – “as Olimpíadas funcionam como instrumento de educação, de formação humana, de reconhecimento do outro”. Azar merecido Nem Olimpíadas a pleno vapor livraram Lula e seu poste feito ‘presidenta’ de enfrentar nos tribunais as consequências das malfeitorias que cometeram: eles agora são réus, acusados no Stf de obstruir a Justiça, logo quanto o ex-líder sindical apelava em desespero a instâncias internacionais e sua desastrada pupila escrevia extemporânea carta aos senadores, a tentar reverter processo quase consumado. Convenhamos: afora a expectativa de punição mais que merecida, eles dão muito azar. Sem apogeu Desse malfadado projeto de poder escrevi há duas semanas coluna que mereceu aplauso de Everardo Maciel, que muito me orgulha porque ele costuma ser parco em elogios. E Everardo disse mais: – Ao Pt talvez se aplicará o juízo de Lévi-Strauss sobre o Brasil (no texto original ele o atribui a outro personagem e amplia sua jurisdição para a América): ‘Sairá da barbárie para a decadência, sem conhecer apogeu’. Vergonha Só registro a solidária teimosia de Géraux Melo, que oculta os autores dos maniqueísmos de que me deu notícia e transcrevi há duas semanas: – Marco, é tão vergonhoso que fico com vergonha por eles.
Artigo Buriti leva crise à Câmara O segundo semestre deste ano começou turbulento para os deputados distritais. Ainda bem que a maioria teve uma parada, com o recesso parlamentar, período para renovar as forças para encarar a onda que chega tentando arrastar a Câmara Legislativa do DF (CLDF) em um mar de lama. Mas tendo à frente a deputada Celina Leão, presidente da CLDF, quem defende a Casa com garra, ao lado de parlamentares que querem o bem do DF e da população a qual representam, o caso muda de figura. E isso foi comprovado, mais uma vez, quando a Leoa convocou uma reunião nesta semana, para falar sobre a divulgação de áudios que envolvem os parlamentares da Mesa Diretora, com o objetivo de tentar desestabilizar o trabalho que vem sendo construído ao longo dos 25 anos da Casa e que tão bem vem sendo conduzido por Celina nos 19 meses na presidência. Sem defender ilicitudes, mas abrindo espaço para que os fatos sejam esclarecidos, porque não se pode aceitar uma denúncia como se fosse verdade, e crucificar a todos, sem uma apuração, que ouvimos uma Celina dura, corajosa, persistente e pronta para o debate.
Redação Alexandre Alves Diagramador Silvana Amaral Chefe de Reportagem Eron de Castro Editor de Arte
A presidente classificou de armação a divulgação dos áudios envolvendo o seu nome, assim como alguns dos membros da Mesa Diretora se manifestaram indignados pela citação de seus nomes em diálogos vindos de terceiros. Esses áudios já estão nas mãos do Ministério Público do DF e Territórios que abriu investigação para averiguar as circunstâncias dos fatos. Isso tem de ser feito mesmo, porque Brasília não aguenta mais ser alvo de operações que elencam nomes dos mais criativos para investigações envolvendo políticos. Também é direito deles, quando são ofendidos e caluniados, se defenderem. Foi isso que Celina Leão fez com maestria. Ela negou a existência de um suposto esquema de propinas envolvendo deputados distritais para a aprovação de emendas parlamentares e desqualificou as denúncias, apresentando documentos que embasaram seu discurso. Ela disse perceber uma ação do GDF para desacreditar a CPI da Saúde na CLDF, contando, infelizmente, com alguns colegas da Casa. Ela diz que a deputada Liliane Roriz mentiu e fez isso a mando do Buriti. Com a palavra a Justiça!
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ANIVERSÁRIO
Lago Sul comemora 56 anos Organizada pela Administração Regional do Lago Sul em parceria com comerciantes locais, a programação de aniversário dos 56 anos da região está focada em esporte, lazer e cultura. O primeiro dia de festa, foi na sexta-feira (19), com o 13° Campeonato de Wake Surfe. A população pode acompanhar a competição do Pontão do Lago Sul, na Ql 10. À noite, houve show gospel no local. Neste sábado (20), a Orquestra Sinfônica de Brasília se apresentará no Lago Paranoá em uma balsa, às 20 horas. O ponto de encontro do público também será no Pontão do Lago Sul. A comemoração segue até a outra semana com exposição de carros antigos, desfile cívico e corte do bolo de aniversário. O encerramento ocorrerá no dia 28, com na Ermida Dom Bosco (QL 30), às 8 horas. Lago Sul – A ocupação do local começou com a construção de casas para servir de residência a diretores da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), à época da construção da cidade. Sua população é estimada em 31.206 habitantes.
Passe Livre Estudantil
Prazo para validação acaba dia 31 Gestores de instituições públicas e particulares têm mais duas semanas para acessar o Sistema de Cadastro de Instituições de Ensino, do Passe Livre Estudantil, e validar o cadastro – o prazo termina em 31 de agosto (quarta-feira). Desde o início do processo, em 1° de agosto, até essa terça-feira (16), 246 pessoas fizeram o processo. A medida é imprescindível para que os alunos não tenham o direito à gratuidade no transporte público bloqueado. A lista de instituições que precisam acessar o sistema envolve, além das particulares, sete escolas parque, 14 centros interescolares de línguas (CILs) e 109 colégios que oferecem a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Escolas públicas de ensino regular já constam da base de dados do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) e por isso não precisam validar o cadastro. Ter 246 acessos não significa que o mesmo número de instituições já fez a validação. Isso porque pode se inscrever mais de uma pessoa por local, por local, desde que seja gestor.
PROTEÇÃO À MULHER
Nove mil atendimentos em menos de um ano Vítimas de violência doméstica contam com assistência psicológica e para o trabalho De outubro de 2015 a junho de 2016, a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos fez 8.951 atendimentos nas unidades da rede de proteção à mulher do DF. O auxílio vai além das políticas de assistência jurídica e psicológica às vítimas de violência doméstica – desde março, há atividades pedagógicas para inserir e reinserir o público feminino no mercado de trabalho. Na Casa da Mulher Brasileira, na 601 Norte, espaço fruto de parceria entre a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do governo federal, e a Subsecretaria de Políticas para as Mulheres, do governo de Brasília, 75 mulheres participam dos cursos de cuidadora de idosos, recepcionista e costura em máquina reta de overloque. Outras 50 pessoas foram atendidas nos cursos em edição anterior. Neste semestre, serão ofertados cursos profissionalizantes de massagem e de cuida-
dora de idosos para mulheres atendidas nos Centros Especializados de Atendimento à Mulher (veja os endereços e telefones abaixo). Além das aulas, há atendimento psicossocial àquelas vítimas de violência doméstica. De junho de 2015 a junho de 2016, foram 4.355 atendimentos, o que inclui alojamento temporário, transporte e palestras.
Unidades especializadas Os serviços de acolhimento, orientação psicológica, encaminhamento jurídico e resgate da cidadania também são oferecidos nos quatro Centros Especializados de Atendimento à Mulher: na Casa da Mulher Brasileira, na estação de metrô da 102 Sul, em Ceilândia Centro e em Planaltina. Em nove meses, foram 2.251 atendimentos nas unidades. No mesmo período, 2.522 mulheres que sofrem ameaça dos companheiros ou correm algum risco de vida foram encaminhadas à
Casa Abrigo, que acolhe, em sigilo, vítimas de agressão e seus filhos. Além de moradia, também é oferecido apoio psicossocial às famílias. Meninas de todas as idades e meninos de até 12 anos podem permanecer na casa acompanhados da mãe ou do responsável legal. Além dos atendimentos urbanos, a Subsecretaria de Políticas para as Mulheres presta os serviços itinerários das Unidades Móveis
de Atendimento às Mulheres Rurais e do Cerrado. Os locais de orientação psicossocial, saúde e orientações jurídicas são definidos pelo Fórum Distrital Permanente das Mulheres do Campo e do Cerrado, ligado à Secretaria do Trabalho. (Da Agência Brasília, com informações da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos).
ATENDIMENTO Orientação psicológica Os agressores também são alvo da orientação psicológica na rede de proteção à mulher. Em nove meses, 3.189 homens participaram de serviços de terapias individuais e em grupo com enfoque na igualdade de gênero. A política foi desenvolvida nos nove Núcleos de Atendimento a Famílias e aos Autores de Violência Doméstica. Esses núcleos prestam atendimento integral às famílias que convivem ou conviveram com situações de violência. São os ambientes que acolhem mulheres atingidas indiretamente pelos conflitos. De outubro de 2015 a junho de 2016, foram 989 atendimentos de assistência psicológica para elas. Campanha de conscientização O governo de Brasília começou, em 31 de julho, campanha de combate à violência contra a mulher. O objetivo é estimular as pessoas a interferir caso presenciem alguma tentativa de agressão. Com a campanha, pretende-se que a população se posicione sobre o ato de violência e ainda que aumente o número de denúncias. O público pode participar da ação promovendo a hashtag #eunaotoleroessecrime nas redes sociais. Dez anos da Lei Maria da Penha Para celebrar os dez anos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006), marco da proteção à mulher no País, a Secretaria do Trabalho promove atividades durante todo o mês. Em 7 de agosto, uma caminhada reuniu 80 pessoas na Avenida Hélio Prates, em Ceilândia.
PIS
Quase 19 mil trabalhadores do DF não sacaram O novo prazo para sacar o Abono Salarial do PIS - Programa de Integração Social - ano-base 2014 termina no dia 31, mas mais de 900 mil brasileiros ainda não retiraram o benefício – em Brasília são 18.930 trabalhadores celetistas que tem direito. O valor é de um salário mínimo (R$ 880) e está disponível em qualquer agência da Caixa. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, pede o apoio de empregadores e entidades sindicais para que ajudem a divulgar a informação entre os empregados e filiados. “Precisamos fazer com que a informação chegue a um maior número possível de pessoas porque esse é um benefício importante e é um direito do trabalhador”, diz. Têm direito ao abono salarial os trabalhadores que tenham exercido atividade remunerada durante pelo menos 30 dias em 2014 e recebido até dois salários mínimos por mês nesse período. Além disso, é necessário estar cadastrado no PIS há cinco anos.
Atendimento à Mulher Funcionamento
De segunda-feira a sexta-feira, das 8 às 18 horas (sem interrupção em horário de almoço), à exceção da Casa da Mulher Brasileira, que fica aberta até as 20 horas 102 Sul
Estação de metrô da 102 Sul, Plano Piloto Fone: (61) 3323-8676
Casa da Mulher Brasileira
L2 Norte, Quadra 601, Lote J, Plano Piloto Fone: (61) 3226-9324
Ceilândia Planaltina
QNM 2, Conjunto F, Lotes 1/3, Ceilândia Centro Fone: (61) 3372-1661 Jardim Roriz, Área Especial, Entrequadras 1 e 2, Centro Fone: (61) 3389-0841 CMYK
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FISCALIZAÇÃO Reprodução da Internet
GDF investe menos em manutenção hospitalar Os dados comprovam constante queda nos recursos destinados aos equipamentos da Saúde
Pacientes ficam sem atendimento adequado na rede
Para os moradores de Brasília já não é mais novidade buscar atendimento em um centro de saúde ou em hospitais da rede pública e sair sem atendimento por falta de equipamentos ou máquinas que estejam fora
de funcionamento. Estudo apresentado pelo deputado distrital Chico Leite (Rede) confirma queda nos recursos disponibilizados pelo governo para a manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no setor da
saúde. Para este ano, o GDF liberou, até o momento, R$ 57,7 milhões, sendo que R$ 39,5 milhões se encontram empenhados, mas apenas R$ 8,3 milhões foram realmente gastos até o período. Ou seja, apenas 14.46% do orçamento autorizado. Além disso, o levantamento aponta queda constante nos recursos autorizados para o setor desde o ano de 2012 quando o orçamento ultrapassou os R$ 76,4 milhões, desse montante, mais de R$ 37 milhões foram liquidados no período. “Infelizmente falta tudo nos hospitais do DF, nossa saúde
carece de atenção, o cidadão não aguenta mais esperar vários dias para ser atendido e quando finalmente chega o dia é desmarcado por falta de equipamentos em bom funcionamento. É necessário mudar essa realidade”, afirmou Chico Leite. Para o ano de 2016, o parlamentar destinou por meio do Orçamento Participativo praticado nas cidades, R$ 1.190 mil em emendas parlamentares, que deverão ser aplicadas na aquisição de equipamentos oncológicos que serão distribuídos nas unidades de saúde pública da cidade.
Gabriel Jabour/Agência Brasília
multas
Tornou-se obrigatório farol aceso de dia na cidade
Projeto altera classificação das vias de Brasília Objetivo é acabar com a indústria de multas que onera a população desde julho A presidente da Câmara Legislativa do DF (CLDF), deputada Celina Leão, protocolou o Projeto de Lei 1.225/2016, que dispõe sobre o Sistema Rodoviário do DF, o que representa a redução da classificação de rodovias na área urbana de Brasília. Celina pediu o apoio dos colegas para que dessem celeridade à aprovação do projeto de lei de sua autoria que retira da classificação de rodovias várias vias que ligam o DF. Alguns deputados manifestaram apoio ao projeto da parlamentar, que deverá ser apreciado nas comissões. A parlamentar disse que seu objetivo é acabar com a indústria de multas, o que onera a população desde o mês passado, quando entrou em vigor a obrigatoriedade de uso de faróis durante o dia, em vias internas do DF. CMYK
Celina explica que quando a malha viária do DF foi aprovada por decreto, há muitos anos, houve uma intenção de buscar mais recursos federais com a inclusão de vias normais como rodovias. A presidente da CLDF disse que seu projeto não tem o objetivo de acabar com o aporte de recursos destinados à manutenção das rodovias. Outro fato importante para ela é a necessidade de cancelamento das multas já aplicadas aos condutores. O Código de Trânsito Brasileiro diz que rodovias são vias rurais, porém, no DF, há uma grande quantidade de rodovias criadas dentro da cidade com objetivo de receber repasse da CIDE Combustível. “O meu projeto de lei corrige esta distorção absurda e alinha as vias do DF ao Código de Trânsito”, concluiu Celina.
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Cedoc/JC
Na crise Roosewelt Pinheiro/ABr/Cedoc
Centro-Oeste
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Investidores terão acesso a R$ 28,9 bilhões Mais de R$ 28 bilhões estarão disponíveis para os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal nos próximos quatro anos. Os pequenos, médios e grandes investidores dos setores rural, industrial, de turismo, comércio e serviços terão R$ 5,5 bilhões a mais em comparação com o último quadriênio, valor que representa uma ampliação de quase 23% para a região. De 2012 a 2015, os investimentos dos Fundos Regionais no Centro-Oeste foram de R$ 23,5 bilhões. “Nosso objetivo é contribuir para a retomada dos investimentos nos setores produtivos e empresariais, oferecendo condições diferenciadas para que o Brasil possa crescer o mais rápido possível, gerando emprego e renda”, destaca o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho. A programação financeira para 2017 a 2020 é de R$ 28,9 bilhões. Deste total, R$ 7,03 bilhões estão destinados para 2017, R$ 7,17 bilhões para 2018, R$ 7,29 bilhões para 2019 e R$ 7,41 bilhões para 2020. Os interessados podem solicitar financiamentos às instituições financeiras - Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal. Nos últimos anos, na região Centro-Oeste, os produtores que mais buscaram recursos dos Fundos Regionais, administrados pelo Ministério da Integração Nacional, foram das áreas rural e de comércio e serviços.
Reprodução da Internet
PROTESTE
Os itens que mais sofreram cortes foram as saídas para bares e restaurantes (35,4%) e as viagens (30,9%)
Cortar lazer em vez de gastos com beleza 13% dos brasileiros estão inadimplentes porque gastaram mais do que podiam Uma pesquisa nacional feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que mesmo em tempos de crise, os gastos com beleza ainda são vistos como uma prioridade para muitos consumidores brasileiros. O levantamento aponta que diante da crise econômica que tem deixado o orçamento das famílias mais apertado, o brasileiro optou por abrir mão de gastos com atividades de lazer em vez de diminuir as compras de produtos e serviços relacionados à beleza e estética.
Nome sujo A preocupação com a aparência física, se não bem administrada, pode prejudicar a saúde financeira dos consumidores. A pesquisa aponta também que 13,4% dos brasileiros estão registrados em serviços de proteção ao crédito por atrasos no pagamento de produtos relacionados à beleza, como roupas, calçados e acessórios, cosméticos, maquiagens, tratamentos estéticos e odontológicos. Além disso, 10,8% dos consumidores ouvidos já deixaram de pagar alguma conta para priorizar cuidados com a beleza - o percentual sobe, principalmente, quando levado em consideração o público feminino (14,8%) e as pessoas da classe C (12,3%).
Em decorrência das dificuldades financeiras impostas pela atual conjuntura, os consumidores disseram que os itens que mais sofreram cortes foram as saídas para bares e restaurantes (35,4%) e as viagens (30,9%). Somente em terceiro lugar aparecem as compras de roupas, acessórios e sapatos (29,2%), seguidas por cortes na con-
tratação de TV por assinatura (19,7%) e da diminuição do uso de telefones fixo e celular (18,8%). Cortes com gastos com salão de beleza são apenas a sexta alternativa mais citada, com 16,7% de menções. Academia (11,3%), cosméticos (6,8%) e tratamentos em clínicas de estética (6,4%) estão entre as últimas posições no ranking
de cortes realizados em virtude da crise, ficando atrás de idas ao cinema e teatro (16,5%), despesas do lar (13,9%) e compra de doces, salgadinhos e bebidas (13,2%). Para metade dos entrevistados a decisão na escolha de contenção de gastos foi definida em função dos itens que eles consideram menos importantes para o dia a dia.
Plano de saúde individual virou uma raridade Avaliação da Proteste Associação de Consumidores com 120 planos de saúde individual e familiar comprova que o cenário não é favorável a quem precisa contratar um novo plano nessas modalidades, já que as operadoras quase deixaram de oferecê-las. A Proteste constatou que, dos 120 planos avaliados, apenas 9% conseguiram obter conceito acima de 51 (nota mínima exigida para indicação da escolha certa). E apenas dois desses planos ofereciam cobertura nacional, ambas da operadora Unimed Goiânia. Os demais se limitavam à cobertura, no máximo, estadual. Os preços elevados e as poucas opções de rede credenciada, em muitos casos, prejudicam os consumidores interessados na contração de um plano. Há sete anos, mais de 50% dos planos analisados tinham abrangência nacional. Hoje, esse percentual não chega a 25%. Os planos que englobam grupos de municípios apresentam crescimento constante. A abrangência de um plano é um fator importantíssimo para quem viaja a trabalho. Para Goiânia, o plano UniBrasil (Unimed Goiânia) é a escolha certa. Apesar de ser um plano nacional, a maior parte de sua rede credenciada está no estado de Goiás. Para os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Ceará, não houve escolha certa, pois nenhum plano conseguiu cumprir todos os requisitos necessários.
De acordo com a pesquisa, sete em cada dez (70,4%) consumidores admitem o hábito de comprar produtos ou serviços de beleza mesmo sem necessidade, sobretudo as mulheres (79,2%) e pessoas da classe C (73,0%). Nesse caso, os itens mais mencionados nas compras desnecessárias são roupas, calçados e acessórios (37,1%), cuidados com o cabelo (25,6%) e cosméticos e maquiagem (23,8%). Além disso, 76,9% dos entrevistados reconhecem que já compraram, ao menos uma vez, algum produto ou serviço de beleza que não chegou a ser utilizado ou foi utilizado somente por alguns dias. Outro dado é que quatro em cada dez (43,7%) consumidores ouvidos admitiram gastar mais com produtos de beleza quando estão deprimidos e querem levantar a autoestima. Com uma parcela considerável de consumidores priorizando gastos com beleza, muitos acabam terminando o mês sem sobras no orçamento: 38,7% confessaram na pesquisa que
Cedoc/JC
Gastos com o desnecessário
Consumidor paga por serviços de beleza mesmo sem necessidade, sobretudo as mulheres
já deixaram de guardar dinheiro para adquirir produtos ou serviços relacionados à beleza, com destaque para as mulheres (51,4%), pessoas com idade entre 18 e 34 anos (53,4%) e que pertencem à classe C (42,4%). Enquanto alguns consumidores deixam de economizar porque gastam parte da renda com produtos de beleza, há entrevistados que fazem o contrário: mais de um terço (33,7%) das
pessoas ouvidas alega ter o hábito de juntar dinheiro para conseguir comprar produtos e serviços desse segmento, percentual que sobe para 42,4% entre o público feminino. Para o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, “Cuidar da beleza é importante para manter a autoestima e a satisfação pessoal. Nesse sentido, a pesquisa reforça que grande parte do público enxerga esse tipo de gasto
não como algo supérfluo, mas como uma necessidade do dia a dia. O alerta é que isso deve ser feito com moderação, entendendo as reais possibilidades e sem prejudicar o orçamento doméstico”, orienta Vignoli. A pesquisa ouviu 790 consumidores de ambos os gêneros, todas as classes sociais e acima de 18 anos nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de no máximo 3,5 pontos percentuais a uma margem de confiança de 95%. CMYK
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EDUCAÇÃO Mary Leal/Cedoc
Escola integral atua contra desigualdade Instituições se destacaram pela qualidade do ensino ao vencer prêmios ou por indicação Pesquisa que mapeou escolas brasileiras e estrangeiras mostra que o ensino integral no ensino médio ajuda a superar as desigualdades em questões como inclusão social, autonomia, etnia, raça, gênero e sexuali-
dade. O estudo foi divulgado durante o Seminário Internacional Educação Integral e Ensino Médio: Desafios e Perspectivas na Garantia da Equidade, promovido pelo Centro de Referências em Educação Integral, Instituto
Unibanco e Cidade Escola Aprendiz, em São Paulo. Foram selecionadas 29 escolas (12 delas estrangeiras), que se destacaram pela qualidade na educação ao vencer prêmios ou por indicação de secreta-
rias municipais e estaduais de educação. Os pesquisadores escolheram instituições de países como Estados Unidos, Afeganistão, Peru e Argentina. “São países que têm um tipo de trajetória muito
A educação precisa lidar com o sujeito como um todo
semelhante à nossa, que têm com necessidade de reafirmar a integralidade da educação, mas que ainda não conseguiram fechar
a equação do desenvolvimento integral”, disse Julia Dietrich, gestora do Programa Centro de Referências em Educação Integral.
Julia afirmou que o ensino integral não significa apenas a ampliação do tempo do aluno dentro do ambiente escolar e tem a ver com o desenvolvimento do indivíduo em suas múltiplas dimensões (física, intelectual, emocional e social). “Todo projeto político-pedagógico de escolas no Brasil quer formar cidadãos críticos, cientes do seu papel no mundo, capazes de transformar as suas realidades. O que a escola faz, na verdade, é inviabilizar esse processo. Cria cidadãos apáticos, fechados, com uma prioridade conteudista e não com uma abordagem do tipo: para que serve determinado conteúdo? O que a gente quer com isso?”. Ângela Meirelles de Oliveira, doutora em história e pesquisadora da USP, que também atuou na pesquisa, disse que o ensino vem sendo relacionado erroneamente à instrução no Brasil. “A gente tem que reforçar que a educação precisa lidar com o sujeito como um todo. Não pode só instruir um ser que não esteja minimamente protegido. Sem fome, sem preconceito ou não tendo sua integridade respeitada”, explica. A partir das conclusões do estudo, foram elaboradas 92 recomendações para as escolas interessadas em introduzir o ensino integral. Além de derrubar preconceitos, os pesquisadores recomendam o fortalecimento da autonomia do estudante, a possibilidade de intervir no seu próprio currículo escolar, nas decisões da escola e a promoção da diversidade.
TECNOLOGIA
Ipsos lança aplicativo para acessar dados App Ipsos Brasil trará conteúdos de pesquisas e insights sobre o brasileiro A empresa de pesquisa Ipsos lançou o aplicativo para dispositivos móveis Ipsos Brasil. O app permite aos usuários acessar conteúdos de pesquisas conduzidas pela companhia e obter insights sobre temas-chave na vida do brasileiro hoje. O aplicativo não somente traz versões resumidas de pesquisas Ipsos como possibilita que os usuários comparem suas posições quanto a temas políticos e econômicos com as da opinião pública em geral. O app desvenda também curiosidades sobre o mundo da pesquisa por meio da Enciclopédia Ipsos. Além da praticidade de poder acessar os dados de Ipsos por meio do celular, os usuários do Ipsos Brasil recebem avisos sobre os novos conteúdos disponibilizados e têm acesso a dados divulgados com exclusividade no aplicativo. “Com o CMYK
App Ipsos Brasil, fazemos uma seleção dos resultados de pesquisas públicas Ipsos mais relevantes,” afirma Sandra Zlotagora Pessini, Gerente de Comunicação da Ipsos. “As enquetes instantâneas, os vídeos, a navegação intuitiva e a simplicidade da apresentação dos resultados permitem levar um conhecimento, antes reservado aos profissionais de pesquisa, ao grande público,” acrescenta. O Ipsos Brasil está disponível para aparelhos celulares com sistema operacional Android e iOS e pode ser baixado gratuitamente nas lojas de aplicativos Google Play e App Apple Store. Posteriormente, serão disponibilizadas funcionalidades extras para os clientes, que terão maior praticidade para acompanhar o andamento de suas pesquisas e poderão acessar conteúdos exclusivos.
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DESENVOLVIMENTO INTEGRAL
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LACTOSE Sumaia Villela/Agência Brasil
Infância perdida
Ações preventivas, tanto com a criança, quanto com a mãe, podem reduzir os índices
Mais da metade das mortes são evitáveis Reprodução da Internet
Consideram-se as mortes que poderiam ser reduzidas por ações de imunização O número de mortes de crianças de zero a quatro anos atribuídas às chamadas “causas evitáveis” corresponde a mais da metade de todos os óbitos nessa faixa etária em todas as capitais do país. O maior percentual foi registrado em Maceió (74,7%) e o menor em Campo Grande (51,1%). Na capital paulista, o total de mortes evitáveis de crianças pequenas chega a 63,8%, segundo dados do Ministério da Saúde organizados pela Fundação Abrinq. O ministério considera evitáveis as mortes que poderiam ser reduzidas por ações de imunização, pela atenção à mulher na gestação, pela adequada atenção à mulher no parto; por ações, diagnóstico e tratamento adequado; e por ações de promoção à saúde vinculadas à atenção primária. As mortes consideradas inevitáveis são aquelas que ocorrem independentemente dos cuidados, como as causadas por malformações ou problemas congênitos. “Temos ainda um número muito grande de óbitos de crianças de zero a quatro anos que poderiam ser evitados com cuidados básicos de saúde à gestante, ao nascimento e ao bebê recém-nascido”, disse a administradora executiva da Fundação Abrinq, Heloisa Oliveira. “Durante a gestação, a mãe pode, se não tiver um pré-natal adequado, desenvolver hipertensão. A hipertensão pode levar à morte do bebê. Então, uma morte de um bebê que foi decorrente da hipertensão da mãe é uma causa que seria evitada se a mãe tivesse sido tratada”, citou. A Fundação Abrinq é responsável pelo site Observatório da Criança, que reúne dados de diversas fontes, incluindo os ministérios da Saúde e da Educação, que estejam relacionado à infância e adolescência. Foram divulgados os dados sobre mortes evitáveis em nível
“Temos ainda um número muito grande de óbitos evitáveis”
Educação infantil Dados organizados pela fundação também revelam que o Brasil tem em torno de 27% de taxa de cobertura em creches, isso significa que de cem crianças de zero a três anos, 27 tem acesso à creche, seja pública ou privada. No entanto, a média nacional acaba escondendo realidades muito diferentes, segundo Heloisa. “Para chegar a essa média de 27%, você tem regiões com taxa de cobertura próximas ao cumprimento da meta do PNE [Plano Nacional de Educação], que seria de 50%. Algumas [cidades], olhadas isoladamente, até passaram de 50%”, citou. No entanto, capitais como Macapá e Manaus têm taxas baixíssimas: Macapá atende 4,2% da população de zero a três anos, o que significa de que cada cem crianças, só quatro tem acesso à creche. Em Manaus, esse número é de 7,3%. “São números assustadores se você pensar que o Plano Nacional de Educação assumiu como meta atender 50% da população de zero a três anos disponibilizando vaga em creche. Essas localidades estão puxando muito essa meta para baixo e essas crianças, o que é pior, elas estão muito mais expostas a violência porque estão desprotegidas”, avaliou a especialista. Com a grande inserção das mulheres no mercado de trabalho, algumas acabam usando soluções provisórias quando não encontram vagas em creches, como deixar a criança com alguém conhecido ou deixar com o filho mais velho, o que, segundo a executiva da Fundação Abrinq, são situações que propiciam a violação de direitos dessa criança. “É muito comum ter violência contra a criança na primeira idade por ter a ausência do espaço protegido em que essa criança esteja enquanto a mãe trabalha, por exemplo. São diferentes recortes dos desafios que nós ainda temos que enfrentar no país para resolver as questões, para chegar perto do que diz o Artigo 227 da Constituição, que diz que é dever da família, da sociedade e do Estado garantir como prioridade absoluta a proteção para a criança, o direito à vida.”
municipal, reunidos e organizados pela entidade.
Outras causas A carência nutricional da mãe durante a gravidez, que pode levar à morte do bebê, e a ausência de acompanhamento médico pré-natal também são consideradas causas evitáveis de óbitos de crianças. Na lista também estão as doenças respiratórias durante o primeiro mês de vida da criança que, se não tiverem o cuidado adequado, acabam levando à morte por pneumonia ou outra complicação. O fato de essas mortes não terem sido evitadas, segundo
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Heloisa Oliveira, “demonstra a fragilidade do nosso sistema de atendimento de saúde pública”. A executiva destacou a importância de políticas públicas de saúde e de educação para as famílias. “É muito importante que essas duas coisas estejam disponíveis para as famílias, para as mães, nessa fase tão importante da vida, porque as pessoas mais afetadas pela ausência da oferta do serviço público, tanto de saúde quanto de educação, são exatamente as camadas mais vulneráveis da população, que são 100% dependentes do serviço público
de atendimento. É nessas camadas em que ocorre o mais número desses óbitos.” Ainda na área da saúde, a especialista em questões da infância e da adolescência chamou atenção para o crescimento da obesidade infantil no país. “Vivemos um período de atenção ao combate à fome e agora estamos vivenciando um crescimento da obesidade entre crianças de zero a cinco anos. Isso chega a quase a 8% na média nacional, mas você tem por exemplo, no Recife, 17% da população de zero a cinco anos já é obesa”, destacou. “A nutrição tem que ser olhada sob o ponto de vista tanto da carência quanto da má alimentação, ou seja, da lógica da segurança nutricional e alimentar”, disse.
Eleições municipais Diante da proximidade das eleições de outubro, a representante da fundação defendeu a importância de se discutir questões relacionadas à infância e à adolescência no âmbito municipal, “Precisamos ter esse olhar e pensar que as políticas, embora grande aconteçam no âmbito nacional, se materializam de fato nos municípios, que é o ente federativo a quem cabe a responsabilidade da maioria das políticas básicas de atendimento à criança e ao adolescente”, destacou. Na área de saúde, segundo Heloisa, os dados de mortes por causas evitáveis e de obesidade “mostram fenômenos que precisam ser tratados dentro das propostas que os gestores públicos municipais, os candidatos, vão trazer como proposta de soluções para as questões relacionadas à infância nos seus municípios”. Os dados do Observatório da Criança, de acordo com a executiva, permitem o controle social e análise crítica das propostas para a infância e adolescência que serão apresentadas pelos candidatos.
Estudante cria mecanismo para a intolerância Pensando em facilitar a vida de milhares de pessoas que têm intolerância à lactose, substância presente no leite e derivados, a estudante Maria Vitória Valoto, de 16 anos, desenvolveu cápsulas reutilizáveis que tornam o produto bom para aqueles para os quais o consumo é contraindicado. Com o projeto, Maria Vitória tornou-se, aos 16 anos, uma das 16 finalistas da Google Science Fair 2016, que teve inscritos de todo o mundo. Aluna do ensino médio na cidade paranaense de Londrina. ela será a primeira estudante brasileira a participar da cerimônia entrega de prêmios aos vencedores da competição, que busca ideias para tornar o mundo melhor por meio da ciência e engenharia. A cápsula desenvolvida por Maria Vitória tem a enzima lactase, responsável pela “quebra” da lactose. As cápsulas devem ser colocadas em um recipiente com leite e, de quatro a cinco horas depois, o leite está próprio para o consumo de quem tem intolerância à lactose. O interesse da estudante pela ciência foi estimulado pela escola, que tem iniciação científica como disciplina. A sugestão para a pesquisa veio da Universidade Norte do Paraná (Unopar), e Maria Vitória não teve dúvidas em trabalhar com o tema da intolerância à lactose, problema que acompanha de perto com o pai. Durante seis meses, ela trabalhou no projeto até chegar ao resultado. Segundo Maria Vitória, a ideia é inovadora, porque atualmente existem poucos medicamentos para uso direito no leite e, ao ter a possibilidade de reutilizar a cápsula, o custo fica menor.
SAÚDE Sebastião Pedra/Cedoc
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Aleitamento salva vida de milhares de bebês e mães De 1º a 8 de agosto aconteceu a Semana Mundial do Aleitamento Materno. Neste ano, a Waba - World Alliance for Breastfeeding Action – principal entidade na promoção dessa prática, definiu a sustentabilidade como tema central da semana, com enfoque para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e, consequentemente para a redução das mortalidades infantil e materna por meio da amamentação. Os benefícios do aleitamento materno são inúmeros, tanto para o bebê quanto para a mãe. No caso da criança, eles estão relacionados aos fatores de proteção. Hoje, os cerca de 250 componentes isolados no leite materno têm alguma ação na saúde do bebê, seja ela antibactericida, antimicrobiana, anti-inflamatória ou imunomoduladora (associada ao sistema imunológico do bebê). De acordo com Sandi Sato, pediatra e coordenadora do Bando de Leite Humano da Maternidade Brasília, o bebê que não é amamentado corre um risco maior de desenvolver alergias. “Essa exposição precoce às proteínas do leite de vaca vai fazer com que o sistema imunológico da criança ‘amadureça’ de forma deficiente, criando hipersensibilidade a outros tipos de proteína. Esse bebê fica vulnerável a manifestações gastrointestinais como diarreia, colites, problemas respiratórios e, nos casos raros e mais graves, a doenças neurológicas”, explica. A médica explica que o leite artificial produz uma sobrecarga do intestino dos bebês, além de mudar os PHs estomacal e intestinal dele. “O PH do intestino do bebê que recebe leite materno é bastante ácido, e isso favorece o crescimento de lactobacilos. Onde crescem lactobacilos, não crescem bactérias patógenas. CMYK
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PESQUISA
Qualidade de vida pode mudar o voto Assunto foi considerado importante ou muito importante por mais de 90% Os temas áreas verdes, energias renováveis, gestão de resíduos sólidos e mobilidade urbana podem fazer o eleitor mudar de voto nas eleições municipais de 2016, mostra o projeto apartidário Cidade dos Sonhos em pesquisa encomendada ao Datafolha. Esses quatro assuntos foram considerados importantes ou muito importantes por mais de 90% dos entrevistados, chegando a 96%, de acordo com o tema. O percentual dos que certamente mudariam de voto, caso o projeto de governo nessas questões não coincida com os seus ideais, é também significativo, variando entre 43% e 45%, dependendo do assunto. A mensagem dos eleitores é clara, de acordo com Gabriela Vuolo, representante do projeto Cidade dos
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SOLUÇÕES Sobre as energias renováveis, as propostas de instalar energia solar nas escolas públicas e reverter os recursos economizados na conta de luz para a educação, melhorar a eficiência da iluminação pública e reduzir o Importo Predial Territorial Urbano (IPTU) para construções que tenham placas solares aumentariam em 76% as chances de um eleitor escolher um candidato, concluiu o projeto Cidade dos Sonhos. Segundo Gabriela Vuolo, assuntos relacionados à energia correspondem normalmente à pauta de eleições para presidente, no entanto, o barateamento das tecnologias de fontes de energia renovável cria oportunidades para inovação também nas prefeituras. “Independentemente da esfera responsável, o eleitor brasileiro deixa claro que quer ver soluções locais para essa questão”. No caso de resíduos sólidos, oferecer a coleta seletiva para toda a cidade, inclusive com programas de inclusão de catadores, é a proposta com maior grau de influência sobre os eleitores, aumentando as chances do candidato em 76%.
Sonhos, e os candidatos precisam ir além de assuntos tradicionalmente tratados em programas e propagandas políticas. Gabriela explicou que esses aspectos são diretamente ligados à qualidade de vida das pessoas nas cidades e já são vistos como fatores de decisão do voto.
Dos temas apresentados na plataforma online – áreas verdes, gestão de resíduos sólidos, energia renovável e mobilidade urbana – os dois primeiros foram os mais indicados pelos eleitores. Resíduos sólidos são considerados importantes ou muito importantes por 96% dos
entrevistados. Áreas verdes são importantes ou muito importantes para 94%. Mobilidade e deslocamento são importantes ou muito importantes para 92% da amostra e as energias limpas para 90%. A disposição para mudar o voto frente a propostas diferentes é de 45%, no caso de resíduos sólidos e de áreas verdes, de 44% em questões de mobilidade e deslocamento e de 43% para a área de energias limpas. Gabriela destaca que a pesquisa mostra que o eleitorado brasileiro é sensível e favorável a propostas inovadoras e que têm o potencial de revolucionar as cidades, o que poderia gerar empregos e economia de recursos públicos, melhora da qualidade do ar, mitigação das mudanças climáticas e o aumento da qualidade de vida.
“FEITA POR BÊBADOS”
Gilmar Mendes fala o que pensa sobre a Lei da Ficha Limpaa O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a Lei da Ficha Limpa parece ter sido “feita por bêbados”. A frase foi dita durante sessão da Corte que analisa decisão sobre contas rejeitadas de prefeitos que são candidatos às eleições. Mendes fez o comentário quando os ministros discutiam o alcance de decisão proferida pelo STF e as diferenças técnicas entre contas de governo e de campanha. A Corte decidiu que candidatos a prefeito que tiveram contas rejeitadas apenas pelos tribunais de Contas estaduais podem concorrer ao pleito de outubro. “Sem querer ofender ninguém, mas já ofendendo, parece que [a Lei da Ficha Limpa] foi feita por bêbados. É uma lei mal feita, nós sabemos disso. No caso específico, ninguém sabe se são contas de gestão ou contas de governo. No fundo, é rejeição de contas. E é uma lei tão casuística, queria pegar quem tivesse renunciado”, disse Mendes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Lei da Ficha Limpa entrou em vigor em 2010 e determina que as pessoas que tiverem as contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável ficam inelegíveis por oito anos a partir da decisão. A norma também impede a candidatura de condenados pela segunda instância da Justiça. O Supremo decidiu que candidatos a prefeito que tiveram contas rejeitadas apenas pelos tribunais de Contas estaduais podem concorrer às eleições de outubro. De acordo com o entendimento da Corte, os candidatos só podem ser barrados pela Lei da Ficha Limpa se tiverem as contas reprovadas pelas câmaras municipais. José Cruz/Agência Brasil