Ano XXIV – N° 1.436 JORNAL DA COMUNIDADE Brasília, 3 a 9 de setembro de 2016
Pró-DF muda para gerar
emprego e renda
Valter Campanato/Agência Brasil
Programa que reúne 3,7 mil micros e pequenos empreendimentos mudou para beneficiar três mil empresas. 3
Temer enfrentará desafios para governar Marcello Casal Jr./ABr
A4
Opinião A2 Ricardo Callado
As forças política e as ocultas do DF
Marco Antonio Pontes O impeachment desafinou. E um plágio de 26 anos
Artigo
Reprodução da Internet
Busca incansável por provas
Agrotóxicos prejudicam povos indígenas
Construção ajuda a reduzir o desemprego
Reprodução da Internet
Reprodução da Internet
Especialistas alertam que o uso indiscriminado de agrotóxicos por fazendeiros monocultores tem levado à contaminação do solo e da água usada por comunidades indígenas em todo o país. Em algumas regiões a situação é crítica. A6
Outra vez, a construção civil apresentou o melhor desempenho no mercado de trabalho. Em julho, duas mil vagas foram abertas. A3
Governo prorroga adesão ao Refis N Contribuintes que devem taxas e multas não tributárias ao governo de Brasília têm até 31 de outubro para aderir ao Programa. A3
Má alimentação afeta mais adolescentes
Mercado de trabalho vive círculo vicioso
Estudo aponta que 41,6% dos estudantes consomem guloseimas cinco dias ou mais em uma semana normal. A8
Ocorre a perda do poder de compra, queda da população ocupada e do trabalho com carteira assinada. A5
A2
Caderno A
| JORNAL DA COMUNIDADE
Opinião
Comunicação&Problemas
As forças política e as ocultas do DF Ricardo Callado
Há anos que a política do Distrito Federal vem sendo conduzida por forças ocultas. O clima de conspiração é constante, em alguns momentos com maior intensidade, em outros, passa despercebido, mas nunca dá certo. Gravações fazem parte do dia a dia. Tem quem grave para denunciar algo que acha errado, e os que querem obter vantagens. Existem ainda os que grampeiam para tirar proveito político, e os que fazem por precaução, para que no futuro não seja enrolado em algum esquema fraudulento. Quando surge uma gravação como a feita pela deputada Liliane Roriz (PTB), o mundo político fica em polvorosa. É uma ação que pode desencadear várias reações e, como a maioria não sabe de onde vem o tiro, fica no meio do fogo cerrado podendo ser atingido a qualquer momento por um grampo perdido. Hoje, qualquer palavra fora do contexto ou bem editada pode acabar com uma carreira política e criar uma crise institucional grave. Isso vale para o atual momento e para as futuras gravações. Quem não se lembra da gravação feita no gabinete do próprio governador Rodrigo Rollemberg (PSB)? Causou uma confusão tamanha. Muitas acusações entre o Legislativo e o Executivo, até que se descobriu o autor da gravação e a investigação foi abafada. O problema muitas vezes não é nem o teor do que se conversa, mas a própria gravação. Se alguém for grampeado passando uma lista de compras de supermercado para a feira de sua casa e foi divulgado, a maioria das pessoas nem irá prestar atenção ao que está sendo dito. O gravado é condenado sumariamente. Bastam sair os dois quadradinhos numa tela de TV com as conversas, ou em notas de coluna de jornais e blogs, dependendo do tratamento que se dará. Existem especialistas nisso. No caso da gravação no gabinete no Buriti, muito foi dito e nada foi provado. O momento serviu para, entre outras coisas, quem gravou conseguir emplacar seus interesses e ainda tentar colocar a culpa em quem nada tinha a ver, e afastar o governador da realidade. O grampo mais recente precisa ser investigado, e que as conversas sejam colocadas em ordem. As forças ocultas, muitas vezes travestidas de paladinos da moralidade, com ficha corrida em muitos governos, se mantêm permanentemente com o dedo apontado. Que a mesma lição sirva para os próximos grampos. Em breve, Legislativo, Executivo e Ministério Público poderão, de mãos dadas, protagonizar uma nova crise política no Distrito Federal. A Caixa de Pandora deixou muitos ensinamentos. A condução da política de forma correta e leal deve ser obedecida com rigor. O trato com a coisa pública tem de ser rigorosa, mas sempre existem os desavisados, dentro e fora do governo e do Legislativo. O ex-governador Agnelo Queiroz (PT) é um caso a ser estudado. As lições que ficaram do governo passado deveriam ser aprendidas para não ser repetidas, mas nem sempre quem está no poder consegue se conectar com a realidade. A razão é deixada de lado. A cada crise as forças políticas do Distrito Federal vão diminuindo. Já não temos lideranças natas. O que sobrou foram grupos políticos formados por ocasião ou por divisão de poder, e o poder se esvai muito rápido. Dura bem pouco. Não adianta apenas ter o poder, é preciso a perspectiva dele. 2016 acabará de forma melancólica. O próximo ano será de nova formatação de forças políticas visando a eleições de 2018. Com o fim do impeachment e das eleições municipais, o foco estará novamente voltado para a política do dia a dia. Partidos e políticos irão se reorganizar. Quem sobreviver às denúncias e não estiver aliado a um projeto grampeado e furado, chegará às eleições com chances. A política de Brasília deveria ter um gabinete permanente de crise. Esse é um segmento que deve crescer muito no DF. Assim como uma constante assessoria de análise política e de mídia. Há os que preferem arapongas e palpiteiros. Cada um tem seu estilo e o seu destino. #ficaadica
Você sabia? Dicas do bem falar... ... e do bem escrever!
Onde ou aonde ? Onde quando se exprime quietação; permanência; ausência de movimento; lugar de um acontecimento ou de uma presença: • os lápis estão onde os deixei • fui para casa, onde escrevi estas linhas • a reunião será onde ele trabalha? • nós sabemos onde fica a loja de casacos Aonde indica lugar para onde ou por onde, em expressões que exprimem movimento: • aonde tu irás no próximo sábado? • fui aonde havíamos combinado • não sei aonde nos lançará a onda do amanhã • desconheço aonde devo passar para chegar àquele ponto Por outro lado, note bem ! Nas situações em que o vocábulo “onde” é pronome relativo, seu antecedente deve ser representado necessariamente por um advérbio de lugar ou por um substantivo que se refira a lugar. Assim, são corretos:
• lá onde ele trabalha o expediente é reduzido • voltou ao bairro onde nascera • estava no Rio de Janeiro, onde moram seus primos
E é incorreta a expressão “em junho onde as festas acontecem”.
Fernando Velloso Mestre-em-Ciëncias Pós-graduação em Língua Portuguesa, e-mail: livroserevistas@bol.com.br
Conselho de Administração Ronaldo Martins Junqueira Presidente
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Brasília, 3 a 9 de setembro de 2016
Espaço do
leitor
Marco Antônio Pontes – Tributo a Octavio Malta (Última Hora, Rio, circa 1960) marcoantonidp@terra.com.br
Desentoou geral Três notas melancólicas desafinaram o gran finale que culminou, quarta-feira passada, a opereta do impeachment. A pior foi a manobra do presidente do Senado: a marcar espaço de poder ele aliou-se ao Pt para preservar os direitos políticos da ex-presidente. O inusitado do feito – um mero ‘destaque para votação em separado’ revogou dispositivo constitucional – motivou até intervenções de ministros do Stf: Gilmar Mendes considerou-o “bizarro”, Celso de Melo teceu longo e hermético arrazoado a significar, na essência, o mesmo. Balela oficializada Outra nota triste foi a desfaçatez com que os defensores da ex-presidente distorceram fatos ou simplesmente mentiram. Disseram que tudo começou com ‘espúria’ aliança da oposição com Eduardo Cunha para elegê-lo presidente da Câmara, o que absolutamente não ocorreu: as então minorias apoiaram a candidatura de Júlio Delgado, do Psb, tentaram até unir forças com o Pt para derrotar o deputado fluminense, mas a tradicional arrogância petista inviabilizou o acordo. As mentiras prosseguiram na negação das ‘pedaladas’ e culminaram com a balela do ‘golpe’, tornada fulcro do discurso oficial do Pt. Verdade golpeada Finalmente desafina a imprensa, especialmente via oficiosos ‘intelectuais orgânicos’ do Pt (a aplicação do conceito ao caso em tela ofende seu criador, o marxista italiano Antonio Gramsci). Até prestigiados jornalistas encamparam a mentira: por exemplo, na Folha de S. Paulo do day after, Jânio de Freitas assina coluna sob título “O golpe do hospício”. Louvor apressado Em pelo menos um caso o jornalismo que se tentou isento foi traído pela a pressa:
também na quinta-feira o Correio Braziliense publicou em destaque matéria recheada de elogios à imparcialidade do ministro Lewandowski na presidência do julgamento no Senado. Escrita antes do desfecho, a reportagem ignorou o contorcionismo jurídico em que se empenhou para aceitar, monocraticamente, a separação entre perda de mandato e suspensão de direitos políticos. Líder do Pt?... O assunto viraria galhofa nas redes sociais, entre lembranças de que o mesmo ministro enfrentara o relator Joaquim Barbosa no processo do mensalão, tentando atenuar o castigo afinal imposto aos dirigentes petistas. Barbosa acusou-o de “comportar-se como advogado de defesa” e não faltou quem o chamasse “líder do Pt do Stf”... Tradição perigosa Em 15 de março de 1990 Fernando Collor de Melo assumia a Presidência da República com a fama de ‘caçador de marajás’, um discurso de ódio e a promessa de eliminar a inflação. “Tenho um tiro só – dizia – não posso errar.” Em cima do lance Everardo Maciel, impiedoso, comentava a bravata: “O problema é que a família não tem tradição de boa pontaria.” Péssima pontaria Divulgada discretamente, explica a observação de Maciel a tragédia que manchou a história do Senado republicano. Fins de 1963, iniciava seu primeiro discurso na legislatura o senador alagoano Arnon de Melo, pai de Fernando, quando foi interrompido aos brados pelo coestaduano Silvestre Péricles de Gois Monteiro, antigo desafeto que prometera expulsá-lo da tribuna se ousasse ocupa-la. Arnon sacou o revólver, disparou vários tiros contra Silvestre,
errou todos. Um, porém, matou José Kairala, suplente que substituía justo até aquela sessão o titular que em seguida reassumiria o mandato. Ironia cruel Apurou-se que Silvestre estava desarmado. Testemunhas da tragédia contaram que ao avançar pelo corredor central do plenário ele abrira o paletó e levara a mão à cintura, movimentos que Arnon teria confundido com a intenção de sacar uma arma. Silvestre explicara, conforme tais fontes, que pretendia apenas tirar o cinto para açoitar o inimigo. A ser verdadeira, a explicação acrescenta cruel ironia à tragédia: na tradição escravista brasileira, açoite é castigo humilhante, reservado a escravos; e sacar das calças o cinto que as segura acresce ofensa à macheza do agredido. Destinos diversos Natural de Manaus Kairala transladara-se para o Acre, onde foi comerciante modesto; ingressou na política para compor chapa do senador José Guiomard e faria, naquela sessão, discurso de despedida para o qual convidara a mulher e os filhos, que o viram morrer. Sua família retornou ao Acre, em seguida mudou-se para Minas e depois para o Distrito Federal; consta que para sobreviver a viúva trabalhou como lavadeira e babá. Liberados logo após a prisão em flagrante, os senadores alagoanos sofreram nenhuma punição. Coincidência ou plágio? Quer saber por quê?, leitor, lembro agora essa história? É que Jô Soares contou parte dela em seu programa na Tv Globo (02–03.08) e reproduziu quase literalmente a frase sarcástica de Everardo, sem citá-lo. Tudo bem, duas pessoas inteligentes podem ter coincidido em igual ‘sacada’. Mas que parece plágio, parece.
Artigo Busca incansável por provas O Distrito Federal tem sido surpreendido, nos últimos dias, por denúncias e operações da Polícia Federal que buscam provas do que foi denunciado pela então vice-presidente da Câmara Legislativa do DF (CLDF), deputada Liliane Roriz. Trata-se da Operação Drácon, deflagrada no dia 23 de agosto, quando foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão e oito de condução coercitiva na Câmara Legislativa e na residência de parlamentares, servidores e ex-servidores. A ação ocorreu uma semana após a divulgação dos áudios sobre um suposto esquema de corrupção, envolvendo parlamentares. A cada dia surgem novas informações, mas diferente do que se pensa, ou de quem não quer ver, elas vinculam cada vez mais a crise ao Palácio do Buriti. Não foi à toa que, com o afastamento da então presidente da CLDF, deputada Celina Leão, os projetos do governo ganharam força e estão sendo votados à vontade. Claro que o afastamento da Mesa Diretora da CLDF beneficia Rollemberg! Enquanto isso, a situação de busca e apreensão se repetiu na CLDF, na última sexta-feira. Trata-se da segunda etapa da Operação Dracón. Os agentes procuram novas pro-
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vas sobre a denúncia de pagamento de propina a deputados distritais em troca da destinação de emendas parlamentares para empresas da área de saúde. Emenda teria sido alterada depois de Liliane Roriz ter saído da vice-presidência da CLDF. Já foram levados computadores, ou melhor, HDs, e documentos. Permanece, na Casa, o clima de tensão, constrangimento por parte dos funcionários, que se depararam, no início do expediente, com equipes da PF ocupando a presidência da Casa e gabinetes dos membros da Mesa Diretora que foram afastados. O constrangimento também se deve aos servidores que foram convocados para depor no MPDFT. Mas a história ainda não terminou. Os agentes da PF precisam apontar quem deletou os arquivos das pastas da vice-presidência, um dia antes da primeira etapa da Operação Dracón, demonstrando se alguém sabia que a operação ocorreria. Também tem de explicar se as gravações entregues pela deputada Liliane foram editadas, pois há controvérsias, pois, Celina teve acesso aos áudios na íntegra e pode provar a farsa, que tem a intenção de comprometer seu trabalho à frente da Casa.
E O MEU MUNDO CAIU O mesmo povo que a colocou nos braços do mundo como a primeira presente , fez panelaço, foi para as portas do congresso Nacional para protestar contra o desgoverno e as famosas pedaladas fiscais. O que até então parecia improvável aconteceu Dilma, foi afastada sumariamente da presidência da República. Muito se falou em golpe, mas a única certeza que se tem até agora que o mundo construído com paredes de areia caiu e a então presidenta, como ela mesmo se faz intitular, perdeu o seu reinado. Saiu de cena com ares de bicho acuado e com sede de vingança. Aguardemos cenas dos próximos capítulos da novela PT X PMDB. Agenor Batista Lopes, 52 anos, comerciário.
ENQUANTO ISSO, NA CÂMARA LEGISLATIVA Enquanto os candangos voltam os seus olhos como os demais brasileiros para o cenário da política nacional, a Câmara Legislativa, tenta abafar o escândalo recheado de trocas de farpas e acusações, até então aliadas Celina Leão e Liliane Roriz, a respeito de mais um esquema de propina, o rombo seria na saúde candanga que passa por sua principal e pior crise. A população está cansada desses escândalos e cobra atitudes severas como punições. Com isso quem sofre é população que acorda certo e vai pra porta dos hospitais postos de saúde e a UPAS e dão de cara na porta com avisos de ausência de médicos das demais especialidades bem como a falta de medicamentos indispensáveis para vários tratamentos. A população quer e tem o direito de ter os seus impostos direcionados para saúde, segurança, educação e não indo parar nas mãos ,ou melhor em bolsas , malas, contas de quem deveria representar a sociedade. Maria Marta de Lima Costa, 36 anos, professora.
PARALIMPÍADAS VÃO COMEÇAR Depois que o Brasil provou para o mundo que mesmo com as mazelas que assolam o seu povo sofrido, teve condições de sediar as Olimpíadas e ter um dos melhores se não o melhor desempenho em tal competição. É chegada a hora de mostrar que respeitamos os nossos paratletas com incentivo , quando se fala em incentivar se propõe a todo suporte aos atletas desde local para treino até ajuda de custo. A sociedade tem que se acostumar em ter em pódios deficientes visuais, pessoas com dificuldade de locomoção, todos iguais perante as suas desigualdades. Então o mesmo empresário que aposta em Rafaelas Silvas, Diegos Hypólitos, enxerguem os nossos paratletas como campeões não só na superação mas sim dignos de pódios cada vez mais frequentes. Anabele Pereira Cruz, 26 anos, universitária.
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Brasília, 3 a 9 de setembro de 2016
Refis-N
Caderno A
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REFORMULAÇÃO Pedro Ventura/Agência Brasília
Prazo para aderir é prorrogado até 31 de outubro Contribuintes que devem taxas e multas não tributárias ao governo de Brasília têm até 31 de outubro para aderir ao Programa de Incentivo de Regularização de Débitos Não Tributários (Refis-N). O prazo acabaria na quarta-feira (31), mas foi prorrogado por meio de decreto publicado no Diário Oficial do Distrito Federal. A adesão ao Refis-N pode ser feita pelo portal da Secretaria de Fazenda. Quem não tem acesso à internet pode procurar uma das agências da Receita do DF ou os postos do Na Hora.
De acordo com o último levantamento da Secretaria de Fazenda, mais de 29 mil cidadãos e empresas com débitos não tributários inscritos no cadastro da dívida ativa do Distrito Federal podem participar do programa. O valor total devido por esses contribuintes chega ao montante de R$ 1,031 bilhão. O Refis-N oferece descontos de até 99% sobre juros e multas para pessoas físicas e jurídicas que sanarem seus passivos relacionados a taxas e multas com alguns órgãos do governo. O benefício máximo (99%) é oferecido para quem pagar os débitos à vista. Quem não quiser liquidar o passivo de uma vez só poderá parcelá-lo em até 120 vezes. Quanto maior o número de meses, menor o desconto. O valor a ser pago mensalmente não pode ser inferior a R$ 50 para pessoas físicas e a R$ 200 para jurídicas.
Abrangência do Refis-N O programa é voltado ao pagamento de pendências não tributárias, ou seja, exclui multas com o Departamento de Trânsito (Detran-DF), a Companhia Energética de Brasília (CEB) e a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb). Também ficam de fora os débitos relacionados à compra de imóveis com a Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap), que tem programa próprio de negociação.
ASA SUL
CLDF aprecia puxadinhos na terça-feira A apreciação do projeto de lei complementar que trata das ocupações de áreas públicas pelo comércio da Asa Sul – os chamados “puxadinhos” –, na Câmara Legislativa, deve ocorrer nesta terça-feira (6). O adiamento foi solicitado pelo líder do PT na Casa, deputado Wasny de Roure, durante a sessão de quarta-feira (31). O distrital disse fazer questão de ouvir os conselhos comunitários e de estudar melhor o projeto. “Não tenho condições de votar. Preciso ‘calibrar’ o projeto com os setores envolvidos”, afirmou. O deputado Agaciel Maia (PR) ainda tentou pressionar: “Estamos num quadro de crise, com muita insegurança para os comerciantes. O projeto está pronto para ser votado em plenário”. Mas outros distritais acabaram concordando não haver prejuízo em esperar. “O debate interessa a todos. Marchamos em construção coletiva, e podemos terminar assim”, disse Chico Leite (Rede), concordando com o adiamento.
Entenda De autoria do Poder Executivo, o PLC nº 71/2016 estende o prazo para a regulamentação dos puxadinhos, que terminaria no dia 31 de outubro, por 120 dias a partir da sanção da nova lei. O consenso para a redação da proposta foi possível após três reuniões técnicas realizadas nas últimas semanas. Entre os pontos conflitantes estava o valor a ser cobrado pela ocupação da área pública. A redação original previa a aplicação de uma fórmula onde seriam avaliados o valor do IPTU e o valor venal do imóvel, segundo a Terracap. Após questionamentos por parte dos empresários, o GDF alterou a fórmula tendo como base apenas o IPTU. Conforme projeções da Secretária de Gestão do Território e Habitação (SEGETH), o preço médio será de R$ 19 por metro quadrado. Em virtude do difícil período econômico, os proprietários dos imóveis estarão isentos da taxa no primeiro ano e terão descontos progressivos de 70 e 30% nos dois anos subsequentes.
As mudanças devem desburocratizar a relação com o Estado e melhorar o ambiente de negócios
Pró-DF deve estimular a economia da Capital Mudanças nas regras do programa dão oportunidade para a regularização de três mil empresas A regularização de empresas endividadas e a criação de empregos são medidas importantes para a retomada do crescimento econômico do Distrito Federal. Para atingir esses objetivos, o governo de Brasília decidiu reformular e desburocratizar o Programa de Apoio ao Empreendimento Produtivo do Distrito Federal (Pró-DF), que reúne 3,7 mil micros e pequenos empreendimentos na capital do País. O secretário de Economia e Desenvolvimento Sustentável, Arthur Bernardes, assinou portaria que estabelece o novo modelo de gestão do Pró-DF. “O que estamos fazendo é buscar mecanismos no governo para que o empresário possa, de fato, criar emprego e renda, ajudando o DF a superar a turbulência econômica que atinge todo o País.” As mudanças devem fomentar a economia local, desburocratizar a relação do Estado com os inscritos no programa e melhorar o ambiente de negócios no DF. Uma das alterações consiste em permitir que duas ou mais empresas se instalem
Andre Borges/Agência Brasília
Dívidas de R$ 1,031 bilhão
Arthur Bernardes e Rollemberg assinaram a portaria
no mesmo lote. Na configuração atual, muitos empreendimentos não preenchem a totalidade do terreno, o que resulta em espaços ociosos. Com a presença de mais de uma pessoa jurídica no mesmo lugar, a intenção é criar condições mais favoráveis para a ocupação do patrimônio público e tornar menos burocrática a interação entre segmentos do mesmo ramo. Uma fabricante de roupas, por exemplo, poderá dividir a mesma gleba com a sua fornecedora de tecidos.
Dobro de prazo Das 3,7 mil empresas inscritas no Pró-DF, cerca de três mil têm dívidas com
a Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap). O passivo é de aproximadamente R$ 180 milhões. Ao receber incentivos econômicos do Executivo e ocupar um lote destinado ao Pró-DF, os empresários têm de pagar mensalmente à agência uma taxa de 0,5%, calculada sobre o valor da área ocupada. A partir da publicação da nova portaria, o prazo para esse grupo de empresários quitar as dívidas dobra – de 36 para 72 vezes. O propósito com a ampliação é diminuir o valor das parcelas pagas pelo empresariado ao governo, o que fará sobrar mais recur-
sos para investimento no negócio. A consequência é a elevação do número de empregos e a entrada de mais tributos nos cofres do Executivo. Micros e pequenos empresários que perderam incentivos econômicos em função do acúmulo de dívidas com o governo vão ganhar condições menos rigorosas para quitá-las, a fim de retomar seus empreendimentos. Antes, eles teriam de pagar os passivos à vista. Quando não cumpriam o compromisso, ficavam sem as vantagens e eram acionados na Justiça. Como os processos na Justiça normalmente se arrastam por anos, eles não conseguiam impulsionar o negócio, e o governo não recolhia impostos – imbróglio improdutivo para ambos. Agora, além de refinanciar seus débitos em 72 vezes, os empresários poderão assinar um novo contrato de até 36 meses. Ao final desse período, terão ainda a opção de comprar o terreno em até 240 parcelas. (Saulo Araújo, da Agência Brasília).
TRABALHO
Desemprego diminui em Brasília É a primeira queda desde julho de 2015. A construção civil ocupou dois mil postos O Distrito Federal registrou cerca de quatro mil desempregados a menos em julho na comparação com junho. De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), o número de pessoas sem emprego passou de 301 mil em junho (19% em relação à população economicamente ativa – PEA) para 297 mil em julho (18,9%). Essa foi a primeira queda registrada pela pesquisa desde julho de 2015. A PED é feita pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan),
pela Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O número de pessoas no mercado de trabalho – ocupadas ou procurando emprego – também diminuiu. Em julho, sete mil deixaram a população economicamente ativa, o que significa menor demanda por empregos no DF. “É possível acreditar que atingimos o teto e, agora, começamos a redu-
zir o desemprego em Brasília”, afirmou o presidente da Codeplan, Lucio Rennó.
Construção civil Pelo segundo mês consecutivo, a construção civil apresentou o melhor desempenho no mercado de trabalho. Em julho, duas mil vagas foram abertas. Em termos porcentuais, trata-se de um aumento de 3,1%. Para o presidente da Codeplan, o crescimento de ofertas de empregos no setor é resultado do aumento do número de alvarás de cons-
trução concedidos pela Central de Aprovação de Projetos, da Secretaria de Gestão do Território e Habitação, e de obras públicas. Serviços, por sua vez, teve redução de seis mil postos de trabalho. “Chama a atenção o dado, porque serviços é um dos setores mais representativos para a economia do DF”, destacou a gerente de Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, Iraci Peixoto. Já a indústria de transformação e o comércio permaneceram estáveis, com reduções de postos menores que 1%. CMYK
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Caderno A
Brasília, 3 a 9 de setembro de 2016
EMPOSSADO Beto Barata/PR
Temer terá 2 anos difíceis de governo Especialistas apontam problemas com a economia internacional e a política interna Empossado como presidente da República, Michel Temer agora se dedica a grandes desafios legislativos. Sua agenda incluirá a criação de um teto para os gastos públicos e a proposta de uma reforma da Previdência
Social. Outros temas importantes para a economia, como a definição de nova meta fiscal, já foram debatidos no Congresso Nacional desde 12 de maio, quando Temer assumiu como presidente interino do Brasil.
Ao assumir, Temer prometeu dar prioridade à solução da crise econômica enfrentada pelo país. Ele deixou claro que tal tarefa exigiria sacrifícios da população e medidas de austeridade que deveriam
passar pelo crivo do Congresso Nacional. O primeiro embate do governo no Parlamento se deu na votação da nova meta fiscal (PLN 1/2016). Após uma sessão conturbada, senadores e deputados aprovaram a
Michel Temer precisará de base consistente no Congresso
elevação do déficit primário para R$ 170,5 bilhões. Os aliados do peemedebista alegaram que a nova meta foi feita com parâmetros realistas; os adversários criticaram, alegando tratar-se de um “cheque em branco”, para que o governo tenha liberdade para remanejar recursos. As propostas enviadas por Temer deverão ser tema de muitos debates no Parlamento. É o caso do teto para o crescimento das despesas públicas para os próximos 20 anos, previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241/2016), apresentada em junho. Apesar de ainda estar tramitando na Câmara, a proposta já foi discutida no Senado. A equipe econômica do governo defende que a alta das despesas em um ano seja restrita ao percentual da inflação do ano anterior. Para a senadora Simone Tebet (PMDB-MS), a PEC será aprovada, o que deve levar o governo a recuar da decisão de elevar a carga tributária.
Servidores O governo também foi alvo de críticas ao não barrar as dezenas de projetos com reajustes salariais parcelados para militares e funcionários públicos. O impacto previsto de R$ 50 bilhões em quatro anos gerou divergências até mesmo dentro da base aliada. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), por exemplo, inicialmente foi contra as aprovações em série das proposições e só votou a favor depois de um acordo garantindo que o reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal (PLC 27/2016) não seria votado. O medo era de um efeito cascata que comprometesse os cofres estaduais e municipais.
Medidas Provisórias Outras frentes de batalha do governo Temer no Congresso dizem respeito às medidas provisórias. Já foram editadas 18. A primeira delas ainda não foi votada pelos parlamenta-
res e causou polêmica. A MP 726/2016 teve prazo final prorrogado e tramita em regime de urgência. A proposição trata da reforma ministerial e inicialmente previa a extinção de nove ministérios, entre eles, o da Cultura, o que gerou muitas críticas. A repercussão negativa obrigou o presidente a voltar atrás, recriando o Ministério por meio da MP 728/2016.
Especialistas Apesar de, na comparação com sua antecessora, dispor de maior apoio no Congresso Nacional, Michel Temer não terá vida fácil nos dois anos de mandato que ainda restam. Para o cientista político Cristiano Noronha, vice-presidente da empresa de análise política Arko Advice, as discussões devem ser sobre o número de partidos e o que ele chama de “loteamento do governo”. “Talvez depois desse processo todo, sejam necessárias algumas mudanças do ponto de vista da reforma política para evitar que esse tipo de coisa [o impeachment] volte a acontecer. Se você tem uma Casa menos fragmentada, com um número menor de partidos, onde o presidente não tem de lotear tanto o governo para construir essas maiorias frágeis, talvez reforce mais ainda nossa democracia”. Na avaliação do professor Ivar Hartmann, da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito Rio), o resultado pelo afastamento definitivo de Dilma Rousseff “é saudável para a democracia”. “Muito se falou que chefes de Executivo, tanto federal, como estadual e municipal, praticavam esse tipo de crime de responsabilidade [referindo-se às pedaladas fiscais], mas nunca eram punidos. Todos sabem o efeito negativo que isso tem nas finanças do país. Acontecendo agora essa condenação, isso serve de exemplo”.
Desafios Noronha disse entender que Temer navegará em águas mais tranquilas que Dilma, mas nem por isso terá dois anos fáceis pela frente. Para o cientista político, o novo presidente precisará dar andamento ao ajuste fiscal em meio a novos capítulos da Operação Lava Jato. “Existem alguns desafios grandes para ele colocar. Justamente aprovar essa agenda de ajuste fiscal que está posta e que não será fácil no Congresso Nacional. O processo da Lava Jato continua e continuará trazendo turbulência ao cenário político”, disse. “Novas delações premiadas vêm aí. Novos políticos podem ser envolvidos e não se sabe qual partido será atingido. Isso é um fator de instabilidade grande”, completou o cientista político. Cristiano citou ainda a importância de ajustar as contas públicas para inspirar credibilidade no mercado financeiro. “O mercado está aceitando Temer por causa dessa agenda [de ajuste fiscal]. A dúvida é se essas reformas serão aprovadas pelo Congresso Nacional ou se vão sair de lá desidratadas. Se eventualmente fizerem ajustes de tal forma que essas reformas saiam absolutamente desidratadas, aí a instabilidade e insegurança voltam. O grande problema do país é recuperar essa credibilidade fiscal.”
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RENDA
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Mercado de trabalho vive círculo vicioso
Obras de arte são opção de ativo financeiro
População ocupada Em sua análise dos números da Pnad Contínua, Cimar Azeredo ressalta o fato de que a população ocupada, que fechou o trimestre em 90,5 milhões de pessoas, voltou ao nível do primeiro trimestre de 2013, o mesmo acontecendo com o rendimento médio real habitualmente recebido pelo trabalhador, que encerrou julho em R$ 1.985 - uma queda de 3% em relação aos R$ 2.048 pagos no mesmo trimestre do ano anterior.
Dênio Simões/Agência Brasília
O mercado de trabalho do país vive um “circulo vicioso”, com perda do poder de compra, queda da população ocupada, do trabalho com carteira assinada e em uma situação de estagnação onde nem mesmo o mercado informal consegue mais absorver os trabalhadores que perderam emprego. A afirmação é do coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, ao comentar os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), indicando que, no trimestre encerrado em julho, a taxa de desocupação chegou a 11,6% - a maior da série histórica iniciada em 2012 -, o equivalente a 11,6 milhões de desempregados. Na avaliação do técnico do IBGE os números da Pnad Contínua de maio, junho e julho refletem o “cenário econômico conturbado” vivido pelo país e os “seus reflexos no mercado de trabalho”. “O mercado de trabalho brasileiro está em pleno círculo vicioso, com perda do poder de compra, queda na população ocupada - com grupamentos importantes apresentando redução em seu contingente de trabalhadores - e da qualidade do emprego –, que se reflete no número de pessoas trabalhando com carteira assinada, que recuou quatro anos atrás”.
Antonio Cruz/ Agência Brasil
Números refletem o “cenário econômico conturbado” que assola todo o país
Cimar Azeredo comenta os números da pesquisa
Informalidade tem sido saída para muitos desempregados
“Os dados mostrados pela Pnad Contínua não são favoráveis. São dados que fogem a comportamentos sazonais conhecidos. O rendimento continua em queda, grupamentos de atividades, como a indústria, continuam a apresentar redução expressiva e está menor em relação ao ano passado em cerca de 1,3 milhão de postos de trabalho”, disse. Para ele, o país encontra-se em “um processo recessivo” onde a situação do mercado de trabalho não se mostra em uma situação favorável. “Era esperado que a taxa de desocupação apresentasse um relaxamento [nesta última divulgação], que caísse ou ficasse no mínimo estável, mas isto não aconteceu e ela atingiu seu nível mais alto: 11,6%”. “E isso se deu principalmente em função do aumento significativo do contingente de pessoas procurando trabalho. Ou seja, o número de desocupados aumentou e é [hoje] o mais
alto da série, com o número de pessoas trabalhando voltando ao patamar de 2013”. Os dados divulgados pelo instituto indicam que a população ocupada hoje é de 90,5 milhões de trabalhadores, total estatisticamente estável em relação ao trimestre imediatamente anterior (menos 146 mil pessoas), mas registrando uma queda de 1,8% em relação a igual trimestre do ano anterior (92,2 milhões), ou 1,7 milhões de pessoas a menos no contingente de pessoas ocupadas.
Informalidade Quando analisados do ponto de vista da qualidade do emprego, os números da Pnad Contínua também se apresentam desfavoráveis. Segundo o IBGE, o número de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada fechou julho estimado em 34,3 milhões de pessoas. Mas mesmo não apresentando variação estatistica-
mente significativa em comparação com trimestre de fevereiro a abril deste ano, frente ao trimestre de maio a julho de 2015, chegou a registrar queda de 3,9%, o que representou a perda de cerca de 1,4 milhão de pessoas com carteira assinada. “Com relação ao trabalho formal, a situação também não é favorável e o número de trabalhadores com carteira assinada continua caindo e chegamos a um patamar que volta a 2012 no início da série da Pnad Contínua”, disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Cimar Azeredo ressaltou, ainda, o fato de que o mercado informal do país já não consegue absorver com a mesma facilidade de antes o trabalhador que perde seu emprego. “Logo no início do processo recessivo nós tivemos um quadro de estabilidade da população ocupada porque você perdia empregos formais, regulamentados, mas o mercado informal absorvia esse contingente. Mas isso não está acontecendo mais da mesma forma e com a mesma intensidade. E a consequência da informalidade não absorver [os desempregados] na mesma intensidade é a redução que agora aparece na população ocupada”, finalizou.
Ao contrário do que possa parecer, obra de arte não é somente distração de milionários. É possível adquirir uma singela escultura por menos de R$ 10 mil e multiplicar este valor no futuro. Tal notícia faz despertar o interesse dos brasileiros acostumados a investir seu dinheiro em fundos de investimento. Na avaliação do artista plástico brasiliense Rogério Reis, o mercado de arte pode ser facilmente comparado com a bolsa de valores. “Em muitos lugares no mundo, as obras de arte são adquiridas como alternativa de investimento. Investe-se em uma carteira de artistas promissores aguardando sua futura valorização de mercado, do mesmo modo como ocorre com a bolsa de valores”, comenta. Não à toa, os artistas mais valiosos e conceituados no mercado – são conhecidos como blue chips, em referência às ações mais pesadas da Bovespa. Exemplo disso é a tela da artista Beatriz Milhazes, que foi vendida este ano na SP Arte por R$ 16 milhões. “Imagine agora por quanto esta tela foi adquirida nos anos 90? É claro que não são todos os artistas que valem tanto, todavia, o investimento sempre compensa, sem falar no prazer pessoal e nos benefícios paralelos de possuir uma obra de arte em casa”, pondera o artista plástico. Diferente do investimento em móveis de grife ou carros importados, que depreciam com o tempo, as obras de arte têm constante valorização. Rogério Reis lembra uma história contada por uma galerista no Rio. “Na década de 90, um investidor estava em dúvida sobre a aquisição de uma tela de Iberê Camargo ou um carro novo. Optou pelo carro. Em 2013 viu a mesma tela anunciada na Art Rio e comentou o ocorrido. O carro virou pó né? Pois então, disse a galerista, esta tela vale 1,5 milhão”, compartilha.
Dicas Como ingressar no mercado de arte como investidor ► Para o investidor iniciante, é importante investir em educação, frequentar ateliês, galerias e feiras como ArtRio e SP Arte; ► Cuidado com lojas que se travestem de galerias e não tem compromisso com a evolução do artista. É o futuro do artista que vai valorizar seu ativo; ► Procure conhecer a história do artista, sua formação, currículo, exposições, principalmente a densidade do seu discurso na obra; ► Não se fie apenas pela questão financeira, adquira obras que atendam a seu gosto pessoal, afinal ela vai refletir sua persona e convívio diário; ► Fique atento para questões de governança do acervo, tal como a procedência da obra e sua declaração para fins de imposto de renda; ► Caso o proprietário da obra queira transmitir a obra de arte como herança, é necessário informar o bem como parte do patrimônio na declaração de IR, dando baixa na hora em que ocorre a venda ou doação; ► O preço de uma obra de arte não oscila bruscamente, ao contrário do que pode ocorrer com ativos financeiros de renda variável.
REAJUSTE
Alugueis sobem 11,49% relativos a setembro O aluguel residencial em andamento poderá sofrer reajuste de 11,49%. Esse percentual compreende o período entre setembro 2015 a agosto de 2016 (12 meses) e deve ser aplicado aos contratos de locação residencial com aniversário em setembro e cláusula de
reajuste pelo IGP-M, ou seja, aproximadamente 90% dos aluguéis do mercado. A variação no mês de agosto foi de 0,15%. Para facilitar o cálculo do novo aluguel, o Secovi-SP (Sindicato da Habitação) divulga fator de atualização que, neste caso é de 1,1149.
Por exemplo: para atualizar um aluguel de R$ 1.500,00 em vigor até agosto de 2016, multiplica-se R$ 1.500,00 por 1,1149, que resultará em R$ 1.672,35, novo valor de aluguel a ser pago no final do mês de setembro ou início de outubro. CMYK
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AGROTÓXICOS Marcello Casal Jr./ABr
Índios são afetados por contaminação sionário (Cimi) na audiência pública que discutiu os perigos dos defensivos, organizada pela Defensoria Pública de São Paulo e A Defensoria Pública na União. “Nós temos um registro constante de contami-
nação por agrotóxico em diversas áreas indígenas. Em alguns lugares do Brasil o problema é agudo”, ressaltou Lúcia Helena ao citar como exemplo o caso de três comunidades guarani-kaiowá no Mato Grosso do Sul. A situação dos grupos residentes nos municípios de Amambai, Aral Moreira e Paranhos foi denunciada no relatório O Direito Humano à Alimentação Adequada e à Nutrição do Povo Guarani e Kaiowá. O documento foi elaborado pelo Cimi em parceria com a Rede de Ação e Informação pelo Direito a se Alimentar. “Os pedaços de terras que estas comunidades ocupam dentro de seus territórios tradicionais estão dominados por monoculturas das fazendas, cujo cultivo demanda o uso excessivo de agrotóxicos e de outros produtos que representam grave risco à sua saúde”, enfatiza o relatório lançado no último dia 16. A antropóloga destacou, no entanto, que a situação das comunidades indígenas, inclusive em relação à contaminação por agrotóxicos, tem que ser entendida em um contexto de violações de direitos. “[As violências] vão desde a posse da terra, o direito ao território, até as questões mais suaves, que
Lúcia Helena cita o caso de comunidades guarani-kaiowá
são o direito a uma religião, a rituais”, ressaltou. O problema da contaminação por agrotóxicos se soma, de acordo com Lúcia Helena, à difusão de sementes transgênicas. “Aqui mesmo no estado de São Paulo, no Vale do Ribeira, as comunidade guarani reclamam disso. Porque passam os trens carregando milho e caem sementes. Assim como o milho transgênico dos Estados Unidos solapa a diversidade do milho mexicano”, exemplificou sobre o fenômeno em que as plantas modificadas geneticamente tendem a substituir as nativas quando são dispersada fora das áreas de cultivo. Marcello Casal Jr./ABr
Em alguns lugares do Brasil o problema é agudo
O uso de agrotóxicos tem contaminado o solo e a água usada por comunidades indígenas em todo o país, segundo a antropóloga Lúcia Helena Rangel. A pesquisadora representou o Conselho Indigenista Mis-
Antonio Cruz/ Agência Brasil
Terras ocupadas dentro dos territórios tradicionais estão dominadas por fazendas
Monocultura de fazendas demanda defensivos
RISCOS A professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Sônia Corina Hess, apresentou dados que mostram os riscos dos principais agrotóxicos usados no Brasil. O herbicida glifosato, por exemplo, pode apresentar, segundo a especialista, efeitos tóxicos mesmo em pequenas concentrações. De acordo com Sônia, experimentos feitos com ratos que beberam água contaminada por glifosato em uma quantidade muito menor do que a permitida pela legislação brasileira demonstrou diversos efeitos nocivos. “Todos desenvolveram tumores, tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino, e alterações metabólicas muito intensas”, ressaltou. Sobre o 2,4-D, outro herbicida usado na agricultura brasileira, Sônia lembrou que o produto foi desenvolvido a partir do Agente Laranja, desfolhante usado na Guerra do Vietnam. O defensivo ficou famoso por ser altamente cancerígeno e causar mal formação em fetos. Segundo a especialista, caso o produto não seja purificado adequadamente, o 2,4-D pode apresentar as mesmas substâncias tóxicas presentes no Agente Laranja.
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Educação
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SAÚDE
Publicado no Diário Oficial da União do dia 30 de agosto, o edital da Secretaria de Educação Superior com o cronograma para o processo seletivo visando a ocupação de vagas dos cursos de língua inglesa do programa Inglês sem Fronteiras. As inscrições ocorrerão das 12h do dia 19 de setembro até as 12h do dia 30 de setembro. As aulas vão começar em 17 de outubro. O Inglês sem Fronteira surgiu com o propósito de atender demandas do programa Ciência sem Fronteiras e outros programas de intercâmbio governamentais, com o objetivo de criar condições para que os estudantes brasileiros tenham acesso a universidades estrangeiras, onde o inglês é o idioma usado parcial ou totalmente em seus cursos. Além de representar uma oportunidade de acesso a essas universidades, o programa visa a atender a comunidades universitárias brasileiras, aumentando o número de professores e alunos estrangeiros em seus campi. Mais detalhes sobre o edital com o cronograma do Inglês sem fronteiras estão disponíveis no site do programa do Ministério da Educação.
A SEMENTE
Infinito vazio estará na 1ª Mostra Funarte Tem uma imagem que não me sai da cabeça... Vi uma mulher sentada em uma parada de ônibus, esperando alguém ou algo que a tirasse desse estático momento, a imagem me remeteu a um infinito vazio e ao mesmo tempo a um momento cheio de inspiração. Assim nasceu a vontade da Semente Cia de Teatro de falar sobre o vazio e o cheio da vida, mas para a vida estar cheia, outrora esteve vazia e hoje quando a vida está plena, novamente, nos encarregamos de esvaziá-la... Que infinito é esse? Que vazio é esse? Que vida é essa? Em um processo provocativo e de colaboração a Semente Cia de teatro, que há oito anos vem desenvolvendo na cidade do Gama montagens e oficinas de teatro para formação de plateia, foi levantando cenas, ousando, gritando por criação.
Serviço Espetáculo: Infinito Vazio Data: 16, 17 e 18 de setembro Sexta-feira e sábado – 21h e domingo – 20h Local: Teatro Oficina do Perdiz - 710 Norte – Bloco E Ingresso: R$20 inteira – R$10 meia Classificação: 14 anos.
Foto reprodução da internet e manipulada pelo Photoshop/Alexandre Alves
Inscrições para programa Inglês sem Fronteiras
Distúrbio compromete a qualidade do sono e é responsável por sonolência durante o dia e queda de rendimento no trabalho
Ronco e apneia do sono sob controle
Problema que já tinge 33% da população brasileira exige cuidados especiais com a saúde A apneia obstrutiva do sono é caracterizada por episódios recorrentes de obstrução da garganta durante o sono, geralmente acompanhada de ronco. Presente em cerca de 33% da população brasileira, o distúrbio compromete seriamente a qualidade do sono e é responsável por problemas como cansaço, sonolência durante o dia, queda de rendimento no trabalho e alterações de humor. A longo prazo, também pode contribuir com o surgimento de doenças como diabetes, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, arritmia, infarto do miocárdio e até derrame. “Embora seja grave, o problema pode ser evitado ou, pelo menos, controlado por meio de alguns cuidados com a saúde”, revela o pneumologista do Centro de Medicina do Sono do Hospital do Coração (HCor), Pedro Genta. Segundo Genta, o ganho de peso aumenta, consideravelmente, as chances de uma pessoa sofrer com apneia do sono. Isso porque as vias respiratórias acabam sofrendo uma espécie de estreitamento em fun-
Vigie a Pressão Arterial A respiração irregular provocada pela apneia do sono sobrecarrega o funcionamento do coração, enquanto a pessoa dorme. Sendo assim, quem sofre com o problema corre ainda mais riscos de desenvolver doenças cardiovasculares. “Por isso, pacientes com apneia do sono devem medir regularmente a sua pressão arterial, tomando sempre os cuidados necessários com o bom funcionamento do sistema cardiovascular”, recomenda o pneumologista do HCor, lembrando que se persistirem cansaço, sonolência, ronco ou as apneias, pode ser necessário o tratamento com aparelhos de pressão positiva ou de aparelhos intra-orais que devem ser feitos por um especialista.
ção da gordura acumulada na região pescoço. “A obesidade ainda é o principal fator de risco para a ocorrência de apneia do sono. Por isso, procurar emagrecer e atingir o peso ideal diminui bastante as possibilidades de alguém sofrer com o problema”, explica. Alguns estudos têm demonstrado a relação entre o tabagismo e a apneia do sono. Isso porque o fumo causa o inchaço dos tecidos do interior da garganta e da boca. Além de aumentar a produção de muco, esse processo reduz o tamanho das vias respiratórias, o que favorece bastante o surgimento da apneia do sono. “Melhor que deixar de fumar, é nunca começar. Ficar longe do cigarro é importante não só para reduzir o risco de apneia,
mas também para evitar uma série de outros problemas de saúde”, alerta o pneumologista. Outra medida importante para evitar a apneia do sono é não consumir bebida alcoólica antes de dormir. Em contato com o organismo, o álcool provoca o relaxamento dos tecidos da garganta, o que impede que as vias respiratórias permaneçam bem abertas durante o sono. “O recomendável é que a pessoa não beba nada alcoólico, pelo menos, quatro horas antes de se deitar”, avisa o pneumologista.
Evite dormir de costas A posição em que dormimos também está relacionada com a apneia do sono. Ao dormirmos de barriga para cima a língua cai em
direção à garganta e pode obstruir as vias respiratórias. “Para evitar problemas durante o sono, o ideal é que a pessoa durma de lado”, sugere Genta. Para garantir uma boa qualidade de sono, é recomendável dormir entre sete e oito horas. “Além de piorar o ronco e a apneia, a privação do sono causa cansaço, sonolência e aumenta o risco de obesidade”, alerta o médico.
Faça exercícios A atividade física regular tem efeitos positivos para o sistema cardiovascular e pode reduzir o risco de apneia do sono. “Alguns estudos têm demonstrado que o sedentarismo aumenta o acúmulo de líquido nas pernas. O deslocamento de líquido das pernas para a garganta, quando o indivíduo está deitado, durante o sono, aumenta a chance de desenvolver apneia”, alerta. Outra medida imprescindível em relação à apneia do sono é tratar os problemas nasais. “A obstrução nasal e a respiração pela boca pioram o ronco e a apneia do sono”, explica.
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ALIMENTAÇÃO Reprodução da Internet
Adolescentes comem mal e engordam A maioria raramente aceita a comida ofertada pela escola e prefere as guloseimas nal de Saúde do Escolar - Pense 2015 -, dos cerca de 2,6 milhões de estudantes que cursavam o 9º ano do ensino fundamental em 2015, 41,6% consumiam guloseimas cinco dias ou mais em uma semana nor-
mal. Mais da metade desses estudantes (61,5%) informou comer raramente ou nunca a comida ofertada pela escola gratuitamente, com alimentos saudáveis. Em 54% de escolas públicas, há cantinas ou ponto alternativo de venda, onde são vendidos alimentos considerados pouco nutritivos e inadequados. Na rede privada, esse percentual atinge 92%. O estudo aponta que o principal motivo para esse excesso de doces na dieta dos adolescentes é a ausência de uma normativa nacional que regule a venda desse tipo de alimento no ambiente escolar. Para a
pediatra Mônica de Araújo Moretzsohn, do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), restringir a alimentação inapropriada nas escolas é fundamental para diminuir a obesidade e doenças associadas à alimentação inadequada. “O baixo custo, o gosto, porque as crianças tendem a preferir sabores mais doces e a facilidade de acesso, contribuem para o aumento do consumo desses alimentos. E isso tem levado a uma série de consequências ruins, diabetes, e hipertensão, além do aumento de peso”, disse ela. Reprodução da Internet
Especialista diz que é preciso restringir oferta extra
Problema de saúde pública cada vez mais preocupante entre os adolescentes, a má alimentação foi registrada também nos hábitos dos estudantes brasileiros. De acordo com os dados da Pesquisa Nacio-
Crianças tendem a preferir sabores mais doces
Regulamentação da venda de alimentos “[É preciso] regulamentar a venda de alimentos nas escolas para diminuir a prevalência de crianças obesas, além de orientar a respeito de alimentação mais adequada e conscientização das famílias e dos comerciantes”, afirmou Mônica. Ela citou uma pesquisa inglesa que constatou que a proibição de refrigerantes nas escolas britânicas reduziu em 40% a prevalência da obesidade no ambiente escolar. Cerca de 58,5% dos alunos de escolas públicas podem comprar refrigerantes e 63,7% podem adquirir salgadinhos industrializados. Na rede privada, esses percentuais são respectivamente, 62,3%, 70,6% e 60%. E mais: 49,7% desses alunos estudam em escolas públicas onde há venda de balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes e outros, A pesquisa Pense 2015 aponta, ainda, que entre os
estudantes de 16 a 17 anos de idade estão as maiores proporções dos que fazem refeições em fast-food (16,7%) e os menores percentuais daqueles que costumam almoçar ou jantar com pais (61,4%). Mônica, que trabalha no ambulatório de obesidade do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explicou que a má alimentação influencia no ganho de peso, que, por sua vez, prejudica a saúde mental das crianças. “A maioria das crianças obesas é vítima de bullying não apenas na escola como também em casa. E isso provoca muito sofrimento, causa dor, provoca isolamento e piora a auto-estima. E quanto mais tempo a criança se mantém muito acima do peso, maior a possibilidade de se tornar um adulto obeso.
Bullying e insegurança com a aparência Quase 195 mil alunos do 9º ano (7,4%) afirmaram ter sofrido bullying por parte de colegas de escola, na maior parte do tempo ou sempre. Entre os alunos que se sentiram humilhados alguma vez nos 30 dias anteriores à pesquisa, os principais motivos foram a aparência do corpo (15,6%) e do rosto (10,9%). Por outro lado, 19,8% disseram já ter praticado bullying. Dentre os meninos, esse percentual foi de 24,2% e, entre as meninas, 15,6%. Em 2015, 72% dos estudantes do 9º ano estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com o próprio corpo (1,9 milhão), mas 18,3% (481,4 mil) consideravam-se gordos ou muitos gordos. Enquanto 11,6% dos meninos se sentiam insatisfeitos ou muito insatisfeitos com o próprio corpo, o dobro das meninas tinha o mesmo sentimento (23,3%). Em 2015, 7% dos estudantes do 9º ano (184,2 mil) haviam induzido o vômito ou tomado laxantes nos últimos 30 dias para emagrecer ou evitar ganhar peso. O percentual de estudantes que acumulou 300 minutos ou mais com atividades físicas praticadas por semana (considerados fisicamente ativos) passou de 30,1% em 2012 para 34,4% em 2015.
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