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Capítulo Vinte
O texto do Ev veio as 10:45. Eu estava bem acordada, olhando para o teto, porque olhando para as paredes tinha ficado velhas. Ele não tinha voltado para o hotel. Eu estava esperando por mais de meia hora.
Ev: Lauren me deu o seu número. Os caras falaram coisas com Mal, em seguida, ele saiu novamente. Eles não sabem para onde.
Anne: Ok.
Ev: Você sabe onde ele possa estar?
Anne: Se eu encontrá-lo eu vou deixar você saber.
Ev: Obrigada.
Ele pode estar dirigindo pela cidade. Mas muito mais provável, se ele ainda estava excitado, ele gostaria de descontar em sua bateria.
Peguei um táxi. Dinheiro poderia estar apertado, mas eu não estaria esperando que ele viesse a mim por mais tempo. Esperava que David juntamente com os outros tivessem lhe falado para baixo, acalmando-o. Agora era a hora de jogar minha parte, qualquer que seja. Sentei-me no banco de trás, tentando pensar em um discurso. Contudo, eu estava sem sábias palavras.
A garoa nebulosa começou a cair do céu quando cheguei na sala de ensaio. Minha respiração embaçava no frio. Ah, Portland. Ela nunca decepcionou. O melhor tempo de sempre. O Jeep de Mal estava estacionado ao lado do prédio. Graças a Deus, ele estava aqui.
A batida frenética de tambores martelava através das paredes do edifício,
sacudindo-a para a sua fundação. Alguns insetos corajosos circulavam a luz fraca acima da porta de metal. Ele havia deixado a porta destrancada, felizmente. Entrei, me preparando para o barulho. Em cima do palco, Mal, sentado em uma piscina de luz, estava criando uma tempestade onipotente de ruído.
Mais perto dele, baquetas quebradas espalhadas pelo espaço. Mal tinha partido uma quantidade impressionante em tão pouco tempo.
Subi no palco, fazendo meu caminho ao redor dele. Ele sentou, pronto para a bateria com os olhos fechados, as mãos se movendo tão rápido que eram quase um borrão. Suor brilhava, já cobrindo seu corpo superior. Cabelos loiros presos para os lados de seu rosto. Uma garrafa, um quarto vazia, de Johnnie Walker Black Label28 estava ao lado dele no chão. As linhas de seus músculos e os
ângulos das maçãs de seu rosto eram gritantes sob a iluminação dura.
Ele parecia perdido em seu próprio mundo, totalmente inconsciente. Eu hesitei por um momento e depois me afundei, sentando de pernas cruzadas. Cobri os meus ouvidos, mas isso fez pouca diferença para o trovão ensurdecedor dos tambores. Não importa. O confronto dos címbalos cortar através de mim. O baque pesado do bumbo batia como o meu coração. Ele tocou mais e mais, movendo-se entre os ritmos, mas nunca abrandando. Nem mesmo para beber. Ele pegava a garrafa apenas segurando-a com uma mão, a outra mão e os pés nunca perdiam uma batida.
Depois do segundo gole de whisky, porém, ele não pegou a garrafa todo o caminho até o chão antes de deixar ir. Ela virou, derramando o líquido. Eu deslizei mais e coloquei-a de pé, substituindo-o seu lugar ao lado dele. Pela primeira vez, ele parecia registrar minha presença, inclinando o queixo em saudação ou apreciação ou eu não sei o que. Talvez eu só imaginava. Em seguida, ele estava de volta à música, ligado a potência.
Peguei meu celular, então hesitei. Ev tinha me chateado, me segurando, mas essas pessoas também eram sua família. Eles mereciam saber que ele ainda estava em uma única peça.
Anne: Ele está na sala de ensaio.
28 Marca de whisky. 241
Ev: Obrigada.
David Ferris andou a passos largos em não quinze minutos mais tarde. Ele acenou para mim, então pegou uma guitarra e ligou. Quando as primeiras distorções do barulho ecoaram Mal abriu um olho e viu David de pé à sua frente. Nada foi dito. O tempo se moveu tanto lento e rápido de uma vez. Os dois tocaram por horas. Eu caí em uma espécie de transe. Levei um momento para perceber quando eles finalmente pararam.
— Hey — Ele resmungou, as palavras sem som como se estivesse debaixo d'água. O ruído pode ter quebrado meus ouvidos.
— Hey.
Ele colocou a garrafa quase vazia de whisky aos lábios e lançou alguns de volta. Seu olhar ficou em mim. Cuidadosamente, rosqueou a tampa novamente. Levou algumas tentativas.
— Eu estou meio que pouco fodido, abóbora.
— Tudo bem. Eu vou ajudá-lo a voltar para o hotel.
Ele balançou a cabeça, cheirou as axilas.
— E estou fedendo.
— Eu vou ajudá-lo a tomar banho também — Fui até lá e me ajoelhei entre suas pernas. — Sem problemas.
Suas mãos curvaram sobre minhas bochechas, moldando meu rosto. Lentamente, ele pressionou seus lábios nos meus.
— Hum, eu sinto algo por você, Anne. O que é impressionante pra caralho dado como entorpecido eu estou agora.
— É impressionante — Concordei.
— Eu não sou normalmente assim... Bebendo tanto. Quero que você saiba disso. É só que... — Um músculo se contraiu em sua mandíbula e ele olhou para longe.
isso. — Eu sei, Mal. Está tudo bem — Sem resposta. — Nós vamos passar por
— Anne... — Em uma explosão de movimentos, ele caiu para fora do banco. Eu agarrei a sua calça jeans, tentando mantê-lo na posição vertical. Não foi a melhor ideia. Um dos grandes Chuck de Mal bateu no lado da minha cabeça, o que doeu. Seu outro pé virou os estandes de címbalo e caiu no chão.
— Merda — Passos correram mais perto. Mal estava deitado de costas, rindo. Sentei-me em meus calcanhares, esfregando o ponto sensível no meu crânio. Que noite. — Você está bem? — David perguntou, agachando-se ao meu lado.
— Tudo bem! — Mal disse, ainda rindo como um louco.
— Não estou falando com você, babaca. Você chutou Anne.
— O quê? — Mal rolou, pegou o banquinho, e atirou-o para fora do caminho. Ele correu para o meu lado, empurrando David à distância. — Abóbora, você está bem?
— Sim, foi só um galo. Nenhum dano feito.
— Foda-se. Oh, merda, Anne — Seus braços foram ao meu redor, me abraçando tão apertado que quase me estrangulou. — Eu sinto muito. Nós temos que levá-la a um hospital e conseguir um cérebro… Uma tomografia cerebral. Foda-se, um desses.
— Eu não preciso de um hospital ou uma tomografia. É apenas um galo.
— Tem certeza? — Davi perguntou, verificando meus olhos.
— Sim — Eu disse. — Foi um acidente, Mal. Acalme-se.
— Eu sou o pior namorado de sempre.
— Eu com certeza não sairia com você — David disse.
— Foda-se, Davie.
— A festa acabou. Hora de todos irem para casa — David lutou com ele longe de mim e sobre seus pés.
Mal parecia perplexo ao encontrar-se lá. Ele meio que se levantou e cambaleou, franzindo a testa para mim.
— Você está bem?
— Sim.
— Eu estou realmente muito arrependido, abóbora. Quer me chutar na cabeça? Será que faria você se sentir melhor?
— Hum, não. Mas obrigada — David tem um braço de Mal sobre seus ombros, arrastando ou carregando-o em direção ao pequeno conjunto de escadas que levavam para fora do palco. Era difícil dizer qual. — Espere, onde está sua camisa? Ele vai congelar lá fora.
— Tratando fodidamente direito.
— Cale a boca, Ferris. Você é uma putinha chorona.
— Sim, e você está sendo carregado.
Corri à frente e segurei a porta aberta para eles. Mal tropeçou e quase caiu. Mas David tinha-os avançando novamente, em vez de plantar o rosto no chão. Simplesmente.
— Eu estou bem, cara — Mal disse, empurrando para longe dele oscilando precariamente por conta própria. Eu agarrei sua mão para apoiá-lo e ele me puxou sob seu ombro, equilibrando-se. — Veja, está tudo bem — David apenas acenou com a cabeça, ficando perto. — Dei ao meu Ludwig29 um treino hoje à noite. Quebrei um monte de baquetas também — Mal jogou seu outro braço em minha volta, me segurando perto. Ele realmente precisa tomar banho. — Nogueiraamericana. Zildjian30 . Feito para levar uma surra, mas eu devo ter quebrado oito, talvez dez. Acontece em concerto, muitas vezes, mas você não ouve. Eu apenas pego a próxima, sigo em frente, nunca perco uma batida. Isso é como nós rolamos. Merda é quebrada, não importa, tocamos — Ele suspirou, deslocando seu peso contra mim. Eu mudei meus pés mais distantes, mantendo meus braços apertados em torno de sua cintura. O homem não era leve. — Estou sentindo falta de um ritmo, Anne. Eu posso sentir isso. A merda não está certa.
Eu olhei em seu belo rosto. Meu coração partido por ele.
29 30 Marca de Bateria Avedis Zildjian Company, ou apenas Zildjian, é uma empresa sediada nos Esta 244dos Unidos da América especializada no fabrico de címbalos (ou pratos) bem como outros acessórios para instrumentos de percussão, tais como baquetas e/ou pratos de efeitos especiais.
— Eu sei. Mas está tudo bem. Temos você — Ele apenas fez uma careta para mim. — Eu tenho você — Eu disse.
— Tem certeza disso?
— Muito.
Ele balançou a cabeça lentamente.
— Ok. Obrigado, abóbora.
—Vamos levá-lo de volta para o quarto do hotel.
A chuva tinha parado, felizmente. David entrou em cena novamente, ajudando Mal até o Jeep, inclinando-o contra ele. Um dos brilhantes Escalades preto estava estacionado nas proximidades.
— Cara, onde estão suas chaves? — David perguntou, vasculhando os bolsos das calças jeans de Mal.
— Nossa, Davie. Eu estava guardando especialmente para Anne.
— Eu não estou interessado em seu pau. Onde está a chave do seu carro?
— Não me leve a mal, cara. Eu te amo, mas não dessa maneira.
— Uh, tenho elas — David balançou as chaves em um dedo. — Anne, você está bem para levá-lo? Eu vou seguir você de volta, ajudá-la a levá-la para o seu quarto.
— Soa bem. Obrigada.
— Incrível — Mal murmurou. Ele deixou cair a cabeça para trás e fechou os olhos. Sua boca, por outro lado, ele abriu amplamente. — EU TE AMO, ANNE!
Eu pulei, um pouco assustada com o barulho.
— Puta merda.
— Eu te amo.
David olhou para mim com uma sobrancelha levantada.
— Huh. Ele está realmente bêbado — Eu disse, e David deu um meio sorriso. Melhor simplesmente ignorar meu mini ataque cardíaco sobre Mal dizer essas palavras.
— EU TE AMO PRA CARALHO, ANNE.
— Sim, está bem. Cale-se agora — David tentou bater a mão sobre a boca de Mal.
— AAAAAAANNNNNE! — Meu nome era um tipo de barulho, longo e arrastado uivo passando para abafado quando David conseguiu cobrir sua boca. Grunhidos suaves e rosnando vieram em seguida.
— Puta que pariu! — Davi xingou. — Ele só fodidamente me mordeu.
— Meu amor não deve ser silenciado!
Eu fiz o meu melhor para não rir.
— Mal? Eu tenho uma dor de cabeça por você acidentalmente ter me chutado na cabeça. Você se importa ficar quieto?
— Oh, merda, merda, tudo bem. Desculpe, abóbora. Sinto muito — Ele olhou para o céu. — Olha, Anne, estrelas e merda. É lindo, não é?
Eu olhei para cima e com certeza as nuvens se separaram, permitindo que algumas estrelas corajosas brilhassem completamente.
— Certo. Vamos voltar para o hotel agora.
— Mm, sim, vamos. Eu tenho uma coisa na minha calça que quero te mostrar — Seus dedos desajeitados começaram na cintura de seus jeans. — Olha, é muito importante.
Peguei seus dedos, apertei-os firmemente.
— Isso é ótimo. Mostre-me quando voltarmos ao nosso quarto de hotel, ok?
— Tudo bem — Mal suspirou feliz. O ar ao redor dele consistia solidamente em exalar vapores de scotch.
— Obrigado por sua mensagem para Ev — David abriu a porta do lado do passageiro, agarrou o braço de Mal, e começou a empurrá-lo para dentro do carro. — Você acha que essa noite foi divertida, espere até que sairmos em turnê. Então, as coisas vão ficar interessantes. Primeira vez que haverá namoradas ou esposas junto.
— A maneira como você disse isso... Eu deveria ficar com medo?
Mal bateu na janela do lado do passageiro.
— Anne, minha calça está dando coceira. Eu acho que eu sou alérgico a ela. Venha me ajudar tirá-las.
Nós dois o ignoramos.
David coçou a cabeça.
— Acho que vai ser um aprendizado para todos nós, não é?
— Sim — O futuro era uma grande, bola madura do que eu não tinha a mínima ideia do que iria acontecer. E pela primeira vez, isso estava bem.