F R A N C I S C O
F I L H O
Menino
descalรงo
Copyright © 2014 Alma Literária Editora Ltda.
ISBN 978-85-65242-03-4 Autor
Francisco Filho Coordenação editorial
Maristela Carneiro
Coordenação gráfica:
Algo+ Soluções Editoriais Capa, projeto gráfico e diagramação
Nirto Ceccon e Equipe Algo Mais Revisão
Eleonora Ducerisier Impressão
Singular Digital
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F512m Filho, Francisco Menino descalço / Francisco Filho. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Alma Literária, 2014. 180 p. : 21 cm ISBN 978-85-65242-03-4
1. Poesia brasileira. I. Título. 13-1160. CDD: 869.91 CDU: 821.134.3(81)-1 22.02.13 25.02.13
[2014] Todos os direitos desta edição reservados à ALMA LITERÁRIA EDITORA LTDA. Rua Senador Dantas, 117, sala 1340 20.031-204 – Centro Rio de Janeiro – RJ Tel: (21) 3549-4621 1ª edição - agosto de 2014
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Sumário Renascer 9 O querer nascer 10 Assim 11 O carvalho 12 Existência 13 Parei 14 Pai 15 Rios urbanos 16 Onde estão os amigos? 17 Espaço 18 Cortaram 19 Crer 20 Semente 21 Mãos 22 Na central 23 Meio fio 24 Frases jogadas 25 Um mendigo 26 Domingo 27 Café sem açúcar 28 Dia chuvoso 29 Onde está o teu sorriso? 30 Momento 31 O verão se anuncia 32 Vaga o sol 33 Papelão 34 Vultos 35 Céu 36
Renascer Cuidar de quem nos cuidou mexe com obrigação Dar a mão Retrato de si mesmo, mesmo que não dê certo Continuar tentando A vida flui e escorrega entre os dedos Coisas que já foram segredo Plantei um Flamboyant Uma semente fértil nascerá no Amanhã O vento que balança a copa das Árvores Imponente do céu azul As raízes que adentram o solo Vigorosas e centenárias Que escaparam às serras de dores Veloz devastação do canhão Que soltam bombas em forma de flores Irmão meu não faça o não! Se una com as pessoas que choram a devastação!
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O querer nascer
Os rios que correm em minhas veias Deságuam em meu coração Descanso a cabeça no meu próprio peito Ouço as cachoeiras a desaguarem no mar de [silêncio Na minha garganta muda, renegando o não Da tristeza que aflora a fauna dos meus [pensamentos Talvez eu seja uma floresta sem pássaros Que às vezes chegam de repente e adentram a [minha cabeça Minha esperança é que um dia amanheça Espelhando o sol em rios de luz
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Assim
Por que acordar tão sedo? Só para ver o dia clarear na janela Ainda que eu não veja o sol, eu sei que é ele Que com a luz a todos ilumina É tudo uma questão de ser e sentir a pele Aquecida pelo calor pequeno neste inverno Eu não uso terno nem ponho gravata Porque sempre nasce o sol. É inexorável que ele nasça O Senhor quis assim Por você e por mim.
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O carvalho
Não recusarei desafio, minha mente é atrevida Não penso em recuar Embora só, conjugo o verbo amar O futuro é hoje em minha Vida Cuidar de mim mesmo é respeitar aos outros E, quando o choro vem na noite fria Como um carvalho, resisto à ventania E venço os extremos pouco a pouco Pois o tempo e a solidão são meras ilusões
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Existência Penso que a existência humana é como um rio Nasce numa fonte pequenina Vai crescendo e se alargando Num caminho impreciso Atravessando obstáculos como caídas de [cachoeiras E vai traçando seu rumo dando ajuda e vida a [tanta gente Montanhas serras e vales e ribanceiras Embora haja ações traiçoeiras Não deverá desistir de buscar Do seu caminho traçado Às vezes como enchente Às vezes sequidão no imenso sertão Há rios caudalosos e enormes Há afluentes destes mesmos Vão neste incessante caminho Até desaguarem no Deus-mar
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Parei Parei entre o sinal Os motoristas buzinam As motos ameaçadoras despejam seu ronco A rua é dos automóveis e veículos Temo a travessia Cuidado os que não temem! Os motoristas têm pressa O sinal vermelho é uma largada De sentimentos afoitos ou compassivos Até onde suportará a atmosfera em nossos [ouvidos? O País cresce, o mundo cresce Até onde? Até onde suportará nossa vida passageira? Onde tudo é descartável, até nossas vidas? Somos sufocados por um mundo de informações A maioria de números que os economistas [tateiam para desvendar Há um limite pra tudo. Parem a fúria, parem o egoísmo! Tem que ser um mundo onde haja o sustentar!
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Pai
A vida de meu pai era um caminhão Numa trilha aventureira Entre curvas e ultrapassagens Para ele a vida era seguir viagem Não importando as pedras e o torrão As esquinas do caminho ele conhecia bem Amava o nordeste mas vivia do sudeste Foi boiadeiro em suas mãos rijas Para ele não existia apegos Era tudo uma questão de sorte Mas era um nordestino forte na sua rudeza Não deixou de ser forte Até na hora da morte
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