Revista Alimentacao Animal 105

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL

DESAFIOS À FILEIRA DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL EM TEMPOS DE CRESCIMENTO O período de crescimento económico e de aumento do investimento privado que o país atravessa representa o momento certo, assim como uma oportunidade única, para serem criadas condições de base que assegurem a sustentabilidade desse mesmo crescimento. Não obstante o importante contributo que a fileira da alimentação animal em Portugal continua a dar para o crescimento do PIB, mantêm-se por resolver inúmeros problemas que Avelino Gaspar Director da IACA

afectam a competitividade da fileira num mercado cada vez mais globalizado. Desde logo, o problema dos elevados custos de contexto que afecta esta área. Efectivamente, apesar dos inúmeros esforços de simplificação de procedimentos, o tempo que demora a obter um licenciamento, bem como as variadíssimas entidades que têm que se pronunciar, não permitem que o sector pecuário nacional rapidamente se modernize e consiga verdadeiramente competir com países terceiros, dentro e fora da União Europeia. Reflexo disso mesmo, uma quota importante da carne de vaca, porco e borrego que se consome em Portugal já ė importada, assim como quantidades significativas de pato e perú, sendo o País auto-suficiente e bastante exportador só de frangos e ovos. Sucede que este crescimento das importações e a diminuição do peso da produção nacional nas carnes consumidas em Portugal trazem consigo uma mudança de paradigma que afecta a fileira da alimentação animal, mas também os próprios consumidores. Inequivocamente, ao deixarmos de consumir carne produzida em Portugal e optarmos por outras origens alternativas, estamos muitas das vezes a trocar o excelente controle sanitário

ÍNDICE 03 04 TEMA DE CAPA 20 INVESTIGAÇÃO 36 EMPRESAS 40 SPMA 44 NOTÍCIAS NOTÍCIAS 51 DAS EMPRESAS 54 AGENDA EDITORIAL

e de qualidade feito pelas autoridades portuguesas, por um controle na origem feito muitas vezes de forma duvidosa. Neste quadro, são várias as notícias, vindas a público nos últimos tempos, de carnes de origem estrangeira que terão sido injetadas com percentagens elevadíssimas de água, que chegam a atingir mais de 20%, e assim, duma forma enganosa para os consumidores, competem, de uma forma ilegal e sem controlo, com a qualidade da carne portuguesa que é irrepreensível. Torna-se, pois, essencial a tomada de medidas destinadas a reforçar as exigências de qualidade dos produtos disponibilizados aos consumidores. E como não poderia deixar de ser tudo começa na alimentação animal. O Protocolo celebrado já este ano entre a IACA, a DGAV (e outras Entidades) dá um claro sinal do quanto a produção nacional está comprometida com a qualidade dos produtos que coloca no mercado, sendo até agora o primeiro acordo para a redução da utilização de antibióticos na produção animal. Mas, quiçá no curto prazo, devemos ser ainda mais ambiciosos, estabelecendo maiores restrições nos alimentos medicados, como um serviço prestado para o cliente, não existindo dúvidas para o consumidor de que aqueles alimentos devem ser produzidos e fornecidos após prescrição e acompanhamento pelo médico veterinário responsável pela exploração. Não haja, pois, dúvidas que os tempos desafiantes que atravessamos passam inequivocamente pela eliminação da burocracia que obsta a uma rápida modernização das unidades pecuárias, pelo controlo rigoroso dos produtos oriundos de países terceiros, assegurando a qualidade que os consumidores portugueses merecem, e uma justa concorrência entre produtores, mas sem nunca esquecer o combate à evasão fiscal. Esta é, portanto, uma oportunidade que não pode ser desperdiçada, em que, todos em conjunto, passemos das palavras aos atos e demonstremos que, num quadro de rigorosa igualdade de circunstâncias, os produtores portugueses são aqueles que proporcionam os melhores produtos aos consumidores nacionais. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

OS PRINCIPAIS DESAFIOS DO SETOR A 63ª Assembleia-Geral da FEFAC que decorreu

Em Lyon, ou em Lisboa, estas foram e são as gran-

em Lyon no passado mês de junho, reiterou as

des preocupações.

principais prioridades da Indústria de Alimentação Animal: consubstanciar a Visão 2030 aprovada no Congresso de Antalya, uma estratégia associativa mais proativa e menos reativa, com compromissos, e procurando antecipar os problemas, apresentando soluções. A Nutrição Animal, ou se quisermos, as várias vertentes do nosso Setor, para responder aos problemas de hoje e aos desafios da Sociedade.

pouco do que referimos e que aprofundamos nesta edição da Revista: a problemática da Resistência Antimicrobiana, em que a Nutrição Animal já é reconhecida (e quer afirmar-se) como parte da solução, assim como a sua relevância para a saúde e bem-estar animal; o tema da Proteína, soluções para reduzir o crónico deficit, que se acentuou com a retirada

dade, os grandes pilares onde tudo se insere, incluindo

das farinhas animais, e as diferentes alternativas,

a economia circular ou Bioeconomia, na qual, é bom

algumas já em curso, outras a olhar para o futuro:

lembrar, a Indústria é pioneira desde há mais de 50

insetos, algas, proteaginosas, soja, aminoácidos,

anos. Por outro lado, temos uma história de sucesso

Algumas irão depender da aceitação dos consumi-

com notáveis índices de conversão, respondendo ao crescimento da população e às suas necessidades. As

dores e da competitividade do Setor, mas também da coerência entre políticas públicas como a PAC pós-2020, dos biocombustíveis, da desflorestação,

crises alimentares, cujas culpas foram injustamente

alterações climáticas, que tem de existir.

atiradas para cima de nós e do setor da produção

Para já, discute-se em Bruxelas e nos Estados-

animal - porque de fraude se trataram - tiveram o seu impacto e certamente aprendemos com as lições. Não temos de nos envergonhar, temos uma História para contar e novos desafios que certamente iremos ganhar, conscientes das dificuldades, do ruído e desinformação, dos que continuam a ver na pro-

-membros, integrado provavelmente na revisão da PAC, o Plano Europeu para a Proteína (“European Proteín Plan”), lançado precisamente no Congresso de Córdoba, em 2017 pelo Comissário Phil Hogan , no seu discurso de abertura, depois de em conjunto com a DG AGRI e outros stakeholders, termos con-

dução de carne vários tipos de ameaças.

substanciado o trabalho relativo à publicação do

Comunicando o que fazemos bem e mostrando que

diferentes matérias-primas.

somos uma Indústria sustentável, de confiança, competitiva e importante na criação de emprego, contribuindo para o desenvolvimento das zonas rurais e do território. Regiões em que, muitas vezes, não existem outras alternativas. Reconheçamos, no entanto, que existe um problema de comunicação, de desinformação. Não apenas na Indústria da Alimentação Animal, mas na agropecuária e no Setor Agroalimentar. E não só em Portugal, na União Europeia sobretudo, e também num plano mundial porque os media e as redes sociais tudo amplificam, pelo que necessitamos de respostas globais e harmonizadas. Que tardam em chegar.

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2018 foram escolhidos dois temas que resumem um

Segurança Alimentar, Nutrição Animal e Sustentabili-

que permitiu mudar a agropecuária e a alimentação,

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Por isso, na Assembleia-Geral da FEFAC Anual de

balanço da proteína, de acordo com o aporte das Nesta perspetiva, depois da consulta pública e dos Workshops que já tiveram lugar, aguarda-se, para breve, a publicação de um estudo sobre o tema (encomendado pela DG AGRI) e a realização da Conferência de Alto Nível, em Viena, no final do ano, para a conclusão dos trabalhos, de forma a antecipar a estratégia da Comissão Europeia. Ainda durante a sua presidência, antes de “passar a bola” para a Roménia que vai liderar os destinos da União Europeia a partir de janeiro de 2019, a Áustria vai apresentar a sua visão e conclusões no Conselho Agrícola de dezembro. Como sabemos, existe uma grande pressão de muitas ONG sobre

Talvez os acordos comerciais, se incorporarem estas

as importações de soja, o impacto no ambiente, na

exigências, facilitem a tão desejada harmonização,

desflorestação, temos a questão dos OGM (agora

às quais as organizações supranacionais (Codex

as NBT), a promoção da soja do Danúbio e das pro-

Alimentarius, FAO, ONU, OIE, OMS, OMC ), infeliz-

teaginosas, pelo que é difícil antecipar um caminho,

mente, não conseguem dar resposta, enquanto se

mas a Indústria apresentou uma posição clara sobre

multiplicam visões protecionistas e de muito curto

este tema. É importante auscultar o Setor, o que tem

prazo da parte de governos e blocos a nível mundial.

sido feito, e nesta edição da Revista, damos conta


da posição da FEFAC que é subscrita pela IACA e dela temos feito eco, nos locais em que a representamos. A nutrição animal tem de ser tida em conta e travar as importações de soja não é uma alternativa viável, sustentável e competitiva. De resto, a segunda sessão da Assembleia Geral da FEFAC, que tive o prazer e a honra de moderar, foi absolutamente conclusiva e tivemos a oportunidade

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de analisar diferentes pontos de vista, inclusivamente da Comissão Europeia. Enquanto tudo isto acontece à nossa volta, nos contextualiza e condiciona, o Editorial, assinado pelo Diretor da IACA, Avelino Gaspar, fala dos custos de contexto que temos de suportar em Portugal, que nos ameaçam no mercado interno, e penalizam na estratégia de internacionalização. Mais do que um recado ao Governo (mais um) é um “grito de alerta”, em tempos de crescimento. Os empresários portugueses nada têm a dever aos seus congéneres europeus e os produtos nacionais são de excelência comprovada, sejam carnes, leites ou ovos. Quando falamos em competitividade, não se tratam apenas das empresas, mas de uma Administração Pública que se quer ágil, cúmplice, que facilite e decida em tempo útil, potenciando todas as oportunidades. Amiga, não só do ambiente, mas também dos empresários, que geram riqueza e emprego e contribuem para a sustentabilidade do País. Como crescer em Portugal? Vale a pena (re)ler o Editorial! Também foi para nos conhecermos melhor, empresas e Administração, seja da DGAV, das Direções Regionais ou da ASAE, que promovemos, em conjunto com a DGAV, a partir de setembro, os Cursos sobre Legislação na Alimentação Animal e que estão a ser bem acolhidos. Depois do QUALIACA, mais uma parceria com a DGAV que não vai ficar por aqui, juntando-se a outras em curso, designadamente com o INIAV. Finalmente, a projetar os 50 Anos da IACA, que vão decorrer ao longo do próximo ano de 2019, abrimos uma nova rúbrica a partir desta edição da “Alimentação Animal”: conhecer melhor os nossos fornecedores, as empresas parceiras do Setor, como olham para o futuro, como partilham a nossa Visão 2030, como podem ajudar a Indústria a ser mais competitiva, inovadora e a vencer os desafios da Sociedade. Sem quaisquer objetivos de marketing ou publicidade, apenas falamos de ideias, conceitos, inovação, desenvolvimento e investigação. Iniciamos este novo Projeto com a BIOCHEM, mas já temos outras empresas em carteira. O objetivo é claro: uma aposta na transparência, conhecimento e formação. Reforçando o slogan da IACA: Parceiros de Confiança. Afinal, alimentamos Portugal desde há 50 anos! Jaime Piçarra A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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AS PRIORIDADES DA INDÚSTRIA*

Nick Major Presidente da FEFAC

É para mim uma grande honra receber-vos no

animal e soluções em termos de alimentos com-

Domaine Lyon Saint Joseph para a 63ª Assembleia

postos. A Autoridade Europeia para a Segurança

Geral Pública da FEFAC. Esta é uma Assembleia

dos Alimentos (AESA) e a Agência Europeia de

Geral especial, pois, pela primeira vez, é orga-

Medicamentos (EMA) fizeram uma avaliação

nizada em conjunto com o nosso membro fran-

científica positiva das soluções de nutrição ani-

cês EUROFAC. Permitam-me, portanto, agrade-

mal no seu “relatório RONAFA”, publicado em

cer desde já aos nossos colegas franceses pelo

janeiro de 2017 e a Comissão Europeia deu o

convite para nos unirmos na organização deste

reconhecimento político do papel dos sistemas

evento. A última vez que a FEFAC organizou um

de alimentação em estratégias de prevenção no

Congresso em França foi em 1991, em Paris. Já

seu Plano de Ação Europeu para a Saúde contra

era tempo de voltarmos a um dos nossos mem-

a RAM (Resistência Antimicrobiana) em junho de

bros fundadores.

2017. Os Estados-membros são agora convidados

Esta ocasião marca o meu primeiro ano como Presidente da Federação Europeia dos Fabricantes de Alimentos Compostos. Durante os meus primeiros 12 meses, tive o privilégio de viajar e conhecer um grande número de Associações-membros nos respetivos países. Começando na Roménia, em seguida passando pela Alemanha, Hungria, Países Baixos, Itália, Áustria e Turquia para ouvir quais são as suas prioridades e perceber o que a FEFAC pode fazer para representar os seus interesses da melhor forma. Os desafios políticos são diversos, as exigências do mercado são, muitas vezes, diferentes, mas todos nós temos o mesmo interesse em defender o “nosso trabalho”, o nosso negócio de fabrico de alimentos compostos e é o nosso conhecimento conjunto que permite à FEFAC passar a mensagem que ajuda a moldar o quadro regulamentar em que todos operamos. E a mensagem é clara – apesar de

a apresentarem os seus próprios planos de ação nacionais e a Comissão gostaria de ver como as autoridades competentes respetivas incorporam o aconselhamento sobre nutrição animal nas suas estratégias de prevenção da RAM. Com efeito, a indústria europeia de alimentos compostos é convidada a contribuir para o objetivo de manter os animais de criação saudáveis – o que mais poderíamos pedir! Ao adotarmos uma visão holística, somos vistos como parte da solução que complementa as medidas de higiene agrícola, criação de animais e gestão da saúde animal, mas agora também temos de apresentar exemplos claros e provas de que o que dizemos realmente funciona no terreno ao nível da exploração agrícola! Hoje iremos ouvir muito mais sobre este tópico do professor Den Hartog, das autoridades europeias e francesas, bem como dos nossos parceiros alta-

todas as nossas diferenças, a nossa visão comum

mente valorizados da cadeia pecuária.

2030 adotada há dois anos já está, no terreno, a

Assistimos a alguns novos desafios no ano pas-

apresentar os seus primeiros resultados promis-

sado em termos de segurança alimentar que

sores, recompensando assim a estratégia de nos

salientam claramente a importância de manter

afastarmos de uma abordagem reativa defensiva

o pilar da Gestão da Segurança dos Alimentos

para uma abordagem pró-ativa, baseada na claro

Compostos na Visão FEFAC 2030. Como todos

reconhecimento de que a nutrição animal pode ser parte da solução para abordar as preocupações da sociedade relacionadas com a produção pecuária,

saberão, as autoridades dos Estados-membros irão votar na próxima semana a recusa de autorização da riboflavina-vitamina B2 (80%) de uma

tal como iremos discutir nos próximos dois dias.

determinada estirpe de microrganismos genetica-

A primeira sessão é dedicada ao papel da nutrição

mente modificados, na sequência de um parecer

animal na gestão de uma saúde animal ótima, um dos pilares fundamentais da Visão FEFAC 2030. As autoridades da UE têm falado publicamente em favor do contributo da ciência da nutrição

da EFSA. Este caso pode lançar uma longa sombra e afetar a forma como os aditivos de alimentação produzidos por fermentação são avaliados e controlados no futuro. O voto pela recusa da autorização do formaldeído em dezembro passado é outro exemplo. Aumentou a pressão para atua-

Discurso de boas-vindas de Nick Major na 63ª Assembleia Geral pública da FEFAC

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lizar a nossa gestão de riscos em contaminações microbiológicas. Estou satisfeito com o facto de


que o Conselho da FEFAC possa discutir o

de animais doentes com antibióticos, com

nos últimos 12 meses. O meu inglês pode

reforço do mandato da nossa Comissão

ganhos ambientais também insignificantes.

ainda ser demasiado inglês, mas tive grande

de Gestão de Segurança dos Alimentos

Estes exemplos demonstram claramente a

prazer em participar em reuniões realiza-

Compostos para lidar de forma pró-ativa

necessidade de permanecer vigilantes em

das em francês, holandês, alemão, turco,

com os desafios emergentes em termos de

todos os momentos e melhorar ainda mais

italiano e húngaro no meu primeiro ano.

segurança dos alimentos compostos antes

as nossas capacidades de gerir os desafios

Sinto um grande entusiasmo para conti-

de os mesmos serem notificados no portal

emergentes em termos da segurança da ali-

nuar o trabalho com todos os membros

de notificações RASFF.

mentação animal.

do Praesidium e da FEFAC no sentido de

Felizmente, nem tudo são más notícias as que

Na 2.ª Sessão iremos focar-nos nas perspe-

surgiram no campo dos aditivos para alimen-

tivas do Plano Europeu para as Proteínas,

tação animal, uma vez que a FEFAC conseguiu limitar os danos decorrentes da recomendação da EFSA para reduzir os níveis máximos permitidos de cobre nos alimentos compostos completos, motivados por preocupações ambientais. A Comissão e os Estados-membros concordaram com a FEFAC, que deveria

outro assunto que me diz muito. Como irei voltar como orador com uma apresentação sobre o nosso pilar Visão 2030 sobre Sustentabilidade, incluindo as nossas ações sobre o Fornecimento Sustentável de Proteínas da UE, não vou focar-me neste tema com grande profundidade.

fazer mais progressos na implementação da nossa ambiciosa Visão FEFAC 2030 nos próximos dois anos, incluindo o nosso 60º aniversário, no próximo ano, em Bruxelas, e que será seguido pelo XXIX Congresso em Antuérpia, em junho de 2020. Desejo a todos uma Assembleia Geral agradável e construtiva. Agradeço aos nossos membros EUROFAC presentes aqui hoje e a todos os patrocinadores que tornaram possível o

ser aberta uma exceção para os alimentos

Nas minhas observações finais, gostaria

nosso encontro neste maravilhoso Domaine

compostos para leitões, pois o limite inicial

de dedicar um momento para agradecer

e em Lyon, uma antiga capital de França (na

proposto pela EFSA provavelmente resulta-

aos membros da FEFAC e, claro, à equipa

época romana) e a capital gastronómica da

ria numa maior necessidade de tratamento

de Bruxelas pela sua ajuda e orientação

Europa (se não do mundo).

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

O DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO EUROPEU DE PROTEÍNAS E ALIMENTOS COMPOSTOS AMIGOS DO AMBIENTE As indústrias de alimentos compostos na União Europeia e na Turquia têm um défice de proteína significativo. Precisamos de mais proteína do que a que é produzida “localmente” e, portanto, temos de recorrer às importações. A procura de alternativas proteicas está a tentar ser impulsionada pela Comissão Europeia com um Plano Europeu de Proteínas, sendo a FEFAC uma das principais partes interessadas. Entretanto, a FEFAC tem trabalhado em ferramentas que harmonizam a medição do impacto ambiental da produção de alimentos compostos; a PEFCR Feed e a Base de dados GFLI. Alexander Döring Secretário-geral da FEFAC

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A 22 e 23 de novembro de 2018, a Comissão Europeia irá apresentar o projeto do seu muito esperado Plano Europeu de Proteínas numa conferência de alto nível em Viena, Áustria, com o objetivo de apoiar o cultivo de proteaginosas na UE. A promoção da produção de proteaginosas é de importância política para muitos países europeus, embora isto seja infelizmente, muitas vezes, motivado por oposição a matérias geneticamente modificadas. A FEFAC apoia o desenvolvimento de um Plano Europeu de Proteínas que alimentaria a procura por fontes alternativas que já começou há anos. O fornecimento estratégico de proteínas da UE é uma questão complexa. Não existe uma solução única para resolver o défice de proteína e a autossuficiência não é uma meta realista. A nossa expectativa é que o défice irá continuar no futuro próximo, o que significa que trabalhar com fontes de proteína importadas de forma responsável é igualmente importante. Este é um dos motivos pelos quais a FEFAC investiu no desenvolvimento das suas Diretrizes para o Fornecimento de Soja que definem os requisitos da indústria de alimentos compostos para a produção de soja responsável. A discussão sobre a proibição da UE de alimentos compostos e o uso potencial de alimentos compostos utilizando proteína animal processada (PAP) é sempre um tema que atrai o interesse quando se trata de fontes alternativas de proteína. O perfil nutricional é muito valioso e a autorização de PAP de aves na alimentação de suínos e PAP de suínos na alimentação de aves continua a fazer parte do programa de trabalho da UE, embora o dossier tenha sofrido muitos atrasos nos últimos anos. Os métodos PCR para detetar proteínas de aves e suínos foram agora validados, o que significa que

as ferramentas analíticas para controlar a conformidade com a proibição de reciclagem intra-espécies (ou seja, a proibição de proteínas de aves em aves e proteínas de suínos na alimentação para suínos) estão prontas. O próximo passo importante no processo analítico é a definição de limites de ação exequíveis para garantir a ausência de falsos positivos. É difícil prever quando o processo de aprovação política real será iniciado e com que resultado. Tal como está, o primeiro a ser autorizado seria o PAP de suínos na alimentação de aves. A FEFAC está um pouco cética quanto à viabilidade de realmente ver PAP de aves e suínos no fabrico de alimentos compostos. Existem poucas unidades de alimentos compostos que produzem unicamente alimentos para suínos ou aves, o que significa que o cumprimento da proibição da UE na reciclagem intra-espécies será um enorme desafio para as fábricas de rações multifuncionais e provavelmente muito dispendioso. A disponibilidade de PAP para o setor de alimentos compostos é outra questão, uma vez que se estima que seja limitada. Na última década, todas as PAP não ruminantes já encontraram novas saídas, por exemplo, nos mercados com margens mais altas, como alimentos para animais de companhia e alimentos para a aquacultura, esta último autorizada desde 2013. Uma lição importante que pode ser aprendida com a autorização de alimentos para a aquacultura é que a aceitação no mercado ainda é uma barreira com significado. Com o lamentável legado da indústria europeia de alimentos compostos, não podemos subestimar a sensibilidade deste tópico e é altamente provável que os mercados em vários países da UE mostrem resistência imediata ao uso de PAP na alimentação de aves e suínos no seguimento de qualquer potencial aprovação política. Desde o verão de 2017 que a PAP de uma variedade específica de insetos também está aprovada em alimentos para aquacultura. Felizmente, a receção do mercado não foi negativa e os produtores estão interessados em incorporar mais farinha de insetos à medida que ela se torna disponível. O próximo passo é a autorização da PAP de insetos nos alimentos de aves, que deve coincidir com a autorização da PAP naqueles alimentos, embora isto seja menos polémico. O setor da produção industrial de insetos ainda é muito recente na UE e demorará tempo até que grandes quantidades de


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proteína possam ser utilizadas na indústria de alimentos compostos. Atualmente, os únicos substratos que podem ser dados aos insetos são os mesmos que podem ser legalmente utilizados em qualquer outro tipo de pecuária para a produção de alimentos. No entanto, não devemos esperar que a questão europeia da proteína possa ser resolvida pela PAP ou pela criação de insetos ou qualquer outra proteína alternativa individual. Toda a proteína que fica adicionalmente disponível é bem-vinda para a ambição de reduzir o défice. Em 2015, a FEFAC realizou um seminário para discutir também o potencial das algas, proteínas unicelulares e ingredientes marinhos, como o krill, que têm as suas qualidades e limitações. Uma das ambições do Plano Europeu de Proteínas será estimular o cultivo de proteaginosas. Neste contexto, a FEFAC salientou que o maior contributo da proteína europeia cultivada é proveniente atualmente da farinha de colza, cuja produção depende efetivamente do estímulo para o cultivo de biocombustíveis à base de culturas no ambito da Diretiva de Energia Renovável. A FEFAC, portanto, lembra constantemente os decisores políticos que considerem sempre a dimensão da proteína na avaliação desta política energética com efeitos colaterais cruciais para a indústria europeia de alimentos compostos. O recente acordo político sobre a Diretiva de Energias Renováveis 2020-2030 determinou que o contributo dos biocombustíveis à base de culturas para as metas de energias renováveis no setor dos transportes seja limitado ao nível de consumo dos Estados-membros em 2020, permitindo um crescimento de mais 1% e um máximo de 7%. A “Qualidade das Proteínas” é um elemento para o qual a FEFAC chamou a atenção durante a consulta pública do Plano Europeu de Proteínas, uma vez que nem todas as proteínas são iguais. Os parâmetros cruciais da qualidade das proteínas são os seus níveis de concentração, o perfil de aminoácidos e a ausência de antinutrientes. Por exemplo, a baixa concentração de proteínas em aminoácidos essenciais digestíveis de culturas proteicas, tais como como ervilhas e tremoços, é o principal fator limitador para a incorporação na alimentação animal. Uma outra dimensão é que a farinha de soja tem uma pontuação muito boa em todos os parâmetros de qualidade da proteína que também incluem palatabilidade, digestibilidade e segurança. As proteínas vegetais cultivadas na UE têm de competir com o bagaço de soja assim como com outras fontes ricas em pro10 |

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teínas bem estabelecidas, tais como os DDG e o glúten de milho. A FEFAC espera que a qualidade da proteína para fins de alimentação animal possa tornar-se uma área de investigação suficientemente interessante para que o setor de reprodução de culturas e os promotores de soluções de transformação industrial invistam nela. Ao mesmo tempo, não é inteiramente certo que os efeitos sobre as emissões de GEE e fosfatos serão de uma mudança do bagaço de soja para fontes alternativas de proteína e se isso seria um progresso em termos da produção de alimentos compostos amigos do ambiente. A medição de “alimentos compostos de baixa emissão” está a tornar-se cada vez mais exata, especialmente agora que a FEFAC lançou a metodologia PEFCR Feed para Animais destinados à Produção Alimentar e a Base de Dados GFLI. Em conjunto, podem permitir o cálculo exato e fiável da pegada ambiental com base em ferramentas harmonizadas, robustas e consistentes. É um facto que a fase de produção de alimentos compostos representa a maior parte do impacto ambiental da produção de produtos de origem animal, tais como a carne de porco, a carne de aves, os ovos, o leite e o peixe. Algumas pessoas poderão dizer que só perdemos ao investir na medição do impacto ambiental da produção de alimentos compostos, mas dado o facto mencionado, os produtores pecuários irão virar-se para nós em busca de respostas quando lhes for pedido ou quando forem obrigados a reduzir o seu impacto ambiental e com estas novas ferramentas, podemos formular alimentos compostos tendo em conta as exigências ambientais. É inevitável que a FEFAC assuma esta responsabilidade e o trabalho provavelmente teria sido feito por outros se tivéssemos escolhido ignorá-la, certamente com um resultado de menor qualidade. É importante salientar que tanto a PEFCR Feed como a Base de Dados GFLI têm uma dimensão internacional e gostaríamos de ter o envolvimento de todos os parceiros. Os "antigos géneros" alimentícios são um tipo de ingrediente para alimentos compostos que normalmente se encaixam numa formulação de alimentos compostos de baixas emissões, pois são o resultado de outro processo industrial (ou seja, produção de alimentos). Em termos de pegada ambiental, carregam um “valor zero” no início de sua criação agro indústria. Os "antigos géneros alimentícios" são produtos alimentares que deixaram de ser destinados ao consumo humano por razões práticas ou

logísticas, mas ainda têm um propósito útil e seguro na nutrição animal. Exemplos típicos são o pão, as bolachas, as barras de chocolate, os cereais matinais e as massas. Devido ao alto teor de energia em açúcar, amido e/ou óleos, estes alimentos processados podem servir como alternativa aos grãos de cereais na produção de alimentos compostos. Os operadores especializados destes géneros alimentícios, que conseguem remover mecanicamente qualquer material de embalagem, recolhem os seus materiais principalmente de fábricas de alimentos e, cada vez mais, de supermercados. A EFFPA, uma Associação Europeia de Processamento de "antigos géneros alimentícios", estima que na UE cerca de 3,5 milhões de toneladas destes produtos são processados anualmente em alimentos compostos. A UE pretende estimular a sua utilização na alimentação animal num esforço para reduzir o desperdício de alimentos através da recente publicação de Diretrizes para a utilização nos alimentos compostos para animais, de alimentos que já não sejam destinados ao consumo humano. Na UE, os "antigos géneros alimentícios" utilizados em alimentos compostos para animais criados para a produção pecuária devem ser de origem vegetal, embora existam isenções para leite, ovos, mel e gelatina suína. Os "antigos géneros alimentícios" também não devem ser confundidos com restos de restaurantes, o que é estritamente proibido. Quando os operadores das empresas do setor alimentar pretenderem vender os seus produtos para a produção de alimentos compostos, deverão assumir a responsabilidade pela adequação dos seus materiais e informarem-se sobre a legislação aplicável da UE aos alimentos compostos para animais. Os aditivos também desempenham um papel importante no desafio de reduzir as emissões relacionadas com a pecuária. A inovação está a fornecer soluções para eficiência de recursos através de intensificadores de digestibilidade, redução de emissões de azoto e fósforo via aminoácidos sintéticos e fitases e corretivos da saúde intestinal que visam ajudar os animais de criação a lidarem com patogeneos e a reduzir a necessidade de tratamento veterinário. Ao mesmo tempo, os requisitos de aprovação de aditivos para alimentos compostos estão a ficar cada vez mais exigentes, levando a uma redução de várias autorizações existentes e a um desincentivo geral para investir em investigação e desenvolvimento.


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

A PERSPETIVA DOS ALIMENTOS COMPOSTOS PARA UM PLANO EUROPEU DE PROTEÍNAS BEM-SUCEDIDO Assegurar o fornecimento de proteínas é um elemento crucial para que o setor europeu da pecuária consiga fornecer produtos animais competitivos e de alta qualidade. Como resultado de uma cadeia de acontecimentos nas últimas décadas e de uma falta de políticas orientadas para as proteínas, a indústria europeia de alimentos compostos depende muito das importações de fontes de proteína que forneçam a qualidade proteica mais apropriada para os animais de criação europeus que, em geral, é o bagaço de soja. A FEFAC congratula-se, assim, com a iniciativa de desenvolver um Plano Europeu de Proteínas com

Elaboração de políticas orientadas para as proteínas A "dimensão do fornecimento de proteínas" tem de ser um fator de importância no processo de tomada de decisão de todas as políticas da UE que têm efeito no fornecimento estratégico de proteínas. O Plano de Proteínas deve lutar pela coerência entre as seguintes políticas da UE; – Política Agrícola Comum – Diretiva sobre Energias Renováveis – Implementação da COP 21

vista a aumentar a qualidade e o potencial de adequação da proteína vegetal “doméstica” para aumentar as opções para os nutricionistas animais, tendo em conta que o equilíbrio nas emissões de GEE e fosfatos e o perfil nutricional pode ter menor desempenho em comparação com o bagaço de soja importado. A FEFAC salienta que a decisão de um fabricante de alimentos compostos de incorporar uma ou outra fonte de proteína é baseada na ciência da nutrição animal, que consiste em vincular os atributos da fonte de proteína e os requisitos nutricionais dos animais de produção e minimizar os impactos ambientais.

Animais Jovens / Peixe Concentrações muito altas de proteínas (>60%) contendo aminoácidos altamente digeríveis e equilibrados; Muito baixos níveis de antinutrientes.

Ruminantes Concentrações moderadas (27-44%) de proteína digestiva específica para ruminantes; Baixos níveis de antinutrientes.

Adultos Monogástricos

– Política de tecnologias de melhoramento de plantas – Legislação para proteção de culturas

Concentrações altas (30-48%) de proteína digestiva específica para monogástricos; Baixos níveis de antinutrientes.

QUALIDADE DA FONTE DE PROTEÍNA VS. REQUISITOS NUTRICIONAIS DE ANIMAIS DE CRIAÇÃO

Perfil de Aminoácidos Digestibilidade

Idade Formulação

Antinutrientes Concentração Palatabilidade Microbiota intestinal Segurança

12 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Aditivos

Espécies Raça Saúde Atividade Fatores ambientais Desempenhos de produção Sistema de Produção Pecuária


(www.andritz.com)

A DIMENSÃO DA NUTRIÇÃO ANIMAL NO FORNECIMENTO EUROPEU DE PROTEÍNAS As evoluções recentes na nutrição animal e nas práticas de alimentação já permitiram uma maior absorção de alternativas proteícas e melhoraram a eficiência nas taxas de inclusão de proteína, visando igualmente uma redução na excreção de azoto pelos animais. Por exemplo, as margens de segurança para minimizar o risco de deficiência de nutrientes na produção animal foram reduzidas e novos sistemas de alimentação (por exemplo, alimentação de fase) permitiram que a composição dos alimentos compostos correspondesse melhor ao estado de desenvolvimento do animal, particularmente na produção de suínos e na produção leiteira. À exceção dos ruminantes (que conseguem digerir erva), as exigências de nutrição animal em termos de proteína são expressas em aminoácidos essenciais digestíveis. As fontes de proteína não são universalmente intercambiáveis e para os diferentes requi-

sitos nutricionais são necessárias diferentes fontes de proteína. Ao mesmo tempo, os nutricionistas da alimentação animal

(www.geelencounterflow.com)

(www.technipes.com)

Construtores / Instaladores Estruturas / Transportadores / Tubagens / Software Elétrico Moagem

Arrefecimento

consideram todo o teor de proteína em matérias-primas de alimentos compostos disponíveis de valor, mesmo quando o teor é baixo (por exemplo, cereais). Os aminoácidos sintéticos podem ser utilizados para compensar imperfeições no perfil de proteína destas matérias-primas. O sucesso do Plano Europeu de Proteínas

Granulação

Ensaque

LINHAS DE PROCESSO AGRO-INDÚSTRIA / ALIMENTO COMPOSTO ANIMAIS FERTILIZANTE ORGÂNICO / COMPOSTO ORGÂNICO BIOMASSA / PELLETS / ENERGIA

depende assim da capacidade de considerar o potencial de nutrição animal das matérias-primas que contêm proteínas e de fomentar o financiamento da investigação para o potencial de inovação, independentemente de as fontes de proteína terem sido intencionalmente “criadas” para alimentação animal ou valorizadas na alimentação animal como um coproduto inicialmente “não intencional” noutro processo industrial.

Fora do Âmbito do Plano Europeu de Proteínas O Plano Europeu de Proteínas deve continuar focado na construção de uma coordenação

A FEFAC acredita que tentativas erradas de reformular o atual equilíbrio entre a oferta e a

estreita entre a agricultura e a ciência da nutrição animal. O Plano de Proteínas não conse-

procura de fontes de proteína através de políticas e gestão de mercado arbitrárias teriam

gue fornecer autossuficiência, acabar com as importações de matérias-primas transgénicas

um impacto negativo no acesso a matérias-primas disponíveis no mercado global e na

ou reduzir os impactos ambientais nos países produtores de soja.

competitividade e sustentabilidade do setor pecuário da UE.

DESBLOQUEAR O POTENCIAL DA INOVAÇÃO NO MELHORAMENTO DE PLANTAS Juntamente com a I&D no processamento industrial para permitir a utilização de proteínas vegetais nos alimentos compostos, o melhoramento de plantas inovadoras pode ter um impacto significativo na redução do défice de proteínas na Europa. Embora os agricultores europeus possam beneficiar fortemente da melhoria no rendimento

uma menor presença de antinutrientes. Nos anos 80, a criação de glucossinolatos (um fator anti nutricional restritivo) a partir do bagaço de colza foi um fator essencial para permitir a sua utilização nos alimentos compostos, que é agora a mais importante fonte de proteína vegetal europeia. A FEFAC solicita aos legisladores que desenvolvam um quadro regulamen-

das proteínas, os nutricionistas também estarão altamente interessados em culturas (proteicas) com características funcionais que melhorem a qualidade dos alimentos compostos através de melhores perfis nutricionais e

tar que ofereça segurança jurídica assim como a perspetiva de investimentos eficientes em termos de custos para o desenvolvimento de soluções de mercado orientadas para o setor da nutrição animal.

HRV

e G R O U P

www.hrv.pt :: hrv@hrv.pt Rua da Finlândia, Lote 46 :: Zona Industrial Casal da Lebre 2430-028 Marinha - PortugalA N I M A L AL I MEGrande N TAÇÃO TLF:+351 244 830 180 :: FAX:+351 244 830 189

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

O PAPEL DA NUTRIÇÃO NA GESTÃO DA SAÚDE ANIMAL A resistência antimicrobiana (RMA) é de grande importância social e política devido aos seus impactos significativos no bem-estar humano e animal. Solicita-se ao setor da pecuária e dos alimentos compostos que disponibilize o seu contributo em termos de soluções para reduzir a RMA, mais espe-

nário com antibióticos desde que os animais possam viver em ótimas condições de habitabilidade e higiene. Assim, os nutricionistas de alimentação animal devem fazer parte do grupo de especialistas

nhecem que a interação de alimentos compostos nutricionalmente equilibrados com o intestino é

que aconselham os produtores pecuários sobre uma ótima gestão da saúde animal. Ao mesmo tempo, os cidadãos europeus devem ser relembrados de que a utilização nos alimentos compostos de antibióticos como fatores promotores do crescimento deixou de estar autorizada na Europa desde 2006,

um fator-chave para a saúde animal e pode, assim, ter impacto na necessidade de tratamento veteri-

facto que, de acordo com o Eurobarómetro, apenas 37% dos europeus conhecem.

cificamente através da melhoria da saúde animal. Tanto a EFSA como a Comissão Europeia reco-

Rede de aconselhamento sobre saúde animal prevista para os produtores pecuários

Veterinária

“Alimentos seguros e nutricionalmente equilibrados são medidas preventivas eficazes para ajudar os animais a lidarem com patogeneos, melhorando o estado de saúde geral e o bem-estar animal através de estratégias de alimentação específicas, composição, formulações ou produção de alimentos compostos.

Produtor Pecuário Nutricionista Animal

Conselheiro Pecuário

(Relatório EFSA-EMA “RONAFA1 – Janeiro 2017)

“Apenas 37% dos europeus estão conscientes da proibição de antibióticos.” (Relatório do Eurobarómetro sobre Resistência Antimicrobiana – Junho 2016)2

Sim

Não

“A Comissão irá continuar a promover a criação de animais, incluindo sistemas de aquacultura e pecuária e regimes de alimentação que apoiam uma boa saúde e bem-estar animal com vista a reduzir o consumo de agentes antimicrobianos.”

(Plano de Ação Europeu contra a Resistência aos RMA “Uma Só Saúde” – Junho 2017)3

https://www.efsa.europa.eu/en/efsajournal/pub/4666 https://ec.europa.eu/health/amr/sites/amr/files/eb445_amr_generalreport_en.pdf 3 https://ec.europa.eu/health/amr/sites/amr/files/amr_action_plan_2017_en.pdf 1

2

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

SOLUÇÕES DE NUTRIÇÃO ANIMAL A capacidade dos animais de criação de controlarem pato-

tos, em particular o tamanho das partículas no estado da

geneos no intestino é reforçada através de constituintes

moagem, desempenha igualmente um papel importante na

nutricionais específicos que afetam a microbiota ou deter-

digestibilidade dos alimentos compostos em benefício da

minados processos. Um fornecimento de qualidade como

saúde animal. Em termos globais, o fabricante de alimentos

parte da gestão de matérias-primas com um enfoque nos

compostos garante a segurança das entregas, garantindo

fatores antinutricionais serve como base para a etapa de

que a saúde animal não é comprometida pelos impactos

formulação de dietas na qual os elementos, tais como os

negativos das micotoxinas, micróbios ou bolores trans-

níveis de proteína e digestibilidade e a incorporação de

mitidos pelos alimentos. Para mais informações, consulte

ingredientes dos alimentos compostos especializados

FEFAC – Visão sobre a Indústria de Alimentos Compostos

são decididos. O processamento de alimentos compos-

para Animais 20304.

Gestão de matérias-primas

Formulação de dietas

Processamento de alimentos compostos

Segurança dos alimentos compostos

(© Nutreco)

O CAMINHO A SEGUIR 1. Os Estados-membros devem incluir um “capítulo relativo

4. O estímulo à investigação científica sobre os fatores

aos alimentos compostos para animais” nos planos de ação

socioeconómicos que levam os produtores pecuários a

nacionais de RMA sobre medidas preventivas, apoiando simul-

recorrer a alimentos nutricionalmente otimizados e ao acon-

taneamente o envolvimento dos nutricionistas na rede de acon-

selhamento especializado, independentemente do sistema

selhamento em saúde animal no apoio ao produtor pecuário.

de produção que utilizam. Assim, o Sector congratula-se

2. Os operadores de alimentos compostos necessitam de maior flexibilidade jurídica para informar os produtores pecuários sobre o valor acrescentado de certas estratégias ou formula-

para o desenvolvimento de mais conhecimentos sobre este assunto.

ções de alimentação baseadas em provas científicas relativa-

5. A s atividades de divulgação devem ser realizadas ao

mente aos benefícios em termos de saúde e bem-estar animal.

nível regulamentar e profissional na arena global. A

3. A promoção da investigação pública para a compreensão dos mecanismos e interações que fazem com que as estratégias de alimentação melhorem a saúde animal e o estado imunológico, especialmente para os animais jovens, por exemplo através dos Programas-Quadro de Investigação da UE e nacionais.

4

com a atribuição de fundos ao abrigo do Horizonte 2020

http://www.fefac.eu/publications.aspx?CategoryID=3666&EntryID=22146

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

ciência da nutrição animal é uma disciplina internacional e deve ser reconhecida como parte da solução por instituições internacionais como a CODEX e a OIE, como um acompanhamento ao reconhecimento pela FAO e pela Federação Internacional da Indústria de Alimentos Compostos.


Nor-Grape® 80 O único extrato de uva autorizado no seio da UE, na sua categoria

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A LI ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

ECONOMIA CIRCULAR: UMA IMPORTANTE PERSPECTIVA NA FERTILIZAÇÃO DAS CULTURAS Manuel Chaveiro Soares

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Desde há vários anos que a Portaria nº 631/2009,

bos sintéticos implica uma reacção (processo de

de 9 de Junho, vem sendo objecto de discussão,

Haber-Bosh) que consome cerca de 2 por cento

pois é reconhecidamente inexequível e forte-

de toda a energia produzida no mundo (Fiolhais

mente condicionadora da valorização agrícola

& Marçal, 2018).

dos efluentes pecuários (estrumes e chorumes).

A propósito do que precede, será pertinente

Ademais não considera os adubos minerais que,

atentar na recente interessante declaração do

por sinal, são predominantes nas situações de ele-

Senhor Secretário de Estado do Ambiente (Inge-

vada produtividade agrícola, e, por conseguinte,

nium, 2018): « Do ponto de vista das políticas

mais susceptíveis de eventualmente poluírem as

tradicionais em lidar com os resíduos, estamos

águas superficiais e subterrâneas. Ora os men-

também com outro tipo de desafios, desafios

cionados correctivos orgânicos revestem-se do

na própria Administração Pública, que estava

maior interesse, tanto agronómico (melhoria da

muito preparada para uma certa legislação, um

estrutura dos solos, maior retenção de água,

tipo de fiscalização, uma abordagem na temá-

fornecimento de nutrientes vegetais, etc..), como

tica dos resíduos e que agora vai ter de fazer

ambiental (sumidouro de carbono com impacto

uma reconfiguração para outro estádio que é

muito positivo na mitigação das alterações cli-

muitas vezes desclassificar o estatuto de resí-

máticas, adsorção de catiões, defesa contra a

duo e passar ao estatuto de subproduto ou de

erosão, etc.). Normalmente a sua incorporação

matéria-prima alternativa, e isso é também uma

nos solos é complementada com a aplicação tam-

nova forma de estar.» Também importa relevar

bém de adubos minerais, com vista a maximizar

a seguinte afirmação: «Muito daquilo que consi-

a rendibilidade das culturas agrícolas.

derávamos que eram resíduos, teremos, rapida-

Todavia, o diploma legal supramencionado discri-

mente, de assumir que são as matérias-primas

mina negativamente a valorização agrícola dos

dos produtos do futuro.»

efluentes pecuários relativamente aos adubos

Como conclusão do que antecede e tendo em

inorgânicos, na medida em que, com excepção

conta que cumpre conciliar vantagens agronó-

das zonas vulneráveis, só aqueles são sujeitos

micas e ambientais no que à prática das fertili-

a um apertado controlo administrativo, a que

zações diz respeito, na nossa opinião a aplicação

estão associados custos de contexto não des-

de efluentes pecuários e de adubos minerais

piciendos.

deveria ser registada no caderno de campo dos

Por outro lado, para muitas pessoas e em certas

agricultores, sem outras exigências burocráticas,

circunstâncias são classificados como resíduos,

certo que só deste modo se terá conhecimento

quando na verdade se revestem do maior inte-

de todos os nutrientes vegetais utilizados em

resse em termos de economia circular, na medida

cada parcela de terreno – independentemente

em que incorporam no solo nutrientes presentes

da sua origem, orgânica ou inorgânica – e das

nos adubos inorgânicos e provenientes de fontes

condições em que os mesmos foram aplicados,

não renováveis – como o fósforo, o potássio e

nomeadamente no que tange às orientações e

diversos oligoelementos minerais – , para além

directrizes estabelecidas no Código de Boas

de economizarem azoto, cuja presença em adu-

Práticas Agrícolas.


o aminoácido essencial para minimizar os níveis de proteína em dietas para frangos?

Ajinomoto EurolysinE s.A.s. pioneiro da l-Valina desde 2009 Contact: INDUKERN PORTUGAL, LDA Centro Empresarial Sintra Estoril II – Rua Pé de Mouro – Edif. C Apartado 53 – Estr. de Albarraque, 2710-335 SINTRA Telef.: 219248140 – Fax: 219248141 teresa.costa@indukern.pt A L I ME N TAÇÃO A N I M A L | 1 9 www.ajinomoto-eurolysine.com


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

FINAL DE GESTAÇÃO EM OVELHAS LEITEIRAS Rui Alves Engº. Zootécnico e Diretor Adjunto da Sojagado

Em ovinos de leite, a generalização das condições produtivas é complexa, dado o grande número de raças e sistemas de produção existentes. Ao contrário do que acontece nos bovinos de leite, em que a raça Holstein Friesian tem o domínio da produção mundial, nos ovinos a grande variedade de raças produtivas, muitas autóctones, leva a que não seja possível fazer uma estandardização dos parâmetros produtivos.

3. Plena Lactação (160 dias): do pico da lactação até à cobrição 4. Final da Lactação (100 dias): da cobrição até à secagem

A nutrição é uma das principais condicionantes da produção animal e os seus efeitos podem ser vistos, globalmente, em termos de quantidade e qualidade dos produtos animais produzidos, para além do impacto económico que acarreta. Muitas vezes, a alimentação do rebanho reprodutor é caracterizada pela alternância de períodos de excedentes e períodos de subnutrição. Este fato pode ser corrigido pela gestão adequada das reservas corporais, no caso de energia e minerais. Por outro lado, as ovelhas possuem poucas reservas de proteínas mobilizáveis e ​​ é essencial atender, sempre, às necessidades proteicas. A existência de animais em distintas fases produtivas, com necessidades nutritivas e estados fisiológicos muito diferenciados, fazem com que seja aconselhável a organização dos rebanhos por lotes. O número de lotes numa exploração dependerá do tamanho do efetivo, da fase produtiva dos animais e da racionalidade no maneio. Assim sendo, a criação dos lotes deverá atender a dois aspetos fundamentais: fase produtiva e consequente nível de produção, assim como a condição corporal das ovelhas em cada fase produtivas.

Fases produtivas Cada período é associado a um estado fisiológico bem definido e caracterizado por necessidades alimentares específicas, influenciadas pela evolução da capacidade de ingestão das ovelhas ao longo do ciclo de produção: 1. Fim de gestação (60 dias): da secagem até ao parto 2. Início da Lactação (45 dias): do parto até ao pico da lactação 20 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Figura 1 – Ciclo Anual de produção de ovelhas leite

Final de Gestação – Pré-parto O ciclo produtivo anual da ovelha principia, aquando da secagem, no período Final de Gestação, momento que irá influenciar, grandemente, a lactação seguinte. Esta fase é um dos períodos mais críticos do ciclo produtivo (principalmente nos últimos 45 dias), caraterizando-se por uma rápida elevação das necessidades nutricionais da ovelha, devido ao grande crescimento do feto, que pode quadruplicar ou quintuplicar o seu peso. Ao mesmo tempo, a sua capacidade de ingestão, também, diminui, tanto mais quanto maior o peso da ninhada e maior o número de fetos. Neste seguimento, o plano alimentar deve orientar-se para dietas de elevada concentração nutricional no final da gestação, através de concentrados e forragens de excelente qualidade, pois um deficit neste período terá, sempre, efeitos negativos sobre os cordeiros (leves e débeis aquando do parto) e na ovelha (toxemia da gestação, diminuição da produção de colostro, etc.). A condição corporal (CC) deverá permitir fazer face ao aumento das necessidades em fim de gestação e de início de lactação, atendendo, sempre, à diminuição da capacidade de ingestão. Para evitar a ocorrência de toxemia de gestação, é necessário estabelecer uma dieta racional durante o último terço da gestação, controlando, adequadamente, a CC da ovelha nesta fase (3,5 a 4), usando forragens de excelente qualidade e concentrados ricos em


amido, que proporcionem, ao animal, energia e glicose suficientes para cobrir as suas necessidades. As ovelhas mal alimentadas, nesta fase, demorarão mais a reiniciar os seus ciclos produtivos e serão suscetíveis do ponto de vista sanitário.

as mesmas premissas que nas ovelhas adultas, ponderadas pelas necessidades de crescimento do próprio animal e a menor capacidade de ingestão (10-15% menos). Neste seguimento, pode concluir-se que, dada a grande importância desta fase em todo o ciclo produtivo, a mesma, deverá ser bem enquadrada e articulada com todas as restantes fases, reforçando os cuidados quer em termos de nutrição (qualidade e quantidade dos alimentos), quer em termos de maneio. A Sorgal, através das marcas Sojagado e Pronutri, disponibiliza soluções de enquadramento técnico de produtos que podem ser personalizadas a cada caso, potenciando os seus resultados.

Figura 3 – Saco de ovinos Sojagado

Figura 2 – Necessidades Vs Capacidade de ingestão

As necessidades dos principais nutrientes, de energia e de proteína, nesta fase, dependem de vários fatores, tais como: • Idade das ovelhas: as necessidades de energia e proteína são mais altas em ovelhas primíparas do que em multíparas, devido a associarem as necessidades de gestação e de crescimento do próprio animal; • Prolificidade: ao aumentar a prolificidade aumentam as necessidades de energia e de proteína. As primíparas têm índices de prolificidade menores dos que as multíparas e pode haver diferenças dentro de cada grupo, devido à raça e ao maneio; • Condições ambientais. Para a formulação destas dietas de alta densidade energética, é aconselhável aumentar o aporte de concentrados ricos em amido, uma vez que a adição de gordura para este efeito agrava os problemas metabólicos (toxemia), que possam surgir nesta fase. A contribuição dos cereais aumenta a quantidade de propiónico produzida no rúmen e, portanto, a síntese de glicose, do qual é seu principal precursor metabólico. Desta forma, a dieta é equilibrada para satisfazer as crescentes necessidades de glicose ligadas ao crescimento fetal. No que respeita à proteína na dieta, além de uma alta densidade de proteína, a sua qualidade deve ser considerada, dada a sua importante influência no crescimento dos fetos, no desenvolvimento dos tecidos lactogénicos do úbere e na produção de colostro. No caso das cordeiras, no último terço da gestação, deve ter-se, também, em consideração

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

COCCIDIOSE, UM DESTRUIDOR DE LUCRO Superior controlo da Coccidiose

Ben Dehaeck Global Product Manager Anticoccidials – Huvepharma N.V.

Tiago Sousa Guedes Diretor Técnico Veterinário – Calier Portugal, S.A.

A coccidiose continua a ser uma das doenças mais importantes em avicultura, causando grandes perdas económicas na indústria avícola. É uma doença parasitária do trato intestinal causada pelo protozoário do género Eimeria (organismo unicelular) que apresenta alto grau de específicidade à espécie hospedeira, e tem um ciclo de vida direto, o que significa que não precisa de um hospedeiro intermediário para o seu desenvolvimento. O potencial reprodutivo é muito alto e o ciclo de vida é curto, duas razões pelas quais a coccidiose é uma ameaça contínua e séria para as aves e deve ser monitorizada de perto. No ambiente, o parasita (forma de oocisto) está sempre presente e, uma vez esporulado, é muito resistente à maioria dos protocolos de desinfecção. O oocisto irá esporular sob condições ambientais específicas, próximas ao ambiente ideal para as aves (mesmo nível de oxigênio, temperatura e humidade). Na ave, os parasitas multiplicam-se no interior das células intestinais, que acabam por destruir. No caso de grandes infecções, isso significa que as aves têm muito menos células intestinais disponíveis para absorver nutrientes e a integridade intestinal é prejudicada, originando consequentemente um desempenho produtivo inferior destes animais. Existem 5 espécies diferentes de Eimeria identificadas em frangos: E. acervulina, E. máxima, E. tenella, E. mitis e E. Praecox, sendo as três primeiras espécies as mais predominantes e importantes. Normalmente, a maior pressão de infecção é observada entre os 14 e 32 dias de vida da ave e as lesões que se encontram dependem das espécies que estão presentes.

Zero dias de intervalo de segurança, para uma maior conveniência O uso de anticoccidianos no alimento para a prevenção de infecções por coccídias é prática comum, e vários tipos de moléculas (ionóforos e químicos) têm sido utilizados ao longo do tempo, sendo muito úteis para a indústria avícola conseguir controlar esta doença parasitária. Na maior parte da Europa, o desbaste do lote (isto é, a remoção de uma determinada percentagem dos frangos na semana antes do abate) é uma prática comum. O uso de um produto com 0 dias de intervalo de segurança, como a salinomicina (Sacox®), oferece a máxima flexibilidade para o produtor e para a fábrica de alimentos compostos. O avicultor pode enviar as suas aves para o abate a qualquer momento, não tendo de se preocupar com o tempo de intervalo de segurança e será muito mais fácil gerir os silos. As aves podem ser protegidas eficazmente contra a coccidiose até ao final da sua vida, o que é muito importante, uma vez que as perdas no final da produção têm enormes consequências financeiras. Além disso, o próximo bando também beneficiará com este intervalo de segurança de 0 dias, já que o uso de anticoccidianos até ao final resultará numa menor pressão de infecção para o próximo lote, ajudando a criar as condições para um melhor desempenho deste. O uso de salinomicina (Sacox®) até ao final da produção resultará num benefício económico direto para o produtor devido a um melhor peso final e menor Índice de Conversão no lote atual, e este benefício também se estenderá ao próximo lote (especialmente quando as aves são confrontadas com uma infecção tardia por coccidiose).

A salinomicina continua a ser um ionóforo muito forte

(Imagem: o ciclo de vida da Eimeria)

22 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

A salinomicina tem sido usada durante muitos anos em milhões de frangos para protegê-los da coccidiose e para garantir um ótimo desempenho. A sua eficácia é continuamente monitorizada no campo bem como em estudos experimentais (ver gráfico 1). Num estudo de desafio usando uma amostra mista de campo de 2016 com origem na Europa Ocidental, a eficácia da salinomicina (Sacox®) foi comparada com um grupo de controlo negativo (Controlo não infetado nem tratado – UUC) e um grupo de controlo positivo (Controlo Infetado não tratado – IUC).


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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Combi-salinomicina

Nicarbazina/Narasina

Salinomicina

Salinomicina

A salinomicina tem sido usada durante muitos anos em milhões de frangos para protegê-los da coccidiose e para garantir um ótimo desempenho. A sua eficácia é continuamente monitorizada no campo bem como Os resultados zootécnicos são apresentados no Gráfico 2. O único grupo com uma significativa em estudos experimentais (ver gráfico 1). Em um estudo de desafio usando uma amostra mista de campo 0.05) melhoria do peso corporal final, comparado com o Grupo Controlo, foi o Grupo Combide 2016 com origem na Europa Ocidental, a eficácia da salinomicina (Sacox®) foi comparada com um Salinomicina grupo de controlo negativo (Controlo não infetado nem tratado – UUC) e um grupo de controlo positivo (Controlo Infetado não tratado – IUC).

(p <

ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

Gráfico 2: Peso Corporal (PC) ao 40º dia de vida e Índice de Conversão (IC) dos frangos que

Gráfico 1: Ganho Médio Diário e Índice de Conversão (D0-D35) num ensaio usando um isolado misto receberam diferentes programas de rotação de anticoccidianos num ensaio controlado, em parques recente de Eimeria . A eficácia da salinomicina (Sacox®) é comparada com um grupo de controlo não no solo infetado nem tratado (UUC) e um grupo de controlo infetado não tratado (IUC).

3400

1,54

64

1,52

62

1,50

1,48

60

1,46

58

1,44

56

a

b

UUC

c

Sacox® GMD

1,42

IUC

1,55 1,54

1,54

1,53

3350 1,52

3300

1,51

1,51

1,51

3250 3200

1,52

a

a

a

b

Controlo

Combi Total

Combi - Narasina

Combi - Salinomicina

PC D40

IC D0-40

3450

1,56

IC

GMD (g/dia)

66

1,58

PC D40 (g)

68

1,50

1,49

IC D0-40

IC

Gráfico 2: Peso Corporal (PC) ao 40º dia de vida e Índice de Conversão (IC) dos frangos que receberam diferentes programas de rotação de anticoccidianos Gráfico 1: Ganho Médio Diário e Índice de Conversão (D0-D35) num ensaio usando Durante este desafio emde gaiolas no solo), os parâmetros zootécnicos(Sacox®) foram calculados desde num ensaio controlado, em parques no solo um isolado misto(ensaio recente Eimeria . A eficácia da salinomicina é o dia 0 até ao dia 35 (fim do ensaio). A salinomicina (Sacox®) melhorou significativamente o Ganho comparada com um grupo de controlo não infetado nem tratado (UUC) e um Médio Diário (GMD) e o Índice de Conversão (IC), mesmo comparando com as aves do grupo nificativamente melhores de comparado com o Grupo não grupo de controlo infetado não tratado (IUC). Foram avaliados os parâmetros qualidade da carcaça (Peso Controlo de carcaça que e Rendimento do peito) em controlo não sujeito a desafio, mostrando que a coccidiose (sob alta pressão de coccídeas) ainda é foi suplementado. Isto mostra quealeatoriamente mesmo sob uma baixa pressão, a que todos os metade dos animais presentes no ensaio, selecionados, verificando-se perfeitamente controlada com salinomicina, mesmo após muitos anos de uso.

inclusão de anticoccidianos noapresentaram alimento é benéfica. de não semelhores grupos tratados com anticoccidianos resultadosApesar significativamente comparado com odiferenças Grupo Controlo que não foi entre suplementado. Isto mostra que que mesmo sob uma baixa encontrarem significativas os diferentes grupos técnicos foram calculados desde o dia 0 até ao dia 35 (fim do ensaio). Um outro ensaio em parques no solo, usando 420 frangos Ross 308 (7 réplicas de 20 aves por grupo)a inclusão pressão, de anticoccidianos no alimento édo benéfica. de não se encontrarem continham anticoccidianos, o rendimento peito Apesar foi superior nos A salinomicina (Sacox®) melhorou significativamente o Ganho Médio foi estabelecido (Agosto-2017) para avaliar o efeito de diferentes programas de anticoccidianos nos significativas entre os diferentes grupos que continham anticoccidianos, o rendimento do diferenças grupos que utilizaram programas de rotação, e o peso da carcaça foi parâmetros zootécnicos e qualidade da carcaça. A(IC), salinomicina incluída num com programa rotação Diário (GMD) e o Índice de Conversão mesmofoi comparando as de peito foi superior nos grupos que utilizaram programas de rotação, e o peso da carcaça foi numericamente maior no grupo que recebeu o programa de rotação queaves utilizado umgrupo produto combinado, com registo na Europa, de nicarbazina/narasina (combi, 50/50 controlo não sujeito a desafio, mostrando que a cocci- numericamente maior no grupo que recebeu o programa de rotação Combi-Salinomicina. Durante desafio (ensaio emEnsaio gaiolas no solo), ose parâmetros zooMelhor opçãoeste em programas de rotação: de performance qualidade da carcaça

ppm) durante os primeiros 22 dias de vida, seguido pela inclusão de salinomicina (Sacox®, 70Combi-Salinomicina. ppm), diose (sob alta pressão de coccídeas) ainda é perfeitamente controlada uma narasina registada na Europa (70 ppm) ou nicarbazina/narasina (50/50 ppm) do 22º ao 40º dia Gráfico 3: Peso da Carcaça (g) ao abate (D40) de frangos que receberam diferentes programas de comTodos salinomicina, mesmo após muitos anos de uso. de vida. os protocolos utilizados foram comparados a um grupo controlo que não recebeu rotação de anticoccidianos num ensaio controlado em parques no solo. anticoccidianos no alimento. Os animais envolvidos no ensaio foram expostos a uma natural pressão baixa de coccidiose que originaram uma pontuação de lesões moderada (média de 0.8 – Média Total de Pontuação de Lesões).

Melhor opção em programas de rotação: Ensaio de performance e qualidade da carcaça

Um outro ensaio em parques no solo, usando 420 frangos Ross 308 (7 réplicas de 20 aves por grupo) foi estabelecido (Agosto-2017) para avaliar o efeito de diferentes programas de anticoccidianos nos parâmetros zootécnicos e qualidade da carcaça. A salinomicina foi incluída num programa de rotação que utiliza um produto combinado, com registo na Europa, de nicarbazina/narasina (combi, 50/50 ppm) durante os primeiros 22 dias de vida, seguido pela inclusão de salinomicina (Sacox®, 70 ppm), uma narasina registada na Europa (70 ppm) ou nicarbazina/ narasina (50/50 ppm) do 22º ao 40º dia de vida. Todos os protocolos utilizados foram comparados a um grupo controlo que não recebeu anticoccidianos no alimento. Os animais envolvidos no ensaio foram expostos a uma natural pressão baixa de coccidiose que originaram uma pontuação de lesões moderada (média de 0.8 – Média Total de Pontuação de Lesões).

Grupo

Alimento de Iniciação D0-D22

Alimento de Crescimento D22-D32

Alimento de Acabamento D32-D40

Controlo

Combi Total

Nicarbazina/ Narasina

Nicarbazina/ Narasina

Nicarbazina/ Narasina

Combi-narasina

Nicarbazina/ Narasina

Narasina

Narasina

Combi-salinomicina

Nicarbazina/ Narasina

Salinomicina

Salinomicina

Tabela 1: Diferentes programas de rotação usados num ensaio controlado, em parques no solo, para comparar parâmetros zootécnicos e de qualidade da carcaça.

Os resultados zootécnicos são apresentados no Gráfico 2. O único grupo com uma significativa (p < 0.05) melhoria do peso corporal final, comparado com o Grupo Controlo, foi o Grupo Combi-Salinomicina. Foram avaliados os parâmetros de qualidade da carcaça (Peso de carcaça e Rendimento do peito) em metade dos animais presentes no ensaio, aleatoriamente selecionados, verificando-se que todos os grupos tratados com anticoccidianos apresentaram resultados sig24 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Gráfico 3: Peso da Carcaça (g) ao abate (D40) de frangos que receberam diferentes programas de rotação de anticoccidianos num ensaio controlado em parques no solo.

Gráfico 4: Rendimento do peito (%) ao abate (D40) de frangos que receberem diferentes programas de rotação de anticoccidianos num ensaio controlado em parque no solo.

Conclusão Ensaios usando isolados recentes de campo de Eimeria, mostram que a Salinomicina (Sacox®) ainda se mantém muito eficaz no controlo da coccidiose. A suplementação contínua de Sacox® no alimento ou a sua inclusão em programas de rotação (diferentes produtos anticoccidianos em diferentes fases da alimentação) pode ser usada para controlar a doença com melhoria da performance zootécnica e da qualidade da carcaça. A mais recente indicação de zero dias de intervalo de segurança permite uma utilização do Sacox® até ao abate, assegurando uma total flexibilidade para os fabricantes de alimentos compostos e produtores.


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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25


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

EXISTEM SOLUÇÕES! Aspeto nutricional da alimentação de leitões de forma a reduzir a procura de antibióticos

Bernhard Landwehr Senior Nutritionist of Biochem

Na suinicultura do século XXI, um desmame precoce e um maior tamanho das ninhadas são necessários para obter uns bons resultados económicos. Manter os leitões saudáveis é a base da alta produtividade havendo hoje uma maior pressão para a alcançar com um menor uso de antibióticos. Além de uma higiene e de uma biossegurança estritas, ter um programa de vacinação avançado e controlar o estado sanitário dos porcos que entram nas explorações, os impactos ambientais e nutricionais desempenham um papel importante na manutenção de animais saudáveis e produtivos. Anteriormente, as estratégias de utilização de antibióticos de forma controlar as alterações da microbiota intestinal e a multiplicação dos patógenos tiveram um grande sucesso. Produtores e veterinários estavam habituados a tomar medidas específicas conforme surgiam os problemas. Contudo, de forma a reduzir significativamente a necessidade da procura de tratamentos médicos, temos de reconsiderar de uma forma global como os sistemas de produção se podem estabilizar como um todo. Os animais têm de ser capazes de desenvolver uma microbiota intestinal estável e aguentar a pressão patogénica.

Digestibilidade do alimento O trato gastrointestinal desempenha um papel muito importante na saúde dos porcos sendo o alimento um dos fatores mais importantes que influi no sistema digestivo. Na suinicultura, o período do desmame é o mais critico. A maior parte dos antibióticos usam-se nesta fase. O desmame entre os 21-28 dias de lactação é uma obrigação económica, de tal modo que os problemas derivados da troca de alimento devem ser resolvidos idealmente sem o uso metafilático de antibióticos. O primeiro fator já conhecido é a digestibilidade do alimento. A seleção e o tratamento das matérias primas da dieta devem-se adaptar ao sistema digestivo pouco maduro dos leitões desmamados. Mesmo que isso implique um aumento do custo do alimento. Custo este que tem de ser visto como um investimento. Um estudo em leitões demonstrou o efeito da digestibilidade das matérias primas sobre a consistência das fezes e o rácio de bactérias de ácido láctico (BAL) e coliformes (figura 1). A contagem de E. Coli enterotoxigênico foi significativamente maior nos grupos Feed Safety for Food Safety® que receberam dietas com uma pior digestibilidade. 26 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Figura 1: Consistência das fezes e o desenvolvimento da microbiota entre o dia 0-14 após desmame. (Wellock et al., J Anim Sci 2009)

Figura 2: Efeito do nível de PB e a qualidade da dieta sobre o GMD entre o dia 0-14 após desmame. (Wellock et al., J Anim Sci 2009)

O pre-starter de alta qualidade (High Q.) continha leite em pó, farinha de peixe, concentrado de proteína de soja e grãos micronizados, enquanto que as dietas de baixa qualidade (Low Q.) foram formuladas à base de farinha de soja, grãos de soja inteiros e grãos não tratados. A qualidade da dieta também influenciou positivamente o ganho médio diário (GMD) (figura 2). Além disso, o estudo demonstrou um efeito significativo do nível de proteína bruta (PB) e dos aminoácidos sobre o GMD. O consumo de alimento foi significativamente superior nos grupos de alta qualidade enquanto que o índice de conversão melhorou significativamente com o nível de PB. A proteína não digestível e os fatores anti nutricionais das fontes proteicas são um parâmetro de qualidade importante do pre-starter, variando o nível da proteína na dieta segundo se centre na segurança ou no rendimento dos animais.

Consumo de alimento Além da digestibilidade do alimento, o sistema de alimentação e o maneio podem influir no consumo do mesmo. A utilização do pre-starter antes do desmame reduzirá o tempo entre o desmame e a


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

retoma do consumo de alimento (figura 3), com um efeito positivo sobre o GMD durante a primeira e a quinta semana do período pós-desmame. Utilizar a mesma textura e apresentação do alimento antes e depois do desmame, assim como proporcionar pontos de alimentação adicionais durante os primeiros dias pós-desmame, pode influir positivamente no consumo do alimento. Uma rápida recuperação do consumo do alimento após o desmame também afetará a morfologia intestinal. Um consumo baixo em energia reduz a altura das vilosidades intestinais provocando efeitos negativos sobre a imunidade e integridade intestinal. Um estudo que utilizou diferentes tipos de leveduras de forma a melhorar o consumo de alimento após o desmame demontrou uma clara correlação entre o consumo de matéria seca e a altura das vilosidads intestinais (figura 4). A levedura hidrolizada (TechnoYeast) demontrou uma manifesta vantagem sobre os grupos controlo e sobre uma levedura não hidrolizada. Além disso, observou-se uma clara correlação entre o consumo e a altura das vilosidades.

dos orgânicos outros à base de combinações de diversos ácidos, e que são usados nas dietas dos leitões. A dosagem e a eficiência dos ácidos endógenos e dos ácidos adicionados dependem da capacidade tampão do alimento. A quantidade e a composição de minerais, assim como o nível de proteína, influem sobre o efeito tampão do alimento, algo que se deveria considerar quando se formula as dietas e se decide as doses dos acidificantes. Existem grandes diferenças entre acidificantes: quer no efeito sobre o pH quer no efeito direto sobre os microrganismos. O ácido fórmico é utilizado como acidificante; utiliza-se também formato de cálcio, que é uma boa fonte de cálcio e ajuda a reduzir a capacidade tampão do alimento.

Melhorar a digestibilidade das enzimas Outro grande desafio para os leitões desmamados é a capacidade de digestão do alimento por enzimas endógenas após atravessar o estômago. A amilose substitui a lactose como fonte principal de carboidratos tal como a proteína vegetal substituí a proteína do leite como fonte proteica principal. O uso de pre-starters ajuda ao leitão a adaptar-se antes do desmame sendo esta uma das razões do maior ganho de peso observado na figura 3. Esta capacidade digestiva limitada pode dar lugar a uma reduzida capacidade de ingestão do alimento ou a diarreias pós-desmame, em caso de presença de microrganismos patógenos que se alimentam dos nutrientes não digeridos. A utilização de enzimas exógenas para fazer frente a esta carência é uma outra medida básica frente a uma menor necessidade de antibióticos para controlar a população de microrganismos patogénicos.

Probióticos & pré-bióticos Figura 3: Efeito do consumo do pre-starter sobre a capacidade de consumo e o GMD pós-desmame (Bruininx et al., J Anim Sci 2002)

Figura 4: Efeito do consumo de alimento, incluindo diferentes produtos de levedura, sobre a altura das vilosidades intestinais (Keimer et al., 2017)

A acidificação melhora a digestibilidade no estômago Aprofundando no processo da digestão, o primeiro ponto critico é a acidificação no estômago. A descida do pH é essencial para que a pepsina comece a digestão proteica de forma a manter o estômago como uma barreira antimicrobiana. Focando neste tema, existem vários acidificantes disponíveis, uns à base de áci28 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

A colonização microbiana do segmento mais distal do intestino delgado é de extrema importância sendo a fermentação no intestino grosso o fator mais importante na digestão dos nutrientes. Apenas os ácidos gordos de cadeia curta são uma fonte disponível de energia para os leitões. Durante o período de lactação, a microbiota está dominada por lactobacilos, e após o desmame é construída uma microbiota mais diversa com um alto risco de crescimento de algumas bactérias patogénicas. A figura 5 demonstra a diminuição dos lactobacilos e o aumento da E. coli após o desmame. Os leitões desmamados ao dia 17, no terceiro dia pós-desmame, tinham dez vezes mais E. coli que lactobacilos. Nos leitões desmamados ao dia 24, no terceiro dia pós-desmame, a bactéria E. coli e os lactobacilos estavam ao mesmo nível, demonstrando que os leitões com mais idade estão mais capacitados para estabilizar e compensar as alterações provocadas pelo desmame. Cada microrganismo tem as suas preferências de nutrientes utilizando-as como substrato. Isto abre a possibilidade de favorecer às bactérias benéficas com fontes de fibra fermentáveis tais como aditivos pré-bióticos e probióticos. Os probióticos são microrganismos vivos que podem influir diretamente sobre a microbiota intestinal, reduzindo o espaço disponível para bactérias patogénicas mediante exclusão competitiva. Estas estratégias aplicam-se bastante e ajudam a estabilizar o trato gastrointestinal dos leitões desmamados. Numa prova de campo realizada pela Biochem em 2014, avaliou-se a combinação simbiótica das paredes de levedura e duas estirpes de Bacillus numa dieta sem adicionar antibióticos nem óxido de zinco.


Aditivos utilizados para substituir os AGP's

Responsta (%)

Nos leitões desmamados ao dia 24, no terceiro dia pós-desmame, a bactéria E. coli e os lactobacilos estavam ao mesmo nível, demonstrando que os leitões com mais idade estão mais capacitados para estabilizar e compensar as alterações provocadas pelo desmame. Cada microrganismo tem as suas preferências de nutrientes utilizando-as como substrato. Isto abre a Os animais debilitados foram tratados por injeção. O resultado possibilidade de favorecer às bactérias benéficas com fontes de fibra fermentáveis taisfoi como aditivos pré-bióticos e probióticos. Os probióticos são microrganismos vivos que podem influir diretamente uma diminuição da mortalidade em 60% no grupo simbiótico (1,6% sobre a microbiota intestinal, reduzindo o espaço disponível para bactérias patogénicas mediante 70 frentecompetitiva. a 4% no grupo controlo).aplicam-se O número de animais tratados foi o trato exclusão Estas estratégias bastante e ajudam a estabilizar 60 gastrointestinal dosno leitões desmamados. 25% menor grupo simbiótico. A concentração de lactobacilos 50 Numa prova de campo realizada pela Biochem em 2014, avaliou-se a combinação simbiótica das aumentou mais de uma unidade logarítmica. Utilizou-se uma dieta 40 paredes de levedura e duas estirpes de Bacillus numa dieta sem adicionar antibióticos nem óxido de zinco. Os animais debilitados foram tratados por ofereceu injeção. O resultado foi uma diminuição da 30 starter de alta qualidade, algo que não diferenças no renmortalidade em 60% no grupo simbiótico (1,6% frente a 4% no grupo controlo). O número de 20 dimento, mas sim uma melhora numérica do índice de conversão animais tratados foi 25% menor no grupo simbiótico. A concentração de lactobacilos aumentou mais 10 de no umagrupo unidadetratamento. logarítmica. Utilizou-se uma dieta starter de alta qualidade, algo que não ofereceu diferenças no rendimento, mas sim uma melhora numérica do índice de conversão no grupo0 tratamento.

Intestinal population Log10 CFU per g

12

E.coli WD17 LAB WD17

11

E.coli WD24 LAB WD24

10

Fitogénicos / Óleos essenciais

Enzimas

Probióticos

Pré-bióticos

Outros

Figura 6: Inquérito sobre nutrição e alimentação em 2016: Formulação de Figura 6: Inquéritoavícola sobre nutrição 2016: de alimentação avícola alimentação para eaalimentação produçãoem livre deFormulação antibióticos (Roembke, feedpara a produção livre de antibióticos international 2016). (Roembke, feed international 2016).

CONCLUSÃO De forma a melhorar a saúde e o rendimento dos leitões desmamados, deve ser tido em conta toda a produção e o maneio das explorações (biossegurança, maneio, matérias-primas, formulação, etc.). É De forma que a melhorar saúde eenzimas, o rendimento doseleitões desmamados, considerado os ácidosaorgânico, probióticos pré-bióticos são os aditivos mais úteis para reduzir a procura de antibióticos (figura 6). Muitos estudosdas mostram os efeitos positivos de deve ser tido em conta toda a produção e o maneio explorações estes produtos, contudo é importante recordar que não atuam como antibióticos, e que se devem (biossegurança, maneio, matérias-primas, É considecompletar com medidas que tenham um impacto formulação, positivo sobreetc.). o aparato digestivo dos leitões desmamados. rado que os ácidos orgânicos, enzimas, probióticos e pré-bióticos são

Desmame

Conclusão

9 8 7 6

Ácidos orgânicos

os aditivos mais úteis para reduzir a procura de antibióticos (figura 6). Muitos estudos mostram os efeitos positivos de estes produtos, contudo é importante recordar que não atuam como antibióticos, e Fonte: Watt Global Media Figura 5: Efeito da idade ao desmame sobre a microbiota intestinal em animais canulados Autor: Bernhard Landwehr, Senior Nutritionist of Biochem (Franklin et al., J Anim Sci 2002) que se devem completar com medidas que tenham um impacto posiFigura 5: Efeito da idade ao desmame sobre a microbiota intestinal em animais canulados (Franklin et al., J Anim Sci 2002) tivo sobre o aparato digestivo dos leitões desmamados. day 17

day 20

day 24

day 27

day 31

day 34

Age of piglets

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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29


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

A “SMART” ANÁLISE DE MICOTOXINAS Em artigo anterior inserido na revista nº 100

Aquilo que começou por ser um telefone celu-

abordei a análise rápida de micotoxinas. Estes

lar, dispositivo que fazia chamadas telefónicas

contaminantes continuam a ser uma preocupa-

e enviava e recebia mensagens limitadas no

ção para o setor dos cereais, seja na vertente da

número de caracteres, desenvolveu-se para o

alimentação animal ou na humana. Os prejuízos

que comummente se chama de “smartphone”

económicos, bem como os relativos à saúde,

e é uma plataforma que nos coloca em comu-

são evidentes e por isso a busca de métodos

nicação em tempo real com o mundo que nos

rápidos é uma constante.

rodeia, sendo hoje utilizado por todos, ou quase,

Se o nível de análise for em ambiente laboratorial, a opção pode ser por metodologias mais

nas mais diversas funções, sejam profissionais, pessoais, sociais, etc.

ou menos complexas, uma vez que teremos

Os “smartphones” atuais tem inúmeras capa-

Artur Melo

as condições necessárias para a realização

cidades de utilização e todos incluem câmaras

CEO Ambifood

dos ensaios. Contudo, no frenesim diário de

fotográficas. Estas, para além da sua função

entrada e saída de camiões de uma fábrica, o

recreativa e social, podem ser aplicadas na

problema atinge uma maior dimensão; por um

análise de micotoxinas.

lado os camiões não podem esperar demasiado tempo pela análise, por outro a descarga de um eventual lote contaminado pode colocar em causa a qualidade do cereal armazenado. É nesta aparente contradição entre velocidade de resposta e tempo de espera que a indústria se vê confrontada na sua rotina quotidiana e a forma de mais rapidamente responder a esta situação é a utilização dos testes de fluxo lateral.

Assim, conjugou-se a utilização dos testes

Esta metodologia usa um dispositivo de teste

de fluxo lateral com o “smartphone”, o qual é

revestido por anticorpos específicos para

o equipamento que lê e regista o resultado

cada micotoxina e um corante que, em caso

obtido.

de resultado positivo, forma uma banda colorida. Os resultados são semi-quantitativos, ou seja, acima ou abaixo do limite de deteção de cada kit. Para quem pretende quantificar os resultados obtidos, pode recorrer a equipamentos que leem a intensidade da banda colorida produzida pelo teste, em comprimentos de onda específicos e apresentam resultados quantitativos. Pois bem, se esta metodologia de ensaio é conhecida e largamente aceite e utilizada, o mais recente desenvolvimento tecnológico foi a aplicação do “smartphone” para a análise de micotoxinas. 30 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

É tirada uma fotografia ao teste de fluxo lateral e através de um software próprio lida a cor produzida pelo corante quando o teste é positivo. O resultado apresentado é quanti-


tativo e uma vez lido, fica registado no

A opção por este meio de análise

Só nos EUA estima-se que anualmente

sistema podendo ser enviado, armaze-

revestiu-se de vital importância para

os produtores de milho tenham $52m

nado e tratado de acordo com o sistema

a empresa alemã SchapfenMühle que

de prejuízo por contaminação por mico-

de cada utilizador.

o começou a utilizar para controlo dos

toxinas. Em Portugal as ocorrências de

camiões à descarga de cereal. No total,

micotoxinas registadas e notificadas

no primeiro ano de utilização, fizeram

foram de 16 em 2017 e de 5 no 1º tri-

mais de 1.100 análises na receção de

mestre de 2018.

O sistema de análise compreende a utilização dos kits de fluxo lateral, o “smartphone” e respetiva app.

cereal, dos quais 15% tinham valores ele-

Utilizar um mero “smartphone” em aná-

O que esta solução tem diferente dos

vados de DON e 10% apresentavam-se

leitores de testes de fluxo lateral é ter

acima dos limites legais. Uma das carac-

associado ao software de leitura uma

terísticas focadas por este utilizador é a

ampla base de dados para registo dos

mobilidade e a facilidade de uso.

resultados obtidos, o que permite ao

Quaisquer desenvolvimentos para pre-

meio, o desenvolvimento de software

utilizador evitar os registos manuais, a

venir os efeitos de contaminações de

próprio para as mais diversas aplica-

sua conectividade por Wi-Fi ou Bluetooth

cereais por micotoxinas são sempre

ções e, sobretudo, dispormos na palma

para enviar e transferir os resultados

úteis para a indústria, sobretudo porque

da mão um dispositivo que nos permite

facilmente, a rapidez e portabilidade.

os prejuízos económicos são evidentes.

tomar decisões em tempo útil.

lises químicas é um passo que no futuro será cada vez mais recorrente. A versatilidade destes equipamentos, a possibilidade de serem utilizados em qualquer

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31


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

PROGRAMA TRANSI-UP: APROXIMAÇÃO GLOBAL À VACA EM TRANSIÇÃO PARA RESULTADOS GLOBAIS EM TODA A LACTAÇÃO Elisabete Martins Médica Veterinária Elisabete Carneiro Eng. Zootécnica

O conhecimento atual indica-nos que devemos

a síntese de colostro e leite, paralelo à redução

ajustar o nosso foco na exploração, fazendo-o

da ingestão de alimento, força a vaca em tran-

incidir na vaca seca e em particular em transi-

sição a entrar em Balanço Energético Negativo

ção. Só assim se poderá prevenir ativamente

(BEN) e em carência de micronutrientes: a vaca

a generalidade de perturbações metabólicas

estará a gastar mais energia e mais nutrientes

e infeciosas e garantir a maior rentabilidade

do que os que consegue ingerir, durante várias

produtiva e reprodutiva dos efetivos de alta produção. PORQUÊ o FOCO estratégico nutricional na TRANSIÇÃO? • Durante a transição ocorrem adaptações metabólicas e alterações imunológicas intensas;

grande capacidade de ingestão) K/MS. No pico de produção estará a ingerir entre 22 a 26 kg MS diariamente. Nos últimos dias do período seco, há uma redução marcada na ingestão. Na lactação precoce,

este período, porque o sistema imunitário está com-

a relação entre o aporte de nutrientes e a pro-

prometido;

dução de leite está desajustada. A produção de

em aumento de doenças infeciosas e metabólicas na vaca em transição; • Essa mobilização leva ao aumento de ácidos gordos (NEFA) no sangue, que contribuem para o stress oxidativo e para a resposta inflamatória descontrolada; • A resposta inflamatória descontrolada é o elo de

leite começa a subir a pico enquanto a ingestão de energia está a descer e alcançará o seu valor mínimo, no período pós-parto imediato (1 a 10 dias pós parto); a partir dai subirá até alcançar um balanço energético positivo (as necessidades conseguem ser suportadas pela ingestão) que

ligação entre as doenças metabólicas e as doenças

corresponderá ao pico de produção da vaca.

infeciosas, em torno do parto.

Este desajuste entre necessidades e ingestão

• 75% das doenças das vacas ocorrem no primeiro mês de lactação; • 30 a 50% das vacas tem algum problema metabólico ou infecioso durante o período de transição. • A intervenção estratégica visando a redução da mobilização de gorduras corporais, melhora a resposta inflamatória e reduz as perdas económicas associadas à doença clinica e subclínica no período de transição; • A intervenção nutricional focada na transição traduz-se

persiste em média 6 a 8 semanas, podendo prolongar-se consoante a qualidade do maneio no período de transição. Este é o principal desafio aos responsáveis pela nutrição da vaca leiteira. Articular o maneio produtivo dos animais agrupados, com a heterogeneidade dramática dos seus requerimentos diários, com a sua limitada capacidade de ingestão e a subida antagónica

por medidas implementadas desde a secagem ao pico

da produção diária.

de lactação e por resultados na lactação completa.

Na lactação precoce, a mobilização de gordura

Em vacas de leite, é no período de 6 a 8 semanas em torno do parto, designado de período de transição que acontecem 75% das doenças metabó-

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

apenas entre 9 (novilhas) a 14 (vacas maduras de

• A incidência e severidade de doença é maior durante

• A mobilização intensa de gorduras corporais resulta

32 |

semanas a meses. Uma vaca no período seco consegue ingerir

é um importante mecanismo compensatório de obtenção de energia para a produção de leite; mas na lactação acima dos 150 dias, isto não acontece e é o nível de produção de leite que

licas e infeciosas das vacas, e em que 30 a 50%

determina o nível de ingestão de alimento. Ou

delas tem pelo menos um problema metabólico

seja, quando o animal está em BEN é possível

ou infecioso. A ocorrência de problemas de saúde

aumentar a sua produção de leite fornecendo

no período de transição reduz o desempenho na

mais energia enquanto quando a vaca está em

produção de leite e na reprodução. O aumento

balanço energético positivo, a adição de energia

nas necessidades de energia e nutrientes para

não aumenta a produção de leite.


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A má Transição resulta na perda de 4,5 a 9 kg de leite/dia no pico, o que corresponde a 907 a 1814Kg na lactação. Acrescem a esta perda produtiva, os custos associados a aumento de doenças e de subfertilidade (tabela 1). As mudanças na ingestão voluntária em conjunto com o ambiente endócrino característico deste período, têm sido considerados os maiores determinantes do BEN. Mas evidências mais recentes indicam que a resposta inflamatória hepática durante o período peri-parto são um forte determinante da mobilização das reservas lipídicas. DOENÇA CLÍNICA

Custo total

HIPOCALCÉMIA Vacas

$246.23 ± $52.25

CETOSE Novilhas

$77.00 ± $24.00

Vacas

$180.91 ± $63.74

CLAUDICAÇÃO

como NEFA; BHB e outros corpos cetónicos,

de NEFA e Corpos Cetónicos (Exº BHB)

entre outros). Das alterações metabólicas e

são responsáveis pela imunossupressão,

endócrinas profundas que tem por objetivo

que resulta no aparecimento de doenças

suportar a produção de leite na lactação

metabólicas e infeciosas. A interdepen-

precoce, destaca-se a alteração do eixo da

dência do sistema imune e metabólico

Hormona do Crescimento (HC). No início da

está demonstrada em vários estudos que

lactação há um aumento de secreção da HC

verificaram que as doenças metabólicas

que vai estimular o aumento da produção

colocam as vacas em risco de doença

de glicose no fígado, de modo a aumentar a

infeciosa e vice-versa. Além disto, a con-

disponibilidade de energia. Em simultâneo, a

dição corporal e a sua variação no período

HC também promove a resistência à insulina,

de transição são determinantes da capaci-

o que reduz a utilização (consumo) de glu-

dade defensiva da vaca. Níveis mais eleva-

cose por outros órgãos que não a glândula

dos de NEFA (que correspondem às vacas

mamária, nomeadamente o fígado, musculo

que mais emagreceram) correspondem a

e tecido adiposo (gordura corporal). Isto por

aumento massivo da atividade oxidativa

sua vez vai estimular a lipólise (utilização

e de morte celular. Ou seja, as alterações

da gordura corporal) com mobilização de

mediadas pelo BEN tem enorme relevância

ácidos gordos (principalmente NEFA) para

na imunidade e saúde uterina.

a produção de gordura do leite e para serem

A resposta inflamatória regulada, no parto,

usados como fonte adicional ou alternativa

desenvolve-se geralmente em curtos picos

de energia, em maior ou menor grau, na

de 1 a 4 dias é importante e normal e contri-

vaca no peri-parto. Em resumo, nesta fase,

bui para a boa resposta adaptativa do final

Novilhas

$185.10 ± $64.46

enquanto não consegue ingerir a quantidade

da gestação à lactação. No entanto, a falha

Vacas

$333.17 ± $68.76

necessária, a vaca terá duas fontes alterna-

na pronta resolução e regulação resulta em

tivas de obtenção de energia adicional para

efeitos prejudiciais na produção e reprodu-

a produção de leite no pós-parto: a glicose

ção na restante lactação em curso. Existe

adicional proveniente do aumento da sua

uma estreita relação entre ingestão, balanço

DESLOCAMENTO DE ABOMASO À ESQUERDA Novilha

$432.48 ± $101.94

Vaca

$639.51 ± $114.10

MAMITE Novilhas

$325.76 ± $71.12

produção no fígado e a energia proveniente

energético, função hepática, inflamação, pro-

Vacas

$426.50 ± $80.27

dos ácidos gordos resultantes da utilização

dução de leite e fertilidade. Quanto mais frá-

da gordura corporal.

gil a atividade hepática, maior a severidade

Apesar destes mecanismos homeorréticos

e desregulação da resposta inflamatória. O

de compensação, a necessidade de glicose

padrão da inflamação durante o período de

METRITE Novilhas

$171.69 ± $47.88

Vacas

$262.65 ± $56.15

RETENÇÃO PLACENTÁRIA Novilhas

$150.41 ± $51.43

é superior à disponibilidade, em particular

transição é decisivo no desempenho futuro

Vacas

$313.49 ± $64.66

em vacas de alta produção e resulta num

da vaca leiteira.

estado de carência – Hipoglicémia. Apesar

O futuro da produção leiteira, assentará

deste estado hipoglicémico ser vantajoso

num aumento de produtividade por dia de

do ponto de vista da manutenção dos níveis

vida que tem como pilar a otimização da

baixos de Insulina e de ILGF1 bloqueando

gestão da vaca no período de transição.

o efeito inibitório desta na síntese da HC,

Nesta estratégia de otimização deve ser

De entre os órgãos que suportam a produção

o fornecimento desadequado de glicose

garantida a correta duração do período

de leite, como o cérebro, as glândulas endó-

conduz a uma incorreta utilização (oxidação

seco; o maneio adequado da condição cor-

crinas, o trato digestivo, o tecido adiposo,

parcial) dos NEFA; isto resulta na produ-

poral o longo de todo o ciclo; a otimização

o músculo e o sistema imunitário, o fígado

ção de corpos cetónicos (principalmente

da ingestão de matéria seca, em particular

destaca-se porque coordena o metabolismo

BHB) que se acumulam no sangue resul-

da secagem ao pico de lactação; suficientes

dos nutrientes, com o ambiente hormo-

tando em Cetose. Está comprovado que a

condições de bem-estar animal; a correta

nal da vaca. A adaptação fisiológica aos

concentração de insulina e a sensibilidade

suplementação vitamínica e mineral e a

processos metabólicos peri-parto inicia-se

dos tecidos à mesma, reduz-se em 50% ou

suplementação adicional de aditivos tec-

bastante antes do parto e é regulada por

mais desde várias semanas antes do parto;

nológicos que suportam não só os pontos

um conjunto de moléculas que orquestram a

o que consequentemente faz aumentar

anteriores, mas também o controlo do

resposta inflamatória (citoquinas; proteínas

os NEFA. O sistema imune é o exército de

stress oxidativo e da resposta inflamató-

de fase aguda; os metabolitos energéticos

defesa contra as doenças. Níveis elevados

ria peri-parto.

Tabela 1. Custo estimado das principais doenças nas vacas leiteiras (adaptado de D. Liang et al. (2017), Jr. Dairy. Sc. https://doi.org/10.3168/jds.2016-11565).

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


Nos últimos anos, tem-se desenvolvido investigação intensa com vista a assegurar a transição mais suave possível entre o período final de uma lactação e a plena produção de uma lactação subsequente, principalmente em vacas de alta produção. O principal objetivo é controlar a condição corporal (BEN), a atividade hepática, a resposta inflamatória e o stress oxidativo que estão na base das doenças metabólicas e infeciosas na transição, para alcançar os melhores resultados de produção e de reprodução na lactação. A Wisium desenvolveu um programa nutricional TRANSI UP, assente numa aproximação holística ao período seco, peri-parto e início de lactação, que agrega produtos e serviços com foco nas necessidades específicas do período de transição permitindo a melhor expressão do potencial de saúde e produção na lactação completa. O Programa TRANSI UP é uma solução completa, que se estende de 60 dias antes do parto aos 100 dias pós-parto, atuando na regulação da ingestão, no suporte às alterações fisiológicas endócrinas, ao balanço nutricional negativo, ao controlo do stress oxidativo, da resposta hepática e resposta inflamatória peri-parto. A gama de produtos TRANSI UP na sua componente específica concebida para utilização nas fábricas, permite aportar aos concentrados aditivos tecnológicos selecionados, que aportam elevado suporte ao período de transição peri-parto, garantindo a melhor performance dos animais na lactação que se sucede. Na sua composição estão incluídos entre outros, os seguintes compostos nutricionais tecnológicos e funcionais a par com nutrientes específicos de elevada biodisponibilidade: • Vitamina C – potente antioxidante, regenera a vitamina E e modela positivamente o sistema imunitário. • Vitaminas do complexo B protegidas – maior estabilidade ruminal e absorção. • Niacina – Melhora o metabolismo energético, limitando o desenvolvimento de Cetose.

Um conjunto de soluções feitas à medida do maneio da vaca leiteira 2 tipos de produtos específicos para cada período: > PREMIXES (macro e micro) Uma seleção de macro e micro minerais, vitaminas e aditivos direcionados para as necessidades específicas da vaca no peri-parto. > ESPECIALIDADES Produtos de aplicação “on top” para o controlo de problemas durante o peri-parto (Hepatotech, Energy Drink). SERVIÇO

Com um investimento vaca dia a variar entre 0,16€ a 0,53€, garante-se um elevado retorno económico pela redução dos principais problemas metabólicos que ocorrem na transição (gráfico 1): o Programa TRANSI UP permite melhorar a imunidade e saúde, resultando numa redução de 79% dos problemas metabólicos; aumentar a produção de leite até 1.8L vaca dia e suportar a condição corporal dos animais permitindo um aumento de 5,5% da fertilidade à primeira inseminação.

• Colina protegida – dadora de grupos metilo; poupa metionina; limita a esteatose hepática estimulando a exportação de triglicéridos VLDL do fígado; estabiliza as membranas celulares. • Metionina protegida – aminoácido limitante; dadora de grupos metilo; limita a esteatose hepática estimulando a exportação de triglicéridos do fígado; contribui para a regulação do metabolismo da glicose. • Betaína: dadora de grupos metilo, aporta estabilidade osmótica. • Sorbitol, para uma acção desintoxicante. • PowerJet – Complexo que diminui a inflamação intestinal e o stress oxidativo; • Minerais protegidos (Mintrex) – Maior absorção e biodisponibilidade. Os Mintrex têm a vantagem de estar ligados a duas moléculas de MHA que aumenta a estabilidade da ligação e protecção, por outro lado são uma fonte de metionina que pode ser usada em formulação, sendo que 40% é By-pass. • Leveduras – Otimização da microbiota ruminal e da degradação da fibra.

Gráfico 1. Retorno sobre o investimento do programa TRANSI UP

SERVIÇO E SUPORTE TÉCNICO PERSONALIZADOS Visando identificar os pontos críticos de melhoria e assegurar o maneio ótimo do efetivo, a Wisium desenvolveu uma ferramenta de auditoria à exploração dedicada à monitorização do desempenho peri-parto nas vertentes da nutrição, saúde e reprodução. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL EMPRESAS

CONHECER OS FORNECEDORES Com esta edição nº 105 da “Alimentação Animal” abrimos um novo espaço dedicado aos nossos fornecedores e parceiros da Revista e da IACA, que em 2019, vai celebrar os seus 50 anos. Quem são as empresas que fornecem a Indústria? Qual a sua história? Que visões defendem, qual o valor acrescentado que podem trazer para tornar as empresas mais competitivas e modernizar o Setor face aos desafios da Sociedade?

“Acreditamos no mercado português” "O grande desafio, face aos novos tempos e às exigências da opinião pública e dos decisores, é da inovação, investigação e da tecnologia" "O objetivo é ter flexibilidade, mas melhorar a eficiência da utilização dos produtos, para que os animais tenham as melhores condições de saúde e bem-estar" Alexander Grafe

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

É este o grande objetivo desta rúbrica e neste “pontapé de saída” deslocámo-nos à Alemanha, a convite da BIOCHEM, para uma entrevista com o seu Diretor-Geral Alexander Grafe, acompanhado por João Maria Barreto, responsável da empresa em Portugal. No final da entrevista, tivemos ainda a oportunidade de fazer uma visita pelas instalações, acompanhados pelo Diretor de Qualidade, Alexander Wellinghof, que nos permitiu comprovar os diferentes processos de certificação da empresa (GMP +, ISO…) e o desenho das instalações, de forma a evitar quaisquer riscos de contaminações cruzadas. Refira-se ainda que, à margem da reunião, tivemos a oportunidade de falar da IACA, do que fazemos, dos dossiers que seguimos e como os conduzimos, designadamente a nossa relação internacional e no quadro da FEFAC, em temas tão diversos como a reforma da PAC, aditivos, redução de antibióticos, soja sustentável, alimentos medicamentosos, o Plano Europeu da Proteína ou a Peste Suína Africana. Tendo a sua sede na cidade de Lohne, perto de Bremen, no Noroeste da Alemanha, Estado da Baixa-Saxónia, que cobre cerca de 13% do território da Alemanha, a Biochem é uma empresa privada, em que a principal área de negócio é a produção e comercialização de aditivos para a alimentação animal.

Num raio de 100 km da sede da empresa, são produzidas cerca de 10 milhões de tons de alimentos compostos, 45% da produção total de alimentos compostos produzidos na Alemanha, maioritariamente suínos (5.2 milhões de tons), com as aves (3.9 milhões de tons) e os bovinos (2.1 milhões) a terem um papel relevante. Com cerca de 32% dos efetivos suinícolas, 21% dos bovinos, 64% dos frangos, 37% das poedeiras e 42% dos perus existentes no território alemão, trata-se de uma região de grande densidade pecuária, que justificou há 30 anos, a localização estratégica da empresa. Fundada em abril de 1986 por Eckhard Thölke, a Biochem centrou-se inicialmente nos aditivos “tradicionais” (vitaminas, oligoelementos, aminoácidos e antibióticos promotores de crescimento) mas rapidamente evoluiu para uma oferta de outros produtos, com um portfólio bastante diversificado, de prébióticos e probióticos, soluções combinadas de ingredientes e, cada vez mais, à medida das necessidades dos seus clientes. O que poderemos designar por alimentação personalizada, e de precisão. Presentes em 62 países, com 260 trabalhadores e um volume de negócios de mais de 76 milhões de € (80 milhões previstos para 2018), 12 escritórios e mais de 50 distribuidores, a Biochem é uma empresa implantada a nível mundial, com presença em mercados tão diferentes como a Rússia, Irão,


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL EMPRESAS

China, Egito, Indonésia, Turquia ou Brasil, para além da Europa. As vendas no mercado alemão representam 30% do total, com o mercado da União Europeia 31% e os Países Terceiros 39%. As diferentes legislações e abordagens, bem como as pressões ambientais ou da opinião pública constituem, desde logo, um desafio, pelo que “era importante existir uma harmonização global, mas sabemos como vai ser ainda difícil esse caminho”. Em Portugal, tem presença no mercado nacional desde 2004, há praticamente 15 anos, inicialmente numa colaboração com a Vetagri e posteriormente com a INVIVO como distribuidor. A partir de 1 de janeiro de 2019, a Biochem quer ter uma nova abordagem ao mercado em Portugal, vendendo diretamente os produtos no mercado, quer aos produtores pecuários, quer à Indústria da alimentação animal. As sinergias com Espanha serão evidentes, procurando maior agilidade e rapidez nos fornecimentos. Para compreender melhor este novo posicionamento, quais as linhas gerais da empresa e a visão de médio/longo prazo sobre os desafios que se colocam, como se enquadram na Visão 2030 que partilhamos, a “Alimentação Animal” falou com Alexander Grafe, que exerce funções de Diretor-Geral desde 2011 mas que entrou para a empresa em 2000 como gestor de produto. A propósito dos grandes desafios colocados hoje pela Sociedade, Alexander Grafe referiu que as preocupações com questões centrais como o ambiente, a segurança alimentar e a redução do consumo de antibióticos são hoje comuns, mas estão presentes na génese da empresa, uma vez que a localização numa zona de grande densidade pecuária representa uma pressão ambiental muito forte à qual era preciso dar resposta. A sustentabilidade tem estado no centro da estratégia da Biochem, que desde 1991 utiliza minerais orgânicos, o que denota grandes preocupações com o ambiente, em particular com a redução dos níveis de cobre e esse foi um marco na história da empresa. Solo, ar e água devem ser monitorizados e estarem enquadrados nas preocupações de qualquer companhia nos dias de hoje, em que para além dos desafios já referidos, a transparência e responsabilidade social assim o obrigam. 38 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

De resto, o slogan que utilizam é “Feed Safety for Food Safety” o que resume o conceito de que a alimentação animal é da maior importância para a segurança dos alimentos de origem animal. No fundo é onde tudo começa, com os consumidores cada vez mais exigentes, quer os seus clientes, fabricantes de alimentos compostos e explorações pecuárias, quer os que consomem produtos de origem animal. Por isso, segurança, controlo, rastreabilidade e eficiência são pilares importantes da empresa, enquadrados pelas questões legislativas que têm a ver com o registo dos produtos.

Jaime Piçarra, Alexander Grafe e João Maria Barreto

Infelizmente, as regras não são as mesmas a nível mundial, sobretudo quando comparamos a realidade europeia com o resto do Mundo. Esta situação coloca naturalmente problemas a quem opera num mercado global, mas Alexander Grafe acredita que já começam a existir preocupações ambientais, de segurança alimentar ou a resistência antimicrobiana, e apesar das diferentes velocidades, juntamente com o tema da sustentabilidade, os valores europeus tenderão a impor-se. Os acordos comerciais da UE com países terceiros (China, Brasil, Índia ) deverão também ter em atenção esses aspetos, sob pena de existirem distorções de concorrência e perda de competitividade. Muito provavelmente o que temos de fazer é "definir uma transição global, o que poderá demorar cerca de 10 anos e acentuar a discussão dessa agenda no plano das organizações internacionais". O grande desafio, face aos novos tempos e às exigências da opinião pública e dos decisores, é (vai ser sempre) o da inovação, investigação e da tecnologia. Esta tem sido aliás uma aposta da empresa, com aditivos cada vez mais inovadores ou soluções de mercado como o conceito “4Feed Concept” que substitui a sopa por outras alternativas, combinando enzimas e probióticos. As questões da imunidade, da saúde intestinal e do bem-estar animal são extremamente relevantes. “O objetivo é ter flexibilidade, mas melhorar a eficiência da utilização dos produtos, para que os animais tenham as melhores condições de saúde e bem-estar”. Tudo isto tem sido possível porque a empresa trabalha com Universidades, como por exemplo Wageningen,

e laboratórios independentes que atestam a qualidade e fiabilidade dos produtos antes de serem colocados no mercado. Colocada a questão da imagem negativa no mercado sobre os produtos animais, Alexander Grafe reconhece esse problema, sobretudo na Europa, mas "pensa que é com este tipo de abordagens e na abertura das empresas aos clientes e às comunidades locais, comunicar melhor e com transparência, com lealdade, que encontraremos um ambiente mais positivo e certamente um melhor conhecimento do que fazemos, junto da população urbana". A alimentação animal mudou muito nos últimos 50 anos e de uma forma espetacular e é pena que não contemos essa história de sucesso e ainda prevaleçam as notícias falsas e os mitos. Todos temos aí um papel a desempenhar. Por outro lado, tal como a IACA "também nós na Biochem sabemos e trabalhamos, porque acreditamos que a nutrição animal é parte da solução para muitos dos problemas que têm afetado a imagem da produção animal e desde logo a questão da redução dos antibióticos ou o impacto no ambiente, para além da saúde humana".


Quanto ao futuro e tendências, os vegans, vegetarianos ou agora o desafio da carne de laboratório, Alexander Grafe acredita que há muitas tendências que são direcionadas ao consumidor, mas é importante explicar, e deixá-lo escolher. A agricultura biológica é uma realidade importante na Alemanha e em muitos países do Norte da Europa, mas os consumidores não terão todos a mesma capacidade de adquirir esses produtos. Vão ser sempre um nicho, o que não significa que não tenhamos de ter uma produção convencional sustentável e segura para todos os consumidores. A alimentação vai ser mais diversificada, talvez em menor quantidade e é preciso fornecer mais e melhor informação às pessoas, para decidirem em consciência. Quanto à carne de laboratório, o nosso entrevistado pensa que será sempre um nicho de mercado, é uma realidade que não podemos travar, mas, como noutros processos inova-

dores, irá depender do nível de aceitação dos consumidores. Por último, trouxemos à conversa o Plano Europeu para a Proteína e o que está a ser feito ao nível da União Europeia. Alexander Grafe reconhece que existe uma grande dependência da soja que é importante diminuir, com o recurso a fontes alternativas e os insetos, as algas, ou outras fontes proteicas podem ser utilizadas, desde que seguras, eficientes e competitivas. "O importante é que tenhamos como prioridade as necessidades dos animais nas diferentes fases e os grandes desafios de que falámos anteriormente". Numa lógica de coerência. Regressando novamente ao mercado português, relativamente pequeno em relação a outros em que operam e face às nossas especificidades, Alexander Grafe não receia os riscos de um novo posicionamento: o mercado está maduro, atento às novas realidades

e desafios, querem ser transparentes, mais conhecimento e aporte técnico-científico para os clientes. E deixa uma mensagem a terminar a entrevista: “Acreditamos no mercado português”!

Revista AA com Alexander Wellinghof e João Maria Barreto

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA

SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS

NOTÍCIAS

SPMA

a. Após o período de férias, a Indústria de Alimentação Animal retomou a dinâmica que tinha demonstrado no 2º trimestre. Recordando ainda alguns eventos organizados em Junho, durante este mês de Setembro, há registar a participação da IACA em: – Sessão de Esclarecimento “Embalagens e Resíduos de Embalagens”, APA / FIPA, Lisboa, 6 Junho. – Workshop “Importação e Exportação de Alimentos para Animais”, DGAV / IACA, Lisboa, 19 Junho. – Curso sobre “Legislação Aplicável ao Setor dos Alimentos para Animais”, DGAV / IACA, Ponta Delgada, 5-7 Setembro. – Feira das Grandes Culturas “Agroglobal”, Valada do Ribatejo, 5-7 Setembro. – Seminário “A Sustentabilidade: um Desafio e uma Responsabilidade”, USSEC / IACA, Lisboa, 19 Setembro. – Sessão de lançamento do “Manual de Boas Práticas na Produção, Processamento e Utilização de Insetos em Alimentação Animal”, DGAV, Oeiras, 24 Setembro. – VII Jornadas de Alimentação Animal, SPMA / IACA, Fátima, 27 Setembro. – Seminário “Biossegurança e Tempo de Proteger”, Univ. Lusófona de Lisboa, 28 Setembro. b. Em relação à SPMA, o mercado das pré-misturas e aditivos está também dinâmico. Lamenta-se a saída do associado Vetobiótica e saúda-se a entrada da empresa Nutrinova. A DIN foi adquirida pelo grupo francês CCPA e a INVIVO-NSA passou a chamar-se WISIUM.

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


CURSO “ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS” • Numa organização conjunta da FMV de Lisboa, SCS e IACA, de 31 de Março de 2017 a 23 de Março de 2018, realizou-se a formação avançada “Alimentação de Suínos”, constituída por 3 Módulos / 10 Blocos de matérias (ver programa na pág. seguinte), correspondendo a cerca de 60 horas de aulas. • O curso decorreu nas instalações da FMV na Ajuda, em Lisboa, com a participação de 40 alunos com várias formações académicas. Reuniu um conjunto diversificado de formadores, entre académicos e profissionais do setor. As empresas ligadas à SPMA / IACA tiveram uma importante participação: TNA (Luís Baptista, Sandra Chamusco, Isabel Antão), Eurocereal (Pedro Folque, Isabel Lopes), Vetalmex (Joan Mesià), DIN (João Almeida), Tecnipec (João Barreto), Invivo-Nsa (Paquete Nunes, Luís Flores), além da assessora técnica da IACA, Ana Cristina Monteiro. • A duração do curso (1 ano) permitiu fazer ajustamentos ao programa inicial, em função de necessidades específicas. Por exemplo, considerou-se importante tratar o atual tema “Redução da utilização de antimicrobianos”, pelo que foram feitas duas intervenções através dos drs. Manuel Joaquim e António Palomo Yague. • Foram distribuídos aos participantes materiais de apoio (mochila, cadernos) e foram criados o site www.alimentacaosuinos.com onde foram colocadas todas as apresentações e um fórum de discussão e uma Newsletter que permitiu o envio de diversas informações. • No último dia do curso, foi feito o seu encerramento pelos representantes das organizações envolvidas, prof. Cardoso Lemos (FMV), prof. Alfaro Cardoso (SCS) e engª. Cristina de Sousa (IACA). Nas suas intervenções destacaram a importância que este tipo de cursos pode ter para os técnicos do setor, em particular para aqueles que estão a começar a sua atividade profissional. Realçaram também, que organizações desta natureza são um bom exemplo da colaboração que deve existir entre a Universidade e a Indústria. • A participação nesta formação conferiu um certificado de frequência aos alunos que tiveram um mínimo de presenças. A avaliação académica de conhecimentos era opcional e conferia um diploma de 5 ECTS. Inscreveram-se 24 alunos e como o mérito deve ser realçado, ficaram no “quadro de honra” deste curso: Bruno Penha (3F), Gonçalo Rodrigues (Unirações) e Fábio Silva (Suinimais). A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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PROGRAMA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS - 31 de março de 2017 a 23 de março de 2018

MÓDULO 1 Bloco 1 – NUTRIÇÃO (31 Março 2017) 1.1- Bases fisiológicas da digestão dos alimentos. (Luís Ferreira) [FMV] 1.2 - Nutrição energética. (Luís Ferreira) [FMV] 1.3 - Nutrição proteica. (Luís Castro Solla) [Cons.] 1.4 – Ingestão voluntária de alimentos. (Rui Caldeira) [FMV] 1.5– Nutrição mineral e vitamínica. (Luís Ferreira) [FMV] 1.6– Balanço eletrolítico (Pedro Folque) [Eurocereal/IACA]

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MÓDULO 1 Bloco 3 – ADITIVOS ALIMENTARES (26 Maio 2017) 3.1 – Aditivos em alimentação animal (Luís Castro Solla) [Cons.] 3.2 – Sequestrantes de micotoxinas (Esther Hernandez) [Nutega] 3.3 – Enzimas (Carlos Fontes) [FMV] 3.4 – Pré-misturas nutricionais (Luís Castro Solla) [Cons.] 3.5 – Controlo de aditivos e pré-misturas (E.Hernandez) [Nutega]

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MÓDULO 2

ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS - 31 de março de 2017 a 23 de março de 2018

MÓDULO 1 Bloco 2 – MATÉRIAS-PRIMAS (21 Abril 2017)

2.1 – Glúcidos e Lípidos. (Luís Ferreira) [FMV] 2.2 - Sistemas de valorização de alimentos. (Rui Bessa) [FMV] 2.3 – Matérias primas energéticas. (Gonzalo Mateos) [UPM] 2.4 – Matérias primas proteicas e fibrosas (Gonzalo Mateos) [UPM] 2.5 – Matérias primas minerais (Gonzalo Mateos) [UPM]

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MÓDULO 2 Bloco 4 – NECESSIDADES NUTRICIONAIS E MANEIO ALIMENTAR (9 Junho 2017) 4.1 – Natureza das necessidades nutricionais. (Luís Ferreira) [FMV] 4.2 – Metodologias na determinação das necessidades. (Luís Ferreira) [FMV] 4.3 – Necessidades das diferentes fases. (Luís Ferreira) [FMV] 4.4 – Genética e alimentação. (Luís Telo da Gama) [FMV] 4.5 – Maneio alimentar. (Rui Caldeira) [FMV] 4.6 – Métodos de aferição do plano alimentar. (Rui Caldeira) [FMV]

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MÓDULO 2

Bloco 5 – MODELIZAÇÃO E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS (29 Setembro 2017)

Bloco 6 – ALIMENTAÇÃO PRÁTICA DE SUÍNOS (20 Outubro 2017)

5.1 – Modelização das necessidades nutricionais. (Rosil Lizardo) [IRTA] 5.2 – Fibra Dietética. (Gonzalo Mateos) [UPM] 5.3 – Porcas reprodutoras. (Gonzalo Mateos) [UPM] 5.4 – Leitões e porcos de engorda. (Gonzalo Mateos) [UPM] 5.5 – Alimentação liquida. (Rosil Lizardo) [IRTA]

6.1 – Futuras reprodutoras. (Sandra Chamusco) [TNA] 6.2 – Porcas em gestação. (António Pargana) [Nutral] 6.4 – Porcas em lactação. (João Barreto) [Tecnipec/IACA] 6.3 – Transições gestação / lactação / gestação. (Pedro Folque) [Eurocereal/IACA] 6.5 – Varrascos em produção. (Pedro Folque) [Eurocereal/IACA] 6.6 – Leitões até aos 30 kg de peso. (Pedro Barreiros) [DIN] 6.7 – Porcos em crescimento e acabamento. (Luís Paquete Nunes) [INVIVO]

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MÓDULO 3

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MÓDULO 3

Bloco 7 – LEGISLAÇÃO E FORMULAÇÃO DE ALIMENTOS (24 Novembro 2017)

Bloco 8 – FABRICO E CONTROLO DE ALIMENTOS (19 Janeiro 2018)

7.1- Legislação e tipo de alimentos. (Maria João Fradinho) [DGAV] 7.2 – Rotulagem e segurança alimentar. (Ana Monteiro) [IACA] 7.3 – Redução do uso de alimentos medicamentosos: desafios e consequências. (Manuel Joaquim) [Sustaurusvet/SCS] 7.4 – Alimentação e sanidade. (António Palomo) [Setna] 7.5 – Formulação prática de alimentos para suínos. (Luís Baptista/António Manuel Machado) [TNA/IACA/NKMix]

8.1- Fabrico de alimentos, qualidade de produtos e novas tecnologias. (Joan Mesià Garcia) [Vetalmex] 8.2 – Controlo do processo de fabrico. Tecnologia NIR. (Isabel Antão) [TNA] 8.3 – Controlo analítico de alimentos para animais. (Isabel Lopes) [Eurocereal] 8.4 - Higienização de alimentos e controlo microbiológico. (Joan Mesià Garcia) [Vetalmex]

Faculdade de Medicina Veterinária - Formação Avançada

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ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS - 31 de março de-2017 a 23 de março de 2018 Faculdade de Medicina Veterinária Formação Avançada

MÓDULO 3

ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS - 31 de março de -2017 a 23 deAvançada março de 2018 Faculdade de Medicina Veterinária Formação

MÓDULO 3

Bloco 9 – DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS E EFICIÊNCIA ALIMENTAR (23 Fevereiro 2018)

Bloco 10 – ALIMENTAÇÃO: Saúde, Ambiente e Sustentabilidade (23 Março 2018)

9.1- Água em suinicultura. (Laura Silva) [Lab.Tomáz] 9.2 – Extensivo: bases para uma boa eficiência. (João Almeida) [DIN] 9.3 – Equipamentos para distribuição de alimentos. (Tânia Lopes) [Cons.] 9.4 – Eficiência alimentar: pontos críticos. (Tânia Lopes) [Cons.] 9.5– Avaliação da eficiência alimentar I (Sales Luís) [Agrupalto] 9.6 – Avaliação da eficiência alimentar II (Pedro Lopes) [PMS]

10.1 – Alimentação e bem-estar animal. (Luís Flores) [Setna] 10.2 – Alimentação e saúde intestinal. (Gerardo Santomà) [Trouw] 10.3 – Alimentação e qualidade de produtos. (Cardoso Lemos) [FMV] 10.4 – Nutrição e imunidade: o papel dos antioxidantes. (Ana Lourenço) [UTAD] 10.5 – O futuro da “Alimentação de Suínos”. (Gerardo Santomà) [Trouw]

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

LANÇAMENTO DA PORTUGAL INSECT A Associação Portuguesa de Produtores e Transformadores de Insetos – Portugal Insect,

O local escolhido para o lançamento foi a EZN, por ter sido o Instituto que desde o primeiro momento em que conheceu o projeto de utilização de insetos na alimentação animal e

utilização de insetos para a alimentação animal e humana, contando para já com o seu

humana o acarinhou e permitiu que o mesmo desse os primeiros passos e se desenvolvesse.

projetos empresariais fundadoras, tendo sido abordados temas como o Papel dos Insetos na

na Produção, Transformação e Utilização de Insetos para a Alimentação Animal, publicação coordenada pela DGAV e com lançamento previsto para 24 de Setembro, e o Dia Internacional dos Insetos Edíveis, evento organizado pela Portugal Insect e previsto para o dia 23 de Outubro. Para mais informações ou esclarecimen-

dos fundadores destas 3 empresas/projetos empresariais e concluíram que seria importante que Portugal tivesse uma Associação

Alimentação Humana e Animal, sendo um dos principais focos do debate, que contou com a

tos sobre esta nova Associação contacte direcao@portugalinsect.pt

que representasse este novo sector, que embora muito reduzido, apresenta fortes

legislação aplicável à produção, transformação e utilização final dos insetos. Neste aspeto, apesar da legislação aplicável à produção e utilização de insetos na alimentação animal ser clara, o mesmo não se passa na vertente humana, onde existe alguma controvérsia e

foi fundada a 17 de Maio de 2018 e teve o seu lançamento oficial no dia seguinte na Fonte Boa – Estação Zootécnica Nacional (EZN), polo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) no Vale de Santarém. O desenvolvimento de uma Associação como a Portugal Insect teve o seu início na reunião anual da Associação Internacional de Produtores de Insetos para Alimentação Humana e Animal (IPIFF), onde se encontraram alguns

perspetivas de crescimento acelerado. Assim, esta Associação tem como fim promover o progresso da produção e utilização de insetos como fonte nutricional para animais e humanos, e outros fins industriais, tendo em vista a promoção do setor empresarial da pro-

Desta forma, a sessão de lançamento foi presidida pela Doutora Olga Moreira, Coordenadora da EZN, e contou ainda com apresentações de membros das três empresas/

presença de uma forte delegação da DGAV, a

uma situação atualmente desigual entre os diferentes Estados membros.

dução e transformação de insetos e o desenvolvimento socioeconómico do País. Aquando da sua fundação integrava três empresas/projetos na área de produção e transformação de

No final do evento foi possível reunir um grupo significativo de interessados e potenciais associados, tendo sido agendada a primeira Assembleia Geral que decorreu no dia

insetos, dois dedicados à produção de insetos para a alimentação humana (Nutrix e Portugal-

9 de Julho e de onde saíram os primeiros Corpos Sociais.

Bugs) e uma empresa dedicada à produção de insetos para a alimentação animal (EntoGreen).

O grande objetivo da Portugal Insect para 2018 passa pela promoção da produção e

SOCIEDADE PORTUGUESA DE CIÊNCIAS VETERINÁRIAS DEDICA SEMINÁRIO À UTILIZAÇÃO DE INSETOS EM ALIMENTAÇÃO ANIMAL A Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias (SPCV) é uma Sociedade científica portuguesa centenária, tendo sido fundada em 1902, e ocupado uma posição preponderante no sector médico-veterinário português numa época em que ainda não existia nem a Ordem dos Médicos Veterinários nem o Sindicato dos Médicos Veterinários, representado 44 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

assim o sector tanto a nível científico como profissional. Contudo, esta situação veio a alterar-se e o papel atual da SPCV pauta-se essencialmente pela promoção e divulgação científica veterinária, e áreas afins, mantendo o seu foco no acompanhamento dos principais progressos técnicos e científicos na área da Medicina Veterinária em Portugal.

envolvimento em dois eventos do sector, o Lançamento do Manual de Boas Práticas


Foi por esta razão que a SPCV dedicou no passado mês de Julho um evento dedicado ao papel dos insetos na produção animal, procurando assim acompanhar os progressos que têm sido dados nessa área tanto em Portugal como no resto da Europa. Desta forma, este evento da SPCV, que teve lugar na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, contou com uma dupla abordagem. Na primeira parte foram apresentados os insetos como nova espécie zootécnica, e o seu potencial de produção, tanto para a alimentação humana como animal. Neste primeira parte do evento contou-se com a participação da Doutora Maria Otíla Carvalho, do Instituto Superior de Agronomia que abordou o papel dos insetos como espécies produtoras de géneros alimentícios, e do Doutor Daniel Murta, da EntoGreen, que abordou a produção e utilização de insetos na alimentação animal, focando alguns dos principais resultados do

Projeto EntoValor, projeto em co-promoção

da Faculdade de Medicina Veterinária da Uni-

financiado no âmbito do PT2020 e liderado por esta empresa. Já a segunda metade do Seminário focou os insetos como ameaça e risco para as produções pecuárias, papel tradicionalmente ocupado por estes animais, tendo contado com uma apresentação do Doutor David Ramilo,

versidade de Lisboa, e do Dr. Gonçalo Alves, da Bio2Health. A SPCV conta manter o contacto com o desenvolvimento deste sector e promover o aumento e conhecimento técnico-científico nesta área com forte potencial de crescimento em Portugal.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

PORCO D’OURO Mais do que uma Festa: um instrumento de valorização da suinicultura nacional A 3ª Gala Porco D'Ouro realizou-se num ambiente muito salutar e de grande convívio, de cumplicidade entre todas as organizações e entidades públicas que tutelam o Setor e que todos dias também trabalham para que a Suinicultura seja cada vez mais reconhecida e prestigiada, nem sempre como gostaríamos, uma vez que ainda temos um excesso de burocracia, de capelinhas e de estrangulamentos, que urge limar e resolver. Desde logo os de natureza ambiental, como o problema dos efluentes (a IACA também partilha e subscreve as posições da FPAS já transmitidas ao Governo), com os olhos colocados na exportação, sem esquecer o mercado interno, com a forte aposta no Porco.pt que todos queremos que seja um sucesso.

midores, desmistificar fundamentalismos que vamos lendo na comunicação social e nas redes sociais, reduzir a dependência externa. E sobretudo agora, em que para além da imagem da atividade pecuária em alguns setores da Sociedade (todos os dias surgem relatórios sem bases científicas a apelar à redução do consumo de carne e à diminuição dos efetivos, ou a contestar

Os recados do Presidente Vitor Menino foram bem atuais e

o abate dos animais), temos ainda as questões do sal, açúcar e

oportunos, e as mensagens ao longo da noite, incluindo o dis-

gorduras, muito ligadas à nutrição e saúde pública, os semáfo-

curso do Secretário de Estado, mostraram que temos um Setor

ros nutricionais, que não deixarão de ter impacto nos nossos

que é importante no panorama agroalimentar nacional, que cria

produtos e desde logo nos produtos transformados. E, receio

riqueza, valor e emprego, gera inclusão, no qual é possível acre-

bem, na reputação do Setor.

ditar e construir Futuro.

A adesão das organizações a esta iniciativa trazida para Portugal

Esperemos que esta avaliação possa ser refletida no próximo

em 2015 pela FPAS tem sido positiva, os resultados são anima-

Quadro Comunitário de Apoio pós-2020, num contexto em que

dores, mas é preciso sensibilizar as explorações e os produtores,

se irão privilegiar os temas do território, ambiente e alterações

não é demérito não vencer, pelo contrário, é importante comparar

climáticas.

e aprender com os melhores, olharmos para a nossa realidade e

Destacamos ainda o momento, mais do que simbólico, em que

definir metas e estratégias, com humildade, corrigir, ler os sinais.

os representantes das Organizações da Fileira (FPAS, IACA e

Não sei se o mercado valoriza os premiados, mas seguramente

APIC) subiram ao palco e deram as mãos, disponíveis para (re)

não denigre nem penaliza os que não venceram.

construir um verdadeiro Interprofissional para que não se perca

Em termos pessoais, penso que todos os que se candidatam são

mais tempo, daquele que ainda (nos) resta e que ainda é possível. Não é preciso ir muito longe, basta acompanhar o trabalho que tem sido tão bem desenvolvido pelos colegas espanhóis e não faltam os seus exemplos, testemunhos e apoios. Será que não nos conseguimos entender por esta causa? Esta seria, a par da excelente noite e Memorial do Convento, a grande vitória da 3ª Gala do Porco D'Ouro. Depois de tanto anos e provavelmente muitos mal-entendidos já era tempo de nos entendermos. Creio que é isso que os Associados esperam de todos e mais do que o simbolismo, aquele terá sido um momento de responsabilidade e obrigação de se fazer diferente. Vale a pena valorizar o que nos une e deixar de lado o que nos diferencia. O que nos deve motivar, parece evidente: valorizar o setor da carne de porco, promover a sua imagem nos consu46 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

vencedores, arriscam, não têm medo de ser "comparados" e certamente que aprendem e corrigem estratégias, tornam-se mais competitivos: na alimentação, maneio e gestão das explorações,


genética, mão-de-obra, sanidade, instalações. Modernizam-se.

A IACA agradece e, temos a certeza, os consumidores e

Elevam o setor para novos patamares de evolução e de susten-

Portugal.

tabilidade. Afirmam o nosso País no panorama internacional e a

Jaime Piçarra

certeza de que somos tão bons como os melhores. Apesar dos detratores (alguns movimentos serão moda, outros tenderão a permanecer, pelo que importa reagir), tenho um enorme orgulho em estar ligado à produção animal e em testemunhar a evolução do Setor da alimentação animal e da atividade pecuária em todas as suas vertentes, o esforço e capacidade que têm vindo a empreender para dar resposta aos desafios ambientais, de higiene e bem-estar animal e segurança alimentar, preocupados com a satisfação dos consumidores. Indicadores de evolução e de eficiência que se confirmam no Porco D’Ouro, pelo que os novos prémios a introduzir deverão ter em vista estas preocupações e deste logo o bem-estar e sustentabilidade. Sim, por tudo aquilo que ficou dito, pelas ameaças, mas também pelas oportunidades, desde logo de comunicação e exposição que também existem, cada vez faz mais sentido este evento. Não há que desistir. É a aprender que crescemos, sem medo

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

GOEFLUENTES – EFLUENTES DE PECUÁRIA: ABORDAGEM ESTRATÉGICA À VALORIZAÇÃO AGRONÓMICA/ ENERGÉTICA DOS FLUXOS GERADOS NA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA INTRODUÇÃO O projeto GoEfluentes é uma parceria de várias entidades publicas, nomeadamente centros de investigação e Universidades nacionais, com entidades privadas, nas quais se inclui a IACA, coordenado pelo INIAV, Estação Zootécnica Nacional. Este projeto que teve início em janeiro de 2018 e com duração de três anos, pretende desenvolver uma abordagem integrada dos sistemas intensivos de produção animal, que visará a redução e valorização dos fluxos gerados na atividade agropecuária, considerando-os como um recurso a incluir nas unidades de produção animal/agrícola e florestal.

DIAGNÓSTICO DA REALIDADE

ficas: elevadas temperaturas durante o Verão,

mia circular, no sistema de fluxos gerados, os

com previsão de um aumento médio de 0,5 ˚C

efluentes/estrumes serão reintroduzidos no

por década; diminuição em cerca de 80% da

ciclo do carbono como um recurso valorizado.

precipitação e consequentemente aumento da frequência e intensidade das secas; erosão e lixiviação dos nutrientes dos solos;

OBJETIVOS DO PROJETO

solos com valores de matéria orgânica muito

Com este projeto pretende-se atuar nos três

baixos e que se perde rapidamente, devendo

sistemas de produção considerados com

a sua qualidade ser melhorada. A toda esta

maior impacto ambiental: bovinos de leite,

problemática, associa-se o peso da legislação

suínos e aves. Inclui na sua parceria 4 enti-

imposta pela UE (Diretivas Nitratos, Água,

dades do sistema científico e tecnológico

Teto de Emissões, etc.).

nacional: INIAV, ISA, UTAD e UÉvora; 3 Fede-

As políticas europeias têm evoluído no sentido

rações/Associações (FPAS, APCBR e IACA), 3

de diminuir os impactos da produção animal no ambiente, como resposta às pressões exercidas por grupos ambientalistas, ONGs, etc, mas também devido a uma maior consciencialização em relação ao meio envolvente,

A produção animal tem sido, desde há muito,

ambiente, saúde e bem-estar animal.

decisiva para a sustentabilidade dos sistemas

Neste âmbito foi imposta uma revisão das

agrícolas tradicionais não só pela utilização

estimativas de emissões (CH4, NH3 e N2O)

de alimentos, que não competindo com a ali-

relacionadas com a gestão de efluentes

mentação humana, são transformados em pro-

pecuários (bovinos, suínos e aves). Haverá

dutos de origem animal (carne ou leite), mas

que compatibilizar os conceitos dos sistemas

também, pelo fornecimento de corretivos para

de gestão de efluentes e validar valores nacio-

o solo (estrumes), que reciclam cerca de 70%

nais para diferentes técnicas de gestão dos

dos nutrientes, os quais não sendo digeridos

efluentes, com adequada caraterização dos

se perdem nas excreções animais. Porém, a

sistemas e modo de produção das espécies

intensificação destes sistemas, originou uma

pecuárias (período de estabulação/pasto-

perda global de nutrientes a vários níveis:

reio, armazenamento/ tratamento, tempos de

concorrência com a utilização de cereais para

retenção e destino final), para estimativas de

consumo humano, baixa eficiência digestiva

emissão de GEE e outros poluentes atmos-

por parte dos animais, excesso de excreta e

féricos, suportada por fontes de informação

impacto ambiental negativo quando o maneio

apropriadas e robustas.

é inadequado ou quando se verifica uma des-

Considerando a importância económica, ali-

carga imprópria ou acidental de efluentes. É um facto que existem regiões com elevadas concentrações de explorações, o que limita as áreas disponíveis para valorização dos resíduos.

mentar e ambiental do sector agropecuário e os desafios que este enfrenta, esta iniciativa conjunta envolvendo instituições relevantes do setor pretende criar oportunidades de implementação de soluções concretas para

Grupos de produção: de aves (Campoaves), de suínos (Ali Rações) e bovinos ( Valorgado) e 3 empresas: consultadoria ambiental (TTerra), valorização de efluentes por compostagem (Siro/Leal & Soares, SA) e por biodegradação (Ingredient Odyssey). Os parceiros participarão nas ações propostas com diferentes níveis de envolvimento, consoante a sua área de atividade e expertise. Os objetivos deste projeto passam pela valorização de um recurso, focada nos interesses que convergem na produção e gestão adequada e integrada dos fluxos gerados nos sistemas agropecuários (sociais, políticos, económicos, técnicos e ambientais), assegurando o desenvolvimento sustentável, a nível regional/nacional. Em todos os passos relacionados com a gestão destes fluxos (produção, recolha, armazenamento, tratamento/valorização, transferência e utilização nas condições locais), o objetivo será reduzir a sua eliminação otimizando a utilização de recursos naturais e reciclar. A identificação (pela definição de indicadores), quantificação e hierarquização de fluxos, permitirão balanços de nutrientes nas explorações e consequente gestão sustentável. Como objetivos específicos este trabalho

Os conceitos de “economia circular” e “resíduo

aumentar a eficiência de utilização de água

zero” estão na ordem do dia e assumem uma

e nutrientes, reduzir efeitos ambientais e

passa pelo:

maior importância nos países Mediterrânicos

valorizar o que até há pouco tempo era con-

1. Desenvolvimento de uma metodologia para

pelas suas caraterísticas climáticas e geográ-

siderado desperdício. Num modelo de econo-

mapeamento da gestão dos fluxos gerados

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


nos sistemas agropecuários, focada em informação descritiva, no desenvolvimento de relações entre os sistemas de produção e de gestão de efluentes e na legislação e constrangimentos à sua aplicação. 2. Desenvolvimento de uma visão geral sistemática da gestão dos fluxos gerados nos sistemas agropecuários, visando estabelecer um padrão de previsão do cenário de produção e caraterização, a longo prazo, dos ecossistemas e das atividades pecuárias, em regiões específicas. 3. Instalação de Unidades de Experimentação/Demonstração que respondam a questões específicas de gestão/valorização de efluentes e que ajudem os diferentes atores no cumprimento das imposições legais. 4. Contributo para o Inventário Nacional de Emissões com dados nacionais específicos: monitorização, comunicação e verificação das emissões. 5. Informação espacial, relativa aos sistemas de gestão de efluentes (armazenamento, tratamento, aplicação) para: sensibilização dos diferentes atores; estimativa precisa das emissões; benchmarking; identificação da região e de opções de mitigação específicas; abordagem uniforme em estudos de cenários.

AÇÕES A DESENVOLVER As ações a desenvolver no âmbito deste projeto, com vista a cumprir os objetivos propostos são: Ação 1. Caraterização dos sistemas de produção intensiva: Testagem e aplicação de inquéritos; Base de dados e tratamento dos resultados. • Levantamento da informação disponível atualizada para servir de base à construção do “Roteiro de gestão dos fluxos de materiais nos sistemas agropecuários”. • Caraterização das diferentes funções dos sistemas de produção/gestão de fluxos gerados na atividade agropecuária. • Quadro de gestão de efluentes; combinação de várias fontes de dados (estatísticos, inquéritos, entrevistas, descrições gerais, informação de especialistas, entre outros que se considerem adequados). A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

Ação 2. Medidas de mitigação das emissões: Estudos de inibidores da produção e de controlo de emissões de N2O, NH3 e CH4. O software BATFARM foi desenvolvido com o principal objetivo de otimizar as melhores técnicas disponíveis (MTD) para mitigar

renças na alimentação, instalações, maneio, etc., que estão na origem do estrume. • Biodegradação por larvas de mosca soldado negra: desenvolvimento de um protótipo de

os impactes ambientais do setor pecuário, aumentando a competitividade do setor com

valorização de estrumes (biodigestores) e aplicação em 3 explorações, (suínos, bovinos e aves), para comparação dos níveis de eficiência e capacidades de conversão (dose

base no conceito de economia circular. Será testado pelos produtores dos diferentes seto-

de larvas, volume e tipo de estrume, tempo de biodigestão, etc.). Os protótipos serão

res (bovinos, suínos e avícolas), para sensibilização do problema das emissões de GEE e amoníaco, permitindo examinar os resultados e estabelecer abordagens de implementação

operados remotamente, as larvas recolhidas após digestão e os substratos biodigeridos

das MTD. Este software considera todas as etapas da produção e atividades complementares (alojamento, armazenamento, tratamento e espalhamento, pastagem) de instalações de suínos, bovinos e aves. Serão efetuados ensaios adicionais a alternativas de mitigação de emissões de GEE e NH3 para complementar informação requerida pelo BATFARM. Ação 3. Valorização de efluentes: Compostagem de estrumes de bovino; Digestão anaeróbia e biodegradação por larvas de BSF de efluentes pecuários. • Desenvolvimento de processos de digestão anaeróbia de chorumes e de outras frações biometanizáveis, e a demonstração do valor agronómico do produto digerido. • Valorização energética de biogás. • Compostagem: Constituição de 2 lotes de estrume de bovino e avaliação do desenvolvimento do processo, análise da composição final do corretivo orgânico e posterior valorização agronómica, tendo em conta as dife-

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

posteriormente aplicados nos solos. Ação 4. Estudos de impacto socioeconómico e de multicritérios: Estudos de impacto económico; Análise de competitividade a nível setorial; Avaliação de multicritérios (económicos, sociais e ambientais). Inclui análise custo benefício das medidas desenvolvidas. Ação 5. Atividades de demonstração/disseminação: Instalação de campos e explorações de demonstração (referidas nas Ações 2 e 3); Disseminação e transferência de tecnologia; criação de uma plataforma digital. A plataforma digital permitirá simplificar os procedimentos, e promover sinergias entre os dois setores (produtores de efluentes e proprietários de parcelas recetoras): o proprietário de terras e o produtor pecuário registam-se na plataforma e fornecem a respetiva informação, que é trabalhada pelo backoffice. Com base na localização da exploração e distância ótima para a transferência do efluente serão identificadas as parcelas disponíveis para receber o efluente pecuário, e a quantidade máxima que a parcela poderá receber.

CONCLUSÃO Os resultados deste projeto serão divulgados na Plataforma da Rede Rural Nacional, como estipulado na legislação e também na Plataforma da PEI AGRI. As Federações e Associações envolvidas contribuirão para a identificação de explorações de demonstração, cujas boas práticas possam ser seguidas por outros atores. Será da responsabilidade dos associados, técnicos, autarquias e agentes económicos a divulgação dos resultados e o aconselhamento técnico das boas práticas a adotar, visando a competitividade das explorações e a valorização dos bio resíduos/efluentes. Serão desenvolvidas ações de divulgação e demonstração com o objetivo de dar a conhecer o mais transversalmente possível os resultados deste projeto. Os dados serão também divulgados através das revistas, propriedade das Federações e Associações (p. ex. Suinicultura, Vaca Leiteira; Alimentação Animal), havendo uma divulgação permanente da evolução das atividades do GO a nível do portal que se pretende criar (www.goefluentes.com) e dos portais das Federações e Associações envolvidas. Entidades envolvidas e seus representantes: INIAV – Olga Moreira; ISA – Elizabeth D’Almeida Duarte; UTAD – Henrique Trindade; UÉvora – Vasco Fitas; FPAS – João Bastos; IACA – Ana Monteiro; APCRF – Samuel Pinto; Valor Gado – Vitor Menino; Ali Rações – Nuno Alegria; Campo Aves – Helena Coelho; TTerra – Maria João Figueiredo; Siro – Cecília Nestler; Entogreen – Daniel Murta


ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

SOJA DE PORTUGAL COMEMORA 75 ANOS A Soja de Portugal, grupo de referência no setor da indústria agroalimentar, comemorou 75 anos de história no dia 08 de julho. “Orgulho no passado, solidez no presente e olhos postos no futuro” são o lema do grupo empresarial português. A Soja de Portugal, grupo que opera nas áreas de nutrição animal, carne de aves, recolha, tratamento e valorização de subprodutos de origem animal, celebrou 75 anos a 08 de julho. Nascida em 1943, na cidade de Ovar, hoje engloba algumas das mais relevantes empresas do setor agroindustrial português, tais como a Sorgal, a Avicasal e a Savinor.

Todos os anos apoia inúmeras causas e entidades locais onde se

Para António Isidoro, CEO da Soja de Portugal, “Estes 75 anos

encontra inserida, através da atribuição de donativos; envolvimento

simbolizam o crescimento, a inovação e a afirmação de um

dos colaboradores em iniciativas sociais, culturais, ambientais,

grupo nacional num mercado interno e externo cada vez mais

de educação e de desporto; apoio a associações de proteção de

exigente e competitivo, sendo que os resultados alcançados nos

animais, escolas, bombeiros, entre outros. O objetivo é contribuir

levam a acreditar que estamos no caminho certo. Hoje, relações

para uma clara melhoria da qualidade de vida das comunidades

de excelência e marcas fortes no setor, aliados a uma equipa

onde estão presentes.

de 650 colaboradores, permitem-nos ter uma visível presença

Além disso, a Soja de Portugal apoia ainda programas de pré-

nacional e internacional, 158 milhões de euros de volume de

mios de mérito escolar, a par de parcerias com universidades

negócios e 25% de exportações para mais de 20 países, são

e centros de investigação, e contribui para o desenvolvimento

números que nos deixam orgulhosos”.

local sustentável apoiando clubes desportivos e diversas ini-

Para a Soja de Portugal, 75 anos de história resultam hoje em

ciativas locais.

11 empresas, cinco áreas de negócio, com fábricas e instalações

Com o lema “orgulho no passado, solidez no presente e olhos

em vários pontos do país, nomeadamente, em Ovar, São Pedro

postos no futuro”, a Soja de Portugal reforça os seus objetivos a

do Sul, Trofa, Oliveira de Frades, Torres Novas, Pinhel, Viana do

médio-longo prazo, que passam por continuar a crescer e a supe-

Castelo e Vouzela.

rar os bons resultados alcançados até à data. Foram 75 anos de

A par da vertente económica e empresarial fortemente inovadora

desenvolvimento constante de atividades assentes na fidelidade

e dinâmica no setor agroalimentar que tem desenvolvido ao longo

e confiabilidade na relação com os clientes e parceiros; inovação

dos anos, a Soja de Portugal orgulha-se ainda de incluir, na sua

dos produtos e processos; gestão de risco; e sustentabilidade e

atuação, a Responsabilidade Social e Ambiental.

eficiência operacional, que o grupo deseja manter.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

ALLTECH IMPULSIONA SOLUÇÕES “ON FARM” EM PORTUGAL COM NOVA LOJA NA PÓVOA DE VARZIM O Dia Aberto Alltech, organizado a 14 de Setembro, reuniu várias dezenas de clientes e parceiros que se juntaram à equipa da Alltech para inaugurar a primeira loja da empresa em Portugal, localizada na Estela, concelho da Póvoa de Varzim.

e pro-bióticos, sem resíduos, para aplicação em todas as culturas. A gama de produtos atua no estímulo da saúde do solo, no incremento da energia das plantas para produzir mais e melhor e estimula a sua proteção contra fungos, bactérias e pragas.

Situada no coração da mais dinâmica zona de produção hortícola da região Norte e a poucos quilómetros da maior bacia produtora de leite do país – Póvoa de Varzim, Barcelos, Vila do Conde –, a nova loja da Alltech, inclui balcão de aconselhamento e venda ao público, armazém e escritórios.

Na componente animal, fazem parte do portfólio da Alltech, entre outros, produtos derivados da levedura Saccharomyces cerevisiae SP. 1026, incorporados nas dietas de animais monogástricos e ruminantes para suportar a integridade intestinal e melhorar o desempenho geral do animal, ou, por exemplo, absorventes de micotoxinas para mistura em rações.

A abertura da nova loja está alinhada com a estratégia da Alltech de trabalhar cada vez mais diretamente com os agricultores, nos seus locais de produção, posicionando as soluções face às necessidades diárias das explorações agropecuárias, com acompanhamento técnico permanente. «A nossa estratégia de soluções “on farm” consiste em levar a tecnologia diretamente às explorações dos agricultores e ajudá-los a produzir de forma mais eficiente e rentável, usando produtos sem resíduos», afirma Francisco Castanheira, responsável da Alltech para a região Norte de Portugal, onde a empresa conta com uma equipa de 6 técnicos. Por exemplo, nas visitas realizadas às explorações leiteiras, a equipa da Alltech usa ferramentas de apoio à decisão para aconselhar os agricultores. É o caso do X-NIR (equipamento de análise rápida à ração animal, com base em raios infravermelhos próximos) ou das termo câmaras (detetam fungos e leveduras nos silos, através de leitura térmica). «A equipa da Alltech em Portugal cresceu e fazia sentido termos uma base no Norte, atendendo às características das explorações agrícolas e pecuárias do Entre Douro e Minho – de pequena dimensão e geograficamente muito próximas entre si. Aqui percorremos 50 kms e, rapidamente, visitamos um terço da produção nacional de leite», exemplifica Francisco Castanheira. O vereador da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Luís Ramos, que esteve presente na inauguração da loja Alltech, congratulou a empresa por investir neste concelho e disponibilizou o «apoio do município para potenciar o trabalho da Alltech e, com isso, ajudar a Horticultura e a Pecuária do concelho a dinamizar-se».

Soluções Alltech O Dia Aberto Alltech visou também dar a conhecer as várias áreas de negócio desta empresa multinacional, que desde a década de 80 se dedica à investigação e desenvolvimento de soluções para nutrição e saúde vegetal e animal. Os seus produtos, de origem natural, derivam de uma estirpe de levedura – Saccharomyces cerevisiae SP. 1026 – e são usados na prevenção de fungos, bactérias e micotoxinas, entre outros fins, ajudando a promover o crescimento saudável dos animais e das plantas. Na componente vegetal, a Alltech Crop Science dispõe de uma linha de soluções bioestimulantes naturais, à base de derivados de leveduras 52 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


Mais recentemente, a Alltech adquiriu uma marca de Unifeeds, equipados com sensores que garantem a rastreabilidade do arraçoamento, detetando eventuais falhas na execução da dieta prescrita. «O nutricionista faz a fórmula e se houver um erro no momento da mistura da ração, ele é detetado pela nossa central de recolha de informação na Galiza e é dado um alerta ao nutricionista ou ao agricultor. É uma ferramenta que visa o equilíbrio e a uniformização da dieta animal», explica Francisco Castanheira. Outra área de negócio da Alltech, menos conhecida em Portugal, é o fabrico de bebidas: cerveja artesanal Kentucky e Fox, bourbon, whisky e gin. A empresa detém destilarias nos EUA, na Irlanda e na China. Os convidados do Dia Aberto Alltech tiveram oportunidade de degustar cervejas de marcas Alltech, que ainda não estão à venda em Portugal.

A opinião dos clientes «A importância da parceria entre a Lacticoop e a Alltech advém de utilizarmos cada vez mais minerais orgânicos na dieta das vacas de leite. Estes produtos dão mais vitalidade aos animais e consequentemente maior produção de leite», João Sousa, responsável de misturas da Lacticoop «Trabalhamos com a Alltech desde 1992, ano em que criámos a nossa unidade de produção de misturas. A Alltech é uma das empresas que tem produtos de excelência para a produção de leite, temos conse-

guido implementar em parceria novas estratégias para melhorar a produção de leite, com muito bons resultados», Ana Gomes, diretora técnica do departamento nutrição animal da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde «Somos parceiros da Alltech e é uma relação que prezo muito, dadas as características inovadoras dos produtos que tem lançado no mercado», Francisco Torrinha, diretor técnico-comercial da Matos Mix, fabricante de alimentos para animais «Trabalhamos há alguns anos com produtos Alltech na componente animal e na produção de milho, dão-nos garantia de fiabilidade e melhores resultados em produtividade e qualidade», Artur Castro, Cooperativa Agrícola de Guimarães «Uso produtos Alltech há 4 anos, conquistaram a minha confiança, porque oferecem uma alternativa para produção biológica, garantindo colheitas de qualidade e com segurança alimentar testada, capazes de satisfazer os clientes mais exigentes», Manuel Almeida, vice-presidente da Horpozim «Uso produtos Alltech há 5 anos e desde o início que tenho excelentes resultados na melhoria da produção e da qualidade do tomate», Pedro Eusébio Torres, horticultor na Póvoa de Varzim «Produzo 10 hectares de hortícolas (tomate e cebola) e trabalho com a Alltech há cerca de 6 anos, cujos produtos são excelentes», Carlos Furtado, horticultor na Póvoa de Varzim

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FICHA TÉCNICA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC­‑ 500835411

TRIMESTRAL ­‑ ANO XXIX Nº 105

AGENDA DE REUNIÕES DA IACA

Julho / Agosto /Setembro

DIRETOR José Romão Braz

CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Monteiro Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares

COORDENAÇÃO Jaime Piçarra Serviços da IACA

ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA ­‑ Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E 1050­‑047 LISBOA Tel. 21 351 17 70 Telefax 21 353 03 87

Data

JULHO

9

• Seminário da Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias sobre Insetos uma Visão Médico-Veterinária e Zootécnica na FMV

10

• 5ª Assembleia do Club Português de Cereais Forrageiros de Qualidade no INIAV em Coruche

13

• Reunião de Direção

17

• Seminário CIB “Técnicas de Melhoramento para a Inovação na Agricultura” no Parque das Nações em Lisboa

Data

SETEMBRO

5a7

• Curso IACA/DGAV sobre legislação aplicável ao Setor dos Alimentos para Animais em Ponta Delgada – Açores

6e7

• Colégio Diretores Gerais da FEFAC em Viena • Reunião com a Presidência Austríaca da União Europeia

19

• Reunião de Direção • Seminário IACA/USSEC “A Sustentabilidade: Um Desafio e uma Responsabilidade”

24

• Seminário INIAV lançamento do Manual de Boas Práticas na Produção, Processamento e Utilização de Insetos na Alimentação Animal em Oeiras

www.iaca.pt

26

• Workshop Contributos para a Estratégia de Inovação nos Setores Agricultura, Floresta, Pecuária e Revitalização dos Territórios Rurais no INIAV em Santarém

EDITOR

27

• VII JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL

28

• Workshop sobre Biosegurança na Universidade Lusófona

EMAIL iaca@iaca.pt

SITE

Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA

EXECUÇÃO DA CAPA Eduarda Loureiro

EXECUÇÃO GRÁFICA Sersilito ­‑ Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471­‑909 Gueifães ­‑ Maia

PROPRIETÁRIO Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ­‑ IACA Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E 1050­‑047 Lisboa

DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89

REGISTO EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO

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