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ENTREVISTA

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EDITORIAL

EDITORIAL

PRESIDENTE DO CENTRO DE INFORMAÇÃO DE BIOTECNOLOGIA JORGE CANHOTO

Nesta edição da Revista Alimentação Animal temos em entrevista o líder de uma das entidades cuja atuação é mais determinante para a evolução da agricultura baseada na ciência. Temas tão relevantes como a aprovação da utilização das Novas Técnicas Genómicas na União Europeia (NTG) ou a divulgação da Biotecnologia Verde estão entre as prioridades do CiB e do seu Presidente, o Professor Jorge Canhoto. Conheça-o melhor e saiba o que pensa acerca das questões mais polémicas, atualmente em discussão, no que respeita à aplicação da ciência na agricultura.

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Professor Jorge Canhoto, tendo em conta o seu percurso e as suas áreas de interesse, que objetivos e prioridades vão estar presentes na sua liderança do CiB? Tendo em conta a história do CiB, quais as conquistas desta entidade que considera mais relevantes?

Como está patente no seu nome, o principal objetivo do CiB é a divulgação da Biotecnologia, em particular da chamada Biotecnologia Verde, ou seja, aquela mais relacionada com aplicações agrícolas. O CiB tem tido um papel bastante relevante na divulgação de Biotecnologia junto do público em geral, da comunidade escolar e dos agricultores e empresas agrícolas ou agroindustriais. Tem também procurado alertar os governantes, autarcas e outros agentes políticos para a importância da biotecnologia e o seu interesse na implementação de uma agricultura amiga do ambiente, capaz de assegurar a segurança alimentar dos cidadãos e de proporcionar aos agricultores rendimentos compatíveis com a importância que têm nas sociedades em que vivemos, importância que não se limita a assegurar a produção alimentar, mas que também é crucial na gestão dos territórios do interior.

Numa altura em que muito se fala de sustentabilidade e biodiversidade é importante referir que a Biotecnologia e o Melhoramento de Plantas são duas áreas fundamentais para assegurar que a agricultura se faz cada vez mais de acordo com os objetivos estratégicos da União Europeia para a biodiversidade e para a agricultura espelhados no Green Deal, Estratégia para a Biodiversidade e Estratégia do Prado ao Prato. Importa referir que estes objetivos não vão ser atingidos só com conversa e bonitos planos. É preciso assegurar que os agricultores e os industriais possam responder aos objetivos destas estratégias com as ferramentas que têm disponíveis. E a biotecnologia disponibiliza de facto um conjunto de técnicas que podem e devem ser usadas nesse âmbito.

No que respeita às conquistas mais relevantes, parece-me que elas decorrem daquilo que são os objetivos do CiB. Ou seja, é hoje notório que muitos agricultores têm consciência da importância da Biotecnologia na produção de plantas com novas características que as tornam mais produtivas. O CiB permitiu também que a discussão sobre as técnicas de modificação ou edição genética fossem abordadas numa perspetiva científica, trazendo para a discussão todas as entidades interessadas no tema, e ultrapassando a infantilidade de uma discussão baseada no preconceito contra estas novas tecnologias. Para além disso, os agentes políticos têm encontrado no CiB uma entidade capaz de fornecer informação credível e baseada em argumentos racionais que pode ser usada na tomada de decisões políticas.

De acordo com o que foi dito, as prioridades do CiB continuarão a ser a disponibilização de uma informação atualizada e cientificamente sustentada, no seguimento do que o antigo Presidente, Pedro Fevereiro, e a respetiva direção se empenharam em implementar. Um ponto que merecerá particular atenção será tentar que a edição genética de plantas, vulgarmente conhecida por “Novas Técnicas Genómicas”, possa vir a ser usada em Portugal e nos restantes países da União Europeia, através de uma legislação mais aberta à ciência e à tecnologia. Esta discussão foi recentemente aberta por um estudo realizado pela Comissão Europeia e o último Conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia, mostrou-se favorável à implementação das conclusões deste estudo, que vão no sentido de uma abertura à utilização das referidas técnicas. (continua ...)

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