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A LIMEN TAÇÃO AN IM A L


ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL

AINDA VAMOS A TEMPO DE VIRAR A PÁGINA

António Isidoro Diretor da IACA

ÍNDICE 03 EDITORIAL 04 VISÃO 2030 08 SUSTENTABILIDADE 16 BIOCOMBUSTÍVEIS 20 BIOTECNOLOGIA 26 INVESTIGAÇÃO 32 PANRUAA 40 SFPM 42 NOTÍCIAS NOTÍCIAS DAS 44 EMPRESAS 50 AGENDA

Olhando para os últimos números da nossa Revista, há um sentimento recorrente que me acompanha: preocupação. Preocupação com o futuro do setor, dos mercados, das pessoas que diariamente se dedicam a esta indústria de alma e coração. A necessidade de inovar, de ser mais eficiente, de estar um passo à frente, acompanha-nos desde sempre e dita o caminho a seguir. É um caminho difícil, sem dúvida. Nos últimos anos, tivemos muitos percalços e dificuldades e necessitámos de todas as nossas forças para nos mantermos em atividade. A história da nossa indústria é uma história de superação e de resiliência, da qual nos orgulhamos muito. Mas chegou o “momento de virar a página”. Para garantir um futuro seguro, competitivo e sustentável, a FEFAC apresenta a visão 2030 da indústria dos alimentos compostos, num trabalho de reflexão que envolveu as suas Associações filiadas, entre as quais a IACA, Comités e Grupos de Peritos. Esta visão assenta em três pilares indissociáveis: segurança alimentar, nutrição animal e sustentabilidade. Um dos pontos que deve ser realçado é a convicção de que apenas seremos bem-sucedidos se tivermos o envolvimento de todos os atores da cadeia de valor. As iniciativas não devem partir apenas da indústria dos alimentos compostos, devem, antes, ser inclusivas e integradas. Um exemplo é a questão da redução de medicamentos nas explorações. É possível, através da nutrição animal, alcançar soluções que permitam estimular o sistema imunitário dos animais em produção e melhorar a sua saúde intestinal, com o bónus acrescido do consequente aumento de produtividade da exploração. No entanto, apenas uma abordagem integrada nos permitirá alcançar o sucesso. Estas soluções beneficiarão, sem dúvida, o consumidor final, que está não só cada vez mais preocupado com a sua saúde, mas também com questões relacionadas com o bem-estar animal. Ainda no campo da nutrição animal, apostamos também na flexibilização das formulações, através da utilização de novos ingredientes. Nas célebres palavras de Antoine Lavoisier, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A utilização eficiente de recursos limitados tem sido o foco da investigação, especificamente o aproveitamento inteligente de coprodutos da alimentação humana. Falamos de novas matérias-primas, como as farinhas alimentares, resultantes de quebras na produção de bolachas, por exemplo, ou a produção de farinhas de origem animal de subprodutos de matadouro (para animais de companhia e aquacultura). Com a utilização destes novos ingredientes conseguimos, simultaneamente, contribuir para a economia circular e reduzir a pegada de carbono das nossas explorações, utilizando eficientemente produtos que, de outra forma, seriam tratados como resíduos da indústria alimentar. O papel da investigação em nutrição animal é definir de que forma estes ingredientes devem ser utilizados para assegurar a qualidade e segurança dos nossos alimentos e a saúde e bem-estar animal, nas nossas explorações pecuárias, enquanto, simultaneamente, se reduzem as emissões de poluentes para o meio ambiente. O terceiro eixo de ação em nutrição animal não poderia deixar de ser o aperfeiçoamento do perfil nutricional dos produtos alimentares da pecuária, que é influenciado pela dieta fornecida ao animal. A ciência demonstrou que é possível moldar e ajustar os níveis de ómega 3, tão essenciais na saúde humana, na carne, no pescado e nos ovos. Da mesma forma, micronutrientes essenciais (iodo, selénio, zinco, entre outros) podem ser incluídos nas dietas de forma a estimular a sua deposição na carne, com benefícios para a saúde humana. No entanto, mais uma vez, apenas com o envolvimento de todos os stakeholders será possível rentabilizar uma estratégia desta natureza. O consumidor necessita de ter acesso a mais e melhor conhecimento, para fazer uma escolha informada no momento da compra. Toda esta estratégia terá que ser baseada numa indústria de alimentos compostos inteligente, em que a produção monitorize parâmetros de segurança alimentar, de sustentabilidade, de valor nutricional das dietas, permitindo uma abordagem personalizada de nutrição de precisão. Em suma, a visão 2030 da FEFAC permite-nos um vislumbre do que será o futuro da nossa indústria. Um futuro em que sustentabilidade, segurança e nutrição estão interligados. Em que os alimentos são ecologicamente sustentáveis, seguros, mas também desenhados à medida das nossas necessidades nutricionais. É um futuro para o qual nos orgulhamos de contribuir. A LI ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL VISÃO 2030

A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS COMPOSTOS EM 2030 Um Apelo à Parceria para uma Indústria Pecuária Europeia Segura, Competitiva e Sustentável Os produtores pecuários são empresários únicos com um papel fundamental na manutenção de uma agricultura sustentável, ao mesmo tempo que respeitam as exigências da sociedade. Os géneros alimentícios de origem animal são apreciados em todo o mundo, contudo, a fase de produção é frequentemente objeto de escrutínio crítico. As exigências dos parceiros a jusante da cadeia alimentar e os decisores políticos apresentam objetivos desafiantes para a pecuária e para o seu principal parceiro, a indústria de alimentos compostos. A “visão FEFAC 2030” da Indústria de Alimentos Compostos da União Europeia define resoluções para os produtores pecuários que procuram soluções para uma cadeia alimentar segura, competitiva e sustentável. A história da indústria dos alimentos compostos está enraizada na ciência da nutrição animal, e é o cerne da “visão FEFAC 2030”. Os alimentos compostos são formulados consoante as necessidades nutricionais das diferentes espécies e categorias animais, a sua fase de crescimento e o potencial genético. O conhecimento em nutrição animal permite aos produtores de alimentos compostos ajudar os produtores pecuários a manter os seus animais saudáveis e a obter o melhor produto no que toca a qualidade e segurança. É também graças a este conhecimento que existem co-produtos de elevado valor nutricional para a alimentação animal, tais como os resultantes de extração de sementes de oleaginosas, da moagem do trigo, da extração de açúcar e da produção de cerveja. Os 90 milhões de toneladas que a indústria de alimentação animal da UE utiliza anualmente permite reduzir o desperdício alimentar, assim como a utilização de matérias-primas dependentes do solo. As linhas que moldam a forma como a produção pecuária é feita, incluindo a aquacultura, são desafiantes, mas também providenciam oportunidades para inovação. Um dos maiores desafios da saúde humana da história moderna é a propagação da resistência antimicrobiana. Através de estratégias melhoradas de nutri4 |

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ção animal que mantêm a saúde intestinal dos animais e fomentam a resistência a doenças, a indústria da alimentação animal pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de estratégias de prevenção para os produtores pecuários, que procuram reduzir a necessidade de medicamentos na exploração. Esta questão é do interesse de toda a cadeia alimentar animal e exige responsabilidade partilhada e investimento. Outro desafio tremendo, é a questão das alterações climáticas, especialmente tendo em conta a pressão sobre os recursos alimentares disponíveis e ainda a globalização do comércio de produtos de origem animal. A indústria da alimentação animal tem a capacidade de fazer com que a produção pecuária seja mais eficiente na utilização dos recursos, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa e outros impactos ambientais da cadeia alimentar animal. O índice de conversão de todos os animais de produção, incluindo os peixes, tem diminuído consistentemente nos últimos anos, o que significa que é necessário menos alimento para a mesma performance animal. A utilização de fitases ou proteases bem como de aminoácidos para equilibrar as dietas, têm permitido reduzir a libertação de azoto e fósforo para o ambiente através do estrume. A inovação na ciência de nutrição animal continua a avançar, o que também permite uma melhor compreensão da interação dos (micro) ingredientes dos alimentos compostos e dos fatores anti nutricionais, bem como da incorporação de ingredientes menos convencionais. O exemplo perfeito é a conversão alimentar de restos alimentares, como biscoitos partidos, batatas fritas com sabores incorretos ou pão excedente, ilustrando o nosso papel na economia circular da cadeia alimentar. O valor da nutrição animal também é visível ao nível do consumidor, visto que a composição nutricional específica dos géneros alimentícios de origem animal, tal como o teor de ómega 3 ou o perfil de ácidos gordos, está diretamente relacionada com o consumo de ração.


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL VISÃO 2030

VISÃO 2030 DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS COMPOSTOS Gestão da Segurança Alimentar

Nutrição Animal

Sustentabilidade

uma dieta total (alimentação completa), parcial (alimentação complementar) ou com objetivos nutricionais específicos (alimentos dietéticos). Os fabricantes de alimentos compostos também oferecem estratégias de gestão de riscos financeiros para amortecer a volatilidade dos mercados de matérias-primas. A atual evolução da tecnologia de processamento de ali-

A licença para a indústria de alimentação animal operar é a

mentos para animais permite a melhoria na homogeneidade,

segurança alimentar e este aspeto não pode ser comprometido.

palatabilidade e digestibilidade dos alimentos. Graças aos

A indústria da alimentação animal oferece um serviço valioso

desenvolvimentos informáticos avançados, já começamos

aos produtores pecuários através da manipulação segura e

a assistir ao início da produção de alimentos para animais

profissional de substâncias com um perfil de risco mais ele-

“inteligentes”, incorporando parâmetros de segurança, sus-

vado e por atuar adequadamente na realização de profundas

tentabilidade e valor nutricional durante a produção e permi-

avaliações de segurança. A segurança da alimentação animal

tindo técnicas personalizadas de alimentação de precisão. A

é uma tarefa de dimensão permanente, sujeita a constante revisão científica da avaliação de risco. A indústria de alimentação animal está totalmente empenhada em “estar em cima”

produção de alimentos compostos pode assim tornar-se uma parte mais integrada da cadeia alimentar animal com uma ligação ainda mais próxima da qualidade do produto animal

do acontecimento e prevenir a propagação de contaminações

acabado do que jamais tivemos antes.

ao longo da cadeia alimentar. Conduzimos discussões para

“A produção de alimentos compostos pode ter uma ligação

continuarmos a avançar na segurança da alimentação animal,

ainda mais próxima da qualidade do produto animal acabado

particularmente no reforço da capacidade de gestão desta

do que jamais teve antes.”

segurança, otimização da gestão de riscos ao longo da cadeia e melhoria da cooperação entre as autoridades de controlo e os operadores da alimentação animal. A FEFAC compila exemplos práticos encorajadores de cooperação entre os setores privado e público, no que toca a gestão da segurança da alimentação animal, num esforço para incentivar a troca de dados e informações sobre os riscos existentes e emergentes em todos os Estados-Membros. “A indústria da alimentação animal está totalmente empenhada numa monitorização permanente e em prevenir a propagação de contaminações ao longo da cadeia alimentar.” O futuro da produção pecuária só pode ser sustentável trabalhando o desafio das alterações climáticas. É justo afirmar que a alimentação animal determina, em grande medida, o desem-

© Laurent Bellec

Com uma produção de 158 milhões de toneladas do total de 480 milhões de toneladas de alimentos consumidos pelos animais na UE por ano, um volume de negócios estimado em 50 mil milhões de euros e aproximadamente 110.000 postos de trabalho, a indústria de alimentos compostos da UE é um rolo compressor agrícola com muitas capacidades. A indústria tem as ferramentas para deixar

penho ambiental dos produtos de origem animal, mas também

a produção pecuária Europeia assumir o desafio da crescente

significa que esta é a fase em que os maiores ganhos podem ser

procura global de produtos de origem animal, mas isso exigirá

conseguidos. A indústria de alimentos compostos está a con-

parcerias com outras partes interessadas da cadeia alimentar

tribuir para um desenvolvimento importante, a criação de uma

e investimento das autoridades públicas na pesquisa em nutri-

metodologia harmonizada para a medição correta da pegada

ção animal para que a “Visão FEFAC 2030” seja uma realidade. A

ecológica da produção de alimentos compostos, o que é essen-

FEFAC está aberta ao diálogo com todos os parceiros da cadeia

cial para calcular o desempenho ambiental de um produto de

alimentar animal com vista a um futuro seguro.

origem animal. A avaliação do ciclo de vida tem-se aperfeiçoado rapidamente e o futuro mostrará as estratégias de redução de emissões de gases com efeito de estufa como medida para a cadeia alimentar animal. A indústria de alimentos compostos pode fornecer soluções competitivas, seguras e sustentáveis respondendo às exigências dos produtores e dos sistemas de gestão pecuários, com 6 |

ALIMEN TAÇÃO AN IM A L

A VISÃO FEFAC 2030 da Indústria de Alimentos Compostos está assente em três pilares que têm como foco, respetivamente, a segurança da alimentação animal, a nutrição animal e a sustentabilidade. Aqui é dado um resumo das soluções que a cadeia alimentar animal fornece. Os documentos completos estão disponíveis no site da FEFAC.


SOLUÇÕES DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA A CADEIA ALIMENTAR Segurança da alimentação animal • Aumentar o conhecimento sobre os riscos de segurança alimentar no setor da alimentação animal na UE A FEFAC impulsiona ativamente o conhecimento sobre os riscos de segurança da alimentação animal e a implementação de tecnologia através da capacidade de construção. Isto consiste em reuniões dedicadas em toda a Europa, mantendo o Guia Europeu de Fabrico de Alimentos Compostos (EFMC), monitorizar de forma centralizada os incidentes de segurança da alimentação animal e difundir as melhores práticas. • Otimizar a gestão de risco ao longo da cadeia alimentar Idealmente, a deteção de uma contaminação deverá acontecer o mais cedo possível na cadeia alimentar, para limitar a sua dispersão. A FEFAC relaciona-se com os seus parceiros da cadeia no sentido de implementar esta abordagem “topo da pirâmide”, avaliar os guias dos fornecedores para as boas práticas de higiene, incentivar a interação e intercâmbio entre os detentores de sistemas de segurança da alimentação animal e desenvolver recomendações profissionais pertinentes relativas ao fornecimento de ingredientes seguros. • Estimular a cooperação entre as autoridades competentes de controlo e operadores da indústria As autoridades de controlo e os fabricantes de alimentos compostos têm o mesmo objetivo quando se trata de incidentes de segurança na alimentação animal; devem ser evitados ou pelo menos resolvidos rapidamente. Os sistemas de controlo poderiam ser mais eficientes e de mais baixo custo se as autoridades tivessem em conta os autocontrolos feitos pelos operadores e trocassem informações sobre o perfil de risco com os parceiros da cadeia. A FEFAC mantém um inventário das boas práticas de cooperação e coordena a transmissão de informação da cadeia às autoridades em caso de incidentes.

Nutrição Animal • Estimular a saúde intestinal dos animais para reduzir a necessidade de antibióticos Prevenir que os animais adoeçam significa prevenir a necessidade de utilizar medicação nas produções pecuárias e melhorar o bem-estar animal. O conhecimento científico sobre a flora

intestinal tem um impacto no processamento de alimentos compostos e na sua composição, por exemplo, a utilização de micro ingredientes específicos. A FEFAC promove a consciencialização sobre a contribuição positiva da nutrição animal neste campo. • Melhorar o perfil nutricional dos produtos alimentares de origem animal O perfil nutricional dos produtos alimentares de origem animal é muito influenciado pela dieta consumida pelo animal (por exemplo, ómega 3, selénio, iodo, etc.). A FEFAC estimula a investigação neste campo da ciência da nutrição animal para trazer o conhecimento até à exploração pecuária. • Aumentar a eficiência do uso de nutrientes para reduzir emissões Espera-se que modelos novos e inovadores relativamente à nutrição de animais de pecuária contribuam significativamente para uma maior redução das perdas de energia e nutrientes através da excreção (em particular N, Cu, Zn, P). Com estratégias de alimentação precisas, os animais podem receber a quantidade correta de nutrientes na altura certa, evitando a eliminação de nutrientes em excesso.

Sustentabilidade • Desenvolvimento de uma metodologia harmonizada em termos da pegada ecológica Para medir o desempenho ambiental dos produtos animais, é crucial definir corretamente a pegada ecológica da produção de alimentos para animais. A FEFAC contribui para no PEF (Product Environmental Footprint) da Comissão Europeia, bem como no Global Feed LCA Institute para desenvolver uma base de dados de ingredientes de alimentação animal. • Garantir a origem responsável na cadeia de alimentos de origem animal A FEFAC desenvolveu o Guia de Aprovisionamento de Soja Sustentável para trazer transparência ao mercado de soja responsável e promover a transição para um mercado de massa. O International Trade Center avalia os programas de produção de soja responsável/ sustentável para verificar a sua conformidade com os requisitos da indústria de alimentação animal. • Explorar a forma de expressar a eficiência dos recursos Desenvolvimento de métricas comuns que podem ajudar a calcular um âmbito mais alargado de indicadores de eficiência de recursos. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SUSTENTABILIDADE

MELHORAMENTO GENÉTICO DAS AVES, DESEMPENHO ZOOTÉCNICO E AMBIENTE INTRODUÇÃO

Manuel Chaveiro Soares Eng. Agrónomo, Ph.D., Agreg.

as características de reprodução associadas à pro-

Nos últimos 70 anos, o melhoramento genético

dução do pinto do dia –, passam a merecer a atenção

das aves de aptidão carne, designadamente Gallus

das universidades e das empresas. São estabeleci-

gallus, tem contribuído de modo relevante para a

dos os fundamentos científicos do melhoramento

crescente melhoria do desempenho zootécnico

animal e contratados os primeiros geneticistas

e eficiência produtiva, designadamente na fileira

profissionais (Hunton, 2006), que se irão ocupar

do frango de carne. Do enorme avanço genético

predominantemente com a genética quantitativa,

alcançado decorreu, fundamentalmente, um muito

pois em avicultura são reduzidas as características

menor consumo alimentar das aves por kg de carne

comandadas por genes simples (objecto da genética

produzida. Principalmente em consequência desta

mendeliana, a que se recorreu, designadamente na

maior eficiência alimentar, os consumidores têm

aludida “hen crazy” do século XIX).

vindo a dispor de uma proteína de elevado valor

Considera-se que a evolução da criação do frango

biológico a um preço cada vez mais competitivo,

beneficiou bastante com a realização nos E.U.A.,

e, por outro lado, os reflexos no ambiente têm

em 1946, de um famoso concurso televisivo, desig-

igualmente vindo a diminuir, pois por kg de carne

nado “Frango do Futuro” (Chicken of Tomorrow), no

produzida é cada vez menor a terra utilizada, e,

qual o consumidor final expressou os aspectos que

adicionalmente, também têm vindo a decrescer as

mais apreciava: conformação da carcaça, peso vivo

emissões de amoníaco para a atmosfera já que o

ao abate e preço. Estas preferências constituíram

ciclo de produção é mais curto.

uma orientação para as empresas de selecção e também para os avicultores, que até então criavam

PRIMEIRAS ETAPAS DO MELHORAMENTO AVÍCOLA A galinha doméstica tem como principal progenitor a galinha vermelha da selva (Gallus gallus), tendo sido utilizada pelo homem para fins religiosos, designadamente pelos Romanos e para fins desportivos, como as lutas de galos. Após estas terem sido proibidas na Grã Bretanha, em 1849, emergiu o interesse pela avicultura de exibição, incidindo então o melhoramento sobretudo nas características fenotípicas mais evidentes (plumagem, tipo

A LIMEN TAÇÃO AN IM A L

das poedeiras, os quais não correspondiam à preferência do mercado, nomeadamente em termos de conformação, e, inclusive, também em termos de custo de produção, pois à reduzida velocidade de crescimento dos referidos machos correspondia uma maior despesa de conservação e, portanto, um índice de conversão alimentar elevado (Chaveiro Soares, 1993), i.e., mais kg de alimento consumido por kg de aumento de peso vivo.

Crawford (1990) designa por “hen crazy” do século

SOBRE A MODERNA PRODUÇÃO DE CARNE DE FRANGO

XIX. Neste período, por selecção e por técnicas de

Nas últimas sete décadas a produtividade da fileira

reprodução dirigida, os avicultores fixaram algumas

da carne de frango experimentou uma alteração

características monogénicas e formaram assim a

profunda, sendo que mais de 80% (85% a 90%

maioria das raças que, a partir dos anos 40 do século

segundo Zuidhof et al., 2014) está associada ao

XX, vieram a ser utilizadas pelos geneticistas para

melhoramento genético, com sublinhado para o

constituírem as “linhas puras”, ulteriormente utiliza-

decréscimo do índice de conversão alimentar, decor-

das em cruzamentos na fase da multiplicação, para

rente da melhor eficiência alimentar, devida prin-

formação das actuais “estirpes comerciais” (Soares

cipalmente à maior velocidade de crescimento. E,

Costa, 2003), presentemente disponibilizadas pelas

portanto, menores despesas de manutenção, con-

empresas de selecção (Aviagen, Cobb, Hubbard).

forme se ilustra no Quadro 1: quanto mais cedo se

É a partir da referida década de 1940 que os carac-

atingir o peso de abate menor será a quantidade de

teres com importância económica – tanto as carac-

alimento destinado a satisfazer as necessidades de

terísticas de crescimento e produção de carne, como

conservação da ave e maior a proporção destinada

de crista, conformação, etc.), constituindo o que

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frequentemente os machos obtidos na sexagem


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SUSTENTABILIDADE

ao crescimento. Logo, menor será o índice de conversão alimentar, con-

é, actualmente, muito inferior ao de outros alimentos de origem animal,

forme se pode ilustrar com o exemplo seguinte: aos 28 dias de idade,

nomeadamente pescado). Em consequência do que precede, o consumo

o peso vivo dum broiler subiu de 316 g em 1957 para 1501 g em 2014,

de carne de aves tornou-se popular, e, quando se prevê que a população

e os respectivos índices de conversão decresceram de 4,4 para 1,4.

mundial se eleve dos actuais 6 mil milhões para 9,1 mil milhões em 2050 (FAO, 2009), levanta-se um dilema ético: até que ponto se justifica recu-

Quadro 1. Proporção dos nutrientes utilizados na satisfação de diferentes necessidades do frango de carne (manutenção vs. crescimento) Idade (semanas)

Manutenção (%)

Crescimento (%)

1 2 3 4 5 6 7 8

20 30 40 50 60 70 85 80

80 70 60 50 40 30 25 20

sar às populações dos países em desenvolvimento aquilo que elas claramente desejam (vidé Quadro 2) e finalmente também podem ter acesso. Quadro 2. Relação entre rendimento per capita e consumo de alimentos de origem animal em 174 países, entre 1987 e 2007 % de calorias ingeridas a partir de alimentos de origem animal

Origem: Leeson & Summers (1997).

Acrescem outros contributos da genética respeitantes, designadamente, à conformação corporal, rendimento em carcaça, saúde, bem-estar, mortalidade, condenações de matadouro, e aptidão reprodutiva. A propósito do desempenho reprodutivo, recordo que há 30 anos, quando me iniciei na actividade de multiplicação avícola, considerava-se 120 pintos por galinha alojada uma boa produtividade e, presentemente, exige-se um número superior a 150 às 60 semanas de idade da reprodutora. Actualmente, o objectivo de selecção na fileira do frango de carne inclui mais de 40 características. De salientar que, na última década, desenvolveram-se métodos analíticos que permitem combinar a informação genómica (a nível do ADN) com os registos tradicionais de per-

Rendimento per capita ($/ano)

Origem: Nieuwenhoven et al., 2013.

Quadro 3. Estima-se que o consumo de carne no mundo duplique entre 2010 e 2050

formance, permitindo assim prever o mérito genético dos indivíduos jovens, antes que se expresse o caracter de interesse, por exemplo caracteres reprodutivos antes de se iniciar a postura (Avendaño, 2016). Estima-se que o melhoramento genético praticado até ao presente seja responsável por uma melhoria da eficiência da produção de carne de frango na ordem de 3% por ano, sendo previsível que a incorporação da informação genómica permita aumentar este progresso genético. Adicionalmente, registaram-se também avanços notáveis em três áreas importantes: prevenção de doenças (biosegurança, vacinas, fármacos); nutrição, dispondo-se actualmente de alimentos completos, capazes de satisfazer com rigor os requisitos nutricionais das aves – variáveis consoante a idade, a função zootécnica e outros condicionalismos; controlo ambiental, incluindo pisos radiantes e sistemas de

Origem: Nieuwenhoven et al., 2013.

arrefecimento evaporativo.

O melhoramento genético, associado a outras disciplinas científicas e

BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS PELA AVICULTURA EFICIENTE

tecnológicas, poderá continuar a contribuir para a segurança do abastecimento alimentar da população mundial, minimizando as situações de subnutrição proteica, que afectaram a generalidade da população

Os progressos assinaláveis atingidos na eficiência produtiva da fileira

(portuguesa e não só), durante longos séculos, mas que alguns ainda

do frango de carne vieram proporcionar, fundamentalmente, dois tipos

designam “bons velhos tempos”.

de benefícios. O primeiro consiste na disponibilização de um alimento

O segundo grande benefício proporcionado pela avicultura eficiente reside

com excelentes características nutricionais, propriedades organolépticas

nos efeitos positivos sobre o impacto ambiental associado à moderna

agradáveis, consumido sem restrições de índole religiosa e produzido a

produção avícola, devido basicamente à melhoria do índice de conversão

um custo relativamente baixo (o preço ao consumidor da carne de frango

alimentar, ou seja, menor quantidade de alimento (e.g. milho, soja) para se

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


produzir uma certa quantidade de carne de frango. Portanto, por kg de

elevada, por um lado devido à pressão das cadeias de distribuição

carne produzida, haverá uma relativa economia de terra cultivada, água,

que alegam expressar a preferência de muitos consumidores, e, por

adubos minerais, combustíveis, etc., e, concomitantemente, menores

outro lado, por exigência dos matadouros, que registam rejeições

emissões de amoníaco para a atmosfera e de perdas de nitratos por lixi-

consideráveis na desmancha dos frangos.

viação. McKay (2009) estima que, em 2005, para produzir 81 milhões t de carne de aves estas consumiram aproximadamente 700 milhões de t de

SÍNTESE CONCLUSIVA

alimentos, mas este consumo elevar-se-ia a 1600 milhões de t se fossem

Após a 2ª Guerra Mundial, o progresso atingido no melhoramento

utilizadas as estirpes comerciais criadas na década de 1970 (esta diferença

genético, designadamente na fileira do frango de carne – juntamente

enorme, proporcionada principalmente pelo melhoramento genético das

com os avanços científicos e tecnológicos alcançados também noutras

aves, corresponde a uma redução extraordinária no que toca ao impacto

áreas igualmente relacionadas com a produção avícola – tem vindo a

ambiental e ao custo de produção da carne; de salientar os benefícios

dispensar um contributo notável no âmbito da alimentação humana,

decorrentes, por exemplo, do consequente decréscimo da produção de

bem-estar animal e ambiente, devido fundamentalmente à crescente

milho grão – ca. 10 t/ha –, em termos de área cultivada, água de rega,

melhoria da eficiência produtiva, com sublinhado para o decréscimo

adubos minerais, combustíveis, etc.). Leinonen et al. (2015), numa análise

do índice de conversão alimentar. O potencial do melhoramento gené-

prospectiva a 15 anos, acerca dos potenciais efeitos do melhoramento

tico é ainda substancial, o que se revela da maior importância para a

genético no impacto ambiental no Reino Unido – admitindo como cená-

alimentação da crescente população mundial e para a protecção do

rio que para atingir um peso vivo de 2,05 kg serão necessários 27 dias

ambiente. De salientar, conforme sublinha a empresa de selecção líder

em vez dos actuais 34 dias – concluíram que se registará uma redução

do mercado (Niewenhoven et al., 2013), que os progressos científicos

apreciável no que concerne, nomeadamente, ao potencial de eutrofiza-

têm sido aplicados na selecção e reprodução dirigida, inicialmente foca-

ção (12%), impacto no aquecimento global (9%), etc.

dos na produtividade animal e, desde a década de 1970, procurando um

É importante acrescentar que, recentemente, nalguns países europeus

melhoramento balanceado, atendendo simultaneamente à produtividade,

afluentes, observa-se uma tendência no sentido de não se criarem

eficiência alimentar, impacto ambiental, saúde e bem-estar animal, qua-

frangos de carne com velocidade de crescimento excessivamente

lidade e segurança da carne, e manutenção da diversidade genética.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SUSTENTABILIDADE

A ABORDAGEM DOS ESTADOS UNIDOS À SUSTENTABILIDADE E CONSERVAÇÃO

David Green

Quando se trata de produção e fornecimento alimentar, a sustentabilidade não é uma mera tendência, mas sim uma parte estabelecida de fazer negócios. No entanto, o próprio termo – sustentabilidade – está enredado em inúmeras definições, descrições e conceitos que levam à confusão e duplicação. A demonstração prática do que é considerado sustentável em agricultura ou produção alimentar depara-se igualmente com uma confusão de mensagens. Nos últimos anos, surgiu uma miríade de sistemas e rótulos de certificação de sustentabilidade, com mais de 500 rótulos diferentes em utilização em todo o mundo. Uma abordagem à sustentabilidade, muito defendida nos Estados Unidos, é a demonstração de melhoria contínua com sistemas voluntários que são verificados ou aferidos de forma independente. A grande maioria dos agricultores aderem aos programas de conservação do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) que, embora voluntários e apoiados por incentivos financeiros, são rigorosamente escrutinados pelo USDA. Isto garante o cumprimento em termos de conservação apoiado pelo quadro legal para aplicar sanções pesadas pelo abuso ou incumprimento de requisitos do programa. Por exemplo, o Conselho de Exportação de Soja dos EUA, juntamente com membros da indústria de soja dos Estados Unidos, desenvolveu o Protocolo de Garantia da Sustentabilidade da Soja (SSAP). Este Protocolo demonstra que a maioria dos produtores de soja dos EUA segue um sólido conjunto de regulamentos de conservação combinado com uma ampla adoção das melhores práticas de gestão na sua produção de soja.

Os métodos para medir o desempenho sustentável da soja baseiam-se nos dados do USDA. O SSAP verifica se a soja é produzida de forma sustentável e abrange quatro diretivas principais: biodiversidade e teor elevado de carbono, práticas de produção, saúde e bem-estar público e no trabalho e melhoria contínua. O Protocolo foi aferido positivamente pelo Conselho de Comércio Internacional, uma divisão da OMC, como sendo “equivalente” às Diretrizes de Fornecimento de Soja estabelecidas pela FEFAC (Federação Europeia dos Fabricantes de Alimentos Compostos). Até à data, foi emitida certificação para mais de 5 milhões de toneladas de soja exportados para 25 países. Este Protocolo de Sustentabilidade faz parte do programa global de sustentabilidade dos produtores de soja dos EUA que inclui um sistema nacional de medição dos resultados ambientais positivos pelos produtores. A Europa prefere uma abordagem diferente à sustentabilidade através da qual sistemas e rótulos de sustentabilidade certificados (geralmente baseados em questões sociais e ambientais) são frequentemente utilizados por empresas com o objetivo de tranquilizar os consumidores. Esses sistemas podem mostrar que os produtores cumpriram um conjunto definitivo de critérios, mas podem sofrer do facto de não serem específicos e terem requisitos que não são relevantes em diferentes geografias. Podem igualmente ter o peso de deixar aos produtores e fornecedores o trabalho extra envolvido no cumprimento de vários padrões de certificação diferentes para vários clientes diferentes.

Um agricultor americano atravessa uma tempestade de pó na década de 1930, no Centro Oeste dos EUA. Numa altura em que a má gestão do solo, a seca e o vento levaram a que milhões de toneladas de solo fossem arrastadas pelo vento, deixando os agricultores devastados 12 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SUSTENTABILIDADE

Seja qual for o processo, a indústria alimentar deve compreender e aceitar que existem diferentes caminhos ou atividades para demonstrar a sustentabilidade. Não existe uma abordagem única, certa ou errada. O desafio consiste em avaliar as diferenças entre regiões e países – diferenças geofísicas, clima, cultura – e encontrar formas de atingir o objetivo global de fornecimento de alimentos sustentáveis. Nos Estados Unidos, a sustentabilidade não é uma ideia do século 21. Desde o início da década de 90 do século passado que os EUA vêm promulgando legislação sobre a conservação e a sustentabilidade.

Atualmente, a Aliança representa mais de vinte organizações em todo o país, desde agricultores de soja e cereais a produtores de aves e de arroz, desde agricultura biologica a pescadores que desafiam os mares para capturar marisco, desde produtores de amêndoa e amendoim a produtores de leite e silvicultores de madeiras nobres. Cada grupo tem um forte compromisso com a sustentabilidade, com políticas específicas e programas detalhados para o seu setor. Existe uma disposição para partilharem as suas experiências e os desafios que enfrentam, não apenas com os outros membros da Aliança, mas

Mas só com a Dust Bowl é que se cristalizou o motivo pelo qual tal era necessário. Uma seca prolongada, ventos fortes e má gestão das colheitas e do solo levaram à erosão maciça do solo em explorações agrícolas nas Grandes Planícies. Nuvens de terra com 300 metros de altura sopravam em todo o país, resultando em explorações agrícolas e meios de subsistência arruinados e mais de dois milhões de pessoas desalojadas. O alerta causado pela Dust Bowl levou à criação do Serviço de Conservação do Solo do Departamento de Agricultura dos EUA em 1935. Em 1938, esta iniciativa tinha ajudado a reduzir o “sopro do solo” nos Estados das Planícies em 65 por cento. O profundo impacto do pior desastre ambiental da história dos EUA também fez com que a agricultura americana olhasse para a adoção da agrociência e promoção de práticas científicas. Hoje em dia, muitas das iniciativas introduzidas na década de 30 para a conservação e gestão da terra ainda se encontram em vigor, tendo evoluído com vista a cumprir as exigências ambientais atuais. Uma visão comum é que a agricultura nos EUA é uma agricultura em grande escala e industrial, com pouca consideração pelo ambiente: a realidade é completamente o oposto. Grande parte da América é rural. As grandes cidades podem ter toda a atenção, mas mais de 20 por cento da população vive em áreas rurais ou pequenas cidades e

Sustentabilidade crescente: os agricultores que produzem soja e milho que cultivam colheitas tolerantes aos herbicidas (MG) não têm que arar de forma profunda para enterrar o restolho da colheita anterior. Em vez disso, o restolho é deixado no terreno, ajudando a evitar a erosão do solo e a preservar a humidade através das sombras no solo. Eventualmente, o restolho desfaz-se em matéria orgânica criando “novo solo”.

aldeias. E mais de dois milhões de americanos trabalham em explorações agrícolas, não apenas tornando a agricultura mais eficiente e produtiva, mas também ajudando a sustentar comunidades locais. A grande maioria das explorações agrícolas e piscícolas americanas são detidas e geridas por famílias. Estão na linha da frente quando se trata de proteger e melhorar o próprio ambiente em que vivem, trabalham e criam as suas famílias. Estas famílias também valorizam o seu papel na manutenção das sociedades rurais locais. Não é por acaso que nos Estados Unidos se costuma dizer que se alguém quer perceber o que é a sustentabilidade, então deve falar com um agricultor. Para os pescadores, a lei norte-americana exige que o marisco seja capturado de acordo com os planos de gestão das pescas que consideram os resultados sociais e económicos para as comunidades de pescadores. O marisco do Alasca é protegido pela Constituição do Estado, o que determina a sustentabilidade. Com vista a promover uma melhor compreensão da abordagem dos EUA à sustentabilidade e envolver diretamente as cadeias de produção e fornecimento alimentar, um grupo de agricultores, pescadores e produtores norte-americanos uniram-se para formar a Aliança para a Sustentabilidade dos EUA. A sua finalidade é partilhar os seus valores em relação à sustentabilidade e conservação, e explorar formas de trabalhar em conjunto com os seus clientes e partes interessadas em desafios comuns. 14 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

A Aliança para a Sustentabilidade dos EUA representa agricultores, silvicultores e pescadores dos Estados Unidos com vista a destacar o programa de conservação praticado nos respetivos setores.


também com os seus clientes em mercados internacionais, tais como o Reino Unido e o resto da União Europeia. A Aliança tem quatro princípios básicos. Estes baseiam-se num forte quadro regulamentar de leis Federais e Estaduais; além de sistemas voluntários nos quais os agricultores e produtores se comprometem com práticas de sustentabilidade pelas quais se esforçam para: • Manter um fornecimento consistente, previsível e de confiança. • Colher e produzir alimentos e produtos agrícolas seguros. • Disponibilizar um perfil agrícola diverso. • Atingir uma melhoria económica, ambiental e social contínua. Os princípios acima indicados oferecem uma linha comum, pois todos nós lidamos com a necessidade de alimentar uma população mundial cada vez maior a partir de recursos

de terra arável cada vez mais reduzidos.​Os membros da Aliança sabem que nunca devem deixar de inovar porque cada dia oferece novas oportunidades para elevar os padrões, quer seja através de uma melhor utilização da água e sistemas de conservação, quer através da utilização de novas tecnologias e genética de culturas. Em mercados desenvolvidos, tais como os EUA e a Europa, o agronegócio é frequentemente acusado pelas ONG e consumidores preocupados ​​de ter um impacto negativo no meio ambiente. Pesticidas, OGM, grandes dados e agricultura de precisão são frequentemente descritos como prejudiciais e insustentáveis. No entanto, a adoção de tecnologias ou ferramentas, tais como as acima indicadas, só faz sentido para um agricultor se aquelas forem seguras e funcionarem como pretendido.

Os produtores de alimentos têm, em primeiro lugar e acima de tudo, a intenção de fornecer produtos seguros através da manutenção sustentada e melhoria desses recursos, tais como o solo e os oceanos que lhes permitem conseguir esse objetivo. Para os membros da Aliança para a Sustentabilidade dos EUA, ser sustentável significa estar empenhado na sustentabilidade a longo prazo. É um compromisso com a inovação e melhoria contínua de soluções seguras, resistentes e práticas. Os membros da Aliança estão convictos de que o investimento pessoal na gestão das suas explorações agrícolas, florestas e explorações piscícolas irá sustentar a próxima geração. E as gerações seguintes. Para mais informações, contactar: info@thesustainabilityalliance.us ou visitar www.thesustainabilityalliance.us

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL BIOCOMBUSTIVEIS

BIOCOMBUSTIVEIS E ALIMENTAÇÃO ANIMAL O biodiesel tem proporcionado na última década um novo e mais eficaz equilíbrio da economia nacional, na medida em que veio permitir o escoamento e a devida valorização dos óleos produzidos em conjunto com as significativas quantidades de farinhas com teor proteico elevado, necessárias à alimentação animal.

Jaime Braga Secretário-Geral da APPB

A Europa foi sempre deficitária em proteína vegetal e, portanto, Portugal importa sementes oleaginosas para a produção de farinhas com o necessário teor em proteínas. Dessa produção resultam também óleos – soja e, também colza – com escoamento reduzido no mercado alimentar e que, por essa razão, eram tradicionalmente exportados a preços pouco interessantes.

O mercado dos óleos alimentares, estando situado entre 100 000 e 150 000 toneladas por ano não consegue nunca absorver tais quantidades, ainda por cima de óleos com interesse alimentar muito limitado em Portugal. Não haveria, portanto, condições para a laboração de grão de colza, e o óleo de soja continuaria a ser, na sua maior parte, exportado a baixo valor. O biodiesel veio “acertar” essas contas na Europa e também em Portugal, uma vez que tem absorvido totalmente esta produção de óleos.

O encaixe entre biodiesel e alimentação animal

O perfil das matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel (FAME) varia necessariamente ao longo do ano. Existe uma maior utilização de óleo de colza nos meses mais frios do ano (dezembro a abril), sendo este substituído nos outros meses, em larga medida, por óleo de soja.

De acordo com a IACA o consumo de sementes e bagaços de oleaginosas tem, nos últimos cinco anos variado entre 700 e 800 milhares de toneladas, representando cerca de 25% na formulação dos alimentos compostos para animais.

Em 2015, a produção nacional de biodiesel (FAME) utilizou como matérias-primas, cerca de 50% de óleo de colza, 27% de óleo se soja e, em termos globais, cerca de 17% de matérias residuais e subprodutos, principalmente gordura animal.

Por outro lado, e tomando como referência o ano de 2015, os extratores, ligados à produção de biodiesel, entregaram ao setor de produção de alimentos compostos para animais, 567 000 toneladas de farinha de soja e 147 000 toneladas de farinha de colza, ou seja, a produção nacional satisfaz razoavelmente a procura interna. Mas, subjacentes a estas quantidades de farinhas, havia que encontrar destino ao óleo inevitavelmente produzido quando da sua obtenção, ou seja, cerca de 120 000 toneladas de óleo de soja e 100 000 de óleo de colza.

Fonte: ENMC

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Fonte: ENMC


A evolução das políticas europeias sobre biocombustíveis Depois de alguns anos de apoio constante ao uso de biocombustíveis nos transportes, desde o estímulo a apoios estatais à fixação de um objetivo de 10% de energias renováveis neste setor, temos vindo a assistir a significativas mudanças nestas políticas. • A Diretiva 1513/2015 limita a 7% em teor energético a incorporação de biocombustíveis com origem agrícola nos combustíveis rodoviários. Esta diretiva introduz também o conceito de alteração indireta do uso da terra (ILUC), sugerindo fatores de agravamento das emissões de gases de estufa muito significativos para as matérias-primas mais comuns na produção de biodiesel. • A proposta de estratégia europeia para a mobilidade e para os transportes – COM (2016) 501 final de 20.07.2016, na qual o veículo elétrico é fortemente estimulado, o gás natural é recomendado como combustível para o transporte de mercadorias em longas distâncias, e a

• Na mesma data – 20.07.2016 – a Comissão Europeia publica o documento contendo o cenário de referência 2016 para as tendências até 2050 na UE sobre Energia, Transportes e Emissões de Gases de Estufa. Neste documento, perspetiva-se a continuidade da prevalência dos derivados do petróleo nos transportes em 2050 (86%) e uma penetração reduzida do veículo elétrico (2% em 2030 e 4% em 2050).

alimentares usados importados de países

Claramente, estas posições com a mesma origem não são consistentes, e não se vislumbra também compatibilidade com o Compromisso de Portugal no seio da UE de 31% de renováveis no consumo final de energia em 2020 e de 40% em 2030. Estes objetivos obrigam a metas exigentes para os transportes, para já só possíveis a partir de biocombustíveis e, visto não estarem disponíveis hoje ou em tempos mais próximos, biocombustíveis avançados, pensamos que os biocombustíveis ditos de primeira geração deverão continuar a ser necessários. Portugal não tem como prescindir da contribuição dos biocombustíveis (cerca de 3 em 31) para a referida meta de 31%.

nacional de colza, considerada publica-

de ser estimulada, coloca o desafio de mais investigação sobre os biocombustíveis ditos avançados, com origem em matérias residuais ou com processos de obtenção que não necessitem de terra.

Não é ainda possível indicar-se o ponto de equilíbrio para estas matérias, sendo apenas de referir que a sua disponibilidade também tem limites e que existem procedimentos para o controlo da sua origem e sustentabilidade. 2016 também regista a expectativa de um aumento significativo na produção mente por representantes dos agricultores como economicamente viável e uma boa alternativa no processo de rotação de culturas. Em Portugal, as metas legalmente previstas para a incorporação de biocombustíveis estão definidas no Decreto-Lei n.º 117/2010 de 25 de Outubro, não existindo até agora noticia de intenção da sua alteração. Nestas condições, essa meta é hoje de 7,5% em teor energético, passando a 9% em 2017. Estas metas só se atingirão com o contributo maioritário do biodiesel (FAME), pelo que, apesar de algumas incertezas, nos restará acompanhar a evolução das políti-

utilização de biocombustíveis com origem agrícola “food-based biofuels” deixa

terceiros.

A situação presente e as perspetivas futuras Em 2016 tem ocorrido um aumento significativo da utilização de matérias residuais no fabrico de biodiesel, sobretudo óleos

cas de biocombustíveis e, no que respeita à APPB – Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis – e aos seus Associados, continuar a desempenhar o seu papel, que consideramos necessário e relevante, na economia nacional.

Fotografia: Grupo Sovena

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL BIOCOMBUSTIVEIS

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL BIOTECNOLOGIA

BIOTECNOLOGIA E MELHORAMENTO VEGETAL* A biotecnologia tem como programa racionalizar e

tivas aos stresses bióticos se estimam entre 30 a

tornar eficientes os processo que recorrem aos orga-

40 porcento atuais (figura 1), podendo as perdas de

nismos vivos ou seus componentes para a obtenção

produtividade potencial resultantes dos impactos

de produtos e serviços. Não admira, portanto, que historicamente seja a agricultura - uma atividade que tem como um dos seus objetivos a produção de matéria-prima para a alimentação humana e animal – uma das áreas que Pedro Fevereiro Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, Universidade Nova de Lisboa

… historicamente seja a agricultura - uma atividade que tem como um dos seus objetivos a produção de matéria-prima para a alimentação humana e animal – uma das áreas que mais tende a incorporar a inovação desenvolvida pela biotecnologia.

mais tende a incorporar a

abióticos ultrapassar os 60%. A biotecnologia pretende contribuir para uma forma mais sustentável de produção agrícola, reduzindo as perdas potenciais causadas pelos diferentes tipos de stress. Este desiderato reflete-se no desenvolvimento

inovação desenvolvida pela biotecnologia.

de variedades que incorporam características que

Dependendo da perspetiva, é possível assumir que a

permitem a redução do uso de agroquímicos e

biotecnologia, entendida como atividade humana que

redução dos níveis de aflo toxinas, como sejam as

recorre aos “serviços” dos seres vivos, sempre esteve

resistências a insetos, sendo um exemplo o milho

presente desde que o homem se sedentarizou. De

resistente às brocas, ou a utilização de práticas

facto, os processos de seleção artificial que foram sendo impostos por nós a espécies vegetais e animais e que deram origem às atuais variedades vegetais cultivadas e às raças de animais domésticos, bem como os múltiplos usos que delas foram sendo feitos, são considerados por alguns como biotecnologia, embora a componente de racionaliza-

A biotecnologia pretende contribuir para uma forma mais sustentável de produção agrícola, reduzindo as perdas potenciais causadas pelos diferentes tipos de stress. Este desiderato reflete-se no desenvolvimento de variedades que incorporam características que permitem a redução do uso de agroquímicos e redução dos níveis de aflo toxinas, como sejam as resistências a insetos, …

ção destes processos só nos

agrícolas, com seja a redução da mobilização do solo, no caso das variedades resistentes a herbicidas. Reflete-se ainda na redução das perdas por doenças, como sejam as variedades melhoradas resistentes a vírus, sendo disso exemplos as variedades de papaia resistentes ao vírus da mancha anelar da papaia, ou o feijão resistente ao vírus do mosaico dourado.

últimos dois séculos se tenha vindo a impor, devido à

Finalmente a biotecnologia começa a apresentar

compreensão dos fenómenos biológicos subjacentes

produtos que permitem uma maior resiliência das

aos processos utilizados.

culturas às variações ambientais como a falta de

Nos últimos cem anos, a acumulação do conhecimento

água e a salinidade dos solos, bem como uma maior

biológico, fruto da aplicação do método científico ao estudo dos seres vivos que nos rodeiam, tem permitido o desenvolvimento de várias tecnologias

Figura 1 – Estimativa global das perdas das culturas principais devido a insetos, doenças e ervas daninhas.

para otimizar os processos de melhoramento das espécies vegetais. O desiderato final é permitir o desenvolvimento de cultivares, das diferentes espécies vegetais que são utilizadas na agricultura, adequadas às diferentes condições edafoclimáticas, aos diferentes modos de produção e aos diferentes ataques bióticos (doenças e pragas). Estes objetivos são tanto mais relevantes quanto as perdas rela*

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

rtigo cedido gentilmente pelo GPP (Publicado na Revista A Cultivar nº 4, Junho 2016)

Fonte: M. Ashraf et al. (eds.), 2012 Crop Production for Agricultural Improvement DOI 10.1007/978-94-007-4116-4_1, © Springer Science+Business Media B.V.


Figura 2 – Arroz dourado, resultante da expressão de 3 genes adicionados à planta do arroz para permitir completar a via de síntese do b-caroteno e a sua acumulação nas sementes.

bilidade dos sistemas. Por exemplo em Portugal é possível aumentar o lucro operacional das explorações em 250 a 500 euros por hectare com o uso de variedades de milho resistentes à broca em regiões de alta incidência da praga. Num caso concreto (comunicação pessoal, Dr. José Maria Rasquilha) foi possível obter um diferencial de +560 €/ha quando comparado com o uso nas mesmas condições de milho convencional. Ao nível mundial é possível verificar, por exemplo, a redução da aplicação de inseticidas e herbicidas, bem como a redução da emissão de gases devido ao uso de variedades melhoradas com recurso à biotecnologia (tabelas 1 e 2). Estes valores dão uma perspetiva do aumento da sustentabilidade gerado pelo uso das variedades melhoradas com recurso à biotecnologia. Atualmente, a obtenção de novas variedades explora duas vias estra-

Fonte: http://www.allowgoldenricenow.org/.

tégicas distintas, ambas incorporando tecnologias de base molecular.

adaptabilidade às variações suscitadas pelas alterações climáticas e

A primeira destas vias explora a diversidade existente, não introdu-

também produtos que alteram as qualidades dos alimentos e suprem

zindo alterações provenientes da manipulação laboratorial do genoma.

necessidades associadas à saúde, como sejam variedades de soja

A segunda pretende utilizar a tecnologia do DNA recombinante e

com níveis aumentados de Omega 3 ou arroz com acumulação de

as tecnologias dela decorrentes para produzir novas combinações

pró-vitamina A (fig 2). A utilização da biotecnologia tem permitido aos agricultores reduzir significativamente o impacto da sua atividade no meio ambiente, aumentando a sustenta-

genéticas. O que separa as duas vias

A utilização da biotecnologia tem permitido aos agricultores reduzir significativamente o impacto da sua atividade no meio ambiente, aumentando a sustentabilidade dos sistemas.

é o grau de capacidade e de velocidade para mobilizar novas variantes alélicas, ou novos genes, para construir as combinações alélicas mais favoráveis.

Tabela 1 – Impacto da alteração do uso de herbicidas e pesticidas por utilização mundial de variedades biotecnológicas entre 1996 e 2013 Alterações em volume de substância ativa (sa) usada (milhões Kg)

Característica

% alterações de uso de sa em culturas GM

% alterações com impacto ambiental relacionadas com herbicidas e inseticidas em culturas GM

Área GM 2013 (milhões ha) 80.7

Soja GM tolerante a herbicida

-2.3

-0.1

-14.5

Soja GM tolerante a herbicida e resistente a insetos

-0.4

-0.8

-2.8

2.5

Milho GM tolerante a herbicida

-210.5

-9.2

-13.5

43.8

Canola GM tolerante a herbicida

-18.4

-16.5

-27.9

8.1

Algodão GM tolerante a herbicida

-2.3

-7.2

-9.5

4.0

Milho GM resistente a insetos Algodão GM resistente a insetos Beterraba Sacarina GM tolerante a herbicida Total

-71.7

-51.6

-53.1

47.5

-227.5

-26.6

-29.4

22.4

+1.7

+31.2

-0.8

0.47

-550

-8.6

-19.0

Fonte: Graham Brookes & Peter Barfoot - PG Economics Ltd, UK Dorchester, UK May 2015

Tabela 2 – Contexto do impacto da sequestração de carbono em 2013: carro/equivalentes

Cultura/Característica/ País

Poupança permanente de CO2 decorrentes da redução do uso de combustível (milhões de kg de CO2)

Economia de combustível permanente: em equivalentes médios de carro da família removido da estrada por ano (‘000s)

Poupança potencial adicional de sequestro de carbono do solo (milhões de kg de CO2)

Poupança de sequestro de carbono do solo: em equivalentes médios de carro da família removido da estrada por ano (‘000s)

Soja, TH, US

210

93

1066

474

Soja, TH, Argentina:

751

334

11418

5075

Soja, TH, Brasil

456

203

6931

3081

Soja, TH, Bolívia, Paraguai, Uruguai:

169

75

2569

1142

Milho, TH, Canada

185

82

932

414

Milho, TH, US

211

94

2993

1330

Algodão, RI, global

34

15

0

0

Milho, RI, BRASIL

80

35

0

0

2096

931

25909

11516

Total

TH – tolerância a herbicidas; RI – Resistência a insetos Fonte: Graham Brookes & Peter Barfoot - PG Economics Ltd, UK Dorchester, UK May 2015

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL BIOTECNOLOGIA

Na primeira perspetiva, durante algum tempo, foi explorada a combinação de alelos baseada na escolha de fenótipos úteis e no uso de diversas estratégias de cruzamentos controlados para produzir

Ao nível mundial é possível verificar, por exemplo, a redução da aplicação de inseticidas e herbicidas, bem como a redução da emissão de gases devido ao uso de variedades melhoradas com recurso à biotecnologia …

vas (QTL) ou em populações de indivíduos não relacionados que apresentem uma distribuição próxima da regular da variabilidade, permitirão, num futuro mais ou menos distante, identificar no “pool” genético de cada espécie, quais

combinações desejadas. Cabem aqui por exemplo a obtenção de híbridos sintéticos e de híbridos simples,

as variantes alélicas que influenciam cada uma das características

atualmente utilizados em todo o mundo e que permitem usufruir do

desejadas. O objetivo futuro será conseguir mobilizar cada uma das

denominado “vigor Híbrido”. Neste contexto foram ainda desenvolvi-

variantes desejadas num ideótipo único.

das técnicas que permitiram a introgressão de variantes alélicas de

A identificação e marcação de regiões de DNA que controlam carac-

espécies selvagens que possibilitam a obtenção de descendência fértil,

terísticas desejáveis está atualmente na base do desenvolvimento de

quando cruzadas com as variedades a melhorar. Ainda nesta vertente

muitos programas de melhoramento nacionais – como por exemplo o melhoramento de arroz no sudoeste

foram desenvolvidas novas espécies, resultantes do cruzamento de espécies de géneros distintos. Nestes casos o recurso à cultura in vitro para salvamento de embriões permitiu a obtenção de novas espécies como o triticale (× Triticosecale Wittmack) (fig. 3) e o tritordeum (T. durum x H. chilense). O triticale é atualmente produzido em Portugal, na produção de alimento para gado, sendo preferido devido à sua produtividade e tolerância a doenças e pragas. Os últimos decénios (desde a década de 80) viram a introdução de marcadores

Atualmente, a obtenção de novas variedades explora duas vias estratégicas distintas, ambas incorporando tecnologias de base molecular. A primeira destas vias explora a diversidade existente, não introduzindo alterações provenientes da manipulação laboratorial do genoma. A segunda pretende utilizar a tecnologia do DNA recombinante e as tecnologias dela decorrentes para produzir novas combinações genéticas. O que separa as duas vias é o grau de capacidade e de velocidade para mobilizar novas variantes alélicas, ou novos genes, para construir as combinações alélicas mais favoráveis.

moleculares como forma de reconhecer

asiático, tendo sido detetados um conjunto de QTLs para a produção de grão sob condições de secura, os quais estão a ser introgredidos em variedades comerciais (Kumar et al. J. Exp. Bot. (2014) 65 (21): 6265-6278), ou a identificação de 8 QTL em trigo controlando a resistência à fusariose da espiga (Fusarium graminearum) (em http://archive.gramene.org/db/qtl/). As limitações impostas pelo facto de apenas serem utilizáveis as variantes alélicas disponíveis em indivíduos que se pudessem cruzar sexualmente entre

e identificar a variabilidade intraespecífica disponível. Estes marcadores

si, e a morosidade associada aos processos de introgressão, incitou ao

moleculares evoluíram de marcadores baseados na análise da presença

desenvolvimento de uma segunda perspetiva. Esta recorre à utilização

de isoenzimas, para a utilização de regiões aleatórias do DNA (RAPD e

de tecnologias que permitem a mobilização de qualquer sequência de

AFLP), passando pela identificação e uso de regiões do DNA denomina-

DNA codificante, de qualquer dos “pool” genéticos (fig. 4) existentes,

das de microssatélites (SSR) e finalmente pela identificação e uso de

e a sua expressão, na variedade que se pretenderia melhorar.

polimorfismos de base única de DNA (SNP). Estes últimos marcadores são atualmente os utilizados pelas empresas de melhoramento, para, utilizando as novas técnicas de sequenciação, ‘genotipar’ os genomas

Figura 4 – Os “pool” genéticos disponíveis para serem explorados no melhoramento vegetal.

das diferentes variedades. Esta ‘genotipagem’ permite realizar estudos de associação entre características genéticas quantitativas, controladas por alguns ou muitos genes que interagem com o ambiente e entre si (epistasia) e que podem afetar mais do que uma característica (pleiotropia), e as características fenotípicas observadas nas populações. Estes estudos, que podem ser realizados em populações segregantes, permitindo a identificação de loci de características quantitatiFigura 3 – Trigo / Centeio / Triticale

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Triticale

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Fonte: Adaptado de: J. R. Harlan and J. M. J. de Wet (1971), Taxon 20 (4): 509–517.


Esta perspetiva implicava a possibilidade de transferência horizontal

Com o desenvolvimento da capacidade de sequenciar os genomas dos

de DNA, o que foi primeiro desenvolvido, apenas na década de setenta

organismos vivos iniciou-se entretanto, um a nova era para a capa-

do século XX, em bactérias. A perspetiva desta tecnologia permitiu

cidade de melhorar as plantas, de forma mais precisa e ainda mais

abrir o leque de procura das variantes alélicas ou novos genes a

racional, permitindo atuar com precisão numa determinada região do

todo o espectro de organismos vivos, inclusive a vírus. E assim, em

genoma ou numa sequência específica.

1983 foram pela primeira vez apresentadas provas da integração de

O primeiro genoma vegetal a ser sequenciado foi o de uma planta

sequências codificantes heterólogas em plantas. O desenvolvimento

modelo, com um genoma bastante pequeno, a arabidopsis, o qual foi

desta tecnologia permitiu a produção de variedades comerciais com

descrito em 14 de dezembro 2000, na revista Nature (The Arabidop-

resistência a insetos, a vírus, a herbicidas e à secura.

sis Genome Iniative, 2000 Nature 408: 796-815). Neste relato foram

Uma variante desta tecnologia permitiu a introdução de sequên-

identificados 25.498 genes. Nele se pode também ler que “Esta é a primeira sequência completa do genoma

cias que reduzem ou bloqueiam a expressão de genes, quer sejam genes da própria planta ou genes das proteínas da cápside viral, permitindo, por exemplo, a obtenção de variedades mais resistentes ao armazenamento e ao transporte ou de variedades resistentes a vírus. A possibilidade de uma regulação temporal e/ou espacial (específica para um determinado órgão ou tecido) da expressão de sequências codificantes heterólogas em plantas são vantagens determinantes na adequação desta tecnologia para

Este conjunto de tecnologias tem vindo a ter uma aceitação diversa nos diferentes países. Enquanto os países do continente americano e da Oceânia e ainda países como a Índia e a China são favoráveis ao uso desta tecnologia, a União Europeia em geral e a Rússia, bem como a maioria dos países africanos restringem fortemente o uso de variedades melhoradas com recurso a esta tecnologia. As diferenças de aceitação não residem, no entanto em quaisquer argumentos sólidos de natureza ética ou mesmo ambiental. Na realidade as restrições à disponibilização dos produtos das variedades melhoradas com recurso a esta tecnologia são de origem ou ideológica ou económica.

fazer face a problemas específicos,

de uma planta (...), identificando-se uma ampla gama de funções de genes específicos de plantas e (permitindo) estabelecer formas sistemáticas rápidos para identificar genes para melhoramento de culturas.” Atualmente existem pelo menos noventa espécies de plantas terrestres cujo genoma se encontra sequenciado, estando entre elas as principais culturas, como o trigo, o milho, o arroz, a batata, a batata-doce, a mandioca, e o feijão. Entretanto foram desenvolvidas novas técnicas de sequenciação denominadas de nova geração (NGS), que apresentam como diferença fundamental em rela-

como seja a ativação da expressão apenas quando um determinado

ção a técnicas anteriores, sequenciarem, em vez de um fragmento

fenómeno se desenvolve – por exemplo a seca – ou quando apenas

de DNA único, milhões de fragmentos de uma forma massiva e em

se pretende a expressão em frutos – por exemplo para reduzir a

paralelo. Estas tecnologias permitem reduzir significativamente

velocidade de amadurecimento.

o preço e o tempo necessário para a sequenciação dos genomas.

Este conjunto de tecnologias tem vindo a ter uma aceitação diversa

Esta disponibilidade introduziu a perspetiva de se ‘re-sequenciarem’

nos diferentes países. Enquanto os países do continente americano

os genomas de várias espécies, o que permite a identificação das

e da Oceânia e ainda países como a Índia e a China são favoráveis

variantes alélicas existentes e a possibilidade da sua caracterização

ao uso desta tecnologia, a União Europeia em geral e a Rússia,

funcional. Mas também introduziram a possibilidade de se ‘genotipa-

bem como a maioria dos países africanos restringem fortemente

rem’ milhares de marcadores do tipo SNP e permitirem uma maior

o uso de variedades melhoradas com recurso a esta tecnologia.

precisão em estudos de associação fenótipo/genótipo.

As diferenças de aceitação não residem, no entanto em quaisquer

Associado à revolução na sequenciação dos genomas anteriormente

argumentos sólidos de natureza ética ou mesmo ambiental. Na

referida encontram-se as novas técnicas de melhoramento (NBT - New

realidade as restrições à disponibilização dos produtos das varie-

Breeding Techniques). A lista das técnicas incluídas nesta designação

dades melhoradas com recurso a esta tecnologia são de origem ou

é a seguinte:

ideológica ou económica. Contrariamente à perspetiva vigente na Europa, não existe um modo

• Nucleases dirigidas para uma sequência específica

de “cultivo GM”. Esta tecnologia tem como finalidade melhorar as varie-

• RNA de interferência

dades cultivadas, e a sua rotulagem, tal como é efetuada na Europa,

• Mutagénese oligo-dirigida

não permite qualificar os produtos resultantes, mas antes rotular o método de melhoramento utilizado e amedrontar os consumidores,

• Agro-infiltração

entretanto convencidos com efabulações sobre esta tecnologia. De

• Cisgénese

facto, não foram até agora encontrados dados que permitam supor que os produtos alimentares derivados das plantas assim melhoradas são prejudiciais à saúde, e o maior ou menor impacto do seu cultivo no agro-ambiente depende essencialmente das práticas agrícolas utilizadas.

• Enxertia em porta-enxertos modificados • “Reverse breeding” • Modelação dos níveis de metilação do DNA mediada por pequenos RNAs

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

|

23


ALIMENTAÇÃO ANIMAL BIOTECNOLOGIA

Figura 5 – Modelo do silenciamento génico mediado por pequenos RNAs em plantas.

tecnologia tem evoluído muito rapidamente e no passado mês de Abril foi noticiado que uma variedade de milho ceroso melhorada com recurso a esta tecnologia será submetida a avaliação para ser regulamentada. Esta variedade foi melhorada com recurso a uma nuclease, denominada de CRISPR/Cas9, que é considerada neste momento a ferramenta mais poderosa, simples e barata para a edição de genomas. Esta enzima é uma pequena nuclease que quebra a cadeia dupla de DNA, sendo o seu direcionamento para uma sequência específica do DNA efetuado por um pequeno RNA de cadeia simples, complementar da sequência de DNA alvo. Esta tecnologia implica a expressão da nuclease e do RNA guia na planta cujo DNA se pretende editar. Dois aspetos são notáveis: o primeiro é que para ser possível direcionar a nuclease é necessário saber com precisão qual a sequência DNA alvo e portanto é necessário conhecer com precisão o genoma da espécie que se quer modificar; o segundo é que com esta tecnologia não é possível, para as variantes SDN1 e SDN2 distinguir que processo levou à alteração, se o uso de nucleases, se fenómenos de mutagénese natural, o que colocará questões interessantes à certificação e regulação das variedades assim obtidas. É interessante ainda referir que o custo de produzir uma nuclease do tipo CRISPR/ Cas9 é tão barato (cerca de 10 euros por nuclease) que já alguns autores referem-se esta tecnologia como uma “democratização” do melhoramento vegetal. A biotecnologia continuará a desenvolver ferramentas que permitirão aumentar a precisão e a velocidade com que se consegue ajustar a produção vegetal às nossas necessidades. Estes desenvolvimentos resultam da enorme pressão a que estamos sujeitos para responder a desafios como o aumento de cerca de 50% da produção agrícola vegetal até 2050, associado à impossibilidade de se aumentar a área

Dicer – enzima que processa RNAs de dupla cadeia transformando os em pequenos RNA de interferência (siRNA). RISC: complexo enzimático contendo a enzima Argonauta, que quando associado a uma das cadeias do siRNA reconhece e corta RNA mensageiro que contenha uma sequência complementar do siRNA. Fonte: Waterhouse & Helliwell (2003) Nature Reviews Genetics 4, 29-38

agrícola disponível para esta produção e aos efeitos das alterações climáticas mais ou menos bruscas que se encontram atualmente em curso, incluindo-se nestas o aumento da temperatura, mas também os fenómenos climatéricos extremos e a degradação da qualidade

Algumas destas técnicas não serão assim tão recentes, como

dos solos aráveis.

o caso da técnica de RNA de interferência (RNAi) ou a enxertia

No entanto existe também uma forte pressão no sentido de se redu-

sobre porta-enxerto geneticamente modificado, mas usufruem

zirem os impactos dos efeitos da atividades agrícolas no ambiente,

de um nível de compreensão acrescido, como seja o conhecimento dos mecanismos associados à interferência, que se baseia essencialmente em processos de regulação génica pós-transcricional mediada por pequenos RNAs (fig. 5). Outras técnicas baseiam-se na capacidade de direcionar nucleases para sequências específicas do genoma, permitindo a sua edição com uma enorme precisão. Esta tecnologia permite ou interromper a expressão de um gene, ou corrigir um gene específico ou ainda substituir uma variante alélica por outra (fig. 6). Esta 24 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

associadas a uma perspetiva de sus-

A biotecnologia continuará a desenvolver ferramentas que permitirão aumentar a precisão e a velocidade com que se consegue ajustar a produção vegetal às nossas necessidades. Estes desenvolvimentos resultam da enorme pressão a que estamos sujeitos para responder a desafios como o aumento de cerca de 50% da produção agrícola vegetal até 2050, associado à impossibilidade de se aumentar a área agrícola disponível para esta produção e aos efeitos das alterações climáticas mais ou menos bruscas que se encontram atualmente em curso, incluindo-se nestas o aumento da temperatura, mas também os fenómenos climatéricos extremos e a degradação da qualidade dos solos aráveis.

tentabilidade que se baliza sobretudo na componente ambiental. E existe uma mitologia assente na perspetiva de que as espécies vegetais utilizadas na agricultura são “naturais”, tendo na verdade, todas elas, sofrido profundas alterações decorrentes da sua domesticação e melhoramento pela espécie humana. A biotecnologia, por si só, não permitirá resolver os problemas de falta de alimento. No entanto, as diversas formas de melhoramento baseadas na precisão molecular, associadas ao uso consciente das variedades disponí-


Figura 6 – Três variantes do uso da edição de DNA

SDN1 – bloquear a expressão de um gene; SDN2 – substituir uma sequência génica por outra, corrigindo um ou mais dos seus pares de bases; SDN3 – inserir uma nova sequência codificante num local específico. NHEJ – “Non Homologous End Joining”; HR – Homologous Recombination. Fonte: Adaptado de várias publicações.

veis e a práticas agrícolas adequadas às condições edafoclimáticas (fig. 7) permitirão alterar significativamente o panorama da produção vegetal no planeta, permitindo desenvolver variedades que possam

Por outro lado a falta de capacidade de investimento nacional não permite uma atividade sustentada de melhoramento das espécies vegetais mais importantes da nossa agricultura.

Figura 7 – Integração do melhoramento vegetal com a biotecnologia e com os sistemas agronómicos com a gestão do risco do uso das novas variedades

responder às necessidades atempadamente, sendo certo que será sempre necessário desenvolver novas respostas para novas situações que se irão colocando. Portugal poderá usufruir desta dinâmica? A integração na União Europeia implica uma partilha da tomada de decisão com os restantes países da União. Neste momento a UE, não relegando o desenvolvimento da conhecimento que é a base do desenho dos processo biotecnológicos acima referidos, não aceita as soluções para melhoramento baseado na recombinação do DNA. Isso implica

a cruzamentos controlados. Assim, os agricultores nacionais e os

que atualmente só seja possível utilizar a resistência às brocas, em

consumidores só tardiamente virão a usufruir das variedades mais

variedades de milho, para produzir no nosso país. Por outro lado a

produtivas, com a agravante de que não serão desenvolvidas para

falta de capacidade de investimento nacional não permite uma atividade sustentada de melhoramento das espécies vegetais mais importantes da nossa agricultura. E a maioria dos poucos programas de melhoramento que existem não recorrem de forma consistente ao uso de marcadores moleculares, sequer

Assim, os agricultores nacionais e os consumidores só tardiamente virão a usufruir das variedades mais produtivas, com a agravante de que não serão desenvolvidas para as necessidades específicas do país.

as necessidades específicas do país. Urgiria o desenvolvimento de programas de melhoramento dirigidos às necessidades nacionais, capazes de incorporar as diversas ferramentas biotecnológicas, de forma a maximizar a sua precisão e a velocidade com que se viriam a obter as novas variedades. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

|

25


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

DIETAS DE BAIXA PROTEÍNA PARA SUÍNOS CRESCIMENTO: UMA REALIDADE SUSTENTÁVEL O desenvolvimento de meios de produção sustentáveis enquadrados nos três pilares do conceito

Tabela 1 – Impacto ambiental potencial da produção de 1 Kg de peso vivo (Suíno)

de sustentabilidade (social, ambiental e econó-

Dietas alta proteína

mico) é um desafio presente e futuro.

Dietas de baixa proteína

A utilização racional das matérias-primas, a elabo-

Formulação optimizada menor custo

ração de dietas que optimizem as performances

Restrição da PB

e sejam economicamente viáveis, os sistemas de

Disponibilidade de AA essenciais (L – Lisina, L-Treonina, DL – Metionina, L-Triptofano e L-Valina)

produção desenhados para serem menos poluentes, entre outros, são factores que contribuem para a sustentabilidade. A concepção de dietas de baixa proteína para suínos de crescimento optimizadas considerando o perfil de Aminoácidos Essenciais específico

Sim

Não

Não

Sim

mais sustentável, uma redução no custo do ali-

Impacto ambiental (%da Dieta Alta Proteína)

mento, uma melhoria da performance e do estado

Acidificação

desta fase contribui para uma produção animal

sanitário dos animais. Esta realidade só é possível dada a existência no mercado de 5 Aminoácidos Essenciais Feed Grade (L-Lisina, L – Treonina, DL – Metionina, L-Triptofano e L-Valina) que possibilitam a optimização das dietas, nomeadamente, quando reduzimos a proteína das mesmas, e abrem caminho para uma produção animal de alta performance e sustentável.

Impacto ambiental O impacto no ciclo biológico da utilização de

Lama

Estrume

100

71

74

Eutrificação

100

81

84

Mudanças climáticas

100

87

76

Necessidade de Energia cumulativa

100

96

94

Toxicidade terrestre

100

88

88

Ocupação da terra

100

99

99

(Garcia-Launay et al, 2014)

Aminoácidos Feed Grade nas dietas de baixa proteína para suínos foi estudado por Garcia-Launay et al (2014) (Tabela 1) e recentemente confirmado por Kebreab et al (2016). Aqueles autores concluíram que o impacto ambiental deste tipo de dietas representava uma redução em cerca de 29% na acidificação dos solos e 19% de eutrificação, como resultado da menor excreção de N ou, se quisermos analisar de

matérias-primas e possibilita uma redução significativa no custo do alimento (Gráfico 1). Neste estudo de formulação efectuado com dietas para suínos de crescimento (EN 2320 Kcal/ Kg, 0,85 SID Lisina e perfil Aminoácidos AEL1) considerando diferentes cenários de preços das matérias-primas (Janeiro de 2012 a Julho de 2016), compararam-se 2 dietas:

outra forma, uma optimização da utilização

• 1 dieta com um nível de proteína bruta mínimo de 16%

do mesmo.

• 1 dieta optimizada sem considerar um valor mínimo de proteína bruta.

Redução do custo do alimento A formulação de dietas para suínos de cresciTeresa Carmona Costa

mento considerando o conceito de proteína ideal

Directora Técnica INDUKERN PORTUGAL teresa.costa@indukern.pt

(relação Aminoácidos essenciais/ Lisina) em

26 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

• Ambas as dietas estavam equilibradas segundo o perfil de Aminoácidos da AEL.

detrimento do nível de proteína bruta da dieta, permite uma maior flexibilização na escolha das

1

AEL – Ajinomoto-Eurolysine S.A.S.


Reduzir o nível de proteína bruta na dieta de porcos crescimento para melhorar o custo do alimento

Redução do preço do alimento

17,0 % 15,0 % Proteína bruta

Proteína bruta

Resultados da optimização do alimento para porcos crescimento considerando cada aminoácido essencial

☛ Os nutricionistas da Ajinomoto Eurolysine S.A.S. reviram e actualizaram recentemente as necessidades de aminoácidos essenciais para porcos crescimento (>25kg). As necessidades actualizadas, apresentadas na tabela seguinte, fornecem um caminho para a redução da proteina bruta da dieta sem consequências negativas na performance esperada dos suínos. ☛ A suplementação com aminoácidos como o L-Triptofano permite uma redução da proteína bruta da dieta e, consequentemente, do custo do alimento, permitindo assim uma performance optimizada ao menor custo. ☛ Adicionalmente, benefícios no ambiente são obtidos por menor excreção de azoto. PERFIL IDEAL DE AMINOÁCIDOS PARA PORCOS CRESCIMENTO E ACABAMENTO Relação SID relativamente à Lisina (%)

Crescimento 25 aos 65kg

Acabamento 65 aos 110kg

Lisina

100

100

Treonina

67

68

Metionina + Cistina

60

60

Triptofano

20

19

Valina

65

65

Isoleucina

53

53

Leucina

100

100

Acesso livre a toda a informação em: www.ajinomoto-eurolysine.com

Contact: INDUKERN PORTUGAL, LDA Centro Empresarial Sintra Estoril II – Rua Pé de Mouro – Edif. C Apartado 53 – Estr. de Albarraque, 2710-335 SINTRA Telef.: 219248140 – Fax: 219248141 – teresa.costa@indukern.pt A L I ME N TAÇÃO ANIMAL | 2 7


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

Gráfico 1 – Estudo de formulação Suínos crescimento (Janeiro 2012 – Julho 2016)

Gráfico 2 – Interesse dos Aminoácidos feed-grade nas dietas para suínos crescimento

Fonte: Ajinomoto Eurolysine, 2016, Legall, Eric, V jornadas da SFPM/IACA

Conclusão • O teor de proteína das dietas não limitadas reduziu 1,6 pontos em média • O valor médio de redução de custo do alimento foi de 6 €/ton embora nalguns meses esta redução tenha sido de 12€/ton. • A poupança está relacionada com a inclusão de Aminoácidos Feed Grade e Cereais e na redução da inclusão de Soja.

Necessidades em Aminoácidos dos Suínos Crescimento Os principais pré-requisitos para podermos reduzir a nível de proteína bruta na dieta são: • Conhecimento do valor biológico de cada matéria-prima: tipificação da matéria-prima com os diferentes Aminoácidos Essenciais. • A utilização de Energia Limpa (EN) (possibilita a melhor valorização dos cereais pelo seu valor energético e das fontes proteicas pelo seu valor em proteína) • Conhecimento das necessidades da espécie/fase de crescimento para cada Aminoácido Essencial e respectiva relação com a Lisina. Sabemos que existem, pelo menos, vinte aminoácidos essenciais dos quais nove são indispensáveis por não serem sintetizados ou apenas em pequenas quantidades pelos Suínos (Bolsen, 2003), referimo-nos à Lisina, Treonina, Metionina, Triptofano, Valina, Isoleucina, Leucina, Histidina e Fenilalanina. O alimento deve fornecer a quantidade de Aminoácidos Essenciais necessários à cobertura das necessidades mas, ao mesmo tempo, não deve fornecer em excesso (Existência de interacções – catabolização dos Aminoácidos ramificados quando há excesso de um deles, por exemplo). Se considerarmos uma dieta tipo para suínos crescimento, as matérias-primas fornecem per se um conjunto de Aminoácidos essenciais os quais não são suficientes para as necessidades dos animais pelo que é necessário completar com a utilização de Aminoácidos Feed Grade (ver Gráfico 2) 28 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Fonte: Ajinomoto Eurolysine S.A.S.

Analisando o Gráfico 2 verifica-se a necessidade de suplementação dos aminoácidos L-Lisina, L-Treonina e L – Triptofano. Por outro lado, verifica-se um excesso dos restantes aminoácidos (val, Ile, Leu, His e Phe+Tyr) com excepção da Met+Cys que está ao nível das necessidades. O excesso de Aminoácidos fornecido pela Proteína da dieta pode ser ajustado reduzindo a mesma. A redução da proteína pode ser feita até ao próximo Aminoácido limitante, neste caso a Valina. Se pretendermos reduzir ainda mais o valor da proteína podemos fazê-lo até a Isoleucina se tornar limitante e assim sucessivamente. Várias publicações demonstram que a redução da proteína da dieta, desde que equilibrada com um perfil de Aminoácidos adequado, permite a manutenção da performance (Tabela 2). O conhecimento das necessidades dos aminoácidos, principalmente quando baixamos a proteína da dieta, é fundamental para garantir a performance.

Necessidades em Triptofano O Triptofano é um Aminoácido Essencial reconhecidamente importante no consumo do alimento e no estado sanitário dos leitões (Le Floc´h et al, 2007; Simongiovanni et al, 2012). Em suínos crescimento influência o crescimento e a performance. Num ensaio publicado recentemente, Millet et al (2015) avaliaram o efeito da redução da proteína bruta em dietas com nível de Triptofano não controlado comparativamente com dietas com um nível de Triptofano controlado (Gráfico 3). As dietas foram formuladas considerando 2340 Kcal/Kg de EL, Lisina 0,82% SID, considerando-se: 1. Uma dieta de alta proteína (17,8% PB) com a relação SID Trp:Lys de 21 % 2. Uma dieta de baixa proteína (14,5% PB) com um nível SID Trp:Lys de 17 % (Não controlado) 3. Uma dieta de baixa proteína (14,5% PB) com um nível SID Trp:Lys de 19 %


Tabela 2 – Efeito da Redução da Proteína da dieta na performance de suínos crescimento e qualidade da carcaça Peso Vivo (Kg)

Sexo

SID Lis* (%)

PB dieta* (%) 16.0 – 15

Quiniou et al.(2011)

27 a 110

Porcos e porcas

0.83 – 0.73

15.0 – 14 14.5 – 13 15.9

N∅rgaard et al (2014)

55 a 100

Roy et al, (2014)

25 a 100

Molist et al, (2016)

25 a 120

Porcas

0.74

14.8 13.6 15.5–14.5

Porcos e porcas

0.85 – 0.76

Varrascos e porcas

0.94-0.790.69

14.5-13.5 17.6-16.4-15 15.6-15-13.3

CM D (Kg/d) 2.3 4 2.3 8 2.3 3 2.6 5 2.7 2.6 7 2.1 8 2.1 8 2.1 7 2.2 3

GMD (g/d)

I.C.

Carne magra (%)

Sistema EN

Perfil AA AEL 2016

801

2.94

61.3

801

2.97

60.9

818

2.87

61.8

1041

2.55

61.4

1061

2.54

61.4

1038

2.57

61.3

909

2.44

60.5

922

2.38

61.1

938

2.38

60

936

2.42

60

*quando se consideram 2 ou mais valores são referentes a diferentes fases de crescimento

Estes autores concluíram que (Gráfico 3): • Reduzir a proteína bruta da dieta sem controlar o nível de Triptofano conduz a uma deterioração significativa do crescimento e do índice de conversão.

Gráfico 4 – Meta-análise – Suínos de engorda (25-125 kg) | Simongiovanni et al. (2013)

• A suplementação de uma dieta de baixa proteína com triptofano permite um aumento da performance • Uma relação SID Trp:Lys a 19% ainda é deficiente e as necessidades neste aminoácido deverão ser controladas. Resultados estes que são concordantes umaa meta-análise (Simongiovanni et al, 2013) (Gráfico 4) efectuada com ensaios dose – resposta com objectivos prácticos que recomenda um nível de 20% SID Trp:Lys para dietas de suínos crescimento. A expressão da alteração do nível de Trp:Lis SID de 17% para 20% (valor estimado das necessidades em Triptofano para suínos em crescimento) pode ser representada no seguinte gráfico (Gráfico 5): Conclusão: • A relação ideal de SID Trp:Lis para dietas de suínos crescimento é de 20 % • Um aumento de um nível de 17% SID Trp:Lis para um nível de 20% permite:

• + 50 g/d de GMD

• -0,08 pontos nos I.C.

Fonte: Simongiovanni et al. (2013)

Gráfico 5 – Resposta entre o nível de 17% SID Trp:Lys e o valor da necessidade (20%)

Gráfico 3 – Efeito da Redução do nível de Proteína bruta controlando/ não controlando o nível de Triptofano no ganho médio diário (g/dia) e no Índice de conversão em suínos crescimento (28 – 55 Kg)

Fonte: Millet et al, 2015

Fonte: Simongiovanni et al. (2013)

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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29


ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

Necessidades em Valina e Isoleucina Nas dietas de leitões a Valina é um Aminoácido limitante e é potencialmente limitante em dietas de baixa proteína para suínos crescimento. Ao contrário dos dados conhecidos para leitões os dados publicados de ensaios com suínos crescimento são ainda indicativos

forma a permitir a expressão deste último, a fase de crescimento dos animais do ensaio, entre outros. Elaborado segundo aquela metodologia, o perfil de Ideal de Aminoácidos da Ajinomoto Eurolysine para dietas de suínos em crescimento é sólido e seguro em dietas de baixa proteína.

dos valores SID Val:Lis, no entanto, se considerarmos os nove

PERFIL IDEAL DE AMINOÁCIDOS PARA SUÍNOS EM CRESCIMENTO

ensaios dose-resposta publicados desde 1995 a 2015 (Grafico 6),

(25Kg de Peso Vivo até ao abate, expresso em valores SID (Standard Ileal digestible)

considerando o modelo curviliniear-plateau, poderemos concluir um valor de 65% SID Val:Lis embora se reconheça que o valor óptimo ainda tem que ser determinado. Gráfico 6 – Resposta dos Suínos crescimento à Valina – Ensaios dose-resposta.

SID Lis:Lis

100

SID Thr:Lis

67/68*

SID Trp:Lis

20

SID (Met+Cys):Lis

60

SID Val:L

65

SID Ile:Lis

53

SID Leu:Lis

100

SID His:Lis

32

SID (Phe+Tyr):Lis

95

*suínos crescimento/acabamento, respectivamente Fonte: Ajinomoto Eurolysine.

Fonte: Ajinomoto-Eurolysine S.A.S.

Analisando o gráfico podemos inferir que: • Há uma resposta à Valina e que o nível de Valina da dieta tem que ser controlado fundamentalmente em dietas de baixa proteína. • O valor mínimo recomendado é de 65% Val:Lis SID. As necessidades em Isoleucina, outrora controversas até à descoberta que a utilização de matérias-primas SDBC (Spray Dried Blood Cells) nas dietas de dose-resposta aumentavam as necessidades pelo facto da mesma ser catabolizada devido ao excesso de outros aminoácidos ramificados como a Valina e a Leucina, são actualmente consideradas a um nível de 50% a 54% SID Ile:Lis (Wiltasky et al, 2099; Van Milguen et al, 2012).

Perfil de Ideal de Aminoácidos A recomendação de um perfil de Aminoácidos deve ter em consideração um conjunto de factores e não somente uma média dos valores publicados. A utilização de meta-análises é muito importante para a determinação dos níveis ideais das necessidades, desde que as mesmas sigam uma metodologia que verifique os valores nutricionais das matérias-primas consideradas, ou seja, a matriz propriamente dita, a confirmação que a lisina é o segundo aminoácido limitante relativamente ao aminoácido em estudo por 30 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

EM SÍNTESE √ A produção de dietas de baixa proteína para suínos crescimento são uma realidade sustentável. √ Formular tendo como base os AAE oferece maior flexibilidade à formulação do alimento, reduz a PB, excreção de azoto para o ambiente e reduz os custos. √ Numa dieta tipo para suínos crescimento, as matérias-primas fornecem per se um conjunto de Aminoácidos essenciais os quais não são suficientes para as necessidades dos animais pelo que é necessário completar com a utilização de Aminoácidos Feed Grade. √ O conhecimento das necessidades dos aminoácidos é um factor fundamental para garantir a performance. √ Necessidades em Aminoácidos Essenciais para suínos em crescimento: • Triptofano – 20% SID Trp:Lys para porcos dos 25 aos 65 kg • Valina – 65% SID Val:Lis • Isoleucina – 50 a 54 % SID Ile:Lis √ A utilização de um perfil ideal de Aminoácidos que cumpra com as mais avançadas metodologias estatísticas é recomendável.


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31


ALIMENTAÇÃO ANIMAL PANRUAA

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DECORRENTE DA UTILIZAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS EM PRODUÇÃO PECUÁRIA Desde a II Guerra Mundial que a produção

Considerando que os objectivos da alimen-

animal tem sido caracterizada por uma maior

tação animal são os de satisfazer as neces-

intensidade e escala de produção, impondo-se

sidades animais em nutrientes e energia que

a necessidade de potenciar a nutrição com o

permitam o crescimento, engorda, produção e

objetivo de alcançar uma elevada performance

manutenção, qualquer que seja a espécie e/ou

produtiva e zootécnica.

categoria animal de destino, há que reconhecer

Esta situação obrigou ao crescimento da indústria dos alimentos compostos para animais, que pese embora a nível da União Europeia tenha

que os desejados efeitos só são possíveis em animais mantidos em condições adequadas e clinicamente saudáveis.

vindo a atravessar uma fase de estagnação, o

Impõe-se assim a necessidade de melhorar

panorama global é bem diferente, continuando

igualmente o maneio das doenças infeccio-

a expandir-se tanto em volume como em valor,

sas, para além de um tratamento eficaz de

como resposta ao aumento da procura de géne-

animais doentes.

ros alimentícios de origem animal decorrente do aumento da população mundial e crescente poder de compra dos consumidores.

Para o efeito são administrados, entre outros, medicamentos veterinários antimicrobianos, designadamente antibióticos, opção verdadei-

Acresce a perspectiva do crescimento popula-

ramente inovadora na terapêutica de doenças

cional, prevendo-se que a população mundial

provocadas por agentes microbianos desde

crescerá mais de um terço, atingindo em 2050

meados do século passado, que se apresentam

cerca de 9,1 biliões de pessoas, o que obrigará

sob diversas formas galénicas, entre as quais

consequentemente ao aumento da produção de

as pré-misturas medicamentosas, veiculadas

géneros alimentícios em cerca de 70%, em que

no alimento medicamentoso.

a produção de leite e carne terá praticamente que duplicar face aos quantitativos atuais. Pelo exposto, a produção de alimentos para animais terá igualmente que corresponder àquelas exigências. Fig. 1 Como se desenvolve a resistência a antibióticos?

José Manuel Costa1; Maria Azevedo Mendes2; Patrícia Inácio3

1

Divisão de Alimentação Animal, Direção Geral de Alimentação e Veterinária, Lisboa

2

Divisão de Gestão e Autorização de Medicamentos Veterinários, Direção Geral de Alimentação e Veterinária, Lisboa

3

ireção de Serviços de Alimentação e D Veterinária da Região de Lisboa e Vale do Tejo, Direção Geral de Alimentação e Veterinária

32 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Fonte: http://www.me-med.com

Fonte: http://www.me-med.com (adaptado)


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33


ALIMENTAÇÃO ANIMAL PANRUAA

Os alimentos medicamentosos são assim essenciais no controlo da doença dos animais, com a consequente melhoria da

Fig. 3 Gráfico informativo do plano de ação da Comissão Europeia contra a resistência antimicrobiana

produtividade das explorações pecuárias. Em produção intensiva, a proteção da saúde animal reveste-se mesmo de importância fundamental, exigindo medidas rápidas e eficazes de tratamentos colectivos, sempre que adequado. Os alimentos medicamentosos constituem-se igualmente como alimentos compostos para animais, permitindo satisfazer as necessidades dos animais e consistindo igualmente numa componente muito importante no bem-estar animal. Contudo, a utilização inadequada, designadamente, de alimentos medicamentosos que veiculam antimicrobianos e nomeadamente antibióticos, está a comprometer seriamente o tratamento de pessoas e animais, pela emergência e propagação de micróbios resistentes. Tal como em medicina humana, o uso não responsável de antibióticos nos animais pode criar uma pressão seletiva para a emergência e disseminação de bactéria resistentes a determinadas classes de antimicrobianos, as quais podem ser transferidas aos seres humanos através da cadeia alimentar ou do próprio contacto direto com os animais. Fig. 2 Como se dissemina a resistência a antibióticos?

Fonte: EFSA (www.efsa.europa.eu) e ECDC (www.ecdc.europa.eu) Fonte: http://www.me-med.com

A resistência antimicrobiana, fenómeno biológico natural, amplificada essencialmente pela utilização inapropriada de agentes antimicrobianos ao longo do tempo, em pessoas, animais e produção agrícola, para além da própria da contaminação ambiental, tornou-se desta forma num grave problema à escala mundial que, se não controlado, trará consequências desastrosas para a população mundial. Caminha-se desta forma a passos largos para um cenário de

Não obstante a politica europeia relativa à segurança alimentar na perspectiva do garante de elevados níveis da protecção da saúde e bem-estar animal e da saúde dos consumidores, mediante a adoção de legislação que permite a produção, processamento e distribuição de géneros alimentícios e de alimentos para animais seguros e de reconhecida qualidade, não nos podemos esquecer de que urge adotar politicas, estratégias e práticas que garantam a redução e controlo do desenvolvimento das resistências aos antimicrobianos (RAM).

“era pós-antibiótica”, na qual surgem infeções nas pessoas e

Na sequência, entre outras, da implementação do Plano de Ação

animais, não tratáveis, ainda raras, mas em crescente aumento.

sobre RAM elaborado pela Comissão em 2011, estão atualmente

34 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


em discussão a nível do Parlamento Europeu e do Conse-

termos da autorização de introdução no mercado (AIM) de

lho, novas propostas legislativas relativa a medicamentos

certos agentes antimicrobianos, decorrentes de novas subs-

veterinários e alimentos medicamentosos.

tâncias ou de importância para a saúde humana; (3) requisitos especiais para a autorização deste tipo de medicamentos; (4)

Com o objetivo de reforçar o quadro regulamentar nestes

regras rigorosas na prescrição e publicidade; (5) proibição da

domínios e a implementação, de medidas harmonizadas no

utilização de alimentos medicamentosos com efeito preven-

combate às RAM, as propostas relativas a medicamentos

tivo; (6) adoção de limites máximos admissíveis de medica-

veterinários e alimentos medicamentosos englobam, entre

mentos veterinários em alimentos não alvo, decorrentes da

outros: (1) inclusão de advertências e orientações adequa-

transferência inevitável no processo de fabrico dos alimentos

das nos rótulos dos agentes antimicrobianos de uso vete-

medicamentosos; (7) obrigação de diagnóstico prévio antes da

rinário; (2) restrição das utilizações não abrangidas pelos

prescrição do alimento medicamentoso; (8) limitação da dura-

PRODUTOS

SERVIÇOS

QUALIDADE

AMINOÁCIDOS L-Lisina HCL L-Lisina Líquida 50 L-Lisina Sulfato 70 L e DL-Metionina L-Treonina L-Triptofano L-Valina CreAMINO® ÁCIDOS ORGÂNICOS PROBIÓTICOS ÓLEOS ESSENCIAIS CEREAIS EXTRUDIDOS COM SORO DE LEITE BRANDBOND® AGLUTINANTE

SEGURANÇA

REPRESENTAÇÃO MANGRA, SA. Recepção e armazenamento Dosificação de líquidos Controlos de processo Controlos de humidade Sistemas de vapor Bombas e caudalímetros Nutrifeed – misturadores verticais Aplicadores pós-pelleting Transportadores pneumáticos de fase densa

MAIS DE UMA DÉCADA A PROMOVER O SUCESSO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL CONTACTOS Loteamento Industrial Quinta das Rebelas Rua A, Lote 19, Nr 17 B/D 2830-222 BARREIRO Telef: 351.21 214 84 70 Fax: 351.21 214 84 79 e-mail: geral@brandsweet.pt

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL PANRUAA

Fig. 4 Vendas em Portugal (mg/PCU) de antibióticos, por classes, para animais produtores de géneros alimentícios, de 2010 a 2013

Fonte: “Sales of veterinary antimicrobial agents in 26 EU/EEA countries in 2013 – Fifth ESVAC report” (http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Report/2015/10/ WC500195687.pdf)

ção do tratamento e da validade da prescrição; (9) limitações

representam cerca de 95% da população animal produtora de

à autorização de associações de substâncias antimicrobianas;

alimentos na região.

(10) proibição da utilização indevida de agentes antimicrobianos

Os resultados obtidos, no caso de Portugal, representam a

e (11) possibilidade de reservar determinados antimicrobianos apenas para uso em medicina humana, na sequência das reco-

informação disponibilizada pelos distribuidores por grosso de medicamentos veterinários autorizados que transaciona-

mendações científicas da Agência Europeia de Medicamentos.

ram medicamentos veterinários contendo antibióticos na sua

Assim, estas propostas de atos legislativos que se prevêem

composição.

finalizadas em 2018, constituir-se-ão como instrumentos comu-

No último relatório da ESVAC, referente a 2013, os dados de

nitários imprescindíveis no combate à ameaça crescente da

Portugal evidenciam uma flutuação das vendas totais (mg /

RAM, para além da apropriada harmonização e uniformização

PCU) durante o período de 2010 a 2013. O aumento global de

de procedimentos e práticas em toda a União Europeia.

5% para este período atribuiu-se principalmente, pelo aumento

Neste contexto, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA)

nas vendas de macrólidos e polimixinas.

iniciou igualmente em abril de 2010 o projeto – ESVAC – “Euro-

No que interessa aos antibióticos estabelecidos como críticos

pean Surveillance of Veterinary Antimicrobial Consumption” –

para medicina humana (“Critically important antimicrobials”*

de recolha e comunicação de dados sobre a venda de agentes

(CIA) for human medicine), enquanto as vendas (mg / PCU) de

antimicrobianos em animais nos Estados-Membros da UE e

cefalosporinas de 3ª e 4ª geração permaneceram relativamente

no Espaço Económico Europeu (EEE). O projeto ESVAC cres-

estáveis entre 2011-2013, as de fluoroquinolonas e polimixinas

ceu desde a comunicação de dados de nove (9) países no seu

aumentaram.

primeiro relatório, que abrange 2005-2009, a vinte e seis (26)

* Únicos ou em que a disponibilidade de medicamentos para

países do Espaço Económico Europeu no relatório de 2013, que

tratamento de doenças graves no Homem é limitada ou ainda

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


A revolução em eficiencia alimentar quando são medicamentos para tratamento de doenças no Homem causadas por agentes que se transmitam ao Homem através de fontes não humanas ou causadas por agentes que podem adquirir genes resistentes de fontes não humanas. Este aumento das polimixinas torna-se particularmente preocupante, já que coincidiu com o facto da colistina (uma polimixina) se ter tornado um antimicrobiano de último recurso para uso nos seres humanos. Mais inquietante são os dados recentes que revelam que as vendas de antibióticos veterinários em Portugal de 2010 a 2014, aumentaram 13%, devendo-se o aumento em 2014, no que respeita às pré-misturas medicamentosas, essencialmente, à oxitetraciclina (+54%) e colistina (+4%), penicilinas de largo espectro e aminoglicósidos (apramicina – +17%), estes três últimos, “CIA”. Como positivo, as vendas de pré-misturas medicamentosas de determinados macrólidos, como a tilmicosina baixaram, tendo-se mantido estáveis os valores respeitantes à tilosina. Em Portugal, e consciente da gravidade da situação, a DGAV em 2014, e por sua iniciativa, implementou o «Plano de Ação Nacional para a Redução do Uso de Antibióticos nos Animais» (PANRUAA), a decorrer por um período de 5 anos, sob o conceito de “uma só saúde” e por isso envolvendo todas as entidades consideradas essenciais no combate às resistências aos antimicrobianos, designadamente detentores de animais, produtores pecuários e associações de produtores, médicos-veterinários, médicos, farmacêuticos, academia, representantes da indústria farmacêutica, estudantes universitários destas ciências

O fitato compromete a eficiencia alimentar Efeito antinutricional do fitato pode custar-lhe 5€ por Ton em perda de eficiencia alimentar.

e outras e comunidades da saúde pública. São objetivos deste plano, a promoção e reforço da proteção da saúde humana e da saúde animal, designadamente

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pela diminuição da necessidade de utilização de antibióti-

Blue disponibiliza mais valor para o seu negócio mais do

cos, através do fomento à utilização de técnicas e meios

que qualquer outra fitase.

alternativos, tais como o incremento de boas práticas de maneio e a aposta na profilaxia através da promoção da

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utilização de vacinas como garante da saúde dos animais e de trocas comerciais seguras. Salientam-se ainda o

• Maior libertação de fósforo.

reforço na necessidade de utilização de meios de diag-

• Incomparável na sua termoestabilidade intrinseca.

nóstico adequados e das medidas de biossegurança nas

.

explorações, bem como a sensibilização e formação, não só dos detentores dos animais mas de todos os intervenientes no circuito de produção e comercialização, considerados elementos fulcrais para atingir estes objetivos.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL PANRUAA

Por certo que ainda é cedo para retirarmos conclusões sobre os resultados da aplicação do PANRUAA, mas os dados das vendas a partir de 2014 serão utilizados para refinar as medidas atualmente adotadas pelas várias partes interessadas,

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

Direção Geral de Alimentação e Veterinária

Como combater uma séria ameaça à saúde pública e animal

bem como para a estratégia a implementar nos próximos anos, quer a nível legislativo, o que poderá passar por restrições à

Morrem anualmente

utilização de determinados antibióticos, quer no que respeita

todos os anos na UE com infeções provocadas por bactérias resistentes aos antimicrobianos

a outros fatores que se considerem pertinentes introduzir.

25.000 pessoas

Em 2016, foi ainda criado a nível interno um grupo de trabalho,

ESTRATÉGIA EUROPEIA

designado por GTRAM, o qual envolvendo as unidades centrais mente no que se refere às áreas da saúde animal, alimentação animal, autorização e gestão de medicamentos veterinários e segurança alimentar, tem como objetivo apresentar um plano anual que constitua uma estratégia integrada de atuação da

MONITORIZAR Para orientar tomada de medidas e desenvolvimento Vendas

ACELERAR O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS TRATAMENTOS Novas vias

antibióticos veterinários na Europa

tratamentos contra bactérias multirresistentes

Análise de Dados

Encorajar novas abordagens

utilização de antibióticos nos humanos e animais

como a utilização de bacteriófagos (vírus que matam bactérias)

Unir peritos para explorar novos e melhores tratamentos

DGAV para a redução da resistência antimicrobiana. Entre os

PROMOVER O USO RESPONSÁVEL

tópicos reconhecidos como de relevância e urgência, refere-se

Delinear estratégias do uso prudente dos antibióticos disponíveis

a necessidade do desenvolvimento e manutenção de plata-

Informar médicos, médicos

formas informáticas adequadas, a disponibilização de infor-

pacientes e produtores

mação apropriada e direcionada no sítio eletrónico da DGAV,

Aconselhar entidades no uso dos antibiótica

a elaboração de Guia de Boas Práticas sobre a utilização de

Mais informações em www.dgav.pt

medicamentos na produção primária, bem como a promoção de ações de divulgação. Apesar de alguns sinais otimistas, consequência do esforço das várias partes na aplicação do PANRUAA e das estratégias do GTRAM, para além da futura adoção de disposições legais que permitirão agir em conformidade e de forma mais concertada, reconhecemos termos ainda um longo caminho a percorrer para superar a problemática da RAM. Para uma efetiva e eficiente concretização dos objetivos delineados e planos implementados pela DGAV, contamos contudo com a participação de todos os parceiros envolvidos, pois só mediante o envolvimento e coresponsabilização de todos será possível reverter esta grave ameaça à saúde humana e animal.

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

Como combater uma séria ameaça à saúde pública e animal

Morrem anualmente na UE 25.000 pessoas

todos os anos na UE com infeções provocadas por bactérias resistentes aos antimicrobianos

ANTIMICROBIANOS são medicamentos que destroem ou inativam micróbios, incluindo as bactérias Os antimicrobianos mais conhecidos são os ANTIBIÓTICOS que são usados para tratar infeções causadas por bactérias

RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS significa que as bactérias são menos ou deixam de sersuscetíveis aos antibióticos, ou seja o antibiótico deixa de ser eficaz no tratamento da doença Se não utilizarmos os antibióticos de forma PRUDENTE e desenvolvermos novos tratamentos as infeções comuns podem tornar-se mortais

ESTRATÉGIAS NA EXPLORAÇÃO

Fig.5 “Uma só Saúde” UTILIZAR QUANDO NECESSÁRIO - Nos animais doentes, de acordo com instruções do seu médico veterinário e de acordo com instruções da literatura do medicamento veterinário UTILIZAR O MÍNIMO POSSÍVEL - Plano sanitário adequado (vacinação), Bom maneio e instalações adquadas, boas medidas de biossegurança e controlo da infeção UTILIZAR CORRETAMENTE apenas nos animais a tratar e o curso completo do tratamento com antibióticos, durante os dias e as horas recomendadas pelo médico veterinário ELIMINAR O USO DESNECESSÁRIO

Proibida a utilização como promotores de crescimento Não utilizar na prevenção de doenças Mais informações em www.dgav.pt

Fonte: http://www.me-med.com

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Direção Geral de Alimentação e Veterinária

Adaptado da página da EMA: http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Other/2015/11/WC500196710.pdf

da DGAV que interagem com a temática da RAM, designada-


A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SFPM

SECÇÃO DOS FABRICANTES DE PRÉ-MISTURAS

SFPM NOTÍCIAS 1. A associada DIN foi recentemente adquirida pelo grupo CCPA (Rennes, França), que em Portugal já possuia a empresa Ibersan. 2. A nível legislativo, várias questões tem sido debatidas em Bruxelas (etoxiquina, formaldeído, rotulagem, substâncias perigosas, manganês, cobre,...), com várias intervenções da FEFAC. A IACA tem participado na discussão destes temas, nomeadamente na proposta de redução dos níveis de cobre nos alimentos para leitões (ver página seguinte). 3. Os suinicultores decidiram criar uma marca para a carne de porco portuguesa (Porco.pt). Como o fabrico de alimentos faz parte do respetivo caderno de encargos, as empresas de alimentos compostos e de pré-misturas nutricionais poderão ter interesse em acompanhar este processo. 4. No passado dia 22 de Setembro realizaram-se as V Jornadas de Alimentação Animal, organizadas por esta secção, este ano com a participação de Universidades e Organismos de Investigação ligados à produção animal. O próximo número da RAA será dedicado a este evento, que contou com a presença de mais de uma centena de participantes. Pedro Folque

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL


REDUÇÃO DOS NÍVEIS MÁXIMOS DE COBRE EM ALIMENTAÇÃO ANIMAL O Painel FEEDAP da EFSA foi mandatado pela DG SANTE para emitir um parecer sobre as necessidades em cobre das espécies pecuárias, com o objetivo de no processo de revisão destes aditivos, o seu limite máximo nos alimentos para animais ser reduzido. Em suma, o relatório da FEEDAP recomenda manter os atuais níveis de cobre, exceto nas seguintes espécies e categorias animais: Redução do limite máximo de 170 ppm para 25 ppm em alimentos para leitões; redução de 35 ppm para 30 ppm, exceto antes do início da ruminação, em alimentos para bovinos; aumento de 25 ppm para 35 ppm em alimentos para caprinos. Naturalmente, a questão mais crítica é a redução do nível máximo de cobre na alimentação de leitões. O painel FEEDAP propõe as reduções com base: • O facto de 25 ppm serem suficientes para satisfazer as necessidades nutricionais dos leitões e a utilização de níveis mais elevados terem como objetivo promover o crescimento dos animais e não as suas necessidades nutricionais; • A redução de 170 ppm para 25 ppm permitiria uma redução de 20% das emissões pecuárias totais de cobre para o ambiente; • A possibilidade de haver seleção das bactérias intestinais para a resistência ao cobre e à eritromicina (antibiótico

macrólido), em doses de suplementação de cobre entre 125 e 250 ppm; Os argumentos apresentados pelo FEEDAP suportam-se em estudos, nomeadamente o de Bikker e colaboradores (2015) e de Hill e colaboradores (2000); no entanto, pode-se verificar no primeiro estudo, que a proporção de fezes moles triplica quando a suplementação do alimento composto com cobre diminui de 160 para 15 ppm e o segundo não teve em consideração a suplementação de todas as dietas com 220 ppm de clorotetraciclina, aspeto que põe em causa todo o resultado da utilização de cobre e zinco deste estudo, não permitindo julgar os efeitos da utilização destes minerais por si só. A FEFAC enviou uma carta ao Responsável pela Unidade de Alimentação Animal da Comissão Europeia, Stefano Soro, apresentando estes argumentos e outros, nomeadamente que em alimentação animal não se deve utilizar apenas o nível de nutrientes necessário para evitar o aparecimento de sintomas de deficiência, mas sim o nível que promova uma melhor nutrição e bem-estar adequados dos animais. E que ao reduzir drasticamente a quantidade de cobre na alimentação dos leitões estamos a sujeitá-los a maior pressão por parte de bactérias patogénicas, o que poderá pôr em causa a saúde animal e consequentemente

resultar na necessidade de aumentar o uso de antibióticos, o que vai contra o esforço que tem vindo a ser feito no sentido de diminuir a utilização de antibióticos em produção animal. Da parte da IACA expressamos estas preocupações à FEFAC e à DGAV, considerando também um erro uma alteração tão radical da quantidade de cobre utilizada na alimentação de leitões sem que haja provas sustentadas sobre o seu efeito, com consequências futuras que podem ser importantes para um setor que tem vindo a atravessar uma grave crise.

Implementação da legislação CLP às pré-misturas No passado dia 28 de setembro, a IACA, através da sua Assessora Técnica, esteve presente na Jornada Técnica organizada pela CESFAC e pela empresa SIAM para esclarecimento de questões relacionadas com a aplicação da legislação CLP às pré-misturas. Em Espanha a obrigatoriedade das pré-misturas serem classificadas, embaladas e rotuladas de acordo com o Regulamento (CE) nº 1272/2008, começa no início do próximo ano. Em Portugal ainda não há uma data prevista, no entanto, é já certo de que esta legislação terá de ser aplicada. A IACA tenciona preparar uma sessão de esclarecimento para os fabricantes de pré-misturas em relação à aplicação deste Regulamento.

A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

NUNO VIEIRA E BRITO DISTINGUIDO PELA EMBAIXADA DE FRANÇA COM A COMENDA DE ORDEM DE MÉRITO AGRÍCOLA

No dia 8 de julho, na Embaixada de França, em Lisboa, o Embaixador Jean-François Blarel, na presença de cerca de uma centena de convidados, agraciou o Prof. Doutor Nuno Vieira e Brito, com a Comenda de Ordem de Mérito Agrícola de França por serviços relevantes à Agricultura. Convidados a estar presente neste evento, a IACA esteve representada pela Presidente Cristina de Sousa e Secretário-Geral. Foi, de facto, uma merecida e sentida Homenagem, sem qualquer dúvida, por tudo o que realizou, quer enquanto Diretor-Geral da DGAV (no início ainda DGV), quer sobretudo, enquanto Secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, ao nível das relações diplomáticas entre Portugal e todo o Mundo, permitindo que o setor agroalimentar conseguisse níveis de exportação nunca antes alcan-

çados. Não é possível imaginar que serviços mais relevantes poderiam ser prestados à Agricultura e o reconhecimento da França é não só, prestigiante, como premeia um português pela sua dimensão internacional. Recorde-se ainda que o nosso amigo Nuno Viera e Brito foi um dos maiores e grandes entusiastas do QUALIACA, com o Protocolo a ser celebrado na véspera das eleições legislativas, simbolizando a vontade política de oficializar um ato importante nas relações entre as autoridades oficiais e o setor privado, enquanto Secretário de Estado responsável pela tutela da DGAV. Pela sua importância, permitam-nos que partilhemos publicamente a mensagem de agradecimento que o Prof. Nuno Vieira e Brito fez questão de nos dirigir: “Não o faço apenas por razões de cortesia, mas sim porque particularmente muito me sensibilizou a presença da IACA por ocasião da entrega da Comenda da Ordem de Mérito Agrícola, pelo Governo Francês, no passado dia 8, na Embaixada de França em Lisboa. Na verdade, quando se distingue um percurso profissional, como se pretende nas Ordens Honorificas, valoriza-se o cidadão e todo o seu entorno, do qual tenho o prazer da inclusão dos Meus Caros Amigos, as

XXVIII CONGRESSO DA FEFAC VAI TER LUGAR EM CÓRDOBA Uma vez que o Praesidium da FEFAC concordou em manter o princípio da organização do Congresso em ano de eleições e fora de Bruxelas, foi aceite a proposta de realização do XXVIII Congresso da FEFAC em Espanha, numa organização conjunta da AFACA (Associação dos Fabricantes de Alimentos Compostos da Andaluzia) e da CESFAC (Confederação Espanhola dos Fabricantes de Alimentos Composto) que vai ter lugar em Córdoba, de 7 a junho de 2017. Realizar-se-ão, em simultâneo, o V Congresso Internacional da Alimentação Animal. A IACA aceitou o convite de colaborar nestes eventos, sendo parte integrante da Comissão organizadora. Registe-se ainda que Sua Majestade o Rei D. Filipe VI aceitou a Presidência da Comissão

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

de Honra, estando prevista a sua presença para a Abertura do evento. De acordo com o Programa, ainda provisório, no dia 7 de junho, decorrerão o Conselho e Assembleia Geral da FEFAC e no dia 8 de junho, o V Congresso Internacional e o XXVIII Congresso da FEFAC. Os eventos terminarão com um almoço no dia 9 de junho, decorrendo, da parte da tarde, a Assembleia Geral da CESFAC. Durante este Congresso serão eleitos o novo Presidente, bem como os restantes Membros do Praesidium, para um Mandato de 3 anos, para o período 2017/2020. A Presidente da IACA, Cristina de Sousa, recandidata-se ao lugar de membro deste Órgão máximo da FEFAC, tendo recebido o apoio dos nossos congéneres espanhóis.

opções, decisões, intervenções, no que torna desafiante o Sentido da Estratégia e a Arte da Politica. Pretendemos todos valorizar social e economicamente a Agricultura e o Agroalimentar, conscientes das particularidades do nosso Portugal, mas sobretudo evidenciando, na procura de outros mercados e outras geografias, o que de distinto e inovador têm sido o nosso percurso. As boas práticas de produção, a bênção de uma diversidade e de um território único, a enorme qualificação dos nossos profissionais, o empreendedorismo dos nossos empresários, a inovação ao longo de toda a cadeia alimentar, a qualidade e segurança alimentar, a internacionalização em novos mercados e também de investimento em novas unidades ou empresas tem sido marca recente de uma nova atitude que todos partilhamos e que cada um de nós valoriza no seu quotidiano pessoal e profissional. Foi, pois, este o caminho reconhecido pelo Governo Francês que todos nós partilhamos e percorremos conjuntamente, e que a todos nós nos orgulha como portugueses. Este caminho não tem fim e acredito que o iremos a percorrer, com razão e paixão, convictos de que o sucesso de cada um é o sucesso de todos. Um agradecimento muito sentido Nuno Vieira e Brito”


V JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL

No dia 22 de setembro decorreu em Fátima as V JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL, organizadas pela Secção de Fabricantes de Pré-Misturas (SFPM) da IACA. A sessão foi aberta pela Presidente da IACA a Engª Cristina de Sousa, pela Vice-Diretora Geral da DGAV, a Drª Graça Mariano, e pelo Eng. Pedro Folque, em representação da SFPM da IACA. Estas Jornadas tiveram um modelo diferente procurando aproximar e dar a conhecer à indústria o que se faz em termos de investigação nacional na área da alimentação animal. Para tal, foram convidados para a 1ª sessão Universidades e Centros de investigação Nacional com trabalho reconhecido nesta área. Na 1ª sessão, que decorreu pela manhã, foram realizadas quatro apresentações, começando a Drª Paloma Garcia Rebollar da Universidade Politécnica de Madrid, em representação da USSEC, principal patrocinador destas Jornadas, com o tema “Novos produtos de soja para a alimentação de animais jovens”, seguindo-se a apresentação do Professor Doutor Carlos Fontes da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, com o tema “Novas perspetivas sobre a utilização de enzimas na alimentação animal”, o Professor Doutor Divanildo Monteiro da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com o tema “Utilização de prébioticos e probioticos em alimentação animal” e por fim, a encerrar a sessão da manhã, o Doutor José Santos-Silva do INIAV (polo da antiga Estação Zootécnica Nacional), com o tema “Investigação no INIAV – Valorização da carne de ruminantes produzidos em sistemas intensivos”.

Esta sessão foi moderada pelo Professor Doutor Manuel Chaveiro Soares, antigo Diretor da IACA. A sessão da tarde começou com a apresentação de Eric Legall da Ajinomoto Eurolysine, S.A./Indukern, com o tema “Utilização de aminoácidos na nutrição de suínos em crescimento: novos dados tendências e perspetivas”, seguido pelas apresentações do Dr. José João Sousa Nunes da TNA, com o tema “A importância da pré-postura no desempenho produtivo de galinhas poedeiras” e do Dr. José Caiado da DC, com o tema “Acondicionamento de novilhos. Uma proposta de valorização”. A sessão da tarde seguiu o modelo dos anos anteriores com os oradores a serem convidados por empresas da SFPM,

respetivamente Eurocereal, TNA e Tecnipec. Esta sessão contou com a moderação do Dr. Luís Capitão Valente, que no final a deu por encerrada. Para além do patrocinador principal (USSEC), estas Jornadas contaram ainda com o apoio de diversas empresas, nomeadamente a Indukern, Zoetis, Reagro e Alltech, às quais agradecemos uma vez mais o apoio prestado. Estas Jornadas são já um marco na área da alimentação animal e tiveram um feed-back bastante positivo por parte dos participantes, o que aumenta a fasquia para a organização das VI Jornadas de Alimentação Animal a decorrerem em 2017. Estas Jornadas terão o devido desenvolvimento na próxima edição da Revista “AA”.

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A LI ME N TAÇÃO A N I M A L


ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

PORTUGAL BUSINESS USA: FLAD LANÇA “MANUAL DE APOIO À INTERNACIONALIZAÇÃO PARA OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA” A Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) lançou na terça-feira, dia 26 de Julho, o “Portugal Business USA – Manual de Apoio à Internacionalização para os Estados Unidos da América”. A apresentação foi feita numa sessão à porta

queremos dar o nosso contributo e mais uma ferramenta para que estas empresas tenham

vários sectores como o do vinho (José Maria da Fonseca e Aveleda), alimentar (Imperial),

o apoio que precisam para poderem explorar todo o potencial do mercado norte-americano”.

têxteis-lar (More Textile Group e Lameirinho) e calçado (Soze Group e Kyaia).

fechada na sede da FLAD e contou com a presença de Augusto Santos Silva, ministro

gal – Têxtil e Vestuário, Calçado e Agroalimentar – o Manual agrega oito capítulos

dos Negócios Estrangeiros, Robert Sherman, embaixador dos EUA em Portugal, Daniel

que cobrem os principais temas de market research: o contexto das trocas comerciais

Traça, diretor da NOVA School of Business and Economics, Vasco Rato, presidente da FLAD, e Jorge Gabriel, administrador da FLAD. Para Vasco Rato, presidente da FLAD, este Manual insere-se num dos desígnios da instituição: a cooperação económica entre Portugal e os Estados Unidos. “Cientes de que o tecido empresarial nacional assenta sobretudo nas Pequenas e Médias Empresas – que representam hoje mais de 75% do emprego e 40% do volume de negócios nacionais –

entre os dois países, a avaliação do potencial do mercado, o planeamento estratégico, o enquadramento legal, o estabelecimento de presença e as boas práticas. Para além de abordar os temas relevantes no processo de internacionalização, o Manual de Apoio à Internacionalização para os Estados Unidos inclui ainda um conjunto de case studies, sete casos de sucesso de empresas portuguesas que tornaram tangível a sua internacionalização aos Estados Unidos em

Identificados alguns dos setores que maiores oportunidades representam para Portu-

24 ANOS AO SERVIÇO DA INDÚSTRIA A MAPRICO – Comércio Matérias Primas, Lda., empresa que se dedica à importação, comercialização e distribuição de matérias primas e aditivos para alimentação animal, comemorou com os seus colaboradores, no passado dia 14 de julho, o seu 24º ano de atividade. A MAPRICO vem por este meio agradecer aos seus clientes toda a colaboração, que proporcionou o seu sucesso, bem como a boa integração neste mercado. Agradece também aos seus parceiros / fornecedores, a credibilidade que nela depositaram, sem os quais seria impossível atender as necessidades dos seus clientes e abranger um leque de produtos cada vez mais extenso.

MYTA SA

OUTROS FORNECEDORES

Fornecedor de Sepiolita p/ Rações e

Farinha de Peixe (Cofaco e Conresa),

Areia Cama p/ Gatos (marca própria Saint Bernard®).

Ureia Alimentação Animal; OLMIX SA

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Minerais;

Especialista em Biotecnologia à base de algas cuja gama, entre um amplo catálogo, constam produtos bem conhecidos como: MISTRAL®; MT.X+®/MMiS – sequestrante de micotoxinas;

No passado dia 06 de setembro, após reunião entre o secretariado da IACA, Eng.º Jaime Piçarra e Engª. Ana Cristina Monteiro, Maprico e representante da Globalfeed SLU, ficou acordada a publi-

MISTRAL LAYERS® - ferramenta de combate

cação na revista “Alimentação Animal” de

ao piolho vermelho.

diversos artigos técnicos/científicos com especial foque na temática dos fosfatos

Nestes fornecedores, destacamos: GLOBALFEED SLU Fornecedor de Fosfatos Dicálcico, Monocálcico, Monosódico.

Bicarbonato de Sódio (Şişecam/Quimialmel),

LEMASA-LECHES MATERNIZADAS SA

em alimentação animal. Foi também pro-

Soros Leite Doce, Ácido, Reengordurados,

posta visita à fábrica da Globalfeed loca-

Farinhas Lácteas.

lizada em Huelva.


PIONEER INAUGURA EM SEVILHA O CENTRO TECNOLÓGICO DE INVESTIGAÇÃO MULTICULTIVO MAIS AVANÇADO DA EUROPA

A convite da Dupont-Pioneer, a IACA esteve presente em Sevilha, no passado dia 21 de setembro, na inauguração do seu Centro de Investigação, uma unidade de excelência em matéria de investigação, demonstrando uma clara aposta na inovação e uma forte presença na Península Ibérica. Com um investimento de 9 milhões de €, o Campus de Sevilha é dedicado essencialmente à cultura do girassol, inaugurado no ano em que a empresa celebra os seus 90 anos. Neste Centro, que entrou em funcionamento num tempo record de 2 anos e meio, é possível reduzir o tempo de obtenção de novas variedades (atualmente de 10 anos no caso do girassol), aumentando a variabilidade genética de partida e a precisão dos métodos utilizados. Aposta-se na melhoria das características como o rendimento, a resistência a doenças (principalmente o rabo de raposa e o Verticillium) e a tolerância à seca. Com uma área de estufas de 10 000 m2 e laboratórios que ocupam uma área de 700 m2, as avançadas capacidades tecnológicas da unidade permitirão que a Pioneer duplique a taxa de incremento do rendimento das variedades que fornece atualmente aos agricultores e aumente a gama de características defensivas dos produtos da empresa. O objetivo é dispor de variedades adaptadas às necessidades dos agricultores, seja em Espanha ou Portugal, ou em toda a Europa. Para além do girassol, o Centro realizará investigações em culturas relevantes como o milho e a colza. O clima e a existência de mão-de-obra qualificada na região, foram dois fatores decisivos para a escolha do local (La Rinconada), merecendo o elogio das autoridades espanholas presentes no evento, designadamente a Presidente da Junta da Andaluzia, que destacou a importância do investimento para a Região e do setor agrícola e agroalimentar para a economia regional e nacional, uma vez que se trata de uma área prioritária para a Espanha. De resto, cerca de 25% da produção alimentar espanhola é oriunda da Andaluzia. Alejandro Muñoz, vice-Presidente da Dupont-Pioneer, destacou o investimento, a aposta

em Espanha e o posicionamento da empresa, designadamente em termos de sustentabilidade, e a grande responsabilidade na agricultura e num setor tão relevante como a produção de alimentos.

Parabéns à Pioneer e os nossos agradecimentos aos seus responsáveis em Portugal, designadamente o Eng.º Luis Grifo que nos convidou para estarmos ligados a este importante momento da sua empresa.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

SILOS DE LEIXÕES, 38 ANOS AO SERVIÇO DA INDÚSTRIA DE FOOD E FEED Uma empresa referência no sector

Introdução à actividade da empresa A Silos de Leixões (SdL) está localizada no Porto de Leixões, sendo a maior infra-estrutura portuária no Norte de Portugal, com uma capacidade de armazenagem de 120.000 toneladas e uma capacidade de recepção de 1.000 toneladas/hora. As mercadorias recepcionadas são originárias de mais de 25 regiões situadas na Europa, Mar Negro, África, América do Norte e América do Sul. O Porto de Leixões (Doca 4 Norte) permite operar navios Panamax até 215 metros de comprimento, 32,3 metros de boca e 12 metros de calado. A SdL é o segundo maior player nacional em movimentação e armazenagem de agro-alimentares com movimentações próximas a 800.000 toneladas/ano (Figura 1). Figura 1 – Movimentação de agro-alimentares nos portos Portugueses

Fonte: IMT e Relatórios Sectoriais.

A SdL tem como clientes as traders internacionais e a indústria nacional situadas na cadeia de valor do Food e do Feed, com uma experiência de mais de 30 anos na movimentação de grãos, farinhas e Pellets, prestando serviços de recepção e expedição de agro-alimentares por navio, rodovia e ferrovia, armazenagem e diversos serviços ao produto (desinfestação, limpeza e arejamento).

Visão e Missão da empresa A Silos de Leixões ambiciona ser a empresa referência no seu sector de actividade, traduzido pela excelência do serviço prestado e na criação de valor aos seus clientes. Assume como estratégico a sustentabilidade do negócio e a defesa dos interesses legítimos dos accionistas, actuando de forma responsável ao nível social e ambiental, respeitando elevados padrões de qualidade e segurança alimentar. 46 |

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A SdL sempre pautou a sua actuação por elevados padrões de qualidade, de modo a satisfazer os requisitos dos seus clientes e as exigências regulamentares aplicáveis, tendo implementado o sistema HACCP, certificado desde 2009 pelo referencial Codex Alimentarius. A SdL tem implementado um Plano de Segurança Interno, aprovado pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, que engloba um Plano de Prevenção e um Plano de Emergência Interno. De entre os acidentes de grandes dimensões que ocorrem nos silos de cereais são conhecidas as explosões de poeira, por vezes precedidas ou seguidas de incêndio, que podem ter consequências verdadeiramente devastadoras. Foi neste contexto de risco que se elaborou o Plano de Emergência, que define uma estrutura e uma metodologia de acção, de agentes internos e externos, na resposta a um acidente de dimensões consideráveis, minimizando as suas consequências. No entanto, é à prevenção de acidentes que é dada a prioridade, através de comportamentos e procedimentos correctos e também à implementação de equipamentos adequados. A constante limpeza e supressão do pó das instalações, a atenta manutenção dos equipamentos, a proibição de fumar e acções de formação, são alguns


O grupo Gestmin A SdL faz parte da Gestmin SGPS. O Grupo Gestmin é um grupo 100% português que agregra interesses em várias áreas de negócio. De Norte a Sul do País, aposta em estruturas sustentáveis e diversificadas, nomeadamente nos sectores da Energia; da Logística Alimentar; da Indústria dos Moldes e de Plásticos; da Indústria do Turismo e da Agro-indústria. A Gestmin participa de forma relevante no capital de empresas pertencentes ao PSI 20, com o objectivo de procurar garantir simultaneamente rendimento regular e diversificação de risco. Actualmente a Gestmin é o maior accionista privado dos CTT – Correios de Portugal. exemplos das boas práticas que são adoptadas na prevenção dos acidentes. Ao longo da sua história, já se efectuaram nos Silos de Leixões 19 simulacros de acidente, nos mais variados cenários, visando testar o Plano de Emergência. Nestes simulacros estão envolvidos colaboradores, utentes do silo (motoristas), diversas Corporações de Bombeiros e a Protecção Civil. A SdL desenvolveu um ERP, designado SIGSIL para gerir as operações, identificar e controlar acessos de transportadoras em interface com um Portal de Clientes para acesso à actividade de cada cliente. AF_raporal_anuncio_148x210mm.pdf

1

14/04/14

Silos de Leixões, unipessoal, Lda. Lugar de Gonçalves | 4480-807 Leça da Palmeira | Portugal T. +351 229 999 130 | F. +351 229 954 474 | geral@sdl.pt www.silosdeleixoes.pt | www.gestmin.pt

18:26

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

AQUISIÇÃO DA EMPRESA PORTUGUESA DIN PELO GRUPO CCPA O Grupo francês CCPA concretizou a aquisição

pelo seu profissionalismo, pela sua capaci-

declarou o Director Geral do Grupo CCPA,

da empresa especialista em nutrição e saúde

dade de inovação e pela qualidade dos seus

Erwan Gilet.

animal DIN, SA ao Grupo Montalva, líder em

produtos e serviços destinados a criadores,

Para o Grupo CCPA, esta operação vai permitir

Portugal nos mercados da indústria alimentar

fábricas de ração, e outras áreas de negócio

reforçar a sua posição no mercado português.

e da produção animal.

da fileira animal.

Esta aquisição faz parte da estratégia de

A DIN dispõe de 2 unidades fabris, uma para

desenvolvimento do grupo CCPA, cujo objec-

Pré Misturas e outras para Pré Starters, além

Grupo CCPA (Resultados de 2015)

tivo é valorizar o seu “know how” a nível

de um Laboratório de Análises Químicas e

Estatuto: União de Cooperativas

internacional, estratégia essa que passa pelo

Microbiológicas nas áreas da alimentação

Presidente: Jean Dano

crescimento externo, através de aquisições

animal e humana.

Localizado em Janzè na Bretanha, França

ou parcerias.

Com esta aquisição, a DIN pode agora apoiar-

Implantação a nível mundial: Portugal, Roménia,

A empresa DIN, especialista em nutrição

-se nos importantes meios de pesquisa e

Republica Checa, Ásia, Brasil, México, Argélia

e saúde animal, está localizada em Santa

desenvolvimento que o Grupo CCPA lhe pro-

Nº de empregados: 273

Comba Dão, no centro de Portugal. É uma

porciona. << Esta conjugação de “know how”

Actividade: + 7 Milhões de toneladas de ali-

das empresas mais importantes a nível

com experiencia e profissionalismo permitirá

mentos produzidos com tecnologia CCPA

nacional no seu sector, em permanente

criar novas oportunidades de inovação e de

Volume de negócios: 101 M€ em que 50%

crescimento, e é reconhecida no mercado

serviços em beneficio dos clientes DIN >>,

provem da área internacional

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Temos por objetivo apoiar os criadores da Raça Frísia e a produção de leite em Portugal. Pelo melhoramento da raça realizamos e apoiamos: • Registo e certificação genealógica • Classificação morfológica dos efetivos • Emparelhamentos corretivos • Informação e formação profissional... e as solicitações dos associados Av. Egas Moniz, nº 6 - 2º • 2135-232 SAMoRA CoRREIA Tel: 263 651 229 / 31 • Fax: 263 651 228 • E-mail: geral@apcrf.pt

www.apcrf.pt A L I ME N TAÇÃO A N I M A L

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FICHA TÉCNICA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC­‑ 500835411

TRIMESTRAL ­‑ ANO XXVII Nº 97

AGENDA DE REUNIÕES DA IACA

Julho/ Agosto / Setembro

DIRETOR Cristina de Sousa

CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Cristina Monteiro Germano Marques da Silva Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares

COORDENAÇÃO Jaime Piçarra

Data

JULHO DE 2016

Serviços da IACA

1

• Reunião da Direção • Reunião com Direcção da ACICO

ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE

4

• Reunião com Gabinete do Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, sobre os alimentos compostos no PDR 2020

6

• Reunião do Grupo de Diálogo Civil “Culturas Arvenses” da Comissão Europeia/DG Agri.

7

• Reunião CT 41

8

• Participação na cerimonia da entrega de Comenda de Ordem de Mérito Agrícola pela Embaixada de França ao Dr. Nuno Vieira e Brito

19

• 1ª Reunião do Comité Diretor e Workshop sobre Soja Sustentável APROSOJA/ABIOVE - Brasil (S. Paulo)

20

• Discurso do Memorandum de Entendimento APROSOJA/ABIOVE/FEFAC/ FEDIOL/IDH sobre Soja Sustentável – Brasil (S. Paulo)

21

• Workshop APROSOJA/ABIOVE/FEFAC/IDH sobre o Programa Soja Plus – Brasil (Cuiaba, Mato Grosso) • Assembleia Geral da CEFASC (Madrid)

25

• Reunião de Contratação Coletiva de Trabalho

26

• Reunião GTE • Lançamento do “MANUAL DE INTERNACIONALIZAÇÃO PARA OS EUA”

(incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA ­‑ Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E 1050­‑047 LISBOA Tel. 21 351 17 70 Telefax 21 353 03 87

EMAIL iaca@iaca.pt

SITE www.iaca.pt

EDITOR Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA

EXECUÇÃO DA CAPA Pedro Moreira da Silva

EXECUÇÃO GRÁFICA Sersilito ­‑ Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471­‑909 Gueifães ­‑ Maia

PROPRIETÁRIO

Data 10

AGOSTO 2016 • IACA - Preparação candidatura SIAC

Data

SETEMBRO 2016

Associação Portuguesa dos Industriais de

7

• Reunião CT 37

Alimentos Compostos para Animais ­‑ IACA

15

• Reunião da Direção nos Açores

Av. 5 de Outubro, 21 ­‑ 2º E

21

• Inauguração do Campus Tecnológico da Pioneer

22

• V Jornadas Alimentação Animal – SFPM

1050­‑047 Lisboa

DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89

25/09 a 1/10

• Missão U.S. Sorghum Trade Mission (USGC) aos Estados Unidos da América

REGISTO

28

• Assinatura do Protocolo para a criação do Centro Nacional de Competências das Culturas do Milho e Sorgo “InovMilho”

Nº 113 810 no ICS

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