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A LIMEN TAÇÃO AN IM A L
ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL
FELIZ 2017…
João Barreto Diretor da IACA
ÍNDICE 03 EDITORIAL V JORNADAS 04 SFPM/IACA 40 SPMA 42 INVESTIGAÇÃO 48 NOTÍCIAS NOTÍCIAS DAS 52 EMPRESAS 54 AGENDA
Cabe-me, no início de 2017, tecer algumas considerações que, no âmbito da Direção da IACA, me parecem relevantes realçar, não fazendo um cúmulo das ações havidas mas sim aproveitando um momento sempre de eleição para refletir nas problemáticas do nosso mercado. Como membro da secção de Pré-Misturas da IACA, congratulo-me efusivamente por duas ações relevantes que ocorreram recentemente no âmbito da nossa Associação: as Jornadas de Alimentação Animal e o Alargamento a novos associados, nomeadamente a empresas de aditivos. Quanto à primeira, ocorridas em setembro passado, mais uma vez, um sucesso. Com mais de cem participantes, temas atuais e a parceria das universidades, obteve-se um compromisso entre assuntos científicos de grande qualidade e actualidade, e outros de indubitável interesse para a Indústria e técnicos presentes. Temos por isso consolidado estas Jornadas, como a referência do encontro anual dos especialistas em nutrição animal. Assim vai continuar, promovendo a excelência nos seus conteúdos, ao serviço de um setor em constante evolução, em busca de soluções que sirvam a produção pecuária, ajudando-a na rentabilidade dos seus ativos, sustentabilidade e segurança alimentar. A propósito de segurança alimentar. Segurança é a sensação de estarmos protegidos de riscos. Riscos que controlamos, riscos que não controlamos. Os que controlamos, resolvido está. Nos outros, entram as parcerias, a confiança e a responsabilidade. É aqui que se assume a nossa Indústria como parceiro de confiança, como falei no meu ultimo Editorial. A segurança alimentar, hoje em dia, não se resume à problemática dos alimentos medicamentosos. Alarga-se muito mais para além disso. Abrange a formação de técnicos, investimento em rastreabilidade, processos de certificação, QUALIACA, controlo de qualidade e fundamentalmente pela responsabilidade das empresas do setor em apresentar ao mercado alimentos seguros e confiáveis. Nos últimos 15 anos, a evolução do setor da agroindústria tem vindo a ser condicionada por dois fatores conjunturais. Por um lado a constante procura por parte das empresas do setor da nutrição animal de maior sofisticação dos processos produtivos, tanto ao nível das rações bem como das diversas produções pecuárias, nomeadamente na eficiência e segurança alimentar através de novas imposições legais motivadas pelas sucessivas crises alimentares (dioxinas, nitrofuranos, BSE, Etc..) e por outro, através da pressão dos consumidores e grandes superfícies, sobre alimentos seguros. Muitas vezes através de uma informação defeituosa e insuficiente por parte de diversos operadores da nossa sociedade. Foi igualmente com este foco de qualidade e de responsabilidade que alargámos a nossa associação a empresas de aditivos, incorporando-as na secção de pre-misturas, passando a designar-se agora SPMA (Secção de Pré-misturas e Aditivos). Entendemos que é com elas que igualmente se discute a inovação de alimentos mais seguros, com produtos alternativos e naturais adequados a estratégias alimentares preventivas. O Alargamento tem por si só um fundamento moderno e atual. A Fileira tem objetivos comuns. Devemos potenciar a todo o custo as relações sectoriais para melhor servir a pecuária nacional e defender os interesses do Setor. Parcerias que valem a pena! Ocorre nestes primeiros tempos de 2017, um projeto a iniciar, que apoiamos efusivamente. O PORCO.PT. Em mercados maduros e globalizados, a única via de valorização dos nossos produtos parte pela diferenciação. A identificação e reconhecimento pelo consumidor de um produto de qualidade e diferenciador, de um produto fabricado em Portugal e principalmente de um produto português que obedece às regras de bem-estar animal, está na génese deste projeto. Apoiamo-lo muito e vamos dar o nosso contributo a questões que se prendem com a sua nutrição. A proteína animal, nomeadamente as carnes, leite e ovos, são parte essencial da alimentação humana. Lembro-me eu, quando era uma criança, a carne era uma refeição que custava dinheiro. Era por isso muito bem aproveitada por parte de quem tinha a seu cargo o orçamento familiar. Havia respeito por um bife que nos chegava ao prato. Acho que se perdeu esse respeito. Há desperdício. Gostava de com esta reflexão deixar um voto para 2017. Que os portugueses valorizem estes bens e principalmente, que valorizem o que é nosso. Bom ano 2017 A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
V JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL
Quando um colega a trabalhar numa empresa
Daí que no 1º trimestre de 2017, estabilizado o
multinacional me perguntou quais os eventos de
processo de admissão de novos associados na
referência na área da alimentação em Portugal,
IACA, e em particular na SPMA, será necessário
confesso que apenas as Jornadas de Alimentação
reunir e definir as linhas das futuras jornadas.
Animal, organizadas pela SFPM / IACA, me ocorreram.
Pedro Folque
Porque sendo multi-espécies, realizam-se há 5
deverão começar a pensar em temas de interesse
anos consecutivos e tendo em conta o número
para a Indústria e na sua eventual participação
e o tipo de participantes, poder-se-á dizer que
(direta ou indireta). Porque as futuras JAA serão
representam toda a Indústria de alimentação
aquilo que as empresas associadas quiserem.
animal portuguesa. Não conheço outro evento em Portugal que cumpra estes requisitos (se estiver enganado, as minhas desculpas). E se este facto pessoalmente me orgulhou, porque tenho estado na organização destas jornadas desde o início (e aqui recordo a memória do dr. Fernando Anjos, um dos seus impulsionadores), também me deu a noção da responsabilidade que será realizar as próximas, em Setembro de 2017. Numa altura em que a sua base organizativa deixa de ser a SFPM – Secção de Fabricantes de Pré-Misturas para, no contexto do chamado alargamento da IACA, para passar a ser a nova SPMA – Secção de Pré-Misturas e Aditivos. Este alargamento da base de associados, além de aumentar o número de potenciais participantes, pode trazer uma nova visão para a organização das jornadas.
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A LIMEN TAÇÃO AN IM A L
Para isso, todos os associados de fabrico de pré-misturas e comercialização de aditivos
PROGRAMA 09:00 – 09:30 h
Receção dos participantes
09:30 – 09:45 h Abertura Cristina de Sousa (IACA) e Graça Mariano (DGAV) 09:45 – 10:00 h
Apresentação das JAA Pedro Folque (SFPM)
1º Painel – Moderador: Manuel Chaveiro Soares
2º Painel – Moderador: Luís Capitão Valente
10:00 – 10:30 h Novos produtos de soja para alimentação de animais jovens Paloma Garcia Rebollar (Universidad Politécnica de Madrid / USSEC)
15:00 – 15:45 h Utilização de Aminoácidos na nutrição de Suínos Crescimento: novos dados, tendências e perspetivas Eric LeGall (Ajinomoto Eurolysine S.A.S.)
10:30 – 11:15 h Novas perspetivas sobre a utilização de enzimas em alimentação animal Carlos Fontes (FMV)
15:45 – 16:30 h A importância da pré-postura no desempenho produtivo das galinhas poedeiras José João Sousa Nunes (TNA)
11:15 – 11:45 h Coffee-Break 11:45 – 12:30 h Utilização de prebióticos e probióticos em alimentação animal Divanildo Monteiro (UTAD)
16:30 – 17:15 h Acondicionamento de novilhos. Uma proposta de valorização José Caiado (DC / Tecnipec) 17:15 h Sessão de Encerramento
12:30 – 13:15 h A Investigação em Alimentação Animal no INIAV. Alternativas à utilização de cereais na alimentação de ruminantes José Santos Silva (INIAV) 13:30 – 15:00 h Almoço PATRO C I N A D O R
A P OIO
COLA B ORAÇÃO
A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
V JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL–SFPM/IACA Exmo. Sra. Presidente da IACA
Aqueles produtos assumem uma importância cru-
Exmos. Membros da Direção da IACA
cial para os cerca de cinco milhões de produtores
Exmos. Oradores
pecuários da Comunidade, uma vez que constituem
Caros colegas
o seu principal factor de custo dos produtos produ-
Minhas Senhoras e meus Senhores
zidos, os quais apresentam um “turn-over” de cerca
Agradecendo desde já o convite endereçado, é com
Graça Mariano
muito agrado que estou presente na Sessão de
Em Portugal, com um volume de negócios da ordem
Abertura nas V Jornadas da Alimentação Animal,
de 1 500 milhões de euros empregando diretamente
realizadas pela Secção de Fabricantes de Pré-Mis-
mais de 3 200 pessoas e fortemente implantada
turas da IACA, congratulando desde já a Presidência
no meio rural, a indústria da alimentação animal
e Direção desta Associação pela sua organização,
é um dos mais importantes setores no panorama
para além referir a importância decorrente da dis-
agro-alimentar nacional, com um peso de 13% do
seminação e atualização dos intervenientes nesta
volume de negócios, a seguir às indústrias da carne
ação sobre as matérias a abordar e relevantes para
e dos laticínios.
o setor dos alimentos para animais, bem como para
A produção de alimentos compostos para animais é
toda a fileira pecuária.
tes da agricultura, desempenhando um papel pre-
Associação na área da indústria alimentar, bem
ponderante na indústria global de alimentos, uma
deixar de relembrar a missão que tem vindo a ser
vez que é a maior e mais importante componente da garantia de produção sustentável de proteínas
desenvolvida pela IACA em defesa dos interesses
animais seguras e acessíveis.
dos industriais de alimentos compostos e dos pró-
Uma vez que a produção intensiva e eficiente de
prios produtores pecuários nacionais, na perspetiva da desejada sustentabilidade e competitividade de um setor que tem vindo a ser fortemente penalizado no atual contexto económico. É demais conhecido o trabalho que esta Associação tem vindo a desenvolver perante a indústria nacional de alimentos compostos para animais, cujas empresas associadas representam cerca 90%
géneros alimentícios de origem animal (como a carne, o leite e os ovos) requer alimentos compostos equilibrados e de elevada qualidade, importa igualmente assegurar que os alimentos que são distribuídos aos animais produtores de géneros alimentícios detêm a inocuidade adequada, garantindo um nível elevado de segurança alimentar com promoção da saúde e do bem-estar animal, a salvaguarda do consumidor
da produção nacional. Acresce ainda a importância
e a proteção do próprio meio ambiente.
da própria indústria das pré-misturas de aditivos
Não se pode igualmente esquecer que para além das
destinados à alimentação animal no contexto da
obrigações legais em termos de qualidade e segu-
produção pecuária, mediante a sua integração numa
rança dos produtos processados e/ou colocados
secção autónoma daquela associação.
no mercado, mais devem os industriais de alimen-
Na realidade a produção de alimentos para animais representa um importante destino para os produtos agrícolas europeus, atendendo a que a maioria das matérias utilizadas na produção de alimentos para
tos compostos deter os conhecimentos relevantes na área da nutrição animal, permitindo auxiliar os produtores pecuários em manter e tirar o melhor proveito dos seus animais.
animais, são produtos agrícolas no âmbito da PAC e
Nesta perspetiva importa reconhecer, entre outros,
enumerados no anexo I do Tratado da UE.
ultrapassar os desafios e as alternativas que se
Em 2015 foram produzidas cerca de 158 milhões
ALIMEN TAÇÃO AN IM A L
assim um dos setores de atividade mais importan-
Reconhecendo a importância e implementação desta como no próprio setor agro-pecuário, não posso
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de 130 biliões de Euros.
colocam ao setor, entre as quais se salientam:
de toneladas de alimentos compostos para ani-
– O recurso a matérias-primas disponíveis, que
mais nos 28 Estados-membros que actualmente
pese embora não se constituam como de eleição,
constituem a UE.
a sua combinação em proporções e quantidades
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
adequadas permitirão reduzir custos de
– A melhor conversão alimentar é também
Órgãos da Administração Pública, e nomeada-
produção, manter ou aumentar a qualidade
importante de referir como um dos desa-
mente no que à DGAV se refere, situação que
e consistência dos géneros alimentícios
fios que assistem os industriais de alimen-
só é possível pela disponibilidade e caracterís-
de origem animal, para além de melhorar
tos compostos para animais, mediante a
ticas de diálogo e cooperação demonstrados
a saúde e o bem-estar animal ao fornecer
adequada formulação que permita reduzir
pelos seus elementos.
uma nutrição adequada em todas as fases
o consumo de alimentos em função da
de crescimento e de produção dos animais
obtenção dos mesmos rendimentos dos
visados. É o caso dos coprodutos ou deri-
animais;
vados da indústria agro-alimentar e outras indústrias, como a extração e refinação de oleaginosas, subprodutos da fermentação, produção de biodiesel, produção de insectos ou outras fontes alternativas de proteínas, cujo adequado encaminhamento para a alimentação animal permite a desejada recuperação do desperdício alimentar e a diminuição da disponibilidade de solos aráveis para produção de produtos agrícolas com vista a serem utilizados enquanto alimentos para animais; – Também a evolução de estratégias alimentares, como o desenvolvimento e recurso a melhoradores da digestibilidade, estabilizadores da flora gástrica ou outras preparações específicas enquanto aditivos destinados à alimentação animal, ou alternativas naturais, que associados a boas práticas de maneio, devem permitir manter a saúde dos animais e consequentemente diminuir o recurso a medicamentos veterinários de ação antimicrobiana a nível das explorações, com redução do desenvolvimento de resistências antimicrobianas. Constituindo-se como um problema que afecta toda a cadeia alimentar, o problema que resulta da emergência e propagação da resistência aos antibióticos, deve ser encarado como um plano de acção a nível mundial que requere a responsabilidade e investimento partilhados entre todos os intervenientes da cadeia; – As alterações climáticas constituem-se igualmente como um desafio actual na cadeia alimentar, na perspetiva da pressão sobre a disponibilização de fontes alimentares e subsequente globalização do comércio dos produtos de origem animal, pelo que a indústria dos alimentos compostos pode igualmente interagir mediante a produção de alimentos compostos que permitam uma pecuária mais eficiente,
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Só mediante esta abertura e espírito de colaboração entre o sector privado e o sector público, tem vindo a ser possível a adoção de
– Não nos podemos da mesma forma esque-
medidas que garantam padrões adequados
cer a necessidade de reconhecer a impor-
de segurança e salubridade dos alimentos
tância do recurso a aditivos devidamente
para animais, com vista à elevada proteção
autorizados, como o caso de fitases ou
da saúde humana, da saúde animal, e do
proteases, bem como a suplementação da
meio ambiente.
dieta com aminoácidos, que entre outros, têm vindo a permitir reduzir a libertação de azoto e fósforo para o ambiente através do estrume;
Um dos exemplos é o projecto QUALIACA, que pese embora algumas vicissitudes que condicionaram a sua atempada e plena execução, tem-se vindo a constituir como um
– Por fim, a inovação é outro desafio com
autêntico sistema de controlo complemen-
que se deve debater a indústria do setor
tar ao plano nacional de controlo oficial
dos alimentos para animais, por forma ao
dos alimentos para animais. Com benefícios
desenvolvimento científico que permita uma melhor compreensão da interação entre os micro-ingredientes alimentares e os fatores anti-nutricionais e a valorização de novos alimentos para animais, para além de possibilitar a redução/substituição do recurso às matérias-primas convencionais, cujos preços de mercado e em algumas circunstâncias as condições de autorização na UE, como o caso dos alimentos para animais geneticamente modificados, podem condicionar a sua disponibilidade.
reconhecidos para ambas as partes, este projecto encontra-se perfeitamente integrado nos objectivos que a Comissão Europeia pretende desenvolver e avaliar num futuro imediato, nomeadamente a interacção entre as ações desenvolvidas pelas autoridades competentes no âmbito dos controlos oficiais e as atividades de empresas privadas de certificação devidamente acreditadas por autoridades nacionais, e que permite a manutenção e complementaridade na verificação do cumprimento dos requisitos legais
Neste pressuposto, e decorrente da sua par-
pelos operadores do setor, para além da res-
ticipação em diversas associações e grupos
petiva rentabilização de recursos humanos
de trabalho nacionais, incluindo actividades
e financeiros.
de normalização, para além da consolidada
Não gostaria de terminar sem destacar que
representação a nível das entidades e instituições congéneres europeias e internacionais, está a IACA em posição privilegiada para difusão da informação pertinente aos operadores do sector.
nestas Jornadas, para além das questões técnicas diretamente relacionadas com a alimentação e nutrição animal, é com apreço que vemos a interação e ligação à área científica e de investigação, bem como ao meio
Todo este trabalho não poderia ser desenvol-
académico e universitário, considerando os
vido sem o empenhamento e dedicação dos
temas a serem apresentados pelo INIAV,
membros que integram os corpos dirigentes e
FMV e UTAD. Trata-se naturalmente de uma
técnicos desta Associação, permitindo deter
ligação ao conhecimento e investigação, que
do conhecimento e contactos que lhe permi-
queremos reforçar e felicitar, de forma a
tem emitir pareceres e propostas de medidas
garantir a competitividade e sustentabilidade
sobre problemas sectoriais, bem como prestar
do Setor e da Fileira Pecuária.
o apropriado apoio jurídico, técnico e económico às empresas associadas.
Termino assim, desejando o maior sucesso para os trabalhos e reiterando a disponibi-
decorrente da redução na emissão de
Realça-se igualmente o excelente relaciona-
lidade da Instituição que dirijo para todo o
gases ou outros impactos para o ambiente;
mento que tem imperado entre a IACA e os
apoio necessário.
A LIMEN TAÇÃO AN IM A L
A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
MODERAÇÃO – 1º PAINEL
Manuel Chaveiro Soares Eng. Agrónomo, Ph.D., Agreg.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Senti-me privilegiado ao receber o honroso convite que o meu amigo e colega Pedro Folque teve a gentileza de me dirigir para moderar, dentro das minhas limitações e insuficiências, este 1º Painel das V Jornadas de Alimentação Animal, promovidas pela Secção de Fabricantes de Pré-Misturas (SFPM), no âmbito da Associação dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA), contando com a participação de distintos académicos e investigadores do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), numa aproximação às empresas que reputo interessante para todos. De salientar que nem sempre a Universidade reconhece o esforço despendido pelos seus docentes em prol das empresas, o que ainda mais valoriza a presença dos ilustres conferencistas que hoje nos honram com a sua participação nas presentes Jornadas. Antes de ter o privilégio de apresentar cada um dos distintos conferentes, e sem pretender, de modo algum, minimizar a importância da nutrição e da alimentação – não só no desempenho zootécnico e na eficiência económica das explorações pecuárias, mas também na qualidade dos géneros alimentícios de origem animal, no bem-estar animal e no ambiente –, tomo a liberdade de iniciar a minha despretensiosa introdução aflorando, sumariamente, alguns temas que considero relevantes para o futuro da produção animal no Mundo e em Portugal. Em primeiro lugar sublinharia o enorme incremento previsto para a procura mundial de géneros alimentícios de origem animal, mormente por parte da crescente classe média dos países emergentes e a importância que a ciência e a tecnologia assumem em ordem à satisfação da referida procura, considerando as limitações de alguns factores de produção – com sublinhado para a terra e a água – e os impactos no ambiente. Múltiplas áreas científicas serão chamadas para dar uma resposta de ampla dimensão, com relevo para o melhoramento genético, a nutrição e a sanidade de plantas e animais. No entretanto, todavia, estamos inseridos num mercado cada vez mais globalizado, e, portanto, mais competitivo, com a agravante de não serem idênticos os condicionalismos a que estão sujeitos os agentes económicos de todos os países. Como sabemos, a União Europeia apresenta algumas debilidades – com ênfase para a dependência proteica, nomeadamente de bagaço de soja – e retira competitividade aos produtores pecuários, designadamente estabelecendo múltiplos requisitos não raro extremamente exigentes e sem paralelo fora do espaço comunitário, nomeadamente no âmbito da nutrição, do bem-estar animal, do ambiente, e da legislação laboral; de notar que a forte regula-
mentação comunitária não raro fundamenta-se em preconceitos e mitos, sem ter em conta a evidência científica. Acrescem, nalguns países europeus, relações comerciais muito penalizadoras para os fornecedores, designadamente de bens alimentares de origem animal, às grandes cadeias de distribuição. Considero importante que os produtores portugueses e, principalmente, as suas associações profissionais, participem na discussão dos grandes temas que preocupam os seus congéneres da União Europeia. Mas, na minha modesta opinião, convém dar prioridade aos problemas que mais nos afectam de modo particular, como são, por exemplo, as questões indicadas em seguida: i) controlo da qualidade das matérias-primas utilizadas nos alimentos compostos para animais produzidos em Portugal, o que já vem sendo feito através do programa QUALIACA, promovido pelo IACA com o apoio da Autoridade competente; ii) relações com as cadeias de distribuição alimentar, em especial no tocante às incansáveis promoções que tanto desestabilizam os preços e assim prejudicam severamente os diferentes agentes económicos que integram as fileiras pecuárias; iii) relações com as autoridades oficiais que mais directamente interferem na produção animal, em ordem a uma adequação, tanto quanto possível, das directivas comunitárias à realidade portuguesa, ou mesmo colmatando com razoabilidade algumas lacunas. A propósito do que precede e a título ilustrativo, apresento em seguida um exemplo de cadente actualidade e que estou convicto que a Autoridade Nacional competente estará receptiva a estudar a possibilidade da sua revisão. Refiro-me às contaminações cruzadas inevitáveis com os coccidiostáticos e aos limites máximos de resíduos (LMR) em espécies não alvo. De salientar que tais limites não existiram durante longos anos. Foi na sequência da visita efectuada pelo Comissário Europeu da Saúde, a um aviário português, em 2007, que tais limites vieram a ser fixados pela primeira vez. Ulteriormente foram revistos em alta, se bem que ainda para um teor muito baixo e amplamente desfasado do autorizado nos animais alvo, como é o caso, por exemplo, do coccidiostático nicarbazina (com elevada carga eléctrica): 300 versus 15 000 µg por kg de fígado fresco, respectivamente de aves que não sejam frangos de engorda e frangos de engorda – uma situação que, por um lado, se revela discrepante em termos de risco para o consumidor, e muito em especial se considerarmos o ADI (acceptable daily intake), e, por outro lado, em muitas fábricas portuguesas, cria uma dificuldade ao fabrico e transporte a granel de alimentos compostos destinados a espécies não alvo.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
NUEVOS PRODUCTOS DE SOJA PARA LA ALIMENTACIÓN DE ANIMALES JÓVENES
Paloma García Rebollar Universidad Politécnica de Madrid / USSEC
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
La harina de soja es la principal fuente de proteína en alimentación animal (309 millones de ton. en 2016, según USDA), y representa más de dos terceras partes del total de concentrados de proteína utilizados en la fabricación de piensos a nivel mundial. Su importancia relativa ha aumentado en los últimos años (64% en 1999 vs. 70% en 2016), pese a la aparición de nuevas fuentes de proteína (ej. DDGS de la industria del bioetanol) o las mejoras en el conocimiento, aprovechamiento y disponibilidad de otras fuentes de proteína vegetal (ej. colza, girasol, palmiste, leguminosas grano, etc). Este aumento en la utilización relativa de harinas de soja ha ido en paralelo al incremento registrado en la fabricación de piensos para animales monogástricos (por orden de importancia: broilers, cerdos, ponedoras, y pavos), que actualmente representan un 75% de la producción mundial de piensos (alrededor de 1.000 millones de ton.). En comparación con otras fuentes de proteína vegetal, el bajo contenido en fibra y el alto nivel de proteína y energía de la harina de soja permite su entrada libre en formulación, sin fijar límites máximos de incorporación en fórmulas, a excepción de en piensos para animales jóvenes. El haba de soja presenta como valores medios de composición proximal: un 38% de proteína con un buen perfil en aminoácidos (un 6% es lisina), un 30% de carbohidratos (15% insolubles y 15% solubles), un 18% de aceite (incluyendo un 0.5% de lecitinas), y un 14% de humedad. Estos valores son, no obstante, muy variables, en función de factores tales como el tipo de cultivar, la latitud del país de origen y duración de los ciclos vegetativos, las condiciones agronómicas de cultivo (tipos de suelo, fertilización, etc). Además, en el haba de soja están presentes ciertos factores antinutricionales que hacen necesario su procesamiento antes de ser utilizada en alimentación animal. En función de su resistencia a ser destruidos por tratamientos térmicos, los factores antinutricionales se clasifican en termolábiles y termoresistentes (ver tabla 1). En el haba de soja, los de mayor impacto antinutricional son los factores termolábiles por su efecto negativo sobre la digestión y el metabolismo, no sólo de los componentes de la soja sino también del resto de componentes de la dieta. El tratamiento térmico aplicado en el proceso de extracción del aceite del haba reduce la concentración de estos factores termolábiles en la harina a niveles que dejan de tener importancia práctica en la alimentación de la mayoría de especies animales. Sin embargo, en los animales más jóvenes, con un aparato digestivo todavía inmaduro y una capacidad digestiva limitada (p.ej. pollitos de primera edad (1-7 d) o lechones
Tabla 1. Clasificación y niveles de factores antinutricionales presentes en el haba de soja cruda1 TERMOLÁBILES
TERMOESTABLES
Inhib. Tripsina (25-50 mg/g) Lectinas (2.1-3.5 mg/g) Proteína
Factores Antigénicos Glicinina (150-200 mg/g) β-Conglicinina (50-100 mg/g) Oligosacáridos (4.5-5%)
Carbohidratos
Rafinosa (0.8–1.0%) Estaquiosa (4.0-4.5)
Otros
Ácido Fítico (0.38%) Saponinas (0.50%)
1
Van Eys, 2004 (Manual of Soy Quality Analyses, USSEC)
de menos de 20 kg, respectivamente), los niveles residuales de factores termolábiles (factores antigénicos e inhibidores de tripsina) en las harinas, y el efecto multiplicativo sobre la concentración de los termoestables (oligosacáridos, saponinas, y ácido fítico) por la extracción del aceite del haba, obligan a limitar los niveles de incorporación de harina de soja en piensos de primera edad, y a incorporar otras fuentes de proteína de alta digestibilidad, generalmente de origen animal (por ej. harina de pescado, subproductos del procesado de la sangre, hidrolizados de mucosa intestinal, etc). Existen tres vías alternativas o complementarias al tratamiento térmico de la soja (la fermentación, la adición de enzimas y la extracción) que permiten reducir el nivel de los factores antinutricionales en la harina y obtener concentrados de proteína de interés para la alimentación de animales en edades tempranas. Las principales ventajas de estos productos son su origen vegetal, su buen perfil de aminoácidos, su amplia disponibilidad y su precio por unidad de proteína, en relación a otros concentrados proteicos. Las harinas de soja fermentadas se obtienen a partir de harinas de soja de alta proteína (47-48% PB, sin cascarilla añadida) sometidas a un proceso de fermentación, generalmente, con hongos del género Aspergillus Orizae o levaduras Sacharomyces, o bien con bacterias tipo Bacillus subtilis, Lactobacillus,
bifidobactetias, etc. La actividad enzimática propia de los microorganismos añadidos en la fermentación condiciona los resultados obtenidos. Generalmente, desnaturalizan los antígenos y degradan los oligosacáridos, pero no actúan sobre otros polisacáridos no amiláceos solubles presentes en las harinas. Por tanto, el incremento del nivel de proteína en las harinas de soja fermentadas es bajo (50-55%), y en algunos productos comerciales la degradación de factores antinutricionales resulta ser bastante inconsistente. Los concentrados de proteína de soja obtenidos por vía enzimática utilizan complejos multienzimáticos (mezclas de galactosidasas, proteasas, etc,) específicamente diseñados para destruir los factores antinutricionales presentes en las harinas de soja, y cuya composición no es normalmente conocida por ser propiedad registrada del fabricante. Los productos obtenidos tienen niveles de proteína (5360%) generalmente superiores a las harinas de soja fermentadas. En ambos casos (vía enzimática o fermentativa), el tratamiento térmico tras el proceso de desolventización de las harinas tiene lugar antes de la extracción de los azúcares solubles, por lo que aumenta el riesgo de que ocurran reacciones de Maillard que comprometan la digestibilidad de la proteína en el producto final. En los concentrados de proteína de soja obtenidos por extracción con etanol y agua caliente de los componentes solubles de la soja, se reducen los antígenos y se elimina completamente la fracción de carbohidratos solubles, dando lugar a productos con un nivel mínimo garantizado del 65% PB. En los productos comerciales clásicos (ej.
Hamlet protein), la extracción con etanol y agua se realiza sobre los “white flakes” (tras la desolventización y antes del secado de la harina), por lo que se limita la posibilidad de formación de complejos de Maillard entre azúcares solubles y proteína que reduzcan la digestibilidad de la fracción proteica. Finalmente, una cuarta vía para obtener productos de soja altamente concentrados en proteína (>85% PB), pero poco utilizada para alimentación animal por su elevado coste, es el tratamiento alcalino y precipitación ácida de la proteína de soja, ajustando el pH del extracto al punto isoeléctrico de las mismas. Este proceso elimina completamente los antígenos y toda la fracción hidrocarbonada (tanto glúcidos solubles como insolubles) de la soja. Los productos resultantes se conocen como “aislados” de proteína de soja, y normalmente se destinan a la alimentación humana. En la tabla 2 se muestra una comparación de la composición media y los niveles de factores antinutricionales de diferentes productos de proteína de soja disponibles en el mercado. En relación con la fracción proteica, en todos los productos la concentración de aminoácidos aumenta proporcionalmente con el nivel de proteína, a excepción de en las harinas obtenidas por vía fermentativa, donde residuos de los microorganismos incorporados en el proceso pueden modificar ligeramente el perfil de aminoácidos. En los concentrados de soja obtenidos por vía enzimática o fermentativa algunos trabajos observan un aumento en la proporción de péptidos muy pequeños (< 20 kDa) que relacionan con la hidrólisis de las proteí-
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
Tabla 2. Composición y factores antinutricionales de productos de soja disponibles en el mercado1 Harina de HS HS + Conc. Extr. Aislado soja (HS) Ferment.2 enzimas Alcoh. soja Humedad
%
10-12
9-15
6-7
6-7
6-7
Proteína
%
42-50
50-55
53-60
65-67
>85
EE
%
0.9-3.5
1.0-2.5
0-5-2.5
0.5-3.0
0.1-1.5
Inh. Tripsina
mg/g
1.6 – 5.0
<1.0
1.0 – 2.0
2.0–3.0
<1.0
Lectinas
mg/g
0.2 – 0.6
-
<0.1
<0.1
<0.1
F. Antigénicos
mg/g
20 – 100
<0.01
<0.02
<0.1
<0.01
Oligosacáridos
%
5.0 – 7.0
<1.0
<2.5
<1.5
<0.4
Ác fítico
%
0.42–0.49
0.39
0.60
0.60
-
Saponinas
%
0.6
-
0
0
0
1 2
Van Eys, 2004 Cervantes-Pahm y Stein, 2010; Rojas, 2012
nas antigénicas de elevado peso molecular de la soja. No obstante, la disminución de la respuesta inmune en animales jóvenes que reciben harinas de soja fermentadas es muy variable, generalmente menor con harinas de soja fermentadas con hongos, probablemente porque su velocidad de crecimiento es más lenta que la de las bacterias. Como consecuencia de estos cambios bioquímicos en la fracción proteica de la soja, cabría esperar una digestibilidad “in vivo” de la proteína mayor en los concentrados de soja obtenidos por vía enzimática o fermentativa respecto a las harinas de soja de alta proteína. Sin embargo, los resultados de diferentes trabajos publicados no siempre observan diferencias estadísticamente significativas entre estos productos. La tabla 3 muestra una comparación de los valores medios de los coeficientes de digestibilidad estandarizada para porcino obtenidos en diferentes ensayos “in vivo” publicados en los últimos años en la bibliografía. Las diferencias entre los valores medios de digestibilidad de la harina de soja y las tratadas por vía fermentativa o enzimática no son evidentes, y lo que sí parece constatarse es que la digestibilidad es menos variable en las harinas de soja tratadas por vía enziTabla 3. Comparación de los valores (media ± desviación estándar) de los coeficientes de digestibilidad estandarizada de la proteína en ganado porcino en diferentes productos de soja obtenidos en ensayos in vivo1. Harina soja (HS)
HS Fermentada
HS + Enzimas
Conc. Extr. Alcohol
n
119
4
8
15
Proteína (%)
48.1
51.5
54.5
65.0
Lys
87 ± 9.0
80 ± 7.1
85 ± 4.5
91 ± 2.7
Met
88 ± 9.6
90 ± 2.8
91 ± 2.6
92 ± 3.0
M+C
83 ± 11.8
81 ± 6.8
84 ± 6.0
86 ± 4.3
Thr
82 ± 9.7
80 ± 8.5
83 ± 5.4
86 ± 3.9
Trp
86 ± 12.1
85 ± 9.2
85 ± 5.1
89 ± 3.4
1
http://nutrition.ansci.illinois.edu/feed_database.html
14 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
mática o fermentativa (desviación estándar más baja). Por otro lado, los concentrados “clásicos” de soja (los obtenidos por extracción con etanol y agua) presentan coeficientes medios de digestibilidad estandarizada de los aminoácidos mayores, y una variabilidad menor, que las harinas de soja de alta proteína, aunque las diferencias en algunos trabajos no siempre alcanzaron el nivel de significación estadística. En relación con el fósforo, es importante destacar que el nivel de fósforo total y de fósforo no fítico aumenta en todos los concentrados de proteína de soja obtenidos por vía enzimática o fermentativa por efecto de la disminución del nivel de carbohidratos solubles, pero la digestibilidad estandarizada del fósforo aumenta sólo en los obtenidos por vía fermentativa cuando las dietas no están suplementadas con fitasas. Además de ser una fuente de proteína vegetal de buena calidad, las harinas de soja son un ingrediente de alto valor energético por su bajo contenido en fibra insoluble y su nivel apreciable de azúcares simples, como la sacarosa (7-8%). Los procesos de fermentación, adición de enzimas o extracción por etanol y agua reducen el nivel de carbohidratos solubles (oligosacáridos y sacarosa) y, proporcionalmente aumentan el nivel de fibra insoluble de estos concentrados, por lo que el valor energético resultante es similar al de las harinas de soja de alta proteína. Pueden existir, no obstante, diferencias dependiendo de la harina de soja con la que se realice la comparación puesto que su composición varía notablemente dependiendo del país de origen de las habas (tabla 4). Así, las harinas de soja procedentes de habas de EE.UU tienen más sacarosa y menos fibra insoluble que las brasileñas, con las argentinas ocupando una posición intermedia. Como indicamos al principio de este trabajo, la principal ventaja de los concentrados de proteína de soja se debe a su menor contenido en factores antinutricionales (factores antígénicos y oligosacáridos) respecto a las harinas. Diferentes trabajos muestran que su utilización en la alimentación de animales en edades tempranas mejora la funcionalidad y capacidad de absorción intestinal, asociada a un aumento de la altura de los villi y la profundidad de las criptas de la mucosa, y modifica la composición de la microbiota intestinal, con un aumento del número de bacterias ácido-lácticas. En condiciones prácticas, estas mejoras se manifiestan en una reducción significativa de la incidencia de problemas digestivos y en mejoras de los índices productivos (mayores ganancias de peso y menores índices de conversión) en animales jóvenes cuando sus dietas incorporan fuentes de proteína de soja con un bajo contenido en factores antinutricionales. Tabla 4. Composición de harinas de soja alta proteína en función del país de origen de las habas (muestreo de harinas comerciales en el mercado europeo)1, 2.
1 2
(88% DM)
Nº muestras
Proteína (%)
FND (%)
Sacarosa (%)
Oligosacáridos (%)
Argentina
170
45.5B
9.0B
6.8B
6.2B
Brasil
165
46.8A
10.4A
5.6C
6.0B
EE.UU
180
46.8A
7.9C
7.4A
6.6A
SEM
0.11
0.14
0.08
0.05
Signif.
***
***
***
***
Datos expresados sobre 88% MS. García-Rebollar et al., 2016
A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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15
ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS EM ALIMENTAÇÃO ANIMAL Carlos M.G.A. Fontes1,2, Vania Cardoso1,2, Vania O. Fernandes2, Teresa Ribeiro1,3, Luís M.A. Ferreira1,2
Enquadramento As enzimas microbianas que na natureza actuam na degradação da celulose e da hemicelulose, os componentes mais importantes da fibra vegetal, são hoje extensamente utilizadas para suplementar dietas à base de cereais fornecidas a animais monogástricos, nomeadamente para aves e suínos. Genericamente, a acção das enzimas exógenas promove uma atenuação dos efeitos Carlos Fontes
anti-nutritivos associados à ingestão de formas solúveis de celuloses e hemiceluloses, principalmente os arabinoxilanos e β-glucanos. Nestes casos, são evidentes as melhorias verificadas no desempenho zootécnico dos animais que decorrem de um aumento da eficiência na utili-
turais na alimentação de monogástricos, o que tem claras implicações práticas e industriais. A acção anti-nutritiva dos arabinoxilanos, abundantes em dietas contendo trigo e centeio, e dos β-glucanos, predominantes na cevada e aveia, decorre fundamentalmente da sua solubilidade. A solubilização destes polissacáridos com um grau de polimerização que consiste em centenas de monómeros, conduz a um aumento da viscosidade do digesta. O aumento da viscosidade dos conteúdos digestivos leva a uma diminuição da sua velocidade aquando da passagem no trato digestivo com consequências directas na ingestão, que obviamente diminui. Por outro lado, o aumento da viscosidade tem implicações na eficácia do funcionamento das
zação digestiva dos alimentos, em resultado da
enzimas endógenas produzidas pelo animal, a
acção directa ou indirecta das enzimas adicio-
qual diminui como resultado da perturbação na
nadas ao alimento. Neste trabalho procuram-se
interacção das enzimas digestivas com os seus
resumir alguns dos desenvolvimentos recentes
substratos respectivos. Assim, devido à presença
mais importantes relacionados com a utilização
de polissacáridos solúveis na dieta e do aumento
de enzimas que degradam polissacáridos estru-
consequente da viscosidade, decorre uma dimi-
Figura 1 – Mecanismo de acção das enzimas exógenas alimentares usadas para suplementar dietas à base de cereais ricos em polissacáridos solúveis usadas na alimentação de monogástricos.
1 CIISA, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Pólo Universitário da Ajuda, Avenida da Universidade Técnica, 1300477 Lisboa, Portugal; 2 NZYTech genes & enzymes, Estrada do Paço do Lumiar, Campus do Lumiar, Edifício E – R/C, 1649-038 Lisboa, Portugal; 3 Endereço actual: 3 Cargill II, Estrada do Adarse, 2616-953 Alverca, Portugal.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
nuição acentuada da digestibilidade da maioria dos nutrientes presentes no alimento. Por outro lado, em resposta ao aumento da viscosidade do digesta os animais tendem a consumir níveis maiores de água o que conduz a um aumento da incidência das fezes liquidas e camas húmidas. O processo mais eficaz para resolver estes problemas consiste em adicionar enzimas exógenas ao
Quadro 1 – Desempenho produtivo de frangos de carne alimentados com uma dieta à base de cevada suplementada com uma mistura de enzimas comercial (Rovabio), ou duas enzimas recombinantes consistindo no módulo catalítico de uma glucanase, fornecido isoladamente (GH16) ou ligado a um CBM (GH16CBM). Adaptado de Ribeiro et al. (2012) Tratamento
Peso Vivo 28d (g)
Ganho peso 0-28 d (g)
Viscosidade Duodeno + Jejuno (cP)
alimento (ver detalhes em Masey et al., 2014). Estas enzimas, de
Sem enzima
1147ª
1101ª
28,5ª
origem microbiana, conduzem a uma despolimerização em maior
Rovabio
1206b
1160b
5,43b
ou menor grau, eventualmente de forma parcial, dos polissacári-
GH16
1192a,b
1146a,b
6,69b
dos solúveis com acção anti-nutritiva. Por serem endo-enzimas,
GH16CBM11
1238b
1193b
4,49b
isto é, enzimas que clivam os polissacáridos internamente, a sua
EPM
23,9
24,1
2,00
acção conduz a uma rápida diminuição do grau de polimerização
p(F)
***
***
***
dos polissacáridos solúveis, limitando o consequente aumento da viscosidade do digesta (Figura 1). As enzimas mais extensamente utilizadas em alimentação animal são as xilanases, que genericamente degradam os arabinoxilanos e que são predominantemente utilizadas em dietas ricas em trigo ou centeio e as β-glucanases, vulgarmente utilizadas para suplementar dietas ricas em cevada ou aveia, onde predominam os β-glucanos. Normalmente, os problemas que decorrem do aumento da viscosidade do digesta afectam de forma mais severa animais mais jovens. À medida que crescem, as aves e suínos desenvolvem estratégias de adaptação que conduzem a um aumento da produção do reportório de enzimas digestivas endógenas, o que tende a atenuar as perturbações digestivas descritos anteriormente.
Arquitectura molecular e eficácia das enzimas exógenas As enzimas microbianas que promovem a degradação de hidratos de carbono estruturais possuem uma arquitectura modular, que se caracteriza pela presença de um módulo catalítico ao qual se encontram ligados um ou mais módulos não-catalíticos de ligação ao substrato. Estes módulos designam-se genericamente por CBMs (de Carbohydrate-Binding Modules) e muito recentemente
Os resultados dos trabalhos iniciais desenvolvidos com enzimas produzidas na forma recombinante revelaram que a acção de uma enzima isoladamente é tão ou mais eficiente que a adição de misturas comerciais complexas de celulases e hemicelulases (Quadro 1). Estes resultados mostraram que, de facto, as enzimas exógenas conduzem a uma rápida diminuição da viscosidade dos conteúdos digestivos em resultado do ataque interno aos polímeros anti-nutritivos de β-glucanos ou arabinoxilanos. Considerando que hoje é possível melhorar a eficiência e a estabilidade das enzimas, por manipulação dos genes que as codificam e aplicando as técnicas emergentes de engenharia de proteínas, estão abertas novas portas, não só para o estudo como também para a produção de novos bio-catalisadores recombinantes que podem ser usados no campo da nutrição e alimentação animal. Por exemplo, verificou-se recentemente que a presença dos módulos não-catalíticos CBMs potencia a actividade das enzimas exógenas usadas em alimentação (Ribeiro et al., 2012). Concretamente, β-glucanases ou xilanases microbianas acopladas com CBMs que as direccionem para os seus substratos-alvo (os β-glucanos e os arabinoxilanos, respectivamente), são mais eficazes que enzimas
a sua acção na melhoria da eficácia de enzimas exógenas usadas
não-modulares desprovidas de módulos não catalíticos. O que
na alimentação de monogástricos foi demonstrada (Ribeiro et al.,
estes resultados significam é que é possível desenhar enzimas
2012). Os preparados de enzimas disponíveis actualmente no mer-
mais eficazes, com uma potência melhorada, , que podem ser
cado veiculam misturas muito complexas e pouco caracterizadas
usadas na alimentação animal em doses de incorporação infe-
de celulases e/ou hemicelulases. Estas misturas são, consoante
riores, racionalizando-se, assim, os custos. Um exemplo muito
a sua actividade principal, recomendadas para dietas contendo
concreto destes trabalhos é apresentado nos resultados de
maiores ou menores percentagens de β-glucanos ou hemicelulo-
um ensaio desenvolvido com frangos em crescimento, no qual
ses solúveis. A produção destas enzimas na forma recombinante,
comparara-se a eficácia de misturas comerciais ricas em β-glu-
em estirpes geneticamente manipuladas de Escherichia coli, por
canases com a de duas enzimas recombinantes, a GH16CBM e
exemplo, permite produzir extractos enzimáticos homogéneos,
a GH16, contendo ou não um CBM acoplado (Quadro 1). Estes
livres de actividades enzimáticas acessórias e, que têm sido usados
trabalhos mostram não só que as enzimas recombinantes são
para averiguar quais são os bio-catalisadores mais importantes
tão eficazes como as enzimas comerciais, mas também que a
para minorar a acção de factores anti-nutritivos presentes em
presença de CBMs potencia a sua actividade.
diferentes tipos de dietas. A LI ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
Quadro 2 – Desempenho produtivo de frangos de carne alimentados com uma dieta à base de cevada contendo altos (AA) ou baixos (BA) teores de actividade β-glucanásica endógena suplementada (+) ou não (-) com uma mistura de enzimas comercial. Adaptado de Ribeiro et al. (2011). Tratamento Peso Vivo (g)
β-glucanases versus celulases
Os hidratos de carbono anti-nutritivos mais importantes em dietas contendo cevada ou aveia são os β-glucanos, que consistem numa
GP (g) 0-28d
IC 0-28d
Viscosidade Duodeno+ Jejuno (cP)
cadeia de moléculas de glucose conectadas principalmente por
ª
ligações β-1,4, entremeadas (em cerca de 1 a 3 ou 1 a 5), por ligações
AA-
1323ª
1275
1,67
3,46ª
β-1,3. Parte da solubilidade revelada pelos β-glucanos decorre da
AA+
1305ª
1257ª
1,66ª
2,81ª
heterogeneidade das ligações que o constituem. Assim, a clivagem
a
BA-
993
945
2,09
8,61
das moléculas de β-glucanos pode resultar da acção de endo-β-1,-
BA+
1164b
1156b
1,84ª
3,60a
4-glucanases, genericamente designadas de celulases e que clivam
EPM
30,9
30,9
0,068
0,437
p(F)
***
***
***
***
c
c
b
b
Variação na resposta à adição das enzimas exógenas
o polímero nas suas ligações β-1,4, ou da acção de endo-β-1,4-1,3-glucanases, genericamente designadas de β-glucanases, enzimas que clivam os β-glucanos nas ligações β-1,3 flanqueadas por ligações β-1,4. Resultados recentes permitiram esclarecer quais as enzimas mais eficazes para clivar os β-glucanos anti-nutritivos presentes nas die-
Um dos aspectos mais frequentes que decorre da utilização
tas à base de cevada: se as celulases ou as β-glucanases (Fernandes
de enzimas em alimentação animal é a constatação de que em
et al., 2016). A capacidade de uma celulase recombinante da família
determinadas circunstâncias se verifica que não existe resposta
GH8 para melhorar o valor nutritivo de uma dieta à base de cevada,
à incorporação dos bio-catalisadores exógenos. Ao longo dos anos, vários factores foram sendo avançados para explicar estas observações. Assim, a incapacidade das enzimas para melhorar o valor nutritivo de algumas dietas pode resultar de uma diminuição da concentração de factores anti-nutritivos presentes nos cerais, o que pode dever-se ao modo de armazenamento, à variedade de cereal usado ou às condições edáfoclimáticas onde foi produzido, entre outros. Recentemente outros factores têm emergido como condicionadores da resposta à suplementação enzimática, como seja a presença de enzimas endógenas vegetais nos próprios cereais. Um estudo recente (Ribeiro et al., 2011) mostrou não só que dezenas de variedades diferentes de cevada, com origem em vários pontos da Europa, produziam β-glucanases endógenas, como, mais importante, que os níveis de actividade enzimática endógena variavam muito significativamente de variedade para variedade. Por exemplo, verificou-se que os níveis de enzimas endógenas da cevada variam mais que o seu teor em β-glucanos ou viscosidade in vitro. Quando variedades de cevada contendo diferentes níveis de enzimas endógenas, desde baixos a elevados, e apresentando níveis equivalentes de β-glucanos, foram usadas para alimentar frangos em crescimento, apenas se verificou uma resposta à adição de enzimas exógenas nas dietas com as variedades de cevada contendo os níveis de β-glucanases endógenas mais baixos (Quadro 2). Estes resultados mostram a influência que os níveis de actividade enzimática endógena podem ter na resposta à adição de enzimas exógenas em dietas para frangos em crescimento. Nas condições em que a adição de enzimas se torna dispensável o custo da sua
rica em β-glucanos e pobre em enzimas endógenas, foi comparada com a de uma β-glucanase específica para ligações β-1,3-1,4 da família GH16. Ambas as enzimas foram produzidas na forma recombinante em E. coli e purificadas por cromatografia, tendo revelado uma estabilidade bioquímica a pH, temperatura e condições de inactivação proteolítica semelhantes. Os resultados apresentados, mostraram que, como seria de esperar, o desempenho zootécnico dos animais beneficiou da suplementação da dieta com uma mistura comercial rica em β-glucanases e celulases. No entanto, nas mesmas condições experimentais, a celulase revelou-se ineficaz em melhorar o valor nutritivo da dieta, enquanto a β-glucanase bacteriana suplementada, na forma pura, se comportou conforme o controlo positivo. Estes resultados mostram, de forma clara, que enquanto in vivo, as celulases são ineficazes para despolimerizar os β-glucanos anti-nutritivos, as β-glucanases conseguem activamente despolimerizar este polissacárido, melhorando consequentemente o valor nutritivo da dieta (ver em Fernandes et al., 2016). Ensaios subsequentes mostraram que, in vitro, a celulase é tão eficaz quanto a β-glucanase na hidrólise de β-glucanos da cevada. No entanto, a constituição do alimento, predominantemente rica em celulose parece impedir, in vivo, o direccionamento eficaz das celulases para os β-glucanos da cevada. Nestas circunstâncias, uma vez que as β-glucanases não interagem com a celulose, ficam completamente disponíveis para clivarem exclusivamente este polissacárido com propriedades anti-nutritivas para os monogástricos. De uma forma geral, estes dados mostram que, numa perspectiva industrial, as misturas de enzimas mais eficazes para suplementar dietas ricas em β-glucanos são aquelas que apresentam uma elevada actividade β-glucanásica acompa-
incorporação torna-se muito penalizador para a actividade econó-
nhada de uma baixa actividade celulásica. A presença simultânea e
mica. Assim, a indústria necessita urgentemente de poder recorrer
em níveis elevados de actividades β-glucanásica e celulásica indicará
a testes enzimáticos rápidos que permitam, com rigor, definir os
uma mistura de enzimas rica em celulases e consequentemente irá
níveis de actividade enzimática endógena ajudando à tomada de
traduzir-se numa menor eficácia para melhorar o valor nutritivo de
decisão sobre a oportunidade ou não da dieta ser suplementada.
dietas à base de β-glucanos para monogástricos.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Optimização da utilização de enzimas
Agradecimentos
Encontra-se hoje perfeitamente estabelecido que os animais
Os autores agradecem o financiamento facultado ao longo de
beneficiam da suplementação enzimática fundamentalmente nas
vários anos pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e o apoio
primeiras fases do ciclo produtivo, quando são mais jovens. Por
logístico e material proporcionado pela Sociedade Agrícola da
exemplo, em frangos em crescimento, a resposta zootécnica à
Quinta da Freiria, Grupo Valouro e Reagro.
suplementação de dietas à base de cevada com β-glucanases é mais evidente nas primeiras duas a três semanas de vida. Assim,
Bibliografia
parece conceptualmente possível que a suplementação de frangos
Cardoso et al. (2014). Animal Feed Science and Technology 198,
de carne em vez de ser feita durante todo o período produtivo
186-195.
se possa restringir às primeiras fases do ciclo produtivo, sem
Fernandes et al. (2016). Animal Feed Science and Technology
que com isso se prejudique o desempenho zootécnico final. Esta
211, 153–163.
hipótese foi recentemente testada, tendo os resultados mostrado
Masey et al. (2014). Asian-Australasian Journal Animal Science
que a restrição da suplementação enzimática aos primeiros 11
27, 290-301.
dias do ciclo produtivo conduz a um peso final dos frangos ao fim
Ribeiro et al. (2012). British Poultry Science 53, 224-234.
de 35 dias semelhante à suplementação durante todo o período
Ribeiro et al. (2011). Poultry Science 90, 1245–1256.
produtivo (ver em Cardoso et al., 2014). Resultados preliminares recolhidos pelo nosso grupo mostram que o mesmo é verdade para dietas à base de trigo, onde a resposta é fundamentalmente tardia. Dietas contendo trigo com baixos teores de viscosidade tendem a mostrar uma resposta à suplementação na fase final do ciclo, sendo que é possível neste caso restringir a suplementação com xilanases ao período terminal do ciclo produtivo. Em resumo, estes dados mostram que industrialmente é possível optimizar a utilização das enzimas, conhecendo-se o seu comportamento in vivo em função do tipo de dieta.
Conclusões A utilização de enzimas para melhorar o valor nutritivo de dietas para aves e suínos tornou-se uma prática comum na indústria de alimentos compostos para animais. No entanto, resultados científicos recentes, aqui resumidos de forma breve, mostram que o conhecimento profundo sobre o mecanismo de acção das enzimas alimentares exógenas pode contribuir para melhorar a eficácia produtiva e económica deste processo. Estes estudos prosseguem e deverão estender-se num futuro próximo a outras classes de enzimas, para além das xilanases e β-glucanases, e outras matérias-primas.
A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
UTILIZAÇÃO DE PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS EM ALIMENTAÇÃO ANIMAL ESTUDOS NA UTAD Divanildo Monteiro, Victor Pinheiro, Maria José Gomes, Paulo Rema, Cristina Guedes, José Luís Mourão Departamento de Zootecnia – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
Probióticos e Prebióticos – Porque são tão populares? O interesse por parte da comunidade científica no estudo de probióticos e, mais recentemente, de prebióticos como aditivos em alimentação animal Divanildo Monteiro
tem vindo a crescer de forma notável. Esta foi uma área de investigação e de aplicação prática que se iniciou em alimentação humana. Contudo, a proibição da utilização dos antibióticos como promotores do crescimento em alimentação animal foi uma forte motivação para procurar novas soluções, configurando-se os probióticos e os prebióticos como alternativas mais “naturais” e seguras. Actualmente encontram-se mais de 100 microrganismos e mais de 30 estabilizadores da flora intestinal no Registo de Aditivos Alimentares da UE. As perspectivas futuras apontam para um crescimento sustentado do comércio de probióticos e prebióticos, da ordem dos 10% anuais até 2020/2025, sendo a utilização directa na alimentação humana o principal destino destes produtos. O que são? O termo probiótico (a favor + vida) foi utilizado
permite alterações específicas na composição e/ou actividade da microflora gastrointestinal, o que confere benefícios no bem-estar e saúde do hospedeiro”. Os dois tipos de aditivos visam o mesmo objectivo: manipular a população microbiana do tubo digestivo, favorecendo os “microrganismos benéficos” ao mesmo tempo que dificultam as condições de sobrevivência e actuação dos microrganismos patogénicos (Figura 1). Em termos simples, os prebióticos constituem o “alimento” das bactérias probióticas. Se a pele parece ser a barreira mais evidente entre o animal e o meio exterior, na verdade existe uma outra com uma área muito maior –a parede intestinal. Essa barreira separa o organismo animal de 500 a 1000 diferentes espécies de bactérias, cuja concentração aumenta ao longo do tubo digestivo, atingindo o máximo no cecum e colon. Os microrganismos que encontramos associados à parede intestinal desempenham um papel determinante na saúde e na doença. Não surpreende que o bem-estar e saúde animal, a par da elevada produtividade, estejam associadas à saúde do tubo digestivo (Seal et al., 2013).
pela primeira vez por Lilly e Stillwell (1965) para designar uma substância produzida por um micróbio que inibe o crescimento de outro. O conceito evoluiu até à actualidade, sendo a proposta apresentada pelo grupo de trabalho conjunto da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) e da World Health Organization (FAO/ WHO, 2001), amplamente aceite e adoptada pela International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics (Hill et al., 2014). Nesta proposta, os probióticos são definidos como “microrganismos vivos que, quando con-
Figura 1 – Objectivo “alvo” da utilização de probióticos e prebióticos.
sumidos em quantidades adequadas conferem benefícios à saúde do hospedeiro”. Já o termo prebiótico (antes+vida), introduzido por Gibson e Roberfroid (1995), posteriormente revisto por Roberfroid (2007), significa “um ingrediente dos alimentos que ao ser fermentado selectivamente 20 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Os probióticos mais utilizados contêm bactérias, leveduras ou bactérias e leveduras (Quadro 1), enquanto os prebióticos são geralmente oligossacarídeos com 2 a 10 unidades e alguns produtos derivados (Quadro 2).
mucosa intestinal e os prebióticos podem estimular estirpes bacterianas que produzem fatores antimicrobianos ou que estimulam o sistema imunológico e podem reduzir a colonização do intestino por microrganismos patogénios, bloqueando os receptores utilizados por estes para se ligarem à superfície das células epiteliais.
Investigação na UTAD EM RUMINANTES Na UTAD, foram já realizados vários ensaios que incidiram sobre o estudo
Quadro 1 – Probióticos mais comuns. Adaptado de Kabir, S. (2009)
da suplementação com uma cultura de leveduras vivas (Sacharomyces cerevisiae) nos parâmetros de fermentação ruminal e na digestibilidade ruminal da fibra de um vasto conjunto de amostras de forragens. Estes trabalhos foram efetuados em vacas não gestantes não-lactantes fistuladas no rúmen, recorrendo à técnica da incubação in situ de amostras em sacos de nylon. Num primeiro ensaio (Ensaio 1; Guedes et al., 2008), foram estudadas amostras de silagem de milho (n = 40) provenientes da Região de Entre Douro e Minho, tendo sido observado um efeito positivo da suplementação na digestibilidade ruminal da fibra (NDF), sendo este efeito mais acentuado nas silagens com menor digestão da fibra (<30%) do que nas silagens que apresentaram digestão da fibra mais elevada (> 30%). Em trabalho posterior (Ensaio 2; Gomes et al., 2015), foram encontrados resultados semelhantes em amostras de silagens de erva (n = 66), igualmente provenientes do Entre Douro e Minho, , tendo sido observado que o aumento da digestibilidade ruminal da fibra foi mais acentuado nas silagens com digestão da fibra mais baixa (< 50%).
Quadro 2 – Prebióticos mais utilizados. Adaptado de Suskovic, J. et al. (2001)
Como actuam? São vários os efeitos através dos quais os probióticos podem exercer a sua acção de modulação da microflora intestinal – e.g. exclusão competitiva, acção antagonista, imuno-modulação, estímulo ao desenvolvimento da mucosa intestinal e aumento da capacidade digestiva. A sua eficácia em produção animal depende de vários factores – e.g. tipo e número de espécies de microrganismos, viabilidade do produto antes da sua ingestão, o modo de administração e a viabilidade das células microbianas no tubo digestivo. No caso dos probióticos utilizados em ruminantes, espera-se um efeito de modulação da população microbiana do rúmen – e.g. redução das bactérias produtoras de ácido láctico e aumento das que o consomem, consumo de O2, promovendo condições estritas de anaerobiose no rúmen, estabilização do pH do rúmen, redução do risco de acidose e melhoria da actividade das bactérias celulolíticas. Já os prebióticos, não sendo digestíveis por enzimas produzidas pelo animal, promovem um crescimento e actividade selectivos de algumas estirpes de bactérias no intestino, que os utilizam como substracto (Gibson e Robertroid, 1995). Esta flora microbiana comensal benéfica do intestino, produz ácidos gordos de cadeia curta (AGVs), principalmente acetato, propionato e butirato, que reduzem o pH intestinal, fornecem energia às células epiteliais e têm efeitos sobre os moduladores da inflamação e regulações metabólicas. Uma comunidade bacteriana bem equilibrada também pode melhorar a estrutura da
Noutro ensaio recente (Ferraz et al., 2015), realizado com forragens (n = 19) originárias de vários países (Itália, França, Holanda e EUA) foi igualmente observado que o efeito da suplementação com levedura na digestibilidade da fibra tendeu a ser mais reduzido nas forragens de melhor qualidade, tendo variado entre – 0,3 e +11,9%.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
O efeito da suplementação com Sacharomyces cerevisiae na digestibilidade da fibra reflete o efeito no ambiente ruminal, mais concretamente no pH e na concentração de lactato. De uma forma consistente, os trabalhos realizados na UTAD mostram um efeito positivo da suplementação com leveduras – um aumento do pH e uma redução da concentração de lactato, acompanhado por uma menor variação destes indicadores ao longo do dia. Os resultados obtidos com um medidor contínuo de pH (Rocha et al., 2015) ilustram o efeito da suplementação com levedura na variação do pH ruminal durante 12 dias.
EM SUÍNOS Num trabalho realizado em porcos na fase pós-desmame, os principais resultados obtidos com a adição de MOS na dieta foram uma melhoria na ingestão de alimento que, contudo, não se reflectiu no crescimento. A composição química do conteúdo ileal e o teor cecal de AGVs também não foi afectado, mas foi observada uma melhoria na integridade das vilosidades intestinais.
EM AVES Os estudos realizados com probióticos e prebióticos em aves mostram alguma inconsistência nos resultados, mas em geral ocorre ganho de peso, melhoria da conversão, redução da morbilidade e da mortalidade, sobretudo na fase inicial do crescimento. Na UTAD foram realizados trabalhos com a utilização de um probiótico (Bacillus cereus) em dietas para perus que não mostraram efeitos significativos. Foram também realizados alguns trabalhos em que se estudou a incorporação de mananoligossacarídeos (MOS) na alimentação de frangos para a produção de carne. A adição de MOS melhorou o crescimento dos pintos nas primeiras 3 semanas de vida, mas não influenciou o peso vivo ao abate. Este prebiótico teve um efeito semelhante ao uso de avilamicina. Verificou-se ainda que a sua actividade foi mais evidente nas aves jovens, nos períodos que se seguem à eclosão.
EM COELHOS A produção do coelho em condições de elevada densidade animal associada à presença de nutrientes não digeridos no intestino potencia o desenvolvimento de uma microflora intestinal patogénica e causadora de distúrbios digestivos, o que provoca a redução da produtividade, podendo também conduzir a um aumento da morbilidade e da mortalidade. É por isso uma espécie onde os potenciais benefícios destes aditivos são particularmente importantes.Em trabalhos realizados na UTAD, a utilização do probiótico Baccilus Cereus var. Toy nas concentrações de 0,2 e 1g por kg de alimento, teve um efeito positivo sobre a fertilidade de coelhas não afectando a sua ingestão e o seu peso vivo. Já sobre as ninhadas, a utilização deste aditivo teve efeito positivo sobre o peso vivo dos láparos ao nascimento e sobre a ingestão e ganho médio diário no período pré-desmame, o que melhorou o peso vivo dos coelhos ao desmame. Não foi observado efeito da dose de suplementação nas performances das reprodutoras e ninhadas analisadas. 22 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Reduzir o nível de proteína bruta na dieta de porcos crescimento para melhorar o custo do alimento
Redução do preço do alimento
17,0 % 15,0 % Proteína bruta
Proteína bruta
Resultados da optimização do alimento para porcos crescimento considerando cada aminoácido essencial
☛ Os nutricionistas da Ajinomoto Eurolysine S.A.S. reviram e actualizaram recentemente as necessidades de aminoácidos essenciais para porcos crescimento (>25kg). As necessidades actualizadas, apresentadas na tabela seguinte, fornecem um caminho para a redução da proteina bruta da dieta sem consequências negativas na performance esperada dos suínos. ☛ A suplementação com aminoácidos como o L-Triptofano permite uma redução da proteína bruta da dieta e, consequentemente, do custo do alimento, permitindo assim uma performance optimizada ao menor custo. ☛ Adicionalmente, benefícios no ambiente são obtidos por menor excreção de azoto. PERFIL IDEAL DE AMINOÁCIDOS PARA PORCOS CRESCIMENTO E ACABAMENTO Relação SID relativamente à Lisina (%)
Crescimento 25 aos 65kg
Acabamento 65 aos 110kg
Lisina
100
100
Treonina
67
68
Metionina + Cistina
60
60
Triptofano
20
19
Valina
65
65
Isoleucina
53
53
Leucina
100
100
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
nificativas nas taxas de crescimento dos peixes alimentados com a dose mais baixa (0,3%). Registou-se também um aumento da área absortiva e maior presença de células produtoras de muco entérico dos peixes que receberam o probiótico. Em termos de mecanismos de defesa do sistema imunitário inacto, verificou-se um aumento significativo da actividade da via alternativa do sistema complemento nos peixes alimentados com a dose mais elevada (0,6%).
Considerações finais A utilização deste tipo de aditivos alimentares em dietas para animais, continua a ser um campo de investigação com enorme potencial dado que, as respostas nas performances e saúde dos animais nem sempre são evidentes, o que pode estar relacionado com diversos factores de variação como, a composição da dieta, as doses utilizadas, a adaptação e selectividade dos microrganismos intestinais a essas substâncias e as condições de exploração dos animais.
Bibliografia
Por outro lado, a utilização do prebiótico MOS melhorou a eficiência alimentar, a integridade das vilosidades intestinais, reduziu o número de bactérias cecais e promoveu a acidificação do conteúdo cecal. Contudo, não se manifestaram efeitos nas performances de crescimento. Noutros trabalhos realizados com MOS e FOS não se observaram efeitos sobre a ingestão e crescimento, mas foi observada uma ligeira alteração na fermentação cecal, reduzindo-se o pH e aumentando a concentração de AGVs, nomeadamente de acetato. EM PEIXES Os estudo de probióticos em espécies aquáticas é uma área de estudo em expansão em ictionutrição. Na divisão de aquacultura, esta matéria foi abordada através da realização de um estudo preliminar em tilápias. Foi avaliado o efeito da administração alimentar de um probiótico comercial (AquaStar® Growout – Biomin), a duas concentrações, em juvenis de tilápia do nilo (Oreochromis niloticus). Além da performance zootécnica (crescimento, conversão alimentar e digestibilidade) foi avaliada a composição corporal dos animais (análise sumária das carcaças), a morfologia intestinal e alguns aspectos relacionados com o sistema imunitário inacto. Após 8 semanas de administração, via alimentar, do probiótico em grupos triplicados de 20 animais foram observadas melhorias sig24 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
FAO/WHO, 2001. Health and nutritional properties of probiotics in food including powder milk with live lactic acid bacteria. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Ferraz, J., Teixeira, J., Chevaux, E., Guedes, C., Gomes, M. J. e Silva, F., 2015. Efeito da levedura Saccharomyces cerevisiae CNCM-I-1077 na digestão da fibra de forragens. I Encontro Tecnico-Científico de Nutrição de Bovinos, UTAD, Vila Real. Poster. Gibson, G.R., Roberfroid, M.B., 1995. Dietary modulation of the human colonic microbiota: introducing the concept of prebiotics. J Nutr. 125 (6): 1401–1412 Gomes, M. J., Guedes, C., Chevaux, E., Brízida, E., Loureiro, N. e Dias-da-Silva, A., 2015. Efeito da estirpe de leveduras Saccharomyces cerevisiae CNCM-I-107 na degradabilidade in situ de silagens de erva. Livro de Atas do XIX Congresso de Zootecnia, 16-17 de abril, Ponte de Lima, pg 172. Guedes, C. M., Gonçalves, D., Rodrigues, M. A. M., e Dias-da-Silva, A., 2008. Effects of a Saccharomyces cerevisiae yeast on ruminal fermentation and fibre degradation of maize silages in cows. Animal Feed Science and Technology, 145(1–4), 27–40. Hill, C., Guarner, F., Reid, G., Gibson, G. R., Merenstein, D. J., Pot, B., Morelli, L., Canani, R. B., Flint, H. J. e Salminen, S. 2014. Expert consensus document: The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics consensus statement on the scope and appropriate use of the term probiotic. Nat. Rev. Gastroenterol. Hepatol. 11(8): 506-514. Kabir, S. 2009. The Role of Probiotics in the Poultry Industry. Int. J. Mol. Sci. 10(8): 3531-3546. Lilly, D.M. e Stillwell, R.H. 1965. Probiotics: growth-promoting factors produced by microorganisms. Science, 147(3659): 747–748. Pourabedin M., e Zhao X., 2015. FEMS Microbiol Lett 2015; 362:fnv122 Roberfroid, M.B. 2007. Prebiotics: The Concept Revisited. J Nutr. 137 (3 Suppl 2): 830S–7S. Rocha, A., Mestre, P., Almeida, J. C., Guedes, C. e Gomes, M. J, 2015. Monitorização do pH do rúmen com bolus de medição contínua. I Encontro Técnico Científico de Nutrição de Bovinos, UTAD, Vila Real. Poster. Seal, B. S., Hy, S., Lillehoj, H. S., David, M., Donovan, D.M., Cyril, G. e Gay, C.G., 2013. Alternatives to antibiotics: a symposium on the challenges and solutions for animal production. Animal Health Research Reviews 14(1); 78–87 Suskovic, J., Kos, B., Goreta, J. e Matosic, S., 2001. Role of lactic acid Bacteria and Bifidobacteria in synbiotic effect. Food Technol. Biotechnol. 39(3): 227–235.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
VALORIZAÇÃO NUTRICIONAL DA CARNE DE RUMINANTES PRODUZIDOS EM SISTEMAS INTENSIVOS José Santos Silva1, Olga Moreira1, Rui Bessa2
José Santos Silva
A alimentação é um fator essencial na saúde
um fator nutricional de grande importância, com
das populações. Os efeitos podem ser imedia-
efeitos favoráveis ou desfavoráveis na incidência
tos ou a longo prazo, afetando de forma posi-
de doenças do foro cardiovascular, da obesidade
tiva ou negativa o aparecimento de doenças
e de doenças cancerígenas. Portanto, a preocu-
crónicas de diferentes tipos, como as doenças
pação dos diversos intervenientes na produção
cardiovasculares, oncológicas, diabetes, etc. Os
de alimentos, dos nutricionistas e também dos
avanços no conhecimento científico justificam
consumidores deve prender-se não só com o total
a preocupação das autoridades e dos técnicos
de gordura presente na dieta mas também com
ligados à saúde sobre os efeitos da alimentação,
a sua composição, procurando obter dietas em
como bem expressam os vários relatórios publi-
que os perfis de ácidos gordos que correspondam
cados pelas organizações nacionais e também
aos que podem traduzir-se num efeito benéfico
internacionais como a Organização Mundial de Saúde das Nações Unidas. Também por parte dos consumidores há uma crescente tomada de consciência destas questões, que se traduzem numa maior exigência sobre o conhecimento da composição nutricional dos produtos alimentares, sobre a sua origem e as tecnologias de produção que foram utilizadas, procurando e valorizando os alimentos que consideram seguros e benéficos para a saúde. A gordura é um componente indispensável da dieta humana, com funções múltiplas que são essenciais para o organismo. É desde logo uma importante fonte de energia e tem um papel muito importante na regulação da atividade celular, através da modulação das funções das membranas das células dos diversos tecidos e órgãos. Apesar de ser um componente indispensável numa dieta saudável, o seu consumo em excesso constitui risco para a saúde. É um dos principais fatores de obesidade das populações dos países mais desenvolvidos, que se traduz num aumento das patologias que lhe estão associadas e a uma perda marcada da qualidade de vida. Os efeitos da gordura na saúde humana fazem-se sentir não só pela sua importância relativa na ingestão diária de energia mas também pela sua composição em ácidos gordos. Este último aspeto constitui
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
1
I NIAV, Polo de Investigação da Fonte Boa, 2005-048 Vale de Santarém
2
aculdade de Medicina Veterinária – UniversiF dade de Lisboa, Avenida da Universidade Técnica 1300-477 Lisboa
na saúde dos consumidores. No caso da carne de ruminantes, o impacto da composição dos lípidos na saúde dos consumidores tem sido considerado potencialmente negativo, o que resulta de apresentar uma elevada proporção de ácidos gordos saturados e outros ácidos gordos mono ou polinsaturados com duplas ligações na forma geométrica trans, que estão associados a um maior risco de ocorrência de doenças cardiovasculares. A presença deste tipo de ácidos gordos resulta dos processos de bioidrogenação que caracterizam o metabolismo da digestão dos lípidos no rúmen, um conjunto de processos biológicos mediados pela flora e fauna ruminais, através dos quais os ácidos gordos polinsaturados presentes na dieta são convertidos nas suas formas saturadas. No entanto, esses processos bioquímicos não são completos e por isso surgem nos produtos dos ruminantes um grande número de ácidos gordos que são designados como produtos intermediários da bioidrogenação. Muitos destes ácidos gordos são específicos dos produtos dos ruminantes, pelo que só podem surgir em quantidades apreciáveis noutro tipo alimentos se forem introduzidos como isómeros de síntese industrial. Nos anos 80 do século XX chamou à atenção da comunidade científica o facto de um dos produtos intermediários da bioidrogenação, o ácido ruménico (cis-9, trans-11 C18:2), frequentemente designado genericamente por CLA, ter manifestado propriedades anticancerinogénicas em
modelos animais (Ha, Grimm &, Pariza, 1987; Pariza & Hargraves,
tes energéticas com baixa concentração em amido, poderiam
1985). Essa descoberta marcou o início de uma intensa atividade
conciliar a elevada produtividade com a valorização nutricional
de investigação sobre o metabolismo lipídico dos ruminantes e
da carne. Assim, num primeiro ensaio que envolveu 36 borre-
sobre a forma de estimular a deposição dos ácidos gordos bioa-
gos de raça Merino branco, comparámos o efeito de duas die-
tivos nos seus produtos. Registou-se desde aí uma corrente que
tas completas em que a componente forrageira foi a luzerna
defende a promoção do valor nutricional da carne e leite e deri-
desidrata granulada, numa proporção de 50% da matéria seca,
vados de ruminantes pelo aumento da concentração dos ácidos
e a principal fonte energética foram os cereais (Cer) ou em
gordos bioativos e que incluem os ácidos polinsaturados em par-
alternativa a polpa desidratada de citrinos (PDC). Ambas as
ticular os de cadeia longa da série ómega-3 (EPA e DHA) e o ácido
dietas incluíram 6 % de óleo de soja. O ensaio foi conduzido
ruménico e o seu percursor o ácido vacénico (trans-11 C18:1). Uma
em estabulação, teve a duração de 6 semanas e considerou os
forma muito eficaz de estimular a deposição destes dois últimos
aspetos das performances de crescimento, da qualidade das
isómeros, é através da suplementação de dietas forrageiras de
carcaças e da carne. No que se refere à proporção dos isóme-
animais em crescimento ou de fêmeas em lactação com lípidos
ros octadecenoicos trans-10 e trans-11 e de ácido ruménico
não protegidos do metabolismo ruminal. No entanto, na produção
na gordura intramuscular os resultados que obtivemos estão
dos animais utilizados nas explorações comerciais é geralmente
apresentados na figura 1.
inevitável a utilização de alimentos concentrados, onde a incorporação de cereais assume uma grande importância. Nestas condições geralmente a síntese ruminal dos ácidos ruménico e vacénico reduz-se porque prevalece uma via alternativa à bioidrogenação
Figura 1: Efeito da substituição de cereais (Cer) por polpa desidratada de citrinos (PDC) na proporção dos principais ácidos gordos intermediários da bioidrogenação presentes na gordura do músculo Longissimus thoracis de borregos Merino Branco
dos ácidos gordos polinsaturados, que conduz à produção de um outro isómero de CLA (trans-10, cis-12, C18:2) e do isómero octadecenoico trans-10 C18:1. A importância deste efeito, designado por shift trans-10, resulta do facto do isómero trans-10 C18:1 poder afetar de forma negativa os níveis de colesterol nos humanos e assim contribuir para aumentar o risco da incidência das doenças cardiovasculares (Hodgson, Wahlqvist, Boxall, & Balazs, 1996). Para além do impacto negativo no valor nutricional dos produtos, a ocorrência do shift trans-10 manifesta-se também na redução do teor butiroso do leite e explica a ocorrência da síndroma do leite magro (Low Fat Sindrome, Griinari & Bauman, 2001). Esta alteração no padrão normal da bioidrogenação foi associada com a elevada concentração de amido no meio ruminal (Zened, Enjal-
Estes resultados mostram que a substituição dos cereais efetiva-
bert, Nicot, & Troegeler-Meynadier, 2013) e os baixos valores de
mente reduziu a proporção do t10 C18:1 e aumentou ligeiramente
pH (Choi et al., 2005).
as proporções dos ácidos vacénico e ruménico que, no entanto,
Nos últimos 15 anos, a nossa equipa tem trabalhado na área da
foram elevadas em todos os tratamentos. Estes resultados foram
bioidrogenação e no estudo dos efeitos da manipulação das die-
animadores dado que permitiram reduzir a proporção de trans-
tas para borregos em crescimento no perfil lipídico da gordura
10 C18:1 na gordura intramuscular, sem alterações na eficiência
da carne. Os resultados obtidos demonstram que, quando se
produtiva ou da qualidade das carcaças e da carne. Contudo, ao
utilizam suplementos ricos em ácidos gordos polinsaturados em
contrário do que esperávamos, as alterações nas proporções
dietas forrageiras, a resposta dos animais é positiva, com aumen-
dos ácidos vacénico e ruménico foram muito pouco expressivas.
tos importantes dos ácidos vacénico e ruménico. No entanto, nos
Por isso, num segundo ensaio testámos a substituição dos cereais
casos em que são utilizadas dietas mais complexas, incluindo
(Cer) em dietas completas para borregos em crescimento por três
também alimentos concentrados, o risco de ocorrência do shift
fontes energéticas alternativas: polpa desidratada de citrinos
trans-10 aumenta registando-se uma grande variação individual
(PDC); polpa desidratada de beterraba (PDB); e cascas de soja
cujas causas não estão esclarecidas.
(CS), em dietas com uma relação concentrado:grosseiro mais ele-
Atendendo a que se admite que o padrão de bioidrogenação
vada que no caso anterior (80:20). As dietas foram suplementadas
ruminal possa estar relacionado com a concentração de amido
com 6 % de óleo de soja + 1 % de óleo de sardinha e a forragem
no rúmen, levantámos a hipótese de que a substituição dos
utilizada foi a luzerna desidratada. As condições do ensaio foram
cereais nas dietas de animais em crescimento por outras fon-
semelhantes às referidas para o caso anterior. Na figura 2 estão A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
Figura 2: Efeito da substituição de cereais (Cer) por polpa desidratada de citrinos (PDC), polpa desidratada de beterraba (PDB) e cascas de soja (CS) na proporção dos principais ácidos gordos intermediários da bioidrogenação na gordura do músculo Longissimus thoracis de borregos Merino Branco
Os resultados destes ensaios confirmam que dietas com elevadas concentrações de amido favorecem a ocorrência do shift trans10, como demonstram os resultados obtidos com as dietas ricas em cereais. Contudo, existe um dado novo. É que a forte redução do amido na dieta para valores próximos de 5%, pode não evitar que o shift trans-10 aconteça extensivamente, como demonstram os resultados que obtivemos no segundo ensaio com as dietas PDC, PDB e CS. Estes dois ensaios mostraram claramente que é possível reduzir a intensidade do shift trans-10 pela manipulação da composição das dietas utilizadas na engorda intensiva de borregos. Mostraram ainda que é possível obter bons índices de produtividade com dietas sem cereais na sua composição. No entanto demonstram também que, para além do teor em amido, existem outros fato-
apresentados os resultados obtidos para os principais produtos intermediários da bioidrogenação. Neste segundo ensaio os resultados foram marcadamente diferentes do que os que obtivemos para o ensaio anterior. Os valores médios obtidos para os ácidos trans-10 C18:1 e trans-11 C18:1 mostram que a relação entre eles foi em todos os tratamentos muito superior a 1, que é o limiar acima do qual se considera existir a situação de shift trans-10 (Bessa, Alves, & Santos-Silva, 2015). No entanto, quando se observam os resultados mais pormenorizadamente, considerando os valores individuais dos borregos para a relação trans-10 C18:1/trans-11 C18:1, encontram-se os resultados que estão expressos na figura 3. Estes resultados evidenciam a grande variabilidade entre animais na resposta aos tratamentos e demonstram que a intensidade do shift t10 foi muito mais elevada quando a principal fonte energética das dietas foi o cereal e que a sua substituição nas dietas atenuou este efeito principalmente quando se utilizou a casca de soja.
res da composição das dietas que têm de ser considerados na sua formulação porque, de forma sinérgica ou antagónica, podem determinar os resultados na composição dos lípidos presentes nos produtos. Poderá ter interesse considerar os aspetos que se prendem com a relação concentrado/forragem da dieta; o tamanho da partícula da forragem; a espécie vegetal da forragem; e a composição do suplemento lipídico (óleos vegetais vs óleo de peixe). Outros efeitos que deverão ser considerados são a espécie animal e a duração do período de sujeição aos tratamentos. Até aqui os ensaios que realizamos foram feitos com borregos, com períodos de engorda de 6 semanas. Contudo, a situação poderá diferente nos bovinos, nomeadamente quando aplicada a bovinos em crescimento para a produção de vitelão ou de novilho, em que os tempos de engorda são muito superiores. Para desenvolver estes e outros aspetos ligados com a valorização nutricional de carne de ruminantes produzidos em sistemas intensivos, o INIAV através do Polo de Investigação da Fonte Boa, no Vale de Santarém está a dinamizar dois projetos no âmbito do Programa Operacional Regional do Alentejo (Alentejo2020) e
Figura 3: Efeito da substituição de cereais (Cer) por polpa desidratada de citrinos (PDC), polpa desidratada de beterraba (PDB) e cascas de soja (CS) nos resultados individuais obtidos para a relação t10 C18:1 / t11 C18:1 na gordura do músculo Longissimus thoracis de borregos Merino Branco
dos Grupos Operacionais. No primeiro caso foi já aprovada uma operação designada ValRuMeat – Valorização da carne de ruminantes em sistemas intensivos de produção (ALT20-03-0145FEDER-000040), coordenada pelo INIAV e com a colaboração do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-alimentar do Baixo Alentejo e da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa. Tem um financiamento global de 307 308,00€ e uma duração de 36 meses e, no final, esperamos ter respondido a algumas das questões que ficaram em aberto com os ensaios anteriores, nomeadamente os efeitos da natureza e da proporção da fibra na dieta de animais em engorda. Os ensaios serão conduzidos com borregos e também com novilhos, o que permitirá avaliar o efeito dos tratamentos em períodos de maior duração. O projeto LegForBov – Alimentos alternativos na produção de carne de bovino, que iremos candidatar no âmbito do concurso aos Grupos Operacionais, considerará estas questões em dietas
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
para bovinos, em que a base da alimentação serão forragens de elevado Valor Alimentar, produzidos em condições experimentais e comerciais. Esperamos que estes dois projetos permitam contribuir para um melhor conhecimento dos fenómenos bioquí-
Bibliografia Bessa, R. J. B., Alves, S. P., & Santos-Silva, J. (2015). Constraints and potentials for the nutritional modulation of the fatty acid composition
micos a nível do rúmen ligados á deposição dos ácidos gordos
of ruminant meat. European Journal of Lipid Science and Technology,
na carne de ruminantes, fundamentando os parâmetros a que
117(9), 1325–1344. http://doi.org/10.1002/ejlt.201400468
deverão obedecer as dietas para tornar compatíveis a obtenção
Choi, N. J., Imm, J. Y., Oh, S., Kim, B. C., Hwang, H. J., & Kim, Y. J. (2005).
de bons índices de produtividade, a preços competitivos, com a
Effect of pH and oxygen on conjugated linoleic acid (CLA) produc-
obtenção de produtos com perfis de ácidos gordos promotores
tion by mixed rumen bacteria from cows fed high concentrate and
da saúde dos consumidores.
high forage diets. Animal Feed Science and Technology, 123–124 PA, 643–653. http://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2005.04.054 Griinari, J. M., & Bauman, D. E. (2001). Production of low fat milk by diet induced milk fat depression. Advances in Dairy Technologu, 13, 197–212. Ha, Y.L., Grimm, M.K., Pariza, M. W. (1987). Anticarcinogenese from fried ground beef: heat-altered derivatives of linoleic acid. Carcinogenesis, 8, 1881–1887. Hodgson, J. M., Wahlqvist, M. L., Boxall, J. A., & Balazs, N. D. (1996). Platelet trans fatty acids in relation to angiographically assessed coronary artery disease. Atherosclerosis, 120(1–2), 147–154. http:// doi.org/10.1016/0021-9150(95)05696-3 Pariza; W.A., Hargraves, M. W. (1985). A beef-derived mutagenesis modulator inhibits initiation of mouse epidermal tumors by 7,12-dimethylbemz [a] anthracene. Carcinogenesis, 6, 591–593. Zened, a, Enjalbert, F., Nicot, M. C., & Troegeler-Meynadier, a. (2013). Starch plus sunflower oil addition to the diet of dry dairy cows results in a trans-11 to trans-10 shift of biohydrogenation. Journal of Dairy Science, 96(1), 451–9. http://doi.org/10.3168/jds.2012-5690
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
MODERAÇÃO – 2º PAINEL Algumas notas sobre as Jor- Algumas considerações sobre nadas assuntos apresentados Na continuação de uma boa decisão tomada em devido tempo pela Direcção da IACA, realizaram-se em 22 de Setembro de 2016 mais uma “Jornadas Técnicas IACA” nas quais muito honrosamente colaborei razão pela qual aqui deixo as minhas felicitações pela sua organização. Ideia sempre de louvar pois que, mesmo que nem Luís Mota Capitão Valente
sempre existam grandes novidades nas áreas que
Médico Veterinário
nos interessam e em que nos movemos, estes encontros são uteis para “reavivar” conhecimentos, discutir conceitos e ideias que muitas vezes na lufa-lufa diária não temos tempo de fazer ou oportunidade de neles pensar.
Euroliysine) sobre a “Utilização de ácidos aminados na nutrição de suínos em crescimento” concomitantemente com os avanços conseguidos na “melhoria” genética dos animais que exploramos, com um melhor conhecimento (dia a dia) das necessidades nutricionais dos animais explorados em regime intensivo, com a utilização de matérias primas para as quais o homem e os animais não sejam competidores directos (nunca devemos esquecer que inicialmente os animais foram feitos para não competirem com o Homem no uso de produtos
tunidade de nos juntarmos para discutir problemas
que o homem pode consumir directamente
reavivar e discutir.
sem necessidade de usar os animais como passo intermediário) entrámos definitivamente
Existe interesse crescente no “refrescamento”
numa era em que o “afinar” dos conhecimentos
(agora chamamos-lhe formação contínua) para
entrou numa fase de preocupação diária dos
todos nós e não só para os novos técnicos que vão
nutricionistas e produtores pecuários.
chegando ao mundo da produção animal intensiva e onde a qualidade e bondade dos alimentos tanto pesa, de adicionalmente todos termos uma oportunidade de melhor conhecer o sector, já que que estes encontros têm a vantagem adicional, espero, de que no convívio com os que há mais anos nele vivem, criar oportunidades de poder “aprender” e incorporar nos mais novos, a dinâmica do sector em que vivemos e do qual vivemos. E de reencontrar nestas sessões alguns amigos dos quais outras preocupações diárias tantas vezes nos afastam, o que não é de todo despiciendo!
Foi muito interessante ouvir o Dr. Legall falar não só dos actuais conhecimentos da utilização de um dos amino – ácidos importantes na correcta alimentação dos suínos – das suas vantagens, da correlação fundamental em manter o equilíbrio da sua utilização em conjunto com outros nutrientes incluindo o equilíbrio entre os vários aminoácidos – enfim dos equilíbrios nutricionais cada vez mais “afinados” que necessitamos criar e assim obter os melhores resultados produtivos das estirpes (já não falamos de “raças”…) de porcos
Passada este introdução, tivemos assim oportuni-
que hoje em dia exploramos, bem como das
dade de durante as Jornadas, ouvir três apresenta-
vantagens da sua utilização na exploração de
ções em matérias que cobrem aspectos específicos
animais de produção.
de conhecimentos na: • área da nutrição e do manejo animal • maneio de espécies intensivamente exploradas • uma abordagem a nova(s) oportunidade(s) de negócio ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Apresentação do Dr. Eric Legall (Ajinomoto
Quanto mais não seja, as Jornadas dão-nos a oporque nos são comuns e que interessam sempre
30 |
A)
B) Apresentação do Dr. José de Sousa Nunes (TNA Ld.ª) que fez uma revisão sobre o tema “A importância da pré-postura no desempenho produtivo das galinhas poedeiras”
O Dr. Sousa Nunes, para além de ser um distinto médico veterinário, trabalha há muitos anos na área da avicultura intensiva. Se se cumprirem as normas de maneio da espécie em causa (galinhas poedeiras) que proporcionarão o cumprimento do conhecido dito inglês “one egg a day” ( falamos de consumo humano de ovos, uma vez estarmos finalmente numa época em que o “papão” do consumo de ovos/taxa de colesterol deixou de existir) precisamos, pelas razões económicas que todos os negócios envolvem, que uma galinha “ponha” (produza) durante o período da
a qualidade do ambiente do pavilhão, para além de não descurar o cumprimento escrupuloso e sem falhas do programa vacinal, da qualidade do ar respirável, o programa de luz, enfim tudo o que vem descrito nos manuais de zootecnia que regem o sector. Só uma galinha BEM RECRIADA PODERÁ EXIBIR, NA SUA PLENITUDE, TODO O SEU POTENCIAL PRODUTIVO pois toda e qualquer falha ou percalço existente durante o período de pré-postura tem repercussões gravíssimas na saúde e produtividade do bando durante a sua vida útil.
sua vida útil, UM OVO POR DIA.
C)
É no entanto sabido que só uma galinha que
Apresentação do Dr. José Caiado (TECNIPEC)
tenha sido bem criada e recriada durante TODAS AS FASES de pré-postura, conseguirá produzir o numero de ovos que dela obrigatoriamente esperamos. Na verdade e levando em conta um velho ditado português que se prende com as bases do desenvolvimento dos seres ou dos projectos, quer os de vida, quer os de trabalho, quer o das relações humanas que diz que QUEM TORTO NASCE, TARDE OU NUNCA SE ENDIREITA, uma “galinha que comece mal” nunca produzirá os ovos que justificam a sua existência como animal de produção! Dispensamo-nos de aqui mencionar exaustivamente todos os passos indispensáveis a cumprir e que permitam que uma galinha poedeira produza durante todo o seu ciclo produtivo, tudo o que se espera dela quer em termos económicos – UM OVO POR DIA – quer em termos zootécnicos, quer em termos sanitários. Assim e para além da necessidade imperiosa de fornecer às pintas/frangas/ galinhas em produção uma alimento correcto (adequados níveis de proteína, de energia,
Interessante exposição em que o autor (médico veterinário há muitos anos ligado ao sector da alimentação e da produção pecuária intensiva) sugere um método, que utilizado numa fase determinada da pré-engorda de novilhos reservados a serem “acabados” em país diferente de onde são produzidos, permita: – que os animais (jovens ruminantes bovinos) em que alguns mercados exteriores (em expansão) estão interessados, possam fazer um “arranque” correcto e controlado na casa dos produtores nacionais. Estes alimentos, cujas características nutricionais para além do valor acrescentado que deixam aos produtores portugueses – produtores de bezerros e produtores de alimentos compostos – permitem que estes animais tenham um valor unitário maior, mais significativo e interessante não só para o produtor de bezerros, como para os produtores dos alimentos concentrados que esses bezerros consumirão no nosso país.
de fibra, de oligoelementos, de vitaminas, de ácidos aminados etc.) nos diferentes períodos de pré-postura, há que cumprir e controlar sem falhas (REGISTANDO TODO AS AS INTERVENÇÕES E ACONTECIMENTOS SUCEDIDOS COM O BANDO)
Ps: o autor destas linhas escreve em total e completo desacordo com o chamado “novo acordo ortográfico” A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
UTILIZAÇÃO DE AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE SUÍNOS: NOVOS DADOS, TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS
Eric Legall
Dados recentes referentes às necessidades em Aminoácidos (AA) dos Suínos e o aumento de disponibilidade de Aminoácidos feedgrade no Mercado, permitem uma redução da proteína bruta (PB) dos alimentos ao mesmo tempo que possibilitam a manutenção do perfil ideal de Aminoácidos Essenciais. Este tipo de dietas reduzem marcadamente a excreção do azoto sem efeitos delatórios na retenção do azoto ou na performance esperada, nomeadamente em leitões, contribuindo de uma forma significativa para uma diminuição dos problemas entéricos. Adicionalmente, ao evoluirmos de uma formulação baseada num mínimo de proteína bruta para uma formulação para cada Aminoácido essencial, obtemos um alimento mais equilibrado em termos das necessidades dos Aminoácidos (não há excesso nem carência), possibilitando uma maior flexibilidade na escolha das matérias-primas e, consequentemente, uma redução do custo do alimento. Na verdade, o impacto da volatilidade e preços elevados das matérias-primas no custo das fórmulas pode ser reduzido se implementarmos uma estratégia de formulação mais precisa com base nos Aminoácidos Essenciais. A implementação desta abordagem implica, como pré-requisito, por um lado, um conhecimento aprofundado das características em Aminoácidos das matérias-primas e a utilização do conceito da Energia Limpa e, por outro, o conhecimento das necessidades mínimas para cada Aminoácido consoante a fase de crescimento dos suínos que permitem maximizar a performance e reduzir, de uma forma segura, o teor em proteína bruta do alimento.
Necessidades em Aminoácidos Indispensáveis dos Suínos em Crescimento As proteínas são constituídas por vinte Aminoácidos estruturais, dos quais nove (Lisina, Treonina, Metionina, Triptofano, Valina, Isoleucina, Leucina, Histidina e Feninalalina) são sintetizados em pequenas quantidades ou mesmo não sintetizados pelos suínos (Boisen, 2003). Assim estes aminoácidos têm que ser fornecidos pela dieta e são, por isso, deno32 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
minados como Aminoácidos Indispensáveis (AAI). Os alimentos devem fornecer os AAI na quantidade suficiente para cobrir as necessidades dos animais evitando, ao mesmo tempo, a suplementação em excesso. A disponibilidade no mercado de cinco destes aminoácidos possibilita a formulação dos alimentos com um nível baixo de proteína nas quais estes AAI (incluindo a Cistina) são co-limitantes, pelo que a redução da proteína bruta depende do Aminoácido limitante na dieta e, consequentemente, das necessidades para cada AAI. A determinação das necessidades em AA é geralmente estabelecida com base no conceito de proteína ideal (relação com a lisina) em ensaios dose-resposta. No entanto, vários factores podem alterar o resultado começando logo pelo delineamento do protocolo. Assim é de toda a importância rever e analisar todos os dados disponíveis e como foram obtidos antes de tomarmos decisões relativamente às necessidades. O Triptofano (Trp), a Valina (Val) e a Isoleucina (Ile) são os próximos aminoácidos limitantes nas fórmulas para suínos.
• Necessidades de Triptofano dos Suínos Crescimento As necessidades de Trp e o seu efeito específico no consumo do alimento e estado sanitário dos leitões tem sido largamente estudado e revisto (Le Floc’h et al., 2007; Simongiovanni et al., 2012). Mais recentemente outros ensaios foram publicados (Norgaard et al., 2015 and Goncalves et al., 2015) que confirmam a necessidade de uma relação Trp/ Lys de 22% para leitões. É conhecido que um nível baixo de Triptofano reduz o crescimento dos suínos em crescimento. Simongiovanni et al. (2013) efectuou a revisão dos resultados de 87 ensaios que consideraram diferentes níveis de Trp em dietas para suínos dos 25 aos 120 kg com o objectivo de elaborar uma meta-análise da resposta dos animais ao nível de Trp ingerido. Foram selecionados 13 ensaios dado que foram desenhados considerando a necessidade de Trp relativamente à Lisina (ex, Lys foi o Segundo AA limitante a seguir ao Trp) ao mesmo tempo que consideraram 4 níveis de Trp, tendo
sido elaborada uma meta-análise. A composição nutricional das dietas foi recalculada com base nas tabelas do INRA. Os resultados obtidos para a relação SID Trp:Lys foram 20.9%, 19.9% e 21.0% para ganho médio diário (GMD)(Gráfico 1), consumo médio diário (CMD) e Índice de Conversão (I.C.) respectivamente, com um valor médio de 20.6%. A resposta entre um nível de SID Trp:Lys de 17 e um nível de 21%, significou um acréscimo de +6.7 e +3.6% para GMD e G:A, respectivamente. No geral, a resposta ao Trp indica que o nível deste AA deve ser controlado no alimento dado que é um preditor da performance. Para validar este resultado, o modelo foi comparado com outros resultados obtidos de 2012 to 2015, que não tinham sido considerados na meta-análise. Ao analisarmos o Gráfico 2, a comparação com os resultados de Simongiovanni et al. (2013) valida este modelo como um bom previsor da resposta dos suínos crescimento ao nível de Trp considerado na dieta e confirma o Trp como um AA limitante para a performance.
•N ecessidades de Valina em Suínos Crescimento A Valina é um AAI nas dietas de leitões e um AA potencialmente limitante em dietas de baixa proteína para suínos crescimento. Apresentamos no Gráfico 3 os dados mais recentemente publicados para leitões. Van Milgen et al. (2013) publicaram recentemente uma revisão e uma meta-análise dos ensaios dose-resposta em suínos crescimento e concluíram que, em média, é necessária uma relação SID Val:Lys de 69% para atingir o maior GMD. Esta conclusão corrobora a recomendação de SID 70% Val:Lys considerada para os leitões mas o valor óptimo para os suínos crescimento necessita ainda de ser confirmado devido ao facto de apenas se terem efectuado apenas alguns estudos. (por exemplo, apenas 1 estudo é considerado no trabalho de van Milgen et al., 2013). Um valor óptimo é, portanto, difícil de atribuir mas podemos recomendar pelo menos um valor mínimo de 65% SID Val:Lys para suínos em crescimento a partir dos 25 kg quando a proteína da dieta é reduzida.
Gráfico 3: Leitões: Ganho médio diário (GMD) e Índice de conversão (I.C.) em função da relação (SID) Val:Lys ratio. Comparação da curva da meta-análise e os resultados obtidos em ensaios recentes (de 2015 e 2016). Gráfico 1: Suínos Crescimento: Resultados do GMD relativamente aos níveis (SID) Trp:Lys em ensaios dose-resposta em que foram considerados 4 níveis de Trp (Simongiovanni et al., 2013).
• Necessidades de Isoleucina em Suínos crescimento As necessidades em Isoleucina em Suínos crescimento eram controversas dada a variabilidade dos dados publicados que variavam de menos de 50% a mais de 60% SID Ile:Lys para a mesma categoria de peso. Uma das principais razões desta variabilidade devia-se ao facto da utilização de Spray Dried Blood Cells (SDBC) nos ensaios dose-resposta. O SDBC é pobre em Ile mas tem níveis altos de Val, Leu, His & Phe o que conduzia a interacções singulares que resultavam no aumento do catabolismo da Ile e, consequentemente, no aparente aumento da necessidade em Ile. No contexto Europeu (não utilizando SDBC), as necessidades em Ile estão estimadas em 53% SID Ile:Lys (Wiltafsky et al., 2009 and van Milgen et al., 2012).
• Perfil Ideal de AA para Suínos em Crescimento
Gráfico 2: Suínos Crescimento: Resultados de Ganho médio diário (GMD) e Índice de Conversão de suínos em crescimento, resultantes de diferentes níveis de (SID) Trp:Lys. Comparação da curva da meta-análise obtida por Simongiovanni et al. (2013) e os resultados de outros ensaios publicados entre 2012 e 2015).
Os trabalhos recentemente publicados que apresentámos permitem-nos delinear um perfil de AA ideal para suínos em crescimento. Esta recomendação tem em consideração um conjunto de factores e não é somente uma média aritmética dos valores publicados. Concretamente, as meta-análises devem ser desenhadas para reverem eficazmente os dados existentes e determinar a resposta e o “valor das necessidades”. Os aspectos metodológicos devem ser analisados A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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33
ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
para compreender a origem da variabilidade decorrente dos diferentes ensaios (protocolos, modelos estatísticos…). Lembremo-nos que um valor de necessidade está directamente ligado à matriz de matérias-primas considerada ou com às análises efectuadas no ensaio. Assim, no momento de escolher o nível ideal do AA, a precisão da matriz deve ser considerada dado que o perfil dos AA é também uma ferramenta da gestão de risco. A questão económica também tem o seu peso nos resultados obtidos mas a sua actualização apenas afecta os preços das matérias-primas não afectando as necessidades do animal per se. Apresentamos no Quadro 1 o perfil de AA ideal obtido com base na recente revisão bibliográfica. A eficiência deste perfil foi testada e confirmada com dietas de baixa proteína em leitões e suínos crescimento (Figura 4).
Suínos Crescimento % da Lys, em SID*
8 aos 25 kg
25 aos 60 kg
60 aos 115 kg
Thr:Lys
65
67
68
Trp:Lys
22
20
20
Met+Cys:Lys
60
60
60
Val:Lys
70
65
65
Ile:Lys
53
53
53
Leu:Lys
100
100
100
His:Lys
32
32
32
Phe+Tyr
95
95
95
*SID : Standardized Ileal Digestible
Quadro 1: Perfil Ideal de AA para Suínos Crescimento Este perfil de AA é obtido a partir das revisões bibiliográficas apresentadas nos boletins Ajinomoto Eurolysine’s Bulletins 35 & 37, e dos trabalhos de: Gloaguen et al. (2013), Sève (1994), Simongiovanni et al. (2012 & 2013) e van Milgen et al. (2003, 2012 & 2013).
Tendências e Perspectivas: Impacto da Redução da Proteína da Dieta na Performance e Custo da fórmula A tendência actual da Indústria de Alimentos para Animais é implementar uma produção de alimentos sustentável. Várias publicações recentes (Garcia-Launay et al., 2014 and Kebreab et al., 2016) indicam que a redução da proteína bruta é uma ferramenta eficiente para atingir este objectivo e a formulação para cada AAI tem como consequência:
Ensaio
PV (kg)
Lordelo et al. (2008)
7-23
Jansman et al. (2008)
10-25
Norgaard and Fernandez (2009)
9-21
Vinyeta et al. (2010)
8-25
Gloaguen et al. (2013)
12-23
Jansman et al. (2013)
8-25
Rondia et al. (2016)
8-16
Ensaio Clienteem ES (2016)
8-20
PB dieta SID Lys (%) (%)
• Redução do impacto da produção animal no ambiente (particularmente a excreção do N) • Melhoria do estado sanitário dos animais (principalmente a saúde intestinal dos leitões)
34 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
I.C.
1.12
932
583
1.60
17.0
1.12
941
571
1.65
19.0
1.03
869
567
1.54
16.0
1.03
866
568
1.52
19.0
1.10
627
445
1.40
17.0
1.10
635
449
1.41
17.5
0.94
857
564
1.52
15.5
0.94
873
567
1.54
17.6
1.00
766
450
1.70
15.6
1.00
775
454
1.71
16.8
1.00
835
548
1.49
15.4
1.00
816
564
1.48
20.0
1.10
483
302
1.59
17.5
1.10
507
333
1.52
17.0
1.05
826
452
1.80
15.5
1.05
800
442
1.81
P
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
Quadro 2: Revisão das publicações mais recentes referentes a dietas de baixa proteína em leitões. A coluna “PB dieta” indica os 2 níveis de PB testados em cada ensaio. A coluna P indica que não há diferenças significativas entre os resultados obtidos com dietas de alta proteína e dietas de baixa proteína.
Em Suínos crescimento, como indicamos no gráfico 4, a proteína bruta da dieta não é um previsor de performance pelo que considerar este factor como limitante é ineficiente e dispendioso.
FCR
ADG (g/d)
3.50
1100
3.40
1050
3.30 3.20 3.10 3.00
950
2.90 2.80
900
2.70 2.60
850
2.50 2.40
800
2.30
750 700
Na prática a redução da proteína da dieta não tem impacto na performance desde que o nível energético e dos Aminoácidos da dieta estejam considerados segundo as necessidades. Em leitões apresentamos no Quadro 2 uma revisão de um conjunto de ensaios em que se efectuou redução da proteína bruta mantendo o perfil ideal dos AA. Verificamos que não houve impactos significativos nas performances zootécnicas entre as dietas de alta proteína e as dietas de baixa proteína.
GMD (g/d)
20.5
1000
• Redução do custo do alimento mantendo a performance
CMD (g/d)
2.20 2.10
20
19
18
17
16
15
14
13
12
Dietary Crude Protein levels (%)
11
10
2.00
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
Dourmad et al. (1993) 29 to 103 kg
Bourdon et al. (1995) 30 to 100 kg
Canh et al. (1998) 55 to 105 kg
Le Bellego et al. (2002) 27 to 100 kg High T°
Kerr et al. (2003) 25 to 83 kg Medium Energy
Quiniou et al. (2011) 27 to 111 kg
Le Bellego et al. (2002) 27 to 100 kg Low T° Ajinomoto (2009) 33 to 70 kg
Nonn and Jeroch (2000) 85 to 110 kg
10
Dietary Crude Protein levels (%)
Le Bellego et al. (2002) 27 to 100 kg Low T° Nonn and Jeroch (2000) 25 to 60 kg
Kerr et al. (2003) 25 to 83 kg High Energy
Le Bellego et al. (2002) 27 to 100 kg High T° Nonn and Jeroch (2000) 60 to 85 kg
Kerr et al. (2003) 25 to 83 kg Low Energy
Gráfico 4: Suínos crescimento: Efeito da proteína bruta da dieta no Ganho Médio diário (GMD/ADG) e no Índice de Conversão (I.C./FCR). O eixo dos X está invertido (da proteína mais alta para a mais baixa). Em todos os ensaios o perfil ideal de AA foi, pelo menos, o apresentado no Quadro 1. Quando determinados, os parâmetros da carcaça foram descritos como constantes.
Gráfico 5: Suínos crescimento: Poupança/redução de custos (a azul, €/T) e redução de inclusão de Bagaço de Soja (a vermelho, g/100g) obtidos quando o mínimo de proteína da dieta é substituído pela formulação para cada AAI numa fórmula de suínos crescimento (>25 kg Peso Vivo) em diferentes cenários de preços das matérias primas (de Janeiro 2012 a Julho 2016). A fórmula base tem um valor mínimo de PB de 16%, 0.85% SID Lys e 2320 kCal/kg Energia Limpa. O perfil Ideal de AA do Quadro 1 é considerado em substituição do mínimo de PB.
Ao considerarmos as restrições mínimas para cada AAI é possível optimizar a formula sem controlar a proteína bruta per se. Os AAI limitantes determinarão o nível de proteína e a proteína da dieta será reduzida com confiança. Desta forma aos utilizarmos as restrições mínimas indicadas no Quadro 1, e formularmos sem a restrição de proteína mínima, poderemos obter uma redução substancial do custo da fórmula.
O impacto da redução do custo da fórmula ao formularmos para um nível mínimo de proteína bruta ou um nível mínimo de AAI é apresentado no gráfico 5 elaborado com base no preço das matérias-primas de Janeiro de 2012 a Julho de 2016. Neste exercício considerou-se uma fórmula para suínos de crescimento (16% mínimo PB, 0.85% SID Lys, Energia Limpa = 2320 Kcal/Kg). Quando a formulação para o perfil de AA é implementada (Quadro 1) em substituição de um nível mínimo de proteína bruta (o nível de proteína desce de 16% para 14,5%), o custo do alimento reduz sempre num intervalo de – 2 a – 13 €/T consoante o mês. Nestas formulas o bagaço de soja foi substituído por cereais, colza e/ou girassol e Aminoácidos feedgrade.
Conclusão Num contexto de escassez de proteína é crucial encontrarmos soluções para reduzir o impacto no custo do alimento da disponibilidade das matérias-primas e da volatilidade dos preços. A evolução do conhecimento das necessidades em Aminoácidos Indispensáveis permite estabelecer um perfil ideal robusto que podemos utilizar na formulação para obter uma performance óptima. O conhecimento preciso dos Aminoácidos e sua importância na nutrição (matriz das matérias primas, necessidades em Aminoácidos, resposta dos animais aos Aminoácidos) e a utilização dos Aminoácidos feed-grade disponíveis contribui para a redução do custo do alimento. Artigo traduzido por Teresa Costa
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
GALINHAS POEDEIRAS – A IMPORTÂNCIA DA PRÉ-POSTURA Correndo o risco de me repetir e antes de tratar o tema principal da minha apresentação, vale a pena relembrar algumas particularidades produtivas dos animais de interesse pecuário, particularidades essas que estão bem patentes nas aves. As aves são verdadeiros atletas de alta competição. Num atleta de alto rendimento, três características têm de existir em simultâneo: 1. Compleição física para a modalidade em causa; 2. Programa alimentar de acordo com o esforço competitivo; José J. Rainho de Sousa Nunes Médico Veterinário TNA – Tecnologia e Nutrição Animal, S.A.
36 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
3. Treino exaustivo e constante para desenvolver as suas capacidades. Em relação ao ponto 1, imaginemos o que daria um atleta de Sumo a correr uma maratona; ou pelo contrário, um maratonista num combate de Sumo… Os resultados alcançados não seriam certamente os melhores. E se um atleta só ingerir metade da quantidade de energia e proteína requerida para o seu esforço físico? E se apesar de fisicamente estar apto e de se alimentar correctamente, o nosso atleta não treinar o suficiente, ou se não o fizer de modo eficaz? Verificamos que estas três condições têm de existir em simultâneo, sob pena de estarmos perante um atleta com prestações medíocres. O mesmo se passa com os nossos animais de produção. Galinhas poedeiras nunca serão frangos de carne, por exemplo (a selecção genética dá – lhes desde logo essas aptidões), e todas as aves têm de ter uma alimentação e um maneio adaptado à maximização das suas performances produtivas. Se as três condições também não existirem em simultâneo, tal como nos atletas, não teremos animais capazes de “ganhar medalhas”. Por outro lado, a evolução genética das nossas aves não tem sido equilibrada no desenvolvimento dos vários órgãos e sistemas. Explicando melhor, e focando-nos num exemplo simples em relação aos frangos de carne: Os frangos de carne têm um crescimento “alucinante” da sua massa muscular. Esse crescimento não é acompanhado por igual incremento da capacidade de digerir cada vez maiores quantidades de alimento, de ter um sistema ósseo que “aguente” a cada vez maior massa corporal, e de ter um sistema respiratório e cardiovascular que suporte toda essa enorme massa orgânica que aumenta tão rapidamente... Pode parecer que esta introdução não tem muito a ver com o assunto pré-postura em galinhas poedeiras. Mas na minha opinião, qualquer abordagem feita a temas de produção animal, deve contar à partida com estes pressupostos. Assim, é óbvio que um bom estado sanitário, um adequado conforto alimentar e um maneio correcto
são pontos essenciais para a obtenção de bons níveis produtivos. E só este bom nível produtivo, procurando permanentemente a excelência, pode proporcionar bons resultados e ter efeitos positivos na maximização dos lucros. Para isto não há uma receita única. Cada caso é um caso. A alimentação é fulcral neste processo. Para cada fase de evolução das galinhas, agora sim já entrando no tema, o alimento tem de ser diferenciado de acordo com a fase produtiva em que a ave se encontra, de acordo com as suas necessidades em proteína e aminoácidos, energia, oligoelementos, vitaminas e minerais. Em relação ao último ponto, tem particular importância nas aves poedeiras uma correcta gestão dos níveis de cálcio e fósforo. O maneio e as condições de conforto que devemos proporcionar às aves devem também estar de acordo com a idade e fase produtiva. As transições são muito importantes. Quer se tratem de mudanças de alimento ou de instalações, convém evitar sempre que sejam feitas de modo excessivamente brusco. Como referi, a criação de galinhas poedeiras é feita por fases. Todo o encadeamento produtivo é função dos resultados a montante. Explicando melhor: Para que um determinado bando possa obter níveis produtivos elevados, todo o historial desse mesmo bando deve ter ocorrido sem sobressaltos. Na prática, é difícil ter bons níveis de postura, se tiverem ocorrido irregularidades graves nos períodos de cria e recria. Não nos esqueçamos que temos um período de cerca de 20 semanas em que estamos puramente a investir, e só ao fim desse tempo vamos começar a colher benefícios – os ovos. Hoje em dia direi que a tarefa está algo facilitada. Isto é, as galinhas independentemente da estirpe, vêm com um completo “manual de instruções”. Basta segui-lo desde o primeiro dia. Por vezes há necessidade de fazer ligeiros desvios, e aí entram a experiência, o saber e o profissionalismo de quem é responsável pelas aves. Um programa alimentar “tipo” terá as seguintes fases: • Iniciação (0-4 sem) • Crescimento I (5-10 sem) • Crescimento II (11-16 sem) • Pré-Postura (16 sem até 2% post.) • Pico • Pós-pico (>35 sem) • Galinhas velhas Falando em concreto da fase de pré-postura, referimo-nos a um período de tempo relativamente curto, logo após a transferência do pavilhão de cria para o pavilhão de produção, até começarem a aparecer os primeiros ovos.
É fundamental que tenhamos um conhecimento muito concreto sobre os antecedentes do bando: Aquisição externa de frangas recriadas (normalmente com 16 semanas de idade), ou criação interna desde pintas do dia em instalações próprias para esse efeito; quais os pesos e curvas de crescimento; qual foi maneio alimentar; qual a percentagem de mortalidade; eventuais situações de “Stress” ambiental; qual o programa vacinal e problemas patológicos durante a cria e recria. O que acontece de diferente na fase da pré-postura? É um período de mudança, com profunda alteração na fisiologia da ave. A franga/galinha deve continuar a crescer, mas dá-se em simultâneo o início do processo de maturação do aparelho reprodutor, preparando-se para a fase de postura. O aumento dos estrogénios em circulação, para além do estímulo ao aparelho reprodutor, promove o desenvolvimento do osso medular. O que é afinal o osso medular? É um tipo ósseo diferente, cuja função não é o suporte do corpo, mas antes uma fonte rápida de armazenamento e fornecimento de AF_raporal_anuncio_148x210mm.pdf
1
14/04/14
cálcio. Diariamente as necessidades de cálcio das galinhas poedeiras em produção são bastante elevadas, pois a formação da casca do ovo é muito exigente a este nível. Se durante a pré-postura existir um estímulo correcto para a formação do osso medular, estamos a agilizar e a garantir o bom funcionamento deste processo metabólico tão importante no futuro. Para isso, e pondo para já de parte outras diferenças nos perfis nutricionais, é necessário que os teores de cálcio durante a pré-postura sejam da ordem dos 2% a 2,2%, em oposição à fase anterior de recria, em que estes teores se situam em redor de 1%. Se os níveis de cálcio nesta fase não forem respeitados, corremos o risco ter alguns problemas no período de produção: •P ior encascamento; • Aumento dos casos de fadiga das baterias; •P ercentagens de postura mais baixas; • Maior quantidade de falsas poedeiras, que não são mais do que aves que nunca tiveram um normal desenvolvimento e maturação sexual. Também não é aconselhável que logo após a transferência para os pavilhões de produção se passe de imediato à ração de postura. Os teores
de cálcio nesta fase devem ser de 3,8% a 4%, bastante superiores ao objectivo de suprimento e desenvolvimento do osso medular. Como anteriormente referi, os guias de produção postos à disposição dos avicultores e técnicos pelas várias empresas de genética avícola, descrevem com rigor as particularidades desta fase produtiva (bem como de todo o ciclo de produção), pelo que a sua consulta se aconselha. Uma chamada de atenção em relação à Vitamina D3, que como sabemos promove a absorção e regulação do metabolismo do cálcio. É fortemente aconselhável utilizar uma percentagem desta vitamina sob a forma de 25-hidroxicolecalciferol. O metabolismo do cálcio ganha uma maior eficiência, com claros benefícios na produção. Em resumo, como regras básicas para esta fase, temos: –C uidados de maneio – Conforto –P rograma de luz (muito importante) – Metabolismo da Vitamina D3 – importância do 25-hidroxicolecalciferol – Administração da ração de pré-postura
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A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL V JORNADAS SFPM/IACA
ACONDICIONAMENTO DE NOVILHOS
UMA PROPOSTA DE VALORIZAÇÃO. UMA OPORTUNIDADE PARA A IACA Contextualizando o atual mercado bovino O mercado bovino atual assenta nos seguintes pressupostos: Uma nova realidade: “venda prós barcos”
•
Elevada e crescente procura de bezerros
Acondicionamento dos novilhos
Pressão no preço de venda ao desmame
O que significa o acondicionamento de novilhos? Não é mais que a produção de bezerros saudáveis, que se mantêm como tal depois da venda, que ganham peso rápida e eficientemente, que dão carcaças valorizadas ou que evitam penalizações económicas. Pressupõe um conjunto de práticas de maneio que prepara adequadamente os bezerros desmamados para a próxima fase de produção e que, realizado corretamente, melhora os animais criando valor em todas as etapas produtivas da Fileira da carne bovina.
• •
Bezerros caros dificultam a rentabilidade dos engordadores nacionais
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Efeitos da nova PAC sobre a gestão das vacadas de carne (“ cow-calf ”)
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José Caiado Médico Veterinário Tecnipec
O produtor questiona-se: Assumindo que pretendo aumentar a minha receita o que poderei eu fazer para atingir tal objetivo”? O que poderá ser feito para melhorar os animais para os leilões?
Revitalização do papel dos leilões de gado (que apresentam uma enorme falta de homogeneidade do gado em transação)
•
Quem compra valoriza essencialmente animais com peso vivo entre os 280 e 400 kg de peso vivo, a qualidade do animal e a sua conformação/genética, as raças precoces e seus cruzamentos, homogeneidade dos lotes em venda, saindo as raças autóctones prejudicadas.
A história triste de um bezerro em leilão Pressupondo que um bezerro seja transportado para o leilão numa 2ª feira, vai ser desmamado no mesmo dia, o desmame será abrupto levando a que o animal berre intensamente. Na 3ª feira seria o leilão e ao ser vendido, na 4ª feira seria novamente transportado para o agrupamento posterior em feed-lot. Isto implica que durante vários dias não comam nada, apenas bebam água. Muitos bezerros chegam ao leilão sem nunca terem ingerido alimento concentrado. Esta é uma realidade em que toda a fileira perde! Existe uma acumulação brutal de stress com diferentes origens, nomeadamente, stress do desmame abrupto com a perda da mãe; stress alimentar/ hipoglicémia; stress de transporte; stress de agrupamento e bullying; desidratação, perda de peso e vitalidade; subida do cortisol e stress imunológico; e por fim, risco de doenças e de mortalidade.
O momento do desmame Quando se aproxima o momento do desmame na vacada, estando os preços dos bezerros tão interessantes, o produtor poderá perguntar a si próprio: “Será que vale a pena fazer algum investimento extra nos meus bezerros ou apenas tratar de os vender de qualquer forma após o desmame?” 38 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Para um acondicionamento adequado devem-se cumprir os seguintes pressupostos: Período de 30-60 dias, 45 em média
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Desmame das mães mais cedo
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Suavização geral dos stresses
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Transição alimentar (50 forragem:50 concentrado)
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Desparasitação
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Nutrição adequada (GMD 0,7-0,9kg)
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Vacinação e sua eficácia (Vit/Min)
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Vender bezerros mais saudáveis
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Mais peso, vigor/resistência física
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Maior valor comercial!
•
Como capturar o valor criado através do acondicionamento dos animais vendidos? O registo de boas práticas continuadas é muito importante no sentido de poder mostrar e provar aos compradores o que é feito pelo bem-estar e saúde dos animais e desta forma exigir prémios no preço de venda. É também uma forma de conseguir compradores de Cadeias de distribuição e de Fast-food (como o MacDonald’s, p.ex.). É importante perceber que os novilhos acondicionados são mais valorizados em leilões, são mais resistentes ao stress, estão mais bem preparados para um “bom arranque” no feed-lot e mais adequados aos requisitos para exportação. “A performance de um animal – os seus Resultados Produtivos – depende da ação concertada entre os nutrientes presentes nas forragens e nos concentrados ingeridos pela alimentação, e o seu bem-estar!”
Produção de carne A performance de um animal é tanto melhor quanto mais novo ele é. Quanto mais velho é pior é o índice de conversão, ou seja, mais caro se torna converter a alimentação num kilo de carne. Em grande medida, conseguir um crescimento rápido, eficiente, a menor custo, depende de um bom acondicionamento dos bezerros ao desmame!
Qual o interesse para a IACA Acondicionar significa intensificar o nível alimentar. Colocar sobre o esqueleto mais 50 kg de peso vivo será consumir mais uns 250 a 300 kg de alimentos compostos, para tal é importante o início precoce da ingestão de concentrados a partir dos 4 meses de idade, acelerar o ganho de peso diário e aumentar o peso de cada animal vendido (para a mesma idade). Isto é maior capitação de consumo de concentrado por animal!
A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA
SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS
SPMA Na sequência do processo de Alargamento, que culminou com a alteração dos Estatutos e tendo como perspetiva o reforço da posição da Associação enquanto organização representativa do Setor da Alimentação Animal em Portugal, saudamos as entradas no universo da IACA das empresas Brandsweet, Elanco, Indukern e Vetalmex. Outras empresas, quer da área dos aditivos e pré-misturas, quer da produção de alimentos compostos já manifestaram e sinalizaram a sua vontade em aderir à IACA, reforçando a capacidade de organização e defesa do Setor, contribuindo para a melhoria da sua sustentabilidade e competitividade, para além das ações estruturantes que temos pela frente, como por exemplo, a melhoria da qualidade, com o QUALIACA, a diferenciação de produtos, no quadro do Porco.pt, a partilha de informações, com as Jornadas de Alimentação Animal e Workshops, ou as ligações nacionais, com as organizações a montante e a jusante, ou no plano internacional, com a FEFAC ou as instituições europeias e supranacionais. Parcerias que valem a pena e acrescentam valor, na defesa dos Interesses dos nossos Associados. Com este alargamento, o Plenário da Secção decidiu alterar o Regulamento do seu funcionamento, passando a adesão das empresas a fazer-se de uma forma voluntária, alterando-se a sua designação que passa a ser Secção de Pré-Misturas e Aditivos (SPMA). Esta proposta já foi aprovada pela Direção da IACA na sua reunião de 15 de dezembro.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
REUNIÃO DA SFPM - SECÇÃO DOS FABRICANTES DE PRÉ-MISTURAS, DA IACA No dia 10 de novembro de 2016 reuniram-
este tema. A IACA está a pensar fazer o
associadas da secção e questionou se, com
-se na sede da IACA em Lisboa, os asso-
mesmo no principio do próximo ano, pos-
a entrada dos novos membros, não tería-
ciados pertencentes à Secção dos Fabri-
sivelmente a 18 de janeiro e apenas para
mos de alterar a organização e a posição
cantes de Pré-Misturas, com a seguinte
os seus associados. Em relação a este
“não comercial” das Jornadas de Alimen-
Ordem de Trabalhos:
assunto, já discutido em anos anteriores,
tação Animal. A Direção da Secção pediu
a Premix vai tentar recuperar o trabalho
que os colegas começassem a pensar já
feito na altura, mas à partida a situação
em temas para apresentar na próxima
1. Comité da FEFAC de Pré-Misturas e Aditivos, outubro 2016
deve estar diferente devido à diminuição
jornada, cuja data foi decidida manter nos
2. Legislação sobre as substâncias peri-
dos teores de utilização de alguns oligoele-
finais de setembro.
gosas (CLP)–ponto da situação. Reu-
mentos. A Tecnipec disponibilizou-se para
nião CESFAC, Espanha.
partilhar com a secção o programa que a
3. Alargamento da IACA–entrada de novos sócios. Possível alteração da
sua empresa está a fazer para avaliar as pré-misturas em termos da legislação CLP.
secção para a entrada das empresas
No ponto 3, o Engº Pedro Folque lem-
de aditivos.
brou a entrada para a IACA dos novos
4. Jornadas de Alimentação Animal 2016 e 2017. 5. Outros assuntos de interesse para a Secção.
associados de empresas de aditivos e a impossibilidade de admissão de outras, por não cumprirem os requisitos dos novos Estatutos. Existem um conjunto de empresas referenciadas que poderão
No ponto 5, os outros pontos tratados foram: a) Foi solicitado à IACA para criar/promover um local no seu site onde todas as empresas ligadas à alimentação/ produção animal possam comunicar a realização dos seus eventos, de forma a não haver sobreposição de datas entre diferentes reuniões. b) A IACA fez uma síntese da atividade do QUALIACA e em particular do caso
No 1º ponto da OT, interveio a Engª. Ana
entrar brevemente.
Cristina Monteiro, da IACA, que à última
Foi lembrado que numa reunião anterior da
hora não pode representar a secção e a
secção, na discussão do Alargamento do
IACA nos Comités da FEFAC de outubro.
IACA, por razões que tinham a ver com a
c) Foi comentado o projeto da FPAS
Nestes Comités os principais temas trata-
dimensão desta, com o tipo de empresas
“Porco.Pt”, em particular a sua rela-
dos foram a redução dos teores de cobre
mais técnicas associadas e por a SFPM
ção com a alimentação animal. A
(em particular nos leitões), a proibição da
representar a IACA no Comité de Pré-
Direcção irá informar-se sobre o
etoxiquina, a revisão dos aditivos “órfãos”
-Misturas e Minerais da FEFAC, que esta
respetivo Caderno de Encargos e
e a discussão sobre a utilização do man-
deveria também alterar a sua composição
tomar as posições que entender
ganês (saúde dos operadores).
e tornar-se na Secção dos Fabricantes de
necessárias.
No 2º ponto, a IACA informou que a Comis-
Pré-Misturas e dos Aditivos (ou Secção
são Europeia decidiu incluir as pré-misturas na legislação CLP, pelo que as empresas portuguesas deverão preparar-se. As autoridades nacionais têm dialogado com a IACA e irão dar o tempo suficiente para
de Pré-Misturas e Aditivos). Os presentes validaram esta alteração por unanimidade, devendo a Direcção da SFPM alterar o respetivo Regulamento e propor à Direcção da IACA esta modificação.
do milho brasileiro com aflatoxinas que chegou a Portugal.
d) Foi anunciado que, possivelm ente, a SCS–Sociedade Cientifica de Suinicultura e a FMV–Faculdade de Medicina Veterinária, de Lisboa, irão fazer um “Curso de Alimentação de Suínos” em 2017. A IACA e em particular a
esta adaptação. Em Espanha, a nova legis-
No ponto 4 os presentes exprimiram a
SFPM deveriam também participar,
lação entra em vigor no dia 1 de janeiro,
sua satisfação pela qualidade da reunião
pelo que solicitou uma eventual cola-
tendo a CESFAC promovido uma reunião
e pelo número de participantes. Foi solici-
boração futura a todas as empresas
para esclarecer os seus associados sobre
tada uma maior participação das empresas
da secção. A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
APLICAÇÃO DE CREAMINO® COMO PRECURSOR DE CREATINA PARA PROMOVER PERFORMANCES DE CRESCIMENTO DE SUÍNOS
Bruno Penha Eng.º Agrónomo Director Técnico da Brandsweet, Lda.
Muitos aminoácidos têm um papel importante na síntese proteica, bem como em outras reações metabólicas. Uma porção significativa da pool de total de aminoácidos terminam com funções não proteicas. Em particular, aminoácidos indispensáveis utilizados em funções não proteicas devem ser cuidadosamente considerados quando se estabelecem os requerimentos alimentares destes aminoácidos. Arginina e metionina são aminoácidos indispensáveis e têm uma função metabólica na síntese de creatina, bem como na síntese proteica. A arginina transfere o seu grupo amino para a glicina para formar ácido guanidinoacético (AGA), que é por sua vez transmetilado a creatina. A metionina é o principal dador de grupos metilo para reações de transmetilação via S-adenosilmetionina (SAM). SAM é demetilada para S-adenosilhomocisteína e transfere o grupo metilo para a síntese de creatina, fosfatildilcolina (PC) e DNA metilado (McBreairty et al., 2013). Em animais de crescimento rápido, o balanço entre requerimentos para crescimento versus requerimentos para manutenção tornam-se mais críticos à medida que o crescimento exige mais aminoácidos para expansão da proteína de massa corporal, tal como para a necessidade crescente de outros metabolitos críticos. Três quartos do acréscimo de creatina em leitões neonatais são por via da síntese de-novo de creatina (Brosnan et al., 2009). Como resultado, em porcos
em crescimento, existe uma maior necessidade de metionina para expansão da proteína corporal e síntese de creatina. Além disso, a arginina é condicionalmente um aminoácido essencial em porcos e que é necessária para manter o ciclo da ureia, bem como para a síntese de creatina, óxido nítrico e poliaminas (Cynober et al., 1995). A arginina e metionina estão envolvidas no processo de síntese de creatina. Quando mais do que um aminoácido estão envolvidos no trajeto de síntese, a regulação acima ou abaixo deste trajeto pode poupar aminoácidos para a síntese proteica ou de outros metabolitos. A biossíntese de creatina é um simples processo de duas etapas. No rim, a arginina transfere o seu grupo amino para a glicina para sintetizar ácido guanidinoacético (GAA) e ornitina via arginina:glicina aminotransferase (AGAT) (Bloch & Schoenheimer, 1941; Wyss & Kaddurah-Daouk, 2000). O AGA é transferido para o fígado onde SAM fornece o seu grupo metilo ao AGA para sintetizar creatina e SHA via GAMT (Cantoni & Vignos, 1954) (Ver Figura 1). Cerca de 40% de todos os grupos metilo de S-adenosilmetionina são utilizados na síntese de creatina. São provenientes da dieta (metionina, betaína e colina) ou produzidos endogenamente na metilneogénese, que depende do fornecimento de vitaminas do grupo B (Brosnan e Brosnan, 2010; Brosnan et al., 2011; Szramko et al., 2010). A síntese de creatina
Figura 1 – Diagrama ilustrativo do trajeto bioquímico da creatina
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
ocorre inicialmente nos rins, fígado e pâncreas e em menor extensão no cérebro e testículos (Andres et al., 2008; Brosnan et al., 2011; Gualano et al., 2010; Shao e Hathcock, 2006; Snow e Murphy, 2001). A creatina é então transportada através do sangue e armazenada em tecidos celulares com elevados requerimentos de energia (Verhoeven et al., 2005). Uma parte significativa, cerca de 95-98% chega ao músculo-esquelético. A quantidade restante de creatina está no cérebro, coração, esperma e músculo liso (Gulano et al., 2010; Snow and Murphy, 2001). Uma vez entrando na célula, a creatina é fosforilada a fosfocreatina. Esta reação ocorre com a participaçãoda enzima creatina quinase. Na fase final cerca de 1,7% da creatina é convertida por remoção não enzimática de água para a estrutura anelar da creatina. A vasta maioria deste componente é excretada pelos rins através da
PRODUTOS
SERVIÇOS
urina. A quantidade de creatinina removida é proporcional ao total de creatina e creatina fosfato no corpo, e consequentemente também o total de massa muscular. A fonte primária de energia na célula é o ATP, cuja concentração é relativamente baixa (2-5 mM), e que permite a contração dos músculos por apenas uns segundos. Assim sendo, processos adicionais devem ocorrer para manter homeostasia metabólica permitindo ATP na célula muscular activada. Esta situação pode ser mantida devido aos elevados recursos de fosfocreatina (20-35 mM) na célula, o que permite regeneração de ATP como resultado da reação reversível catalizada pela creatina quinase. Esta enzima transfere o grupo fosfato da fosfocreatina para o ADP, resultando na síntese celular de ATP. A fosfocreatina representa cerca de 2/3 da creatina no músculo.
QUALIDADE
AMINOÁCIDOS L-Lisina HCL L-Lisina Líquida 50 L-Lisina Sulfato 70 DL-Metionina L-Treonina L-Triptofano L-Valina CreAMINO® ÁCIDOS ORGÂNICOS PROBIÓTICOS ÓLEOS ESSENCIAIS CEREAIS EXTRUDIDOS COM SORO DE LEITE BRANDBOND AGLUTINANTE FARINHA DE PEIXE
SEGURANÇA
REPRESENTAÇÃO MANGRA, SA. Recepção e armazenamento Dosificação de líquidos Controlos de processo Controlos de humidade Sistemas de vapor Bombas e caudalímetros Nutrifeed – misturadores verticais Aplicadores pós-pelleting Transportadores pneumáticos de fase densa
MAIS DE UMA DÉCADA A PROMOVER O SUCESSO DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL CONTACTOS Loteamento Industrial Quinta das Rebelas Rua A, Lote 19, Nr 17 B/D 2830-222 BARREIRO Telef: 351.21 214 84 70 Fax: 351.21 214 84 79 e-mail: geral@brandsweet.pt
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
Figura 2 – A síntese de creatina requer glicina, arginina e metionina
Elevadas concentrações de fosfocreatina ocorrem em tecidos com elevadas necessidades energéticas. Em animais de crescimento rápido, existe uma necessidade de aminoácidos para crescimento e outros trajetos metabólicos. Metionina e arginina são aminoácidos essenciais em leitões e estão ambos envolvidos na síntese proteica, bem como na síntese de creatina (Brosnan et al., 2009). Desta forma, em animais de crescimento rápido, os requerimentos nestes aminoácidos são elevados à medida que a massa proteica se expande. Em leitões, 75% da creatina deve ser sintetizada via de novo síntese (Brosnan et al., 2009). A necessidade de creatina é proporcionalmente maior em animais em crescimento que em adultos, porque em adição às perdas cobertas resultantes da conversão de creatina em creatinina, também se deve ao rápido crescimento dos tecidos (Brosnan et al., 2009). A síntese de creatina requer glicina, arginina e metionina (Figura 2). A síntese de creatina é proporcional à disponibilidade de AGA. Almquist et al. (1941) inicialmente mencionaram que AGA pode dispensar arginina e glicina, semelhante à creatina, quando demonstrado que a acumulação de creatina no músculo pode ser atingida quer pela creatina quer pela suplementação de AGA (Almquist et al.,1941). AGA pode dispensar arginina para crescimento quando o AGA é suplementado numa dieta deficitária em arginina, o que foi demonstrado em frangos (Dilger et al., 2013). Em leitões, arginina também pode limitar crescimento devido à arginina limitante no leite da porca (Wu et al., 2004). Assim sendo, a suplementação de AGA pode ser benéfica em leitões quando estes são incapazes de sintetizar quantidade suficiente de arginina para o crescimento. De forma geral, a síntese de creatina consome potencialmente aproximadamente 35% da metionina alimentar e 20 % da arginina alimentar em leitões lactantes neonatais (Brosnan et al., 2009). Contudo, este consumo é sobrestimado dado que a metionina e arginina podem ser re-sintetizadas via re-metilação e ciclo da ureia, respetivamente, no fígado.
Figura 3 – CreAMINO® suplementado a 1 kg/ton melhora a performance dos leitões desde 1 a 33 dias pós-desmame sob condições comerciais
Figura 4 – Efeito de níveis graduais de CreAMINO® no ganho de peso corporal em leitões (PigChamp, 2013)
Efeitos nos porcos em crescimento Uma experiência foi conduzida na PigChamp em Espanha (2013) para investigar o efeito de graduais níveis de incorporação de CreAMINO® na performance de leitões desmamados. Aos 33 dias de idade, 336 porcos com um peso médio de 8,3 kg foram alocados aleatoriamente em 4 tratamentos alimentares durante 42 dias. Cada tratamento teve 14 réplicas e cada réplica teve 3 machos e 3 fêmeas. As dietas experimentais incluídas foram: 1-Dieta de controlo; 2-Dieta de controlo suplementada com 0,06% de CreAMINO®; 3-Dieta de controlo suplementada com 0,09% de CreAMINO® e 4-Dieta de controlo suplementada com 0,12% de CreAMINO®. Como se pode ver na figura 3, a suplementação com CreAMINO® aumentou linearmente o ganho de peso corporal até 42 dias após desmame. O maior ganho de peso 44 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
corporal foi obtido em porcos alimentados com dieta suplementada com 0,12% de CreAMINO® (Figura 4). A suplementação com CreAMINO® também melhorou significativamente o índice de conversão (IC) (P<0,05) até 28 dias após desmame (Figura 5).
Figura 5 – Efeito de níveis graduais de CreAMINO® no IC (PigChamp, 2013)
Resumindo: • A creatina é sintetizada no corpo a partir de aminoácidos glicina, arginina e metionina. • A síntese de creatina é um dos principais processos metabólicos no crescimento de porcos e tem importantes aplicações para o metabolismo de aminoácidos e balanço metílico.
• A importância da creatina em funções celulares está bem documentada. A creatina é convertida reversivelmente a creatina fosfato via enzima creatina quinase. A função primária da creatina fosfato é de reserva energética a curto prazo e transporte de energia no interior da célula. • Concentrações significativas de creatina e creatina fosfato foram medidas no músculo-esquelético, coração e músculo liso. A creatina fosfato também é importante no cérebro e desenvolvimento e função do sistema nervoso central. • Parte desta pool de creatina é perdida irreversivelmente e excretada como creatinina através da urina. Isto indica a necessidade de um reabastecimento estável da pool de creatina seja por síntese de-novo ou por ingestão alimentar. • A necessidade de creatina é proporcionalmente maior em animais em crescimento do que em adultos, porque além das perdas resultantes da conversão da creatina em creatinina, também deve ser fornecida a tecidos de rápido crescimento. • A creatina e creatina fosfato estão presentes no leite das porcas em quantidades que têm o potencial de contribuir para o crescimento e desenvolvimento do leitão. • O CreAMINO® (96% de ácido guanidinoacético, GAA) é o único precursor de creatina disponível para utilizar na alimentação animal. • A suplementação de CreAMINO® melhora consistentemente a conversão alimentar e taxa de crescimento em porcos de crescimento.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
UMA NOVA ABORDAGEM NA UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS EM RAÇÕES – COMBINAR XILANASE COM ALTAS DOSES DE FITASE EM DIETAS DE AVES
Carrie Walk Gerente Sénior de Investigação, AB Vista
Os benefícios económicos da utilização de uma xilanase de alta qualidade para melhorar a digestão de nutrientes em dietas de aves estão bem demonstrados, assim como os ganhos económicos possíveis com a libertação de fósforo usando uma dose padrão de fitase. O uso disseminado de fitase dentro do sector das aves – com uma penetração de mercado superando os 80% – significa que a grande maioria da utilização da xilanase está agora em dietas contendo também uma fitase. No entanto, a crescente popularidade do superdosing de fitase para eliminar o efeito anti-nutritivo do fitato levanta a questão de saber se a adição de xilanase pode ainda proporcionar retorno em conjunto com doses de fitase substancialmente superiores ás doses padrão. A resposta reside na diferença considerável do modo de ação das duas classes de enzimas, e apesar dos benefícios não serem exactamente somáveis, a mais recente pesquisa confirma ganhos adicionais suficientes para proporcionar um retorno líquido positivo sobre o investimento.
Investigação relevante
Gilson Gomes Director Global da Área Técnica, AB Vista
Gustavo Cordero Responsável Técnico, EMEA AB Vista
A maioria das pesquisas ciêntificas que investigam a utilização de enzimas, seja o caso de xilanase em doses padrão ou o superdosing de fitase, foi efectuada usando exclusivamente uma classe enzimática. Nos últimos anos, no entanto, um conjunto substancial de dados começou a emergir a partir de ensaios de xilanase usando dietas contendo também uma dose padrão de fitase. Tais resultados são, indiscutivelmente, os mais relevantes para o que poderia ser actualmente considerado prática comum dentro do setor avicola, e forneceram uma indicação das potenciais vantagens de combinar essas duas classes de enzimas. As diferenças no sucesso de tais ensaios evidenciaram a grande disparidade na eficácia que advêm das diferentes características entre enzimas, mesmo dentro da mesma classe de enzimas. O uso de enzimas com características especificamente orientadas para maximizar a eficácia no animal é, portanto critico, caso avaliemos uma única enzima ou várias. É também importante diferenciar claramente entre os resultados obtidos através da combinação de enzimas de diferentes classes – neste caso, uma (NSP) com uma fitase – do uso de produtos enzimáticos com múltiplas actividades dentro da mesma classe, tais como a combinação de uma xilanase e um glucanase (ambas enzimas NSP).
Modos de ação
A evidência para os benefícios deste último permanecem sujeitas a um debate considerável, com os dados obtidos até à data a não demonstrar qualquer vantagem clara do doseamento de tais multi-enzimas-NSP (ou seja, várias atividades dentro da mesma classe de enzimas) sobre uma única e bem orientada enzima de xilanase. Conflitos potenciais entre modos de ação semelhantes, tais como a repartição dos produtos finais benéficos da 46 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
acção da xilanase, bem como dificuldades de alcançar níveis iguais de estabilidade térmica e eficácia na ave, aparecem como as razões mais prováveis. Este não é o caso quando combinamos enzimas de diferentes classes com diferentes modos de ação, onde parecem ser claras as vantagens obtidas. As xilanases têm demostrado ser altamente eficazes na melhoria do desempenho em dietas viscosas (á base de trigo – cevada) e não-viscosas (milho – sorgo), com ou sem a presença de uma dose padrão de fitase. Ao nível mais básico, as xilanases actuam tanto por eliminação do efeito de encapsulação de nutrientes da parede celular da planta, como por quebrar a longa cadeia de NSPs solúveis (particularmente arabinoxilanos e β-glucanos mistos-ligados), para reduzir a viscosidade da digesta. Cada uma não só melhora efetivamente o acesso das matérias-primas ás enzimas digestivas das aves, mas também podem aumentar o acesso a altos níveis de fitato presentes na fração de fibra dos ingredientes vegetais.
Claras sinergias
Quando uma dose padrão de fitase é usada para libertar o fósforo por destruição do fitato, e assim permitir uma redução do fósforo inorgânico adicionado em dietas de avicultura, parece haver pouco, ou nenhum, conflito entre este modo de ação e o de uma xilanase. Na verdade, qualquer falha para produzir ganhos adicionais nessa situação é mais provável ser devida a uma dose sub-óptima de uma ou de ambas as enzimas em termos de as características necessárias para a máxima eficácia. Quando o alvo é conseguir a destruição total, ou o máximo possível, do fitato através de superdosing de fitase, a ação da xilanase na melhoria da disponibilidade de fitato parece oferecer benefícios ainda maiores. Fornecer a fitase óptima para superdosing – intrinsecamente termoestável sem a necessidade de revestimento, com altos níveis de atividade no estômago, capaz de degradar o fitato mesmo em baixas concentrações – o resultado deve ser um ganho de peso adicional das aves além da melhoria típica 3-4 pontos na eficiência de conversão alimentar em frangos vistos com o superdosing de fitase.
Resultados dos ensaios
Os resultados da Figura 1 revelam dados de um estudo da Universidade de Berlim, desenhado para investigar a aditividade potencial do superdosing-óptimizado de uma fitase (Quantum® Blue) e uma xilanase única de alta eficácia (Econase® XT). O estudo comparou o desempenho de frangos alimentados com dietas contendo um controlo positivo (PC) dieta de trigo-milho-soja formulado para proporcionar os nutrientes adequados durante um período de 35 dias, com uma dieta controle negativo (NC) formulada com redução dos seguintes nutrientes: 0,2% de cálcio, 0,2% de fósforo, 100 kcal / kg de AME.
A revolução em eficiencia alimentar Figura 1 – Os efeitos aditivos de xilanase mais fitase sobre o ganho de peso em frangos de 0 a 35 dias de idade (Fonte: Kuhn et al, 2013)
A dose padrão de fitase 500 FTU / kg devolveu o desempenho do controlo negativo para o nível do controlo positivo, enquanto o superdosing com 1500 FTU / kg da fitase sozinha produziu uma melhoria significativa no ganho de peso corporal. Mas mais importante, a adição de uma dose padrão de 16.000 FXU / kg de xilanase produziu um ganho adicional estatistica e economicamente benéfico, quer usado para melhorar o desempenho ou adicionado à matriz e reduzir ainda mais os custos de alimentação. Outros ensaios realizados em vários locais do mundo confirmaram estes dados, como na Figura 2 se demonstra com os resultados de uma exploração comercial na Índia utilizando dietas à base de milho e soja na alimentação de frangos dos 0 a 42 dias de idade. Melhorias significativas na taxa de conversão alimentar (CA) foram observadas quando a dose de fitase (Quantum® Blue) foi incrementada de uma dose padrão (500 FTU / kg de ração) para níveis de superdosing (1500 FTU / kg de ração), e novamente quando uma dose padrão de xilanase (Econase XT, 16000 FXU / kg de ração) foi adicionado por cima de um superdosing de fitase. Figura 2 – Melhoria na taxa de conversão alimentar de frangos dos 0-42 dias de idade recebendo xilanase mais fitase (Fonte: AB Vista)
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Deve ser lembrado, no entanto, que nem todas as fitases são igualmente eficazes na eliminação de fitato através do superdosing e nem todas as xilanases são igualmente eficazes na degradação dos NSP da dieta. Isso cria um desafio para o cliente final que se depara com uma infinidade de enzimas comerciais e muitas vezes conflituantes reivindicações por parte dos fornecedores, sendo no entanto somente os resultados de ensaios independentes de referência verdadeiramente confiáveis quando se trata de escolha de produto. O movimento em direção a doses mais elevadas de fitase para remover os efeitos anti-nutricionais do fitato oferece uma oportunidade para os produtores avicolas ganharem um retorno ainda maior do investimento feito em enzimas alimentares. Se esse retorno puder ser ainda melhorado combinando um comprovado superdosing de fitase com uma xilanase eficaz, conhecida para fornecer ganhos adicionais em tais situações, então esta estratégia poderia tornar-se na nova prática padrão para os produtores avicolas em todo o mundo.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTICIAS
CLUBE PORTUGUÊS DOS CEREAIS FORRAGEIROS DE QUALIDADE Segundo encontro realizou-se na Raporal a sua forte participação, sinal inequívoco do
a nossa atividade, pelo impacto nos custos
interesse desta iniciativa. Por último, a Presi-
da atividade pecuária. Foi ainda referido
dente do Conselho de Administração Cristina
que a próxima Feira Nacional da Agricultura
Sousa, agradeceu a presença de todos e as
2017 vai ser dedicada aos cereais, pelo que
amáveis palavras que lhe dirigiram.
é importante ter o envolvimento de toda a
Quanto à “Análise da campanha nacional dos
Com a presença de 30 participantes, teve lugar no passado dia 25 de novembro, a 2ª Assembleia Geral do Clube Português dos Cereais Forrageiros de Qualidade, nas instalações da Raporal, no Montijo. Da parte da manhã, os representantes das diferentes organizações foram recebidos pelos responsáveis da empresa, Cristina de Sousa, Pedro Lagoa (Administradores) e Nuno Mota (Diretor da Fábrica). Depois da degustação dos produtos, foi feita a apresentação sumária do Grupo empresarial, ao qual se seguiu uma
Fileira, nomeadamente da IACA e FIPA.
cereais forrageiros 2016/17, perspetiva da
O INIAV realçou o trabalho cientifico desen-
Produção e da Investigação”, foi solicitado
volvido com a aveia e triticale que tem permi-
que cada uma das Organizações presentes
tido um melhoramento genético de algumas
fizesse uma breve resenha da campanha que
variedades, tornando-as mais eficientes e
se caracterizou, genericamente, por uma
produtivas. Foi ainda realçado por Benvindo
quebra nos preços á produção e uma redu-
Maçãs, as ações de formação que a ANPOC e
ção nas áreas semeadas, em particular de
o INIAV estão a desenvolver para os produto-
milho. Falta de água e baixos preços pagos
res de cereais de Outono/Inverno que estão a
á produção são os principais problemas que
ser muito participadas. Estas ações têm por
hoje se colocam na produção de cereais,
objetivo permitir aos agricultores aumentarem
existindo algumas zonas (Alentejo) em que a perda de influência destas culturas se vai acentuando, face a outras como o olival ou
a eficiência no uso dos fatores de produção e tirar melhor partido do material genético das variedades semeadas.
visita à unidade fabril e a uma exploração
o amendoal. Esta situação é de lamentar não
de bovinos, guiada pelo Administrador Nuno
só porque são recursos e área que é aban-
Tiago Silva Pinto, Secretário-Geral da ANPRO-
Ramalho. Após o excelente almoço, visitá-
donada, aumentando a dependência nacional,
MIS teve ocasião de apresentar os pressu-
mos ainda a unidade de congelação na STEC,
mas porque a redução das produções em Por-
postos que estiveram na base da criação
com as explicações a cargo do Administrador
tugal e na Europa - apesar de hoje estarmos
do Centro Nacional de Competências das
Mário Guarda.
dependentes do mercado mundial – tende a
Culturas do Milho e Sorgo “InovMilho” que
potenciar um aumento de preços dos cereais
reunindo 33 entidades entre as quais a IACA),
e maior volatilidade, o que é prejudicial para
em Coruche, tem por objetivo investigar algu-
Na Assembleia Geral, aberta a Sessão pelo Presidente do Clube Português dos Cereais Forrageiros de Qualidade (e da ANPROMIS), José Luís Lopes, foram convidados para a Mesa Cristina Sousa, Presidente da Raporal e Fernando Carpinteiro Albino, Presidente do Clube Português dos Cereais de Qualidade. Agradeceu a excelente hospitalidade e a forma como fomos recebidos na Raporal, e enalteceu a forte dinâmica deste grupo económico, que apostou na exportação dos seus produtos, contribuindo de forma significativa para a competitividade dos sectores dos bovinos e dos suínos em Portugal. Tomou de seguida a palavra Fernando Carpinteiro Albino que louvou a realização da reunião deste Clube e
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
tados pela Indústria de alimentos compostos
MAIS para a realização da próxima Assembleia
para animais em relação à produção nacional
Geral do Clube.
de cereais forrageiros”, Ana Cristina Monteiro, apresentou, em linhas gerais, o projeto QUALIACA, e os constrangimentos que a sua implementação tem tido, nomeadamente por parte dos agentes importadores. A questão das micotoxinas, sobretudo as aflatoxinas, foi outro problema identificado, bem como os teores de grãos partidos que potenciam o aparecimento e desenvolvimento daquelas
Em nome da IACA, os nossos agradecimentos à Administração da Raporal pelo acolhimento e pelas visitas que nos proporcionou, bem como aos participantes, das Organizações de Agricultores e Cooperativas (Beja e Brinches; Beringel; Coimbra; Alensado; Cersul; Procereais; Agromais), INIAV, ANPROMIS, ANPOC, nossos parceiros neste projeto, bem como
substâncias indesejáveis.
ás nossas empresas associadas, em maior
No ponto 4 e último da Ordem de Trabalhos,
Raporal, De Heus, Cargill, Sorgal, Racentro,
Jorge Neves ofereceu as instalações da AGRO-
SIAS e Supervit.
número relativamente à primeira iniciativa;
mas das problemáticas que mais afetam os produtores nacionais de milho e sorgo, com o objetivo de contribuir para a sua competitividade tecnológica. Quanto às perspetivas da Indústria, o segundo ponto da Ordem de Trabalhos, confirmou-se a boa qualidade do cereal nacional, o problema da concorrência com os cereais importados, uma vez que hoje vivemos num mercado global e muito competitivo. No entanto, todas as empresas tentam valorizar e adquirir, sempre que possível, cereal de produção nacional. Aliás, estes encontros permitem partilhar experiências e ir ao encontro das necessidades de compradores e vendedores, ganhar confiança e parcerias estratégicas para o futuro. Foi assim que começou, há mais de 15 anos, o Clube Português dos Cereais de Qualidade, numa parceria com o INIAV e a indústria de moagem e massas. De resto, já começou a ser comercializado, no passado mês de dezembro, um tipo de pão com cereal 100% nacional e do Alentejo, e que resultou da dinâmica daquele Clube. Antes de se entrar no último ponto, relativo á qualidade, José Luís Lopes referiu que tendo em conta a boa qualidade do milho português, que reconhecidamente constitui uma mais-valia para a industria nacional, é fundamental valorizar comercialmente esta produção. Passando ao ponto 3 da Ordem de Trabalhos “Identificação dos principais problemas dete-
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTICIAS
CIB PROMOVE DEBATE SOBRE NBT da resistência ao vírus do mosaico dourado
de sustentabilidade e eficiência dos recur-
melhoramento genético dos OGM»
em feijão, e a Cisgénese permitiu em poucos
sos. Por isso, não devem estar integrados na
As novas técnicas de melhoramento vege-
anos obter uma resistência durável à requeima
legislação dos OGM». Da parte da Associação
tal não são o mesmo que organismos geneti-
(late blight) em batata. A Comunidade Euro-
Nacional dos Produtores de Cereais (ANPOC),
camente modificados (OGM): e foi a principal
peia discute atualmente a adoção destas
Bernardo Albino advogou que «os temas de
mensagem transmitida durante o Seminário
tecnologias e em que quadro jurídico deverão
cariz científico devem ser decididos com base
subordinado ao tema “Novas técnicas de
ser avaliados os seus produtos.
na ciência». O sector dos cereais «tem bene-
melhoramento vegetal – aspetos científicos,
Na Sessão da manhã foram explicadas estas
ficiado pouco de evoluções tecnológicas ao
técnicos, sociais e legais», que decorreu no
novas técnicas pelo Prof. Pedro Fevereiro,
nível na produção, verificando-se um aumento
Instituto de Tecnologia Química e Biológica
Presidente do CIB, e por investigadores
residual de produtividade». Para além destas
António Xavier, a 12 de dezembro.
estrangeiros: Wendy Harwood, de Inglaterra,
intervenções, Joana Aleixo, da ANSEME e
As “New Breeding Techniques” (NBT – Novas
sobre os Aspetos Científicos e a Aplicação
Beath Späth, da Europabio, destacaram estas
Técnicas de Melhoramento Vegetal) são um
de NBT, e Joachim Schieman, da Alemanha,
ideias, reforçando as teses do conhecimento
conjunto de metodologias que permitem alte-
que dissertou sobre o Enquadramento Legal
e da validação científica, em prol dos benefí-
rar as características das variedades agrícolas
e Social.
cios que podem trazer para os agricultores e
de uma forma molecularmente precisa, para
Na Sessão da tarde, numa Mesa Redonda
para a Sociedade. Deve ser evitado igualmente
aumentar a sua produtividade e tolerância a
moderada por Pedro Fevereiro e caracteri-
o ambiente negativo que, infelizmente, tem
fatores ambientais. As NBT são oito e incluem:
zada por um debate vivo e interessante com
caracterizado o debate na Europa sobre a
nucleases dirigidas para um local específico;
a audiência, Tiago Silva Pinto, secretário-geral
Biotecnologia aplicada à agricultura, quando
RNA de interferência (RNAi); mutagénese
da Associação Nacional dos Produtores de
não é questionada, por exemplo, na Saúde, ou
dirigida para oligonucleótidos específicos;
Milho e Sorgo (ANPROMIS) defendeu que
noutros campos de aplicação, valorizando-se
agro-infiltração; cisgénese; enxertia em porta-
«Os agricultores devem ter acesso a todas as
o seu potencial.
-enxerto modificado; melhoramento reverso;
tecnologias». Além disso, é essencial «disso-
As NBT são técnicas que permitem o desen-
e metilação do DNA dirigida por RNA. Este
ciar as novas técnicas de melhoramento gené-
volvimento de novas variedades de plantas
conjunto de técnicas tem vindo a ser desen-
tico dos OGM». Por seu turno, Jaime Piçarra,
de forma mais rápida e precisa do que os
volvidas para afinar características das varie-
secretário-geral da Associação Portuguesa
métodos convencionais. A Comissão Euro-
dades agrícolas. Por exemplo, a técnica de
dos Industriais de Alimentos Compostos para
peia ainda não decidiu se estas técnicas
RNAi tem permitido obter variedades resis-
Animais (IACA), salientou que as NBT «são
devem ser inseridas no mesmo quadro legal
tentes a diferentes vírus, como a introdução
essenciais para ir ao encontro dos objetivos
que os OGM.
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XXVIII CONGRESSO DA FEFAC
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É essencial «dissociar as novas técnicas de
8, S PA I N | J U N E
9,
É com enorme prazer que a Revista “Alimen-
ção Animal no desenvolvimento susten-
de janeiro de 2017. O Comissário estará pre-
tação Animal” anuncia a realização do XXVIII
tado da Indústria e da atividade pecuária,
sente numa Mesa Redonda com líderes da
Congresso da FEFAC e o V Congresso Inter-
o Congresso terá, na Sessão de Abertura,
Indústria e da Pecuária. No Programa, ainda
nacional de Alimentação Animal, nos dias
a presença de altas individualidades de
provisório, estão previstas apresentações e
8 e 9 de junho de 2017, em Córdoba, numa
Espanha, da União Europeia e, espera-se,
discussões sobre temas tão relevantes sobre
organização conjunta da FEFAC e da AFACA,
de Portugal (convidado o Ministro Capou-
Economia Circular, a Comunicação da Indús-
contando com a colaboração da CESFAC e da
las Santos), sendo presidido pelo Rei de
tria com a Opinião Pública, ou a Resistência
IACA, que integram o Comité Organizador.
Espanha Filipe VI.
Antimicrobiana.
Subordinado ao Tema “Facing the Future
Confirmamos igualmente a presença do
A importância da Nutrição Animal, o seu
Together – Unlocking the Potencial of Ani-
Comissário da Agricultura Phil Hogan, que
contributo para um mundo em mudança e a
mal Nutrition”, ou “Juntos a Enfrentar o
irá falar sobre a Competitividade da Alimen-
Visão da Indústria no horizonte 2030, cons-
Futuro – Desbloquear o Potencial da Nutri-
tação Animal e do Setor Pecuário, bem como
tituem seguramente boas razões para uma
ção Animal”, no sentido de dar visibilidade
das propostas sobre a reforma da PAC pós
forte presença de portugueses em Córdoba,
(e legitimidade) à importância da Nutri-
2020, cujo debate vai ser lançado no inicio
no próximo mês de junho.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DECIDIU ATRIBUIR A MEDALHA DE HONRA À AGROTEJO PELO TRABALHO DESENVOLVIDO AO LONGO DAS ÚLTIMAS TRÊS DÉCADAS A AGROTEJO – União Agrícola do Norte do Vale do Tejo, assinalou o 30º aniversário, num encontro que decorreu no dia 11 de Novembro, na sede da Agrotejo, na Golegã. Este encontro serviu para avaliar o papel da associação nas últimas três décadas e perspetivar os desafios futuros para a agricultura regional e nacional. O evento, onde estiveram reunidos representantes de mais de 250 entidades e parceiros, contou com a participação de algumas das mais ilustres figuras do setor e da região, nomeadamente do atual Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, o Presidente da Câmara da Golegã, Rui Medinas, a Secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa , Graça Fonseca e antigos ministros da Agricultura, como Assunção Cristas, Fernando Gomes da Silva e Arlindo Cunha. No decorrer do encontro, o Ministério da Agricultura decidiu atribuir a medalha de honra do ministério à AGROTEJO pelo seu trabalho desenvolvido ao longo das últimas três décadas. “Esta distinção vem reconhecer a capacidade de liderança e de vontade dos agricultores se organizarem, tornando-se competitivos, num “percurso notável” que “corresponde ao da nossa integração europeia”, afirmou Capoulas Santos. Para o ministro da Agricultura, a Agrotejo representa o que de melhor se faz na agricultura portuguesa. Ainda durante a sessão foi anunciado que o projeto de emparcelamento rural de Golegã, Azinhaga e Riachos, vai ser candidatado até final deste ano e o início dos trabalhos está previsto para 2017. “Um sonho antigo de resolver as limitações fundiárias, cujo financiamento tardou em demasia, mas vai chegar. Será uma oportunidade única para a agricultura da região se revitalizar e restruturar, saindo mais fortalecida e preparada para enfrentar os desafios com que hoje se depara”, afirma o presidente da Agrotejo, António de Carvalho. “O emparcelamento vai continuar a ser, nos próximos anos, o grande trabalho coletivo coordenado pela AGROTEJO”, afirma o presidente da Agromais, Luís Vasconcellos e Souza. Este encontro terminou com a apresentação da nova embaixadora do projeto Restolho, a cantora Mafalda Veiga. “Há já cerca de um ano que temos vindo a pensar no quão importante seria termos um rosto para o projeto Restolho. Alguém que divulgasse o projeto tal como ele é, mas que ao mesmo tempo se identificasse de tal forma com ele que fosse mais um de nós, que o vivemos quase diariamente. A Mafalda Veiga aceitou e já é uma de nós.” afirma a responsável pelo projeto Restolho, Alexandra Fernandes. 52 |
ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Sobre a AGROTEJO A AGROTEJO – União Agrícola do Norte do Vale do Tejo é uma associação de agricultores sem fins lucrativos, que têm como principal área de abrangência o Norte do Vale do Tejo e que tem como objetivos principais: promover o desenvolvimento agrícola regional, articular as estruturas associativas da região, representar a agricultura, silvicultura e pecuária, incentivar os agricultores na utilização de boas práticas agrícolas, desenvolver a formação profissional e promover a prática de proteção e produção integrada das culturas.
Sobre o projeto Restolho O projeto RESTOLHO, com o mote “Uma segunda colheita para que nada se perca”, nasceu em 2013, numa parceria entre a AGROTEJO, a AGROMAIS, a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome (FPBACF) e a ENTRAJUDA, no combate ao desperdício alimentar. Nos últimos anos este projeto permitiu reaproveitar 70 toneladas de produtos agrícolas que, de outra forma, seriam desperdiçados. Para mais informações: Teresa Dias (936 450 071) • teresa.dias@agromais.pt
Temos por objetivo apoiar os criadores da Raça Frísia e a produção de leite em Portugal. Pelo melhoramento da raça realizamos e apoiamos: • Registo e certificação genealógica • Classificação morfológica dos efetivos • Emparelhamentos corretivos • Informação e formação profissional... e as solicitações dos associados Av. Egas Moniz, nº 6 - 2º • 2135-232 SAMoRA CoRREIA Tel: 263 651 229 / 31 • Fax: 263 651 228 • E-mail: geral@apcrf.pt
www.apcrf.pt A L I ME N TAÇÃO A N I M A L
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FICHA TÉCNICA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC‑ 500835411
TRIMESTRAL ‑ ANO XXVII Nº 98
AGENDA DE REUNIÕES DA IACA
Outubro / Novembro / Dezembro
DIRETOR Cristina de Sousa
CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ana Cristina Monteiro Germano Marques da Silva Jaime Piçarra Pedro Folque Manuel Chaveiro Soares
COORDENAÇÃO Jaime Piçarra Serviços da IACA
ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA ‑ Av. 5 de Outubro, 21 ‑ 2º E 1050‑047 LISBOA Tel. 21 351 17 70 Telefax 21 353 03 87
Data
OUTUBRO
3
• Reunião CT 37 • Reunião da Comissão Consultiva do setor dos Cereais e Arroz
4
• Grupo operacional Go-Efluentes • Reunião do Conselho Fiscal
7
• Evento comemorativo dos 20 anos da Tecadi
13
• Reunião do Praesidium FEFAC
14
• Inauguração do LABORATÓRIO NACIONAL DE REFERÊNCIA DE SAÚDE ANIMAL
25
• Workshop “Perspetivas dos Mercados Agrícolas”
28 a 30
• Portugal Agro
Data
NOVEMBRO
2
• Reunião com Ambifood
3
• Reunião do Grupo de Diálogo Civil “Culturas Arvenses”
9
• VIII JORNADAS DE CUNICULTURA DA ASPOC
10
• Reunião da Comissão Executiva • Reunião da Direcção • Plenário da SFPM
11
• Evento comemorativo dos 30 anos da AGROMAIS
EDITOR
15
• Reunião de Contratação Coletiva de Trabalho
Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA
17
• Reunião Organismos de Normalização Setorial • Participação no Business2Sea 2016/Forum do Mar
EXECUÇÃO DA CAPA
EMAIL iaca@iaca.pt
SITE www.iaca.pt
23
• Evento comemorativo dos 30 anos da Lusiaves
Pedro Moreira da Silva
25
• 2ª Assembleia Geral – Clube Português dos Cereais Forrageiros de Qualidade
EXECUÇÃO GRÁFICA
28
• Reunião do Comité “Alimentos Compostos” da FEFAC
29
• Reunião conjunta COPA/FEDIOL/COCERAL/FEFAC sobre “Aprovisionamento de matérias-primas proteicas” • Workshop no Parlamento Europeu sobre Proteaginosas
30
• Reunião do Conselho Fiscal
Sersilito ‑ Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471‑909 Gueifães ‑ Maia
PROPRIETÁRIO Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ‑ IACA Av. 5 de Outubro, 21 ‑ 2º E 1050‑047 Lisboa
DEPÓSITO LEGAL Nº 26599/89
Data 1
• Reunião do Conselho da FEFAC
9
• Reunião IACA/FPAS sobre o Porco.pt
12
•Reunião do Comite “ Feed Safety Management “ em Paris • Seminário “Novas Técnicas de Melhoramento: Aspectos Científicos, Técnicos, Sociais e Legais”
13
• EuroFac / FEFAC workshop sobre Salmonelas • Assembleia geral do CiB
21
• Lançamento livro “Agricultores que marcam”
28
• Encontro FPAS: Apresentação do projeto Porco.pt em Leiria
REGISTO EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO
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