Edição Preliminar Curitiba 2019
Autores: Ana Cristina Rissette Schreiber Marcos Schreiber
Ilustração e Projeto Gráfico: Aline Scheffler
Revisão Ortográfica: Elly Claire Jansson Lopes
Revisão de partituras: Letícia Farinhuk
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida, estocada em sistema de banco de dados ou similar, nem transmitida por qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc..., sem a permissão do autor.
APRESENTAÇÃO
Durante muitos anos, temos produzido diversos materiais pedagógicos para editoras, escolas e igrejas. Neles constam muitas atividades pesquisadas, criadas e composições. Nossa primeira publicação foi o áudio do filme Moda Amarela, com a Turminha Smilinguido da Editora Luz e Vida e, na sequência, o nosso primeiro musical “Vida com Jesus”, ainda em fita cassete, cujo embrião começou num acampamento com crianças, onde fazíamos parte da equipe de trabalho - equipantes. Nesse mesmo local, o Acampamento Palavra da Vida no Paraná, nos casamos. Depois disso, não paramos mais, sempre produzindo músicas de louvor e compartilhando com as crianças na igreja, com os filhos, nos cursos, congressos, simpósios e em muitas outras ocasiões. Assim, pela graça de Deus, vamos ensinando e aprendendo mais e mais. Queremos neste livro compartilhar nossas experiências, fruto de muitos anos dedicados ao ministério infantil, desde a pequena Igreja Batista em Tupi Paulista (SP) - Ana, Igreja Batista de Lages (SC) – Marcos, foram muitos anos juntos servindo no acampamento Palavra da Vida (PR) e, ultimamente, na Primeira Igreja Batista de Curitiba. Além de muitas andanças por tantos lugares diferentes e abençoadores, participamos de projetos de grande referência, como a APEC (Aliança PróEvangelização de Crianças), MOPS Brasil em Curitiba (Mothers of Preschoolers), FABAPAR (Faculdades Batista do Paraná) e Projeto PEPE (Programa de Educação Pré-Escolar) da JMM (Junta de Missões Mundiais). O objetivo deste material é disponibilizar ferramentas que possibilitem um direcionamento no Ministério Infantil (MI), em especial nas experiências musicais, com algumas propostas que podem ser adaptadas, recriadas e adequadas à peculiaridade do grupo no ministério infantil de sua igreja ou comunidade, também em sua casa, sua família ou em escolas de música, em ONG´s e demais iniciativas interessadas. O livro vem acompanhado de um CD com algumas canções cantadas por crianças e com os respectivos playbacks. Algumas dessas canções estão em materiais editados anteriormente e outras, criadas especificamente para este material. Disponibilizamos o link Conexões, que traz sugestões de sites, livros, áudios, vídeos de tantas outras pessoas que se dedicam no Reino entre as crianças. Aproveite, recrie, indique. Mas, por favor não copie! Assim, teremos outras publicações para abençoar mais vidas!
An a e M arco s Sc hreib er Deus ab ençoe!!
ALGUMAS PRODUÇÕES DE ANA & MARCOS SCHREIBER
Editora Positivo: • Coleção Música no Ensino Fundamental: 1º ano, 2º ano, 3º ano, 4º ano e 5º ano. • 4 edições de CDs do Grupo Vocal Positivo dos Colégios Positivo em Curitiba. • Coleção Just for Kids; Coleção Eco Mirim; Coleção Mais Cores e Coleção Camiños. Editora do Brasil: • Coleção Fé na Vida; Coleção Conto e Canto; Coleção Ideias para Contar e Coleção Brincando com. Editora Ciranda Cultural: • Produção de áudio em vídeo: Coleção Vipo: As Aventura do Cão Voador e Coleção Histórias da Bíblia. • Produção de áudio: Alegrias do Natal; Tempo de Natal; Conhecendo Meus Dentinhos; Mamíferos, entre outros. • Coleção Pedagógica Alfabetizando Através da Música; Coleção Pedagógica Ciranda Cirandinha; CDTeka de Cantigas Infantis; CDTeka As Melhores Cantigas; CDTeka Bíblica; Lenga La Lenga: Jogo de Mãos e Copos; Coleção Pedagógica Andando com Jesus; Doce Flautear – flauta doce soprano. Editora Luz e Vida: • Produção de áudio e vídeo: Moda Amarela; Smilinguido em Histórias de Formigas e A Invasão. • Produção de áudio: Meu Primeiro Louvor Volume 1 e Volume 2; Musicalizando com a Turminha Querubim: Educação Musical com Princípios para Crianças; Musical: Vida com Jesus, Heróis de Verdade, A Criação; Um Pequeno Natal e É Natal. Editora Arco: • Produção de áudio em vídeo: Cantaokê Mig & Meg para Cantar e Agitar! • CD com livretos: A Semana do Amigo; A Mulher da Sacola; Um Dia de Chuva; Cadê o Campeão? • Diversos Musicais de Natal com Mig & Meg: Natal Brasileiro, Procura-se o Natal, O Plano de Deus, Noite Feliz, O Amor de Deus, Natal de Glória, Celebrando Jesus, Enquanto Houver Natal e Natal Etc & Tal. • Musicais de Páscoa com Mig & Meg: Sua Missão, O Sonho das Três Árvores, A História do Cordeiro. • Datas Especiais com Mig & Meg: Datas Especiais, Um Presente para Mamãe, Para o Meu Pai, Para Mamãe e Papai. • Iniciação Musical com Mig e Meg volume 1 e volume 2.
Edições Cidade Musical: • Coleção de CD´s com Cantigas Bíblicas denominada Cidade Construção: Baby, Pimpolho, Criançada e Galerinha. • Coleção com Cantigas da Cultura Popular denominada Você Conhece Essa? As Muitas Músicas da Cultura Infantil: Parlendas, Brincadeiras Musicais, Prática Instrumental e Acalantos. • Coleção Diversículo: CD Diversículo volume 1, CD Diversículo volume 2, CD Diversículo volume 3, Diversículo Cantado. • Em Espanhol: Diversículo volumen 1 em Espanhol e CD Niños para Jesus. • Coleção Educação Musical: Introdução aos Instrumentos de Placas: Xilofones e Metalofones. • Coleção Brincando com os Sons: Sons dos Animais. • CD Cantando na Escola, CD Nossas Canções, CD Músicas pelo Mundo, CD Família que Boa Ideia. Produções Independentes: • Margareth & Gerson; Claudia Scheffer & Hedy Silvado; Marli Oliveira; Pastor Marcos Freire; Daniela Banks; Samuel Oliveira; Lieza Coelho Carpeggiani; Dina & Lúcio da Jocum, entre outros. Gravou em português, inglês, alemão e agora em espanhol o Hinário da Irmandade de Maria, Bosque de Jesus. • Todas as produções de áudio do Grupo Emme Singers do Palavra da Vida e diversos Corais: Coral dos Servidores da Prefeitura Municipal de Curitiba; Conjunto Psalmos; Grupo Semear; Coral da Fraternidade; Coral Kérix; Coral Luz da Aurora; Coral Girassol; Grupo Celebração Kid´s e diversos corais de colégios em Curitiba.
Conheça o canal DIVERSÍCULOS no Youtube.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que nos inspira e nos dá saúde e criatividade; Aos nossos pais, exemplo de vida, fé e oração; Aos nossos filhos, nossos alunos da vida, sempre; À Aline Gonçalves dos Santos Scheffler pela ilustração e diagramação, a Elly Claire Jansson Lopes pela revisão ortográfica e a Letícia Farinhuk pela revisão de partituras; À Primeira Igreja Batista de Curitiba, nossa comunidade de fé, na qual temos o privilégio em servir; À missionária Lea Marcondes, minha mentora e apoiadora, essencial na organização de todo material deste livro, além de escrever o texto de Missões e reescrever muitos textos; A parceria e incentivo de Elaine Maria de Melo Teramatsu na elaboração deste material e do precioso texto de inclusão; Aos colaboradores e parceiros na leitura do material e indicações valiosas: Tallita Todeschini, Érika Checan, João Mordomo, Maria Terezinha Ritzmann, Micheline Prais de Aguiar Marim Gois, Raquel Rissette Franco e Rosely Jurado; À Larissa e Márcio, da empresa Província Marcas e Patentes pelo apoio financeiro, nossos patrocinadores, sobrinhos e investidores do Reino; Colegas de trabalho e amigos de ministério pela aprendizagem, troca de experiências, vivências musicais e referenciais de fé: Leila Letchakowski Chromiec, Tânia Lúcia Correia, Andrielle Primiano, Sâmela Kavalkievicz Martine, Rosângela Fernandes Moreti, Luciane Simionato, Maive Arndt, Meire Martins, Miriam Bonk, ainda às queridas Esther Beyer e Carmen Neubert, in memorian; Aos pastores Ricardo Lebedenco, Daniel Torres, Thaís Lima, Érika Checan, Waldir Fabrício, Paulo Davi Silva, Ricardo e Gesi Telma Podmowski, Leno Franco e Raquel Rissette Franco e à missionária Viviene Morais de Souza; Aos compositores Daniel Solion e Dago Schelin parceiros no Reino, nossa gratidão; A Família Rissette Franco e Marco Antonio Zarza pela tradução do Diversículo para o Espanhol; E a todas as crianças que nos encantam, ensinam e inspiram.
An a e M arco s Sc hreib er
“Que nenhum homem despreze as crianças ou pense que são insignificantes. Eu reivindico o lugar da frente para elas. Elas são o futuro do mundo. O passado já se foi e não podemos alterá-lo. Até mesmo o presente já se foi à medida que o vivemos... As crianças precisam do evangelho, o evangelho todo, o evangelho inalterado.” Charles Spurgeon Do livro Pescadores de Crianças
COMO É BOM SER UMA CRIANÇA de Marcos Schreiber
Como é bom ser uma criança Traz ao mundo uma esperança Uma luz, tantas canções De amor, de paz às nações Uma herança foi dada a nós Pra plantar e regar Colher, compartilhar...
Faixa 01 | Playback 26 - Como é Bom ser uma Criança, de Marcos Schreiber (CD Ensinando a Bíblia com Música, Ed. Cidade Musical)
ÍNDICE MINISTÉRIO INFANTIL ....................................................................................................................... 09 AMPLIANDO A VISÃO ......................................................................................................................... 14 1. Estacionamento, depósito ou espaço de aprendizagem? ....................................................... 14 2. Departamento ou ministério infantil? . ....................................................................................... 14 3. Voluntário ou servo? .................................................................................................................. 15 4. Currículo limitado ou ampliado? ............................................................................................... 15 5. Inclusão ou exclusão? ............................................................................................................... 16 6. Esclarecendo conceitos: musicalização x ministração .......................................................... 18 7. Recursos ao seu alcance: construindo instrumentos musicais ............................................. 20 MÚSICA NO MINISTÉRIO INFANTIL ................................................................................................... 29 1. Disposição .................................................................................................................................. 32 2. Compromisso ............................................................................................................................. 32 3. Excelência ................................................................................................................................... 35 ALGUNS PROPÓSITOS DO LOUVOR E A ADORAÇÃO NO MI ........................................................... 36 1. Inspirar ....................................................................................................................................... 36 2. Ensinar ....................................................................................................................................... 38 3. Promover comunhão ................................................................................................................. 39 PLANEJAMENTO .................................................................................................................................. 40 1. Equipe .......................................................................................................................................... 40 2. Espaço Físico ............................................................................................................................ 41 3. Tempo ......................................................................................................................................... 42 4. Rotina de Funcionamento ......................................................................................................... 44 4.1 Cadastro ............................................................................................................................. 44 4.2 Recepção ............................................................................................................................ 44 4.3 Lanche ................................................................................................................................ 45 4.4 Atividades ........................................................................................................................... 46 4.5 Despedida ........................................................................................................................... 47 5. Planejamento do culto infantil ou das classes ....................................................................... 48 5.1 Acolhida .............................................................................................................................. 48 5.2 Oração ................................................................................................................................. 50 5.3 História Bíblica ................................................................................................................... 52 5.4 Diversículo .......................................................................................................................... 53 5.5 Ofertório .............................................................................................................................. 55 5.6 Exaltando a Deus com a nossa voz, corpo e instrumentos ............................................. 58 6. Missões ...................................................................................................................................... 71 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 73 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 75 ANEXOS ............................................................................................................................................... 78 Anexo 1: Índice de Repertório do CD ............................................................................................ 78 Anexo 2: Texto sobre a legislação: Segurança e Saúde: cuidados e orientações ..................... 80
MINISTÉRIO INFANTIL
O Ministério Infantil (MI) é um grande desafio para a igreja, pois ele precisa estar integrado a ela, em sua missão e visão. Esse ministério costuma começar na igreja quando Deus coloca no coração do pastor, da liderança e demais membros a visão da importância do trabalho evangelístico e de formação bíblica das crianças. Se a igreja tem uma criança, o MI já existe e pode ser iniciado na prática. O ministério entre as crianças é extremamente dinâmico, acompanha o crescimento, seguindo a faixa etária e suas necessidades, pois elas crescem e mudam rapidamente de grupo. O MI abrange as crianças de 0 a 9 ou 12 anos, colabora e orienta as famílias no processo do ensino bíblico e do desenvolvimento espiritual das crianças. Os pais são os principais responsáveis pela educação cristã de seus filhos e o MI é parceiro, coparticipante neste processo.
“Temam o Senhor, nosso Deus, vocês, os seus filhos e os seus netos, e cumpram sempre todos os mandamentos e leis que eu lhes estou dando e assim vocês viverão muitos anos. Escute, povo de Israel! O Senhor, e somente o Senhor, é o nosso Deus. Portanto, amem o Senhor, nosso Deus, com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças. Guardem sempre no coração as leis que eu lhes estou dando hoje e não deixem de ensiná-las aos seus filhos. Repitam essas leis em casa e fora de casa, quando se deitarem e quando se levantarem. Amarrem essas leis nos braços e na testa, para não as esquecerem”. Deuteronômio 6:2;4-8
Essa é a melhor herança que podemos deixar para os nossos filhos, uma herança incorruptível, que os acompanhará por toda sua vida e às futuras gerações, uma herança de valor.
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HERANÇA DE VALOR de Marcos Schreiber 1. Mesmo sendo pequenino eu já sei Quem é meu Salvador Ele se entregou por mim, por todos nós, Morreu e ressuscitou! 2. Filho meu, és tão querido, Eu quero te falar Essa é a melhor herança Que posso te deixar!
3. Agradeço todo o dia por saber: Jesus é o meu Salvador! Aos meus pais que me mostraram esse amor Herança de muito valor! 4. Chegarão os dias difíceis Então eu vou lembrar Do amor e da esperança, E com Cristo sempre vou caminhar.
Faixa 02 | Playback 26 - Herança de Valor de Marcos Schreiber (CD Ensinando a Bíblia com Música, Ed. Cidade Musical)
No contexto de muitas crianças cujos pais não são cristãos, certamente os valores bíblicos precisam ser semeados. Em muitos casos, as famílias se integram à igreja por meio das crianças, que assumem o papel de criar um caminho onde filhos apresentam Jesus para os seus pais. O evangelho precisa ser proclamado para todas as crianças, de todas as famílias.
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O objetivo principal do MI é levar a criança a viver Cristo em sua totalidade, seguindo o exemplo registrado no livro de Lucas: “E Jesus crescia em sabedoria, em estatura, e em graça diante de Deus e dos homens”. Lucas 2:52
DIVERSÍCULO LUCAS 2:52 de Marcos Schreiber E crescia Jesus Em sabedoria Estatura e graça Diante de Deus E TAMBÉM dos homens.
Faixa 03 | Playback 28 - Diversículo Lucas 2:52, de Marcos Schreiber (CD Ensinando a Bíblia com Música, Ed. Cidade Musical) 11
Esse objetivo maior abrange a proposta de missão da igreja, que é desenvolver um relacionamento intenso com Deus, amar e servir ao próximo e fazer Jesus conhecido de todos os povos, no poder do Espírito Santo e levar as crianças a desejarem cumprir a ordem de Jesus: E disse-lhes: Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Marcos 16:15
DIVERSÍCULO MARCOS 16:15 de Marcos Schreiber
VÃO POR TODOS OS LUGARES E FALEM DO AMOR DE JESUS, A TODAS, A TODAS, A TODAS AS PESSOAS MARCOS 16:15 Versão em Espanhol: Família Rissette Franco e Marco Antonio Zarza. IDE POR TODO EL MUNDO ENTERO Y HABLEN DEL AMOR DE JESUS, A TODAS, A TODAS LAS PERSONAS. MARCOS 16:15 (DIECISÉIS QUINCE)
Faixa 04 | Playback 29 -Diversículo Marcos 16:15, de Marcos Schreiber (CD Diversículo Volume 1 para o CD Ensinando a Bíblia com Música, Cidade Musical) Faixa 05 - Diversículo Marcos 16:15, de Marcos Schreiber com versão em espanhol (CD Diversículo Vol. 1 Edición en Español para o CD Ensinando a Bíblia com Música, Ed. Cidade Musical)
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Viviane Morais de Souza, missionária da APEC (Aliança Pró Evangelização de Crianças), diz “precisamos preparar a criança para viver para Cristo e morrer com Cristo”. Acreditamos que, para alcançar esses objetivos, é necessário que a liderança da igreja tenha compromisso e visão da importância do trabalho com as crianças para a igreja de hoje e do futuro. Elas aprendem e aplicam as verdades bíblicas em sua vida no dia a dia, nas suas brincadeiras, na escola, em casa, na creche e, mesmo sendo crianças, já podem ser agentes de mudança no meio em que vivem. Também é preciso olhar para frente e ver o adulto em que a criança irá se tornar, firmado na Palavra e propagador do evangelho, através do seu trabalho e inserção na sociedade em que vive. Com essa visão simultânea de presente e futuro é que o MI deve caminhar nas suas organizações e planejamentos. O trabalho no MI deve incluir as futuras mamães, ajudando-as a falarem do amor de Jesus para seus bebês, ainda no ventre, pois “a fé vem pelo ouvir”. Romanos 10:17.
Artigo do Jornal Ciência: Feto é capaz de ouvir e cantar músicas com 4 meses de gestação, diz estudo. http://www.jornalciencia.com/feto-e-capaz-de-ouvir-e-cantar-musicas-com-4-mesesde-gestacao-diz-estudo/
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AMPLIANDO A VISÃO
“E tudo o que fizerdes, fazei-o de todos o coração, como ao Senhor e não aos homens.” Colossenses 3:23.
1. Estacionamento, depósito ou espaço de aprendizagem? Precisamos ter muito claro que MI não é estacionamento de crianças, não é escola, nem creche, nem depósito de crianças para que o culto ou outras atividades da igreja aconteçam sem “barulhos infantis” ou outros incômodos. O espaço do MI precisa ser estruturado de forma acolhedora, com atividades lúdicas e atrativas, para que as crianças possam experimentar e aprender os princípios bíblicos da vida com Jesus, de forma contextualizada em sua faixa etária, criando “sede”, “vontade de voltar”, de “quero mais”. O MI é espaço de ensino e ministração tão importante quanto os cultos ou estudos bíblicos dos adultos e requer esse olhar, investimento de tempo, recursos e preparo. Em muitas igrejas, o ambiente do templo onde acontece o culto dos adultos é bem estruturado, com recursos de última geração, mas no MI, o que se tem, são lugares e materiais de baixa qualidade. Por exemplo, instrumentos em condições precárias, salas inapropriadas, móveis inadequados, brinquedos sucateados e o recurso financeiro não é priorizado para se investir no MI. Vale refletir: o ambiente da ministração com as crianças é aconchegante, seguro e atrativo? A comunicação do trabalho realizado no MI deve ser compartilhada com a liderança da igreja e as famílias envolvidas, para que juntos possam crescer, e devemos aproveitar a tecnologia que favorece essa comunicação.
2. Departamento ou Ministério Infantil? Seu espaço de ensino é um departamento ou um ministério? Em muitas igrejas o MI é nomeado como Departamento Infantil. Segundo o dicionário Priberam, a palavra departamento refere-se à repartição administrativa, divisão, setor. E a palavra ministério é ofício de cura de almas ou de ministro do Evangelho. Indicamos nomear como Ministério Infantil, MI, ao invés de Departamento Infantil, pois o próprio nome ministério, já propõe funções de uma ação divina e sobrenatural.
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3. Voluntário ou servo? Outra palavra importante para ampliar a visão no MI é a palavra servo. Segundo Marcondes, (2018, pg. 89), no Corpo de Cristo não existem “voluntários”, existem servos que servem o Deus vivo, servos que ministram na vida uns dos outros. Segundo a lei – voluntário 9.608: Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física à entidade pública de qualquer natureza, ou à instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. Parágrafo único: O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim”. https://voluntarios.com.br/p/leis/ Diante da lei somos voluntários, mas não vemos em nenhuma parte das escrituras a palavra “voluntário” para aquele que serve a Cristo. Encontramos muitos textos com a descrição que somos escravos de Cristo, amigos de Cristo, servos de Cristo. Portanto, é tempo de refletirmos sobre esse conceito em nossas igrejas. Muitos servos que se oferecem para trabalhar no MI, têm o desejo de trabalhar, mas não têm formação bíblica, pedagógica ou musical e muitas vezes pouco conhecimento bíblico, por ser um neófito na igreja. Precisamos ajudar e capacitar esses servos. Como está o investimento na formação da equipe do MI na sua igreja? Com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino da Palavra de Deus no MI, é fundamental investir em encontros de capacitação de líderes, multiplicadores do conhecimento, disseminadores de valores, responsáveis pela formação de toda uma geração. O coração daquele que ama a Deus é solícito em ajudar, pois é um servo bom e fiel, mas muitas vezes a desistência nas atividades do MI é reflexo da falta de preparo. A Palavra de Deus também deixa clara a importância da capacitação, ensinarmos uns aos outros: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e idôneos para instruir a outros”. II Timóteo 2:2. Ao mesmo tempo que ensinamos, aprendemos, com fardo leve, para que o nosso culto agrade ao Senhor – Romanos 12. Muitas pessoas não querem servir no MI, pois “vão perder o culto”. Mas oferecemos a Deus o culto também com as crianças.
4. Currículo limitado ou ampliado? Uma prática comum que observamos no MI, em várias igrejas é a mudança de liderança e, consequentemente, no currículo, que muitas vezes está desconectado ou limitado, prejudicando a qualidade e a sequência do ensino, afetando assim o processo de aprendizagem das crianças. O ensino bíblico necessita de um currículo que atenda seus objetivos a curto, médio e longo
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prazo, com a intenção de trabalhar os princípios e valores bíblicos, ampliar o conhecimento da Bíblia gradativamente de acordo com as faixas etárias. A criança que está no MI desde o berçário e permanece até os 9 ou 12 anos precisa de crescimento e formação espiritual. Qual é a bagagem bíblica que a igreja proporciona na formação espiritual de suas crianças? Marcondes (2018, pg. 159-161), afirma que dentro desta área de ensino é fundamental a escolha e definição de um currículo adequado para cada faixa etária, que contemple uma sequência bíblica coerente, material visual atraente e atividades criativas e desafiadoras, que acompanhem o assunto proposto. Esse é um aspecto que exige critério e visão de curto, médio e longo prazo. Na visão de curto prazo, a criança precisa aprender e aplicar conceitos e princípios dentro da compreensão da faixa etária em que se encontra. A médio prazo, é preciso acompanhar as mudanças e necessidades das faixas etárias, projetando uma sequência curricular lógica e crescente. A longo prazo o currículo precisa contemplar uma visão panorâmica bíblica contínua e conectada, para que gradualmente ela vá se aprofundando na Palavra, em seu relacionamento com Deus. A projeção a longo prazo precisa focar nos objetivos que se deseja alcançar nos anos futuros, para que a criança se torne um adolescente, um jovem, um adulto maduro na fé. Existem diversos materiais disponíveis no mercado que possibilitam um apoio para esta demanda. A equipe do MI precisa compreender essa visão geral pedagógica para poder intensificar o seu trabalho na faixa etária definida. Cada faixa etária tem necessidades específicas que precisam ser atendidas; assim é preciso que toda equipe do MI acompanhe essa dinâmica e isso é um desafio! Por isso é importante que o MI tenha Projeto Político Pedagógico Bíblico (PPPB) documentado e aplicável. Sua igreja já tem?
Capítulo 21 - “O que é e para que serve o PPPB?” - do Livro Educação Cristã na Igreja – Perspectivas em Destaque, Marcondes 2018.
5. Inclusão ou exclusão? por Elaine Maria de Melo Teramatsu “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas”. Mateus 19:14 A ordem de Jesus é bem clara, Ele deseja que aproximemos dele todas as crianças, sem exceção de raça, gênero ou de qualquer outra condição. Ele também complementa a ordem falando que não é para impedi-las. Cada vez mais crianças com necessidades especiais têm chegado ao ministério infantil. Como estamos preparados para recebê-las? Aproximá-las de Jesus? O que fazer? Como agir? Gostaríamos de esclarecer sobre quem são as crianças, público-alvo da inclusão e a terminologia adequada para nos referirmos a elas. De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, considerase pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, a qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. (Brasil, 2015).
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A inclusão se tornou um direito graças à organização da sociedade civil, das ações políticas com base nas contribuições teóricas das ciências humanas e ampliou o entendimento da deficiência sob a perspectiva social e antropológica que, na trajetória histórica, passou de extermínio e segregação a institucionalização e integração. Sob outro paradigma, o processo de inclusão valoriza todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, tendo como base a transformação das estruturas vigentes para participação plena de todos. (Sassak, 2005). A terminologia adequada é decorrente de pesquisas e estão presentes em tratados internacionais. São termos simples, que refletem a realidade das pessoas de forma mais positiva e que são aceitas pelas pessoas com deficiência: pessoa com deficiência física, pessoa com deficiência auditiva (surda) pessoa com deficiência visual (cega), pessoa com deficiência intelectual, pessoa com deficiência múltipla, pessoa com autismo. Pessoas com altas habilidades/superdotação também são público alvo da inclusão. (Curitiba, 2017). Barreiras e acessibilidade são termos presentes quando se fala em inclusão. Barreira, no que se refere ao impedimento, podem ser de diferentes origens (arquitetônicas, comunicacionais, informacionais), mas a origem de todas é a barreira atitudinal. Barreiras atitudinais baseiam-se em preconceitos e estereótipos, que resultam em discriminação. A igreja deve ser um espaço inclusivo. Nos evangelhos encontramos Jesus se aproximando e trazendo para seu convívio a minoria, as pessoas que estavam à margem da sociedade. A Bíblia diz em João 9:2-3: “Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus.” Pensando no contexto do Ministério Infantil, incluir significa ofertar condições de acessibilidade para que todas as crianças possam brincar, cantar, ouvir histórias entre outras atividades que as leve a conhecer a pessoa de Jesus, respeitando suas especificidades. Na prática, a inclusão envolve a capacidade de se lidar com as diferenças e para isso não existe receita pronta. Cada criança é única! A interação entre as crianças com ou sem deficiência, oportuniza a socialização e se torna um aprendizado entre elas, pois é necessário que desde muito cedo saiba conviver com a diversidade, afinal a criança precisa aprender que algumas pessoas possuem diferentes formas de aprendizagem. Na experiência com crianças observamos alguns aspectos que contribuem para a inclusão no ministério infantil: - Acolhimento da criança e da família é fundamental. Muitas famílias têm experiências negativas como bullying e preconceitos, mesmo nas igrejas. Sendo assim, é importante na recepção acolher a família, cumprimentar a criança, conversar com os pais sobre as características da criança, suas preferências, seu comportamento, como expressa suas necessidades e como se comunica. Afinal, são os pais que melhor conhecem a criança e podem trazer ricas contribuições ao MI. Promover a integração da família no MI através de reuniões e encontros com todos os pais, apoiando assim todas as famílias, independente de suas condições. - Disponha uma pessoa da equipe para atender a criança na locomoção, na alimentação, higiene, cuidados pessoais, atuando em todas as atividades, incentivando sua participação. O auxiliar de apoio, deve ser alguém que faça parte da equipe, independentemente se a classe tem uma criança especial ou não. - Quanto ao planejamento das atividades a serem propostas, o importante é saber que cada criança tem seu ritmo de aprendizagem. Cabe ao líder ter um olhar não sobre a deficiência, mas
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sobre aquilo que é possível realizar e participar em conjunto com outras crianças. Segundo as orientações da Declaração de Salamanca, o princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para todos, através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino e uso de recursos adequados. (Unesco, 1994). A inclusão exige que a busca constante de alternativas garanta não somente a convivência, mas também a participação efetiva das crianças. Para tanto, é importante o estudo sobre as características de cada deficiência e quais necessidades educativas especiais para que sejam adaptadas e adequadas não somente as atividades como também os materiais. Precisamos acreditar e contribuir para que a inclusão aconteça de forma efetiva. Jesus não excluiu os surdos ou os coxos, pelo contrário, os acolheu e revelou o Seu poder. Nós precisamos estudar mais sobre o assunto, orar e pedir que Deus esteja à frente para que de fato a inclusão seja efetiva no MI e o poder de Deus revelado a todos. Cumprir a ordem de Jesus no MI, permitindo que todas as crianças se aproximem, é um desafio. Mas não podemos esquecer que Ele mesmo prometeu a presença do Espírito Santo como nosso ajudador e assim, com dedicação e amor, cumpriremos a ordem de Jesus.
Manual de Orientações: Todos Juntos por uma Educação Inclusiva. www.sinepenpr.org.br Livro gratuito disponível: Teologia da Inclusão – A trajetória das pessoas com deficiência na história do Cristianismo. Emilio Figueira. São Paulo: Figueira Digital, 2015. www.emiliofigueira.com Curitiba. Prefeitura Municipal de Curitiba. Secretaria Municipal de Administração. Manual de comunicação escrita oficial da Prefeitura de Curitiba. – PMC, 2013. 78 p. Disponível em http://multimidia.curitiba.pr.gov. br/2013/00139023.pdf Acesso em 15 de jun. 2019. UNESCO. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf> Acesso em: 15 jun. 2019. Terminologia - http://www.pessoacomdeficiencia.curitiba.pr.gov.br/conteudo/terminologia/116#.XJgHiC3OpAY
6. Esclarecendo conceitos: Musicalização x Ministração A música representa uma forma de expressão humana, produz emoções e sentimentos em relação a nós mesmos, ao próximo e ao mundo. Segundo Gordon (2000), músico e pesquisador americano, a música é única para os seres humanos e, como as outras artes, é tão importante quanto a linguagem para a existência e o desenvolvimento humano. Segundo Emerique (2005), brincando, a criança aprende a se colocar na perspectiva do outro, a representar papéis do mundo adulto que irá desempenhar mais tarde, bem como desenvolve capacidades físicas, verbais e intelectuais.
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É fundamental destacar a importância da experiência musical como passo anterior à utilização do código musical (notação tradicional), segundo Judith Akoschky (apud Brito, 2003, p. 9), essa ideia começou a ser ressaltada a partir do final do século XIX por diversos educadores musicais, os quais criaram novos caminhos para o ensino da música, modificando a forma de desenvolver essa linguagem. Assim, a metodologia do ensino da música, tornou-se mais criativa, incluindo, por exemplo, atividade de exploração do mundo sonoro, ampliação do uso de instrumentos e materiais não convencionais, não se limitando apenas à aprendizagem de um instrumento musical específico. Consideramos importante esclarecer os conceitos e objetivos destas duas práticas com crianças: musicalização e ministração. O que é musicalização? Musicalização infantil é um processo que tem como objetivo tornar a criança sensível e receptiva ao mundo sonoro, despertando o prazer de fazer e ouvir música de forma lúdica (Schreiber, 2007). Sabemos que brincar é, além de muito atrativo para a criança, fundamental para um desenvolvimento saudável. Nesse sentido, musicalizar brincando é um processo que completa o desenvolvimento da criança, pois vai ao encontro de seus interesses, proporcionando benefícios que ela própria talvez não consiga avaliar, mas pode sentir e vivenciar. Segunda Penna (1990), o destinatário ideal da musicalização é a criança, pois se iniciado nos primeiros anos não teríamos a arte como privilégio das elites, além de agir no desenvolvimento da criança. O que é ministração? Todo filho de Deus é um ministro do Evangelho. Todos fazem parte de um “sacerdócio real” - I Pedro 2:9, capacitados “para sermos ministros de uma nova aliança” - II Coríntios 3:6. As crianças são “herança do Senhor” - Salmos 127:3, que Jesus quer abençoar - Marcos 10:16. Ministração infantil, envolve um grupo de crianças que se encontram em classe ou no culto infantil, pode ser em células, pequenos grupos multiplicadores, grupos familiares, em casa ou acampamentos e retiros. A ministração compreende tudo o que acontece das ações nestes espaços: acolhida, louvor, ensino bíblico, oração, brincadeiras, jogos, desafios, lanche, etc. Portanto, a ministração tem como objetivo trabalhar os princípios bíblicos planejados para aquele determinado encontro, por meio de estratégias preestabelecidas para cada ação, e a musicalização é uma das estratégias efetivas e disponíveis para nós, ministros do evangelho de Cristo. Ministrar é viver, aplicar, ensinar, estabelecer uma relação entre mestre e discípulo. Jesus é o melhor exemplo de ministração, com exemplo de humildade, domínio e autoridade sobre seus discípulos. Desta forma, a musicalização é um recurso estratégico para ministração às crianças. Utilizar a música como estratégia de aprendizagem é mais uma opção que o líder tem em mãos para diversificar e criar suas práticas pedagógicas no ensino da Palavra de Deus. No MI a música tem como compromisso ensinar a Palavra de Deus com alegria, criatividade, conduzindo a uma experiência de transformação de vidas. Que você, servo de Deus seja um canal de bênção na vida das crianças!
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Rap da Bíblia de Claiton Letchacoski (Livro e CD Andando com Jesus, Ed. Ciranda Cultural ou CD Diversículo Cantado, Ed. Cidade Musical) Novo Testamento de Marcos Schreiber (Livro e CD Andando com Jesus, Ed. Ciranda Cultural ou CD Diversículo Cantado, Ed. Cidade Musical) Bíblia, a Palavra de Deus (Marcos Schreiber do Livro e CD Andando com Jesus, Ed. Ciranda Cultural) A Bíblia de Marcos Schreiber (CD Galerinha, Ed. Cidade Musical) Leia a Bíblia e Faça Oração (Apec) A Bíblia de Ana Paula Valadão (CD Diante do Trono) A Bíblia é a Palavra de Deus de Ana Paula Valadão (CD Diante do Trono)
7. Recursos aos seu alcance: Construindo Instrumentos Musicais
Os instrumentos musicais são citados no livro de Salmos, onde a Bíblia relata o uso de instrumentos no louvor e adoração. Devemos incentivar o uso destes recursos no MI. Em nossa igreja, iniciamos os trabalhos com instrumentos recicláveis e, aos poucos, fomos comprando os instrumentos, obtendo hoje uma ampla opção de escolha. Portanto, se você não tem nenhum instrumento no MI, comece com os recursos ao seu alcance, construindo os próprios instrumentos musicais. Com certeza será um diferencial no trabalho entre as crianças. A construção de instrumentos musicais ou objetos sonoros é uma atividade que desperta a curiosidade e o interesse das crianças, por se tratar de assuntos elementares referentes ao som, sua produção, qualidade sonora, mecanismos de funcionamento, acústica, criatividade e a organização, entre outros aspectos. É interessante, durante a construção de instrumentos, estabelecer relações com a história dos instrumentos musicais e seu papel nos tempos antigos até os dias de hoje, sendo importante dialogar com outros conteúdos, como a educação ambiental. A construção dos instrumentos musicais propicia um ambiente de permanente interação, pois transcendem a linguagem musical integrando diversas áreas do conhecimento. Os materiais utilizados precisam ser seguros, sem nenhum tipo de risco às crianças (arestas que podem cortar, partes muito pequenas que podem ser engolidas pelas crianças pequenas etc.). A confecção de instrumentos precisa sempre da supervisão de um adulto, além de disporem de boa qualidade sonora. Seguem algumas sugestões de construção de instrumentos musicais que podem ser adaptadas, recriadas e ampliadas.
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TAMBORES Os tambores são considerados membranofones, ou seja, seu som é produzido por uma pele (membrana). É um instrumento essencialmente formado por membrana e caixa de ressonância. A membrana pode ser de pele animal (couro de cabra, couro de vaca, etc.) ou de pele sintética (pele hidráulica de uma liga de plástico, napa etc.). A caixa de ressonância pode ter diversos formatos, sendo a mais comum a forma cilíndrica. Os tambores podem ser percutidos com as mãos ou com baquetas. Seguem algumas sugestões para construir tambores. MATERIAIS NECESSÁRIOS: - uma lata higienizada de leite em pó; - duas tampas que encaixem na lata; - cortador de lata; - martelo; - papel canson ou tecido; - tesoura; - fita adesiva colorida; - cola líquida. MODO DE CONSTRUÇÃO: Corte o fundo da lata. Depois, utilizando um martelo, bata nas bordas para alisá-las. Coloque as tampas nos dois lados da lata. Outra opção mais prática é manter o fundo da lata, onde a sonoridade ficará um pouco diferente. Pegue um papel canson e marque com o lápis a altura da lata. Corte no tamanho necessário para envolvê-la e peça para as crianças decorarem como preferirem: colorir, desenhar, adesivar, etc. Se necessário, realize acabamentos com fita adesiva colorida. Outra possibilidade é encapar com tecidos. Pode também ser usado galão de água, de preferência de fundo reto, baldes, barricas (álcool gel, textura...).
Pode ser usado balão para confeccionar o tambor, obtendo uma boa sonoridade. Com o tempo, a borracha resseca e perde a elasticidade, sendo necessária a sua troca.
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Construindo um tambor com couro ou bexiga: MATERIAIS NECESSÁRIOS: - um recipiente, como: lata de leite em pó grande, panela, lixeira, balde, vaso de plástico; - barbante; - fita crepe larga; - bexiga (tamanho big). MODO DE CONSTRUÇÃO: Cortar a bexiga no bocal onde se sopra, começando a arredondar e então ajustando na parte aberta do recipiente, esticando bem. Prender os lados usando barbante. Outra opção é cortar o fundo da lata, amassando a parte picotada para não ficar cortante. Dessa vez, serão necessárias duas bexigas. Prenda-as nos dois lados da lata, usando o mesmo procedimento. Também pode ser feito com couro, comprado em casas especializadas. Deixe o couro dentro da água para amolecer e, depois, corte-o num tamanho maior que a circunferência (boca) do recipiente e então prenda-o com barbante ou arame fino. A decoração do tambor pode ser feita com fita adesiva colorida, papel contact ou tecido. Pesquise ou construa outras possibilidades de tambores, explorando timbres diferentes.
Tambor de bambolês com Marcelo Serralva no youtube ou site: www.marceloserralva.com
BAQUETAS As baquetas podem ser lápis sem ponta, pedaços de madeiras roliças compradas em casas de marcenaria, palitos de churrasco com a ponta de bola de isopor ou hashi unidos pela fita adesiva. Você sabia que a bateria é um instrumento formado por tambores e pratos. O prato pode ser produzido como por exemplo, duas tampas de panela, dois potinhos de sobremesa, duas colheres etc. Ampliando assim as possibilidades de acompanhamentos.
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3 EM 1 DE CONDUÍTE pandeiro, reco-reco e pau de chuva Este é um instrumento fácil de construir e com muitas possibilidades sonoras. MATERIAIS NECESSÁRIOS: - um metro de conduíte flexível (tubo utilizado em construções para proteger os fios elétricos); - fita adesiva cinza silver tape; - pedrinhas de aquário (pequenas); - tesoura e ou estilete. MODO DE CONSTRUÇÃO: Coloque algumas pedrinhas dentro do conduíte e depois feche com fita adesiva. Investigue as possibilidades de tocar este instrumento. É possível explorar o instrumento de diversas maneiras e sons diferentes: • Coloque as mãos dentro do instrumento e gire lentamente e ouvirá o som da chuva – pau de chuva. • Segure com uma das mãos e bata o instrumento na palma da outra mão como um pandeiro. • Raspe uma baqueta na superfície do instrumento como um reco-reco. Se pegar um pedaço de uns 30 cm de conduíte e o girar, pode-se fazer o efeito do som do vento. Crie outras possibilidades.
SONS DA CHUVA Seguem outras possibilidades para construir instrumentos com sons da chuva e trovões, podendo tocar acompanhando as canções ou como efeito sonoro ao contar a história bíblica: a criação, Noé, Jesus acalma a tempestade, entre outras.
CHUCHAVES MATERIAIS NECESSÁRIOS: - chaves - pedaço de madeira - fio de nylon ou barbante MODO DE CONSTRUÇÃO: Amarre as chaves umas às outras, em média quatro para cada fio. Num pedaço de madeira deixe vários furos para que se possa amarrar estes fios com as chaves penduradas. Outra possibilidade, é utilizar tampinhas de garrafas e entre uma tampinha e outra colocar pedaços de canudo.
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EFEITO TROVÃO MATERIAL NECESSÁRIO: - Chapas de raio X (utilizadas em exames radiológicos). MODO DE CONSTRUÇÃO: Para fazer o som do trovão, movimente as chapas com as mãos produzindo o efeito sonoro.
RECO-RECO O reco-reco é um instrumento composto por um corpo de metal, plástico ou madeira. Uma das melhores madeiras para confeccionar o reco-reco é o purungo (árvore). Possui sulcos numa das faces ou uma mola esticada (no caso do reco-reco metálico), sendo friccionado por uma vareta normalmente de madeira ou metal denominada raspador. A fricção pode ser curta ou longa (de ponta a ponta); lenta ou rápida. Alternando uma fricção lenta e uma rápida, é tecnicamente mais interessante em termos de fraseado musical, assim como produzir o som na ida e volta da vareta e não somente em um sentido. Pode-se explorar elementos do cotidiano, como por exemplo o espiral do caderno, o zíper do casaco, o solado de sapatos, similares ao formato do reco-reco. Podemos construir o reco-reco com palitos. MATERIAIS NECESSÁRIOS: - Papelão; - Palito de churrasco; - Alicate de corte ou tesoura; - Cola líquida. MODO DE CONSTRUÇÃO: Corte pedaços de papelão em aproximadamente 5x10 cm. Pegue palitos de churrasco, corte as pontas e, depois, corte ao meio. Peça para as crianças colarem os palitos no papelão, bem próximos uns dos outros (aproximadamente 12 cm) e deixe secar. Decore a parte do papelão do seu reco-reco com desenhos feitos de canetinha, tinta, cola colorida ou giz de cera. Para tocar, utilize um palito de sorvete ou lápis sem ponta para ser o raspador.
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PAU DE CHUVA MATERIAIS NECESSÁRIOS: - Tubo de papel alumínio de preferência mais de 30 cm;
- Alicate de corte;
- Palitos de dente;
- Cola líquida;
- Chave de ponta;
- Pedaço de papelão;
- Pedrinhas de aquário (pequenas) - Durex. MODO DE CONSTRUÇÃO:
1. Pegue um tubo de papel alumínio e marque com a caneta destacando o contorno do papel.
2. Fure com uma chave de ponta, de um lado até atravessar o outro lado do tubo, seguindo o desenho do contorno do papel, numa distância de uns 3 cm de cada furo. É importante ficar atento para acompanhar o contorno do papel.
3. Depois apanhe os palitos de dente e vá colocando em cada furo, acompanhando o contorno do papel, atravessando de um lado para o outro do tubo.
4. Após colocar os palitos, passar uma cola líquida em cada buraquinho para que o palito fique seguro. Deixe secar de um dia para o outro.
5. Corte o que sobrou dos palitos com um alicate de corte.
6. Faça os moldes das vedações das duas laterais com um pedaço de papelão, modelando de acordo com o tamanho do tubo.
7. Cole uma das laterais com cola líquida e reforce com fita adesiva e deixe secar. Depois coloque as pedrinhas de aquário e feche a outra lateral.
8. Pode-se fazer acabamentos com fita adesiva colorida.
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Hoje temos a possibilidade de comprar pau de chuva artesanal nas feiras de artesanato, ou mercados municipais e alguns importados feitos de material acrílico transparente.
CHOCALHOS A diversidade de chocalhos é ampla e rica, podem ser construídos com chaves, água, areia, pedrinhas, grãos, etc. Seguem algumas sugestões: CHOCALHOS COM ÁGUA MATERIAIS NECESSÁRIOS: - 1 garrafa pet 500 ml; - Glitter; - EVA; - Água; - Tesoura. MODO DE CONSTRUÇÃO: Recorte pequenos peixes em EVA ou qualquer outro material que não se deteriore na água. Coloque esses peixes dentro da garrafa pet (já higienizada). Em seguida use o glitter e um pouco de água (não encha totalmente a garrafa). Experimente colocar a lanterna embaixo do chocalho, criando um efeito interessante.
OUTRAS POSSIBILIDADES:
Outra opção é construir com outros recipientes higienizados: embalagens de remédio, doces, garrafas ou diferentes materiais como, por exemplo, areia, arroz e miçangas. A diferença de timbres será de acordo com esses materiais utilizados. Experimente diversos materiais e terá diferentes sonoridades.
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GANZÁ O ganzá é um tipo de chocalho, classificado como idiofone, geralmente em formato cilíndrico feito de um tubo de metal ou plástico. É segurado pela mão do percussionista na parte central do instrumento e deve-se agitar (chacoalhar) para frente e para trás. Os tamanhos dos tubos podem variar até 50 cm e podem ser duplos ou até triplos (sobrepostos e presos por borrachas). Seguem algumas sugestões: MATERIAIS NECESSÁRIOS: - Tubo de papelão (vazio) de papel toalha, leite fermentado ou o tubo do pote de batata; - Material para produzir os sons: miçangas, grãos, contas, pedrinhas ou areia. - Tesoura - Fita Adesiva - Cola Líquida MODO DE CONSTRUÇÃO: Com um papelão ou papel duro faça o molde e recorte duas tampas do tamanho do tubo. Cole uma das tampas com cola líquida e reforce com fita adesiva. Depois coloque uma certa quantidade do material escolhido e tampe o outro lado. Cuidado para vedar bem. Decore como desejar: cola colorida, fita adesiva colorida, papel ou tecido Para fazer com o pote de batata é mais simples, pois as tampas laterais já estão prontas, basta colocar o material escolhido para fazer o som, depois tampar e enfeitar, podendo ser com papel ou tecido. Você pode usar sua imaginação e criar o instrumento com vários tipos de potes e embalagens.
COCOS O coco é um instrumento feito da fruta do coqueiro, muito usado com as crianças nas aulas de música. Se possível, confeccione um par de cocos, para cada criança, utilizando a fruta do coqueiro. Outras opções são utilizar dois copos de plástico, dois tubinhos ou confeccionar com garrafas PET. MATERIAIS NECESSÁRIOS: - Duas garrafas pets iguais de 2 litros higienizadas; - Tesoura ou estilete; - Fita adesiva colorida;
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Reserve a parte superior da garrafa com a tampa para utilizar na construção de sininhos num outro momento. MODO DE CONSTRUÇÃO: Corte as garrafas uns 10 cm acima do fundo. Depois passe a fita adesiva colorida na borda, para não machucar. Outra possibilidade é o professor passar um ferro elétrico aquecido nas bordas. Decore com cola colorida, adesivos, ou como preferir. Investigue as possibilidades sonoras dos coquinhos.
SININHOS MATERIAIS NECESSÁRIOS: - Duas garrafas pets iguais de 2 litros higienizadas; - Tesoura ou estilete; - Fita adesiva colorida; - Guizos (encontra em lojas de pescaria ou armarinhos); - Barbante ou fio de nylon. MODO DE CONSTRUÇÃO: Corte a garrafa na parte superior. Depois passe a fita adesiva colorida na borda para não machucar. Outra possibilidade é o professor passar o ferro quente nas bordas. Abra a tampa da garrafa e amarre o guizo com um fio de nylon ou barbante, deixando pendurado para poder badalar. Depois feche bem. Decore com cola colorida, adesivando ou não, como preferir. Outras possibilidades de “GUIZOS”:
Você pode utilizar um elástico de cabelo para prender os guizos.
Também é possível construir um “Sininho” prendendo os guizos numa barra de madeira.
Se você não tem recursos financeiros para comprar instrumentos, agora você tem muitas opções para fazer instrumentos com materiais alternativos. Experimente e louve ao Senhor com instrumentos: sejam recicláveis, alternativos ou tradicionais. Se você quiser adquirir instrumentos musicais, estes podem ser encontrados em lojas especializadas de música. Temos muitas lojas espalhadas por nosso país, além de muitas opções de importados.
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MÚSICA NO MINISTÉRIO INFANTIL
“Portanto, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, que é fruto dos lábios que confessam o Seu nome”. Hebreus 13:15 O Velho Testamento está repleto de passagens que demonstram que Deus quer e merece ser glorificado entre todos os povos, por todas as pessoas, inclusive as crianças! Um exemplo direto e maravilhoso é o Salmo 96, o Salmo inteiro; mas vamos destacar os quatro primeiros versículos: 1 Cantem ao Senhor um novo cântico; cantem ao Senhor, todos os habitantes da terra! 2 Cantem ao Senhor, bendigam o seu nome; cada dia proclamem a sua salvação! 3 Anunciem a sua glória entre as nações, seus feitos maravilhosos entre todos os povos! 4 Porque o Senhor é grande e digno de todo louvor, mais temível do que todos os deuses! O Novo Testamento não é diferente! Muito pelo contrário, afirma para nós que o que Deus colocou a fazer no Velho Testamento – receber adoração entre todos os povos – Ele vai realizar! Em Apocalipse 5:9: E eles cantavam um cântico novo: “Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação. Observe como Deus tem ordenado que a música faça parte do Seu louvor! Diante dessa visão bíblica, atualmente, que condições têm sido oportunizadas para que nossas crianças possam adorar e louvar a Deus? Disse Jesus que Deus “suscitou” louvor dos lábios das crianças (Mateus 21:16). Simples assim. Como conduzi-las para que de fato entoem o louvor que Deus quer e merece? Jesus acolheu as crianças, pois delas é o Reino dos céus.
“Traziam-lhes crianças para que as tocasse, mas os discípulos as repreendiam. Vendo isso, Jesus ficou indignado e disse: “Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. Então, abraçando-as, abençoou-as, impondo as mãos sobre elas”. Marcos 10: 13-16.
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CRIANÇA É IMPORTANTE de Daniel Solion
Criança é importante, Pois Jesus falou Que dos pequeninos É o Reino dos Céus. Eu posso estar orando E a família ajudar, Na igreja trabalhando E a Cristo aos outros mostrar. Por isso importante Eu sou para Deus, Não importa o tamanho Para ser um servo Seu. Neste mundo inteiro Há crianças como eu, Sempre prontas a servir, Pois Jesus nos escolheu.
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CRIANÇA É IMPORTANTE de Daniel Solion
Faixa 06 | Playback - Criança é Importante, de Daniel Solion (CD Ensinando a Bíblia com Música, Ed. Cidade Musical)
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