Brasil em festa
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om esta edição, o Almanaque Brasil completa 14 anos. Para comemorar, estreia um projeto gráfico que reforça nossa proximidade com a cultura popular. Tanto nos títulos quanto nas vinhetas, adotamos tipografias inspiradas em letras feitas à mão, encontradas em placas, barcos e caminhões nos quatro cantos do País. O logotipo, que tanto sucesso faz desde 1999, foi remodelado, com novas referências. Mas sua premissa original foi preservada. As fotos ganharam destaque e os textos estão mais arejados, proporcionando uma leitura mais agradável, com o objetivo de valorizar os temas e personagens retratados. A edição traz também novas seções. Com o cronômetro girando para o Mundial de 2014, estreamos Todas as Copas, que trará curiosidades, fatos marcantes e destaques de cada uma das edições do torneio. Outra novidade é Design Popular Brasileiro, seção que apresenta a criatividade nacional em peças do dia a dia. Profissionais renomados, artistas de rua e anônimos sem nenhuma pretensão artística frequentarão estas páginas, desfilando criações em roupas, paredes, brinquedos e outros suportes. Tudo sob a influência das cores e formas do País. Quem dá a largada é Marcelo Rosenbaum, que apresenta móveis inspirados na feira de Caruaru, no dourado capim do Jalapão, nos grafismos indígenas. Novos nomes também passam a fazer parte do expediente da revista, inaugurando nosso conselho editorial. É um time de primeira, que desde o início acompanha o Almanaque e – cada um em sua área e à sua maneira – já colaborava e inspirava a revista. Para contribuir com uma visão sobre os esportes, Juca Kfouri. Para a reportagem histó rica, Geneton Moraes Neto. No design brasileiro, Adélia Borges. Na comunicação, João Rodarte. Nas letras, Mario Prata. Nas artes gráficas, Ziraldo. E em todas as artes do palco, Antonio Nóbrega. Comandando essa seleção, Elifas Andreato, idealizador da publicação. Para completar a festa, o Especial traz histórias e curiosidades relacionadas a aniversários. Do Parabéns brasileiro aos docinhos genuinamente nacionais, dos festejos egípcios aos balões com tripas de bicho. E para comemorar conosco não faltam convidados ilustres: Sinatra e Tom Jobim, Darcy Ribeiro e suas 60 mulheres, princesa Isabel e seu aniversário abolicionista. Todos trazem saborosas histórias de almanaque para celebrar esses 14 anos de dedicação ao Brasil. João Rocha Rodrigues, editor
5 você sabia?
22 Todas as copas Uruguai, 1930
34 design brasileiro Marcelo Rosenbaum
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16 PAPO-CABEÇA Alceu Valença
24 Especial
Aniversário
37 Jogos
e brincadeiras
ARMAZÉM DA M E MÓRIA NAC IONAL CONSELHO EDITORIAL Elifas Andreato (coordenação), Adélia Borges, Antonio Nóbrega, Geneton Moraes Neto, João Rodarte, Juca Kfouri, Mario Prata, Ziraldo. Diretor executivo Bento Huzak Andreato Editor João Rocha Rodrigues Editor de arte Dennis Vecchione Redatores Bruno Hoffmann e Natália Pesciotta Designer Rodrigo Terra Vargas Pesquisa iconográfica Laura Huzak Andreato Revisor Eduardo Calil Gerente financeira Joana Darc Oliveira Gerente administrativa Eliana Freitas Assistentes administrativas Geisa Lima e Viviane Silva Assessoria jurídica Cesnik, Quintino e Salinas Advogados Jornalista responsável João Rocha Rodrigues (MTb 45265/SP) Impressão Abril Gráfica PUBLICIDADE Brasília Vertmidia. Fone: (61) 8127-7444. E-mail: solfarias@vertmidia.com.br Rio de Janeiro Fernanda Santa Roza. Fone: (21) 9345-2835. E-mail: fernanda@andreato.com.br São Paulo Eliana Freitas. Fone: (11) 3868-0830. E-mail: publicidade@almanaquebrasil.com.br FALE COM A REDAÇÃO facebook.com/almanaquebr twitter.com/almanaquebrasil redacao@almanaquebrasil.com.br I www.almanaquebrasil.com.br Tiragem auditada desta edição 120 mil exemplares
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O Almanaque é uma publicação da Andreato Comunicação & Cultura.
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Apresentam
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19 o teco-teco
Aumente seu nível de brasilidade e ganhe pontos para trocar por uma infinidade de prêmios Quem assina o Almanaque acumula pontos na rede Multiplus Fidelidade
28 IlUSTRES BRASILEIROS Ademar Casé
38 causos do boldrin ponto final
Pagamento por cartão de crédito ou boleto bancário Central de atendimento ao assinante: (11) 3512-9481 (21) 4063-4320 (51) 4063-6058 (61) 4063-8823 Ou pela internet: www.almanaquebrasil.com.br
Bolo: Boliêr - Ateliê de bolos www.bolier.com.br Telefone: (11) 98442-8665 Baseado em caricaturas de Leandro Spett Direção de arte: Dennis Vecchione e Rodrigo Terra Vargas
9/4/1967 Juscelino Kubitschek volta do exílio. A ditadura militar permite que ele fique no Brasil, mas o proíbe de pisar em Brasília.
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17/4/1980 Começam as obras, em Brasília, do Memorial JK, que abriga os restos mortais do ex-presidente.
Antônio Bastião faz tambores para semear a paz
24/4 dia do talento
Ele planta, entende de cura pelas ervas, é herdeiro de um grupo de congado. Apesar de analfabeto (“No meu tempo, ninguém tinha o direito de aprender a ler”), Antônio Luiz de Matos é reconhecido mestre, com título e tudo. Por isso, já apareceu na televisão, em emissoras como Globo e Rede Vida. Mas chame-o de “mestre” para ouvir como resposta: “Com todo o respeito, é Antônio Bastião”. O maior tambozeiro do vale do Jequitinhonha explica, em entrevista ao Museu da Pessoa: “Eu gosto de ser chamado assim por causa do meu pai, que chamava Bastião. Quando me chamam assim, eu me lembro dele e fico feliz. Na verdade eu tenho uma patente, graças a Deus”. De família de lavradores e oleiros da região de Minas Nova, nordeste de Minas Gerais, Antônio Bastião aprendeu com o pai, que aprendeu com o avô, a tocar e produzir instrumentos de percussão, além das cantigas, ritmos e toques dos escravos. Mais relevante que o conhecimento da madeira de piquizeiro seco, mutambinha ou couro verde, ele recebeu como herança o cuidado com a natureza. “Tem que chegar lá com a alma limpa, fazer orações, escolher o dia certo e ver qual pode pegar para não prejudicar as pequenininhas”, ensina. Bastião acredita, acima de tudo, na importância dos tambores: “Onde o tambor toca, não tem inimizade, não tem briga”. E vai além: “Os tambores conversam com Deus, pode ter certeza”. [NP]
acervo museu da pessoa
saiba mais 20 Anos do Museu da Pessoa no Brasil (Babel, 2011).
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divulgação
Inventor uruguaio transforma lixo em bicicletas
Juan Muzzi e sua Muzzicycle; abaixo, com o presidente uruguaio José Mujica.
15/4 dia mundial do desenhista
No interior do Uruguai, entre fazendas e lavouras, um menino cresceu sonhando com uma bicicleta. Aprendeu que realizar sonhos exige trabalho e perseverança. Do serviço da roça, tirou o suficiente para comprar uma magrela que o levava pelas estradas, com poeira e sorriso no rosto. Mas a família passou por dificuldades. Diante da urgência, a bicicleta foi vendida. O menino virou homem e resolveu escrever a própria história. Juan Muzzi nunca aceitou salário. Vive das ideias, do talento que o fez reconhecido mundo afora por obras e inventos. Mudou-se para o Brasil 44 anos atrás. É empresário e artista plástico. Mais que isso: é um artista do plástico. Preocupado com a enorme quantidade de resíduos que os brasileiros desperdiçam, fechou-se no laboratório. Desenvolveu uma bicicleta ecológica produzida com a reciclagem de 200 garrafas pet. Em duas horas, o lixo vira meio de transporte. “O processo economiza 96% da energia usada para fabricar uma bicicleta comum”, explica Muzzi. A bike de pet, batizada Muzzicycle, foi patenteada em 140 países. Já roda por vários cantos do planeta e em breve não estará sozinha. O inventor pretende criar cadeiras de rodas para deficientes com a mesma tecnologia. Por enquanto, as bicicletas são feitas por encomenda e prometem ser duráveis o bastante para acompanhar os donos por muito tempo. “A pirâmide que deixaremos para nossos netos não será de pedras, mas de pet. O material demora décadas para se decompor. Nunca vai acabar”. Juan Muzzi não é mais o menino pobre do Uruguai, mas ainda persegue sonhos. Agora sobre duas rodas. [Laís Duarte] saiba mais Site da Muzzicycles, com vídeos, fotos e loja virtual: www.muzzicycles.com.br.
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1 Hugo de Grenoble 2 Francisco de Paula 3 Ricardo de Chichester 4 Isidoro de Sevilha 5 Vicente Ferrer 6 Guilherme de Aebelholt 7 João Batista de La Salle 8 Walter de Pontoise 9 Valdetrudes 10 Terêncio 11 Gema Galgani 12 Zeno de Verona 13 Martinho 1° 14 tibúrcio 15 Crescêncio 16 Bento José Labre 17 Donnan 18 Apolônio 19 Expedito 20 Teodoro 21 Inês 22 Vicente da Espanha 23 joão, o Esmoler 24 Francisco de Sales 25 Marcos 26 Paula 27 Zita 28 Tomás de Aquino 29 Catarina de Siena 30 mariana
Somos os maiores importadores do mundo de bacalhau da Noruega. Em 2011, levamos à mesa 32 mil toneladas do “príncipe dos mares”. Portugal chegou em segundo lugar, com 20 mil toneladas.
17/4 dia da botânica
Itamar Assumpção e as Orquídeas do Brasil, na capa de Bicho de 7 Cabeças, de 1994.
Itamar cultivava músicas e orquídeas “Segundo as más línguas, só as plantas gostavam do Itamar.” Com a frase, no documentário Daquele Instante em Diante, o guitarrista Luiz Chagas brinca com a fama de maldito que acompanhou o músico paulista Itamar Assumpção, morto em 2004. Autor de músicas como Nego Dito, Milágrimas e Dor Elegante, Itamar era um artista da noite, que produzia e lançava discos independentes quando isso era uma grande peripécia. Mas, de manhã, gostava da rotina tranquila, de regar suas árvores, flores e mudas. “Se duvidar, na mata ele era mais ele do que no palco”, arrisca o cenógrafo Rick Cukierman. Para a poeta e parceira Alice Ruiz, os cuidados com as plantas eram “a
materialidade da espiritualidade dele”. Uma das espécies mais arredias e difíceis tinha lugar especial no jardim do músico da Vanguarda Paulista: a orquídea. Não visitava um amigo sem levar um vaso com a flor embaixo do braço. Chegava a casa e ia logo procurando um bom lugar para o presente. Itamar não teve dúvida na hora de batizar a banda só de mulheres que tocou com ele nos anos 1990. Nove instrumentistas formaram as Orquídeas do Brasil e o acompanharam na trilogia Bicho de 7 Cabeças. Mesmo sem os cuidados do especialista, elas ainda se reúnem. “Se vamos nos encontrar, sempre brota flor em casa”, conta Tata Fernandes, que trata de desmistificar: “Itamar sempre foi um doce”. [NP]
saiba mais Daquele Instante em Diante, de Rogerio Velloso (2011).
JURAR DE PÉS JUNTOS Durante a Inquisição, na Idade Média, amarrar as mãos e os pés dos acusados ou suspendê-los pela canela eram formas de tortura. De pés juntos, ficava difícil para o réu não confessar as heresias de que era acusado. Veio daí a expressão que enfatiza o compromisso com o juramento, enraizada pelos lusitanos na língua portuguesa. Em Portugal, usa-se “jurar a pés juntos”.
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Divulgação Enderson Araújo
“Mantenha a cabeça fria, se quiser ideias frescas”
23/4 dia municipal da periferia (Salvador)
Enderson e os postais: “A periferia precisa de espaço para empreender”.
André Costa
Nossa homenagem a Aparício Torelly, o Barão de Itararé
Como o animal que o representa, trabalhador da terra, o nativo em Touro esbanja persistência, determinação e racionalidade. Não sabe lidar com preguiça, descompromisso ou irresponsabilidade. Os taurinos costumam ter prazer em cultivar hábitos e gostam de fazer as coisas do seu jeito. No entanto, caso entendam que uma mudança é necessária, não pestaneiam em pô-la em prática. Em geral, são ligeiramente tímidos, mas simpáticos e interessados nos outros à sua volta.
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Jovens baianos apontam lentes e mentes para a periferia Os três são de Salvador. Enderson mora em Cajazeiras, um dos maiores conjuntos habitacionais da América Latina. Tiago vive em Curuzu, bairro com a maior população negra da capital baiana. Itamara é de Sussuarana, lugar que começa a entrar no mapa por ser um polo de produção cultural da população carente. O trio coordena o Mídia Periférica, projeto que desde 2010 direciona lentes e mentes para as regiões mais pobres de Salvador. Tudo começou quando Enderson, aos 19 anos, se matriculou em oficinas de comunicação desenvolvidas pela ONU em parceria com o Instituto de Mídia Étnica. O rapaz ficou incomodado ao perceber como a mídia costuma marginalizar a população dos bairros pobres. Decidiu, por conta própria, criar vídeos sobre as belezas do seu lugar e postá-los na internet. Começava assim a primeira ação do que viria a ser batizado como Mídia Periférica. “Achei que poderia amenizar a imagem da minha comunidade e dar exemplo para as outras pessoas”, explica o diretor executivo e articulador do projeto. Na caminhada, conheceu Tiago e Itamara, uma dupla “disposta a revolucionar a imagem da comunidade por meio da comunicação”. A partir dali, surgiriam blogs, jornais impressos, programas de rádio comunitária.
Algumas ações foram deixadas para trás, principalmente por falta de dinheiro. Mas a disposição e o entusiasmo não esmoreceram. Para eles, nada pode mudar mais a autoestima da comunidade do que os jovens se sentirem empoderados – “transformados em empreendedores sociais ou entendedores do sistema”, explica Enderson. Um exemplo é o Postais da Periferia. A ação é simples, mas transformadora: fotografar os lados belos das áreas mais afastadas da cidade. “Ao trazer o turista para a comunidade, ocorre o fortalecimento do empreendedor local, gera-se renda e valoriza-se a autoestima de todo mundo”, conta. O Mídia Periférica recebeu prêmios de diferentes instituições pelo trabalho. Faz parte da Rede Nacional de Jovens e Adolescentes Comunicadores e foi além dos limites soteropolitanos. Em março, a Unesco convidou Enderson para transmitir sua experiência para grupos de jovens de comunidades periféricas de Brasília. O trio segue antenado às novas tendências da comunicação e com o sonho de ver a periferia orgulhosa, informada e com dinheiro no bolso. “A juventude de comunidade não precisa só de espaço no mercado de trabalho. Precisamos de espaço para empreender. Queremos ser donos do nosso próprio negócio”, conclui Enderson. [BH]
saiba mais Blog do Mídia Periférica: www.midiaperiferica.blogspot.com.br.
fotos que contam histórias jAckson do bongô
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Ele ficou famoso ao mostrar para o mundo cocos como A, E, I, O, U, Ypsilone. Mas, quando começou a aparecer na Rádio Jornal do Commercio, no Recife, a imagem de Jackson do Pandeiro ainda era outra. Em suas primeiras fotos divulgadas, como esta ao lado, o paraibano empunhava um bongô no auditório da rádio, antes de ganhar o microfone e o pandeiro. Era bem a contragosto, diga-se, que ficava responsável pelo bongô, como mostra a expressão amuada na foto de 1949. Protestava ao maestro Nozinho, líder da orquestra Jazz Paraguary: “Eu sou brasileiro, não sou cubano”.
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RUI BARBOsA RESPOSTA NA PÁGINA 35
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Professora transformou a vida das mães dos alunos
30/4 dia nacional da mulher
fossem entregues em nome da mulher, e não do homem da família. A medida reivindicada por elas foi adotada pela CDHU em todo o estado de São Paulo. Hoje a associação comandada por Mirtes e sua irmã Marly oferece cursos de costura, panificação e cidadania, em sede própria e equipada, além de empregar dezenas de mulheres como costureiras. Com a voz pausada e serena, Mirtes se anima com tudo que conta sobre o Movimento. Mas um fato a emociona especialmente. Em 1999, a filha, que então estudava Economia, lhe disse, rispidamente, que o projeto não sobreviveria sem um produto de venda. “Passei a noite toda acordada, até que olhei a manta de bebê que era da minha filha e tive uma ideia.” Criou então o “livro-travesseiro” infantil, carro-chefe da associação, com personagens e detalhes costurados pelas mulheres do bairro. Mais tarde, outros produtos foram sendo acrescentados ao catálogo. Damas e mico preto, por exemplo, viraram jogos em tecido para entreter as crianças enquanto as mães estavam nos cursos. Além de dirigir a associação e cuidar da loja do grupo, Mirtes dá aulas na rede pública e encontra tempo para escrever e recitar poemas. Como? “Quando a gente faz o que gosta, nunca se cansa.” [np]
saiba mais Visite o site do projeto: www.movimentodemulheres.org.br.
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Tudo começou nos anos 1980, na periferia de São Paulo, quando Mirtes de Souza reuniu seus alunos com defasagem de aprendizado a fim de mapear seus problemas. Ficou claro que a desestruturação da família e, em muitos casos, o alcoolismo da mãe influenciavam no desenvolvimento dos pequenos. “Quando você é educadora, não consegue olhar só para a sala de aula.” A partir da iniciativa, uma pequena revolução aconteceu na região. Há quase 30 anos, o Movimento de Mulheres do Jardim Comercial cria oportunidade para as mulheres na Zona Sul de São Paulo. O primeiro passo foi aproximá-las. Em um galpão da escola pública em que lecionava, Mirtes passou a ensinar costura, bordado e outras coisas. O mais importante, porém, era o espaço para que dividissem suas angústias e problemas. As atividades e a união não só livraram várias mulheres de vícios como renderam melhorias concretas para a comunidade. Criação de vagas para ensino médio, aumento de medicamentos em postos de saúde, participação das famílias na construção de prédios populares, remoção de áreas de risco. Não dá nem para enumerar todas as vitórias que elas conseguiram para o bairro nesses 27 anos. Mas dá para arriscar a mais importante: que os apartamentos populares
édi pereira
Mirtes (de faixa) e Marly de Souza (à direita), na sede do Movimento de Mulheres.
A garotinha acima nasceu no Rio de Janeiro em 29 de abril de 1941, mas tem alma – e família – baiana. Dinair (esse é seu nome de batismo) chegou a ser chamada de “Nina Simone brasileira”, nos anos 1970. Tem a quem puxar: pai e mãe eram cantores. Musa de Milton Nascimento e ex-mulher de Gilberto Gil, consagrou músicas de compositores como Aldir Blanc e Dolores Duran. Além, claro, das canções do pai.
llll l lllll RESPOSTA NA PÁGINA 35
O que se colhe em abril Caqui, graviola, kiwi, mexerica, manga, maçã
10/4 MANOEL MOTTA/ abril imagem
dia da mentira
Dia da Sociedade Espírita Dia Nacional da Radiopatrulha
Matheus (à direita apresenta a nova contratação corintiana.
Manobra de Vicente Matheus tirou Sócrates do São Paulo Em 1978, Sócrates, então um jovem meio-campista de 23 anos, começou a se destacar pelo Botafogo de Ribeirão Preto. A revelação do interior paulista chamou a atenção do São Paulo, que demonstrou interesse em contratar o jogador. Conversa vai, conversa vem, ficou quase tudo acertado. “O São Paulo apenas pediu uma semana para levantar o dinheiro”, recordava-se Sócrates. O presidente do Corinthians, Vicente Matheus, também estava de olho no atleta. Mas sentia que havia saído em desvantagem. Eis que bolou um plano inusitado. Ao saber que a diretoria rival iria viajar para Ribeirão para fechar o negócio, pediu que seu irmão, Isidoro Matheus, convidasse o presidente são-paulino, Antônio Leme Nunes Galvão, para negociar a compra do zagueiro são-paulino Chicão. O irmão de Matheus ainda acenou com a possibilidade
de ceder ao rival o lateral Claudio Mineiro. A proposta soou como música para a diretoria tricolor. Com a venda de Chicão, o clube teria dinheiro para trazer Sócrates e, de quebra, ainda ganharia um novo lateral. O mandatário são-paulino adiou a viagem a Ribeirão para receber Isidoro Matheus. Só que o interesse em Chicão era uma grande lorota. Enquanto seu irmão encenava o desejo pelo beque, Vicente Matheus encheu uma maleta de dinheiro, entrou no carro e partiu para Ribeirão. No mesmo dia, fechou o negócio. O resto da história é conhecido: Sócrates tornou-se um dos maiores craques do Corinthians. O destino, porém, tratou de recompensar o São Paulo. Uma década mais tarde, Raí, irmão de Sócrates, foi contratado pelo clube e virou um dos mais importantes ídolos da história do tricolor do Morumbi. [BH]
saiba mais Democracia Corintiana – A utopia em jogo, de Sócrates e Ricardo Gozzi (Boitempo, 2002).
de quem são estes olhos?
Dia do Padroeiro dos Carreteiros Dia Nacional do Caratê Dia da Criança Palestina Dia do Patriarca Dia Nacional do Jornalista Dia Nacional do Correio Dia da Biblioteca Dia da Engenharia Dia do Exército da Salvação Dia da Parteira Dia do Beijo Dia das Américas Dia da Conservação do Solo Dia Nacional da Voz Dia Mundial do Hemofílico Dia do Editor Dia do Exército do Brasil Dia do Diplomata Dia do Metalúrgico Dia da Comunidade Luso-Brasileira Dia Mundial do Escoteiro Dia do Boi Dia do Contador Dia do Engraxate Dia da Empregada Doméstica
Poucos sabem, mas estes olhos de galã apareceram na tevê pela primeira vez em um programa de esportes, na época em que ele ainda era modelo. Já como ator, o carioca nascido em 17 de abril de 1970 ficou nacionalmente conhecido. Foi de índio Peri, no filme O Guarani, a michê, na novela Celebridade, além de ter comandado alguns programas de auditório e até dirigido filmes. Sabe quem é? RESPOSTA NA PÁGINA 35
Dia da Caatinga Dia Universal da Dança Dia da Baixada Fluminense
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Almanaque pra tudo
E
hão de chover almanaques. O Tempo os imprime, Esperança os edita; é toda a oficina da vida”, escreveu Machado de Assis no conto Como se Inventaram os Almanaques. Durante séculos, eles foram uma verdadeira sensação no Brasil. Tinha almanaque de tudo: revolucionários, literários, femininos, masculinos, infantis. E chegavam dos centros urbanos às mais distantes zonas rurais. Mais antigos até do que a imprensa, o dicionário os explica: “publicação periódica com calendário, informações científicas, tabelas, registro de aniversários e textos humorísticos ou recreativos”. Foi inspirado nessas saudosas publicações que, em 1999, o artista
gráfico e jornalista Elifas Andreato criou o Almanaque Brasil, com o objetivo de resgatar um formato editorial saboroso e popular, mas com proposta nova: reunir, a cada edição, o que de melhor o Brasil tem a oferecer. A instituição mais antiga do País foi o primeiro apoiador do projeto que agora completa seus 14 anos. Ligados com a história e a cultura do Brasil, os Correios estão presentes desde a edição inaugural e participaram de diversas parcerias editoriais. Seja na trajetória de vida de ilustres e desconhecidos, em atitudes inspiradoras, na história ou na cultura do nosso povo, há 14 anos o Almanaque endossa a frase do seu patrono, o folclorista Câmara Cascudo: “O melhor produto do Brasil é o brasileiro”.
Você sabia? Milhares de selos já foram emitidos ao longo dos 350 anos de trajetória dos Correios. Dezenas deles mereceram destaque neste Almanaque. De peixes e pássaros a Santos-Dumont e Tom Jobim, não faltaram pequenos grandes exemplos da riqueza e inovação nacional.
CAUSOS DOS CORREIOS
Um milhão Esse é o número de peças no acervo do Museu dos Correios, em Brasília, sobre a centenária história postal do Brasil.
Texto e ilustração publicados originalmente em Novos Causos dos Correios (ECT, 2000).
Histórias que emocionam Por Maria das Neves Gomes, auxiliar administrativa de Aparecida de Goiânia (GO)
Avistei uma senhora recostada na janela e percebi que havia correspondência para aquele endereço. – Tem carta para a senhora – anunciei. – Bem que poderia ser do meu filho Alfredo, que não vejo há anos – suspirou Dona Santinha, enquanto pegava a carta. – Ele era o xodó do meu falecido marido. Até o dia em que brigaram e o garoto foi embora. Ansiosa, Dona Santinha correu para dentro da casa em busca dos óculos. Com as mãos trêmulas, conseguiu ler o remetente: “Luciano Santos e...” – a mulher ficou estática por alguns
segundos – “...Carlos Eduardo dos Santos Neto”. Ela parecia perturbada. – Carlos Eduardo dos Santos é o nome do meu falecido marido! – disse, com a voz embargada. Os óculos embaçados dificultavam a leitura, mas ela foi em frente: “Querida vovó, tudo bem com a senhora?”. Dentro do envelope, fotos e mais uma folha de papel. Era de seu filho Alfredo, que tinha dado dois meninos a Dona Santinha, um deles com o nome do avô. De sacola no ombro e com meu lado maternal falando mais alto, chorei junto.
SELOS DO BRASIL
Água é tema do ano e de selos
Por decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, 2013 é o Ano Internacional das Nações Unidas de Cooperação pela Água. A ideia é suscitar debates e entendimentos sobre a gestão e o uso pacífico do bem natural pelo mundo. A emissão especial de selos dedicada ao Ano lembra a importância do tema para o desenvolvimento sustentável, integridade do meio ambiente e erradicação da pobreza. Repare: a água é mostrada de forma cíclica em torno do globo terrestre, em menção aos valores de sustentabilidade e acessibilidade.
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BRASÍLIA MUSEU NACIONAL DOS CORREIOS
FORTALEZA ESPAÇO CULTURAL CORREIOS
Setor Comercial Sul, Qd. 4, Bl. A, 256. Ed. Apolo. Asa Sul Fone: (61) 3426-1000
Rua Senador Alencar, 38. Centro. Fone: (85) 3255-7262
Oswaldo Goeldi – Soturno Caminhante Até 20/4 De segunda a sexta, das 8h às 17h
Correios – Um Diálogo com Vilém Flusser Memórias Femininas da Construção de Brasília A partir de 10/4
Esporte
Sim, Pode Tocar! A partir de 10/4 De terça a sexta, das 10h às 19h; sábados e domingos, das 12h às 18h
4ª Etapa da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas – FINA (10 km) 13/4, em Cancún (México)
Travessa Cruzeiro de São Francisco, 20. Pelourinho Fone: (71) 3321-6665
Campeonato Brasileiro Júnior Masculino de Polo Aquático 4/4, no Rio de Janeiro
Retratos de Família: A Imigração Italiana na Bahia A partir de 4/4
Troféu Brasil de Saltos Ornamentais De 11 a 14/4, no Rio de Janeiro
De segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 8h às 12h
Esporte
Rua Marechal Deodoro, 470. Centro. Fone: (32) 3690-5715
União & Indústria – Uma Estrada para o Futuro A partir de 4/4. De segunda a sexta, das 8h às 17h
LIII Campeonato Brasileiro Absoluto de Natação (Troféu Professora Maria Lenk – Taça Correios) De 22 a 27/4, no Rio de Janeiro Clínica Internacional de Nado Sincronizado De 7 a 13/4, no Rio de Janeiro
SALVADOR CENTRO CULTURAL CORREIOS
JUIZ DE FORA (MG) ESPAÇO CULTURAL CORREIOS
AQUÁTICOS
Esporte
HANDEBOL Liga Nacional de Handebol Adulto Masculino e Feminino Até 30/8
FUTSAL Liga Futsal Masculina – Competição Nacional 15/4 Taça Brasil Masculino Adulto – Divisão Especial Até 6/4, em Erechim (RS)
RIO DE JANEIRO CENTRO CULTURAL CORREIOS O Diário de William Collett Até 21/4
Taça Brasil Feminino Sub-20 – Divisão Especial De 14 a 20/4, em Recife
A Mão Livre de Luiz Carlos Ripper Até 21/4
Taça Brasil Feminino Sub-20 – 1ª Divisão 7 a 13/4, em Belém
Rua Visconde de Itaboraí, 20. Centro. Fone: (21) 2253-1580
De terça a domingo, das 12h às 19h
Céu sobre Chuva ou Botequim, de Gianfrancesco Guarnieri De quinta a domingo, às 19h
RECIFE CENTRO CULTURAL CORREIOS
Esporte
TÊNIS Circuito Nacional Correios de Tênis Infanto-Juvenil – Etapa Nordeste De 6 a 14/4, em Natal (RN) Série ITF Seniors Brasil – Etapa Brasília De 22 a 27/4, em Brasília
Av. Marquês de Olinda, 262. Bairro do Recife. Fone: (81) 3224-5739
Diário das Frutas Roberto Burle Marx – Obra em Desenho Até 28/4 De terça a sexta, das 9h às 18h; sábados e domingos, das 12h às 18h
Cine Clube Curta Doze e Meia Quintas, às 12h30
SAIBA MAIS:
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ALCEU VALENÇA
“Precisamos cuidar para não nos tornarmos carne de segunda” Ao longo da carreira, ele atravessou diferentes territórios sonoros em busca de uma música original, única. Misturou rock com embolada, pôs guitarra no baião. E segue na batalha pela valorização do que é nosso. por joão rocha rodrigues fotos Gustavo Bomfim
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Ele tinha apenas 6 anos quando pisou no palco pela primeira vez. Em pleno Cine Teatro Rex, em São Bento do Una, soltou a voz com versos de Capiba: “Pernambuco tem uma dança / Que nenhuma terra tem (…) É uma dança / Que vai e que vem / Que mexe com a gente / É frevo, meu bem!” Saiu com o segundo lugar. O ganhador da caixa de sabonetes, prêmio principal do concurso infantil, foi um menino que cantou Granada, em espanhol, imitando Miguelito, astro da época. “Já eu, cantei parecido comigo mesmo, uma música da terra, e perdi. Mas me apaixonei pela ribalta.” Desde então, Alceu Valença segue trilhando seu caminho único na música brasileira, sem filiação a movimentos ou ídolos. “Artista não deve ter ídolo, porque a idolatria provoca imitação. Artistas quando são verdadeiramente artistas são incomparáveis.” No entanto, defende com unhas e dentes as nossas matrizes musicais. “Evoluímos muito nos últimos 10, 15 anos. Mas o Brasil precisa conhecer o Brasil. Precisamos cuidar das nossas referências para não nos tornarmos carne de segunda.”
A infância no interior de Pernambuco foi importante para a sua formação artística? Sem dúvida. Eu sou de São Bento do Una, do agreste meridional pernambucano. Lá ouvi toda a cultura herdada, a cultura ibérica brasileira. Porque em São Bento tinha os aboios no meio do silêncio e da seca, o piado das rolinhas fogo-pagou, o mugido do gado, o relincho dos cavalos. Na feira de São Bento, via os cordelistas lendo seus cordéis, os emboladores e os violeiros tocando nas ruas, os circos quase sempre mambembes que apareciam por lá. Nos alto-falantes, ouvia Luiz Gonzaga, Augusto Calheiros. E a vitrola do meu avô a tocar tudo. Na sua música, esse sertão teve maior importância do que o mar, tão presente em suas composições? O sertão teve uma importância muito maior, foi lá onde tudo começou. Vi o mar pela primeira vez quando, ainda menino, fui passar férias em Olinda. Me lembro bem que, à primeira vista, achei o mar menor do que o açude de São Bento. Depois, fui morar no Recife. Lá conheci o Carnaval. Na minha rua, a rua dos Palmares, moravam de um lado o poeta Carlos Pena Filho e, do outro, o grande compositor de frevos Nelson Ferreira. E eu na residência do meio. Eu era o poeta aprendiz dessa minha rua guerreira, a rua dos Palmares. Era uma rua “carnavalódroma”. Por lá passavam todos os blocos que iam para o centro da cidade: blocos de maracatu, blocos de frevo, blocos de caboclinhos. A cultura de São Bento e essa cultura da rua dos Palmares entraram na minha alma de uma maneira absolutamente natural. Enfrentou resistência da família para tornar-se músico? Meu pai não queria que eu fosse artista. Não queria dar violão, contratar professor. Queria que eu fosse advogado, tinha medo da carreira de músico. Mas a arte correu atrás de mim. Quando vim para o Rio, apesar de o meu pai ter condições financeiras para me bancar aqui, passei necessidade. Vim arrombado, lascado, quase como um retirante.
“Na minha cabeça, artista não tem ídolo, porque a idolatria provoca imitação. Adoro Luiz Gonzaga, mas nunca quis ser ele” Ao longo da carreira, você vem se alimentando de diferentes gêneros musicais: rock, baião, blues, música árabe, coco, ciranda. Apesar de fazer uma música sem fronteiras, bate firme na valorização do que é nosso. Por quê? O meu discurso não muda. É o mesmo desde os tempos de faculdade. Eu sou um ser planetário. Sou um ser planetário porque vivo no planeta Terra. Mas sou de São Bento do Una, sou de Pernambuco, sou do Brasil, sou da América, sou do mundo. Isso vai numa gradação. Não sou tradicionalista, mas respeito a tradição. Sempre respeitei. Respeito, portanto, todas as minhas matrizes. Claro que as coisas vão se acoplando à minha criação. Mas elas vão entrando de uma maneira absolutamente natural, sem artificialidades, sem conveniências. Como isso se manifesta? Eu adoro blues. Gosto muito. Mas não faço blues bem, não sou um grande blueseiro. Nem poderia ser, a minha vivência não é essa. Agora, no aboio, na toada, não existe blueseiro que cante igual a mim. Na minha cabeça, artista não tem ídolo, porque a idolatria provoca imitação. Adoro Luiz Gonzaga, conheço profundamente a música dele, aprendi muito, mas nunca quis ser ele. Assim como artista nenhum deve querer ser Mick Jagger nem Paul McCartney. Aliás, eles não são melhores do que eu em nada, nem eu melhor do que eles. Somos diferentes. É possível dizer que uma papoula é mais bonita do que uma rosa? Não. Papoula é papoula, rosa é rosa. Artistas quando são verdadeiramente artistas são incomparáveis. Já o artista imitador, aí, sim, é comparável. De certa maneira, você costuma cumprir um rito, com shows específicos para cada época do ano. Por quê? É quase uma tradição. Quando chega o Carnaval, canto frevos, maracatus, cirandas. Quando chega o São João, me aproximo da linguagem do baião. É tudo no “ão”: São João, baião, sertão, Gonzagão. Mas também faço outros shows. Em dezembro, toquei num festival em Rio Negrinho, Santa Catarina, fazendo um som superpesado. A sonoridade que eu boto dentro de uma embolada todo mundo pensa que é rock, e não é. Foi quase um Woodstock. A garotada ficou tão entusiasmada que, em determinado momento, as meninas começaram a tirar a roupa, ficaram nuas. O povo endoideceu. Há também shows mais comportados, não? Faço de tudo. No ano passado, toquei com a orquestra de Ouro Preto. Faço também shows menores, com só três pessoas, mais improvisados. Uma coisa mais cool, mais elegante. Por que o Brasil tem apenas que ser brega? Por que tem que descer da música de coração, de referências, bem-arranjada, para fazer uma música que entre nas paradas de sucesso? Sabe quanto tempo essa ilusão dura? Pouquíssimo. A depressão logo começa a pegar o ídolo de conveniência – quase sempre mandado pelo empresário, que, na verdade, é o dono da banda. Esse ídolo passa por um momento de glória imenso e daqui a dois meses acabou o ídolo, por falta de profundidade.
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“Passa longe da minha cabeça ser antiamericanista. Se fosse em alemão, também ia reclamar. Quando é verdadeiro, não estou interessado em que língua se está cantando” Nos anos 1980, você estava muito mais presente na mídia. Mudou a mídia ou mudou você? Eu hoje não estou no meio. Estou na minha. Apareço menos na mídia porque quero. Hoje posso tocar a minha carreira de outro modo. Dá uma olhada no meu Facebook, no meu site, na minha agenda, veja meus shows no YouTube. Há uma multidão acompanhando o que faço. Recentemente, fiz um show em Brasília para 25 mil pagantes. Vivo viajando. Há pouco, vim de Ibimirim, Pernambuco. Logo antes do Carnaval, estava na França, em Portugal. No começo de ano, teve ocasiões em que fiz dois shows por dia. Sou da estrada, gosto da estrada. Isso me faz um bem danado. No palco eu me sinto artista. Fora do palco eu sou um filósofo. Você acredita que falte reflexão no mundo de hoje? Acho que estamos vivendo num tempo em que o visual, a propaganda estão tirando a gente de prumo. Para todo canto que se olha, algo solicita seu cérebro. O cara come, come e fica empanzinado de informações. Come até sem querer, compra até o que não quer. E a discussão profunda fica de lado. Como artista, sempre fiz questão de ter a minha opinião, seguir o meu caminho. Isso é o que me faz artista. O que move você hoje, depois de tantos anos de carreira? A vida é um desafio o tempo todo. Cada vez que entro no palco, é desafio e, ao mesmo tempo, prazer. O que me move talvez seja a minha expulsão do palco de São Bento do Una, aos seis anos de idade. Eu perdi a caixa de sabonetes, que era o prêmio do concurso infantil de música da cidade, cantando É Frevo, Meu Bem!, de Capiba. Quem ganhou foi um menino que cantou Granada, bem parecido com Miguelito, um astro da época. Eu cantei parecido comigo mesmo, uma música da terra, e perdi. Perdi o prêmio, mas me apaixonei pela ribalta. Acredita que músicas suas e de outros grandes compositores que fizeram sucesso nos anos 1970, 1980 não teriam espaço hoje em dia? As circunstâncias da produção musical no Brasil mudaram. O povo gosta do que não presta? Não é isso. Sabe quantas cópias do meu disco Cavalo de Pau foram vendidas? Num ano, mais de um milhão. As pessoas gostavam de Tropicana? Gostavam. Tocava a música até em al-
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deia indígena. O povo gostava de Aquele Abraço, de Gilberto Gil? Gostava. O povo gostava de Chico Buarque? Pra caramba. A dificuldade da boa música hoje é não poder contar com uma boa plataforma de lançamento. Quantas rádios tocam MPB e quantas rádios tocam música em inglês? Passa longe da minha cabeça ser antiamericanista. Se fosse em alemão, também ia reclamar. Quando é verdadeiro, não estou interessado em que língua se está cantando. Ray Charles era um artista verdadeiro. Amy Winehouse era uma artista integral. Sou louco por ela. Fui a um show e chorei como um menino bobo. O que crê que o Brasil pode oferecer de original, de transformador para o mundo? A vida inteira viajei pelo País. Primeiro, jogando basquete. Depois, como artista. Conheço as maravilhas do Brasil. É um país inacreditável, de muitos climas. Somos um continente, uma Europa. E em cada canto floresce uma cultura diferente. A convivência harmônica de todas essas culturas só acontece aqui. O Brasil se miscigenou de maneira muito rápida. Quase de uma vez só, em poucos séculos, misturou o índio com o negro, o negro com o branco. Evoluímos muito nos últimos 10, 15 anos. Se continuarmos nessa medida, em pouco tempo teremos uma sociedade diferente. Porque a gente é manso, é alegre. Mas o Brasil precisa conhecer o Brasil. Precisamos cuidar das nossas referências para não nos tornarmos carne de segunda. No Carnaval de 2013 você andou fantasiado de Danton. O que esse revolucionário francês tinha a nos dizer? Todo ano incorporo um personagem no Carnaval. Já fui Maurício de Nassau, já fui um toureiro chamado Manolete, falando em portunhol. Estava em Paris, entrei em uma loja de fantasias e comprei uma roupa de Danton. Lembrei dos ideais da Revolução Francesa: igualdade, liberdade e fraternidade. No fundo, é o que perseguimos até hoje, não é não? Em determinado momento, perguntaram para Danton: “E como anda a música brasileira?”. E ele respondeu: “Precisa ser tratada com igualdade diante das outras manifestações mundiais”. Esse é o barato dos personagens que vivo. Naquele momento, pude me vestir como um Danton planetário, lutando pelos ideais não da Revolução Francesa, mas da revolução mundial.
É a mais pura verdade: não houve uma criança na história deste País que não tenha acordado ansiosa em um 1º de abril para contar uma mentira para seus amigos. Há as estapafúrdias (“Você sabia que desceu um ET na rua de cima?”), as esportivas (“O Palmeiras contratou o Messi!”) e as de fofoca (“Tá sabendo que o Claudinho começou a namorar a Mariana?”). Para, pouco tempo depois, disparar o balde de água fria (“1º de abril!”), deixando o interlocutor com cara de bobo. Aliás, o Dia da Mentira é também conhecido como Dia dos Bobos e é celebrado no mundo inteiro. A
Já Pensou Nisso? As mentiras, como sabemos, não aparecem apenas em 1º de abril. Estimase que uma pessoa comum conte em média três mentiras por dia. Se isso for verdade, ao fim de um ano, terá contado 1.095 cascatas. Um cidadão que viver 73 anos (a expectativa de vida do brasileiro) terá contado 79.935 lorotas durante a vida. Agora imagine que esse sujeito seja o Pinóquio e seu nariz cresça um centímetro a cada mentira. Em 73 anos, seu nariz terá 799 metros! É quase o tamanho do maior edifício do mundo, em Dubai!
s d i v e rsã
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Mentira tem data
o p a r a p e qu eno s e g r a n d a l h
história começou na França, no século 16, quando um rei decidiu alterar o calendário. Muita gente não gostou da mudança e continuou a celebrar o ano novo à moda antiga. Para fazer graça, uns brincalhões enviavam convites de celebrações de mentira, causando enormes confusões. O primeiro registro da pegadinha no Brasil é de dois séculos atrás. Um jornal pernambucano noticiou em 1º de abril de 1848 que o imperador dom Pedro 2º havia morrido. A notícia, que provocou alvoroço, foi desmentida no dia seguinte. Desde então, somos uma grande nação de mentirosos. Pelo menos a cada 1º de abril.
olho vivo Em 2006, o Almanaque promoveu em suas páginas o Grande Concurso de Mentiras. O ganhador da insólita premiação foi um ilustre brasileiro que inventou idiomas imaginários e pregou peças em apresentadores de tevê e até em amigos como Toquinho e Caetano Veloso. Arrisca dizer quem é? Para descobrir quem é esse famoso cascateiro basta trocar os asteriscos abaixo por letras. O número de cada asterisco indica uma letra escondida na linha correspondente lá de cima. Por exemplo: primeiro asterisco, linha 2: C. E assim por diante.
o que É, o que é? O que a mentira tem que a faz correr menos que a verdade?
R. resposta na página 37
trava língua
R. Loroteiro Bolota da Lorota Loteria
c 17 3
2 10
11 9 16 25 18 9 8 ilustrações: Luciano tasso – www.lucianotasso.blogspot.com almanaquebrasil.com.br
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Mineirão – Belo Horizonte/MG
Aeroporto JK – Brasília/DF
Arena Pantanal – Cuiabá/MT
A Copa celeste País que inventou o futebol, a Inglaterra ficou fora da primeira Copa por divergências com a Fifa. Outros europeus recusaram o convite porque imagens: reprodução
atravessavam crises econômicas.
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a Olimpíada de 1924, em Paris, pela primeira vez seleções de futebol de outros continentes enfrentaram os europeus em um torneio oficial. O Uruguai saiu com a medalha de ouro. Quatro anos depois, na Olimpíada de Amsterdã, novamente os sul-americanos conquistaram a primeira colocação. O presidente da Fifa, Jules Rimet, sentiu que era o momento de criar uma competição internacional de futebol. Nadando na maré de vitórias, o Uruguai foi escolhido como o primeiro país-sede da Copa do Mundo. Não houve eliminatórias para a disputa. Foram convidadas quatro seleções da Europa (Bélgica, França, Iugoslávia e Romênia), sete da América do Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai) e duas da América do Norte (Estados Unidos e México). Coube aos donos da casa disputar a final contra a Argentina. Em um jogo duro, venceram por 4 a 2 e levantaram a taça diante de 70 mil uruguaios que lotavam o estádio Centenário.
O Brasil perdeu para a Iugoslávia por 2 a 1 na estreia. No jogo seguinte, goleou a Bolívia por 4 a 0, mas acabou eliminado.
A taça O troféu do torneio foi desenhado pelo artesão francês Abel Lafluer. O primeiro nome dado à taça foi Victoire aux Ailes d’Or, ou Vitória com Asas de Ouro. A peça apresentava a figura da deusa da vitória segurando uma taça octogonal. Media 30 centímetros e foi feita de ouro com uma base de pedras semipreciosas. Em 1946, foi rebatizada com o nome do idealizador da competição, Jules Rimet.
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FIGU RINHA CARIM BADA
Uruguai Uruguai Uruguai Uruguai
4 x 0 1 x 0 6 x 1 4 x 2
Romênia Peru Iugoslávia - semifinal Argentina - final
O Artilheiro
Guillermo Stábile
El Mago
País: Argentina Idade: 24
Aos 31 anos, o atacante uruguaio Hector Scarone era o mais velho da seleção anfitriã – estivera, inclusive, nos grupos campeões olímpicos em 1924 e 1928. Estreou na reserva, mas entrou no segundo jogo, contra a Romênia, e foi decisivo para conquistar a vitória por 4 a 0. A partir daí não saiu mais do time. Ao fim da Copa, conquistou um apelido da imprensa: El Mago, que lhe acompanharia por toda a vida. Até hoje, é o segundo maior goleador da seleção uruguaia, com 31 gols, atrás apenas de Loco Abreu.
Jogos: 4 Gols: 8
Stábile viu o primeiro jogo da seleção argentina do banco de reservas. Só entrou no segundo porque o titular Roberto Cherro teve uma crise de nervos. Marcou três gols contra o México. Não havia mais como sacá-lo do time. Dali em diante, anotaria ao menos um gol em todos os jogos: dois contra o Chile, dois contra os Estados Unidos, um contra o Uruguai. No ano seguinte, foi contratado pelo Genoa, da Itália. Nunca mais defendeu a seleção de seu país.
, nho, do Fluminense O atacante Pregui gol do Brasil marcou o primeiro a Iugoslávia, em Copas, contra 1. na derrota por 2 a
Duas Bolas? Na final da Copa, Uruguai e Argentina exigiram jogar com a própria bola. Ficou decidido que, no primeiro tempo, jogariam com a bola argentina – resultado parcial: 2 a 1 para os argentinos. No segundo tempo, a Celeste virou para 4 a 2 usando a própria pelota. almanaquebrasil.com.br
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Neste aniversário não vai faltar nada: nem bolo, nem parabéns, nem ilustres convidados. De Frank Sinatra a dom Pedro 2º, todos trazem histórias para animar a festa. TEXTO NATÁLIA PESCIOTTA ARTE RODRIGO TERRA VARGAS BOLO BOLIÊR - ATELIÊ DE BOLOS CARICATURAS LEANDRO SPETT
Tinha eu 14 anos de idade / Quando meu pai me chamou / Perguntou-me se eu queria / Estudar Filosofia / Medicina ou Engenharia / Tinha eu que ser doutor, canta Paulinho da Viola no samba 14 Anos. O Almanaque chegou lá – e sem precisar de doutorado. Nascido sob o signo de Áries, por iniciativa do artista gráfico e jornalista Elifas Andreato e apoio do comandante Rolim, fundador da TAM, este armazém da memória nacional alçou voo pela primeira vez em abril de 1999, há 14 anos. É tempo então de celebrar. Embora pareça óbvio que as comemorações de aniversário tenham surgido
SIRVA-SE BRIGADEIRO Na época da populariza-
ção do leite condensado no Brasil, partidárias do brigadeiro Eduardo Campos para a presidência da República criaram a receita simples. Distribuíam aos eleitores para divulgar o candidato de 1950. BEIJINHO A brasileira Isabelle Ferreira
Arnaud afirma que seu pai, José, foi o idealizador do doce, feito com leite de cabra, antes de ser popularizado como é hoje: leite condensado e coco. 24
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CAJUZINHO O docinho de amendoim
é um patrimônio de aniversário brasileiro cada vez menos usual. Apesar do nome, a única relação com a fruta do cajueiro é a forma, com um pedaço de amendoim em cima. OLHO DE SOGRA Basta reparar na apa-
rência esbugalhada da ameixa sobre o doce de coco para entender a maldosa origem do seu nome.
junto com a humanidade, o costume foi inaugurado pelos egípcios, que a cada ano festejavam o dia do nascimento dos faraós. Tanto os gregos quanto os romanos acolheram a importância do aniversário, palavra do latim para “aquilo que volta todos os anos”. Os ritos para o dia, ligados aos deuses, eram vistos como forma de oferecer proteção ao aniversariante. Até o século 3 a cultura europeia inibiu as comemorações. Mas não teve jeito. Se há algo universal, é a festa de aniversário. A do Almanaque vai ser com a personalidade que o povo brasileiro lhe deu. É hora, é hora, é hora, é hora!
OS BALÕES
“FELIZ ANIVERSÁRIO” JÁ FOI “BOM DIA”
É PIQUE, É PIQUE, É HORA, É HORA, É HORA...
Quando as irmãs Hill inventaram uma cantiga para as crianças do jardim de infância no Mississippi, em 1875, não podiam imaginar que sua melodia atravessaria séculos. Tudo porque, em 1923, outro norte-americano gravou a música com a letra trocada: em vez de “Good morning to all” (bom dia a todos), Robert Coleman cantava “Happy birthday to you” (parabéns pra você). E a cantiga ganhou o mundo.
Há quem jure que o bordão nasceu no bar paulistano Ponto Chic, nos anos 1930. Seria fruto de uma mistura de palavras de ordem comum entre os estudantes de Direito da Universidade de São Paulo. “Pic” era o apelido de um deles, “é hora” saudava a rodada de cerveja gelada. O rajá Timbum, que passara pela faculdade, teria inspirado o grito “rá-tim-bum”.
REPRODUÇÃO
CONCURSO ELEGEU PARABÉNS BRASILEIRO
VERSÃO PORTUGUESA A adaptação de Happy Birthday to You difundida em Portugal leva o nome do aniversariante: Hoje é dia de festa / Cantam as nossas almas / Para o menino Almanaque / Uma salva de palmas!
COM QUEM SERÁ? Não se sabe quem a criou, mas a brincadeira geralmente cantada depois do Parabéns a Você é uma paródia de música clássica alemã. Trata-se da marcha nupcial composta por Wagner. Talvez pela difusão da paródia, a opção não é muito escolhida pelas noivas brasileiras.
Em 1942, a rádio Tupi do Rio de Janeiro organizou um concurso para escolher a letra em português da melodia de Happy Birthday to You. A versão campeã, selecionada pela Academia Brasileira de Letras, foi composta por uma farmacêutica do interior de São Paulo. Filha de fazendeiros, Bertha Celeste Homem de Melo costumava participar de concursos usando pseudônimos. Só ela, entre cinco mil concorrentes, escreveu quatro versos diferentes, sem repetição: Parabéns a você / Nesta data querida / Muita felicidade / Muitos anos de vida.
VERSÃO GAÚCHA No Rio Grande do Sul é usual o “parabéns crioulo”, criado por Dimas Costa e Eliseu Salvador. Nos programas de rádio que apresentava nos anos 1950, Dimas popularizou os versos Parabéns, parabéns / Saúde e felicidade / Que tu colhas sempre todo dia / Paz e alegria na lavoura da amizade.
entraram na festa para agradar às crianças. Talvez um dos primeiros brinquedos da humanidade, já foram feitos de tripas de animais infladas.
AS VELINHAS do bolo têm origem na Grécia Antiga. No sexto dia do mês, os gregos colocavam velas acesas sobre uma torta, em simbologia à lua cheia – homenagem à deusa Ártemis.
DIVISÃO DO BOLO No Brasil, os direitos autorais de 41,67% Parabéns a Você são divididos FAMÍLIA DAS entre a família das compositoras COMPOSITORAS DE MISSISSIPPI de Mississippi (41,67%), a Warner (41,67%) e a família de Bertha (16,66%).
16,66%
FAMÍLIA DE BERTHA
41,67% WARNER
IMPERADOR GANHOU ÓPERA DE PRESENTE
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SINATRA (NÃO) CUMPRIMENTOU TOM JOBIM
REI DA BOSSA NÃO APROVOU VIOLÃO DE ANIVERSÁRIO
No Antônio’s só havia um assunto naquele 25 de janeiro. O reduto da boemia carioca parou com o inesperado telefonema de Frank Sinatra atendido por um garçom. O secretário do americano avisava: “Sinatra quer cantar Happy Birthday to You a Tom Jobim”. Deu para ouvir de longe os gritos de irritação do popstar porque Tom não estava no bar. Na verdade, tudo não passou de um trote do repórter João Luiz de Albuquerque e do empresário Jackson Flores. Só que o maestro nunca soube disso. Morreu garantindo que o companheiro estrangeiro quis cumprimentá-lo em ligação internacional para seu boteco preferido.
João Gilberto entrou na sala escura de dona Boneca Regina, uma senhora que adotou como mãe em Porto Alegre. De repente, a luz se acendeu e iluminou todos os novos amigos gaúchos, que entoaram um animado Parabéns a Você. Já tivesse João a fama que tem hoje, ser vivo algum arriscaria tal surpresa para ele. Mas era apenas o aniversário de 24 anos do excêntrico rapaz que anos depois inauguraria a bossa nova. Além da festa, o aniversariante ganhou um violão. Colocou no colo, tentou alguns acordes e logo fez cara feia. No dia seguinte, tiveram que substituir o presente por outro instrumento.
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O culto dom Pedro 2° era o primeiro da lista de fãs do maestro Carlos Gomes. Tanto que ofereceu ao músico uma estada na Europa financiada pelo Império. No Velho Continente, o brasileiro deixou o público impressionadíssimo com o seu O Guarani. Ao voltar, Carlos Gomes foi recebido como herói nacional. Sua ópera foi apresentada no Rio de Janeiro especialmente no dia do aniversário do padrinho Pedro 2°, aos gritos de “Viva o imperador!”.
TARSILA DO AMARAL presenteou Oswald de Andrade, no aniversário de 38 anos do marido, com um quadro. Considerado obraprima da pintora, ele tem o nome escolhido pelo presenteado: Abaporu.
FESTA ABOLICIONISTA Princesa Isabel comemorou o aniversário de 39 anos de forma especial. Não teve bolo nem velas, mas foi o centro de evento abolicionista. Quatro anos antes da Abolição da Escravatura, ela entregou centenas de alforrias a escravos, uma a uma.
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ÇÃO
Não é todo ano que Jaguar pode comemorar seu aniversário. Mas ele não acha ruim, não. Nascido em 29 de fevereiro de 1932 (data que só entra no calendário a cada quatro anos), em 2012 o cartunista
completou alegados 20 aninhos. “Eu tive sorte de nascer em ano bissexto, porque se tem uma coisa que detesto é comemorar aniversário. Comemorar o quê? De estar um ano mais perto da cova?”
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GARRINCHA NASCEU NO DIA DE SANTO ANTÔNIO,
“Chico, eu desafino até pra cantar Parabéns!”, resmungou o escritor Mario Prata no bar. Chico Buarque provocou: “Duvido. Quero ver”. Bastou a demonstração de desafinamento para o Final do Leblon inteiro emendar no “É pique! É pique!”. Em questão de instantes a comemoração tomou forma. Mario ligou para os amigos e não parou de chegar gente ao bar. A esposa Marieta Severo ficou sabendo e apareceu com as filhas, um bolo e velinhas. A festança tomou conta da rua, interditou o trânsito, atraiu repórteres e não terminou tão cedo. Até um jornal francês registrou a notícia do incrível aniversário de Chico em novembro. Em tempo: o cantor faz anos em 19 de março. Mesmo dia, por sinal, do amigo Mario Prata.
OS 26 ANOS DE NOEL FICARAM SEM RETRATO NEM BILHETE Noel Rosa não era muito de comemorar aniversário. Mas no 11 de dezembro de 1936, o último de sua vida, rendeu-se ao sentimentalismo. O sambista procurou Ceci, sua musa, com quem estava estremecido. A dançarina até tentou ser simpática: “Não esqueci seu aniversário”. Não teve jeito: foi naquela sexta-feira que o Poeta da Vila percebeu, entre silêncios e ironias, que não havia mais nenhum sentimento por parte dela. Já que nada podia salvar a data, Noel compôs o samba-testamento Último Desejo, para muitos sua obra-prima: Nosso amor que eu não esqueço / E que teve o seu começo / Numa festa de São João / Morre hoje sem foguete, / Sem retrato e sem bilhete, / Sem luar, sem violão.
NA COMEMORAÇÃO DE DARCY SÓ ENTROU MULHER “As mulheres são o sal da minha carne, o gosto e gozo do meu viver”, escreveu o antropólogo Darcy Ribeiro. Ele levou o encantamento tão a sério que em seu testamento só aparecem beneficiadas do sexo feminino. Quando completou 70 anos, em 1992, fez questão de uma festa histórica: um almoço só para elas. “Mais de 60 mulheres comeram comigo no dia do meu aniversário”, descreveu no seu Confissões. E se gabou: “Amigas de décadas atrás e amigas de agora, todas esplêndidas, produzidas, maquiadas, perfumadas pra mim. Só pra mim”.
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O DIA EM QUE CHICO NÃO FEZ ANIVERSÁRIO
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13 de junho. Com o pretexto, passava o mês soltando foguetes na rua. O próprio jogador fabricava os fogos.
DORIVAL CAYMMI casou-se com Stella Maris no dia de seu aniversário de 26 anos.
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ADEMAR CASÉ
Inventor do rádio nacional Figura fundamental na popularização do rádio no País, Ademar Casé aliava sensibilidade artística à habilidade para fechar bons negócios. Criou quase tudo: o primeiro jingle, o primeiro contrato de exclusividade, a primeira radionovela. por bruno hoffmann
E
m 1923, o pernambucano Ademar Casé embarcou em um pau de arara para tentar a vida no Rio de Janeiro. Era apenas mais um migrante que deixava para trás as agruras do Nordeste para tentar vencer na vida na capital do País. Uma década depois, já era uma das figuras mais conhecidas, respeitadas e influentes da cidade. O seu Programa Casé juntou gerações de ouvintes em volta do rádio e foi fundamental para tornar popular um meio de comunicação que nasceu elitista. Quase por instinto, o pernambucano criou tudo o que viria a ser feito no rádio dali em diante. O Programa Casé lançou os jingles, os contratos de exclusividade com artistas, as radionovelas, os programas policiais. “Casé fazia em seu programa o que, hoje, um prédio inteiro faz, do comercial ao artístico”, exalta a neta Regina Casé. O apresentador lançou nomes fundamentais da música popular na era de ouro do rádio. Um trabalho de décadas feito com ousadia e criatividade. Para o radialista Renato Murce, “foi Casé quem primeiro valorizou o artista brasileiro: pagava bons cachês e conseguia, com isso, enorme apelo popular e um interesse desusado dos anunciantes”.
ADEMAR CASÉ (1902-1993) Cidade natal: Belo Jardim - PE Artistas lançados: Noel Rosa, Francisco Alves, Almirante, Silvio Caldas. Pioneirismos: jingles, artistas exclusivos, radionovelas, programas policiais.
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Rádio de porta em porta
Ao chegar ao Rio de Janeiro, depois de passar muita necessidade em Pernambuco, Casé fez de tudo um pouco. Até que teve a ideia de vender aparelhos de rádio, que eram então uma diversão elitista. Primeiro, encontrava o nome do chefe da família na lista telefônica. Em horário comercial – quando o sujeito não estava em casa –, ia até o portão e o chamava pelo nome. A mulher dizia que o marido não estava, e ele aí arrematava que tinha de deixar o aparelho para um período de testes. Quando voltava, três dias depois, a família estava encantada com a novidade. O sucesso da estratégia foi tão grande que o dono da rádio Philips resolveu conhecer seu melhor vendedor. Com o tempo – e com algum dinheiro no bolso –, Casé fez uma proposta insólita à Philips: comprar por 60 mil-réis quatro horas de programação da emissora. Nascia em 1932 o Programa Casé. No início, transmitia duas horas de música popular e outras duas de música erudita. Mas percebeu que nas duas primeiras horas os ouvintes, empolgados, não paravam de ligar. Nas outras duas, o telefone permanecia em silêncio. A decisão pareceu óbvia: a programação só traria artistas que o povo queria. Era a hora de correr atrás dos anunciantes. Casé sabia negociar como poucos. Dificilmente fazia um mau negócio. “Se não gostar, não precisa pagar”, disse ao dono de uma padaria ao oferecer espaço na programação. Com o negócio fechado, pediu ao compositor Nássara que fizesse uma música para anunciar o produto. Nascia o primeiro jingle brasileiro: Ó padeiro desta rua / Tenha sempre na lembrança / Não me traga outro pão / Que não seja o pão Bragança. Baseado somente em seu tino comercial, Casé propôs contratos de exclusividade com os grandes artistas do momento. Em volta de apenas um microfone poderia ter gente como Noel Rosa, Francisco Alves, Almirante, Silvio Caldas,
“ele fazia em seu programa o que, hoje, um prédio inteiro faz, do comercial ao artístico”, exalta a neta Regina Casé. Carmen Miranda, Aurora Miranda, Araci de Almeida. A proposta era boa para todos. Os artistas recebiam bom pagamento mensal e visibilidade e Casé tinha só para si as vozes mais famosas da cidade. Precursor do estilo global
Durante os anos seguintes, o Programa Casé passaria pelas rádios Sociedade, Transmissora, Ipanema e Mayrink Veiga. E seu idealizador ia tendo novas ideias pelo caminho: em 1936 lançou a primeira radionovela – sucesso estrondoso de público. Em 1937, a primeira história policial fictícia. Em 1940, a primeira encenação de crimes reais. Dias Gomes dizia: “Tudo o que quiser aprender de criatividade no rádio é com o Casé”. Em 1950, encantou-se com as primeiras transmissões de tevê. No ano seguinte, já estreava na TV Tupi com o próprio programa. Para Boni, Casé inaugurou o estilo que viria a ser feito na Globo. “O Casé posicionava tudo no palco, não tinha buraco. Esse ritmo que há hoje na Globo certamente é herança dele.” Na mesma década, criou sua própria agência de publicidade. Dois enfartes durante a década de 1960 interromperam a carreira de sucesso. Manteve a vida com tranquilidade até 7 de abril de 1993, quando morreu, aos 91 anos. “Casé foi aquele nordestino sem temor, deixando para a história do rádio a sua presença como um vínculo de grande importância. Deveria ser monumento, troféu, nome de logradouro”, reverenciou o compositor Fernando Lobo.
imagens: acervo família casé
saiba mais Programa Casé – O que a gente não inventa, não existe, documentário dirigido por Estevão Ciavatta.
Elenco do Programa Casé, com Noel, Pixinguinha, Donga e João da Baiana. Ao lado, o radialista já aposentado. almanaquebrasil.com.br
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60 anos
1968-1972
Petrobras resolveu desenvolver o campo. Queria treinar seus empregados na nova fronteira exploratória. A aposta mostrou-se acertada: se nas décadas de 1960 e 1970 o Brasil produzia em campos onshore (em terra) cerca de 170 mil barris por dia, com a ida para as águas rasas a produção saltou para 650 mil barris por dia. Em Guaricema, foram testadas tecnologias pioneiras voltadas para os campos marítimos. Lá foi utilizada a primeira plataforma de perfuração flutuante feita no Brasil, a P-1, equipada com uma sonda capaz de perfurar poços de até quatro mil metros de profundidade.
m meados da década de 1960, estudos da Petrobras revelaram que o litoral brasileiro poderia conter quantidades significativas de gás e petróleo. A primeira descoberta no mar aconteceu em Sergipe, no campo de Guaricema, em setembro de 1968, e foi o marco da produção offshore no Brasil. A descoberta foi comemorada com euforia. Mas o baixo preço do barril de petróleo no mercado internacional, aliado ao elevado custo da infraestrutura necessária ao desenvolvimento da produção em mar aberto, desestimulava novas investidas. Mesmo assim, a
Funcionários da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, enfeitam esfera de gás para incentivar os jogadores brasileiros que iriam disputar a Copa de 1970, no México.
ens Petrobras Banco de Imag
Banco de Imagens Petrobras
O mar é a grande aposta E
Enquanto isso... “É um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade”, afirma
A seleção brasileira
torna-se tricampeã mundial de futebol ao conquistar a Copa do Mundo de 1970. Para levantar o caneco, o escrete canarinho – tido como um dos maiores times de todos os tempos – teve de derrotar Tchecoslováquia, Inglaterra, Romênia, Peru, Uruguai e Itália. Foi a última Copa disputada por Pelé. Arquivo/AE
o astronauta norte-americano Neil Armstrong, ao tornar-se o primeiro homem a pisar na Lua, em 1969.
De olho no futuro
Pré-sal a todo vapor
A
primeira descoberta de petróleo na camada pré-sal ocorreu em 2006. Hoje, a produção do pré-sal é uma realidade que põe o Brasil em posição estratégica diante da grande demanda de energia mundial prevista para as próximas décadas. Em fevereiro deste ano, a Petrobras anunciou que a produção no pré-sal das bacias de Santos e Campos atinguiu a marca de 300 mil barris de petróleo por dia.
O número foi alcançado apenas sete anos depois da primeira descoberta. Trata-se de um intervalo de tempo inferior ao que foi necessário em outras importantes áreas de produção marítima mundiais. Na porção norte-americana do Golfo do México, por exemplo, foram necessários 17 anos após a primeira descoberta para chegar a 300 mil barris diários. Em 2017, a estimativa da Petrobras é que se produza mais de um milhão de barris de petróleo por dia no pré-sal.
A usina protótipo de Irati
Claus Meyer/Câmara 3 Fotografia
, em São Mateus do Sul, Paraná, produz o primeiro barril de óleo de xisto em escala semi-industrial do Brasil, em 1972. Foi a comprovação da operacionalidade do Processo Petrosix, tecnologia desenvolvida por técnicos da empresa e depois patenteada em vários países.
Nasa
Reprodução
Salvador Allende é eleito presidente do Chile em 1970. Seu governo durou três anos. Em 11 de setembro de 1973, tropas de extremadireita lideradas pelo general Augusto Pinochet bombardearam o palácio presidencial e tomaram o poder, impondo uma ditadura que durou até 1990.
1968-1972
BR, uma distribuidora criada para liderar o mercado N
Banco de Imagens Petrobras
o início dos anos 1970, o Produto Interno Bruto do Brasil crescia a taxas superiores a 10% ao ano, impulsionando o consumo de derivados de petróleo. Como responsável pelo abastecimento nacional, a Petrobras viu-se diante da necessidade de investir no aumento da capacidade de refino. Com a missão de contribuir para o desenvolvimento do País, comercializando, distribuindo e industrializando derivados de petróleo e outros produtos, em 1971 a Petrobras criou a subsidiária Petrobras Distribuidora, a BR. Companhia de economia mista, a empresa passou a disputar espaço com as outras distribuidoras em igualdade de condições. Em quatro anos, conseguiu sair do terceiro lugar que ocupava, atrás da Shell e da Esso, para a liderança do mercado, posição que nunca mais perderia.
Colômbia, Iraque e Madagascar tornam-se Banco de Imagens Petrobras
os primeiros países estrangeiros a contar com pesquisas da Petrobras, em 1972. Foi o ano da criação da Braspetro, empresa subsidiária da Petrobras com atuação internacional. Em 1973, as explorações estenderam-se ao Egito e Irã.
Enquanto isso... Entra em vigor o AI-5
, acirrando a repressão do regime militar brasileiro. O ato institucional assinado em 13 de dezembro de 1968 permitia ao presidente estabelecer o recesso indeterminado do Congresso Nacional, cassar mandatos e suspender os direitos políticos e garantias individuais de qualquer cidadão.
estreia na TV Globo em junho de 1970. A novela escrita por Janete Clair causou furor. Em seu ápice, teve audiência maior do que a final da Copa do Mundo do México, entre Brasil e Itália.
Reprodução
Irmãos Coragem
De olho no futuro
Tecnologia que corre em seu motor
A
Petrobras Distribuidora investe continuamente em pesquisas e projetos científicos de tecnologia. Foi a primeira companhia a utilizar bombas eletrônicas para abastecimento e a comercializar álcool hidratado e gás natural como combustíveis automotivos. Também foi a primeira a fornecer óleos combustíveis ultraviscosos, reduzindo expressivamente os custos nas indústrias. A BR foi ainda pioneira ao lançar no País o óleo de última geração classe SJ, o Lubrax SJ, em simultaneidade com os Estados Unidos. Lançou, além disso, o primeiro lubrificante para motores a álcool, o Lubrax Álcool, e o lubrificante ecológico Extra Diesel. Quando se fala em Lubrax, a maioria das pessoas lembra logo da linha automotiva. Mas a família é bem maior. São mais de 120 produtos que atendem também aos setores industrial, de aviação, ferroviário e marítimo.
Maior refinaria do País, a Refinaria de Paulínia é Nelson Chinalia
inaugurada em fevereiro de 1972, três meses antes da data prevista. Até hoje, os mil dias em que a Replan foi construída são uma referência para a indústria do petróleo.
Arquivo/ AE
do modernista Mário de Andrade, ganha as telas em 1969. A história do “herói sem nenhum caráter” teve direção de Joaquim Pedro de Andrade e contou com Grande Otelo, Paulo José e Dina Sfat como protagonistas.
Reprodução
Macunaíma, baseado na obra
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MARCELO ROSENBAUM
fotos: divulgação
laura huzak Andreato
Brasil multiplicado
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Apesar do sobrenome estrangeiro, as características nacionais estão em cada centímetro dos produtos idealizados por Marcelo Rosenbaum. “Sou 100% brasileiro”, afirma o descendente de russos, alemães, portugueses e italianos nascido na Grande São Paulo. Seja com referências de festas tradicionais, padrões indígenas, flores do cerrado ou tecidos do imaginário popular, ele faz do design “uma ferramenta para valorizar a diversidade cultural do Brasil”. Isso quando a “ferramenta” não é usada também para a transformação social – e não só em programas de tevê, onde comanda o quadro Lar, Doce Lar, na Rede Globo. Desde 2010, o projeto A Gente Transforma, capitaneado por ele, promove a autoestima e a renda de comunidades por meio do design – seja no Capão Redondo, em São Paulo, ou na Chapada do Araripe, no Piauí. Trabalhando com produtos de borracha em Várzea Queimada ou com capim dourado no Jalapão, Marcelo aposta no potencial criativo da população para transformar as comunidades, inserindo-as no mercado competitivo. “Acredito que seja este o meu trabalho: usar o meu potencial, que conquistei pelo trabalho, de um jeito multiplicador.” abril 2013
COLEÇÃO JALAPA Em 2009, Marcelo viajou até a divisa de Tocantins e Bahia para desenvolver novos objetos de capim dourado junto com tradicionais artesãs do Jalapão. Em parceria com o Sebrae e o Projeto Piracema, a vivência aliou sabedoria popular ao aperfeiçoamento dos produtos. “Fizemos o exercício de observar o cotidiano delas, as belezas da região e buscamos incorporar essas formas nos objetos”, contou.
COMO NA FEIRA Patrimônio cultural do Brasil, a maior feira livre do mundo impressionou o designer pela simplicidade e improvisação. Os desenhos dos móveis inspirados em Caruaru se aproximam das soluções originais encontradas no agreste de Pernambuco. Até J. Borges, maior xilogravurista do sertão, foi convidado a participar, com desenhos inéditos.
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BANCO-CESTO A peça se apropria da tradição indígena da cestaria, que “une beleza e função”. As cordas trançadas são as mesmas geralmente usadas em barcos.
ORIGEM O papel de parede que remete a sementes foi feito para a única marca brasileira do setor e integra a coleção Origem.
FILETAGEM A sofisticada técnica dos desenhos de carrocerias de caminhão inspirou o jogo de louças.
MATA NO SOFÁ O padrão do estofado que imita cestaria faz parte da linha Caetê, que, em tupi, quer dizer mata frondosa. O designer descreve as estampas: “Usei os grafismos indígenas em uma cartela de cores que remete à natureza. Trabalhei as padronagens de uma forma sutil, como um relevo”.
saiba mais Visite o site do designer: www.rosenbaum.com.br.
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teste o nível de sua brasilidade 1 Em 4/4/1909, é fundado em Porto Alegre: (a) Estátua do Laçador (b) Estádio Olímpico (c) Parque Farroupilha (d) Sport Club Internacional
5 Em 20/4/1971, a Skol lança a primeira cerveja do País: (a) Em lata (b) Sem álcool (c) De trigo (d) Gourmet
MARQUE sua pontuação no termômetro ao lado
2 Programa humorístico que estreia na TV Globo em 5/4/1988: (a) Zorra Total (b) TV Pirata (c) Chico City (d) A Praça É Nossa
3 Estreia em 7/4/1919 o grupo
6 Em 25/4/1979, é fundado em
7 Inaugurado em São Paulo em 27/4/1940: (a) Feira da Liberdade (b) Copan (c) Estádio do Pacaembu (d) Viaduto do Chá
musical Os Oito Batutas, sob a liderança de: (a) Noel Rosa (b) Tom Jobim (c) Pixinguinha (d) Villa-Lobos
Salvador o grupo musical e cultural: (a) Olodum (b) Filhos de Gandhi (c) Dodô e Osmar (d) É o Tchan
4 Em 15/4/1940, Juscelino Kubitschek é eleito prefeito de: (a) Maceió (b) Rio de Janeiro (c) Ouro Preto (d) Belo Horizonte
8 7 6 5 4 3 8 Em 30/4/1946, o presidente 2 Eurico Gaspar Dutra põe na 1 ilegalidade: 0 (a) Samba (b) Cassino (c) Minissaia (d) Umbanda
ligue os pontos
Palavras Cruzadas
Refrigerante criado há 66 anos em Minas Gerais. Sua fórmula mistura extratos de guaraná e das ervas mate e chapéu de couro. Bebida inventada em 1925 por um imigrante alemão que vivia em Blumenau. Até hoje faz sucesso nas mesas de Santa Catarina.
Lançado artesanalmente em 1954 no sabor tutti frutti, seu nome faz referência a uma conhecida cidade do interior paulista.
CARTA ENIGMÁTICA “Um país sem memória não é apenas um país sem passado. É um país sem futuro.” Rui Barbosa
DE QUEM SÃO ESTES OLHOS?
O QUE É, O QUE É? Perna curta. SE LIGA NA HISTÓRIA 1d (Guaraná Jesus),
2a (Mate Couro), 3c (Itubaína), 4b (Laranjinha).
BRASILIÔMETRO 1d; 2b; 3c; 4d; 5a; 6a; 7c; 8b.
J. F. DIORIO/AE
ENIGMA FIGURADO Nana Caymmi.
Márcio Garcia
Um farmacêutico criou a fórmula do refrigerante em 1920. Extremamente popular no Maranhão, a marca foi comprada pela Coca-Cola em 2001.
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Muito elogio atrapalha
ponto final
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“terrinha?”, estranhou o caboclo intrometido. “então a fazendona que ocê tem é terrinha?” – Hum... E onde o senhor pensa em morar? – Num ranchinho que eu tenho... E o intrometido: – Ranchinho? Ora essa! Então aquele casarão com 10 quartos, piscina e tudo mais é ranchinho? Meu Deus do céu! A essas alturas, nervoso, o pretendente começa a se coçar no pescoço. – Tá coçando o quê? É picada de mosquito? – Nada, não. É uma manchinha à toa que me apareceu no pescoço hoje de manhã, seu Florêncio. E o intrometido, pra finalizar: – Manchinha à toa? Quar! Ocê tá é podre, lazarento... Que manchinha o quê? Deixa de ser simples, sô!
rodrigo terra vargas
Era o dia do pedido da mão da moça em casamento. O namorado estava nervoso, inseguro. Eis que aquele caboclinho intrometido se ofereceu pra ir junto com ele à casa da namorada “ajudar com uns elogios”. O rapaz aceitou, e lá foi a dupla. O pai da moça, um daqueles fazendeirões bravos, foi logo perguntando o que o pretendente tinha para oferecer à filha. – Bão, seu Florêncio... Eu tenho umas terrinhas... O intrometido logo cortou: – Terrinha? Então aquela fazendona que ocê tem lá em Goiás é terrinha? É chão que num acaba mais! – E criação? O senhor tem criação nessa fazenda? – Bão... Uma coisica de nada... Umas cabeças de gado... E o intrometido, novamente: – “Umas cabeças de gado”... Três dias inteiros num dão pra contar o que ele tem de gado, sô! É de perder de vista!