Almanaque Brasil 149 - Setembro 2011

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O menino de dona Gilda

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á poucos dias, respondendo perguntas de uma professora de design que escolheu minha obra gráfica para sua tese de mestrado, precisei explicar porque Portinari foi minha primeira influência. Até então, sem maiores explicações, eu apenas me referia à série Meninos de Brodowski, que vi na infância em três páginas retiradas da revista O Cruzeiro. Na época em que as páginas me chegaram às mãos, eu já decorava o refeitório da fábrica onde trabalhava. Aos sábados, o ambiente era promovido a salão de baile por dona Gilda, assistente social que tinha por mim um cuidado especial. Aqueles desenhos de Portinari feitos a carvão me deram a certeza de que eu também podia desenhar. Sempre que os mencionava como primeira influência, me lembrava apenas de tê-los visto e guardado, sem me preocupar em saber de onde vieram, como chegaram até mim. Durante a entrevista, pela primeira vez percebi que aqueles meninos se pareciam comigo. Eram pobres e trabalhadores como eu. Talvez tenha sido isso, e não os desenhos em si, que

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me fizeram artista. Tudo que fiz desde então traz essa lembrança. Dei a pergunta como respondida e seguimos conversando. Terminada a entrevista, me lembrei de uma velha pasta onde guardo todos aqueles recortes. Chegando em casa, fui procurá-la. Lá estavam, em folhas amareladas, os meninos de Portinari, além de desenhos dos renascentistas Rafael, Da Vinci, Michelangelo e do muralista Diego Rivera, e também outros do brasileiro, feitos com lápis de cor para ilustrar Dom Quixote, de Cervantes. Ao vê-los agora, tantos anos depois, a memória antiga que o envelhecimento aviva com impressionante nitidez me lembrou dona Gilda dizendo que Portinari não podia mais pintar, pois estava gravemente doente pela contaminação do chumbo presente na tinta a óleo. Só então me dei conta de que era ela, dona Gilda, a bela fada madrinha que juntava o que havia de arte nas revistas para que eu, sem perceber a beleza do gesto, tomasse gosto pelo que viria a ser a minha profissão. E foi assim, quando tudo estava circunscrito na pequena felicidade de não ser mais aprendiz de operário, que um anjo generoso apostou num menino igualzinho aos de Portinari. Um menino que o tempo preserva num velho corpo, para que o homem crescido não esqueça que em toda criança brilha essa pequena luz que chamamos de esperança. Elifas Andreato

Ensinar é o maior dos atos de otimismo. Colleen Wilcox, educador norte-americano

índice 5 carta enigmática 8 você sabia? 15 PAPO-CABEÇA Olivier Anquier

18 Ilustres Brasileiros Josué de Castro

24 eSpecial

Singularidades no mapa

28 Viva o brasil São Francisco do Sul

www.almanaquebrasil.com.br

31 brasil na tv CANTOS E LETRAS 34 JOGOS E BRINCADEIRAS 35 O Teco-teco 36 em se plantando, tudo dá

Cogumelo – parte 4

38 bom humor: nosso e dos leitores capa Rodrigo Terra Vargas

ARMAZÉM DA M E MÓRIA NAC IONAL Diretor editorial Elifas Andreato Diretor executivo Bento Huzak Andreato Editor João Rocha Rodrigues Editor de arte Dennis Vecchione Editora de imagens Laura Huzak Andreato Editor contribuinte Mylton Severiano Redatores Bruno Hoffmann e Natália Pesciotta Revisora Liliane Benetti Designers Guilherme Resende, Rodrigo Terra Vargas, Soledad Cifuentes e Daniela Santiago (estagiária) Gerente administrativa Fabiana Rocha Oliveira Assistente administrativa Eliana Freitas Assessoria jurídica Cesnik, Quintino e Salinas Advogados Jornalista responsável João Rocha Rodrigues (MTb 45265/SP) Impressão Gráfica Oceano PUBLICIDADE Fernanda Santiago e Jacqueline Carone (11) 3873-9115 e-mail: publicidade@almanaquebrasil.com.br Distribuição em voos nacionais e internacionais:

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dominical na Rádio Nacional, com seis horas de duração, lançou cantores como Roberto Carlos, Luiz Gonzaga e Elis Regina. Participaria ainda de diversos filmes, com destaque para os do Cinema Novo, muitas peças importantes e outras tantas novelas. Foi Albertinho Limonta, em Direito de Nascer; coronel Ramiro Bastos, em Gabriela; Tucão, em Bandeira 2. No programa humorístico Balança Mas Não Cai, foi o Primo Rico, fazendo par com Brandão Filho, o Primo Pobre. “Vamos deixar de lado os entretantos e ir direto aos finalmentes!”, exclamava seu personagem mais marcante: Odorico Paraguassu, em O Bem Amado. Morreu em 4 de setembro de 1995. “Eu representei na vida e vivi no palco”, dizia. E completava: “Cada personagem é uma vida. Tenho pena de quem vive uma vida só”. (NP)

A foto ao lado, de 1985, registra um encontro de bambas: Paulo César Pinheiro, Beth Carvalho, Nelson Cavaquinho, Chico Buarque, João Bosco, Carlinhos Vergueiro, Cristina Buarque e Mauro Duarte. A turma se juntou para gravar um disco em homenagem a Nelson Cavaquinho. O título, Flores em Vida, faz referência à clássica música Quando Eu Me Chamar Saudade, em que o compositor pede que se alguém quiser fazer algo por ele, que faça enquanto estiver vivo. A homenagem veio a tempo. Nelson morreria poucos meses depois, em fevereiro de 1986. Na contracapa, Paulo César Pinheiro sentenciou: “Nelson é o sambista que mais me arrebatou e emocionou”.

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REPRODUÇÃO

prefeito de Maceió não queria saber do filho ser ator: “Se subir num palco, saio da plateia e arranco pela gola”. Mas a mãe foi cúmplice. Deu a Pelópidas uma reserva de dinheiro para alguns meses e lá se foi ele para o Rio de Janeiro – “a pé”, como costumava dizer. Assim começou a história de um dos grandes nomes do rádio, da televisão, do teatro e do cinema brasileiros. Depois que chegou na então capital da República, seu bolso esvaziou-se em menos de um mês. Estudava Direito e sobrevivia com pequenos favores e malandragens, muitas vezes dormindo ao relento. Até conhecer uma garota de um grupo de teatro que o levou para os palcos. De lá, fisgado pelo rádio, tornou-se um dos maiores radioatores dos anos 1940. E também apresentador de sucesso. Seu programa

Setembro 2011




10/9/1972

25/9/1989

S E T E M B R O

Feijoada na casa de Reali Jr. conquistou até Sarney 8/9 A

enigma figurado

dia internacional do jornalista

O sujeito da

foto, nascido em São Paulo em 2 de setembro de 1960, chegou

nos de chumbo no Brasil. A ditadura militar (1964-1985) obrigou muita gente de esquerda a deixar o País. Em Paris, a casa do jornalista e correspondente Reali Jr. acabou se transformando numa espécie de embaixada informal dos brasileiros exilados na Europa. Gente como João Goulart, Leonel Brizola, Glauber Rocha e Miguel Arraes costumava bater cartão, seja para falar de política ou simplesmente para apreciar a deliciosa feijoada preparada por dona Amélia, mulher de Reali. O jornalista, que morreu em abril de 2011, conseguia informações exclusivas com tanta gente importante em sua casa. Um dia, porém, o apartamento recebeu uma visita inesperada. Havia um almoço com intelectuais e políticos de esquerda. Um amigo telefonou para perguntar se podia “levar o Zé”. O anfitrião, sem saber de quem se tratava, respondeu: “Claro, traz o Zé”. Só se espantou quando abriu a porta e descobriu que o Zé era José Sarney, ligado ao governo militar. O clima ficou estranho e houve algumas provocações. Mas Sarney saiu-se bem. “Ele até parecia ser um esquerdista entre os exilados. Apertaram-no de todas as maneiras possíveis, Sarney tirou de letra. Passamos uma tarde agradável”, lembrou Reali. Anos após o inusitado almoço, Sarney fez questão de visitar o apartamento de Reali. Nem tanto pelas discussões políticas: “Nunca esqueci daquela feijoada”, confessou o ex-presidente a dona Amélia. (BH) Arquivo/AE

a ingressar na Faculdade de Letras da USP,

mas o estouro grava nacional da banda de rock que inte os. palc s pelo o fez trocar as salas de aula Suas músicas chamaram a atenção ário, pela originalidade e pelo tom liter s. Hoje, lista pau inspiradas nos concretistas entre a já fora da banda, divide o tempo r quem é? música e a literatura. Arrisca dize

R.:

SAIBA MAIS Às Margens do Sena, depoimento a Gianni Carta (Ediouro, 2007).

Inauguração do metrô agitou de políticos a senhoras católicas

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primeira linha de metrô do mundo foi tempo do coral da instituição se apresentar. inaugurada em Londres em 1863. Já os Até Adoniran Barbosa fez referência à brasileiros só puderam usufruir desse meio de novidade, em Triste Margarida: Eu disse a ela transporte a partir de 14 de setembro de 1974, que eu trabalhava de engenheiro / Que quando São Paulo inaugurou a linha que unia o metrô de São Paulo estava em minhas Jabaquara e Vila Mariana, na zona sul da cidade. mãos / E que se desse tudo certo / Ela seria a A inauguração provocou uma pequena primeira passageira na inauguração... comoção em São Paulo. Dezenas de políticos Além da musa de Adoniran, foram Operários na inauguração da primeira linha de metrô brasileira. se acotovelaram para tirar vantagem do transportados 10 mil passageiros no primeiro acontecimento. Houve distribuição de santinhos, trem sendo benzido e dia de operação. Hoje, as cinco linhas do metrô paulistano transportam três (BH) integrantes da Liga das Senhoras Católicas revoltadas porque não deu milhões e meio de passageiros por dia. Antonio Lúcio/AE

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Emerson Fittipaldi ganha as 200 milhas de Nazareth, nos Estados Unidos, e se torna o primeiro brasileiro a conquistar o título da Fórmula Indy.

Reprodução

Emerson Fittipaldi ganha o Grande Prêmio da Itália e se torna o primeiro brasileiro a conquistar o título mundial de Fórmula 1.

No site do A lmanaque , leia uma matéria da época sobre a inauguração do metrô de São Paulo.

Fases da Lua

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Reprodução

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Oficina ensina: no teatro vivo, tudo é linguagem cio dia na tro do tea

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o começo, poucos tinham fé nos engomados estudantes de Direito que se apresentavam em casas da elite paulistana. Aos poucos a importância do Teatro Oficina foi tão reconhecida que a classe artística fez até uma vaquinha para o grupo inaugurar uma sede própria, em 1961. Depois de apresentar Célia Helena, José Wilker, Beatriz Segal e tantos outros em atuações inovadoras, o grupo mantém-se efervescente após mais de 50 anos. O “teatro vivo” chegou não apenas propondo uma linguagem atual e a interação total de atores com público. O principal é “a preocupação de fazer um teatro diretamente ligado à realidade do País”, define o diretor José Celso Martinez Corrêa. Nos anos 1970, O Rei da Vela, texto de

Oswald de Andrade, foi o grito Tropicalista nos palcos. A montagem é encarada como parte do movimento de Gil, Caetano, Tom Zé e companhia, e também como manifesto do Oficina. O programa anunciava “um teatro na base da colagem. A literatura, a música, a conferência, o discurso, a chanchada, a obscenidade. Tudo é instrumento de expressão. Tudo é linguagem”. Não por acaso, o grupo é referência no teatro brasileiro de vanguarda. Apesar da reformulação para Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona e da saída de alguns fundadores, como Renato Borghi, os ideais seguem firmes. Pela arquitetura moderna e pelo que representa, a sede projetada por Lina Bo Bardi (NP) é tombada como patrimônio brasileiro.

Amyr Klink remou 101 dias para atravessar o Atlântico E

Arquivo/A E

No site do ALMANAQUE, acesse o documentário Teatro Oficina – DNA 50 anos, de Elaine Cesar (2008).

m 1984, Amyr Klink estava pronto para pôr em prática um projeto que preparava há três anos: ser o primeiro homem a fazer sozinho a travessia do Atlântico Sul num barco a remo. O governo da África do Sul, de onde partiria o barquinho, o fez assinar um temeroso papel pelo qual eximia o país de qualquer responsabilidade sobre a sua segurança. Houve três tentativas anteriores de realizar o feito – dois navegadores desapareceram e um foi resgatado. O jovem de 27 lançou-se ao mar a bordo do Paraty, uma embarcação de seis metros. A rotina em alto-mar era dura. Acordava de madrugada e remava duas horas e meia sem parar. Almoçava e voltava a remar, com intervalos de 15 minutos para descansar. Ao todo, ficava quase 10 horas por dia nos remos. Com um ou outro contratempo, a viagem correu conforme programou: 101 dias e sete mil quilômetros depois, em 18 de setembro de 1984, Amyr chegou à costa da Bahia e entrou para a (BH) história. “É o dia mais feliz da minha vida”, disse, emocionado. No site do Almanaque, leia uma entrevista exclusiva com Amyr Klink.

Origem da expressão Vá pentear macaco Pentear um asno soa como algo inútil. Por isso, um provérbio português do século 17 aconselhava os desocupados: “Mau grado haja a quem asno penteia”. O macaco entrou na história só no Brasil. Mas também influenciou os colonizadores. Como os portugueses até o século 17 não conheciam a palavra “macaco”, criou-se a expressão “vá bugiar”, até hoje usada em algumas regiões portuguesas, com o mesmo significado do nosso “vá pentear macaco”.

1 quinta 2 sexta 3 sábado 4 domingo 5 segunda 6 terça 7 quarta 8 quinta 9 sexta 10 sábado 11 domingo 12 segunda 13 terça 14 quarta 15 quinta 16 sexta 17 sábado 18 domingo 19 segunda 20 terça 21 quarta 22 quinta 23 sexta 24 sábado 25 domingo 26 segunda 27 terça 28 quarta 29 quinta 30 sexta

Beatriz Guilherme Gregório Magno Rosália Bertino Eleutério Clodoaldo Adriano de Nicomédia Pedro Claver Nicoleu de Tolentino João-Gabriel Perboyre Guido João Crisóstomo Materno Catarina de Gênova Cornélio Roberto Belarmino José de Cupertino Januário Eustáquio Mateus Evangelista Maurício Lino Vicente Maria Strambi Firmino Cosme e Damião Vicente de Paulo Venceslau Rafael Sofia

Durante o século 11, o camponês Guido distribuiu seus poucos bens aos pobres e partiu numa peregrinação que durou sete anos, visitando santuários como Roma e Terra Santa. Na volta, tornou-se sacristão de uma igreja, dedicando sua vida totalmente à causa religiosa. Figura humilde e discreta, passou a ser notado após milagres que ocorreram logo após sua morte.

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Libra Laura HA

22-9 a 23-10

Os librianos são, acima de tudo, sujeitos equilibrados. Não é à toa que o símbolo do signo regido por Vênus é uma balança. É difícil ver um libriano apostar num negócio arriscado ou numa paixão avassaladora. Mas não pense que isso seja sinônimo de mesmice. Pelo contrário. Estão sempre bolando novidades, mesmo para realizar as mais triviais tarefas. E são ótimas companhias. Qualquer ambiente fica mais agradável com a presença de um libriano.

Por amor, primeiro 1/9 ídolo corintiano roubou o próprio clube

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Pianista e alfaiate: A galeria uniu dupla inseparável 6/9 C

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Reprodução/Revista Sports, setembro de 1921

dia do

alfaiate opacabana, Rio de Janeiro. Pelo mar de lojinhas de todos os tipos do mais antigo centro comercial do Brasil, entre sex shops e lojas de música, o número 342 é de um alfaiate. Onildo Bernardo de Souza, 72 anos, costura uma camisa. Ivonir Fisher da Cunha, 77 anos, toca piano. O pianista passeava por ali em data que não lembra mais, e viu que o alfaiate brincava com seu teclado dentro da loja. Entrou e pediu para tocar. Vendo o talento do futuro amigo, o alfaiate que queria ser pianista comprou para o pianista que queria ser alfaiate (“É sério!”, os dois riem juntos) um piano elétrico. Dali em diante, nos tempos vagos, Onildo costura e Ivonir toca. Ou vice-versa. Ivonir mostra que toca mesmo. Um piano despretensioso e tranquilo como a maioria de suas respostas, que são de um vagar comovente. “Toco há mais de 20 anos, há mais de 50...”, diz. Onildo fala cheio de orgulho: “Agora você vai ver a fera”. Ali, nada de saudosismo. Só música, amizade e, claro, camisas e calças sob medida.

história entrou para o folclore do futebol: numa partida entre Corinthians e Palestra Itália, atual Palmeiras, o atacante corintiano Neco se irritou com o goleiro adversário e ameaçou agredi-lo com o cinto que segurava os calções dos atletas à época. O jogador morreu jurando que apenas tirou o cinto para ajustá-lo melhor, mas o caso ajudou a acirrar a maior Neco: 17 anos e 235 gols pelo alvinegro paulista. rivalidade do futebol paulista. Neco é o jogador que por mais tempo vestiu a camisa do Corinthians. Entre 1913 e 1930 foi o ídolo maior do time. O atacante marcou 235 gols e ajudou a equipe a ganhar seus primeiros oito títulos paulistas. Se deu cintadas ou não, o fato é que quase sempre arrumava confusão com os palestrinos. Uma vez, um diretor alviverde tentou suborná-lo para o Corinthians perder. Ele fingiu aceitar o acordo, mas marcou os gols que decretaram a vitória corintiana. E ainda gastou o dinheiro em cerveja com os amigos do clube. De tão apaixonado, chegou a “roubar” o clube por amor. Em 1915, o Corinthians estava ameaçado de fechar e ter seus bens penhorados. O atacante então buscou todo o patrimônio possível e escondeu em sua casa. Merecidamente, foi o primeiro jogador a ganhar um busto na sede do clube. Também integrou a seleção brasileira em sua primeira conquista, o Sul-Americano de 1919. Com a fila sem títulos do clube, iniciada em 1954, Neco sofreu demais. Temia nunca mais ver o amado Corinthians ser campeão. E foi o que aconteceu. Morreu em 1977, quatro meses antes do time (BH) ganhar da Ponte Preta e sair da fila de 22 anos sem títulos. Assista no site do A lmanaque ao jornalista Celso Unzelte contar histórias sobre Neco.

de quem são estes olhos?

(Thiago Camelo, do Rio de Janeiro-RJ – OVERMUNDO)

SAIBA MAIS Leia outros textos sobre alfaiates em www.overmundo.com.br

estação colheita O que se colhe em setembro Jaboticaba, uva itália, mexerica, kiwi, manga, mamão.

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trazem no DNA a herança de dois Os olhos dessa carioca nascida em 15 de setembro de 1965 para também tornar-se um rosto pais dos o profissã mesma a seguiu Ela ros. brasilei grandes atores na televisão. Em seu papel mais lmente principa r conhecido. Atua no cinema e teatro, mas é popula es com o marido. confusõ as divertid vivia que mulher uma a vida deu conhecido, Confira a respost a na página 34


Record tinha 7 até na placa dos carros

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urante todos os jogos da seleção brasileira vitoriosa na Copa do Mundo do Chile, em 1962, o chefe da delegação usou exatamente o mesmo terno marrom. Havia um motivo especial para o paulistano Paulo Machado de Carvalho insistir no figurino: era o mesmo que usara na final da Copa do Mundo de 1958, quando a seleção canarinho venceu o torneio pela primeira vez e ele consagrou-se como Marechal da Vitória. Mas o terno não era o único simbolismo herdado da final de 1958. Importante para ele era que, somando o Paulo Machado de Carvalho placar – Brasil 5 x 2 Suécia –, dava o número 7. Entre muitas crenças e costumes inusitados, o algarismo despertava em Paulo comoção especial. Dizem que todas as notas guardadas em sua carteira tinham o número de série terminado em 7. Quando o advogado construiu um verdadeiro império no mundo das comunicações, o número da sorte também o acompanhou. É por isso que a tevê que criou, a Record, veio a ocupar o canal 7. Pelo mesmo motivo entrou no ar em 27 de setembro de 1953. Claro que a estreia era para ter sido no dia 7, mas a montagem dos equipamentos estrangeiros atrasou a festa. No entanto, a sorte foi providenciada em pequenos detalhes: todos os carros da emissora, por exemplo, tinham 7 como o último número das placas. A estreia foi um sucesso, com apresentações de Dorival Caymmi, Inezita Barroso, Adoniran Barbosa, Isaura Garcia, orquestra e bailarinos. E assim, investindo em humor e música brasileira – com destaque para os inesquecíveis festivais – a emissora ganhou espaço, escrevendo um dos principais capítulos da televisão brasileira. (NP)

Laura HA sobre foto Arquivo/AE

D

SAIBA MAIS O Marechal da Vitória, de Tom Cardoso e Roberto Rockmann (Girafa, 2005).

Arquivo/ AE

50 mil receberam Arraes na volta do exílio

Recepção de Miguel Arraes, em 1979 no Recife.

“E

le está voltando”, anunciavam pichações nos muros do Recife. Agricultores se organizavam em caravanas para a recepção na capital pernambucana. Um caminhão de som convidava para a festa em Juazeiro, Ceará. Até um frevo popular na época foi adaptado: Arrastaí virou “Arraes taí”, em homenagem ao ex-governador de Pernambuco.

Miguel Arraes estava há 15 anos sem pisar em solo brasileiro, desde o golpe militar de 1964. A forte chuva daquele 15 de setembro de 1979 não impediu que ele fosse o exilado com maior recepção após a Anistia. Os jornais da época falam em 50 mil pessoas. Depois de um comício no Ceará, seu estado natal, Arraes seguiu para Pernambuco, onde discursou ao lado de lideranças como Luiz Inácio Lula da Silva, José Serra e Ulysses Guimarães. Concluiu citando Drummond: “As armas que trago são poucas. São as mesmas de antes, aquelas evocadas pelo poeta: Tenho as mãos e o sentimento do mundo”. Com tal munição, se elegeria governador de Pernambuco nas duas eleições seguintes. (NP)

No site do A lmanaque, veja imagens do retorno de Arraes e leia seu discurso na íntegra.

1 Dia do Profissional de Educação Física 2 Dia do Florista 3 Dia do Guarda Civil 4 Dia da Brasilidade 5 Dia da Defesa da Amazônia 6 Dia do Cabeleireiro 7 Dia da Independência do Brasil 8 Dia da Dedicação 9 Dia do Veterinário 10 Dia do Gordo 11 Dia do Árbitro Esportivo 12 Dia da América Latina 13 Dia da Dona de Casa (MG) 14 Dia do Frevo (PE) 15 Dia do Musicoterapeuta 16 Dia do Aniversário da Cidade de Maceió 17 Dia Municipal da Costureira (SP) 18 Dia do Perdão 19 Dia do Garçom 20 Dia do Gaúcho 21 Dia Municipal do Rock (SP) 22 Dia da Banana 23 Dia da Internet 24 Dia do Soldador 25 Dia da Tia Solteirona 26 Dia do Policial 27 Dia do Cantor 28 Dia do Lavrador 29 Dia do Professor de Educação Física 30 Dia Nacional do Jornaleiro

o baú do Barão

“O trabalho nobilita o homem, mas depois que o homem se sente nobre não quer mais trabalhar” Nossa homenagem a Aparício Torelly, o Barão de Itararé.

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Desenvolvimento Social e Combate à Fome

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Não é mais o pobre correndo atrás da ajuda do Estado.


É o Estado chegando aonde a pobreza está. Nos últimos anos, 28 milhões de brasileiros saíram da pobreza e 39 milhões entraram para a classe média. Mas é preciso melhorar a vida de 16 milhões de pessoas que ainda vivem na pobreza extrema. O Brasil Sem Miséria foi criado exatamente para ir aonde elas estão. Para isso, desenvolveu a “Busca Ativa”, que articula ações do Governo Federal, estados e municípios para localizar as pessoas extremamente pobres. No campo, o principal objetivo é aumentar a produção. Nas cidades, qualificar a mão de obra e identificar oportunidades de emprego e renda. E, de forma global, garantir o acesso dos mais pobres a serviços de saúde, educação e água. Principais ações do Brasil Sem Miséria • Beneficiar dois milhões de pessoas com qualificação profissional, intermediação de emprego, microcrédito e incentivo à economia popular e solidária.

• Incluir mais 800 mil famílias no Bolsa Família e ampliar o limite para a concessão do b e n e f í c i o de t rê s p a ra c i n co f i l h o s, beneficiando 1, 3 milhão de crianças e adolescentes. • Atender 750 mil famílias com cisternas e outras tecnologias para universalizar o acesso à água. • Beneficiar 250 mil famílias com fomento de R$ 2.400 a fundo perdido para a compra de insumos e equipamentos agrícolas. Assistência técnica e distribuição de sementes para milhares de famílias de agricultores pobres. • Ampliar de 66 mil para 255 mil o número de famílias em situação de extrema pobreza beneficiadas pelo Programa de Aquisição de Alimentos. • Criação da Bolsa Verde, para estimular famílias rurais a preservarem o meio ambiente.

A c e s s e o s i t e w w w . b r a s i l s e m m i s e r i a . g ov . b r e i n f o r m e - s e m a i s s o b r e o p l a n o . P a r t i c i p e .


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Por João Rocha Rodrigues

OLIVIER ANQUIER

Minha culinária não é brasileira nem francesa. É de casa

FOTOS: JF Diorio/AE

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Ele veio para ficar um mês, atraído pela imagem de um país tropical e disposto a desfrutar do sol e da praia. Mas já está por aqui há mais de 30 anos. E, como diz, não cansa de se surpreender. “Este é um país inesgotável. As coisas mais singelas, para mim, são grandes novidades.” De novidade em novidade, tornou-se chef, dono de restaurante, padeiro, empresário. Foi também um dos 10 modelos mais requisitados no mundo da moda, o que acabou por levá-lo novamente para a Europa. Desde 1996, apresenta e dirige programas de televisão – o mais longevo deles é Diário do Olivier, há 12 anos no ar. Ao longo desse tempo, a bordo de um fusca e com uma câmera Super 8 na mão, rodou o País misturando paisagens, personagens e ingredientes numa saborosa receita. “Eu sou um contador de histórias. Descobri na televisão um alto-falante daquilo que gosto de fazer, que é ir atrás de histórias para contar.” Sobre seu particular jeito de cozinhar – despojado e, por vezes, meio estabanado –, ele define: “Minha culinária é de casa, de qualquer casa. O que quero é abrir uma pequena janela na cabeça das pessoas para que tenham uma relação diferente com a comida. Melhor? Não sei, mas enriquecedora, porque adiciona algo ao que já existe”. Setembro 2011


Como você definiria a gastronomia? Gastronomia é a Fórmula 1 da culinária. Resumindo em poucas palavras, é isso aí. A culinária é a cozinha de casa, a cozinha da gente, o que está próximo das pessoas. A gastronomia é o aperfeiçoamento da culinária a um altíssimo nível técnico, executada por verdadeiros profissionais, que são os chefs. Eu nunca me coloco como chef. Eu não faço gastronomia, é um outro mundo que não me pertence. O que faço é culinária. Eu faço cozinha de casa. Comparando, a culinária é um fusca; a gastronomia, uma Ferrari.

de grande do Brasil. Aqui eu havia construído um tecido de relações muito forte, era a família que escolhi. Então voltei. Foi quando você montou o seu primeiro restaurante? Justamente. Abri o primeiro restaurante em Jericoacoara. Ele funcionou de 1990 a 1992. Depois veio o Malaica, em Florianópolis, até 1995. Aí abri a minha primeira padaria. A panificação era a bandeira profissional da família da minha mãe. Tanto é que minha mãe é padeira até hoje na Austrália. Eu sou a terceira geração de padeiros da família.

Como a culinária surgiu na sua vida? É uma filosofia de família, Qual é o segredo para se fazer um pão perfeito? Disciplina. E respeito, que vem do lado do meu pai. Mas até a minha geração, ninporque a massa é um ser vivo. Há milhares de procedimentos, de guém havia se envolvido profissionalmente com culinária. Pomanipulações que se tem que respeitar, porque se trata de uma rém, sempre houve isso que chamo de filosofia, que é a busca coisa viva. Todo dia você faz o pão de uma maneira diferente, em de prazer, de emoções através do momento da refeição, de profunção da umidade, do frio, da matéria-prima. porcionar prazer aos outros. Não estudei para isso. Não fiz absolutamente nenhum “investiE a experiência com a televisão, quando começou? mento de sofrimento”, que é algo que você faz para adquirir um conhecimento, uma ciência. “Os ingredientes da Trabalho na televisão desde 1996. Em 1998 suro Diário de Olivier, que apresento e dirijo até Culinária para mim sempre foi uma coisa ligageladeira brasileira giu hoje no GNT. O programa vai muito bem. Já tem da à emoção, o que, de certa forma, tento repasuma vida bastante longa: são 12 anos. Tomara sar aos outros, principalmente através do meu são essencialmente que dure pelo menos mais 12. trabalho televisivo. 16

os mesmos de uma cozinha qualquer do mundo. A diferença está na maneira de se preparar, de se relacionar com eles.”

Como você veio parar no Brasil? Eu tinha 20 anos. Cheguei para passar um mês de férias. Esse mês virou dois, e eu acabei percebendo que estava, de fato, querendo ficar aqui. Tive um encantamento com o Brasil, por conta basicamente do contraste com tudo que tinha vivido até então na França. Era uma sociedade nova, cheia de costumes diferentes, com um jeito próprio de encarar a vida. Quando percebi que estava ficando, decidi arranjar um trabalho. Mas o que eu podia fazer? Não tinha profissão definida. Então um amigo francês que morava no Rio de Janeiro me falou: “Por que você não vira modelo?”. “Modelo, eu? Eu nem me olho no espelho!” Mas percebi que podia ser uma boa, porque eu não precisaria falar – afinal, falava português mal pra danar. Enfim, era um jeito de me alimentar até aprender a língua e, aí sim, buscar outra profissão. Só que gostei, e acabei me tornando um modelo realmente profissional.

Foi uma carreira bem-sucedida, não? Realmente. E isso acabou me levando de volta para a Europa. Em 1989 eu havia chegado no topo. Tinha me tornado um dos grandes modelos internacionais masculinos. Foi quando decidi parar. Três coisas contribuíram para isso: o medo do tédio da profissão, de repetir as mesmas coisas; o falecimento do meu pai, que foi muito triste; e a saudawww.almanaquebrasil.com.br

Um francês, falando de culinária na televisão... Esse programa não tinha tudo para ser uma atração para poucos? Quando eu levei o Diário do Olivier para a Record, onde ele foi apresentado de 2006 a 2008 como uma das atrações do Domingo Espetacular, tive uma grata surpresa. Sempre senti que havia certo receio da televisão aberta em apresentar um programa como esse – talvez justamente por eu ser um francês falando de culinária. Acho que se acreditava que o Diário do Olivier era um produto de elite, que não seria entendido pelo povo. Quando a Record teve a coragem de colocá-lo no Domingo Espetacular – um programa no horário nobre de domingo, disputando com o Fantástico, da Globo –, essa ousadia acabou tendo como retorno um sucesso tremendo, tanto para mim quanto para a emissora. O programa se mostrou super adequado a um tipo de público diferente daquele da televisão fechada. Eu, na verdade, sempre acreditei que o programa tinha todas as propriedades para ser entendido e apreciado pelo povão. Para chegar nesse novo público não foi preciso mexer no formato do programa? Basicamente, no Domingo Espetacular eu ficava com 15 minutos, em vez dos 26 do GNT. E isso se mostrou muito bom para aquela situação. Nós entrávamos no ar com 8 pontos e praticamente conseguíamos dobrar a audiência nesse pequeno


período. Isso foi uma satisfação muito grande. E, além disso, um efeito colateral foi que, a partir daí, pude chegar com muito mais facilidade junto das pessoas para encontrar o meu ouro, que são esses personagens, situações, receitas e produtos maravilhosos. O que te encantou na tevê? Eu sou um contador de histórias. De repente descobri na televisão um alto-falante daquilo que gosto de fazer, que é ir atrás de histórias para contar. É esse o objetivo do programa: sair para descobrir essas histórias, essas origens; conhecer a essência do brasileiro e do Brasil através das viagens. E levar junto comigo o telespectador. Nesses anos de programa você conheceu o Brasil todo? Os únicos lugares para os quais ainda não fui foram o Acre e Rondônia. O resto do Brasil viajei todo. Não significa que vi tudo em todos os estados, mas conheci quase todos os estados e quase todas as capitais. Mas, no fundo, é possível fazer um programa como esse por 20 anos ficando só em São Paulo. Conheço bastante o Brasil, mas ainda tenho muitas coisas a descobrir. Este é um país inesgotável. Há alguma dica para descobrir a culinária local? A primeira coisa que faço ao chegar numa cidade é procurar o mercado municipal. Se a cidade não tem, pode ser uma feira livre. Não somente pelos ingredientes regionais que você só vai encontrar lá, mas também por causa das pessoas, sejam frequentadores ou feirantes. São elas que vão te dizer o que é cada coisa, o que fazer, como preparar. Então é isso que faço: me relaciono com as pessoas que têm a ver com o lugar, que têm a ver com a comida. Hoje em dia os brasileiros valorizam mais a própria cozinha? Cada vez mais, através disso que faço, percebo a valorização das coisas daqui. Vejo o impacto, a paixão que as pessoas têm em descobrir essas coisas que fazem parte de sua própria culinária. E não são pratos que eles não conheciam. Todo brasileiro conhece essas coisas que eu vou descobrindo nos programas. Só que, para mim, talvez por conta da minha origem francesa, essas coisas, por mais singelas que sejam, são grandes novidades. Essa

curiosidade acaba me aproximando das pessoas e desses pratos, lançando um olhar de encantamento que desperta a atenção dos telespectadores. “Nossa, mas isso é nosso e não damos a menor bola!” Isso enche o brasileiro de orgulho. E também me enche de orgulho por ter levantando o orgulho do brasileiro através do que é dele. E que agora é meu também... Qual é o ingrediente brasileiro de que você mais gosta? O mais surpreendente, não o que mais gosto, é o tucupi. Ele só existe aqui. Tem tudo a ver com o Brasil. É índio. Com ele se prepara o tacacá, uma mistura que para mim é o prato mais brasileiro – juntando o indígena tucupi, o camarão seco dos portugueses e o jambu, uma plantinha verde amazônica. É a própria bandeira nacional. O verde e o amarelo estão ali dentro do tacacá. Então, para mim, é um ingrediente surpreendente, principalmente porque o sabor – o que ele proporciona na boca – nunca vi igual no mundo. Hoje dá para definir a sua culinária mais como brasileira do que francesa? Não. A minha culinária nunca teve a pretensão de ser brasileira, assim como nunca teve a pretensão de ser francesa. Ela é de casa. Ela é de qualquer casa. De certa forma, é isso que tento passar quando faço as minhas receitas na televisão. Afinal, os ingredientes que você tem numa geladeira brasileira são essencialmente os mesmos de uma cozinha qualquer do mundo. Manteiga é manteiga, ovo é ovo, carne é carne, salada é salada, cebola é cebola. Vai ter arroz, vai ter feijão – talvez não seja da mesma cor, mas terá feijão também. Então o que faz a diferença? É a maneira de se preparar, de se relacionar com esses ingredientes. O Brasil é um país novo, que está em perpétua busca do que é, do que será. É um país que tem um pouco mais do que alguns anos. Portanto está completamente aberto a tudo que pode vir, porque tudo que vier pode enriquecer essa sociedade, fazer parte dessa história. Então, como eu posso participar disso? Vou ensinar os pratos da cozinha francesa? Não. Vou ensinar esse meu jeito fácil, caseiro, que é diferente da maneira brasileira de se relacionar com os ingredientes. O que quero é abrir uma pequena janela na cabeça das pessoas para que tenham uma relação diferente com a comida. Melhor? Não sei se é melhor, mas enriquecedora, porque adiciona algo ao que já existe. Setembro 2011

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CASTRO JOSUÉ DE

m u e d o n o r t Pa e m o f m e s mundo Por Natália Pesciotta

Reprodução

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rapaz virou médico de uma grande fábrica no Recife, onde pairava um mistério: os funcionários adoeciam e ficavam impossibilitados de trabalhar, mas não se diagnosticava neles nenhuma doença conhecida. Depois de um tempo, o novo doutor desvendou a situação: “Sei o que meus clientes têm. Mas não posso curá-los porque sou médico e não diretor daqui. A doença dessa gente é fome”. O episódio, no começo dos anos 1930, mudou para sempre a vida do jovem que gostava de poesia, lia Freud e pensava em ser psiquiatra. “Há dois caminhos diante de nós: o caminho do pão e o caminho da bomba atômica. É preciso escolher sem vacilação.” Não havia demagogia alguma na fala de Josué de Castro quando completava: “Eu simbolizo pelo caminho do pão”. Talvez esta simples frase possa resumir a vida do médico pernambucano, que se especializou em nutrição quando o tema não era nem especialidade, e dedicou todos seus estudos e ações ao problema da fome – mesmo pagando um preço alto por isso. Não à toa Josué era admirado por uma lista enorme de grandes

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“Ele era a pessoa mais brilhante que já conheci”, dizia o antropólogo Darcy Ribeiro. O médico, professor e escritor pernambucano dedicou a vida a revelar e desmistificar a questão da fome, “assunto tabu coberto por mentiras”. Autoridade internacional no tema, colecionou admiradores como Darcy, Betinho, Câmara Cascudo e Jorge Amado. brasileiros, como Câmara Cascudo, Betinho, Darcy Ribeiro, Jorge Amado, Milton Santos. Duas vezes indicado ao Prêmio Nobel, foi o primeiro a defender a ideia de que o problema alimentar não se deve à existência de muita gente e pouca comida, mas sim à má distribuição dos alimentos. Elementar? Pois havia três séculos que o mundo pensava o contrário.

Sorbonne no mangue

Darcy Ribeiro costumava dizer que Josué era a pessoa “mais brilhante” que conheceu, de “talento ofuscante”. E fazia o adendo: “E era brilhante em todas as línguas: em português, espanhol, inglês, francês...”. Sensibilidade e inteligência acima da média o levaram a perceber o problema da fome, denunciá-lo, propor soluções e convencer com eloquência que agir se fazia urgente. Tudo isso sem nunca ter passado fome na vida. Nasceu no Recife em 5 de setembro de 1908, filho único de um vendedor de gado e leite e uma professora. O menino


Estudou em colégios tradicionais, nas faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro. Mas garantia: “Minha Sorbonne foi a lama dos mangues do Recife”. morava em uma velha casa colonial à beira do rio, bem próxima às palafitas que pareciam boiar no mangue. Anos depois, escreveria seu único livro de ficção inspirado na vida de uma daquelas famílias que viviam como os caranguejos, imagem que lembrava bem: “Não foi na Sorbonne nem em qualquer outra universidade sábia que travei conhecimento com o fenômeno da fome. O fenômeno se revelou espontaneamente a meus olhos nos mangues do Capibaribe. Esta é que foi a minha Sorbonne: a lama dos mangues do Recife”. Josué estudou em boas escolas da cidade, foi a Salvador para cursar a tradicional Faculdade de Medicina da Bahia e completou a formação no Rio de Janeiro, aos 20 anos. Depois voltou ao Recife, onde se casou e teve três filhos.

Geografia da fome

Ô Josué, nunca vi tamanha desgraça / Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça, cantava o também pernambucano Chico Science em Da Lama Ao Caos, em 1992. Décadas após Josué ter comparado os caranguejos com os homens do mangue, em Homens e Caranguejos, influenciou o mais importante movimento da música brasileira depois da Tropicália. O Mangue Beat de Chico Science e companhia tinha como símbolo um “caranguejo com cérebro”. E, como patrono, Josué de Castro. Mas Josué ia além da lama e de sua cidade: “Não era só do Recife, nem só do Brasil, nem só do continente. A fome era um problema mundial, um drama universal”. Entre os 29 livros traduzidos para 25 idiomas, o que mais sintetiza suas ideias é Geografia da Fome, de 1946. “O livro nos deu a impressão de que o Brasil acordara de uma grande ilusão”, declarou o historiador Barbosa Lima Sobrinho. Nas palavras do folclorista Câmara Cascudo, Josué “enfrentou justamente esse assunto tabu, difícil, negaceado, escondi-

do nos relatórios e coberto com os retalhos de sinônimos bonitos como mentiras”. A partir daí, o tabu passa a ser combatido. Josué lutou pelo salário mínimo, conquistado no governo de Getúlio Vargas, e depois pelos restaurantes populares. Trabalhou em muitas políticas públicas de educação alimentar. Fundou e participou de diversas entidades, como a Sociedade Brasileira de Nutrição e a Associação Mundial de Luta contra a Fome. Além de lecionar Fisiologia e Geografia Humana – sendo nomeado Professor Honoris Causa em diversas universidades –, foi também duas vezes deputado por Pernambuco.

Morre-se também de saudade

É de se imaginar o que aconteceu na ocasião do golpe militar com quem dizia que “metade da população brasileira não dorme porque tem fome e a outra metade não dorme porque tem medo de quem tem fome”. Josué era embaixador do Brasil na ONU quando teve os direitos políticos cassados, em 1964. Viveu exilado na França, exercendo atividades em diversos países. Um amigo que o encontrou em Paris anotou no diário: “Vinha vindo pela calçada fronteira, como se não soubesse em que se ocupar na tarde cinzenta, longe de sua pátria, longe de seus livros, longe de seus amigos. Para mim, que o conhecera extrovertido e fluente, sua figura alta e triste impressionou”. Ansioso pela Anistia, morreu aos 65 anos, em 24 de setembro de 1973, sem retornar à pátria da qual foi uma das maiores cabeças. Havia afirmado, pouco antes: “Não se morre apenas de enfarte, ou de glomeronefrite crônica. Morre-se também de saudade”.

No site do ALMANAQUE, assista a trechos do documentário Josué de Castro, Cidadão do Mundo, de Silvio Tendler (2008).

O melhor produto do Brasil é o brasileiro CÂMAR A CASCUDO

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Uma reserva de beleza e de conhecimento A

Vale mantém 22 mil hectares de Mata Atlântica, uma área reconhecida por sua importância para a conservação da biodiversidade local, que atrai visitantes e pesquisadores pela riqueza de sua fauna e flora. Localizada em Linhares, norte do Espírito Santo, a Reserva Natural Vale (RNV) representa a segunda maior área protegida, correspondendo a quase 5% da cobertura florestal remanescente de Mata Atlântica do estado. Lá são desenvolvidos projetos com a finalidade de quantificar e qualificar sua diversidade biológica, além de serem realizados programas para conservação da biodiversidade, promoção de educação ambiental e desenvolvimento de tecnologias para a restauração de áreas naturais degradadas. Os esforços pela conservação de um dos biomas mais ameaçados do mundo levaram a Unesco a declarar a RNV como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em 2008. Habita a Reserva, por exemplo, a última população de onças-pintadas do Espírito Santo, e pesquisadores se surpreendem a cada ano com a descoberta de espécies até então desconhecidas. Desde 2000, o espaço é aberto à visitação pública.

Você sabia?Seja por iniciativa

própria, parceria ou apoio, a Vale contribui para a geração e disseminação de conhecimento a respeito da biodiversidade da Mata Atlântica, ecologia e conservação de espécies, a partir de projetos de pesquisa desenvolvidos na Reserva Natural Vale.


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Uma reserva, oito ecossistemas A

RNV está inserida em uma das formações mais ameaçadas do bioma Mata Atlântica, a Floresta de Tabueliro, e reúne oito tipos principais de ecossistemas, classificados de acordo com a estrutura do solo, peculiaridades da vegetação associada, entre outros fatores. São eles: Mata Alta ou Floresta de Tabuleiro propriamente dita, Floresta de Mussununga, Brejo, Floresta de Várzea, Floresta Ciliar, Campos Nativos, Lagoas e Rios. A Floresta de Tabuleiro é caracterizada especialmente pela ocorrência em regiões de terreno plano e pela riqueza de espécies nela observada, apresentando alta densidade de árvores com mais de 30 metros de altura.

Você sabia?As florestas

tropicais ocupam menos de 10% da superfície da Terra e abrigam cerca de 50% das espécies conhecidas no planeta. Pesquisadores estimam que o número de espécies presentes nas florestas tropicais possa ser ainda maior.

Celeiro de descobertas D

uas das espécies vegetais recentemente descobertas por pesquisadores na Reserva Natural Vale já ganharam nome e sobrenome: Spiranthera atlantica e Machaerium jobimianum, que atendem também pelos populares fava-de-quatro e bico-branco.

Spiranthera atlantica, por Geovane Siqueira

Apesar de medir até 15 metros quando adulta, a fava-de-quatro conseguiu se esconder do olhar humano até ser identificada por um pesquisador do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), que oficializou no ano passado a sua descoberta. Ela inaugura todo um gênero na Mata Atlântica, já que é a primeira Spiranthera descoberta no bioma. Coletada em 2001, a bico-branco passou por um longo período de análise por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, até ser finalmente registrada, este ano, como uma nova espécie. Antes mesmo de ter sua descrição publicada, porém, já tinha nome científico com sobrenome ilustre: foi escolhida, a partir de votação aberta ao público, para homenagear o maestro e compositor Antonio Carlos Jobim, no Prêmio Brasileiro Imortal.

Você sabia? Lançado pela Vale em 2008, o Prêmio Brasileiro Imortal tem o objetivo de imortalizar personalidades envolvidas com a causa ambiental, batizando com seus nomes espécies descobertas na RNV. Até hoje, quase 100 espécies botânicas foram descobertas no espaço.

Floresta Ciliar, por Geovane Siqueira


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Um recanto para espécies ameaçadas de extinção A

lém da grande diversidade, a fauna da RNV se destaca pelo número de espécies classificadas em algum grau de ameaça de extinção. Há desde animais considerados criticamente ameaçados no país, como o guariba ou bugio; espécies em perigo, como o mutum-do-sudeste e o crejoá; e espécies classificadas como vulneráveis nacionalmente, a exemplo do tatu-canastra, do macaco-prego-de-crista e da onça-pintada. A flora da RNV também se destaca por apresentar espécies cada vez mais raras na natureza, como é o caso do ipê-preto e do jacarandá-da-bahia, que integram a lista de espécies ameaçadas de extinção, ao lado do pequi-izaías, entre outras.

Ipê-amarelo, por Geovane Siqueira

Você Sabia?

Tamanduá-mirim, por Ana Carolina Srbek

Os ipês perdem todas as suas folhas durante o período de floração, que acontece de julho a outubro, destacando suas flores rosas, roxas, amarelas ou brancas. Na Reserva Natural Vale já foram identificadas 13 espécies de ipês, sendo que três delas foram descritas a partir de coletas realizadas na área.


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Trilha na Reserva Natural Vale

Espaço aberto ao lazer A

RNV está aberta à visitação gratuita todos os dias da semana. Das 8h30 às 16h30, a equipe de orientadores ambientais está a postos para receber os visitantes. O complexo reservado à visitação tem sete trilhas, com percursos que variam de 900 a 1.500 metros, pelas quais os grupos de até 20 pessoas são guiados por um orientador ambiental. Além das trilhas, o visitante pode participar de oficinas, palestras, seminários, cursos, jogos e dinâmicas, e, no Centro de Visitantes, descobrir um pouco mais sobre a história da Mata Atlântica e da Saiba mais Para visitação, a Reserva Natural Vale própria Reserva. Há ainda sala de educação oferece serviço de hospedagem. A estrutura do hotel infantil e parque ao ar livre. conta com piscinas, saunas, hidromassagem natural, quadras de esporte e churrasqueira. Linhares, BR-101 Norte, km 121. Maiores informações: (27) 3371-9797.

Espécie gonçalo-alves, por Gilberto Terra


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SÃO FR ANCISCO DO SUL

Xará de Assis São Chico, como é carinhosamente chamada a ilha de Santa Catarina, oferece tudo que o mar tem de melhor: peixes de todos os tipos, paisagens e praias belíssimas. Até um museu o mar ganhou. Das primeiras povoações do País, história por lá é o que não falta.

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Esperança zarpou do porto da Normandia confiando buscar noz-moscada nas Índias. No caminho, em meio a uma borrasca, perdeu o rumo e passou por maus bocados. Em janeiro de 1504, a nau L‘Espoir (A Esperança, em francês) enfim atracou na enseada, hoje baía da Babitonga. Os tripulantes franceses ficaram quase dois anos embalados na hospitalidade dos carijós, curtindo as praias desertas e comendo ostras. Ulalá! Quando sobrava um tempinho, remendavam a Esperança. E eles lá iam querer voltar para aquelas bandas frientas? No dia da partida, junto com as espécies vegetais que recolheram, levaram Içá-Mirim, filho do cacique. A pele dourada e o jeitão selvagem e maneiro do rapaz conquistaram ninguém menos do que a filha do comandante Binot Paulmier de Gonneville. Casaram-se e, quem diria, Mirim virou nobre.

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Na mesma baía, debaixo de um banzeiro tropical, aportaram certo dia os colonizadores espanhóis. No fogo da tempestade fizeram jura de erguer uma igreja para Nossa Senhora da Graça. A promessa foi cumprida... em parte. Construíram uma rústica capelinha que teve que esperar pela chegada dos colonizadores portugueses para se tornar a edificação que é hoje. Tempos mais tarde vieram imigrantes alemães, dinarmaqueses e noruegueses. A ilha recebeu o nome do santo de Assis que conversava com lobos e fazia discursos inflamados para os peixes. Já se viu nome mais apropriado para proteger essas águas catarinenses tão piscosas? E ricas também em mariscos. A prova são as montanhas de conchas, os sambaquis. Lá se encontram instrumentos feitos de pedra lascada pelos índios comilões de suculentos mariscos. Hoje, um prato muito especial por aquelas bandas é a Cambira.


É nome de peixe? Que nada! O peixe pode ser qualquer um que seja aberto pelas costas e deixado para defumar. Como sempre sopra um vento forte e o peixe pode sair voando, todos diziam: “Amarra com imbira”, “Marracumbira” e Cambira ficou.

Um museu para o mar O porto de São Francisco do Sul, por sua localização, sempre teve papel essencial no desenvolvimento do sul do País. A importância do casario do centro histórico – 150 casas de frente para o mar, e mais 250 propriedades do século 18 salpicadas pela cidade – mereceu do Iphan seu registro como Patrimônio Histórico Nacional. Foi também agraciado com o tombamento o Museu do Mar, instalado nos antigos armazéns da ex-companhia pesqueira Hoepecke. Sabia o leitor que os barcos brasileiros são um patrimônio naval e historico notável, com a maior variedade de barcos tradicionais do planeta? Existem cerca de 200 tipos de embarcações utilizadas por populações costeiras e ribeirinhas, barcos que navegam em ambientes lacustres, fluviais e maritimos, para andar pra lá e pra cá, pescar, acompanhar casamentos, festas e procissões. Os barcos tiveram influências indígenas, africanas, ibéricas, mediterrâneas, norte-europeias e até mesmo orientais. A canoa baiana, por exemplo, tem casco com desenho indígena e africano, quilha holandesa e o mesmo tipo de velas utilizadas nas caravelas portuguesas. Tava pensando que a mistura por aqui foi só de gente? O museu dedica uma ala especial para maquetes de embarcações criadas por Conny Baummgart, um apaixonado pela instituição. “O desaparecimento de um tipo de embarcação ou a morte de um mestre construtor pode significar a perda irreparável de informações seculares”, acredita o arquiteto Edson Fogaça, do Liceu de Artes Navais de São Luís, Maranhão. Conny também elaborou durante anos uma imensa maquete da cidade de São Francisco do Sul, realizada com primor histórico nos detalhes. E ainda caprichou na reprodução daquela Esperança que aqui chegou começando tudo.

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Preste atenção

Repare nos peixes. Em uma das mais piscosas águas da região, nadam, de janeiro a abril, badejo, xaréu, cação, bicuda, garoupa, cavala, sororoca, dourado, galo e peixe-porco. De maio até agosto é a vez de anchova, gaivira, robalo, pescada, parú, corvina e do sargo. Nos outros meses, a bicuda e a garoupa já começam a aparecer, além do olhete, bagre e peixe-espada. Fartura abençoada por santo!

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Sao Francisco do Sul tem mais

Mercado Municipal

Inaugurado em 1900 e restaurado quase 80 anos depois, o mercado sempre foi o principal centro de compras de peixes e verduras da cidade. Hoje é um dos melhores locais para conhecer o artesanato em madeira, cestaria e réplicas de canoas e barcos de pesca. Fica bem de frente para a baía da Babitonga e ao lado do ancoradouro de onde partem barcos de passeio.

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Não deixe de curtir, nadar e mergulhar

Museu Histórico

Dentre as 23 praias pristinas, a Prainha, encrustada entre costões tem águas limpas, ondas fortes e é ponto de partida para se observar um dos sambaquis da região. Na praia Grande, dunas e restingas formam o Parque Ecológico do Acaraí, e a do Molhe é cercada de Mata Atlântica. Areias monazíticas, consideradas medicinais, além de especial lugar para a pesca de arremesso se encontram na Praia de Itaguaçu. Já a praia do Forte é considerada uma das mais belas. Na ilha da Paz há um velho farol que ainda hoje ilumina, orientando navios que saem ou atracam em São Chico.

O antigo edifício do início do século 18 foi erguido para ser a cadeia e a câmara da cidade. Hoje conhecido como Palácio dos Motas, abriga um museu com móveis, peças, imagens, objetos e mapas que contam um pouquinho da história desse pedaço do sul do Brasil.

Igreja de Nossa Senhora da Graça

A construção do templo, que a princípio ostentava apenas uma torre, se iniciou em 1620. Com paredes de mais de um metro de espessura, sua argamassa era composta de cal de concha, areia e óleo de baleia. Uma segunda torre, pias batismais e de água benta datam de 1802. Outro destaque é o órgão que veio do Rio de Janeiro.

s e rviç o A TAM oferece voos diários para Florianópolis, partindo das principais cidades brasileiras. Confira em www.tam.com.br. Onde ficar Pousada Solar da Beira • De frente para o mar da praia do Mota, centro histórico, é um dos melhores locais para se observar o sol se pondo na baía da Babitonga. Fone: (47) 3444-5835. www.pousadasolardabeira.com.br. Zibamba Hotel • Em antigo e restaurado casarão, tem quartos aprumados com vista para o mar. Fone: (47) 3444-2020. wwwhotelzibamba.com.br. www.almanaquebrasil.com.br

Onde comer Restaurante Baggio • Localizado na Av. Atlântica 1288, a especialidade não poderia ser outra: pratos a base de frutos do mar. Fone: (47) 3449-0519. Restaurante Zibamba • Ao lado do hotel de mesmo nome, serve peixes e mariscos da região com tempero especial. Fone: (47) 3444-2020.


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BRA Percorremos mais ALMANAQUE (domingos, às 15h). Tem mais – muito h) e da TV Cultura 20 er a televisão de , ch tas en sex ra pa (às es sil da TV Bra agens e curiosidad ort rep de ncia Doméstica, ás Ciê atr l z?, Como É Que Se Fa Brasil de Norte a Su sil, Bra do s nto . O impagável Ca abeça, tosa Luciana Mello brasilidade. Papo-C resentado pela talen ap de microfone, o o tud nid – ? mu s bia Sa rua É Do Baú, Você Nunes, vai para as on bs Ro euntes. Aqui de ns m tra s ge na do tar as habilidades Almanaquias, perso tes ra pa as gu e novidades, lín e travas. Para mais notícias perguntas, enigmas e vai rolar este mê qu brasil ue no aq a an iad alm esp a @ m.br, o Twitter você pode dar um lmanaquebrasil.co w.a ww . site o SIL ra RA B nfi UE co AQ e se ligue no ALMAN

Forrobodó no Almanaque – programa 4

• Toca o fole, sanfoneiro: o forró marca presença no Coisas Nossas. • No Papo-Cabeça, Julio Medaglia conta histórias e desmistifica a “música clássica”. • Chá pra quê? O Ciência Doméstica investiga o poder das ervas em infusão. • E a vida de Barão do Rio Branco, o homem que expandiu nossas fronteiras sem dar um tiro. TV Brasil: 19/8, 20h

Brasil de todos os santos – programa 9

• Divirta-se com as mais curiosas formas de devoção aos santos católicos. • No Papo-Cabeça, o arquiteto Marcelo Rosenbaum. • O ilustre homenageado do programa é o doce e inesquecível Mario Quintana. • E no Cantos do Brasil, a voz rouca e poderosa de Edvaldo Santana.

TV Cultura: 4/9,15h

Biblioteca mais que Nacional – programa 5

• Os tesouros da Biblioteca Nacional, uma das mais importantes bibliotecas do mundo. • No Papo-Cabeça, um olhar sobre o Brasil e os brasileiros pelas lentes de Araquém Alcântara. • Você Sabia? São Luis, no Maranhão, um dia já foi Saint-Louis, com beicinho francês e tudo. • E no Ilustres Brasileiros, Zilda Arns, uma vida dedicada a um mundo melhor. TV Brasil: 26/8, 20h

TV Cultura: 11/9,15h

É um assombro – programa 6

• Vampiro de Osasco, chupa-cabra, ET de Varginha... Assombrações tomam conta do Coisas Nossas! • Um perfil de Pedro 2°, o imperador apaixonado pelas ciências e pelas artes. • Fomos até Belém ouvir o rei do carimbó: Pinduca. • E voltamos no tempo: você se lembra das meias Lurex? TV Brasil: 2/9, 20h

TV Cultura: 18/9,15h

Imigrantes de todos os cantos – programa 7

• De marroquinos na Amazônia a ucranianos no Sul, os estrangeiros que enriqueceram o caldeirão cultural brasileiro. • Toquinho canta suas parcerias e mostra seu trabalho para crianças no Cantos do Brasil. • Olivier Anquier tempera o Papo-Cabeça com sua simpatia. • E no Ciência Doméstica, os truques da sinuca. TV Brasil: 9/9, 20h

Loucuras de Torcedores – programa 8

• Ilustres e anônimos capazes de fazer as maiores maluquices por amor ao time. • No Papo-Cabeça, uma inspiradora conversa com Denise Fraga. • No É do Baú, a febre dos papéis de carta. • E no Ciência Doméstica, como escolher frutas e legumes. TV Brasil: 16/9, 20h

Edvaldo Santana – Jataí (independente). O compositor, parceiro de grandes nomes da música brasileira, como Lenine e Chico César, chega a seu sétimo disco ainda desconhecido do grande público, mas com todo o talento e reconhecimento da crítica e de gente graúda: “Edvaldo possui uma voz rasgada que não deixa o ouvido ileso”, elogia Arnaldo Antunes.

Magno Mello – Não Ao Tempo (independente). O brasiliense radicado em São Paulo tem a carreira marcada por compor para outros cantores. Tem mais de 80 músicas gravadas, principalmente no cenário independente. Esse seu primeiro CD apresenta sambas, rocks, sons funkeados e outros ritmos inclassificáveis, tudo com letras espertas e envolventes. www.almanaquebrasil.com.br

TV Cultura: 25/9,15h

TV Cultura: 2/10,15h

TV Brasil: 23/9, 20h

TV Cultura: 9/10,15h

Por trás da máscara – programa 10

• Os pseudônimos que protegeram a reputação de gente como Nelson Rodrigues, Machado de Assis e Pedro 1º. • No Cantos do Brasil, João Bosco revela: “Pra mim, partitura só serve para sentar em cima”. • Descubra a Origem da Expressão a dar com pau. • E aqueles graciosos passarinhos de madeira, Como É Que Se Faz? TV Brasil: 30/9, 20h

TV Cultura: 16/10,15h

Para se certificar dos horários de exibição, consulte o site das emissoras: www.tvbrasil.org.br e www.tvcultura.com.br.

Velhas Histórias, Memórias Futuras – O sentido da tradição em Paulinho da Viola, de Eduardo Granja Coutinho (UFRJ). O livro que o próprio Paulinho classificou como uma das maiores homenagens que já recebeu ganha segunda edição, revista e ampliada. O estudo mostra como o compositor se expressa na tradição do samba e do choro, mas ao mesmo tempo está sempre ligado a seu contexto, sem saudosismo.

Jornal Movimento – Uma reportagem, de Carlos Azevedo (Manifesto). O periódico, que resistiu de 1975 a 1981, foi importante instrumento na luta pela redemocratização do País. O livro não só resgata a história do semanário produzido por gente como Fernando Henrique Cardoso, Chico Buarque e o editor deste ALMANAQUE, Elifas Andreato, como inclui um DVD com todas as 334 edições – inclusive as censuradas. Setembro 2011

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O Calculista das Arábias

ligue os pontos

Nossa homenagem a Júlio César de Mello e Souza, o Malba Tahan

a Típicos caipiras do interior paulista, a dupla

sertaneja despontou para o sucesso no fim da década de 1940, com canções como Índia e Meu Primeiro Amor.

Tião Carreiro e Pardinho

b Eles saíram das lavouras de Uberlândia para o reconhecimento nacional. Interpretaram comoventemente Cio da Terra, de Chico Buarque e Milton Nascimento.

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Cascatinha e Inhana

c É a dupla sertaneja mais bem-sucedida da história

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Pena Branca e Xavantinho

da música nacional. Só perde para Roberto Carlos como os maiores vendedores de discos do Brasil.

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d O primeiro disco da dupla é de 1954. Durante a carreira, gravaram outros 30. São os criadores do pagode de viola, até hoje gênero popular entre outras duplas.

Tonico e Tinoco

O príncipe de Lahore e Déli encontrava-se no reino de Iezid e fez um pedido ao califa. Queria que ele e os demais doutores de sua comitiva pudessem admirar a habilidade do geômetra persa Beremiz Samir, também hospedado no palácio. Realizou-se então um divã em que vários sábios propuseram ao calculista questões relacionadas à ciência dos números. Um escravo fez soar o gongo de prata e todos se curvaram para o início da cerimônia. Um velho ruivo foi o primeiro a inquirir Beremiz, com uma simples questão, para aquecê-lo. Desafiou-o a grafar uma expressão igual a 100 na qual figurassem, sem repetição, os 9 algarismos. Beremiz imediatamente riscou a frase matemática. Como se não bastasse, deu uma segunda opção possível, para admiração de todos. Você, caro leitor, saberia pensar em uma dessas expressões?

acervo da família

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Adaptado de Matemática Divertida e Curiosa, de Malba Tahan (Record, 2009).

teste o nível de sua brasilidade

Palavras Cruzadas

Primeiro e único primeiro-ministro do Brasil, empossado em 8/9/1961: (a) Leonel Brizola (b) Tancredo Neves (c) João Goulart (d) Ernesto Geisel Clube carioca fundado em 18/9/1904: (a) Flamengo (b) Botafogo (c) Bangu (d) América Primeiro programa da tevê brasileira, que foi ao ar em 18/9/1950: (a) Programa da Hebe (b) Cassino do Chacrinha (c) TV na Taba (d) Topa Tudo por Dinheiro Rebatizado em 14/9/1942, o Palmeiras se chamava: (a) Coqueiros (b) Palestra Itália (c) Palestra Romana (d) Palestrinos Nascido em 12/9/1935, Geraldo Vandré não compôs: (a) Porta Estandarte (b) Disparada (c) Aroeira (d) Roda Viva O filme Xica da Silva, que estreou em 4/9/1976, foi dirigido por: (a) Cacá Diegues (b) Glauber Rocha (c) Renato Aragão (d) Walter Salles

Respostas Fernanda Torres Camilla Maia/Ag. O Globo

O CALCULISTA DAS ARÁBIAS Uma solução seria: 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 x 9 = 100. Outra: 91 + 5742 / 638 = 100. BRASILIÔMETRO 1a; 2b; 3d; 4c; 5b; 6d; 7a; 8c.

Lei Eusébio de Queirós, de 3/9/1850, proibia a entrada de: (a) Imigrantes (b) Ingleses (c) Escravos (d) Ópio

SE LIGA NA HISTÓRIA 1d(Tião Carreiro e Pardinho); 2a (Cascatinha e Inhana); 3b (Pena Branca e Xavantinho); 4c (Tonico e Tinoco).

valiação

ENIGMA FIGURADO Arnaldo Antunes. O QUE É O QUE É? Arroba. CARTA ENIGMÁTICA “Vamos deixar de lado os entretantos e ir direto aos finalmentes!” (Paulo Gracindo).

DE QUEM SÃO ESTES OLHOS?

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Oficializada em 6/9/1922, a letra do Hino Nacional foi composta por: (a) Osório Duque Estrada (b) Carlos Gomes (c) Dom Pedro 1º (d) Tom Jobim

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Conte um ponto por resposta certa

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Primeiro computador media o mesmo que uma garagem das grandes S g b

e você osta de jogos virtuais, faz pesquisa e conversa com pessoas pela internet, agradeça a Gottfried Lei niz. Não conhece? Ele foi um professor de matemática alemão que, quase 300 anos atrás, disse: “É indigno de homens eminentes perder horas como escravos na tarefa desgastante de calcular”. Daí nasceu a calculadora, que depois seria aprimorada por diversos matemáticos e engenheiros até originar uma máquina com o sistema dos computadores. Foi para ajudar na Segunda Guerra Mundial que finalmente surgiu o primeiro computador, em 1946. O cérebro eletrônico que estudava bombas e balas era bem diferente do que conhecemos hoje: ocupava uma sala inteira, do tamanho de uma garagem para dois carros. Com seis mil interruptores, imagine o barulhão que fazia... Os primeiros computadores totalmente fabricados no Brasil apareceram cerca de 20 anos depois. Hoje são pouco mais de 85 milhões de máquinas em funcionamento no País. Isso quer dizer que a cada nove pessoas, quatro têm um computador. E o número só aumenta...

Já Pensou Nisso?

Qual e o simbolo que assalta

Hoje a internet possui cerca de dois bilhões de usuários. É muita gente acessando a rede para ver e-mails, conversar com os amigos e se informar. E quase todo mundo já postou uma daquelas fotos que aparecem nas redes sociais para identificar as pessoas. Imagine se cada uma delas fosse uma 3X4 de papel... Se as juntássemos em linha reta, uma ao lado da outra, essa linha atravessaria a América oito vezes da capital mais ao sul, Buenos Aires, até a mais ao norte, Quebec! Haja papel! Ainda bem que, com a internet, nenhuma árvore precisa ser derrubada para reproduzir o rosto de alguém numa foto de papel. Ponto para a rede mundial de computadores! : )

os companheiros no teclado? 35

SoluçÃO na p. 34

Cisne Negro X Patinho Feio

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Para descobrir o nome do homenageado do mês, basta preencher o diagrama abaixo. O número de cada quadrinho indica uma letra escondida na linha correspondente do texto lá de cima. Conte as linhas, encontre as letrinhas e preencha os quadrinhos.

z

“Eu quero entrar na rede...”. Certamente você já ouviu essa música, que foi a primeira a falar sobre a internet no Brasil. Você pode até entrar no site do ALMANAQUE para ouvi-la. Vamos ver agora se você sabe qual é o nome de seu compositor, um artista que sempre foi antenado com os rumos da tecnologia.

O primeiro computador construído no Brasil, só com peças nacionais, foi apelidado de Zezinho. Outro, que ficou mais famoso por ser semelhante aos de hoje em dia, chamava-se Patinho Feio. Os pesquisadores da USP que o criaram escolheram o nome para debochar de outro grupo, ligado à Marinha, que desenvolvia projeto semelhante. Contornando as dificuldades da falta de dinheiro, os pesquisadores acabaram usando até latinhas de alumínio no computador.

vo e r epe tir em

O Cebolinha no teclado teclou três teclas.

w w w. Lu ci a n oTa ss o.b lo g

s p ot.co m


COGUMELO - PARTE 4

(final)

Fungi

Em se cultivando, cogumelo dá Um nissei de Mogi das Cruzes, Grande São Paulo, é pioneiro do cultivo no Brasil. A procura cresce vertiginosamente. Não só pela excelência do sabor; também pelas propriedades medicinais. Sobre o reino dos cogumelos há muito ainda pra contar. Por ora, isto.

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A

té meados do século 20, cogumelo no Brasil era para poucos. Só conhecíamos o champignon: cogumelo-de-paris, Agaricus bisporus. Importávamos para o preparo de acepipes como o estrogonofe – guisado de carne à base de massa de tomate e creme de leite, cujo charme é o champignon –, prato criado no século 19 pelo aristocrata russo Pavel Stroganov. Então, em 1958, entra na história o nissei Kenzo Neguishi, de Mogi das Cruzes, município da região leste da Grande São Paulo. Num recanto de dois alqueires onde os pais plantavam frutas, verduras, legumes, e criavam frangos, o jovem experimentou cultivar champignon. Kenzo agora tem 70 anos e está na nossa frente, no escritório da Aica – Agro Indústria de Conservas Alimentícias, que emprega 70 funcionários e abastece mil pontos de venda país afora. “Hoje tá bom. Mais procura que oferta”, diz Kenzo. Ele guarda a entonação nipônica. Há 90 anos os japoneses viram semelhança climática entre as terras do Japão onde cultivavam frutíferas e esta região, e aqui formaram uma colônia. Notamos a presença histórica deles nas placas: Estrada Soischi Ueda, Escola Sentaro Takaoka, Rodovia Ichiro Konno. Kenzo levou 30 anos para transformar no principal negócio

da família a atividade que começou como passatempo. E Mogi das Cruzes virou nosso maior polo de cogumelos; responde por 80% do champignon nacional. Ele recorda contente que recebe repórteres de televisão desde a extinta TV Tupi. Já deu entrevista para Ana Maria Braga e José Hamilton Ribeiro, do Globo Rural. E, como todo japonês, não esquece um benfeitor. Cita com gratidão o professor Júlio de Franco Amaral, do Instituto Biológico: “Ele me acompanhou, veio aqui. Foi o meu mestre”. Com irradiante simpatia, nosso compatriota de olhos puxados confirma o que constatamos: o consumo vem crescendo em progressão geométrica. Os três filhos homens seguem seus passos. Dois cursaram Administração e outro, Engenharia de Alimentos. O pai os mandou para estágios de até um ano no Japão. “Por sorte conheci o maior produtor japonês, que aprendeu técnicas holandesas, inclusive de conservas.” Graças a isso, os filhos vieram com novidades. Foi um deles que introduziu no Brasil na década de 1990 conservas em sachê transparente, mais barato. Com orgulho, os Neguishi apregoam nas propagandas: Produto 100% brasileiro.


Era uma vez uma casa de barro

Iolanda Huzak

ogi cresce e a Aica não pode se expandir, senão entra em zona urbana. Os filhos de Kenzo se preparam para instalar-se em município da Grande Curitiba, cuja prefeitura oferece incentivo: a Aica, além de produzir um alimento como o champignon, vai criar empregos. Como em Mogi, a empresa fará tudo “em casa”, do cultivo ao envase. Kenzo sente-se realizado. Ele, que nasceu em casa de barro, agora mora numa vivenda com ampla fachada, coberta de pedra mineira, e vê os filhos seguirem avante com seu legado.

É saudável, é saboroso,

é champignon

C

omo todo cogumelo, o mais consumido dispensa agrotóxico no cultivo. Pouca gordura, rico em proteínas, aminoácidos (substâncias essenciais que o organismo não fabrica), ferro (antianêmico), cobre (ossos e tendões), zinco (músculos e tecidos), vitamina C (resistência a infecções). Fortalece o sistema imunológico, aumentando nossa resistência contra câncer e outras doenças degenerativas. Baixa o colesterol. De textura e gosto delicados, até com a pizza a criatividade brasileira o casou. Que casamento!

Iolanda Huzak

M

Este é nosso mesmo:

cogumelo-do-sol A

paulista Carla Maísa Camelini, farmacêutica e técnica em alimentos, pesquisa na Universidade Federal de Santa Catarina. Seu xodó é o cogumelodo-sol, Agaricus blazei ou brasiliensis. Quando estudante, viu no microscópio que ele aumenta os vasos sanguíneos em embrião de galinha. Foi objeto de seu mestrado o poder cicatrizante, graças ao aumento de vascularização que ele promove. E é rico em betaglucana, carboidrato eficaz como regulador da imunidade. “O sistema imunológico pode ficar paranoico, reagir por qualquer coisinha e deixar a gente com rinite, por exemplo. A betaglucana baixa a bola dele.” É do-sol porque só dá nos trópicos. Exportamos 90% da produção a cerca de 500 reais o quilo. “Com ele os japoneses fazem um creme caríssimo para remoçar a pele.” O que Carla aprecia mesmo é o brasiliensis fresco: “Se você der um susto nele na frigideira com uns temperinhos, é delicioso. Tem sabor de amêndoa”. É difícil achar fresco. Mas ela é privilegiada: um amigo lhe manda de Brasília.

SAIBA MAIS Ervas, Temperos e Condimentos de A a Z, de Tom Stobart (Zahar, 2010). Dieta Mediterrânea com Sabor Brasileiro, de Fernando Lucchese (L&PM, 2005).

Consultoria: nutricionista Aishá Zanella (aishazanella@hotmail.com)

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Literatura inútil

O marido chega em casa e a mulher pergunta: – Amor, cadê aquele livro que ensina como viver até 100 anos? – Joguei fora. – Como assim? Por que você fez isso? – Sua mãe vem nos visitar amanhã e não quero que ela fique lendo essas bobagens.

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Passageiro solitário

Em um dia de muita chuva, o ônibus ia praticamente vazio. Além do motorista e do cobrador, havia apenas um passageiro. Sentado embaixo de uma janela aberta, ele já estava todo molhado. O motorista para em um semáforo, vira pra trás e pergunta: – Ei, moço. Por que não troca de lugar? – Eu até queria. Mas vou trocar com quem?

Causos de

Rolando Boldrin

O lobisomem e o porco

Uma barulhança danada tomou conta do terreiro. Fui abrindo a porta lentamente, pois era início da Quaresma, e havia boato da existência de um lobisomem. Mas aos pouco pude ver que era o compadre Justino, que morava lá pras bandas de Toledo. Compadre Justino é um grande amigo. Fomos praticamente criados juntos. Mas o destino nos separou fazia uns anos. Falamos de família e dos novos costumes do homem moderno. Ele também disse que nas bandas de Toledo, nesta época, acontece uma festa de porco no rolete, e que não gostava nada daquilo, que tinha uma pena danada do bicho. Entre todos os causos contados pelo Justino, confesso que o que mais me deixou intrigado foi a do porco no rolete. Decidi que queria comer o tal do porco. Passei dias procurando, sem encontrar um porquinho sequer. Numa noite, no meio do mato, enxerguei um bichão. O disgramado era bonito, grande, rosado, mas parecia um monstro. Só podia ser um porco. Um porquinho que tinha dias que eu tentava encontrar. O bicho resolveu fugir. Pulei do cavalo com o chicote em punho, estalei o rabo de tatu e parti pra cima do cachaço. Mas nada de eu conseguir pegar o danado. Corremos tanto, até que chegou na direção da minha casa. O porco correu e se escondeu detrás do fogão a lenha na cozinha. Eu havia encurralado o bicho. Peguei a espingarda, confiante. Mas gritos começaram a surgir detrás do fogão. – Calma, homem! Pelo amor de Deus, não atira. Sou eu, seu compadre. E não é que era mesmo. O homem estava pelado, todo arranhado, cheio de chicotadas. O compadre Justino era o lobisomem. Por isso que ele defendia tanto os porquinhos. E mais uma vez eu fiquei sem comer o tal de porco no rolete.

Agora ou nunca

O funcionário chega para o patrão e diz: – Acho que é hora do senhor me dar um aumento, seu Miranda. – Por que eu devo fazer isso, Cunha? – É que várias empresas estão atrás de mim... – Puxa, que empresas? – A de água, a de luz, a de telefone...

Sem lero

No restaurante, o sujeito pergunta ao garçom: – Por favor, como vocês preparam esse frango? – Sem muita conversa mole, doutor. Nós vamos direto ao assunto e informamos que ele vai morrer.

Mentirinha

O milionário casou-se aos 63 anos com uma jovem lindíssima. Um amigo lhe pergunta: – Como você conseguiu convencer uma garota tão jovem a se casar com um velho como você? – Fácil! Menti a idade pra ela. – Como? – Disse que tinha 85.




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