Coordenação artística: Elifas Andreato Produção executiva: Carolina Butolo e Bento Andreato Supervisão editorial: João Rocha Rodrigues Direção de arte: Dennis Vecchione Diagramação e arte final: Guilherme Resende Assistência de produção: Ana Claudia Bastos e Fernanda Santiago Making of: Renato Chiapetta e Roberto Rocha Fotografias: Gustavo Bomfim Apoio: Track Gestão de Marketing Musical Villa Grano
Ficha catalográfica
Realização:
Patrocínio:
Co-Realização:
Apoio:
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O Haver
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12 Interpretacoe ˜ s pessoais
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Martinho da Vila
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Zeca Baleiro
Chico César
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Celso Viáfora
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Renato Teixeira
Rildo Hora
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Marcelo Camelo
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Toquinho
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Paulinho da Viola
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Carlinhos Vergueiro
Edvaldo Santana
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Antonio Badi Nóbrega Assad
Gabriel o Pensador
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Teresa Cristina
Vinicius, o poeta da vida
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uando a Petrobras foi criada, Vinicius de Moraes já era um poeta consagrado e respeitado. Figura imprescindível no cenário cultural brasileiro, criador de uma obra
que integra a memória coletiva dos brasileiros, Vinicius merece todas as homenagens. Uma dessas homenagens – O Haver: Pinturas e Músicas para Vinicius –, projeto do artista plástico Elifas Andreato, participa, como convidada, do Programa Petrobras Cultural. Quinze músicos compuseram canções inéditas, inspiradas no poema O Haver. Além disso, cada convidado fez, junto com Elifas, uma pintura em homenagem a Vinicius. Figura de singular destaque no cenário das artes plásticas do nosso país, Elifas Andreato tem todas as credenciais requeridas para prestar esta homenagem a Vinicius. Muito próximo do poeta e de seu parceiro Toquinho, criou a capa de Vinicius e Toquinho e outros discos dos artistas, tornando-se amigo e parceiro dos dois. O Programa Petrobras Cultural patrocina as artes e a cultura brasileira em todos os seus segmentos e expressões. Maior empresa brasileira e maior patrocinadora das artes e da cultura em nosso país, a Petrobras põe especial empenho em difundir e ampliar o acesso do público às obras que integram o nosso patrimônio. Vinicius de Moraes soube, em poemas de alto voo e em canções populares que revolucionaram o panorama musical brasileiro, traduzir e interpretar como poucos a alma do nosso país. Inquieto, soube renovar e se renovar constantemente, aceitando novos desafios e superando todos eles com uma energia sem igual. A Petrobras, ao convidar este projeto para o seu Programa Cultural, presta reverência ao poeta que os brasileiros aprenderam a amar. Cidadão do mundo, profundo conhecedor da vida, dono de uma energia sem igual, Vinicius foi, acima de tudo, brasileiro – brasileiríssimo. Assim como a Petrobras, ele integra a memória e o patrimônio de todos nós.
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Minha dívida com Vinicius
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uerido Vinicius, escrevo desta vez para comunicar que finalmente saldei a vultosa dívida que tenho contigo desde o dia em que você, de repente, mudou
de endereço, em julho de 1980. Juro: pretendia pagá-la no dia 19 de outubro de 1990, data de seu aniversário, mas não juntei coragem suficiente para cumprir a promessa feita há três décadas, quando disse que arriscaria alguns desenhos para ilustrar o poema O Haver. Desde então, em toda data redonda, fiz planos, e convidei amigos e seus parceiros para juntos prestar-lhe a justíssima homenagem pelo tanto que você nos deixou. A mim você deu mais do que a qualquer outro. Seu presente foi muito além da poesia e das canções. Você me deu uma família, e é por essa família, inspirada na canção O Filho que Eu Quero Ter, que prometi a mim mesmo lhe retribuir, tendo meus desenhos como testemunhas da minha gratidão. Meus filhos e netos serão para sempre um retrato seu em minha memória. Em outubro de 2011, jurei por todos os orixás que pagaria minha dívida e falhei novamente. Acredite, poeta: não é corpo mole, não. E nem por uma só razão. Às vezes, acho que é pura covardia, medo de não ter a sua aprovação. Isso paralisa as minhas mãos. Sempre me pergunto por que escolhi O Haver. Poderia ser, por exemplo, Operário em Construção, ou O Amor dos Homens, ou o Soneto da Separação. Mas não, escolhi as 14 estrofes do inventário da sua vida porque sei que foi também o inventário da minha. Por favor, perdoe este seu devedor, que, como você, tem esse sentimento de infância subitamente desentranhado de pequenos absurdos, essa tola capacidade de rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil. E essa coragem para comprometer-se sem necessidade. Elifas Andreato, outubro de 2012
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O HAVER
Vinicius de Moraes, 1962-1970
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento Da matéria em repouso, essa angústia de simultaneidade Do tempo, essa lenta decomposição poética Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
Chico Buarque, durante leitura do poema para o documentário O Haver: Pinturas e Músicas para Vinicius
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura Essa intimidade perfeita com o silêncio Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo: — Perdoai! — eles não têm culpa de ter nascido...
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Resta esse coração queimando como um círio Numa catedral em ruínas, essa tristeza Diante do cotidiano, ou essa súbita alegria Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória... Resta essa vontade de chorar diante da beleza Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa Piedade de sua inútil poesia e sua força inútil.
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo Essa mão que tateia antes de ter, esse medo De ferir tocando, essa forte mão de homem Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.
Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado De pequenos absurdos, essa tola capacidade De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos Essa inércia cada vez maior diante do Infinito Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar E transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade De aceitá-la tal como é, e essa visão Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante E desnecessária presciência, e essa memória anterior De mundos inexistentes, e esse heroísmo Estático, e essa pequenina luz indecifrável A que às vezes os poetas dão o nome de esperança. Resta essa obstinação em não fugir do labirinto Na busca desesperada de alguma porta quem sabe inexistente E essa coragem indizível diante do Grande Medo E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva. Resta esse desejo de sentir-se igual a todos De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade De não querer ser príncipe senão do próprio reino. Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado. Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio Pelo momento a vir, quando, emocionada Ela virá me abrir a porta como uma velha amante Sem saber que é a minha mais nova namorada.
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Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura Essa intimidade perfeita com o silêncio Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo: — Perdoai! — eles não têm culpa de ter nascido...
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Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo Essa m達o que tateia antes de ter, esse medo De ferir tocando, essa forte m達o de homem Cheia de mansid達o para com tudo quanto existe.
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Resta essa imobilidade, essa economia de gestos Essa inércia cada vez maior diante do Infinito Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
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Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento Da matéria em repouso, essa angústia de simultaneidade Do tempo, essa lenta decomposição poética Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
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Resta esse coração queimando como um círio Numa catedral em ruínas, essa tristeza Diante do cotidiano, ou essa súbita alegria Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória...
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Resta essa vontade de chorar diante da beleza Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa Piedade de sua inútil poesia e sua força inútil.
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Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado De pequenos absurdos, essa tola capacidade De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.
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Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.
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Resta essa obstinação em não fugir do labirinto Na busca desesperada de alguma porta quem sabe inexistente E essa coragem indizível diante do Grande Medo E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.
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Resta esse desejo de sentir-se igual a todos De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade De não querer ser príncipe senão do próprio reino.
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Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.
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Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio Pelo momento a vir, quando, emocionada Ela virá me abrir a porta como uma velha amante Sem saber que é a minha mais nova namorada.
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Toquinho
ROMEU E JULIETA
e Vinicius de Moraes
Não te esqueças de mim Quando um dia eu me for Deposita uma flor Onde disser assim Aqui jaz um amor Que foi lindo demais Aqui jaz um amor em paz. E não busques jamais Repousares enfim Busca um velho punhal De ferrugem ruim E num instante fatal Ao sentires teu fim Vem deitar o teu sangue em mim.
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Carlinhos Vergueiro Toquinho e Vinicius de Moraes
POR QUE SERÁ? BMG (Tonga)
Por que será Que eu ando triste por te adorar? Por que será Que a vida insiste em se mostrar Mais distraída dentro de um bar? Por que será? Por que será Que o nosso assunto já se acabou? Por que será Que o que era junto se separou? Que o que era muito se definhou? Por que será? Eu quantas vezes Me sento à mesa de algum lugar Falando coisas só por falar Adiando a hora de te encontrar É muito triste Quando se sente tudo morrer E ainda existe O amor que mente para esconder Que o amor presente não tem mais nada Para dizer Por que será?
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Martinho da Vila
TUDO A VER
Tudo a ver com o resto Do protesto, do silêncio Do medo Do nascimento da vida Do dia, da noite Da carícia e do açoite Das cores, dos sons Do enredo. Diluído em poesias Vinicius Em letras, em sons Na alegria da tristeza Na feiura da beleza Na vontade de servir De vir-a-ser Criança. A sonhada esperança De um príncipe consorte Corajoso sem coragem Na imagem a amada A morte. Sua nova namorada A morte, a vida A sorte Da amada namorada A morte. Tudo a ver com o resto. 42
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Renato Teixeira
VINICIUS
Ele é um poeta Pra isso é que ele presta Esse é seu trabalho Opera com as palavras Como jogador que embaralha o seu baralho. Pratica a dádiva divina de criar em versos Por isso é que ele vive a vida no reverso No reverso da batalha, o poeta enche a talha.
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Celso Viáfora
O HAVER DOS HAVERES
Resta um certo Vinicius de Moraes E a memória do que jamais vivi Numa foto em branco e preto De uma sala de apartamento: O poeta e um bocado de guris. Resta o que esse bocado de guris Transcendeu em recados musicais Tempo afora, esse mundo adentro Que eu um dia escutei atento Pra tentar descobrir como se faz. Resta, enfim, descobrir como se faz Pra mandar essa foto pra você Ou postá-la no facebook De maneira que a sua trupe Faça com ela o que quiser fazer.
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Edvaldo Santana
AMOR QUE NÃO TEM FIM
Se for pra levantar Na hora de partir Não deixe de levar Para se divertir Um violão de Jah Dourado de alecrim Pra gente celebrar O amor que não tem fim. Quem se perdeu no mar Foi se encontrar aqui Chegou pra descançar Ficou para dormir Parou de reclamar Passou a querubim Ganhou de Yemanjá Um cheiro de jasmim.
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Zeca Baleiro
OUVE ESTA CANCÃO
Ouve esta canção Que só quer dizer Que nada há e nada houve Além do amor que é tudo e nada. A noite espessa, a madrugada Um grito na noite calada Uma ternura sem lugar Um coração ardendo em chamas Alma que vaga ao léu na lama Tanto pra ver e eu sem olhar. Um medo sem fim e sem nome O cheio vazio da fome O rio raso, o fundo mar Não há rima melhor pro amor que amar. Ouve esta canção Sem tanta alegria O haver que há e o que havia Poesia, quem viver verá.
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Marcelo Camelo
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Instrumental
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Rildo Hora e Elifas Andreato
HÁ DE HAVER
Somos todos passageiros Nesta viagem que é a vida A todos o destino dá Somente a passagem de ida E o tempo sempre ligeiro Apressado sem parar É quem sabe a medida Entre o chegar e a despedida. Perdoe, meu poeta Essa lembrança tardia Do meu modo vou vivendo Esperando chegar o meu dia De ser então seu parceiro Pra novos sambas cantar Em outros palcos que há de haver Onde a poesia foi morar. Nada vive eternamente Todos um dia vão partir Cumprir seu destino traçado Pra ser lembrado com saudade Até quando a vida por fim adormecer Na escura noite da eternidade A eternidade é de todos a última morada Para os poetas ela é sempre a nova namorada. 54
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Badi Assad
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COISA MAIS LINDA
Instrumental
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Antonio N贸brega
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RASGA
Instrumental
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Chico César
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O HAVER
Interpretacão do poema
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Paulinho da Viola
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Instrumental
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Gabriel o Pensador
BOSSA 9
e Itaal Shur
Bença, Vinicius e Tom Dá licença, desculpa incomodar o vosso bom e merecido sossego Aí em cima deve ser maravilha, sem medo Sem guerrilha, sem miséria e desemprego Dá um abraço no Ray Charles por mim, outro pro Tim Mas hoje eu só vim pra fazer um desabafo Porque a coisa tá ficando ruim Não é só nem é só em Ipanema, nem é só aqui no Rio que tá assim Mas às vezes dá vontade de pegar o Antonio Carlos Jobim Por onde vem cada vez menos turista e por onde sai cada vez mais morador assustado Infelizmente dá vergonha de viver nesse Estado Ó, Cristo Redentor, braços abertos Não deixe o som do tiroteio sufocar nossos versos Se eu reclamo e se eu declamo é porque eu amo isso aqui Se a gente chora é porque sabe que merece sorrir. “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça É ela, menina, que vem e que passa Num doce balanço, a caminho do mar” Se eu reclamo é porque eu amo isso aqui. A praia tá bonita, as garotas mais ainda, coisa linda Mais cheia de graça aqui no Posto 9 Não há quem reprove, eu fico louco Só um pouco, mais um pouco dessa água de coco Vale a pena vir aqui pra ver Meu skate e o walkman, eu fico zen ouvindo esse CD É só descer a Vinicius de Moraes A lagoa ali atrás, e, na frente, o mar aberto, pode crer É deslumbrante a vista, mas é bom ficar esperto Que os ladrões vêm pedalando e dão o bote certo É bicicleta, poeta, e a polícia não acompanha Quem dá mole vira boi de piranha Olha que coisa mais feia, arrastão na areia Quanto ladrão e um turista sem ação perdeu até o calção Dava até um bom samba, bossa nova, vem que tem Deixa comigo, Poetinha, eu sou poeta também Tudo que eu falo vem do coração, não sou um Vinicius Mas também tenho esse vício, cê me perdoa Sabe como é? Inspiração, a gente vai rimando à toa Coisa ruim com coisa boa.
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Teresa Cristina
TEMPO E ARTISTA
Chico Buarque
Imagino o artista num anfiteatro Onde o tempo é a grande estrela Vejo o tempo obrar a sua arte Tendo o mesmo artista como tela. Modelando o artista ao seu feitio O tempo, com seu lápis impreciso Põe-lhe rugas ao redor da boca Como contrapesos de um sorriso. Já vestindo a pele do artista O tempo arrebata-lhe a garganta O velho cantor subindo ao palco Apenas abre a voz, e o tempo canta. Dança o tempo sem cessar, montando O dorso do exausto bailarino Trêmulo, o ator recita um drama Que ainda está por ser escrito. No anfiteatro, sob o céu de estrelas Um concerto eu imagino Onde, num relance, o tempo alcance a glória E o artista, o infinito. Desde que ouvi Tempo e Artista, enquanto acumulava minha dívida com Vinicius, vi nela um retrato do Poetinha. Para mim, a contribuição de Chico Buarque a este projeto já estava pronta. Convidei então Teresa Cristina, outra entusiasta da canção, para completar o time de amigos que me ajudariam a quitar minha dívida. Acompanhada pelo violonista Renato Consorte, ela nos presenteou – ou melhor, presenteou Vinicius – com esta singela aquarela e uma interpretação memorável da música de Chico, felizmente registrada no DVD que acompanha este livro, assim como as demais músicas que compõem esta homenagem. Elifas Andreato 66
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