TattooArt 07

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pelo mundo

kore flatmo Por Daniela Carrara • Foto: Steve Willis

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Kore Flatmo Em um interessante bairro de Cincinnati, Ohio, Kore abriu seu próprio estúdio, o PluraBella, em 1999, para fazer tatuagens sob medida para seus clientes. Entrando em sua segunda década no ramo da tatuagem e esperando pelo menos mais três, Kore agradece a todos aqueles que continuarão tornando tudo isso possível. Kore viaja regularmente, muitas vezes à sua cidade natal, Los Angeles. Ocasionalmente, passa por estúdios e convenções por todo o país e pelo mundo. Sua esposa Brenda (veja entrevista completa na TattooArt 06), que é uma talentosa artista com 14 anos de experiência e uma paciência infinita, um pré-requisito para trabalhar ao lado de Kore, viaja junto com ele. Embora o foco principal de Kore seja a criação de tatuagens grandes e de cobertura, ele também pode ser encontrado trabalhando com aquarelas, desenhos a carvão, gravuras personalizadas e, mais recentemente, passou a atuar com pirogravura e xilogravura.

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destaque

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Teneile Napoli

teneile napoli

O Talento Por Trás da Beleza Por Daniela Carrara • Foto e Make Sheridyn Fisher

Há quase oito anos atuando como tatuadora, Teneile não imaginava que um dia se tornaria uma artista da pele. Tatuadora da nova safra de profissionais, acredita que essa geração é inspiradora e a faz evoluir a cada dia. Natural da Austrália, considera que a tatuagem em seu país é crescente e que há grandes artistas australianos. Ela conhece tatuadores brasileiros, admira o trabalho de alguns deles, entre eles Ganso Galvão, e tem como artistas favoritos Victor Portugal, Nikko Hurtado, Paul Booth, entre outros com estilos únicos. Teneile divide seu tempo com os compromissos da tatuagem, gerenciando seu estúdio, o Garake Ink, e cuidando de seus dois filhos. 5 • TattooArt


mundo afora

ganso galvão Por Daniela Carrara

O skate e as bandas de punk rock impulsionaram Ganso a se interessar pela tatuagem. “Via as bandas de que gosto e todos os seus membros estavam sempre com muitas tatuagens, aí, eu pensei: vou fazer uma em mim também”. Depois de fazer a primeira tattoo, não parou mais até que essa arte passou definitivamente a fazer parte de sua vida. “Amo o que faço”.

M

arcelino Galvão, ou Ganso, como é conhecido mundo afora, nasceu no Rio de Janeiro e, apesar de suas raízes cariocas, sua casa não tem endereço fixo. Decidiu levar um estilo de vida caminhando pelo mundo e buscando experiências. “Viajando, você aprende um pouco de tudo, um jeito de brincar, músicas, histórias, aí você conhece as praças, as igrejas, os pontos turísticos, sempre com brasões ou estátuas. No caso da Europa, conheci várias catedrais e estações antigas, com gárgulas, figuras de anjos, mulheres, ornamentos superantigos. A Ásia é maravilhosa também; há vários templos por lá! Na Oceania, há lindas praias e natureza. Esse mundo tem muita coisa para mostrar, e aconselho todos que tenham oportunidade a, sempre que for possível, fazerem uma viagem. Visite lugares que sonha ver, tire fotos e aproveite bem, isso com certeza vai abrir sua mente para criar”. Na tatuagem, as principais diferenças que Ganso destaca são a seriedade dos clientes e a valorização que dão ao seu tatuador: “Eles procuram você pelo seu estilo de trabalho, deixam você mais livre para fazer sua arte. No Brasil, não generalizando, alguns clientes não se importam tanto, nem olham seu álbum de fotos de

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trabalhos, acho que todos que lerem isso devem começar a pensar mais na escolha do seu tatuador, pensem no estilo que querem e procurem o artista que se enquadre melhor no que quer fazer e, com certeza, o resultado final será bom para os dois lados”. Outro fator que motiva alguns tatuadores a procurarem trabalho no exterior é o fácil acesso a bons materiais. As convenções são sempre bem realizadas e trazem os melhores artistas; o acesso aos livros e à arte é bem mais comum do que aqui no Brasil e isso, com certeza, ajuda o tatuador a se sobressair e a fazer os melhores trabalhos. Claro que talento é o fator principal para se obter sucesso, como é o caso de Ganso. Sem talento, continuar na profissão não tem sentido. A variação na alimentação, o frio, a mudança de acomodações a toda hora, às vezes no hotel ou em casa de amigos, tudo faz parte de um estilo de vida de quem busca uma sensação de liberdade! “Viajar e fazer novas amizades são sempre ótimas ações”, afirma. De todos os lugares pelos quais já passou, Ganso conta que o seu preferido para tatuar é a Austrália, por ser onde deixam você livre para fazer aquilo que faz você se sentir bem. A Alemanha é sua segunda casa, desde 2009 viaja para lá, e fez muitos amigos e clientes, mas são os Estados Unidos, apesar de ir pela primeira vez n


Ganso Galvão esse ano, que ele acha que têm mais a ver com o estilo de trabalho que faz. Robert Hernandez, Victor Portugal, Nikko Hurtado, Guy Aitchison, Filipe Leu, Shige, Volko são, para ele, criadores de estilos, “vários no mundo pegam referência deles, como eu mesmo sempre vejo seus trabalhos”. No Brasil, admira os trabalhos de Mauricio Theodoro, Mordenti, André Rodrigues, que o inspiram a fazer arte todos os dias. Artistas como Sylvio Freitas, Minero, Tyes, Theo Pedrada, Adri Oest, AJ, Teneile Napoli, Boog, Steve Soto, entre vários outros, são inspirações para todos. Sobre as convenções de tatuagem no exterior, Ganso conta que a maioria é bem organizada, há hora certa de abrir e fechar, todas dão todo o material descartável do dia, algumas têm área de alimentação para os tatuadores, impressões e cópias à vontade para os artistas, ajudam na questão dos hotéis e geralmente organizam um passeio na segunda-feira após o evento para que todos tenham a oportunidade de não apenas se ver na convenção, mas também fora do espaço de trabalho, assim dando um pouco mais de tempo para fazer novas amizades e contatos.

“Continuem fazendo arte e dando o seu melhor a cada dia!” www.facebook.com/gansogalvao2

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tatuadores convidados

s a i c n ĂŞ r e ref da tatuagem as novas

Por Alessandro Carvalho

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As novas referências da tatuagem Quando a tatuagem começou a se difundir em nossa sociedade, surgiram alguns nomes como desbravadores e como referências sobre a arte na pele. Grandes nomes protagonizaram a história, como Lucky e Marco Leone, que trouxeram a tatuagem para o Brasil. Houve outros que difundiram a arte em nosso país, como Led’s, Polaco, Mauricio Teodoro e tantos outros personagens. Esses arquitetos dos pilares da tatuagem nacional tinham em suas bases a tatuagem e sua evolução. Nos dias de hoje, novos nomes vêm aparecendo e se destacando; diferentemente dos nomes que protagonizaram o início da história, essas novas referências buscaram especialidades dentro da tatuagem, que se ramificou em diversos estilos singulares. Apresentamos alguns desses nomes, que estão se destacando em algumas dessas áreas da tatuagem.

ÁTILA SOARES New School Led’s Tattoo

“É um pouco difícil definir algo que está em processo, não vejo meu trabalho como um alcance, mas sim como um meio de direção para uma série de variações e possibilidades.”

New School Cada estilo no âmbito da tatuagem carrega uma força que podemos classificar como um determinado formato de trabalho, lembrando sempre que isso surgiu para podermos classificar as categorias na hora das competições e premiações. Eu ainda não sei dizer como caracterizar o estilo New School, estou em processo de descobrir, mas sei dizer que não é personagem de cartoon, super-herói, arte fantástica, entre outras coisas. Características do estilo New School Como comentei, não sei dizer as características, mas posso dizer um pouco do meu processo. Procuro trabalhar muito as cores, como os grafiteiros fazem, tento sempre fugir dos padrões de trabalho para ter novos resultados, trabalhar muito as perspectivas e distorções, muitas variações de linhas, entre outros processos. O que o fez seguir a linha New School? Desde o começo, em meus trabalhos com tatuagem, eu desenhava esta linha de trabalho que foi caracterizada de New School (1996) e, naquela época, só a galera do skate, grafite, hip hop que tatuava, mas hoje o

público aumentou muito, proporcionando uma liberdade maior para novas formas de trabalho. Outros estilos com que se identifica Realismo e oriental. Estudos Estudei muito o realismo e a fotografia, pois, na época em que comecei, eles eram estilos mais complexos. Tínhamos de soldar as agulhas de várias formas para podermos ter alguns resultados específicos. Depois, estudei o oriental, por conta de sua ambientação no corpo. Influências e referências Aprendi muitas coisas quando trabalhei no estúdio do Mauricio de Souza. Transfiro muitas técnicas de perspectiva e distorção do grafite de rua e de alguns artistas plásticos que, se fosse citá-los, muitas pessoas não entenderiam, melhor que fique subentendido.

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sonora

DEAD FISH por Helio Suzuki • Foto: divulgação

Comemorando 20 anos de estrada, o Dead Fish acaba de lançar um DVD, gravado na data cabalística de 11/11/11! Veja o que o vocalista Rodrigo Lima tem a dizer sobre o DVD, fãs e novos planos.

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Vocês acabaram de lançar um DVD comemorativo de 20 anos. Foi difícil sintetizar uma carreira de duas décadas em um só show? Rodrigo Lima: Deixamos isso para o público escolher por um tempo, não deu muito certo porque o setlist ficou parecido com o do DVD anterior. Fizemos um apanhado do que gostaríamos de tocar dos últimos três trabalhos e algumas canções clássicas do Sonho Médio e Afasia. Porque escolheram o Rio de Janeiro para esse show? Rodrigo Lima: Tínhamos uma óti-


Dead Fish ma data no dia 11 de novembro de 2011, que o Denis Porto, que trabalha conosco, conseguiu no Circo Voador. Na sequência, conseguimos o Daniel Ferro para dirigir, por indicação do Rafael Ramos, da Deck Disc, que também era do Rio de Janeiro. O Daniel, dali para frente, mobilizou uma equipe muito brutal para fazermos no Rio, tinha gente até de Maceió na equipe e fazendo tudo por amor. Dali para frente, qualquer intenção de tocar no ES, como gostaríamos que acontecesse, foi por água abaixo. Tudo conspirou para ser no Rio, desde a escolha da casa até a parte de produção. Ficamos felizes porque temos o Rio e, principalmente, o Circo Voador, um lugar clássico para a banda e também para a música rock brasuca. Qual é a principal diferença desse novo DVD em relação ao DVD Ao Vivo MTV, de 2004? Rodrigo Lima: Acredito que tudo esteja mais “bombado” neste. Desde o setlist até a produção no geral. O Daniel Ferro foi um monstro nesta organização. Colocou muitas câmeras e, como disse, mobilizou uma equipe fora de série. Gosto muito também da edição que mostrou muito a realidade do que é a banda no palco. Sem falar que mostrou a banda com um quarteto, algo de que gosto bastante. O DVD saiu como vocês pensaram? Eu digo, teve uma produção legal ou foi aquele esquema de chegar e tocar na raça? Rodrigo Lima: Foram as duas coisas; na raça, porque houve só uma noite e uma chance. Pouca coisa podia dar errado, o que necessariamente não aconteceu. Muitas coisas deram errado, mas, no fim, deram até um diferencial ao filme como um todo. Também foi legal porque passamos tudo semanas antes com o Daniel. Sabíamos tudo, ou 99% de tudo, que ele estava planejando, então, entramos no palco com esta parte bem resolvida. Com 20 anos de estrada, o públi-

co de vocês se renovou diversas vezes, vocês têm uma facilidade com isso, certo? Rodrigo Lima: Cara, eu não consigo explicar isso. Talvez um dia, quando a banda acabar, eu possa tentar falar sobre isso, mas agora não consigo. Como um guri de 17 anos pode gostar de quatro caras mais velhos, que tocam um tipo de música que era novidade nos anos 90? Não sei dizer muito bem. Um dia, seria legal juntar uma galera em uma mesa para tentar dizer algo sobre isso. Rola um conflito de geração nos shows? Rodrigo Lima: É nítido que sim. Muitas vezes, para melhor. Os caras mais velhos querem ver a banda hoje em dia, ficam mais atrás e normalmente ficam irritados em ver o que eles mesmos faziam anos antes, mas eu vejo isso como algo positivo. Já me disseram que bandas se formaram depois do fim de um show do DF e, justamente por isso, os garotos mais novos e com menos noção acabavam tendo que dialogar com os caras mais velhos, que acabam sendo mais chatos, mas ao mesmo tempo passam ideias “mais perigosas” aos guris. Na minha opinião, hoje o Dead Fish é uma das maiores bandas de hardcore do Brasil. Você acha que chegaram ao limite máximo, ou ainda há como crescer aqui dentro do país? Rodrigo Lima: Eu acredito que fizemos até demais. Tenho uma sensação estranha que o dever está cumprido, agora que venham mais bandas, de música rápida ou não, e consigam tornar este pequeno espaço que abrimos, não sozinhos, maior, mais democrático e diverso. Boto muita fé que esta sensação dos velhos de que tudo acabou seja mais papo frustrado que qualquer outra coisa. Gostaria, sinceramente, de ver mais bandas conseguindo espaço em rádio e TV, e que não façam nenhuma concessão para que isso aconteça, que toquem como quiserem, e não acho isso utópi-

co de maneira nenhuma. É perfeitamente executável, se “nêgo” for inteligente. Não vejo isso acontecer a curto prazo, mas a médio. Com a internet e os grandes monopólios de informação ruindo aos poucos, vejo coisas acontecendo para melhor. Quem sabe uma rádio com um investidor mais inteligente ou até mesmo uma universitária ou pública se tornando grande. Acredito nisso. Agora, o Dead Fish se tornar maior, não vejo mais espaço para isso, não. Chegamos aonde deu para chegar. E fora do Brasil, como tudo anda? Rodrigo Lima: Gosto de ir para a Argentina, sempre vejo o público de lá com um sentimento “diferente” quanto à banda. Acho que lá temos algo a fazer ainda. Fico feliz em ir para lá e ver as coisas acontecerem com mais rapidez do que acontecem aqui. Acredito que demoramos a fazer as coisas por lá. Se tivéssemos ido para lá, talvez no começo da década de 2000, fôssemos mais conhecidos. Na Europa, também fizemos algo, mas eu ainda queria poder ir a Portugal e Espanha, países onde não tocamos... Em relação aos EUA, eu queria lançar algo lá e fazer um tour. Tivemos dois convites que acabamos não conseguindo aceitar. Uma hora rola. O DVD foi o primeiro registro com o Marcão na batera, mas, e as inéditas? Algum plano pela frente? Rodrigo Lima: CD a caminho ainda este ano. Eu particularmente gostaria de finalizar o CD até o fim de setembro. Vamos ver. Podemos esperar mais 20 anos pela frente? (hehe). Rodrigo Lima: Acho que não Pelo menos por mim, não. (hahahahahahahaha). Gostaria de estar no meio, mas fazendo outras coisas. Definitivamente, largar uma coisa que você faz desde a adolescência e com prazer não é muito fácil. Vamos ver.

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