Jornal do Agrupamento de Escolas de Seia

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Edição: Equipas das Bibliotecas Escolares Ano letivo 2011-2012 Março

DO NOSSO AGRUPAMENTO

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Atividades das Bibliotecas Escolares (ver pág. 9 -12 e 20)

O Idoso no século XXI – Como o tempo passa! (ver pág. 2)

Florbela Espanca Figura incontornável da poesia portuguesa do século XX (ver pág. 3)

Literacia da Informação Literacia e educação andam de mãos dadas, e a tal não será alheio o facto de serem reconhecidas como um Direito Humano (ver pág. 5)

Voluntariado «Ninguém cometeu maior erro do que aquele que não fez nada só porque podia fazer muito pouco» Edmund Burke (ver pág. 8)

Agrupamento em ação (ver pág. 13-15)


O Idoso no século XXI – Como o tempo passa!

Editorial

* para ler e refletir, com tempo Ao folhear esta nova edição, o olhar prende-se à frase «Quem gastar tempo a contemplar as flores aprende a sabedoria da vida». Efetivamente, na época em que estamos, começamos a ficar rodeados de várias sensações, que nos são transmitidas através das cores, aromas e formas oferecidas pela Mãe Natureza. As condições estão, então, criadas para momentos de observação, reflexão, análise introspetiva, leituras, de tudo quanto nos envolve, cativa e estimula a “saborear” cada dia mais e melhor, individual e coletivamente, na relação pessoal connosco e com os outros. O tempo, esse, deve ser o companheiro da nossa jornada. Temos de tornálo útil, de modo a que nos transporte ao progresso, ao crescimento pessoal, ao sucesso e realização de uma vida, plena de mistérios e da edificação de uma Nação que se pretende forte, corajosa e otimista. As palavras registadas nos artigos que incorporam as páginas deste jornal evidenciam que os autores expõem abertamente o seu envolvimento, em diversas ações levadas a efeito por este Agrupamento. As palavras, essas traduzem a importância dada por esta comunidade educativa a assuntos prementes na sociedade atual portuguesa: a família (pais/filhos/avós), a solidariedade, o voluntariado, a amizade, a solidão (que abrange novos e velhos), a formação/educação/ arte de ensinar as gerações mais novas (como?), a construção de saberes. As múltiplas interrogações, oriundas da leitura dos textos, podem levar à ânsia da descoberta. A flor surge assim como o reconhecimento do agrado que sentimos por tudo aquilo que fazemos com gosto e muita dedicação. Que a musicalidade do poema «uma flor de verde pinho» a todos proporcione força, firmeza e Vida!

Uma flor de verde pinho Eu podia chamar-te pátria minha dar-te o mais lindo nome português podia dar-te um nome de rainha que este amor é de Pedro por Inês. Mas não há forma não há verso não há leito para este fogo amor para este rio. Como dizer um coração fora do peito? Meu amor transbordou. E eu sem navio. Gostar de ti é um poema que não digo que não há taça amor para este vinho não há guitarra nem cantar de amigo não há flor não há flor de verde pinho.

E pronto, quase sem dar por isso, a pessoa passa pela vida, por vários ciclos da vida e chega a pontos de pensar que já tem pouco tempo à frente para gozar essa mesma vida, ou olhar o futuro com confiança. É o tempo que vai faltando, esse tempo que tinha de sobra, quando espreitava a rotina da vida, nesse ritmo que não abrandava e que apenas ia dando sinais das etapas de um calendário em delírio. O tempo, sempre o tempo, esse mesmo que antes sobrava e que agora tanta falta faz, na dor lida que o sustém, quando a agonia se afunda à medida que se mira ao longe o fim. Tantas vezes acompanhado, como outras desamparado ou incompreendido, mas sempre meio angustiado, não por ser trapo, mas se julgar fardo, sendo ou não inválido, gasto ou empedernido e nem sempre perdido. Quantos laços desfeitos, quantas famílias enfim, ao largo, desamarradas de gerações e de obrigações, que os estilos de vida tecem e as correrias da sobrevivência financeira obrigam. Em pleno século XXI, no emaranhado de obrigações e de rótulos, que leva tantas vezes à incerteza do caminho, seja velho, idoso ou sénior, nota-se que vive e vai vivendo, esse que tem anos a mais de experiência e lhe sobra em paciência. O mesmo que prefere a solidão à confusão, ou que não se importa de trocar um sorriso espontâneo por um abraço forçado de ocasião. Ou que trauteia nessa imensa e permanente novidade a que chamam esperança de vida, que de tão curtas, uma e outra – a esperança e a vida - mais parecem invisíveis ou inexistentes. Mas mesmo assim, trauteiam e seguem e não se importam do caminho, ou do canto aonde os arrumam, como que atirados ao fundo de um baú ou a um sótão cimeiro, à espera do dia da partida. E que aconteça de vez, no célere desejo de partilhas, já que pode não haver tempo para tratar de quem precisa, mas sobrar para a faina de açambarcar daquilo que vai deixar. Assim vai, quem já passou por tudo, ou quase tudo. E assim se sente – parto não parto, mais um dia, mais uma vitória – e segue o caminho e cada dia uma conquista. No fim de tudo, é entre esse efémero tempo passado e o curto que ainda sobra, que parece jorrar a inaudita vontade de andar, de ouvir, de ser e ainda amar, ao mesmo tempo sonhar, forçado ou não, e sorrir para não atrapalhar. Mas seja como for, há planos e projetos, programas e arquétipos, em nome de uma vida melhor e promessas de conforto e de qualidade de vida. E tanto uns como outros, os novos que dão ou querem dar e fazem por acreditar e os tais velhos, vão indo, espreitando, empurrando ou levados na doce ternura de quem não tem tempo para mais. Porque há uma certeza - agora há mais conforto e beleza, não há é tempo para nada, que o tempo passa a correr e a vida também! Mário Jorge Branquinho Seia, 14 de Fevereiro de 2012

Não há barco nem trigo não há trevo não há palavras para dizer esta canção. Gostar de ti é um poema que não escrevo. Que há um rio sem leito. E eu sem coração.

Se o tempo pudesse voltar atrás…

Manuel Alegre A Equipa da BE

«Toda a alma digna de si própria deseja viver a vida em extremo. Contentarse com o que lhe dão é próprio dos escravos. Pedir mais é próprio das crianças. Conquistar mais é próprio dos loucos.» Bernardo Soares, Livro do Desassossego

Voltaria a viver a infância, que é uma das melhores partes da vida. Agora tenho quase 17 anos; quando fizer 18, o resto da vida passará muito depressa! Na infância, a vida é uma fantasia, brincamos imenso. Quando chegava a época do Natal, ficava muito contente com os presentes e ainda hoje gosto bastante de ver as luzes a piscar, o presépio, a própria árvore. E não mudaria nada, porque gostei da minha infância. Francisco Rocha, 9ºG (CEF) EB de Tourais/Paranhos

Ficha Técnica

Ser Amigo

Responsáveis: Equipa das Bibliotecas Escolares Composição de textos: Comunidade

Ser amigo é um bem, um tesouro que se tem. Os amigos estão presentes nos bons e maus momentos. São, frequentemente, a nossa companhia, ao longo da vida. Mas aos amigos verdadeiros não se diz sempre sim. Por vezes, é necessário corrigi-los. Outras vezes, são eles que nos corrigem a nós. Os nossos melhores amigos não são necessariamente a nossa alma gémea, isto é, iguais a nós em tudo. Podem ter ideias e gostos diferentes dos nossos. A amizade é compreensiva e tolerante. De um amigo não devemos esperar nada em troca. A amizade não é interesseira nem ciumenta.

Fotografia: Comunidade Email: jornalvivencias@gmail.com Web: http://www.aeseia.pt Recolha de textos e organização: Isaura Almeida, Liliana Melo, Lurdes Alcafache e Manuela Silva Montagem e fotocomposição: Manuela Silva Apoio técnico: Luís Pinto e Fernando Revisão de textos: Rosário Cabral, Isaura Almeida, Isaura Bernardo, Manuela Silva e Lurdes Alcafache

(in Formação Cívica, alunos do 7º A)

Tiragem: 500 exemplares Impressão: Tipografia Central Rua Cesário Verde, nº1 Zona Industrial 2 3530-140 Mangualde

«Um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão.» Benjamin Franklin

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EM DESTAQUE FLORBELA ESPANCA

Esta figura incontornável da poesia portuguesa do século XX nasce em Vila Viçosa, no Alentejo, a 8 de dezembro de 1894, filha de Antónia da Conceição Lobo e de João Maria Espanca e é baptizada com nome de Flor Bela de Alma Conceição Lobo. Antónia da Conceição, mulher de condição humilde, de quem teve dois filhos – Florbela e Apeles - não era a sua legítima esposa. Seu pai era casado com Mariana do Carmo Toscano. Ambos os irmãos foram registados como filhos ilegítimos de pai incógnito. O pai criou-os na sua casa, sendo Mariana a madrinha de batismo dos dois. Carinho e apoio não lhes foram recusados pelo pai, contudo e, paradoxalmente, só reconhece Florbela em cartório, dezoito anos após a morte dela. Florbela frequentou a escola primária em Vila Viçosa. Por esta altura faz as suas primeiras poesias. “A Vida e a Morte”, escrita aos sete anos de idade é a primeira poesia de que há conhecimento, mostrando uma admirável precocidade e anunciando, desde logo, a opção por temas que, mais tarde, virá a abordar de forma mais complexa. Em 1907, com treze anos, escreve o seu primeiro conto: “Mamã! “e é, também neste ano, que Florbela aponta os primeiros sinais da sua doença, a neurastenia. No ano seguinte, faleceu a sua mãe, Antónia, com apenas vinte e nove anos, vítima de neurose. Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar o ensino secundário. Em Évora, onde cursou, com excelentes classificações, o liceu, aproveitou para ler Balzac, Alexandre Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Almeida Garrett, entre outros. Aos dezanove anos, casa-se pelo civil, em Évora, com o seu colega de escola Alberto de Jesus Silva Moutinho. Apesar de algumas dificuldades económicas, o casal muda-se em 1914, para o Redondo, na Serra d'Ossa, onde abre um colégio e lecciona. Numa festa do colégio, Florbela recita, pela primeira vez, versos seus em público. É no ano seguinte que inaugura o projeto “Trocando Olhares”, onde reúne uma selecção da sua produção poética desde 1915 – oitenta e cinco poemas e três contos. Por esta altura colabora como jornalista em “Modas & Bordados” (suplemento de O Século de Lisboa), em “Notícias de Évora” e em “A Voz Pública”, também eborense. Em 1917, matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, circunstância que a obrigou a mudar-se para a capital, onde começa a contactar com a vida boémia. Na Universidade era uma das catorze mulheres entre trezentos e quarenta e sete alunos inscritos. Na sequência de um aborto involuntário que

lhe teria infectado os ovários e os pulmões, em 1919, Florbela tem de se mudar para Quelfes, perto de Olhão, para repousar, apresentando, por esta altura, os primeiros sintomas sérios de neurose. Mais tarde e já com o seu primeiro casamento desfeito, vai novamente para Lisboa prosseguir o curso, separando-se do marido e passando a conhecer a rejeição da sociedade Em junho de 1919, saiu a sua primeira obra ”Livro de Mágoas”, um livro de sonetos. A tiragem (duzentos exemplares) esgotou-se rapidamente. Posteriormente, completa o terceiro ano de Direito. Em 1920, sendo ainda casada, a escritora passou a viver com António José Marques Guimarães, alferes de Artilharia da Guarda Republicana, em Matosinhos, com quem se casa em 29 de junho de 1921, após o primeiro divórcio e interrompendo os estudos na faculdade de Direito. António José Guimarães tornou-se chefe de gabinete do Ministro do Exército e, por essa razão, rapidamente retornaram a Lisboa. “Claustro das Quimeras”, depois chamado “Livro de Soror Saudade” surge em janeiro de 1923. Diz Florbela, a este propósito, em carta ao irmão: O malandro do Alfredo Pimenta escangalhou-me o arranjinho, publicando um “Livro de Quimeras”. Lá se vão as minhas quimeras! O meu fica-se chamando “Livro de Soror Saudade”. Esta segunda coletânea de sonetos é uma edição paga pelo pai da poetisa. A revista Seara Nova, fundada em 1922, publicou o seu soneto “Prince charmant...”, dedicado a Raul Proença. Com dificuldades financeiras, Florbela vê, nas aulas particulares de português que começa a dar, um meio de sobrevivência. Por esta altura e mais uma vez, acontece nova mudança, desta feita para Gonça, perto de Guimarães, para se tratar de um novo aborto. Assim, Florbela separa-se do marido, que pede o divórcio, oficializado em 1924. O segundo divórcio cria animosidades familiares, levando mesmo a que a sua família não lhe fale durante cerca de dois anos, situação que muito a abalou. Em 1925, depois de se ter mudado para a casa do médico que conhecia desde 1921, Mário Pereira Lage, em Esmoriz, casa com ele, pelo civil e, depois, pela Igreja. Nesta altura faz traduções de romances franceses para a Livraria Civilização e Figueirinhas no Porto (a primeira publica oito trabalhos seus). O seu irmão, Apeles Espanca, falece, num trágico acidente de avião. A sua morte foi para a autora realmente dolorosa. Torna-se uma mulher triste e desiludida como transparece em “As Máscaras do Destino”, conjunto de contos que escreve em homenagem ao irmão, publicado postumamente em 1931. Entretanto a sua doença mental agrava-se consideravelmente. Enquanto a relação com o marido se desgasta progressivamente, a neurose de Florbela acentua-se mais e mais. É neste período que, possivelmente, se apaixona pelo pianista Luís Maria Cabral, a quem dedica “Chopin “e “Tarde de Música”. Talvez por isso, tenta, pela primeira vez, suicidar-se – corre o ano de 1928. Em 1929,em Lisboa, Florbela vê recusada a participação no filme “Dança dos Paroxismos”, de Jorge Brum do Canto. Volta a Évora, onde, em 1930, começa a escrever o seu “Diário do Último Ano”, publicado só em 1981. Ao mesmo tempo que escreve o diário, corresponde-se com Guido Battelli, professor italiano, admirador da sua obra e visitante na Universidade de Coimbra, que se oferece para publicar a “Charneca em Flor” em 1931. A partir daqui, toda a gente se penitenciou de não ter dado mais cedo pelo extraordinário valor de Florbela. Na altura, a poetisa passa a colaborar nas revistas “Portugal Feminino” de Lisboa, na revista “Civilização” e no Primeiro de Janeiro, ambos do Porto. Já em Matosinhos, Florbela revê as provas da

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sua obra-prima “Charneca em Flor” e nas vésperas da sua publicação, tenta o suicídio por duas vezes mais: outubro e novembro de 1931, período em que a neurose se torna insuportável e lhe é diagnosticado um edema pulmonar. A dor/sofrimento vai minando profundamente a sua alma, até que, em atitude última, deseja a morte e perde o resto da vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa de suicídio. A 8 de dezembro de 1930, no dia do seu 36º aniversário e do primeiro casamento, Florbela suicida-se, cerca das duas horas, com dois frascos de Veronal. A causa da morte foi, obviamente, a sobredose de barbitúricos. Logo após a sua morte, uma comissão de senhoras resolveu erigir-lhe um monumento em Évora e todos os jornais e revistas começaram a elogiá-la. Daí por diante, os seus livros venderam-se muitíssimo. A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do avião pilotado por Apeles Espanca na hora do acidente. O corpo dela jaz, desde 17 de Maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal. Autora polifacetada a quem se apontam, apenas, influências formais de Antero e, sobretudo, de António Nobre escreveu: poesia, contos, um diário e epístolas; traduziu vários romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diversa índole. Florbela Espanca antes de tudo é poetisa. Mulher de temperamento único e escritora de sensibilidade muito rara, criou um universo temático próprio, alvo de críticas, e uma estética independente face a outros escritores e poetas. É à sua poesia, quase sempre em forma de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento. A temática abordada é principalmente amorosa. O que preocupa mais a autora é o amor e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: dor, ansiedade, solidão, tristeza, desespero, saudade, sedução, desejo e morte. A sua obra abrange também poemas de sentido patriótico, inclusive alguns em que é visível o seu patriotismo local: o soneto “No meu Alentejo”. A autora revela, também, uma grande capacidade de sintetizar o sentir dos poetas, como nos mostra em “Ser Poeta”. Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente! (Florbela Espanca, «Ser Poeta», in «Charneca em Flor»)

Bibliografia BARREIROS, António José – História da Literatura Portuguesa. 2º vol. Séculos XIX-XX. 9ª edição. BRAGANÇA, António – Literatura Portuguesa. 3º vol. SARAIVA, António José; Lopes, Óscar – História da Literatura Portuguesa. Porto Editora. VERBO, Enciclopédia – Luso Brasileira de Cultura. Edição séc. XXI. 9º volume. ESPANCA, Florbela Lobo – Wikipédia, enciclopédia livre. [consulta 25 fevereiro 2012]. ESPANCA, Florbela Lobo, http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/biografia.h tml. [consulta 21 fevereiro 2012]. Prof.ª Rosa Isabel Martins


EM DESTAQUE Estilo Manuelino: Janelas artísticas Um conjunto assinalável de janelas manuelinas está espalhado por cidades, vilas e algumas aldeias da Beira Interior, tendo-se captado, para esta reportagem, em registo fotográfico algumas localizadas nas cidades da Guarda, Viseu,

Seia, Gouveia e nas aldeias de Linhares da Beira e Folgosinho. A recolha produziu um interessante conjunto fotográfico ao qual se associou alguma informação histórica. É imperativo relembrar que o devir histórico também contempla as repercussões sociais e culturais, como têm sido as manifestações artísticas ao longo dos séculos. O estilo manuelino, por

Guimarães e Braga no centro da Europa: Capitais Europeias 2012 são cidades portuguesas Pela terceira vez nos últimos 20 anos, uma cidade portuguesa foi escolhida para Capital Europeia da Cultura, depois de Lisboa (1994) e Porto (2001). Em 2012, Guimarães será uma das duas capitais europeias da cultura, juntamente com a cidade histórica de Maribor, a segunda mais populosa da Eslovénia. Criada em 1985 pela União Europeia, com a designação inicial de Cidade Europeia da Cultura e destinada a promover anualmente uma cidade da União Europeia, a iniciativa logo foi alargada a todas as cidades da Europa. Para 2012, foi concedida a Guimarães uma excelente oportunidade de valorizar e promover a nível internacional a história, vida e desenvolvimento cultural da região minhota, reforçada pela designação de Braga como Capital Europeia da Juventude 2012. Este facto invulgar na atribuição das Capitais Europeias deve-se à ancestral rivalidade entre Guimarães e Braga, ambas com pretensões a Capital da Cultura, dois centros urbanos distando escassas dezenas de quilómetros entre si, dois concelhos vizinhos no mesmo distrito, dois polos do desenvolvimento nortenho, duas cidades históricas. Juntamente com o Porto, que deu nome ao novo território independente (Porto Cale),

janelas e portais, tanto em edifícios religiosos como profanos, terá sido a construção da Sé Catedral, que teve o seu período mais intenso na época manuelina e que albergou um estaleiro de mestres e artesãos estrangeiros. Deslumbrados pela própria Sé e pela aplicação do estilo manuelino na decoração, as populações das vilas e aldeias próximas da cidade da Guarda fizeram uso do estilo nos palácios e nas

exemplo, é espelho dum período basilar na História de Portugal, que envolveu toda a nação portuguesa num sentimento de grandeza proporcionado pelas descobertas e comércio marítimos. Essa grandeza determinou um género decorativo exótico e original, que agregou motivos da flora, da fauna, cordas, esfera armilar, entre outros, e que foi amplamente utilizado em muitas edificações, desde o reinado de D. Manuel I até ao de D. João III. Este estilo tem sido alvo de estudo em monumentos edificados em calcário e de relevância nacional, como conventos, mosteiros, palácios, localizados próximo do litoral, descurando-se a recolha e o estudo deste estilo em edifícios graníticos e de maior simplicidade, alguns, infelizmente, em estado adiantado de deterioração, que no interior beirão foram edificados. No dizer do historiador de arte Professor Pedro Dias, o manuelino foi “(…) a facies peculiar da sociedade e da cultura portuguesa, num momento em que a febre de construir e remodelar (…) eram emblemas. (…) O resultado de tudo isto foi a criação de uma corrente decorativa que cobriu todo o território continental (…), numa amálgama estranha, mas pitoresca e vistosa e, finalmente, única.'' Para além da conjuntura económica favorável, pensa-se que o que terá impulsionado, na Beira Interior, próxima da Guarda, o hábito de adornar Guimarães e Braga constituem o núcleo histórico e afetivo da nacionalidade. Não é por acaso que o centro histórico do Porto e o centro histórico de Guimarães foram classificados como Património Mundial pela UNESCO em 1996 e 2001, respetivamente. No norte, só há mais um local com igual distinção: as gravuras de Foz Coa, classificadas em 1998. Refira-se ainda que o Castelo de Guimarães foi recentemente eleito uma das 7 Maravilhas de Portugal, mais pelo seu significado mítico do que pela grandiosidade arquitetónica. Guimarães está mesmo no coração dos portugueses, que bem merecem o símbolo da Guimarães 2012: um coração vibrante de luz e cor. Mas será o norte de Portugal capaz de atrair a atenção de uma Europa distraída com a crise económica e dramas caseiros, apesar da sua história riquíssima, belezas naturais deslumbrantes, gastronomia ímpar, costumes vivos, coloridos e surpreendentes? É que a primeira Capital Europeia foi precisamente Atenas (1985). Além disso, as Capitais Europeias da Cultura em Portugal retrataram em grande parte os males da cultura nacional: atrasos, improviso, desleixo, jogos de influências e lutas pelo poder. Foi assim em Lisboa (1994) e no Porto (2001). Basta folhear os jornais da época. Em Guimarães, foi inclusive necessário apelar à ordem e à moralidade. Para já, os dois principais espetáculos de abertura, vistos e apreciados por imenso público no local e à distância, em Portugal e no estrangeiro, deram boas indicações em termos de quantidade e qualidade. Os comerciantes locais agradecidos estão otimistas e a organização garante que esses espetáculos bem sucedidos constituíram apenas os primeiros momentos de um vasto programa, à altura das responsabilidades assumidas e com eventos e projetos a serem realizados durante todo o ano, pontualmente ou em continuidade. Certo é que a realização simultânea de duas

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casas mais simples, sobretudo ao nível das janelas, umas mais profusas nas suas decorações e outras mais simples, consoante a condição financeira dos seus donos. Isabel Mendonça

Capitais Europeias em Portugal, no mesmo distrito e no coração do Minho, constitui uma oportunidade única para a região e para o país. Também por isso, não peço a ninguém que vá a Maribor - onde poderia apreciar, por exemplo, a videira mais antiga do mundo – mas recomendo vivamente uma ou mais visitas a Guimarães e Braga. Guimarães 2012 apresenta-se como “um projeto catalisador do desenvolvimento da cidade e da região envolvente”, “um grande encontro de criadores e criações”, cruzando “produtos artísticos imaginados e gerados pelos seus residentes com os que de toda a Europa afluirão à cidade”. O programa renova-se ao longo do ano. Quem visitar Guimarães em março, julho ou setembro, encontrará diferentes projetos em desenvolvimento, que se completam e explicam mutuamente. Em Braga, os “pontos altos” serão a realização do Parlamento Europeu Jovem (17 a 25 de março), o Dia Internacional da Juventude (12 de agosto) e a “Aldeia das Religiões” (21 a 28 de outubro). Sérgio Reis


EM DESTAQUE/OPINIÃO LITERACIA DA INFORMAÇÃO O conceito literacia da informação é relativamente recente, estando o seu aparecimento associado ao advento das Tecnologias da Informação e da Comunicação e à necessidade de se encontrar uma designação para as competências que, no contexto da Sociedade da Informação, são exigidas aos cidadãos. O conceito tradicional de literacia relacionase com a capacidade de entender, compreender e redigir textos. O desenvolvimento das Tecnologias da Comunicação e a consequente proliferação da informação conduziram a uma transformação do conceito no sentido de este passar a abranger

saberes e competências fundamentais à interação com a tecnologia e à obtenção de informação através dela. É aí que surge, como já foi referido, a expressão "literacia da informação", associada à exigência de um novo conjunto de competências para o acesso e utilização da informação, tornandose um atributo decisivo na sociedade contemporânea, indispensável à autonomia na aprendizagem ao longo da vida. As definições de literacia de informação, avançadas quer por organizações quer por estudiosos, têm sido várias, no entanto, a mais frequentemente citada é a da American Library Association, a qual refere que um indivíduo com competências de informação "deve ser capaz de reconhecer quando a informação é necessária, e ter capacidades para a localizar, avaliar e usar eficazmente (ALA, 1989, citado por Calixto). Segundo a declaração de princípios da AmericanLibrary Association (Association of College and Research Libraries, 2000, citado por Calixto) aquele que possui literacia da informação deverá ser capaz de determinar a extensão da informação de que necessita; aceder à informação de que necessita de modo eficaz e eficiente; incorporar a informação selecionada na sua base de conhecimentos; usar a informação eficazmente, de modo a conseguir um objetivo específico; compreender as questões económicas, legais e sociais que envolvem o uso da informação e aceder e utilizar a informação de modo ético e legal. A UNESCO/IFLA (2005), através da Proclamação de Alexandria, refere que "a literacia da informação habilita os indivíduos em todas as etapas da sua vida para a procura, avaliação, uso e criação de informação de modo eficaz, na prossecução dos seus objetivos pessoais, sociais, profissionais e educativos, constituindo um direito humano básico num mundo digital e promovendo a inclusão social de todas as nações". Portanto, a literacia da informação é de extrema importância, pois não se liga, apenas, à leitura, à escrita e ao cálculo mas também às competências tecnológicas relacionadas com os computadores e a internet: a popularização de recursos como os blogues, as wikis e os sistemas de partilha de conteúdos em linha, caraterísticos da web 2.0, suscitaram uma apetência pela colaboração e pela interação com o mundo digital em que cada indivíduo pode não só ser consumidor mas também produtor de informação, mesmo não possuindo conhecimentos técnicos avançados. Maria Inês Peixoto Braga afirma que

"literacia e Educação andam de mãos dadas, e a tal não será alheio o facto de serem reconhecidas como um Direito Humano, tendo-se registado um progressivo reconhecimento universal da importância da literacia, cada vez mais perspetivada como inegável fator do progresso individual do ser humano e das nações". Portanto, as escolas e as universidades devem contribuir para a formação dos alunos de modo a que estes consigam pesquisar, recuperar, avaliar e utilizar devidamente a informação de que necessitam. Esse papel deve ser desempenhado pelas bibliotecas, cujos profissionais, devido às competências adquiridas e aplicadas na organização, recuperação e avaliação da informação, devem estar aptos a participar nesta vertente da preparação dos alunos para o futuro: ter consciência das suas necessidades de informação; saber realizar pesquisas eficientes; interpretar dados e avaliar o valor das suas fontes. Estas competências são importantes para todos, pois fazemos parte duma economia global que exige formação ao longo da vida e o desempenho de uma cidadania plena. Por isso, compete às escolas/universidades preparar os alunos para um futuro numa era extremamente dinâmica, na qual é previsível que terão de se adaptar a novas situações e de se orientar num mundo digital complexo. Foram, no fundo, estes pressupostos que acabaram por conduzir à criação de vários modelos de literacia da informação: o modelo de Marland, 1981; o modelo PLUS, apresentado por Herring, em 1996; o Big 6, de Eisenberg & Berkowitz, em 2001, e o modelo de Christine Bruce, referido como "as sete faces da literacia da informação".

Um estudo realizado no Reino Unido sobre a relevância das bibliotecas escolares sugere que "a biblioteca escolar, particularmente no ensino secundário, é a base natural para o ensino das competências de informação" (Grã Bretanha, Department of National Heritage, 1995: 53, citado por Calixto). Por isso, os profissionais das bibliotecas devem manter-se a par da evolução tecnológica e procurar tirar partido dos meios disponíveis, de modo a contribuírem para a concretização das metas das instituições onde se inserem, promovendo a literacia da informação. O próprio Manifesto da UNESCO sobre bibliotecas escolares reforça esta ideia ao apontar que um dos objetivos das bibliotecas escolares é "apoiar os estudantes na aprendizagem e prática de capacidades de avaliação e utilização da informação, independentemente da natureza, suporte ou meio, usando de sensibilidade relativamente aos modos de comunicação de cada comunidade". Portugal apresenta índices muito baixos de literacia que tem de ultrapassar, quer através de esforços para a implementação de ações de modernização e melhoria das qualificações escolar e profissional de jovens e adultos, quer através da modernização tecnológica do ensino. É indispensável o papel dos diferentes agentes na implementação de ações e medidas, mas o que é verdadeiramente essencial é o estabelecimento de uma política educativa que trabalhe a articulação entre os diferentes agentes/atores e evidencie um verdadeiro interesse e compromisso para com o

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problema da literacia da informação em Portugal. Concluindo, se os professores não estiverem sensibilizados e compreendam a necessidade da literacia da informação, continua-se na mesma, uma vez que os professores bibliotecários não se podem impor ou obrigar os docentes a aceitarem a sua ajuda. Os professores, em geral, é que devem tomar consciência que não dominam tudo e que existem profissionais que os podem ajudar a ultrapassar algumas dificuldades e facilitar-lhes todo o processo, continuando a ser excelentes profissionais. N. A.

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OPINIÃO A solidão no século XXI Solidão Eu sozinho sou mais forte Minh'alma mais atrevida Não fujo nunca da vida Nem tenho medo da morte Eu sozinho de verdade Encontro em mim minha essência Não faço caso de ausência E nem me incomoda a saudade Eu sozinho em estado bruto Sou força que principia Sou gerador de energia De mim mesmo absoluto Eu sozinho sou imenso Não meço nunca o meu passo Não penso nunca o que faço E faço tudo o que penso Eu sozinho sou a Esfinge Pousado no meio do deserto Que finge que sabe o que é certo E sabe que é certo que finge Eu sozinho sou sereno E diante da imensidão De toda essa solidão O mundo fica pequeno Eu sozinho em meu caminho Sou eu, sou todos, sou tudo E isso sem ter contudo Jamais ficado sozinho Paulo César Pinheiro

O que é a solidão? Será a ausência de companhia, de pessoas à nossa volta? Estar rodeado de pessoas e sentir-se só? Pois, é isso que é grave. A solidão, mais do que estar só, é o reflexo da sua insatisfação com a vida e consigo mesmo. O filósofo alemão Martin Heidegger afirmou que estar só é a condição original de todo o ser humano; que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte.

AVÓS BABADOS! É habitual escutarmos aos avós que quando eram jovens, não fizeram aos filhos o que fazem agora aos netos. E também se ouve muitas vezes dizer aos pais que eles educam e os avós deseducam! A mim, que dou muito para estar com os meus netos, aplicam-se perfeitamente estas Antenor Santos duas frases. Muitos de nós, quando jovens, não tivemos os meios que adquirimos ao longo da vida e, por isso, é normal dar prendas mais valiosas aos netos do que demos aos filhos. Também, por termos mais tempo disponível nas nossas velhices, podemos dispensar aos mais novos o tempo que, devido às ocupações que tivemos quando os nossos filhos eram crianças, não lhes pudemos, muitas vezes, dedicar. Quanto à educação, umas vezes assim outras vezes assado; eu digo frequentemente que é muito fácil educar os filhos, ou os netos, dos outros. Em questões de educação, é tudo muito relativo. Espero fazer-me entender. Há pouco tempo, uma das minhas netas perguntou-me se eu também tinha tido avós. Só não conheci um, disse-lhe. Porquê? perguntei-lhe. Por nada, respondeu-me. E ficámos assim. Tenho pena que essa questão que a minha neta me colocou, talvez porque alguma coisa nos desviasse do tema, tivesse ficado por ali. Perdi a oportunidade de lhe dizer que tive muita pena de não ter conhecido esse meu avô que faleceu antes de eu nascer. E também de lhe mostrar a grande diferença entre os avós dos meus tempos de menino e os avós

Solidão procura solidão e, quanto mais uma pessoa se isola, à medida que o tempo vai passando, mais isolada quer estar. Quando as pessoas se apercebem que a solidão é a sua companhia, o rosto entristece, a alma desvanece e um forte pesar parece invadir o pensamento. O cenário torna-se deprimente. O futuro sem esperança. A solidão é uma experiência dolorosa e tem atingido pessoas de todas as idades, raças, camadas sociais, etc., sendo considerada o grande mal deste século. A solidão é uma realidade; é um facto presente na vida de muitas pessoas. O número de pessoas que vivem sozinhas é cada vez maior. Apesar dos avanços do século XXI, a solidão está tomando proporções preocupantes e estamos vivendo numa sociedade de pessoas solitárias: na Suécia, 40% das pessoas moram sozinhas, na Dinamarca, 36%, na Inglaterra, 35%, na Alemanha, 30%, na França, 30%, nos Estados Unidos 26%. Conviver, no dia a dia, com muita gente e ao mesmo tempo sentir-se solitário parece um paradoxo social contemporâneo. Mas são muitas as situações geradoras de solidão: solidão gerada pelo próprio poder, solidão decorrente da riqueza, solidão dos bem e mal casados, solidão imposta pelo trabalho automatizado, solidão da criança, cujos pais são egoístas ou incapazes de dar afeto, solidão dos velhinhos, rejeitados com suas memórias e, muitas vezes, abandonados nos lares e esquecidos pelos familiares, solidão da loucura, dos hospitais psiquiátricos, solidão dos enfermos hospitalizados ou dos desempregados. Há diferença entre viver sozinho por opção e o isolamento social forçado. No primeiro, a escolha é consciente e deliberada, no segundo, existe a imposição do destino ou das circunstâncias. O escritor, por exemplo, precisa de estar sozinho para se concentrar e escrever os seus textos. Também para ler, refletir, escrever, é preciso estar sozinho. Muitas pessoas solitárias justificam o seu desejo de privacidade, escolhendo viver sozinhas porque gostam de liberdade, porque preferem viver sozinhas do que mal acompanhadas. A tendência individualista de nossa época reforça o receio de conviver com as diferenças humanas, afinal, morar junto implica, sobretudo, sermos tolerantes, compreender o outro, dividir espaços, coisas, afetos... Viver no século XXI, com acesso rápido às informações, contactos, internet, telemóvel, aumentando a possibilidade de encontrarmos e

sermos encontrados, fica cada vez mais difícil estarmos sós, estarmos com nós mesmos. Apesar de tudo, a solidão é malvista. As pessoas que ficam mais sozinhas são consideradas excluídas, diferentes, excêntricas. Contudo, cada vez mais, as pessoas estando a optar por existências solitárias. Desaprendeu-se a conviver a dois, por exemplo, e assume-se a opção de ficar solteiro. É um fenómeno social, a humanidade está a adaptar-se à solidão. Basta observar o mundo real para chegarmos a estas conclusões: as pessoas andam sozinhas, dançam sozinhas; a mulher sozinha de hoje já não é uma solteirona trancada em casa. No entanto, o sucesso social é medido pela quantidade de vezes que alguém é visto e com quem. Mas dentro de cada ser humano há duas forças essenciais para a nossa sobrevivência e bem-estar, que são poderosas e interdependentes: estar só e relacionar-se. Quando se está só, temos a hipótese de avaliar como está a vida e como estão os relacionamentos, portanto, isolamento nem sempre significa solidão. Porém, não podemos esquecer que somos, desde os primórdios, indivíduos sociais que sempre vivemos em comunidade. Era normal o homem viver com os pais, os irmãos, os cunhados e os avós e, mesmo quando constituía família, a vivência em comunidade permanecia. Havia uma partilha muito grande e existia uma rede de relacionamentos que se entrelaçavam entre as várias gerações. Na atualidade, o homem isolou-se. Os casais não vivem mais com os pais e com os irmãos. Os filhos são criados por estranhos, profissionais, com os quais não há relação. Pai e mãe têm de trabalhar para suportar as despesas familiares. A atual geração tem a agravante de também os avós pertencerem à classe trabalhadora. É muito comum os avós trabalharem até aos 65 anos e, às vezes, para além dessa idade, se a reforma for pequena. Estamos perante uma geração em que o pai e a mãe trabalham. As mulheres que optam por ficar em casa a criar os filhos são cada vez menos, pois o salário do homem não é suficiente para sustentar uma família inteira. O isolamento é tão grande, a correria é tanta que há pais que vivem a 5 km dos filhos e passam meses sem os ver. O homem não foi feito para caminhar sozinho, isolado. Ele é um ser social e, por isso, acredito que só quando começarmos a contrariar esta tendência destrutiva e voltarmos a restaurar laços entre nós, vamos ver resultados e soluções.

destes tempos modernos. Dizer-lhe, por exemplo, que o meu avô António, na opinião da minha mãe, me deseducava, porque dava a beber aos netos, eu incluído, por um pequeno copo com o esmalte todo estalado, de um pipo que tinha na sua loja, um pouco de vinho. E afirmava do alto da sua cátedra, que era a sua proveta idade, que criança que não bebesse não podia nunca vir a ser um homem. O meu avô António baseava-se na máxima, “o vinho é que educa”! Também lhe explicaria que, quando eu era menino, as pessoas viviam com mais dificuldades e, normalmente as mamãs não trabalhavam. Assim, como estavam em casa, quem cuidava mais dos filhos eram as próprias mães, não recorrendo tanto aos avós para cuidarem dos netos. Porque a maioria dos avós eram pobres, também não davam tantas prendas aos netos como agora, nem havia tantas prendas como hoje. Antigamente tudo era muito diferente. A vida transformou-se radicalmente; a noção de família alterou-se, não permitindo às pessoas viver em conjunto como nos tempos em que eu era criança. As famílias vivem hoje muito dispersas e como as mães têm, na maioria, ocupações fora de casa, têm que entregar os filhos a instituições que os possam guardar e educar. Isso, para a educação da criança não é muito bom, e pior ainda é os pais pensarem que isso basta, que o que pagam para lhes guardarem os filhos, inclui a educação. Por muito boa que seja a escola, nada substitui a educação dos pais. É aqui que os avós têm um papel importante e, às vezes, decisivo na educação dos netos. Eu tenho a felicidade de pensar que todos os meus netos estão a ter uma educação exemplar, mas ai dos pais que desprezem o contacto dos seus filhos com os avós. Não sou estudioso na matéria, mas conheço civilizações em que a convivência dos mais pequenos com os anciãos é incentivada e quase

obrigatória. Alguma razão terão, por exemplo os muçulmanos, sobretudo os dos países orientais. O amor maternal é, como já disse, indispensável à educação da criança, mas o carinho que um avô dispensa aos seus netos é o complemento necessário a essa educação. O que se passa comigo, certamente igual ao que se passa com os demais avós, é o meu comportamento alterar-se completamente quando estou com os meus netos. Diz-se, e é verdade, que de velhinho se volta a menino. Às vezes penso que estou a ficar um pouco pateta quando brinco com eles, o que me faz refletir sobre os benefícios que colho também com essa convivência. Não tenho qualquer dúvida que, numa saudável troca de mimos com os mais pequenos, é também benéfico para os mais idosos e não é nenhuma vergonha parecermos, por vezes, mais criancinhas que os próprios miúdos. Também ninguém pode, hoje, menosprezar a utilidade de muitos avós. Os nossos netos estão atualmente expostos a perigos que não existiam quando éramos pequenos. Ir levar os miúdos à escola, acompanhá-los quando estão com outros colegas nas brincadeiras, trazê-los para casa, ajudálos a fazer os deveres escolares e enchê-los de carinho, não é, para mim, apenas, uma tarefa a executar por necessidade de ajudar os filhos que trabalham; é uma obrigação. Cuidar dos netos é, de facto, uma obrigação, e em que todos ficam a ganhar. Os pais, que estão tranquilos nos seus trabalhos, os netos, que recebem o referido complemento educacional e os avós, que ficam, com isso, muito beneficiados; primeiro por se sentirem, ainda, úteis à família e à sociedade em geral, segundo porque ficam geralmente todos babados!

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Sandra Patrícia

Vila Verde, 9 de fevereiro de 2012-02-01


OPINIÃO "O FIM DA INOCÊNCIA» O livro “O fim da Inocência”, de Francisco Salgueiro, despertou a minha curiosidade ao saber que o assunto versava uma história verídica de uma adolescente portuguesa. Sem dúvida, que ele desperta o interesse de qualquer adolescente e deveria estimular, principalmente, o dos pais, pois é a eles que Francisco Salgueiro dirige este livro. Francisco Salgueiro, numa linguagem atual e muito realista, visto que dá voz a uma adolescente, conta, pormenorizadamente e com sentimento, vários acontecimentos da vida daquela, à qual atribui o nome fictício de Inês. Inês tem tudo para ser uma rapariga “perfeita”: família rica, o que para muitas pessoas quer dizer ter princípios, boa educação, frequenta uma das melhores escolas. Mas este perfecionismo não é mais do que aparenta ser. Os pais, por vezes, idealizam um filho, pensando e confiando plenamente na educação que lhe dão, acreditam saber tudo sobre a sua vida. Mesmo que tenham a noção de que não sabem tudo, pensam que ele corresponde exatamente a esse filho idealizado. Não têm muito interesse em perceber coisas que para eles são insignificantes, mas que, para os filhos, abrem as portas para todos os caminhos, visto que têm liberdade para o fazer. Este livro é a prova de que os pais e os professores, muitas vezes, não acompanham a evolução a que o mundo está sujeito todos os dias. Um livro que apela à educação sexual, às relações entre os adolescentes, à amizade e, claro, relevando o facto de que os pais não sabem o que se passa na vida e na cabeça dos filhos. Um livro com conteúdos reais e bastante atuais, com problemas e situações com que os adolescentes se deparam todos os dias. Livro que nos envolve de uma forma tão marcante, que nos transmite e nos faz refletir sobre muitos atos e perigos a que estamos sujeitos devido ao meio em que vivemos. A história envolve sexo, droga e álcool. Todas estas situações estão presentes na vida dos adolescentes; começam por ser tentações, às quais cedemos, muitas vezes, não por nossa iniciativa, mas pela pressão que o grupo de amigos mais próximos exerce sobre nós. Francisco alerta-nos para os altos e baixos da vida, para as decisões inconscientes que tomamos e que nos levam a cometer loucuras que podem prejudicar o resto das nossas vidas. Francisco conseguiu que cada leitor tirasse a sua conclusão, sem ter escrito lições de moral e sermões sobre os erros dos adolescentes. Contar uma história real é o ideal para que cada leitor retire

QUANDO O MELHOR DA ESCOLA NOS SURPREENDE Era um daqueles alunos “difíceis”. Todos os dias chegava de autocarro, entrava na escola e, quando o obrigavam, comparecia às aulas. Andava por ali. Acumulando “cartões vermelhos”. Sem livros, sem vontade, sem nada. Da escola levava a refeição, os raspanetes e deixava os disparates e os problemas. Os pais, primeiro, batiam e, depois, alheavam-se. Das estratégias e pedagogias de “ponta”, coisas que se aprendem nas ciências da educação, aproveitava o primeiro minuto. Depois, tudo voltava ao (a)normal. Não deixava de ser um miúdo com uma certa ética. Prova-o aquele ensaio de explicação, depois de dar um golpe na caixa de esmolas da igreja da paróquia, depois do meu apelo à sua consciência.

as peças principais e construa o seu próprio puzzle. A história de vida da Inês é, sem duvida, o melhor exemplo para fazer chegar até nós uma mensagem educativa sobre a sexualidade, as drogas e o álcoo,l sem que estejam expressamente escritos os avisos de que todos os dias somos alvo e, talvez, por isso, não nos despertem qualquer reação. Através de vários acontecimentos que ocorreram na vida de Inês, entre sexo, droga e álcool, sobressai a amizade e o valor que esta palavra tem para nós, quando o que nos interessa é o prazer. Mas claro que nem toda a história consiste em erros cometidos por uma adolescente. Ao longo da leitura, vamos assistindo a uma evolução. Primeiro, acompanhamos o percurso da Inês, desde que iniciou a sua vida sexual. O ambiente de tensão que existia no seu grupo de amigos e a vontade de experimentar coisas novas, levou a que ela participasse em jogos, brincadeiras, festas, que envolvessem sexo e novidades. Envolve-se de tal maneira, e em tão pouco tempo, que começa a sentir que nada já lhe dá prazer e que já nada é uma novidade. A necessidade de experimentar algo novo ocupa o seu pensamento e interessa-se por uma rapariga, inicialmente apenas com esperança de a conquistar sexualmente, mas depois tudo muda. Esta rapariga, Rita, passou a ser a sua amiga, a sua aprendiz e a aproximação sexual rapidamente passou a ser uma aproximação sentimental. Mas Inês continua ávida de novidades. Numa saída com os amigos, experimentam droga, coca, o que os levou a sentir uma nova sensação. Passam a consumi-la regularmente, tornando-se a droga e o sexo uma rotina, que conduziu Inês por caminhos obscuros, como a venda de drogas. Numa dessas situações, ocorre mais um acontecimento negativo, marcante para a sua vida, e que fez com que ela se sentisse de tal maneira desconfortável, que em segundos viu a sua vida a passar como um flash. Ela despertou e sentiu-se a pior pessoa do mundo, sentiu-se dependente do sexo e da droga, sentiu-se tudo, menos uma pessoa normal da sua idade. Com a ajuda de uma psicóloga e a colaboração dos seus grandes amigos, Rita e Bernardo, consegue estar 9 meses sem ter nenhuma relação sexual e sem drogas. Criou, então, uma página privada no Facebook, onde, mais tarde, encontrou um homem maduro e que ela pensou ser o homem que a faria feliz, sentiu que era aquele que ela queria para pai dos seus filhos. Este homem não passou de mais um que se aproveitou desta rapariga, pois era casado, tendo-se aproveitado dela para ter prazer, iludindo-a e mentindo-lhe. Inês decide ir para o Brasil, recomeçar longe de todos os locais que a fazem relembrar-se dos erros que cometeu no passado, que ela não esconde, mas que deixaram uma pegada no presente e no futuro. Rita e Bernardo concretizaram os seus sonhos e foram estudar para Londres. Depois de loucas aventuras, mas agora

sempre mais conscientes, Francisco Salgueiro, com o seu poder de nos levar para dentro da história, antecede o final com um episódio que deixa Rita entre a vida e a morte. Inês fica muito desesperada, mas um final feliz põe fim a esta história que não é mais do que real e que ocupa a vida de muitos adolescentes. Existem muitas “Inês” que, entre drogas, sexo, vontade de experimentar sensações novas, têm uma vida que não pertence a um adolescente, mas sim a um adulto. Têm sentimentos inconscientes, mas que levam as suas vidas por caminhos que as modificam psicologicamente de tal maneira que não sabem viver o que a vida tem de melhor! Bem, de facto, a vida mirabolante aconteceu “debaixo dos narizes” dos pais de Inês. Todas estas aventuras passaram despercebidas aos olhos dos seus pais e dos professores. Parece-nos uma contradição de facto, pois o dever dos pais é educarnos e estarem presentes nas nossas vidas. Não é apenas educar-nos e confiarem nessa educação, até porque nós crescemos e mudamos e a educação e a presença dos pais nas nossas vidas deveria ser uma constante e não apenas parcial. Podíamos chamar um conto a este livro, porque o seu conteúdo é inacreditável, mas, de facto, vidas como a de Inês acontecem e muitas delas não acabam tão bem como a dela. Francisco Salgueiro consegue, de forma inexcedível, pôr-nos a refletir sobre os vários finais que poderia ter tido esta adolescente, consegue pôr-nos a refletir, principalmente, sobre nós, sobre os nossos erros, as nossas vontades, o mundo de influências em que vivemos. Este livro contém mais do que uma vida real, uma moral. Temos que agir conscientemente e saber enfrentar e dizer não a todas as influências que nos rodeiam! Temos que aprender a saber usar a nossa liberdade e a nossa capacidade racional para fazermos opções que não ponham em risco as nossas vidas. O importante da vida é sabermos vivê-la, não há necessidade de nos sentirmos drogados nem embriagados para nos divertirmos. Somos nós quem escolhe o nosso futuro, só temos que trabalhar para isso no presente. Na minha opinião, este livro retrata, com precisão, a vida de uma pessoa que serve de exemplo a todos os adolescentes. Sou adolescente, sei o que se passa à minha volta e o que se passa comigo e este livro é, sem dúvida, um "abre olhos" para todos nós que aderimos a coisas que, inicialmente, é só para experimentarmos, mas que depois, se as não soubermos gerir, tudo se torna numa rotina e a nossa vida fica perdida entre parvoíces que só nos prejudicam. Tal como todos os adolescentes, sei "dar a volta" aos meus pais. Contudo, ao ler este livro, percebi a sorte que tenho em ter uns pais tão chatos, mas que estão presentes na minha vida. Não sabem tudo sobre mim, como é obvio (nenhum adolescente conta tudo aos seus pais)! Mas sabem a pessoa que eu sou realmente e dão-me, apenas, a liberdade de que eu preciso, e que eu, claro, reclamo sempre mais! Inês, 10º ano

Respondeu-me, com o mais natural dos ares, que tinha tirado apenas as moedas pequenas. Que não senhor! Nas moedas grandes e nas notas não tocara. O Padre podia ficar chateado…. Numa outra ocasião, a sala de professores ficou marcada pelo terror que a professora de português transportava, ao partilhar uma pequena composição que o “artista” elaborou na sua aula. Tinha rabiscado sobre as arrepiantes e masoquistas “brincadeiras” que infligiu a um desgraçado de um gato. Coisa cujos contornos, de tão escabrosos, será melhor nem contar. Saiu da escola tal como entrou. Como um relâmpago…. Reencontrei-o no último verão ao volante de um “carro de alta cilindrada”, como é costume dizerse. Está na Suíça, “na boa”, disse-me, em andamento, depois de uma apitadela e de uma saudação exibicionista. Veio-me à memória o dia em que foi ao meu

gabinete, situação recorrente, após mais um episódio reprovável. Dessa vez apareceu-me de cabelo e sobrancelhas rapadas (a sua última brincadeira), com um sorriso de quem anda satisfeito com a vida. Depois das ameaças e da rotineira lição de moral, procurei saber se haveria, na escola, algo que o cativasse, alguma coisa de que gostasse: professores, colegas, atividades, disciplinas, sei lá…. - Ouve, rapaz, não há qualquer coisa, uma que seja, que gostes ou queiras fazer na escola? Encolheu os ombros, franziu a falta das sobrancelhas, olhou para as paredes e após a terceira ou quarta insistência soltou aquele sorriso malandro, respondendo-me, “de um só jorro”, como se tivesse descoberto o paraíso: - Eu gosto é dos “intervais”! José Carlos Lopes

"Uma escola onde os alunos mandassem seria uma escola triste. A luz, a moralidade e a arte serão sempre representadas na humanidade por um conjunto de mestres, uma minoria que guarda a tradição do verdadeiro, do bem e do belo." Ernest Renan

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OPINIÃO A Pedagogia e a Didática nas Escolas do século XXI Etimologicamente, pedagogia tem origem na palavra “escravo”, aquele que conduzia os rapazes à Escola. A metáfora da “condução” é pertinente, dado que o pedagogo (especializado) conduz o aluno à construção do saber, do seu conhecimento. Então, o pedagogo é aquele que orienta paulatinamente o caminho e as diversas etapas do mesmo, segundo o desejo e a procura do saber do aluno, para que tenha sucesso na aprendizagem. Pese embora a atualidade desta travemestra, surgem vozes contraditórias que defendem a educação como instrução, ou seja, mera transmissão de conteúdos. Este Pedagogismo é considerado por Boilott como “pedagogia do vazio”. Por seu turno, Verret afirma que “nunca se ensinam diretamente os saberes, mas sempre os seus substitutos Didáticos”. Freire desenvolve uma reflexão fabulosa, que entretece na imagem do pedagogo/escravo. Para Freire, sem discência não há docência; a reflexão crítica, o respeito pelos saberes dos educandos, o reconhecimento do ser condicionado, a consciência do inacabado, o respeito pela autonomia, a humildade, a tolerância, a curiosidade, a alegria, são

alguns dos conceitos basilares. A Educação tem sempre presente o “vetor da Liberdade”, daí o caráter de exceção da “norma pedagógica, com a sua dupla vertente”, mas natureza única [Gómez, V. (1984)]. Já Comenius apelava à diferenciação do ensino, ao fluir da criatividade natural. Os métodos para a consecução destes objetivos podem ser discutíveis, subjetivos, múltiplos, porém sempre adaptados pelos professores aos seus destinatários. Há necessidade da construção de uma dialética entre rotina e criatividade, prescrição e improvisação. Os novos meios tecnológicos podem desempenhar um papel fundamental nesta transformação preconizada por Paulo Freire e Papert. Como referem Pastiaux, G. e Pastiaux, J. (1997) “as novas tecnologias já não são somente auxiliares para o ensino, são utensílios de autonomia da aprendizagem.” No entanto, os “arquitetos do caminho” devem dominar os procedimentos metodológicos, sem os quais a tecnologia não poderá ter sucesso. Esta obriga a repensar o papel do professor e os objetivos do processo de ensino/aprendizagem.

Voluntariado

suas aptidões próprias e no seu tempo livre, a realizar ações de voluntariado. Fazer o que se gosta é fundamental para a realização do trabalho voluntário, desde que seja coerente com a motivação. Cada pessoa tem sentimentos e valores próprios, construídos ao longo da vida que se podem representar como uma motivação. É importante lembrar também que o trabalho voluntário promove o crescimento pessoal do indivíduo, propiciando-lhe a aquisição de habilidades e conhecimentos, ajudando-o no desenvolvimento de seu potencial, reforçando a sua autoestima e, muitas vezes, capacitando-o a participar ativamente na resolução dos seus próprios problemas. Mas, muitas vezes, questionamos quais serão as responsabilidades do voluntário. Seremos nós capazes de ajudar os outros? Porém, para que possamos ser voluntários responsáveis, é preciso ter em atenção as necessidades do próprio e ajudá-lo a si mesmo,

assumindo reponsabilidades acessíveis aos outros, tendo consciência das nossas aptidões e limitações, procurando adotar atitudes positivas. O voluntário, nos dias de hoje, não se satisfaz atuando, apenas, em campanhas assistencialistas, ações essas importantes, mas que limitam a sua participação na procura de soluções para os problemas sociais. As pessoas procuram participar em projetos ou organizações sociais que se preocupam com a causa e provoquem a solução de problemas. Numa organização social não há um trabalho voluntário com resultados positivos que não seja decorrente do comprometimento por parte do voluntário e de uma boa gestão do programa de voluntários. É uma via de mão-dupla. O comprometimento passa pelo entendimento de toda a ação que vem acompanhada de conhecimento, transparência e amor pelo se faz.

quiseram saber sobre o sexo e a sexualidade, incluindo imagens e filmes explícitos. É um mundo em que o sexo é tratado como outra mercadoria qualquer, algo a que se pode ter acesso 24 sobre 24 horas e sem censura, a não ser o contornável «Se tem menos de 18 anos, clique aqui». Em 2010, a EU Kids Online, num estudo que abrangeu 25 142 crianças e adolescentes em 25 países, deu conta de que quase um quarto tinha visto conteúdos sexuais ou pornográficos, quer online, quer offline, alguns mais do que uma vez por mês. Em 2006, um estudo na Holanda com 471 adolescentes entre os 13 e os 18 anos concluiu que, quanto mais eles procuram pornografia na Internet, mais tendem a ver o sexo como uma atividade puramente física. Mais dois estudos holandeses de 2009 deram conta de que os rapazes que utilizam a Internet como única fonte de informação sobre sexualidade acabam por provavelmente replicar os comportamentos que veem, em vez de estabelecer os seus próprios limites e fronteiras. Que não haja ilusões: a pornografia online está a anos-luz das revistas Playboy com os seus nus artísticos e iluminação discreta. Estas são imagens hardcore. Num estudo britânico, independente, divulgado na passada primavera, e para o qual os investigadores entrevistaram 520 miúdos com idades compreendidas entre os 7 e os 16 anos e mais de 2000 pais, muitos destes últimos queixaram-se de que os filhos ficaram chocados ao saber que as raparigas tinham na verdade pelos púbicos - é que a sua experiência era limitada às púbis rapadas da Internet. Existem milhares de sites na Internet que mostram vídeos de sexo ao vivo, com uma variedade impressionante de temas, protagonizados por pessoas sem nome. «E estes são só alguns dos sites de que os miúdos me falam», exclama Bamber Delver. «A educação sexual já não é um exclusivo dos pais ou da escola. A menos que se tenha cuidado, [a Internet] pode alterar a atitude de uma criança em relação ao sexo e às relações. Desumaniza-as.» Um estudo holandês de 2006, feito com 11 000 sub-18, dá conta de que muitas raparigas publicam fotografias impróprias e sexualizadas de si próprias em páginas como o Facebook. Nove por cento das meninas confessaram ter publicado fotos de cariz sexual e dizem-se arrependidas de o ter feito. Algumas adolescentes parecem mais velhas do que a idade que têm, parecem

mais sabedoras e blasé. Outras adolescentes há que soam ansiosas, como Jana, de 16 anos, húngara, que pensava ser lésbica porque as relações heterossexuais que via na Internet lhe pareciam sempre selváticas, cruéis e sem sentimentos. Mas há ainda outros menores que são expostos a mais do que deviam: é o caso de Oskar, de 6 anos, também da Hungria, que fez queixa aos pais porque um amigo de 9 anos tinha tentado fazer coisas esquisitas com ele. Na verdade, o que o outro rapazinho estava era a imitar o que tinha visto num filme pornográfico a que havia assistido com o irmão mais velho. Os pais não podem ser ingénuos, diz Bamber Delver. Não podem achar que os seus filhos e filhas não conhecem estas páginas, porque o mais certo é que conheçam. Considerem esta realidade como uma nova «normalidade» - um rito de passagem que se tornou viral. Dada a forma como a Internet mudou a maneira como as crianças aprendem, no geral, o papel central que ocupa na educação sexual, não deve constituir surpresa. O sexo ainda é um daqueles temas que causam embaraço e que os adultos tentam evitar. E é tão fácil procurar online e ter a curiosidade satisfeita, seja ela lasciva ou não. Apesar de as crianças de 10 anos e até mais novas se poderem deparar com imagens de cariz sexual, são poucos os países europeus que oferecem educação sexual obrigatória no ensino básico. Por isso, é aos pais e educadores que cabe a tarefa de falar com os miúdos, assim que eles consigam ouvir, para criar um espaço seguro e de confiança. Sanderijn Van der Doef, psicóloga holandesa e autora de uma conhecida série de livros sobre sexo para crianças, sublinha que os pais e os professores devem familiarizar-se com as coisas boas e más da Internet antes de iniciar qualquer conversa com as crianças sobre qualquer assunto, desde as emoções aos corpos, reprodução e a importância da auto estima. «Trata-se de as ensinar a comunicar e a procurar ajuda», diz. «Comece cedo, e elas irão perceber que falar de sexo e de sexualidade com os mais velhos não é tabu.»

"Ninguém cometeu maior erro do que aquele que não fez nada só porque podia fazer muito pouco." (Edmund Burke)

A nossa vida pode ser administrada de várias maneiras. A cada momento, cada um de nós, envolvido nas nossas tarefas profissionais, toma decisões. Essas devem estar fundamentadas em critérios éticos e de responsabilidade social, pensando na situação de quem será afetado por essa decisão e como a pessoa que toma a decisão gostaria de ser tratada em situação semelhante. Dessa forma, temos o compromisso de contribuir para uma sociedade mais justa, participando diretamente das ações comunitárias, a fim de minorar possíveis danos ambientais e sociais. O voluntário é o individuo que, de forma livre e responsável, se compromete, de acordo com as

Sexo, adolescentes e a internet Vivemos num mundo onde o sexo é tratado como mais uma mercadoria, com acesso permanente e sem controlo. Prometia ser divertido e até um pouco picante: era uma forma de Arto* criar laços com os colegas na sua pequena cidade natal, no Sul da Finlândia. Era algo que rendia conversas em surdina e risos abafados. Sexo! Mulheres nuas! Peitos! Quando os amigos se queixaram de que não conseguiam visitar aqueles sites, Arto disse-lhes que podiam ir lá a casa. Não pediu autorização aos pais. Talvez não quisesse pensar na reação deles. Além disso, eles nunca viriam a saber, certo? Os rapazes amontoaram-se em torno do computador de Arto, no escritório da família. Quando o filme começou, cedo apareceram imagens que eles não perceberam, com braços, pernas e outras partes do corpo a parecerem enormes no ecrã. As imagens fizeram-nos sentir esquisitos e excitados. Seria isto que os adultos - que os seus pais - faziam atrás de portas fechadas? Quando acabou, todos se sentiam um pouco estranhos e foram-se embora de olhos pregados no chão. «Pronto, já está!», pensou Arto. Mas não estava. Ele nunca pensou que a mãe, uma bibliotecária, fizesse uma coisa tão intrusiva como verificar o histórico do computador. E, de repente, ele estava de castigo durante um mês. Os pais estavam furiosos - e chocados. Por essa altura, Arto tinha 10 anos. Todos passámos por isso: pela primeira exploração sexual e dos limites, um mistério que se revelava devagar, um tabu delicioso e um pouco perigoso também. Quando se faziam perguntas, os nossos pais não entravam em detalhes gráficos. Davam respostas como «as raparigas decentes não fazem», ou «os rapazes só pensam numa coisa» ou ainda «ficas com fama». Esse tempo já passou. A Internet e as tecnologias portáteis, tais como os smartphones vieram alterar tudo. Tal como em toda a parte do Mundo, muitos miúdos na Europa consideram, atualmente, que a Internet é o recurso mais à mão para conhecer tudo o que sempre

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A mudança enraíza na Pedagogia e na Didática, que se complementam na arte de Ensinar, que é uma especificidade humana, uma forma de intervenção no mundo. Prof. Cândida Perpétua ASTOLFI, Jean-Pierre (1994). Transposition didactique. In Philippe CHAMPY e Christiane ÉTÉVÉ (dir.). Dictionnaire encyclopédique de l’ éducation et de la formation. Paris : Nathan, p. 1006-1008. DANVERS, Francis (2003). 500 mots-clefs pour l’éducation et la formation tout au long de la vie. 2ª ed., Villeneuve d’ Ascq : Presses Universitaires du Septentrion, pp. 160-162. DEVELAY, Michel (1998). Didactique et pédagogie. In JeanClaude Ruano-Borbalan (dir.), Éduquer et former. Auxerre : Sciences Humaines Éditions, pp. 265-272. PASTIAUX, G. e PASTIAUX, J. (1997). Précis de pédagogie. Paris : Éditions Nathan, pp. 86-87. VÁSQUEZ GÓMEZ, Gonzalo (1984). Pedagogía. In Joaquín García Carrasco (coord.), Teoría de la Educación. Madrid: Anaya, p. 112-11 h t t p : / / w w w. b o r d e r s . c o m . a u / b o o k / p e d a g o g i a - d e - l a tolerancia/8063583/ [consultado em janeiro 2012] http://www.oise.utoronto.ca/legacy/research/freire/vr.html?cms_p age=freire/vr.html[consultado janeiro 2012] http://www.monografias.com/trabajos6/tenpe/tenpe.shtml#pedag ogia [consultado em ] janeiro 2012

Cristiana Carvalho

*Os nomes das crianças e de alguns adolescentes foram alterados.

Lisa Fitterman, in Selecções Reader's Digest (adaptado)


ENTREVISTA «Vivências» conversa com o escritor Francisco Salgueiro Francisco Salgueiro nasceu em Lisboa a 29 de Junho de 1972. Licenciou-se em Comunicação Empresarial, participou na criação da

J. V.: É homem de muitos amores na vida ou de um só amor? F. S.: Os que tiverem de ser.

Direção de Comunicação da TV Cabo, dedicou-se à autoria e escrita de programas de televisão, na SIC, Templo dos jogos, programa para adolescentes, entre 1995-1997 e à escrita de artigos de opinião para as revistas Notícias Magazine, Máxima, Telecabo e o jornal O Independente. É um dos fundadores da primeira empresa em Portugal a dedicar-se à produção de conteúdos escritos para TV, Internet e Televisão Interativa. É um adepto das novas tecnologias e viciado em séries americanas. Editou pela Oficina do Livro as seguintes obras: Homens há muitos

J. V.: Dispõe também de um blogue com atualizações quase diárias. O que podemos lá encontrar? F. S.: No blogue podem encontrar coisas que não sirvam para entrar num livro, coisas que não devem integrar um artigo, estados de espírito, qualquer coisa que me apetece e eu sei que não tenho que dar satisfações nenhumas a ninguém, nomeadamente a um editor. Tudo isso acaba por ir lá parar. J. V.: Sabemos que está para sair um novo livro. Qual o tema ou temas abordados? Segue a mesma linha dos anteriores ou muda drasticamente de estilo?

(2003), Viva o amor! (2004), Splaaash (2005), X-Teens vs O clone da Angelina Jolie (2005), Os homens das cavernas também oferecem toblerones (2006), Amei-te em Copacabana (2008), Praia da saudade (2009), X-teens a misteriosa cidade subterrânea (2010), O fim da inocência ( 2010) e O anjo que queria pecar (abril de 2012).

Jornal Vivências: Quem é Francisco Salgueiro? Francisco Salgueiro: Tenho 40 anos. Sou empresário, escrevo livros e gosto de conhecimento, gosto de conhecer coisas, gosto de saber mais e fazer coisas diferentes.

F. S.: É diferente dos outros todos. O livro chama-se O anjo que queria pecar. É um livro baseado numa situação real e com muita ação. É diferente dos outros na medida em que se poderá dizer que é mais do tipo policial, que foi um género que até agora eu nunca tinha trabalhado. Acaba por ser um pouco diferente, se bem que a dinâmica é sempre a mesma, porque a forma como eu estruturo os livros acaba por ser semelhante. É para os leitores não pararem de ler os livros. Relativamente a essa estrutura acaba por ser semelhante.

F. S.: A inspiração surge-me todos os dias em tudo aquilo que me rodeia, eu acho que é muito importante as pessoas estarem atentas às coisas que estão à sua volta. Não basta olharmos para as coisas, temos de observar, temos de as interiorizar, porque depois isso acaba por nos servir, de uma forma ou de outra, para, mais tarde, poderem ser utilizadas em livros. Portanto, tudo aquilo que me rodeia é o que me inspira. J. V.: A sua obra aborda de forma insistente o tema do amor e da sexualidade. É uma projeção do que vê na realidade?

J. V.: Falemos agora de alguns dos seus livros. A praia da saudade é o seu sexto livro. O que o levou a escrever este belíssimo romance?

F. S.: É. As relações são um tema universal que as pessoas, das mais novas às mais velhas, passam por todas elas. Todos nós temos algumas dúvidas acerca das mesmas, todos gostaríamos de ter mais respostas, mas também temos muitas perguntas e, por isso, é um tema que eu sei que acaba por apelar a muitas pessoas.

F. S.: Olha, não sei. O livro surgiu-me em cinco minutos antes de eu adormecer, nem sequer estava a pensar em escrever um livro. Estava quase, quase a dormir, de repente começa-me a vir o livro à cabeça. Levantei-me, peguei numa folha A4, fiz o esquema todo do livro e voltei a dormir. Ainda bem que o fiz porque, no dia seguinte, lembrava-me de muito pouco do que tinha escrito e estava lá o livro, todo o esqueleto. Depois, claro, tem que se completar algumas partes do esqueleto, mas, às vezes, o mais importante é o esboço, perceber qual é o conceito, perceber onde é que a história vai parar. Tinha sido criado em cinco minutos antes de dormir.

F. S.: Foi uma opção do designer que a fez. Na altura quem fez a capa foi o designer de uma agência de publicidade e, como tal, as agências de publicidade acabam por misturar o sexo para vender. Essa alusão, a nível das cenouras como uma conotação sexual, foi da inteira autoria do designer. J. V.: Como define o seu estilo de escrita? F. S.: É uma escrita despretensiosa e sobretudo de entretenimento. J. V.: Que tipo de pesquisa faz para os seus livros? F. S.: Depende muitos dos livros. Há livros, por exemplo, como o Splaaash e o Homens há muitos que têm muito a ver com aquilo que me rodeia, mas, por exemplo, em casos como A praia da saudade houve muita investigação. Fui à Torre do Tombo e falei com algumas pessoas que viveram naquele período. No caso de O fim da inocência as coisas apareceram-me e, portanto, depende realmente de caso para caso.

J. V.: No livro O fim da inocência, a mãe da Inês, preocupada em retomar a vida social a que estava habituada, voltou a casar, garantindo assim um bom nível de vida. Não concorda que se descuidou da verdadeira função de educadora? F. S.: Concordo. Eu acho que a mãe da Inês nem sequer tinha qualquer capacidade para ter filhos. Se, hoje, todos nós temos de tirar uma carta de condução para aprender a conduzir, eu acho que se as pessoas tirassem uma carta para serem mães, neste caso, a mãe da Inês, claramente, chumbaria. Ela não tinha qualquer espécie de capacidade para ser mãe, porque é uma pessoa que ainda está a cuidar de si própria. Assim se ela não consegue cuidar bem de si própria muito menos de uma filha conseguirá. J. V.: Em O fim da inocência não seria possível transmitir a mensagem que queria sem recorrer à descrição tão pormenorizada de alguns atos sexuais?

J. V.: Como surge a inspiração para as suas histórias?

J. V.: O seu primeiro livro Homens há muitos faz alusão a alimentos na capa, cenouras. Porquê?

são reais, nomeadamente o que tem a ver com a PIDE, as buscas à casa, a parte em que o Rodrigo vai para a África e não pode ir trabalhar para o hospital de Santa Maria, porque, supostamente, tinha ligações com quem queria deitar abaixo Salazar. Este tipo de episódios aconteceram ou com o meu pai ou com o meu avô. Agora, toda a parte do romance em si é ficcional. Não, não, a Beatriz não morreu na cama do hospital com o Rodrigo e não é avó da Bárbara. Na ficção é real, na vida real não é. Mas há imensos momentos em que na mesma personagem misturei relacionamentos do meu pai e do meu avô. No entanto, é complicado estar a dizer o que é de um e do outro, juntei situações que se passaram com um e com o outro.

J. V.: No livro A praia da saudade, apresenta dados históricos relacionados com o Estado Novo. Qual a razão dessa alusão? F. S.: Tinha de ser para completar o livro, pois, eu sabia que iria ser lido por pessoas mais novas e que a maior parte delas não têm pouca noção do que foi a ditadura de Salazar. O livro, de uma forma leve, consegue que as pessoas tenham alguma noção do que foi esse período. Daí ser necessário fazer alguma pesquisa para não ter nenhum erro e estar a passar dados errados. J. V.: Toda a história do livro A praia da saudade é verídica ou existem pormenores fictícios? A serem verídicos, Beatriz era mesmo a avó de Bárbara? A Beatriz morre mesmo com o Rodrigo na cama do hospital? F. S.: Provavelmente, vou dar uma resposta que não vais gostar de ouvir (risos). Há algumas partes que

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F. S.: Eu percebo. Essa foi uma questão que me puseram na editora: - "Francisco, isto tem de sair tudo." Eu respondi que não. - "Para mim, ou vai assim ou não vai!" Isto porquê? Porque esta é a forma como aqueles adolescentes falavam e, por muito que nos custe, a forma como muitos dos adolescentes se exprimem e muitas daquelas atitudes que manifestam são comuns desta faixa etária. Se eu estava a escrever um livro que queria que representasse, com a máxima fidelidade, aquela geração, eu não podia dizer não, porque isto mexe comigo, não porque é um palavrão. Eu não podia fazer isso. É engraçado que quando estou a falar em escolas e digo exatamente isto, normalmente, os alunos acenam com a cabeça demonstrando que concordam comigo. Portanto, eles próprios sabem que aquilo é a realidade deles e se eu não tivesse feito isso, provavelmente, a maior parte não teria lido, porque chegavam e diziam "não é assim que nós falamos, a nossa realidade não é esta". E, portanto, foi essa a minha opção para que houvesse uma identificação. J. V.: É referido na mesma obra, que os pais precisam de se adaptar à realidade do século XXI. Precisamos todos de mudar, adotando medidas mais rigorosas na educação, sem descuidar com certeza as emoções e os afetos? F. S.: Eu acho que hoje as coisas são todas muito rápidas. Os pais têm pouquíssimo tempo, não têm muita «pachorra» para dar atenção aos filhos. Na atualidade, ter filhos, às vezes, é quase como um guião de vida daquilo que é esperado pela sociedade. As pessoas chegam a uma certa idade, começam a trabalhar, juntam-se, casam-se e têm filhos. Acaba por ser mais ou menos um guião que as mesmas, de uma forma inconsciente, seguem, muitas vezes, sem terem a noção que provavelmente não o deveriam fazer. Por isso, acabam os afetos por ficarem em segundo plano porque nós, para conseguirmos dar afeto, é preciso tempo e isso é o que falta a muitas pessoas. J. V.: Obrigado pela atenção. Adriana, Vanessa, 9.º D Maria da Luz, A. O. EBAF


ATIVIDADES DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Feira do Livro do Agrupamento Realizou-se, no passado mês de dezembro, a Feira do Livro, nas diferentes Bibliotecas Escolares do Agrupamento. Na Biblioteca Escolar da Escola Secundária de Seia, este evento decorreu entre os dias 5 e 9 de dezembro e teve uma adesão muito positiva por

Carvalhal da Louça, Tourais, Vila Verde e do 1º CEB, afetos à EB Tourais-Paranhos, usufruíram de um conjunto de atividades lúdico-pedagógicas, promovidas pelos alunos do 11º K do Curso Profissional de Técnicos de Apoio Psicossocial, coadjuvados pelo seu Diretor de Curso, professor Victor Sousa. As atividades desenvolvidas com os

presentes os alunos da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo de Santiago. Estes deslocaram-se juntos, aproveitando o autocarro que trazia os alunos para as atividades das AEC's. Foram desenvolvidas pelos alunos do 11º K, da Escola Secundária de Seia, as

parte de toda a comunidade escolar. No que se refere à Feira do Livro da Biblioteca da Escola Básica Abranches Ferrão (2 a 9 de dezembro), as turmas do 2º e 3º ciclos deslocaram-se à Biblioteca para visitarem a Feira e participarem nas atividades realizadas. Os dias 6 e 7 de dezembro foram destinados aos alunos da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo, afetos à EB Abranches Ferrão. No dia 6 de dezembro, estiveram na

mesmas atividades apresentadas no dia anterior, à exceção da dramatização, uma vez que os alunos do Clube de Teatro tinham testes marcados para esse dia. O balanço, no geral, foi positivo e enriquecedor, embora o convívio entre todos pudesse ter resultado mais benéfico, se tivesse havido uma maior interação entre ciclos, nomeadamente entre os diversos estabelecimentos de Educação Pré-Escolar, o que não foi possível

Biblioteca os alunos da Educação Pré-Escolar de Santa Marinha, Travancinha, Eirô, São Martinho, Pinhanços e Santa Comba e as turmas do 1º Ciclo da EB Abranches Ferrão. Para além de visitarem a Feira do Livro, tiveram a oportunidade de assistir à dramatização do texto "O gato malhado e a andorinha Sinhá”, pelos alunos do Clube de Teatro e de ouvir a Mariana Aires e a Hulcínia Cardoso (técnicas da Biblioteca Municipal), que contaram histórias. Os alunos do 11º K, Curso Profissional de Técnicos de Apoio Psicossocial, da Escola Secundária de Seia, concretizaram atividades de pinturas de rosto, jogos didáticos e balões.

alunos foram pinturas faciais, criação de figuras/objetos com balões, jogos lúdicos e leitura / dramatização de histórias. Estes alunos dinamizaram as referidas atividades nos dias 12, à tarde, e 13, todo dia. Os participantes estiveram muito recetivos às diferentes iniciativas, intervindo ativamente e com entusiasmo nas atividades propostas, tendo feito uma apreciação muito positiva de tudo o que lhes foi proporcionado, nomeadamente o convívio intra e interciclos. Neste âmbito, salienta-se, como aspeto

menos favorável, o transporte dos alunos do 1.º Ciclo de Paranhos da Beira, cedido pela Câmara Municipal de Seia, que, devido ao atraso, não permitiu o envolvimento total em todas as atividades realizadas.

devido ao transporte. A Feira do Livro da Biblioteca Escolar de Tourais-Paranhos realizou-se de 12 a 19 de dezembro. Todas as turmas do 2º e 3º ciclos se deslocaram à Biblioteca Escolar para visitarem a Feira, permitindo-lhes um contacto direto com os livros. Os alunos da Educação Pré-Escolar de

Agradecemos aos alunos do 11º K e respetivo Diretor de Curso, professor Victor Sousa, à Biblioteca Municipal, à Câmara Municipal, às Juntas de Freguesia, bem como à Associação de Beneficiência Social e Cultural de Tourais e Associação Humanitária Social e Cultural de Pinhanços que nos possibilitaram a concretização das atividades.

O dia 7 de dezembro foi dirigido aos alunos do 1º Ciclo e da Educação Pré-Escolar do Sabugueiro e de Santiago. Estes foram divididos em grupos, de modo a facilitar o transporte dos mesmos pelo Município. Assim, durante a manhã, a Biblioteca recebeu os alunos do 1º Ciclo e da Educação Pré-Escolar do Sabugueiro, Pinhanços, Santa Marinha e Santa Comba. À tarde, estiveram

A equipa da BE

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ATIVIDADES DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES À tarde, às 14h30, o escritor deslocou-se à EB1 de Paranhos da Beira, onde interagiu com os alunos. Três alunas do 4.º ano, da prof.ª Alice, apresentaram o escritor Alexandre Honrado de forma original, declamando um poema sobre a vida do mesmo. Cerca das 15h30, o escritor esteve presente na EB Tourais / Paranhos. Os alunos dos 3.º e 4.º anos apresentaram a dramatização da história “Vai

Alexandre Honrado no Agrupamento de Escolas de Seia

Andorinha Sinhá” de Jorge Amado, adaptado pela professora responsável pelo clube de teatro, Gina Santos. Os alunos deslocaram-se à EB Dr. Abranches Ferrão nos transportes disponibilizados pelas Juntas de Freguesia e Associações, manifestando, desde já, o nosso agradecimento.

No dia 7 de Fevereiro o agrupamento de Escolas de Seia recebeu a visita do escritor Alexandre Honrado. De manhã, esteve presente na Escola Básica Dr. Abranches Ferrão, tendo dialogado com os alunos das escolas do 1.º ciclo afetos à mesma. Os alunos apresentaram os trabalhos realizados nas aulas sobre as obras “100 histórias do meu crescer” e “O menino que aprendeu a voar” e colocaram, ainda, algumas questões. Os alunos foram divididos em dois grandes grupos; enquanto um grupo se encontrava na biblioteca a dialogar com o escritor, outro grupo teve oportunidade de assistir à dramatização da peça “O Gato Malhado e a

Projeto "Ler+ com os mais velhos» A Terceira Idade, considerada o último estágio da nossa existência, é um marco na vida de milhões de homens e mulheres no mundo inteiro. A pessoa idosa tem a grande vantagem da vivência como aliada. Por isso, devemos reconhecer a sua vasta experiência como um importante legado. Com efeito, a vida não termina num lar; a idade traz sabedoria e nada melhor do que explorá-la

uma ajudinha” do livro “100 histórias do meu crescer”. Os alunos do 3.º ano criaram, também, umas quadras alusivas ao convidado. Nesta visita, o escritor proporcionou aos alunos leitura de histórias e respondeu a diversas questões colocadas por estes. Houve, ainda, tempo para partilhar os trabalhos realizados pelos alunos, que se encontravam expostos na Biblioteca. Por fim, alguns alunos quiseram adquirir livros do escritor e pediram que autografasse os mesmos. A Equipa da BE

Para fugir de tão grande injustiça, foi para a floresta e aí fez um ninho muito confortável. Passado pouco tempo, vários ovos apareceram no seu ninho: uns grandes, outros pequenos, uns mais claros, outros mais escuros. Embora admirada, chocou todos os ovos, dos quais viria a nascer uma insólita ninhada: um papagaio, uma serpente, uma avestruz, um crocodilo e um pinto. Todos irmãos e todos diferentes, formavam uma ninhada engraçada, que a mãe-galinha tinha dificuldade em controlar e em alimentar. Mas todos, de modos também diferentes, defenderam a mãe quando a viram ameaçada. Este é um livro em que a enorme ternura que o atravessa não impede o humor e o ritmo tão próprios desta autora, introduzindo-nos, de forma maravilhosa, nas questões da multiculturalidade. amigos do Ursinho e brincavam todos com ele. Um dia, o Ursinho começou a ficar triste porque tinha saudades da sua terra e decidiu ir embora. Todos os amigos ficaram chocados, principalmente o Sapo que ficou tristíssimo. Uma noite, o Sapo estava a dormir e sentiu uma coisa fofa a mexer no fundo da

através da interação com a camada mais idosa da nossa população. É este pressuposto que tem estado na base do desenvolvimento do projeto "Ler+ com os mais velhos" pela Biblioteca Escolar da EB de Tourais-Paranhos. As instituições abrangidas por este projeto são a Casa de Repouso de Tourais e o Centro de Dia de Paranhos da Beira. Nos dias 24 de janeiro, 14 de fevereiro e 6 de março, visitámos os dois espaços anteriormente referidos, com grupos de alunos do 11º K, do Curso Técnico Psicossocial da Escola Secundária de Seia, que brindaram a plateia sénior com a dramatização das histórias "Os ovos misteriosos" de Luísa Ducla Soares e Manuela Bacelar, "O sapo encontra um amigo" de Max Velthuijs e "A gaita maravilhosa" de António Mota, momentos muito bem acolhidos pela audiência, que se divertiu e recordou outras histórias. A obra "Os ovos misteriosos", apresentada com a técnica de teatro de sombras, a 24 de janeiro, conta-nos a história de uma galinha que punha um ovo todos os dias e todos os dias a dona lho levava.

No dia 14 de fevereiro, dia de São Valentim, contámos a história de Max Velthuijs "O sapo encontra um amigo", recorrendo a fantoches ilustrativos das várias personagens. Este conto fala sobre a amizade entre um Sapo e um Urso de peluche. No Outono, o Sapo andava a passear pelo bosque e encontrou um ursinho de peluche que estava a chorar no meio das ervas. Então, ele resolveu levá-lo para casa encostadinho ao peito. Pelo caminho encontraram o Porquinho e a Lebre que lhe disse que o Ursinho não sabia falar porque era de peluche. O Sapo respondeu-lhe que ia ensinálo a falar. Em casa, o Sapo deu-lhe de comer, contoulhe histórias, pintou desenhos com ele, jogaram futebol e outros jogos. Aos poucos, o Ursinho começou a falar. Os amigos do Sapo também ficaram

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cama - era o Ursinho que tinha voltado para junto do seu melhor amigo. Esta história fala da amizade, apropriada para o dia que comemorávamos, pois celebrávamos a amizade. Para completar essa celebração, foi distribuída por todos os presentes uma flor. Também os idosos partilharam connosco canções diversas, rimas e histórias. No dia 6 de março, Semana da Leitura,


ATIVIDADES DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

apresentámos o conto tradicional "A gaita maravilhosa", numa versão de António Mota. Esta história conta-nos a história de dois sequiosos

Agrupamento de Escolas de Seia – 1ª fase do Concurso Nacional de Leitura "A leitura é um ato de abertura para o mundo. A cada mergulho nas camadas simbólicas dos livros, emerge-se vendo o universo interior e exterior com mais claridade. Entra-se no território da palavra com tudo o que se é e se leu até então, e a volta se faz com novas dimensões, que levam a reinaugurar o que já se sabia antes" (Resende, 1993). O Concurso Nacional de Leitura tem como principais objetivos promover a leitura, estimular a prática da mesma, estimular o gosto pela leitura e o contacto com os livros. Os alunos do Agrupamento de Escolas de Seia aderiram a esta iniciativa divulgada e dinamizada por docentes do Departamento I, Línguas, e pela Biblioteca Escolar. Na Escola Secundária, realizou-se, no dia 10 de janeiro, às 10:20 horas, a 1ª fase do Concurso Nacional de Leitura para seleção dos três vencedores que representarão a Escola Secundária

viajantes, que num dia d e m u i t o c a l o r, partilhavam um caminho estreito e encontraram um laranjal. A guardá-lo estava um rapaz que se prontificou a matar-lhes a sede. Em troca, recebeu uma gaita tão extraordinária que tinha o dom de pôr tudo a dançar. É uma história muita divertida que deixa todos os que a ouvem bem dispostos e felizes. No final de cada sessão com estes "nossos avós", sentimo-nos sempre gratos por nos ouvirem e nos transmitirem os seus conhecimentos, as suas

experiências e as suas canções de juventude. Com a participação destes jovens do 11º ano, eles rejuvenescem, sentem-se felizes com a nossa presença, brindamnos com canções e, por vezes, alguns momentos de dança. Estas narrações de histórias, criteriosamente selecionadas, estimulam os idosos a revelarem-nos segredos e experiências, envolvendo-se numa dinâmica comunicativa. Cumpre-se assim o mais importante: a mensagem de que cada um tem uma história pessoal para trocar.

de Seia na fase Distrital do mesmo. As obras selecionadas para a 1ª fase foram Amei-te em Copacabana, de Francisco Sagueiro, e A terra toda,de José Manuel Saraiva. A prova desta fase incluiu, para além da parte escrita com questões sobre as obras selecionadas, uma avaliação de leitura. Os três apurados foram Rafaela Almeida, 10º B; Mariana Moraes, 11º F e Juliana Alves Nogueira Santos, 10º D. Também nas Escolas Básicas Abranches Ferrão e Tourais-Paranhos, os alunos prestaram a prova a nível de escola, no dia 10 de Janeiro; realizaram uma prova escrita e uma prova oral, tendo esta última consistido na leitura de um excerto e no comentário de uma frase referente às obras lidas, a saber: Tão cedo, Marta, e Um beijo no Pé, ambas da autoria de Maria Teresa Maia Gonzalez e A praia da saudade, de Francisco Salgueiro. Na sequência da realização destas provas,

foram apurados, pela Escola Básica Tourais / Paranhos, para a 2ª fase do Concurso Nacional de Leitura, os seguintes alunos: Rodrigo Gabriel Oliveira Paredes, 8º A, Tânia Isabel Fernandes Correia, 9º A, e Rafaela Videira Seabra, 8º B; da Escola Básica Abranches Ferrão, os apurados foram: Jéssica Vidas, 7º D, João Bernardo, 8º C, e Miguel Nascimento, 7º F U m m u i t o obrigada aos alunos que participaram de forma tão ativa e entusiástica na concretização desta atividade e os parabéns aos selecionados que vão representar as Escolas do Agrupamento na fase Distrital, a realizar no dia 26 de abril, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Foz Côa.

A Equipa da BE

Equipa da BE

O Projeto "Leituras há muitas!" e o escritor Francisco Salgueiro Algumas opiniões: No Projeto "Leituras há muitas!", o livro que escolhi para me acompanhar foi «O fim da inocência», de Francisco Salgueiro. O primeiro passo desta atividade era ler. Li, vivi, sonhei, ri e chorei com este livro. Uma leitura bastante fácil e direta, que desde a primeira à última páginas retrata uma realidade que choca e que no meio de tantos erros e perigos nos alerta para vários temas relacionados com a adolescência, a sexualidade, a família, a droga, o álcool e os valores. Este livro é uma aprendizagem, é o acompanhamento de uma nova amiga e com ela vivemos todos os seus erros e aprendemos muito. Este projeto não poderia ficar pela leitura! Realizei uma apreciação crítica do livro, pesquisei sobre o escritor e, sem dúvida, fiquei rendida. Os primeiros passos estavam dados, agora tinha que pensar nalguma coisa, não poderia ficar por ali! Realizei um trabalho de pesquisa, onde relacionei os temas «A sexualidade e os valores» e «A sexualidade e a sociedade» com o conteúdo do livro. Este livro é mais do que simples palavras, é uma realidade, é a nossa realidade! Para além deste trabalho de pesquisa, fiz também uma ilustração. Apesar de todos os temas que ele aborda, centrei-me na personagem e no seu sofrimento. Ao longo do livro não é difícil perceber que Inês, personagem principal, se sente sozinha em muitos momentos e que, apesar de ter muitos amigos, conhecer muitas pessoas e ter uma família, sente-se cada vez mais isolada. Foi nesta solidão que me baseei e ilustrei a frase "Silêncios que falam". A sessão com o escritor Francisco Salgueiro

foi um momento único e diferente de todas as outras a que já tinha assistido. Foi bastante interessante e, sem dúvida, que conseguiu marcar a diferença, não só pela maneira como escreve mas também pela sua maneira de ser. O Projeto "Leituras há muitas!" foi muito gratificante e enriqueceu-nos muitíssimo. Inês Saraiva

Foi uma palestra muito produtiva. Gostei muito e aprendi algumas coisas. Gostei de ouvir o que ele tinha para nos dizer e ele também gostou dos trabalhos que fizemos para o receber. Inês Almeida

O escritor Francisco Salgueiro falou de maneira simples e objetiva, quebrando o gelo inicial e deixando o público mais à vontade para participar na palestra. Foi uma experiência muito boa, dando-me, assim, a oportunidade de conhecer um dos livros de que gostei muito, "O fim da inocência", o qual me permitiu ver a sociedade de outro modo, deixandome muito mais alerta para algumas situações que me rodeiam.

escola, foi uma experiência muito boa, apesar de breve. Feliciano Monteiro

A vinda de Francisco Salgueiro foi uma ótima iniciativa e uma atividade que me cativou. Sara Vera

Adorei a vinda do escritor Francisco Salgueiro à nossa escola. Sandra Galvão

Valeu a pena o esforço que despendi nos trabalhos realizados, porque Francisco Salgueiro é um ótimo escritor e merece estas dedicações para continuar com o seu trabalho e dar-nos mais livros para ler e apreciar. Débora Boto

Na palestra, gostei da maneira como Francisco Salgueiro falou, do modo como se organiza, como faz os seus livros e como se dirige ao público. Jéssica Nunes

Raquel Pimenta

As atividades que desenvolvemos no Projeto "Leituras há muitas!" foram bastante enriquecedoras porque nos alertaram para uma realidade não muito distante de nós. Essa realidade é a realidade dos adolescentes, da minha idade, que se drogam e têm experiências, que mesmo para pessoas com o dobro da sua idade, são "anormais". A vinda do escritor Francisco Salgueiro, à

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Gostei imenso da palestra com o escritor Francisco Salgueiro, pois fiquei a saber um pouco mais sobre a sua vida, a sua escrita, os seus livros... Penso que estes projetos são muito didáticos e bons para os alunos, pois aprendemos sobre os autores. Espero que se possam realizar mais atividades deste tipo para podermos interagir de perto com os escritores. Adriana Santos


AGRUPAMENTO EM AÇÃO FORMAÇÃO: EDUCAÇÃO SEXUAL E RECURSOS

Plantação de carvalhos

No dia 30 de novembro, as colegas Célia Barbosa, Dulce Vicente, Fernanda Quintela, Mª Eugénia Mendonça e Rosa Machado realizaram uma ação de formação para os professores do

No passado dia 29 de Fevereiro as crianças do J.I. do Eirô deslocaram-se á mata da Senhora do Desterro para plantarem dezoito

Agrupamento, cuja temática foi Educação Sexual na Escola e Recursos. Quisemos sensibilizar os professores para uma abordagem da Sexualidade com base em diferentes metodologias. Em colaboração com a

Biblioteca Escolar, compilámos os materiais disponíveis nas bibliotecas das escolas Abranches Ferrão e TouraisParanhos. Exemplificámos como se poderiam utilizar algumas metodologias e até criámos um Jogo Interativo da Sexualidade. No final, fizemos um lanchinho para terminarmos, em beleza, uma tarde de trabalho e partilha. Ficámos agradadas pela grande e empenhada adesão dos colegas, que quiseram partilhar connosco este momento de discussão e aprendizagem. A todos o nosso muito obrigado! Rosa Machado

carvalhos. Foi o culminar de um projeto iniciado no ano letivo anterior, onde as crianças semearam bolotas em pacotes de leite, e assim criou-se um viveiro. Este ano procedeu-se á plantação, contribuindo assim para a reflorestação da serra da estrela.

“VISITA À QUINTA DA MOIRA”

Estas atividades tiveram a colaboração da Autarquia na cedência do transporte e dos técnicos do CISE que participaram ativamente ao longo do desenvolvimento do projeto. As crianças no final da atividade deram um grande abraço a uma árvore prometendo-lhe cuidar das árvores com muito amor. Poderemos afirmar em jeito de brincadeira, que na mata da Senhora do desterro em S. Romão, existe um carvalhal do Eirô. A Educadora Anabela Nunes

Convívio de Natal com os Idosos No dia 12 de dezembro de 2011, as crianças do Jardim de infância de Tourais realizaram um Convívio de Natal com os Idosos do Centro de Dia da Lapa de Tourais. Apresentaram uma festinha de Natal, conversaram com os idosos e no final houve um almoço convívio e distribuição de presentes, feitos pelas crianças.

Quinta do Lagar da Moira, em Vila Franca da Serra, no concelho de Gouveia.

Percurso de sensibilização ambiental pela Quinta da Moira

Dramatização da canção “A Rena Rodolfo” Quinta da Moira – fotografia na margem da Ribeira de Linhares no inverno

Entrada no Museu de Lagar

Visita à sala do moinho e batedeira encapachadora

Representação de um Auto de Natal Fase do Encapachamento Área do mestre do lagar Fase de centrifugar

Deixámos os nossos agradecimentos no livro de visitas

O nosso obrigado à Associação de Beneficência Social e Cultural de Tourais que nos proporcionou o transporte para esta visita de estudo que realizámos, no dia 1 de fevereiro de 2012, à Quinta da Moira e Museu de Lagar Mário Gomes Figueira, em Vila Franca da Serra. Prof.ª Fátima Miragaia

Semana das Artes 2012 vai mostrar-se em abril Entre 16 e 20 de abril, decorrerá a Semana das Artes 2012. Organizada pelo Curso de Artes Visuais, em parceria com a Biblioteca Escolar e no âmbito das atividades do Departamento IV – Expressões, a iniciativa engloba diversas atividades destinadas aos alunos de todo o Agrupamento. Das atividades previstas, destaca-se a XI Exposição de Artes, na Escola Secundária de Seia, este ano alargada às Escolas EB 2 3 do Agrupamento, onde decorrerão exposições de trabalhos dos alunos, realizadas nas aulas de Educação Visual e Tecnológica, Educação Visual,

Pintura, Educação Tecnológica e Clube de Artes. As mesmas Escolas EB 2 3 e as Escolas do 1º Ciclo participarão na Exposição de Artes na Escola Secundária com painéis coletivos elaborados pelos alunos. Também visando alargar o âmbito da Semana de Artes, foram lançados dois concursos interescolares, para o logotipo e cartaz da iniciativa, assim como uma oficina de fotografia na Escola Dr. Abranches Ferrão, onde funciona um Curso de Educação e Formação de Fotografia, para além de outras atividades a realizar pontualmente nas escolas que integram o Agrupamento, envolvendo também as respetivas bibliotecas escolares. A Semana das Artes estrutura-se ao longo de três áreas confluentes: VER E SENTIR (exposições); CONHECER E PENSAR (colóquios/debates);

Distribuição de presentes pelos idosos

Idoso a tocar realejo

Almoço de Natal no Centro de Dia da Lapa de Tourais 12 de dezembro de 2011

Prof.ª Fátima Miragaia

EXPERIMENTAR E CRIAR (ateliers/oficinas e outras atividades práticas). Os ateliers destinam-se essencialmente a grupos de alunos visitantes, na Escola Secundária, e abrangem as modalidades de desenho/ilustração, pintura, modelação e fotografia digital, em colaboração com a Biblioteca Escolar. Os colóquios/debates, contarão com a presença de artistas, arquitetos, designers e fotógrafos da região, com o objetivo de enriquecer a formação específica dos alunos, esclarecendo ligações entre a formação artística e a vida ativa. Uma parceria importante com a Eastpack Portugal/Blitstorm, que este ano se repete, permite aos alunos do Curso de Artes Visuais apresentarem propostas para decoração das mochilas dessa conhecida marca, comercializada pela referida loja em São Romão.

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SGD


AGRUPAMENTO EM AÇÃO CAMPANHA DE SOLIDARIEDADE 2011/2012 Alunos da Escola Secundária de Seia entregam para o Centro de Deficientes Profundos João Paulo II, Dois Mil Euros, fruto da campanha de solidariedade 2011/12, generoso contributo dos alunos, famílias, paróquias e comunidade escolar. No dia dezasseis do mês de janeiro de dois mil e doze, um grupo de cento e três alunos do décimo, décimo primeiro e décimo segundo anos,

matriculados na disciplina de E.M.R.C. (Educação Moral e Religiosa Católica) da Escola Secundária de Seia, dando cumprimento ao plano de actividades para 2011/2012, deslocou-se ao Centro de Apoio a Deficientes Profundos João Paulo II - Fátima. Em relação à visita a esta instituição de solidariedade social, cumprimos os objetivos previamente estabelecidos, de acordo com os conteúdos programáticos de E.M.R.C., nomeadamente: • Sensibilizar os alunos para os problemas sociais e humanos, de modo a empenharem-se cada vez mais na construção de uma sociedade mais justa e solidária; • Apelar/ valorizar a solidariedade das pessoas e das instituições; • Identificar / experimentar, vendo situações em que a qualidade da vida humana é precária: estados de deficiência física e mental, imobilização total ou parcial, plena dependência; • Refletir / interiorizar sobre as respostas que a ciência, a técnica e as IPSS dão em ordem a uma melhor qualidade de vida; • Entregar os donativos resultantes da Campanha de Solidariedade 2011/12. Referir, ainda, que esta atividade revelou o profundo espírito solidário das famílias e das paróquias, o forte empenho e generosidade da Comunidade Escolar e concretizou plenamente os objetivos previamente estabelecidos: desenvolver e fomentar o valor da solidariedade; dar um rosto à solidariedade; sensibilizar para situações de verdadeira carência; perceber - vivendo a mensagem Bíblica “Se alguém afirmar que ama a Deus e não ama o próximo, (aqueles que vivem consigo, a seu lado, filhos do mesmo Deus, portadores da mesma natureza e dignidade, companheiros da mesma história, rumo ao mesmo destino) é mentiroso.” O Centro João Paulo II, criado em Fátima pela União das Misericórdias Portuguesas, em Maio de 1989, é um lar especializado, de âmbito nacional, com capacidade para 192 deficientes profundos em regime de residência. Tem como objetivo apoiar crianças, jovens e adultos deficientes mentais e

A minha opinião acerca desta atividade... Realmente, o dia 16 de Janeiro ficou inteiramente marcado pela diferença. Assim que se passam as portas do edifício do Centro João Paulo II, tudo se altera. Os corredores são silenciosos, tal como a vida dos muitos que aqui vivem. A atmosfera vivida por nós era de plena expetativa. Eu, pessoalmente, nunca tinha convivido com nenhum deficiente profundo. Sala por sala,

motores, graves e profundos, com idades compreendidas entre os 2 e os 45 anos de idade, sem retaguarda familiar ou qualquer apoio institucional. Construído e mantido sob os auspícios e bênção do Papa João Paulo II e com as comparticipações do governo, do santuário de Fátima, das Misericórdias e de donativos particulares e tendo, neste momento, uma lista de espera de mais de 600 doentes, o Centro realiza um verdadeiro milagre quotidiano do amor de Portugal para com os filhos mais diletos e respeitáveis: o deficiente profundo. Durante toda a viagem, fomentou-se o são convívio e a autêntica amizade entre todos os participantes, já que são valores importantes a promover entre todos os alunos que optam pela disciplina de E.M.R.C. O balanço é francamente positivo e a utilidade destas atividades pode revelar-

se a curto prazo, já que muitos destes jovens estão ainda mais sensíveis aos estados de carência de tantos seres humanos e, por isso, começam já a projetar, para as férias, um serviço de voluntariado neste género de instituições. Eles perceberam e querem que os outros também percebam que a medida do amor é amar sem medida todos em geral e

o deficiente em particular. Foi um dia brilhante nas nossas vidas. Queira Deus, a todos tenha deixado boas pessoa por pessoa, todos eram tão diferentes. Uns mais dependentes, onde apenas reinava um mundo de silêncio, onde tínhamos alguma dificuldade em perceber se a sua consciência nos escutava, nos entendia. Outros, que apresentavam um grau menor de dependência, tinham a capacidade de comunicar e de se expressar de maneira a que todos os entendessem. Era difícil distinguir idades, visto que a fisionomia era semelhante. No entanto, o que me despertou mais em cada um deles foi, realmente, a sua riqueza psicológica, extinta há muito da sociedade egocêntrica onde vivemos. Nas suas

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10A

31.50€

10B

93.12€

10C

107€

10D

50€

10F

10€

11A

48,50€

11B

5€

11C

153,81€

11E

25€

11D

24€

11F

10€

Vide

135€

Valezim

68€

Eirô

85€

Vasco Esteves de Baixo

15€

Outeiro da Vinha

35€

Vales

81€

Sameice

46,50€

Seia

155€

Vasco Esteves de Cima

110€

Vila Nova de Tazem

173€

Autocarro

272€

Donativos pessoais

252€

TOTAL

2.000€

recordações que nos acompanhem para o futuro como a nossa solidariedade nos acompanhará até à eternidade. Quem dá aos pobres e aos limitados empresta a Deus e Deus não deixa ninguém sem recompensa. Obrigado por serdes quem sois e por nos tornardes membros das vossas convicções e vivências. Ficamos muito agradecidos pelo dia que se viveu e por serdes solidários com os amigos especiais que estão limitados no nosso mundo, mas nos oferecem um mundo novo de emoções. Um muito obrigado e que todos sejais como todos nos sentimos: FELIZES! Os Profs. de EMRC da Escola Secundária de Seia

expressões havia uma musicalidade, uma poesia que nenhum poeta conseguiria traduzir. Naqueles momentos, percebi que, apesar de tudo, não damos o devido valor ao que temos. Nem eu, nem todo um conjunto de pessoas que são conotadas de “sociedade”. Todos sabemos pedir mundos e fundos. Todos sabemos falar dos carros de topo, das roupas caríssimas que, na opinião da maioria, são as mais chiques. Todos sabem falar de um bem que, infelizmente, faz girar o mundo: o dinheiro. Mas, no fim de contas, vejo alguém suplicar por carinho e atenção. Aqueles meninos e meninas, homens e mulheres “encurralados” entre quatro


AGRUPAMENTO EM AÇÃO paredes, percorridos alguns por tubos e tubos, percorridos pela doença, pela solidão, pela indiferença de muitos, quiçá pelo desprezo de toda a

família, lutava não por um bem material mas sim por um bem a nível sentimental. E, mesmo com todas as vicissitudes da vida, continuavam a sorrir, a serem felizes. Continuavam a pintar, a desenhar, a cantar, a desenvolver atividades e a provarem que têm muito

Festa de Natal No dia 16 de dezembro, na EB de Tourais/Paranhos, decorreu a Festa de Natal aberta à comunidade. No período da manhã, realizou-se o

talento. Confesso que toda esta visita provocou uma profunda alteração na minha maneira de pensar e de estar. Antes, apoderei-me de uma revolta consumidora e frustrante. Agora, sou tomada por uma força súbita, um despertar rápido e objetivo. É preciso encarar isto como mais um sinal de que é necessário agir, que não nos devemos remeter ao nosso próprio umbigo, que não devemos viver em torno de nós mesmos, não podemos viver das aparências, do egocentrismo, do “a mim nunca me acontece nada disso” e só entramos em pânico quando vemos os problemas a baterem à porta. Finalmente, apercebi-me que não nos podemos acomodar, que ninguém tem posto fixo e garantido, eternamente, na Terra. Mas que, independentemente do tempo que aqui passarmos, podemos torná-lo melhor e mais agradável para todos aqueles que nos rodeiam. Temos o dever de o fazer, de estender a mão a quem não tem qualquer outra pessoa a quem a dar, de não viver das palavras mas sim dos atos. Falta garra ao Mundo, falta energia, falta convicção. É incrível, como há tanto que precisa de ser mudado e tão poucas pessoas dispostas para o fazer. intercâmbio entre os Jardins de Infância de Carvalhal da Louça, Tourais e Vila Verde e as turmas do 1.º CEB deste estabelecimento educativo, com a realização de diversas atividades, entoação de canções, poesias, dramatizações (…). O convívio e interação foram reforçados com o almoço realizado na cantina da escola, bem como pela presença do Pai Natal que fez o agrado de todos os participantes. No período da tarde, este tempo festivo envolveu os alunos do 2.º e 3.º ciclos, que com iniciativa e acompanhamento dos docentes, atuaram reproduzindo diferentes números, teatro, poesias, canções, momentos musicais, etc. A finalizar os referidos eventos, foram entregues os certificados e prémios aos alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos, no âmbito dos concursos “O Livro Enigma”, “Bibliopaper” e “Top Leitores”. Também nos estabelecimentos de Educação Pré-Escolar de Santa Comba, S. Martinho, Pinhanços, Santiago e Sabugueiro, a festividade natalícia foi celebrada em articulação com o 1.º CEB e famílias, o mesmo ocorrendo no Jardim de Infância de Travancinha, que vivenciou esta festa com a comunidade.

Tertúlia da Solidariedade assinala Dia Internacional da Pessoa com Deficiência No dia 3 de dezembro, sábado, teve lugar no Bar-Biblioteca do Museu do Pão, em Seia, pelas 22h, uma Tertúlia para assinalar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, iniciativa que resultou de uma parceria entre a Direção do referido Museu e o Agrupamento de Escolas de Seia, organizada pelo Núcleo de Educação Especial. Da agenda fizeram parte a leitura de poemas e visionamento de breves vídeos sobre a luta que muitas pessoas travam para tentar superar a deficiência. Na animada tertúlia, José Carlos Lopes, coordenador do Núcleo de Educação Especial,

Concurso de presépios O Agrupamento de Escolas de Seia organizou, na época natalícia, um concurso de presépios, com uma adesão significativa e cujos resultados se apresentam: 1º ciclo: 1º Vanessa Duarte e colegas (Tourais-Paranhos); 2º Diogo Rebelo (Abranches Ferrão); 3 º M a r i a n a (Abranches Ferrão); 4ºs Vânia Almeida (Tourais-Paranhos);

abordou o tema “A deficiência ao longo dos anos, a evolução, a realidade em números (sociedade e escola). Prosseguiu Manuel Miranda, autor do livro “Tiagolas e outras estórias”, dando conta do objetivo Duarte Cabral (Abranches Ferrão); Rafael Santos e Leandro Marques (Tourais-Paranhos). 2º Ciclo: 1º Beatriz e Rodrigo, (Abranches Ferrão); 2º Lucas e M a r c o ( To u r a i s Paranhos); 3º Telmo Marques, Margarida, etc. (5ºD Tourais-Paranhos); 4ºs Cláudio, Eduardo e colega (Abranches Ferrão, 6ºB); André (TouraisParanhos 6ºC ), Bruno, Francisco e Tinka (Abranches Ferrão). 3º Ciclo: 1º Jorge Monteiro ( Abranches Ferrão); 2º Ana e Carina (Tourais-Paranhos, 8º A); 3º Micael

E é ainda mais alucinante e fantástico, como com um simples gesto, conseguimos arrancar um sorriso! Enfim, há lugares em que nos sentimos puros seres cheios de tudo e de nada. Obrigada por me mostrarem o verdadeiro significado da vida. Aluno de EMRC/2012

Simultaneamente, os Jardins de Infância de Eirô, Santa Marinha e respetiva EB1, conjuntamente com a Fundação Aurora Borges, comemoraram a mesma tradição, realizando, no Cineteatro de Seia, a Festa de Natal destinada às famílias/comunidade. A coordenadora da EPE

da obra e ainda das dificuldades sentidas pelo facto de ter um filho com deficiência. Referiu, ainda, alguns dos seus sonhos, a falta de apoios e a preocupação dos pais com o futuro dos filhos deficientes. Cristina Cardoso falou da sua experiência como professora de Educação Especial, das dificuldades sentidas, dos fracassos, desilusões, mas também dos casos de sucesso. No fim, explicou a sua participação no referido livro. Através de um cativante testemunho, Paula Dias relatou as suas vivências como mãe de um jovem com perturbação do espetro de autismo. Falou das suas angústias e preocupações com o filho, que é referido no livro, mas também das alegrias dadas pelo mesmo. A tertúlia terminou com um animado e esclarecedor debate entre as muitas pessoas presentes. Núcleo de Educação Especial

(Abranches Ferrão 9ºD); 4ªs Nuno e Octávio (TouraisParanhos); Fábio Saraiva (Abranches Ferrão), e um trabalho do 8º D (Tourais-Paranhos). A entrega dos prémios decorreu no CISE, no dia 14 de janeiro, tendo sido oferecido um pequeno lanche aos presentes.

A organização

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CONHECER PORTUGAL Miróbriga: ruínas romanas As ruínas de Miróbriga são conhecidas desde o século XVI, quando foram referidas pelo humanista André de Resende, que descreve os

seus vestígios como muralhas com torres, um aqueduto, uma ponte e uma fonte. Miróbriga foi habitada desde, pelo menos, a Idade do Ferro, quando a zona de cumeada foi ocupada por povos de possível origem céltica, como se pode deduzir pelo topónimo

terminado em "briga", comum a mais de uma centena de Sítios Arqueológicos peninsulares, que pode significar povoado fortificado ou edificado num ponto alto. Miróbriga terá sido uma ocupação pré-romana, confirmada arqueologicamente desde, pelo menos, o século V a. C. Entrou na esfera de influência romana a partir do século II a. C. e, no século I d. C., foi implementado um programa de construções, como as do forum. O aglomerado urbano estendeu-se também, nesta altura, para as zonas mais baixas, onde se implantaram umas termas ou balnea. Até ao século III, confirma-se uma enorme vitalidade e ocupação intensa em Miróbriga, atestada pela

concentração de materiais cerâmicos desse período, que tem tendência a diminuir na segunda metade do século IV d. C. No entanto, não se pode falar propriamente de um colapso, pois apesar da crise de importações que se verifica a partir do século IV, continuam a verificar-se importações de cerâmicas de origem africana a que se

juntam trocas com o Mediterrâneo oriental. Apesar de não serem totalmente conhecidos o perímetro e a malha urbana da cidade, que só se pode clarificar com futuras escavações, a dispersão dos vestígios de construções e dos materiais arqueológicos romanos identificados aponta para uma área de ocupação de 10 a 12 hectares. A população fixa de Miróbriga não deveria ultrapassar os dois mil e quinhentos habitantes, comuns às cidades de pequena dimensão. Nas escavações promovidas em 1996, na encosta limítrofe à Capela de São Brás, apareceram duas sepulturas escavadas no xisto. A sua localização junto a uma casa que esteve em uso até ao século IV reforça a ideia de se tratar de sepulturas pertencentes ao declínio do aglomerado urbano. Após estas escavações, foi identificada uma terceira sepultura que aponta para o período tardo-romano.

Estas sepulturas deverão pertencer a um cemitério ou necrópole mais vasta. Ainda com muito para conhecer, este aglomerado urbano distingue-se pelo seu forum, pela zona residencial e comercial, pelo seu complexo termal, um dos melhor conservados em território peninsular, pelas suas calçadas, sistemas hidráulicos, ponte e ainda pelo seu hipódromo, o único exemplar de planta conhecida em território nacional.

Pelas caraterísticas particulares da sua topografia e do urbanismo de Miróbriga assente num povoado fortificado da Idade do Ferro, não é possível encontrar qualquer indício de um crescimento definido a partir de eixos viários principais cardo e decumanus, como é comum nas fundações latinas de plano ortogonal ou linear. No entanto, os arruamentos conhecidos permitem delinear o espaço ocupado por algumas das insulae, ou quarteirões da cidade, onde se instalaram

os edifícios privados e definir os percursos de acesso a alguns dos seus edifícios públicos, como é o caso do forum e as termas. O forum deveria ser envolvido por uma rede viária que constituía como que uma espécie de circunvalação, permitindo o crescimento do casario em anéis concêntricos. Ao longo das calçadas, e entre elas, desenvolviam-se os quarteirões onde se implantavam as áreas comerciais e habitacionais. A maioria desses quarteirões está pouco clarificada, bem como a zona de entrada atual das ruínas. Aí, deparamo-

nos com uma ampla calçada que estrutura uma das áreas habitacionais, que se desenvolve quer para Norte quer para Sul da mesma. Do lado sul, as casas adaptam-se à pendente e os desníveis são vencidos através de

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grandes escadas que permitem o acesso pedonal à via. Seguindo na direção do forum, encontramos uma ramificação na calçada, permitindo o acesso ao mesmo, a Este; aos quarteirões que se desenvolviam do lado norte e, ainda, às termas, a Sul. Junto às termas, por um lado, acede-se aos balnea e, por outro, ao forum. Na zona das tabernae, que se desenvolvem a Sul do forum, é visível uma calçada que também deveria fazer uma circunvalação à zona central da cidade. Os quarteirões ou insulae são de métricas diferentes, em função das ruas e dos acessos públicos. Algumas destas construções tinham água canalizada, "casa dos frescos", do lado direito da calçada. Junto à entrada, havia um pequeno tanque, de onde a água era conduzida por uma tubagem com chumbo. Muito mais haveria para dizer acerca

das ruínas de Miróbriga, mas o melhor é visitá-las: Estrada Nacional 120, que, de Santiago do Cacém, sai em direção a Grândola/Lisboa. O ramal de acesso

ao Sítio Arqueológico de Miróbriga encontra-se sinalizado, não havendo nada que enganar. S. R.


Conto O Zé Marques, a quem os colegas chamavam, por ser muito alegre e falador, o Zezinho Lérias, era um menino que tinha bastantes amigos muito, muito pobres. O Zezinho, que tinha um pai rico, andava sempre bem calçado, sobretudo no inverno, com boas botas, para se proteger do frio e da chuva. Os outros meninos, no inverno, andavam calçados com uns tamancos grosseiros, de sola de pau e rastos de pneu, onde enfiavam os pés nus, pois os pais nem dinheiro tinham para lhes comprar meias. No verão, esses meninos pobres andavam sempre descalços! O Zezinho Lérias tinha pena dos seus amigos, mas, no verão, tinha inveja de não poder andar descalço como eles. Com os seus sapatos de sola dura e escorregadia, não podia correr tanto como os outros, que também trepavam às árvores muito mais facilmente, por terem os pés nus. Num dia frio de inverno, depois da escola, o Zezinho apareceu em casa calçado com uns tamancos velhos e rotos, em vez das botas novas que o pai lhe tinha comprado na feira dos Santos. O Zezinho confessou ao pai que tinha trocado as botas pelos tamancos do Quim do Onças, um colega pobre, cuja alcunha lhe vinha já do avô, o velho António Onças, assim chamado por fumar muitos cigarros, feitos à mão, com o tabaco que, nos tempos antigos, se comprava às onças. O Quim havia chegado à escola doente e cheio de frio e, por isso, o Lérias, com pena dele, deu-lhe as suas botas em troca pelos tamancos velhinhos. Quem não gostou da ideia foi o pai, que obrigou o Lérias, com

um valente puxão de orelhas, a ir pedir ao Quim, para trocar de novo, com grande pena sua, os velhos tamancos pelas suas botas novas. Quando acabaram a escola primária, que nessa altura terminava no quarto ano, os meninos separaram-se. O Zezinho foi para a cidade, continuar os seus estudos, e quase todos os outros ficaram a viver na aldeia, pobres como sempre. Porém, o Quim do Onças foi com os pais para o Brasil, país para onde, antes, iam muitas famílias pobres, para poderem ganhar melhor a vida. Foi viver numa cidade muito grande, onde pôde também continuar os seus estudos, tornando-se num grande engenheiro, o que lhe permitiu ganhar muito dinheiro e ficar bastante rico. O Lérias não conseguiu acabar os seus estudos. O pai, devido a dificuldades nos negócios acabou por ficar muito pobre, desgraça que o atingiu também a ele. Como não tinha dinheiro, comia mal e vestia e calçava apenas o que os outros já não queriam. Era muito triste, uma pessoa habituada a não lhe faltar nada, ter que viver assim, da caridade dos outros, tão pobre, na aldeia onde antes tinha sido muito rico! Um dia, o Quim do Onças, brasileiro rico, veio a Portugal. Vinha passar o Natal e matar saudades da sua terra, onde vivera em criança, muito pobre, havia mais de cinquenta anos. Encontrou tudo muito mudado: as ruas já não eram de terra, as casas tinham todas quarto de banho, televisão e frigorífico, e a maioria das pessoas possuía automóvel. Quando era criança, só havia um telefone na aldeia e, agora, quase todos tinham pelo menos dois, um em casa e outro no bolso. As antigas tabernas, sujas e escuras, tinham também dado lugar a modernos cafés, parecidos com os da grande cidade do Brasil onde morava. Ao fim de cerca de meio século de ausência,

quase já não conhecia ninguém na terra que o vira nascer, onde, agora, para grande alegria sua, já ninguém andava descalço! Na noite de Natal, com muito frio e a neve a cair, perto da grande fogueira que se continua a fazer, no centro da aldeia, como nos tempos de criança, o Quim do Onças ficou muito admirado ao ver um homem, mais ou menos da sua idade, muito mal vestido, cheio de frio, a aquecer-se à fogueira de Natal. Era o único que lhe parecera muito pobre, visto que toda a gente se vestia e calçava bem. O que mais lhe chamou a atenção foram os tamancos velhos e rotos que esse pobre homem usava. Tal visão trouxe-lhe à memória os seus tempos de menino pobre e, não se contendo, perguntou ao desgraçado: - Olhe lá, porque é que anda assim tão mal vestido, quem é você? O outro, que já tinha reconhecido o antigo colega de escola, envergonhado, nem queria responder. - Quem é você, homem de Deus? Não tenha medo! - Insistiu o Quim. - Sou o Zé Marques, o Zezinho Lérias, já vi que não se lembra de mim, pois não? O Quim do Onças, que acabava de reconhecer o velho amigo de infância, ordenou-lhe com voz firme: - Ó Zé, descalça já os tamancos! E com a neve a cair abundante, foi à luz do lume da fogueira que, entre lágrimas, sorrisos e abraços, os dois amigos trocaram mais uma vez de calçado!

Lúcia Melo Rua Frei Joaquim, Stª Rosa de Viterbo, lote 95 1ºI Repeses Viseu Portugal Europa Terra Sistema Solar Via Láctea Grupo Local Universo Era véspera do meu aniversário, um dia muito cansativo, pois tinha de preparar todas as coisas, para uma boa festa de anos! Chegou a noite, hora de ir para a cama… Mas como todas as crianças, eu não consegui dormir por uma simples razão, a ansiedade! Li um livro, vi televisão, fiz de tudo para ganhar sono, mas, nada feito! Levantei-me para ir ver as estrelas, o que eu gosto muito! De repente, vi uma luz cintilar, mas uma luz diferente, tinha uma forma estranha, parecia que era redonda, e eu como fiquei curiosa, decidi seguir a luz! Segui, segui, segui… nunca mais chegava, até que aquela coisa esquisita começou a mover-se, ainda por cima na minha direção. Comecei a correr, o mais que podia, e senti que os meus pés já não estavam muito bem assentes no chão! Comecei a ficar com muito sono e adormeci. Passado alguns minutos, acordei e reparei que já não estava em minha casa, no meu quarto! “Onde estou eu!?” – pensei. Levantei-me e decidi explorar um pouco mais o sítio onde estava! Vi coisas esquisitas, máquinas fora do normal, muitas cadeiras (devia ser para muita gente), e a coisa mais esquisita que vi, foi o chão, porque este chão era redondo. Nunca tinha visto tal coisa! Depois, vi uns armários e eu, como sou muito bisbilhoteira, decidi abrir um armário! O que

será que encontrei!?, perguntarão vocês. Encontrei uns fatos brancos, grandes e com a bandeira do meu país, no lado esquerdo. Também havia uns capacetes em forma de uma bola, brancos, e, por fim, numa gaveta, pequenina, que havia no fundo do armário, uns sapatos que mais pareciam umas sapatilhas enormes do que outra coisa! Quando acabei de ver tudo, decidi vestir aquele fato… Depois, vi uma porta, abri-a e quando vi o sítio onde estava, não tinha chão! “Oh não, onde me fui meter!” – pensei eu muito assustada! Algo começou a empurrar-me para o lado de fora e eu fui, contra a minha vontade. Comecei a gritar, parecia uma tola! Quando cheguei lá fora, comecei a flutuar, que estranho. Como era possível aquele sítio não ter chão e eu estar a flutuar?! Flutuei, flutuei e começo a ouvir uns ruídos estranhos, que seria aquilo? Quando olho para a minha frente, vejo um animal (achava eu), mas não sei bem se era um animal porque era branco, tinha as orelhas coladas à cara, um pescoço enorme, seis dedos em cada uma das mão. Assustei-me imenso! - Olá! Como te chamas?! Como vieste aqui parar? – Perguntou-me aquela “coisa” esquisita! - Oooolá! Eu chaamoo-me Lúcia! Eee tu?! – Gaguejei eu. - Eu chamo-me Dinan! Não precisas de estar assustada, não tenhas medo de mim, eu simplesmente sou um ser de outro planeta! - Um ET?! Eu pensava que “tipos” como tu não existiam. Há mais pessoas como tu? - Claro que há, senão neste momento não estaria aqui! Tu, por acaso, sabes como vieste aqui parar? Sabes onde estás? - Eu só sei que hoje é véspera do meu aniversário e que não conseguia dormir, depois fui ver as estrelas, entretanto vi uma luz e segui essa luz e vim parar aqui! Mas não, não sei onde ando! Podes dizer-me onde estou? - Estás em Marte! - Em Marte?! Não posso crer, mas em Marte não existe vida, como é possível eu estar aqui?!

- Ahahahah! Não existe vida, isso é o que pensam todas as pessoas! Queres saber mais sobre o meu planeta? - Claro que quero, estou super ansiosa por saber mais. - Então, olha, Marte é o quarto planeta a contar do Sol e é o último dos quatro planetas telúricos no Sistema Solar, situando-se entre a Terra e a cintura de asteróides, a 1,5 UA do Sol (ou seja, a uma vez e meia a distância da Terra ao Sol). De noite, aparece como uma estrela vermelha, razão por que os antigos romanos lhe deram o nome de Marte, o deus da guerra. Tem aproximadamente metade do diâmetro da Terra. É menos denso que a Terra, com cerca de 15% do volume desta e 11% da sua massa. A sua área de superfície é apenas ligeiramente inferior à área total das terras emersas da Terra. Marte é também mais ou menos intermédio em tamanho, massa e gravidade à superfície entre a Terra e a Lua. É chamado “Planeta Vermelho” devido ao metal ferro, principal componente das suas rochas. Neste momento, os cientistas pensam que no meu planeta possa haver vida, pois existe uma hipótese de haver águ, e água é uma das condições que permite vida! - Espera lá, tu disseste Terra ou planeta Terra? - Sim, disse, porquê? Tu deves saber que Terra também faz parte do Sistema Solar, certo? - Sim, eu sei, não é isso! É que Terra é o planeta onde eu vivo, entendes?! - A sério?! Sempre gostava de ir conhecer o planeta Terra… - Tive uma ideia! Hoje é véspera do meu aniversário e tu podias vir comigo, ainda vens a tempo… que achas? - Por mim… É uma excelente ideia! E lá fomos nós, contentes e felizes por termos feito amizade num só momento! Chegámos a minha casa, dei-lhe abrigo, e contei-lhe um pouco mais sobre o Planeta Terra! Ele adorou! E, por fim, o meu aniversário chegou, festejámos e quando terminou, concluí que foi o meu melhor aniversário de sempre e fiquei super entusiasmada por ter conhecido um ET!

amor da minha vida. O teu amor, Gato Malhado» «Ai triste vida a minha! desde que comecei a amar A minha adorada Andorinha Com a qual não me deixam casar! Estou farto de sofrer. Sou um gato que vai morrer A pensar numa Andorinha que nunca poderá ter O teu querido Malhado» «Numa noite sem estrelas, eu vou encontrar-te a olhar para o luar. Quando eu te olhar, no meu coração, vai rebentar um fogo de artifício

que simboliza o meu amor. O luar vai acabar. No meu coração, o fogo de artifício vai desmaiar até te voltar a encontrar. A tua Sinhá»

O menino que queria andar descalço

Mensagens de São Valentim No âmbito do estudo do conto «O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, uma história de amor» de Jorge Amado, os alunos das turmas A e B do 8º ano elaboraram algumas mensagens de amor. Segue-se uma pequena amostra das mesmas: «Alegria da minha vida, eu penso em ti todos os dia e todas as noites. O teu sorriso ilumina-me a manhã, e os teus olhos dão-me esperança à noite. Antes eu era vazio, mas agora sou completo. Por favor, ama-me também e não me partas o coração, senão, sei que morrerei. Eu amo-te à distância, mas gostaria de te amar de perto, e de te beijar. Foste a minha primeira amiga, agora és e sempre serás o

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Natal 2011 Antenor Santos

Lúcia Melo, 7ºD, Nº12

Prof.ª Ana Paula


POESIA Descobri um livro

O Tempo

Dou comigo a pensar. Dou comigo a olhar A olhar as estrelas. A olhar o céu, O infinito do horizonte. Sinto o cintilar das estrelas. Parece que me querem falar. Estendo a mão para as tocar, Mas…estão tão distantes! Depois penso nos amigos. Estendo a mão para lhes tocar, Mas…estão tão distantes! Não os encontro, não existem! Tento caminhar em sua direção, Mas…não encontro ninguém. Hoje, os amigos se foram, Partiram sem nada dizer!...

Descobri um livro, Li e gostei. Eu era princesa E tu eras rei.

O tempo é raro, porque não temos tempo. Tempo de rir, de chorar, de perdoar, enfim… de amar. Temos que dar tempo ao tempo, ter persistência, mas será que temos tempo de viver, de esperar, de mudar, enfim… temos de ter paciência.

Sons

Dlim-dlão, Dlim-dlão, Está a tocar o sino para a comunhão. Truz-truz. Quem é? É o grande chimpanzé.

Descobri um livro Com mais uma história Do rato, da rata, Da dona Glória. Descobri um livro, Dei-o à minha mãe Era de receitas. Que bem as papei!

Tic tac, Tic tac. O meu coração Parece um balão.

Daniela Onofre 3º ano, Tourais

Variedade

O livro falava De poemas bonitos E quem diria: Estavam tão bem escritos!

Espreitei o livro, Comecei a olhar: Estava lá o poema Que estou a inventar!

Aí vem o gato Com um pau E um farrapo.

Maria Anjos 4ºano ,Turma F EB1 Paranhos da Beira

O João Anda de camião Com o balão Colado ao chão.

Porque é que é tão difícil dizer quem sou? Mais fácil seria dizer quem não sou!

Escola

Difícil? Difícil é…. Dizer o que gosto Dizer que te amo Dizer o que sinto! Difícil é dizer-te quem sou Quando a minha vida é uma mudança diária!

Diogo Farias 4ºano-Tourais

Jéssica Lopes 4ºano,Tourais

Tic – Tac Tic -Tac -Tic- Tac O relógio a badalar. Quando dá as sete horas, O cão põe-se a ladrar.

Mas tudo isto são banalidades Difícil seria se eu não te pudesse sentir Não te pudesse amar! Não te pudesse ver nem tocar!

Carolina Moreira 4ºano, Turma F EB1 de Paranhos da Beira

O barquinho de papel

Para bem estudar Não me vou calar Sem parar de perguntar Nos livros vou pesquisar.

A Maria Fecha a mercearia Para comer A melancia.

Difícil é fechar os olhos Com o pensamento de que amanhã já não os vou abrir! Difícil é dizer-te adeus Quando a última coisa que quero é ver-te partir.

O Dia dos Namorados O dia dos namorados É o dia mais belo! Tudo te dou Do meu coração singelo! O meu amor é puro e leve Leve como a água. Quando eu me deito Sinto uma mágoa.

Leonor Paiva 4ºano-Tourais

Difícil seria ser quem sou noutro lugar!

Emanuel 4ºano,Tourais

Séni

Dão-se muito em pequeno, dão-nos tios e avós, dãonos os nossos amigos e também os damos nós. Dãose muito de mansinho pela calada da noite, e até a dá-

los na rua há já muito quem se afoite. Tem 5 letras apenas e/i/o, são as vogais, queira o leitor decifrar que eu não devo dizer mais.

O barquinho de papel Foi feito com carinho Foi o meu pai que o fez Com muito jeitinho. No lago Eu o fui deitar E ele começou A navegar. O barquinho Navegou, navegou E nas ondas do mar Muito ele passeou. Guilherme André Saraiva Eb1 de S. Martinho, 3º Ano

Meninas vamos fazer, aquilo que Deus mandou Juntar pele com pele A menina dentro ficou. Flávia Nereu

Flávia Henriques 7º B O beijo

ADIVINHAS

No balde do lixo Ao pé de um sapato Encontrei perdido Um guizo de um gato. Apanhei-o logo, Lavei - o com sabão Deitei-lhe perfume Fiz um figurão! Ao meu gato preto, De nome Paquito, Pus o guizo, Que encontrei no lixo. - Onde o compraste? Pergunta o aldrabão. - Este guizo de ouro, comprei-o no Japão! Mas não é verdade o que ela diz, Está sempre a mentir, Um dia destes Cresce – lhe o nariz!

Para crescer Vou aprender A escrever E também a ler.

Hoje é dia Da Maria comer A melancia Durante todo dia.

É fácil dizer do que não gosto É fácil dizer que te odeio É ainda mais fácil dizer tudo aquilo que não sinto!

O guizo de ouro

Descobri um livro. Abri-o, fechei-o, Ao fim da manhã. À tarde espreitei-o.

Aí vem o cão Com o João Para comer o pão.

Fácil e Difícil

Mariana Fonseca 4ºano, Turma F EB1 Paranhos da Beira

Descobri um livro, De que era? Não sei. Só se olhar p’ro título É que saberei!

Bem-bom, Bem-bom. Este meu bombom.

Pedro Mota Veiga

Descobri um livro E fui-te contar. Pois eu sei que gostas De histórias de encantar! Descobri um livro Com uma dedicação: P´ro José, da Ritinha, Do fundo do coração!

Dlim-dlão, Dlim-dlão, Sou um grande trapalhão.

A. T.

Começo a ficar sem jeito com aquilo que sinto no meu peito não sei o que é não o sei o que será não o sei o quê sei sim que estou farto de tantos porquês de tantas incertezas de tantas fraquezas Para de me mentir magoas-me quando o fazes Começa a sentir e assim ages Músicas já não me consolam tenho saudades daqueles que te adoram sim, porque esses estão confusos esses perdem-se a tentar perceber a nossa relação até eu me pergunto a minha importância para ti até tu te intrigas com aquilo que sobrevivi tira-me estas amarras !! diz que me amas não o digas com cumplicidade sente-o como sendo verdade Escolhe...

Brincar, aprender A saltar e a pular Ás vezes a ler E às vezes a sonhar! Nós vamos brincar Até anoitecer A cantar e a dançar Até o sol nascer! Vamos para o jardim Brincar, aprender A pular e a saltar, Para na escola ler As coisas com que estou a sonhar! Fazer brinquedos, Para brincar, A cantar e dançar! As flores a nascer, Vamos todos regar, Até ver as árvores a crescer! Parece que se está a sonhar, No rio a água a correr, Os pássaros a voar, Os meninos a sorrir, A natureza a cantar, Vamos lá brincar E aprender a sonhar!

Descobri um livro, Na cama o fui ler Porque eram histórias Para adormecer.

Adriana Santos, 10º F

Brincar e aprender

Menina dos olhos

AMIGOS

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Recolha de adivinhas no âmbito da disciplina de L. P.


PASSATEMPOS

Um avarento chamou o médico, o advogado e o padre ao seu leito de morte. - Quando morrer, quero levar o meu dinheiro comigo - disse o avarento. - Quero que cada um de vocês leve um destes envelopes, contendo cada um 15000 euros em dinheiro, e que no funeral o atire para a minha cova. Os homens assim fizeram, mas mais tarde o padre confessou que tinha guardado 5000 euros para a igreja e atirado o resto. - Estou a construir uma nova sala de operações - confessou o médico -, por isso fiquei com 10000 euros e só atirei os outros 5000. - Tenho vergonha de vocês! - censurou o advogado. - Eu atirei um cheque da quantia total.

RIR... É BOM

CULINÁRIA SUGESTÃO:

Alguns marcianos chegam à Terra e a primeira coisa que fazem é procurar um médico para discutir formas de reprodução. "Em Marte, as peças vêm numa linha de montagem, depois os robôs fixam a cabeça, os braços e as pernas", explica um dos marcianos, que acrescenta: "No final da linha, recebemos uma carga de energia para ativação e podemos ir para a rua. E vocês, humanos, como é que fazem?" O médico inclina-se e sussurra no ouvido do marciano. "Isso é incrível", diz o marciano. "Porquê?", pergunta o médico. "Porque é assim que construímos carros."

Furiosa a mulher diz ao marido: - Estou farta dos teus ciúmes. Achas que não me apercebi já de que me mandaste seguir por um detetive alto, louro, de olhos verdes, muito simpático, apesar de um pouco tímido de início? Um adolescente perdeu uma lente de contacto enquanto estava a jogar basquetebol na garagem. Depois de uma busca breve e infrutífera, ele desistiu. Depois de saber do sucedido, a mãe decidiu procurar e, em poucos minutos, encontrou a lente. "Como é que a mãe conseguiu?", perguntou ele. «Nós não estávamos a procurar a mesma coisa", explicou a mãe. "Tu estavas a procurar um pequeno pedaço de plástico. Eu estava a procurar 75 euros."

- Onde está o João? - Internado no hospital. - Não pode ser. Ainda hoje o vi num baile de Carnaval com uma super loira. - Pois é! A mulher dele também viu!

Tarte de queijo e morangos Ingredientes: Massa 120 g de farinha 60 g de manteiga sem sal à temperatura ambiente 2 colheres de sopa de açúcar 2 gemas Recheio 230 g de queijo creme magro ou requeijão 1 colher de sopa de mel raspa de 1 laranja 1 colher de sopa de sumo de laranja 230 g de morangos em quartos 60 g de mirtilos 4 colheres de sopa de geleia de groselha

Preparação: Peneire a farinha para a bancada, faça uma cova no centro e deite a manteiga, o açúcar e as gemas. Com a ponta dos dedos de uma mão, trabalhe os ingredientes do centro e, em seguida, incorpore gradualmente a farinha até formar uma pasta maleável. Guarde num saco de plástico alimentar e leve 1 hora ao frigorífico. Sobre uma bancada enfarinhada, estenda a massa com o rolo até ficar fina. Forre uma forma de tarte de fundo amovível com 21 cm de diâmetro e leve 30 minutos ao frigorífico. Aqueça o forno a 190ºC. Forre a forma com papel vegetal, encha com feijão seco para fazer peso e leve 10-15 minutos ao forno, ou até estar levemente dourada. Retire os feijões e o papel e leve 5 minutos ao forno, ou até a Conversa entre dois amigos: massa estar cozida. Deixe arrefecer e retire a massa da forma. - Qual é o teu partido? Para fazer o recheio, misture o queijo creme ou o requeijão, o mel e a raspa - É o M.D.M.T. e o sumo de laranja até ficar homogéneo. Deite o recheio na massa, tendo o - Mas esse partido é novo... - Pois, é mas já tem muitos aderen- cuidado de o distribuir uniformemente. Cubra o recheio com os morangos e os mirtilos. Aqueça a geleia de groselha até ficar líquida e use-a para tes. pincelar generosamente a fruta. Deixe arrefecer antes de servir. A tarte - Que quer dizer M.D.M.T. deve ser servida 1-2 horas após ter sido recheada. - Mais Dinheiro, Menos Trabalho.

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EM DESTAQUE SEMANA DA LEITURA DO AGRUPAMENTO

Sessão de Contos e Poesia na Escola Secundária de Seia: alunos do 11ºK, 10ºA, D e F e respetivos professores

Sessão de autógrafos com o escritor Francisco Salgueiro na Escola Secundária de Seia

Dramatização da peça «Os pequerruchos» pelos alunos do 9ºB e João Nascimento do 8º C na Escola Abranches Ferrão

O escritor Francisco Salgueiro na EB de Tourais-Paranhos

Sessão com o escritor Francisco Salgueiro na BE da Escola Secundária de Seia

Exposição de trabalhos realizados no âmbito do Projeto «Leituras há muitas!» com base na obra do escritor Francisco Salgueiro

«Era uma vez o corpo humano» na BE da Escola Abranches Ferrão

O escritor Francisco Salgueiro na BE da Escola Abranches Ferrão

Sessão de autógrafos com Francisco Salgueiro na BE de Tourais-Paranhos

Convívio com o escritor Francisco Salgueiro na Escola Básica de Tourais-Paranhos

Lermatijogar na BE da Escola Abranches Ferrão

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Visita de Francisco Salgueiro aos trabalhos realizados no âmbito do Projeto «Leituras há muitas!» com base na sua obra


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