António Luís Marques Tavares Colaboração de campo de João Ferreira V Congresso de Arqueologia do Interior Norte e Centro de Portugal, 14 de Maio de 2009, Mêda
Historiografia A viação romana é um tema difícil de estudar, dada a dificuldade na distinção
entre o que é original romano e as alterações a esses caminhos. Para a área da Civitas de Viseu foram vários os estudiosos a debruçarem-se sobre a viação: Séc. XVII – Botelho Pereira Séc. XIX – Pinho Leal, baseando-se nos escritos de Baptista Castro (1773) Séc. XX - 1925 – Amorim Girão - 1942 – José Coelho - 1953 – Moreira de Figueiredo - 1959 – Mário Saa - 1983 – João Inês Vaz - 1989/92 – Jorge Alarcão traça os eixos fundamentais desta viação
Tipologia das Vias Dois tipos: - Principal - Secundária - Rede vicinal: serviria de complemento de ligação. A esta rede podem pertencer os caminhos que os populares apelidam de “romanos”, dada a sua antiguidade. Factores de distinção: Pavimento, Largura, existência (ou não) de M. miliários, e a sua continuidade como vias transitáveis ao longo dos séculos. -Principal: Pavimento lajes nas encostas e zonas muito baixas. Largura média de 4 metros (factor cronológico).
- Secundária: Pavimento com características idênticas às principais. Largura 3,5 metros e mesmo menos. Na região da Civitas de Viseu não aparecem m. miliários nas vias secundárias.
Metodologia seguida Pesquisa bibliográfica. Percurso a pé (verificar e identificar as ligações dos
diversos troços, detectar obras de arte: pontes ou pontões e esboçar o trajecto). Batida de Campo (verificar a existência de estações romanas servidas por essas vias) Desenhar na Carta Militar 1:25 000 os troços em estudo e que suportam esta apresentação. Utilização da nomenclatura de João Inês Vaz.
Enquadramento geo-topográfico Mangualde situa-se no denominado Planalto Beirão. Em
termos de barreiras geográficas, confina-se entre o rio Dão e o rio Mondego. Caracteriza-se por um relevo cujos acidentes geotopográficos não são significativos, exceptuando as gargantas mais profundas das linhas de água referidas, e naturalmente povoado por rios e ribeiros que as alimentam. Na antiguidade romana fazia parte do território dos “interanniensis”.
Mangualde nos dias de hoje
Viação Romana Principal por Mangualde Via I – Viseu – Ranhados – Coimbrões – Espadanal -Termas de
Alcafache (Rio Dão) - Casal Sandinho, biforcando a Ocidente para Aldeia de Carvalho – Santar e Canas de Senhorim… com ligação à civitas de Bobadela, e a Oriente para Mosteirinho – Pedreles – Mangualde ….
Via IV – Viseu – Carreira do Tiro – Fragoselas – sul de Prime – (Dão) -
Fagilde – Roda – Mangualde …atravessando o Mondego na zona de Abrunhosa-a-Velha, dirigindo-se para a Serra da Estrela.
Via VIII – Não tinha origem em Viseu, mas sim em Bobadela entrando
na civitas pelas Caldas da Felgueira – Folhadal – Nelas – Senhorim – Igreja – Carvalhas – Outeiro de Espinho – Abadia de Espinho – Póvoa de Espinho – Mangualde, cruzando a via IV. Depois de Mangualde seguiria por Penalva do Castelo atingindo Aguiar da Beira até território dos Arabrigensis e dos Meidubrigenses.
Via VIII
(Bobadela - Cruzamento com a IV em Mangualde) -Igreja – Villa Romana -Casal Sandinho – Habitat romano -Outeiro de Espinho – Vestígios de ocupação romana -Abadia de Espinho – Ocupação romana. - Marco Miliário de Tibério - Marco Miliário anepígrafo -Chãos – Marco Miliário de Licínio.
PROBLEMA !! Como se justifica o trajecto de Chãos para Mangualde via Santa Luzia?
-Santa Luzia Chamava-se Cães – Canales, canais de
Haverá caminhos alternativos?
água.
1ª hipótese – Fonte do Vale
Inédita (2006)
2ª hipótese – Calçada dos Barreiros
Inédita (2006)
-Implica a alteração do local do Marco de Licínio. -Forte presença de vestígios de ocupação romana: Capela de São João, Cerca, Bôcha, Olival do Mendes. -Atira o arranque do troço para o Marco anepígrafo de Espinho.
3ª hipótese – Ponte do Tinto
Inédita sob o ponto de vista da viação romana
Conclusão A Calçada dos Barreiros e a da Fonte do Vale fizeram repensar os troços
da via VIII até Mangualde.
A Ponte do Tinto colocou-nos na pista de uma via secundária de ligação
entre as vias I e VIII.
O Troço 2 de Gomes e Sobral, completado por nós,
coloca-nos de novo na Calçada dos Barreiros.
Estaremos no Caminho certo?
Obrigado
TI(berius) CLAVDIVS / CAESAR AVG(ustus). / GERMANICVS / P(ontifex). M(aximus). TR(ibunitia) P(otestate). / XIIII. IMP(erator). XXVII. P(ater). P(atriae). / M(ilia). VII
Marco Miliário anepígrafo de Espinho
DD(ominis) NN(ostris) / LECENIO / LECENI / ANO AVG(usto)XI(undecim) (ou XII?)
1 - Em 1992, Gomes e Sobral traçam uma provável via: -Termas de Alcafache – Lobelhe do Mato – Moimenta Dão – Proximidades de Água levada – Espinho. - Percurso muito afastado da ponte do Tinto. Esta hipótese peca: -escassez de estações romanas ao longo deste percurso, e não valida a ponte do Tinto. 2- Os mesmos autores traçam um provável : Fagilde – Tabosa – Fornos de Maceira Dão. 3- Nós acrescentamos: F M Dão - Pedreles – Pinheiro de Cima – Pinheiro de Baixo (Calçada dos Barreiros), bifurcando para Mangualde e para Espinho. Esta hipótese vale por: -Lageado em Tabosa, -Fornos Dão : Vestígios pré e romanos (Crasto e Barreiros) Além disso a cerca de 200 metros da Calçada dos Barreiros (Pinheiro de Baixo) há uma bifurcação que vai (vem?) de Pinheiro de Cima em lajeado. Nesta bifurcação está uma alminha sobre um pedestal que não foi feito para ela…