São Paulo, 29 de abril de 2011
Publicação da Câmara Americana de Comércio
Brasil-China Em seus primeiros meses de governo, a presidente Dilma Rousseff já esteve em contato direto com os líderes dos dois principais parceiros comerciais do Brasil. Primeiramente, recebeu o presidente americano, Barack Obama, em março em Brasília. Agora, acaba de se reunir em Pequim com Hu Jintao, presidente da China, como parte de sua primeira visita oficial ao gigante asiático. Assim como na recepção a Obama e sua comitiva, a Amcham esteve presente nesse importante momento de diálogo com os chineses, por compreender se tratar de uma grande oportunidade para o estreitamento da relação bilateral. A viagem de Dilma ocorreu simultaneamente à segunda missão comercial da Amcham à China, que levou um grupo empresas brasileiras ao país em busca de negócios em variados segmentos, passando pelas cidades de Hong Kong, Guangzhou (Cantão) e Xangai. A Amcham também destacou dois representantes, o CEO, Gabriel Rico, e a gerente de Comércio Exterior, Camila Moura, para irem a Pequim e participarem do seminário empresarial “Brasil-China: para além da complementaridade” em 12/04, evento que
contou com a presença de Dilma, autoridades e empresários dos dois países e que foi um dos pontos altos da agenda da mandatária brasileira na Ásia. Além disso, a Amcham preparou para a ocasião, em conjunto com parceiros e com o apoio do governo brasileiro, uma edição especial em mandarim de um compilado da série How to do business in Brazil, que contém informações sobre todo o processo necessário para se investir no Brasil. Ao lado dessa edição, a Amcham disponibilizou o título How to understand legal aspects on infrastructure, um dos que compõem a série How to, integralmente traduzido para o mandarim. Foram, no total, 1200 exemplares, distribuídos no seminário com grande aceitação. Esta foi a primeira vez que uma entidade empresarial brasileira organizou uma publicação em mandarim.
Foto: Julien Zhu
Países dialogam em busca de aprofundamento e maior equilíbrio da relação comercial
Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, e Gabriel Rico, CEO da Amcham, em Pequim, com o How to da Amcham em mandarim
A China passou a ser o maior parceiro comercial do Brasil a partir de 2009. Em 2010, segundo o Ministério do Desenvolvimento, o País exportou para lá US$ 30,8 bilhões e importou US$ 25,6 bilhões, resultando num superávit brasileiro de US$ 5,2 bilhões.
Dois aspectos centrais na relação saltam aos olhos. O primeiro é que as importações brasileiras da China têm aumentado a taxas superiores às das exportações para aquele país. O segundo é que as exportações do Brasil à China são compostas majoritariamente por produtos básicos, enquanto os chineses inserem no mercado brasileiro principalmente manufaturados, com maior valor agregado.
dustrializados à China esbarra no baixo custo dos similares chineses e na perda de competitividade da economia brasileira. Outro ponto importante é que a China é uma grande fornecedora de produtos acabados e componentes para um imenso contingente de empresas no mundo todo e é nessa direção que as brasileiras caminham, vendo no parceiro asiático uma oportunidade de sourcing para garantir maior competitividade, in-
clusive no mercado interno. O lado mais positivo que os recentes encontros entre empresários e autoridades brasileiros e chineses assinalaram é que a China demonstra clara disposição de investir fortemente no Brasil, especialmente em duas frentes: companhias que contribuam para garantir os suprimentos de commodities para seu mercado; e projetos de infraestrutrura, com disposição para participar de licitações de grandes obras.
Transações e investimentos
Visão da Amcham A viagem da presidente Dilma à China evidenciou uma enorme disposição dos dois países para fortalecerem o relacionamento e os investimentos, um movimento essencial diante da perspectiva de que a China, em conjunto com os EUA, passará a concentrar cerca de 50% do PIB mundial até 2022. Do ponto de vista comercial, há que se destacar que a intenção do Brasil de aumentar suas vendas de produtos in-
CURTAS São Paulo Brasil-EUA
A Amcham acaba de lançar o US Highlights, estudo que tem como objetivo fornecer a potenciais investidores informações estratégicas sobre os EUA, e o Indiana Highlights, focado especificamente no ambiente de negócios do estado de Indiana. Os lançamentos ocorreram em 27/04, durante o evento “Doing Business in Indiana”, que contou com a participação de uma delegação provinda daquele estado. Interessados devem solicitar os exemplares pelo e-mail pesquisas@amchambrasil.com.br. Para associados, o produto é gratuito.
porto alegre Gestão de Pessoas I
Em tempos de disputa por talentos, a chave para atrair e reter profissionais pode estar não na remuneração, mas na oferta de vagas que embutam grandes desafios e permitam adquirir conhecimento com real significado, indicou Adriana Assis, diretora de RH da Springer Carrier para a América do Sul, no Fórum de Gestão de Pessoas em 27/04. O evento atraiu um público de cerca de 300 pessoas e abriu o IV Ciclo de Decisões.
Recife Gestão de Pessoas II
Outra estratégia importante para reter talentos é pensar ações de segurança do trabalho de forma a superar a ideia de que são realizadas apenas por obrigatoriedade da lei. O ponto foi defendido por Auxiliadora Santos, gerente regional de Recursos Humanos da Rede Globo Nordeste, no comitê estratégico de Gestão de Pessoas em 15/04. “É preciso analisar aspectos diferentes da manutenção de profissionais. Nesse sentido, segurança e saúde do trabalho são muito relevantes. Por serem vitais a um bom ambiente de trabalho, influem diretamente na retenção”, comentou Auxiliadora.
São Paulo Projeto Escola
A defesa da propriedade intelectual e a importância das ações de combate à pirataria foram os temas abordados no primeiro evento do projeto Escola Legal em 2011, o V Fórum de Conscientização de Educadores no Combate à Pirataria, em 02/04. Este é o sexto ano do Escola Legal, uma iniciativa da Amcham para alertar estudantes de 7 a 14 anos das redes pública e privada sobre os malefícios da pirataria.
Campinas Redes sociais
A utilização das mídias sociais ganha cada vez mais espaço como forma de comunicação com o cliente e divulgação das marcas. A fim de discutir o assunto, a Amcham realizou o “Fórum de Marketing e Comunicação – Como Inovar Utilizando as Mídias Sociais” em 26/04. A Amcham também já aderiu a essa tendência, oferecendo aos associados detalhes sobre suas atividades por meio de páginas nas três principais redes sociais: Facebook (www.facebook.com/ amchambrasil), Twitter (www.twitter.com/amchambr) e LinkedIn (www.linkedin.com/company/amcham-brasil).
Belo Horizonte Co-criação
Com o uso de plataformas de comunicação abertas, as empresas avançam no objetivo de transformar o consumidor em co-criador de produtos e serviços. Um caso simbólico de aplicação desse conceito é o do Fiat Mio, veículo-conceito para o qual a montadora criou um portal em que internautas do mundo todo opinaram sobre inovações e recursos a serem adotados. “As companhias que optam por esse modelo devem estar preparadas para ouvir e entender que, abrindo um projeto para o público, ele se torna criador e líder das decisões”, alertou Ana Brant, gerente de Internet da Fiat, em apresentação do case em 14/04 no comitê de Inovação e Marketing.
São Paulo Delfim Netto
O ex-ministro Delfim Netto tomou posse como presidente do comitê estratégico de Economia em 08/04, tendo como vice Bernard Appy, diretor de Pesquisa e Projetos de Negócios da BM&FBovespa e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. O grupo terá como um de seus principais focos neste ano debater propostas do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham, e já na primeira reunião analisou uma questão-chave do programa, a simplificação do ICMS, recebendo representantes de SP, MS e PR, e já apresentando sugestões.
Curitiba Atendimento ao cliente
Como aperfeiçoar a cada dia o atendimento aos consumidores? Para responder a essa pergunta, o “Fórum de excelência em serviços: a obsessão pelos clientes”, em 14/04, recebeu Rafael Guaritá, diretor de Operações da Azul, Cristiane Paixão, gerente de Customer Care e Assistência Técnica da Fiat, André Luiz Martinez, gerente de Planejamento e Controle da Sky, e Antônio Carlos Morin, professor da ESPM-RJ. Eles compartilharam ferramentas adotadas em suas companhias que se constituem em exemplos a serem seguidos no mercado.
São Paulo Sustentabilidade
Assim como no caso dos consumidores, ganha força globalmente o movimento de investidores com interesse em companhias que adotam práticas sustentáveis. Eles vêm percebendo melhor o valor que as empresas conquistam no longo prazo quando mitigam riscos e cultivam oportunidades dentro de uma estratégia de gestão integrada que busca rentabilidade e ainda equilibra aspectos ambientais e sociais. A avaliação é de Sonia Favaretto, diretora de Sustentabilidade da BM&FBovespa, que esteve em 20/04 em reunião de planejamento do Prêmio ECO 2011. “Os investidores estão procurando mais as companhias sustentáveis. Essa é uma tendência que cresce rápido no mundo”, comentou Sonia.
Negócios
Recentes mudanças do mercado consumidor têm exigido que as empresas reinventem a oferta de produtos e serviços e as formas de fidelização do cliente. “As companhias precisam analisar seu leque de atuação e adequá-lo às necessidades dos grupos, aproveitando as oportunidades”, afirmou Karina Milaré, diretora de Planejamento do setor de consumo da consultoria TNS Research, no Seminário de Compra e Venda do Futuro da AmchamSão Paulo em 26/04, que reuniu aproximadamente 160 pessoas. Pesquisa recente da TNS sobre perfis e tendências de consumo em 13 países mostra que, no Brasil, as principais transformações dizem respeito a aumento do poder de compra das classes populares, melhora do nível educacional da população como um todo, disseminação do uso da internet e maior inserção dos jovens no mercado consumidor. Em termos globais, as mudanças estão relacionadas à crise econômica nos países ricos, o que possibilitou aos emergentes ganharem maior espaço, e ao aumento do consumo consciente e dos desafios para combater a escassez de recursos naturais.
Cliente mais exigente Os especialistas que participaram do evento da Amcham apontam que o consumidor, no Brasil e no mundo, ficou mais recluso, crítico e seletivo. É o que se chama de cocooning (encasulamento), termo que significa buscar locais seguros ou mídias sociais
para se relacionar com grupos de afinidade. Esse fenômeno levou as pessoas a definirem interesses próprios de consumo, e um conjunto de empresas, em resposta, a lançar produtos customizados. Além de querer esses produtos customizados, o consumidor também valoriza a transparência das companhias e a atuação sustentável. Ele deseja ainda interagir com as empresas, algo possibilitado pela crescente convergência das mídias. “Em função da internet e do celular, as pessoas respondem para a companhia”, comentou Renato Cruz, colunista de tecnologia do jornal O Estado de S.Paulo. Segundo ele, os consumidores pesquisam mais informações antes de efetuar uma compra, obrigando as empresas a reagir mais rápida e adequadamente às demandas. Outro ponto-chave para compreender o consumidor de hoje é identificar corretamente o fator motivador da compra, usualmente necessidade ou impulso, porém, como lembrou Luiz Goes, sócio sênior da consultoria GS&MD - Gouvêa de Souza, cada vez mais dependente de novos elementos, como conveniência, fidelidade a algumas marcas e produtos, experiência de compra e valor agregado. Diante de todo esse cenário, e de modo especial frente à ascensão da classe C, as companhias vêm acrescentando às suas estratégias ações como oferta de serviços com maior comodidade e flexibilidade, e diversificação dos canais de venda e atendimento.
Fotos: Mário Miranda
Novas tendências de consumo requerem adaptação das companhias
Karina Milaré, diretora da consultoria TNS Research
Luiz Goes, sócio sênior da consultoria GS&MD - Gouvêa de Souza
De olho na classe C As classes populares já representam mais da metade do consumo de muitos segmentos da economia. Conheça dicas da TNS Research para uma atuação mais forte das empresas junto a esse segmento: 1. C onsidere os parâmetros de desembolso desse consumidor. Ele faz comparações entre o que pode adquirir com o dinheiro disponível e suas reais necessidades. 2. O fereça bons produtos. O cliente das classes de menor renda também prioriza qualidade e marca. 3. Desenhe promoções que impliquem em vantagens imediatas (bonificações, brindes úteis).
4. Reveja o papel do ponto de venda. É recomendável que o estabelecimento proporcione experiência de aprendizado sobre o produto e lazer. 5. Trabalhe para gerar identificação com o produto, respeitando cultura e hábitos do público-alvo. 6. Fale de forma simples e direta. 7. C onsidere os valores tradicionais (família como prioridade, segurança do lar e empreendedorismo).
8. Inove. A adaptabilidade ao público pode ser um dos fundamentos da inovação. 9. Lembre-se dos jovens consumidores que estão na base da pirâmide. Essa faixa de clientes trabalha, estuda e tem responsabilidade nos gastos. 10. Conheça o consumidor e entenda como ele lida com recursos financeiros limitados. As companhias devem promover visitas às residências de sua clientela e descobrir como maneja o orçamento doméstico.
Energia Especialistas debatem
expansão de plantas nucleares no Brasil Os recentes acontecimentos no Japão e a lembrança dos 25 anos do acidente em Chernobyl esquentaram o debate em torno do uso de energia nuclear no Brasil. No comitê de Energia da AmchamRecife em 27/04, dois especialistas, com visões distintas, analisaram a perspectiva de expansão desse tipo de usina em território nacional. Carlos Mariz, representante da Eletronuclear no Nordeste, se posicionou favoravelmente à instalação de novas plantas nucleares e disse que a projeção de alta demanda energética futura, conjugada ao longo prazo requerido para construção das usinas, obriga que
essa decisão seja tomada agora. Para ele, não há porque repensar o modelo de exploração da energia nuclear que o Brasil vem utilizando e sua ampliação uma vez que, mesmo em situações extremas, sistemas nucleares são preparados para atuar com 100% de segurança. “No Japão, as 14 usinas aguentaram o terremoto sem problemas na segurança. Apenas quatro delas foram afetadas, mas pelo tsunami, que danificou os geradores a diesel responsáveis por resfriar as usinas no caso de falta de eletricidade no entorno. As outras estruturas energéticas, como termoelétricas, não suportaram”, argumentou Mariz.
Contraponto
Já Heitor Scalambrini, professor da Universidade Federal de Pernambuco, se mostrou mais cauteloso. Na visão dele, as estimativas de aumento do consumo de energia costumam ser exageradas e não devem ser determinantes para a adoção de uma política mais agressiva de geração nuclear no Brasil. Scalambrini considera que os altos custos de implantação das usinas nucleares são outro aspecto que precisa ser ponderado antes de qualquer decisão de expansão. Ele revela que, em países como Finlândia e Estados Unidos, os valores das obras se mostraram 50% a 200% mais elevados que os cálculos iniciais.
Inovação Processos extrapolam fronteiras
e levam empresas a adotarem novas metodologias oportunidades não somente entre os colaboradores, mas incorporando outras companhias, outros setores e países, através do diálogo com clientes e parceiros. Antes, a visão era restrita ao interior das empresas”, explicou Silveira.
Foto: Daniela Rocha
A inovação se transformou em um processo sem fronteiras, demandando que as companhias apostem em novos métodos de trabalho e na articulação de competências internas e externas. É o que avalia José Paulo Silveira, diretor associado da consultoria Macroplan – Prospectiva, Estratégia & Gestão e ex-secretário de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento. Segundo ele, que foi o convidado da segunda reunião do comitê de Inovação da Amcham-São Paulo em 29/04, os avanços tecnológicos, a movimentação de classes sociais e as tendências de consumo no mercado globalizado impõem alterações nos procedimentos envolvidos para transformar ideias em fins produtivos. “As empresas, no que diz respeito a gestão da inovação e condução de pesquisa e desenvolvimento (P&D), devem ter atualmente a capacidade efetiva de combinar inteligência interna e externa, mediante a prospecção de
Liderança ampliada
Frente a esse quadro, o papel desempenhado pelos líderes de inovação nas organizações torna-se mais complexo, destacou o especialista. “Eles passam a atuar mais como empresários do que como chefes de laboratórios porque precisam ter uma visão gerencial ampliada.” Esses gestores têm de reunir habilidades de comunicação para promover parcerias, captar fontes de recursos externas e principalmente, desenvolver talentos. Para Silveira, o caráter estrategista das áreas de inovação corporativa tende a ser cada vez mais valorizado. Os centros de P&D e inovação têm de ser vistos como uni-
Paulo Silveira, diretor da Macroplan e ex- secretário do Ministério do Planejamento
dades de resultados e não de custos. Dessa forma, os líderes devem saber apresentar adequadamente aos tomadores de decisão os business cases, isto é, as possibilidades de ganhos e os riscos embutidos nos projetos. “A inovação representa risco, isso é indiscutível, mas há maneiras de mitigar, controlar e dosá-lo”, disse.
EXPEDIENTE
Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: André Inohara, Anne Durey, Camila Cruz, Daniela Rocha, Dirceu Pinto e Mariana Pires Design: MondoYumi O noticiário completo da Amcham você encontra no site www.amcham.com.br Acompanhe o conteúdo da Amcham também em www.facebook.com/amchambrasil e www.twitter.com/amchambr