AmchamNews Março 2010

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São Paulo, 07 de Abril de 2010

Publicação da Câmara Americana de Comércio

BRASIL-EUA

Proposta americana abre caminho para consenso na disputa do algodão

Foto: USTR

O contencioso entre Brasil e Estados Unidos em torno dos subsídios concedidos pelos americanos a seus produtores de algodão parece se encaminhar para uma solução negociada, como sempre defendeu a Amcham. Após meses de conversações com os americanos, o governo brasileiro avaliou ter finalmente recebido em 05/04 uma proposta interessante, que, ajustada, pode justificar suspender a retaliação autorizada pela Organização Mundial de Comércio (OMC). Frente à oferta dos EUA, que engloba essencialmente três pontos – criação de um fundo de US$ 147,3 milhões anuais para projetos do segmento algodoeiro nacional; compromisso de reforma do sistema americano de créditos à exportação; e reconhecimento de Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação, habilitada a exportar carne in

natura aos EUA –, o Brasil optou por adiar até 22/04 as sanções que entrariam em vigor em 07/04. Durante esse período, que pode ser postergado em outros 60 dias, os dois parceiros poderão negociar os termos finais de uma saída que agrade a ambos os lados.

Histórico

A disputa do algodão teve início em 2002, ano em que o Brasil abriu processo na OMC contra os EUA. Desde a decisão favorável ao País, em 2009, a Amcham trabalhou pela construção de um acordo bilateral que evitasse a retaliação, mantendo diálogo constante com as autoridades das duas nações e atuando em forte parceria com a US Chamber of Commerce e o Conselho Empresarial Brasil-EUA. A Amcham também participou, levando as contribuições de seus sócios, das duas consultas públicas sobre o assunto realizadas pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). O desfecho positivo para o caso começou a se desenhar com maior clareza em 01/04, com a vinda a Brasília de uma delegação americana chefiada por Miriam Sapiro, representante comercial adjunta dos EUA (United States Trade Representative), e James Miller, subsecretário de Agricultura da administração Obama. O encontro intensificou as conversações entre os dois países e viabilizou a proposta entregue quatro dias depois.

Miriam Sapiro, representante comercial adjunta dos EUA (USTR)

Visão da Amcham

A oferta do dia 05/04 revela uma clara mudança de postura da administração dos EUA, sensibilizada pela iniciativa privada brasileira e americana a apresentar termos mais concretos para uma solução consensual da disputa. Os americanos colocaram à mesa propostas para endereçar dois dos maiores entraves à relação comercial bilateral no que toca a itens agrícolas: os subsídios e o sistema de garantia de créditos à exportação, que fazem com que esses produtos saiam dos EUA para outros mercados a preços inferiores aos praticados internamente, consistindo, portanto, numa prática de concorrência desleal. A nova disposição dos americanos, assim como a prudência que o governo nacional demonstrou ao adiar a aplicação das sanções, cria uma notável perspectiva de fortalecimento das relações Brasil-EUA. Esse movimento abre espaço para que o Brasil amplie seu acesso ao mercado americano de produtos agrícolas, e para que os EUA incrementem suas exportações de bens ao mercado brasileiro. Significa, portanto, uma extraordinária oportunidade de aumentar o fluxo de comércio, o intercâmbio de conhecimento e tecnologia, e o relacionamento bilateral como um todo.


CURTAS Curitiba

O setor elétrico está pronto para acompanhar o desenvolvimento econômico do País nos próximos anos e suprir as demandas que surgirão. A garantia foi dada por Jorge Samek, diretor-geral brasileiro da Hidrelétrica de Itaipu Binacional, no Papo Financeiro, evento promovido em 19/03 pelo jornal Gazeta do Povo com o apoio da Amcham. “O Brasil pode ter um crescimento econômico anual de 5%, 6% ou seja quanto for. Há energia para essa expansão”, afirmou Samek.

São Paulo

O Projeto de Lei Anticorrupção (PL 6826/10) apresentado pelo Executivo à Câmara dos Deputados em 18/02 tem falhas graves e precisa ser radicalmente modificado. Do contrário, o melhor é que o texto não seja aprovado, defende Ricardo Levy, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados. “O projeto como um todo é mais negativo do que positivo”, pontuou Levy em reunião do comitê de Legislação em 21/03. Na visão dele, o texto proposto pode criar um ambiente de incertezas por reunir muitas regras subjetivas e que serão aplicadas por entes descentralizados.

Belo Horizonte

As companhias que possuem um método estruturado para vendas têm melhores resultados que as demais porque promovem maior qualificação dos profissionais e eles, por sua vez, estabelecem um relacionamento mais satisfatório com os clientes. “Ganha-se padrão de atendimento e, consequentemente, aumentam as vendas”, resumiu Márcio Godoi, consultor da Multi Prime que ministrou o seminário “Você: gerente ou líder?” em 05/03.

Porto Alegre

A regional gaúcha, alinhada aos princípios de sustentabilidade de Amcham-Brasil, acaba de lançar o Programa Emissão Zero, que buscará compensação para as liberações de CO2 relativas a suas atividades locais. O projeto prevê a quantificação das emissões – seja com ar condicionado e manutenção das instalações, seja com locomoção dos associados para comparecerem aos eventos da entidade – no primeiro semestre deste ano e a indicação do volume de créditos de carbono a ser adquirido como forma de contribuir para o equilíbrio ambiental.

Campinas

Muitas empresas começam a debater a disponibilidade de mão-de-obra qualificada no País para fazer frente à expansão econômica (leia mais sobre o assunto na página 4), mas no caso da tecnologia da informação (TI) essa inquietação já é antiga. Em 2008, o setor deixou de preencher cerca de 100 mil vagas por falta de profissionais com as habilidades requeridas e a perspectiva é que esse número dobre para 200 mil até 2013, conforme Edson Luiz Pereira, executivo de Parcerias Educacionais da IBM. “O maior problema encontrado pelas companhias contratantes em TI é a falta de capacitação técnica e o baixo nível de conhecimento em um segundo idioma. Isso dificulta o preenchimento de novas vagas que surgem todos os dias”, afirmou Pereira, que fez palestra no “Seminário de Qualificação de Mão-de-Obra” em 16/03.

Recife

Para aqueles que alegam serem as leis nacionais já dotadas dos instrumentos necessários para lidar com os crescentes crimes virtuais, o especialista Demócrito Reinaldo Ramos Filho, juiz e fundador do Instituto Brasileiro de Direito da Informática, deu um recado direto e claro durante participação em 04/03 no comitê de Legislação. “Alguns dizem que os fenômenos de TI são iguais aos já cobertos pela legislação atual e que apenas se diferenciariam por estar acontecendo em um novo ambiente. Na verdade, porém, existem coisas inteiramente novas. Há necessidade de ferramentas, educação e políticas públicas específicas”, disse ele.

São Paulo

Enquanto não avançam as discussões sobre um tratado de grande abrangência na Rodada Doha de liberação do comércio mundial, tendem a aumentar os acordos de facilitação de comércio entre países e regiões. Nesse ponto, o Brasil ainda engatinha, mas a boa nova é que aumentam os esforços para recuperar o atraso, avalia diz Omar Rached, especialista em Direito Internacional Aduaneiro. “No ano passado, o País deu passos importantes que foram acordos de cooperação genérica na área aduaneira com a Índia e a África do Sul que agora terão de ser regulamentados. Espera-se para 2010 algum compromisso com os EUA, além da discussão de um tratado entre Mercosul e Comunidade Européia” , destacou Rached em 17/03 no comitê de Comércio Exterior.


Eventos em sete cidades marcam início das inscrições

Diferente dos anos anteriores, em que a largada para o Prêmio ECO foi dada na Amcham-São Paulo, em 2010 o comitê de Sustentabilidade do Conselho da Amcham decidiu envolver várias unidades regionais desde o início do processo de lançamento. O objetivo é claro: reforçar o caráter nacional da premiação e encorajar a adesão de empresas dos mais variados Estados nesta que é a mais tradicional iniciativa de reconhecimento de práticas sustentáveis do País. Porto Alegre (16/03), Uberlândia (17/03), Ribeirão Preto (19/03), Goiânia (23/03), Recife (24/03), Campinas (24/03) e Curitiba (07/04), uma a uma abriram suas portas para mostrar as novidades da 28ª edição do prêmio. A partir de agora, haverá uma etapa de verificação das práticas das companhias inscritas e os concorrentes passarão a contar com um feedback preciso sobre seus trabalhos. Outra mudança promovida pelo prêmio neste ano é a criação de uma publicação.

“Nesse material, explicaremos às companhias como incorporar a sustentabilidade por meio de processos de inovação”, resume a gerente de Eventos Corporativos da Amcham e responsável pelo Prêmio ECO, Daniela Aiach.

Foto: Mário Miranda

Prêmio eco

Categorias

O Prêmio ECO é realizado há três anos em parceria com o jornal Valor Econômico e, desde 2009, está estruturado em quatro categorias – Sustentabilidade em Modelos de Negócios, em Projetos, em Processos e em Produtos – e dois segmentos – pequenas e médias empresas (com faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 100 milhões) e grandes (acima de R$ 100 milhões). Serão doze vencedores, sendo três por categoria: um para pequenas e médias, e dois para grandes. As inscrições podem ser feitas até 11/06 através do site www.premioeco.com.br e a cerimônia de premiação está prevista para novembro.

Daniela Aiach, gerente de Eventos Corporativos da Amcham e responsável pelo Prêmio ECO

economia

Analistas projetam uma expansão do Produto Interno Bruto brasileiro entre 5% e 6% em 2010, um resultado expressivo diante da retração de 0,2% registrada em 2009. Mas como assegurar avanços continuados nos próximo anos? Zeina Latif, economista-chefe do ING Bank que participou do comitê estratégico de Gestão de Pessoas da Amcham-São Paulo em 04/03, reflete sobre o tema:

Crescimento

“O País teve uma consolidação macroeconômica enorme, mas precisa dar passos importantes para que esse ciclo virtuoso de fato se traduza em desenvolvimento mais acelerado e com melhora dos indicadores sociais. Isso pressupõe aumentar a eficiência do Estado, eleger prioridades corretas para os gastos públicos, aprimorar o arranjo regulatório e ampliar os investimentos em educação. Temos um Estado inchado, que melhorou muito, porém ainda marca-

do por baixa eficiência, o que exige do setor privado um papel fundamental, inclusive na formação de profissionais.”

Foto: Daniela Rocha

Especialista do ING Bank analisa caminhos para o desenvolvimento sustentável do Brasil

Eleições majoritárias

“Não se trata de um evento que venha a afetar a economia de maneira importante. Entretanto, a corrida eleitoral abre espaço para discutirmos o projeto de País que queremos para os próximos anos, qual será o formato para a economia no longo prazo. A macroeconomia está consolidada. Agora temos de olhar para a competitividade.”

RISCOS

“Para 2010, se existir algo preocupante, será essencialmente de ordem externa, não em relação a fatores domésticos. Ao olhar para um horizonte mais amplo, contudo, há também o risco do sucesso, isto é, de o País se acomodar com esse ritmo de crescimento e acreditar que não precisa fazer mais nada.”

Zeina Latif, economista-chefe do ING Bank


RH Companhias se estruturam para

enfrentar disputa por talentos no País Se 2009 foi um ano em que as empresas tentaram driblar os impactos da crise internacional com medidas de curto prazo, muitas vezes ligadas à redução de despesas com a folha de pagamentos, neste início de 2010 o cenário que se desenha é bem outro. É certo que ainda persistem no meio corporativo pressões no sentido de conter custos, mas a expectativa de retomada do crescimento econômico nacional coloca agora a necessidade de preparação para esse novo momento, que exigirá não apenas repor profissionais de que forçosamente se abriu mão durante as turbulências como também traçar estratégias eficazes para manter os melhores dentro de casa. E a concorrência promete ser feroz. “A guerra por talentos é uma realidade cada vez mais intensa”, disse Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), na “Rodada de Tendências & Negócios de Recursos Humanos” promovida pela AmchamSão Paulo em 18/03.

A fim de minimizar as chances de ver os destaques de seus quadros atraídos por oportunidades do mercado, as companhias se movimentam para identificar modos de garantir boas margens de retenção. As fórmulas variam.

RECEITAS

Na visão de Leyla, o segredo está no relacionamento dos profissionais com seus líderes, o que envolve confiança, flexibilidade e coaching (orientação). Outra dica vem de Andréa Krug, diretora de Desenvolvimento da Oi. Segundo ela, o principal para preservar os colaboradores é proporcionar a eles condições de realização de ambições profissionais. Uma última tática considerada chave é promover o engajamento dos empregados. “Precisamos fazer com que a equipe tenha a sensação de pertencer à organização”, ensinou João Senise, diretor de RH da Divisão de Alimentos da Pepsico do Brasil.

ANVISA

Agência adota medidas para acelerar inspeção de fábricas reguladas

Regras rígidas que determinam a inspeção anual de fábricas dos setores regulados, mas um reduzido número de funcionários para atender a essas solicitações. A difícil equação que provocava atrasos nas vistorias – com consequentes prejuízos para as empresas avaliadas – colocou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diante de um grande desafio, que pode agora ter um desfecho satisfatório. No que toca a produtos originários de outros países e comercializados no Brasil, os que mais sofrem com demoras, a solução definida pela Anvisa é ampliar suas relações de reciprocidade com enti-

dades internacionais. Dessa forma, os itens que entram no País viriam com uma espécie de garantia de qualidade obtida em vistorias locais. “Já temos acordos com Canadá, Inglaterra, França, Portugal e Argentina, mas é necessário ampliá-los”, adiantou Dirceu Raposo, diretor-presidente da Anvisa, em reunião no dia 08/03 com executivos e empresários dos segmentos regulados na Amcham-São Paulo. Quanto aos produtos nacionais, a Anvisa também encontrou um jeito de acelerar as autorizações. A agência premiará as fábricas que comprovarem bom histórico de funcionamento poupando-as da vistoria.

EXPEDIENTE

Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: Carmem Madrilis, Daniela Rocha, Dirceu Pinto e Luiz Felipe Marques Design: Gera Comunicação O noticiário completo da Amcham você encontra no site www.amcham.com.br


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