São Paulo, 30 de Julho de 2010
Publicação da Câmara Americana de Comércio
Além das fronteiras
Momento favorável impulsiona internacionalização de empresas brasileiras preferidos dos investimentos estrangeiros, ocupa posição de destaque em segurança alimentar e energética, ganha espaço na política global por sua atuação no G-20, e ainda será anfitrião nos próximos anos dos dois maiores eventos esportivos mundiais, a Copa do Mundo (2012) e as Olimpíadas (2016). Somam-se a esses fatores o real valorizado, que desperta críticas dos exportadores mas funciona como estímulo ao estabelecimento de bases fora do País, e o aumento dos recursos do BNDES destinados a apoiar a internacionalização.
Consultas crescentes
Alinhado com esse quadro, o departamento de Comércio Exterior da Amcham detectou ao longo deste primeiro semestre um número crescente de sondagens de empresas, em especial do setor de Tecnologia da Informação, interessadas em saber como podem operar em outras nações. “A percepção sobre as companhias brasileiras em âmbito mundial é bastante positiva e há boas condições para elas pro-
moverem produtos e serviços. Depois de exportar, internacionalizar-se é o passo natural”, explica Camila Moura, gerente de Comércio Exterior da Amcham. De acordo com Camila, as empresas que pretendem seguir essa trajetória devem se preparar por meio de estudos sobre o mercado-alvo – incluindo conhecer diferenças de cultura, legislação, marcos regulatórios, sistema tributário e aspectos trabalhistas –, identificação de linhas de financiamento adequadas e realização de eventuais adaptações em seus produtos e serviços, todas etapas em que a Amcham pode ajudar. Os esforços valem a pena, já que abrem caminho para uma série de vantagens proporcionadas pela presença no exterior: conquista de novos mercados consumidores, fortalecimento de marcas e produtos, estabelecimento de parcerias estratégicas que ampliem a competitividade dos negócios, acesso a novas tecnologias e fontes diferenciadas de crédito, e ainda possibilidade de usufruir de incentivos e acordos comerciais internacionais.
Evolução do Investimento Brasileiro Direto* Janeiro a junho US$ bi 10
8,5
6
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2006
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Fonte: Banco Central
As companhias brasileiras voltam a pisar firme no acelerador para colocar em prática projetos de internacionalização. Passado o auge da crise global, quando interromperam temporariamente planos de expansão para outros territórios e se concentraram no mercado doméstico, agora elas tiram da gaveta e reforçam estratégias para se estabelecer no exterior. Apenas para citar alguns exemplos, neste primeiro semestre de 2010, a Gerdau investiu US$ 1,6 bilhão para ampliar sua participação na Ameristeel nos Estados Unidos; a Vale aplicou US$ 2,5 bilhões na área de minério de ferro na Guiné; e a Braskem adquiriu a divisão de polipropileno da americana Sunoco por US$ 350 milhões. O indicador de Investimento Brasileiro Direto calculado pelo Banco Central (correspondente à participação no capital de empresas não-residentes, deduzindose empréstimos intercompanhias) acumula US$ 8,5 bilhões de janeiro a junho deste ano, ao passo que no mesmo período de 2009 havia ficado no negativo em US$ 1,7 bilhão, representando retorno líquido de recursos ao País. E se em 2009 o índice fechou no vermelho em US$ 10,1 bilhões, em 2010 a previsão do BC é de que atinja um total positivo de US$ 15 bilhões – um bom número, mas ainda inferior ao obtido em 2008 (US$ 20,4 bilhões). Além da recuperação do comércio mundial – que pelos cálculos da Organização Mundial de Comércio crescerá 9,5% em 2010 após queda de 12,2% em 2009 –, as empresas brasileiras se beneficiam de uma das fases mais favoráveis da história do País para promover seus produtos e marcas além-fronteiras. O Brasil desponta no cenário internacional em múltiplas esferas. É um dos destinos
4,5
2005
1,7
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ano
2009
2007
*Descontando empréstimos intercompanhias
BRASIL-EUA
Mercado americano está entre alvos principais de companhias nacionais que querem atuar no exterior. Acordo contra bitributação contribuiria para reforçar essa tendência
Espaço para as pequenas
As oportunidades nos EUA não se restringem a grandes companhias, muito pelo contrário. Boa parte das solicitações de informação ao departamento de Comércio Exterior da Amcham vem justamente das menores. “Elas são as que mais necessitam de suporte inicial. Muitas buscam estabelecer pequenos escritórios, às vezes virtuais, visando à proximidade com seus clientes e ao desenvolvimento de projetos in loco”, afirma Camila Moura, gerente da área. As recomendações para esse porte de empresa variam, mas costumam passar pela construção de parcerias locais, que possibilitam se cercar de quem conhece bem o mercado e seus riscos.
Cases de sucesso
A Amcham tem tradição em assessorar companhias interessadas em se estabelecer nos EUA. Um dos cases de maior
sucesso é o da engarrafadora de água mineral Genuína Lindoya, que iniciou esse processo em junho do ano passado com participação em missão empresarial do setor alimentício promovida pela entidade a Arkansas City (Arkansas), Chicago (Illinois), Washington e Baltimore (Maryland). Na ocasião, a companhia se reuniu com redes varejistas e operadores logísticos e percebeu a necessidade de desenvolver um produto específico para aquele mercado. Foi com a Acquafibra, água enriquecida com fibras, que a Genuína Lindoya começou sua atuação nos EUA ainda em 2009, tendo como parceira uma trading. Os resultados foram tão bons que há um mês a empresa abriu seu primeiro depósito próprio em Elgin (Illinois) e já faz planos de inaugurar outros dois, em Houston (Texas) e Baltimore, conforme as vendas ganhem força. “A água representa grande volume em relação ao preço e, ao oferecermos armazenagem e algumas soluções localmente, como empilhadeiras próprias, é possível reduzir gastos logísticos aos compradores
e agilizar a reposição de estoques. A principal vantagem de estar fisicamente nos EUA é ampliar as vendas, principalmente considerando o grande giro de garrafas de água”, diz Martin Ruette, diretor executivo da Genuína Lindoya. Outro caso emblemático de inserção no mercado americano impulsionado pela Amcham é o da Bionext. Em missão da entidade com foco em biotecnologia, organizada em outubro passado para Boston (Massachusetts), Minneapolis (Minnesota) e Washington, a companhia encontrou a porta de entrada nos EUA para seu curativo feito de celulose produzida por bactérias que funciona como uma pele artificial. “Já estávamos conversando com potenciais parceiros, mas o acerto final com a americana MDI foi fechado na viagem”, revela Gerardo Mendoza, CEO da Bionext. O acordo, que tem finalidade comercial, viabilizou o registro do curativo junto a órgãos americanos com maior facilidade e prevê no futuro também o desenvolvimento conjunto de pesquisas para inovação.
Distribuição dos Investimentos Brasileiros Diretos por país* Janeiro a junho de 2010
Outros US$ 2,5 bi
Ilhas Cayman US$ 6,1 bi
18,1%
Bermudas US$ 0,7 bi
5,2%
Países baixos US$ 0,7 bi
5,3%
França US$ 0,8 bi Luxemburgo US$ 1,2 bi
Fonte: Banco Central
Os Estados Unidos têm sido um dos destinos preferenciais das empresas brasileiras que querem alçar voos mais altos. De janeiro a junho, o Investimento Brasileiro Direto nos EUA (sem descontar empréstimos intercompanhias) aumentou mais de seis vezes em relação a esses meses em 2009, alcançando US$ 1,7 bilhão. Os americanos aparecem como segundo maior receptor de nossos recursos (12%), atrás apenas de paraísos fiscais (com Ilhas Cayman na liderança, concentrando 44% do valor), que ainda se revelam bastante atrativos pela possibilidade de evitar o pagamento de impostos comumente cobrados em duplicidade. “Certamente, o estabelecimento de um tratado que elimine a bitributação entre Brasil e EUA, objetivo pelo qual a Amcham trabalha há longa data, contribuiria para que boa parte desse capital nacional fosse reorientada para território americano e fortaleceria ainda mais o relacionamento bilateral”, diz Gabriel Rico, CEO da Amcham.
44,2%
6% 9%
12,2% EUA US$ 1,6 bi
*Sem descontar empréstimos intercompanhias
CURTAS Porto Alegre Sustentabilidade
Cada vez mais percebidos como elemento central para a sobrevivência dos negócios, os investimentos em sustentabilidade vêm ganhando importância também nas estratégias corporativas de marketing. Nesse sentido, para atingir o consumidor de modo eficaz, é necessário estabelecer uma relação direta – e real – entre os valores do público-alvo e os da empresa, indica a psicóloga Bianca Fermiano, que coordena a área de Pesquisas Qualitativas da consultoria Market Analysis. “Para conectar as pessoas, é preciso obter um vínculo emocional, um relacionamento entre marca e cliente, falando das dificuldades e de todo o processo por que a companhia passa para se tornar sustentável”, indicou Bianca no comitê de Meio Ambiente em 08/07.
Brasil Prêmio ECO
As inscrições para o Prêmio ECO 2010 foram estendidas até 13/08. A iniciativa da Amcham, realizada em parceria com o jornal Valor Econômico, chega à sua 28ª edição reconhecendo práticas sustentáveis de empresas que atuam no Brasil. Interessados em participar devem acessar o site www.premioeco.com.br, que traz o regulamento e elenca todos os passos para formalizar a adesão.
Campinas Gestão de pessoas
Conscientes de que o talento humano é hoje um ativo altamente disputado, as companhias criam estratégias para atrair, estimular e manter os melhores profissionais. “Só o desenvolvimento não basta. É necessário propiciar ao indivíduo o espaço ocupacional onde possa vivenciar os conhecimentos adquiridos e ganhar experiência a ponto de, com o tempo, constituir-se em referência”, disse Vicente Picarelli Filho, sócio da consultoria Deloitte, no “Fórum de Gestão de Pessoas – Atração e Retenção de Talentos” em 07/07.
Belo Horizonte Redes sociais
A proposta de discutir o uso corporativo de redes sociais atraiu cerca de cem executivos ao comitê de Marketing em 21/07. O encontro teve como palestrantes Maxine McClellan, especialista em redes sociais e marketing pessoal, e Felipe Schepers e Karina Figueredo, ambos analistas da Expertise, empresa que realizou recentemente um estudo sobre como os internautas brasileiros empregam as ferramentas de internet. A recomendação dos palestrantes é que as companhias identifiquem o canal mais adequado para atingir seu público – como Orkut, Facebook ou Twitter – e invistam no monitoramento contínuo dessa exposição para evitar impactos negativos.
São Paulo Combate à pirataria
As ações de combate à pirataria de medicamentos e produtos para saúde, tanto as repressivas quanto as preventivas, apresentam resultados mais efetivos quando há união entre indústria, governos e agências reguladoras, defendeu Thomas Warren, diretor de Assuntos Governamentais e Política de Saúde da Johnson & Johnson nos EUA, durante o “Seminário de Combate à Pirataria em Saúde” em 29/07. “Nos países onde existe trabalho integrado, com contínuo intercâmbio de informações, há mais segurança e integridade nos canais de distribuição, resultando em redução do comércio ilícito”, comentou ele.
Brasília Novo escritório
Em julho, a regional ganhou nova sede, no Lago Sul, dotada de infraestrutura mais ampla para atender os associados da capital federal e de outras unidades da Amcham que estejam na cidade em viagens de negócios. São quatro salas de reunião, sendo três para até três pessoas e uma com capacidade para até 12 pessoas. Há ainda um auditório com 36 lugares, flexível para abrigar reuniões com um número maior de convidados. “Com o novo escritório, queremos aperfeiçoar o atendimento aos associados, oferecendo espaço físico maior para eventos e comitês, e fortalecer a interlocução do empresariado com o poder público”, destacou Fernando Schmitt, diretor de Membership e Unidades Regionais da Amcham.
Recife Complexo de Suape
A vocação do Complexo Portuário Industrial de Suape como polo da indústria naval do Nordeste será reforçada com a instalação de um novo estaleiro, o Promar, que foi disputado por cinco Estados brasileiros. Os investimentos estão estimados em R$ 300 milhões e a previsão é de que sejam gerados 1,5 mil novos empregos diretos, revelou Silvio Leimig, diretor do Suape Global (projeto do governo pernambucano voltado à atração de investimentos para o porto), no “IV Suape Business Meeting” em 09/07. O Promar, focado na produção de navios de pequeno porte para transporte de gás, se juntará ao Atlântico Sul, já em funcionamento e direcionado à construção de grandes navios de transporte de petróleo e navios-sonda para plataformas desse combustível.
Curitiba Networking
Em sua 8ª edição, a Networking Night, feira de negócios realizada anualmente pela regional, reuniu 50 empresas expositoras e 1200 visitantes em 21/07. Participaram representantes de setores como automotivo, imobiliário, de construção civil, turismo, logística, comunicação e consultoria, além de corretoras de valores.
BRASIL-EUA Em comemoração da independência
americana, embaixador Shannon ressalta cenário de aprofundamento da relação bilateral beneficiará a economia de ambos os países e contribuirá para o desenvolvimento do Hemisfério Ocidental.” Shannon também defendeu o estabelecimento de um tratado que evite a bitributação entre as duas economias e revelou ver avanços para que se torne realidade. “Estamos dando passos importantes. O acordo para intercâmbio de informações entre os fiscos dos dois países que está em andamento no Congresso brasileiro, por exemplo, é um aspecto fundamental para que cheguemos a um tratado para evitar a bitributação. Ainda temos muito trabalho pela frente, mas avalio que há vontade de ambas as nações para que isso aconteça logo. O diálogo é intenso”, afirmou ele.
homenagem
A festa de independência americana foi marcada também por homenagem a Thomas White, que deixou o cargo de cônsul geral americano em São Paulo na semana seguinte rumo à Bélgica para atuar como ministro conselheiro em missão diplomática dos EUA na União Europeia. O posto na capital paulista passa agora às mãos de Thomas Kelly (veja box). O evento da embaixada na Amcham reuniu autoridades como Alda Marco An-
tonio, vice-prefeita de São Paulo; Walter Feldman, deputado federal (PSDB-SP); e os secretários do governo do Estado de São Paulo Paulo Renato de Souza (Educação) e Arnaldo Hossepian Salles Lima Jr (adjunto de Segurança Pública).
Novo cônsul em São Paulo Thomas Kelly toma posse como cônsul geral dos EUA em São Paulo em 02/08. Ele entrou para o serviço diplomático americano em 1985 e já serviu, em ordem cronológica, em El Salvador, Chile, França, Equador, Lituânia e Argentina. Kelly também trabalhou no Departamento de Estado dos EUA como chefe da seção de Economia e Negócios e no escritório do United States Trade Representative. O novo cônsul é formado pela Escola de Diplomacia da Georgetown University, onde concluiu mestrado em Estudos Lationamericanos. Ele tem ainda outro mestrado, em Desenvolvimento Econômico, pela Stanford University.
A partir da esquerda, Celso Lafer, ex-ministro de Relações Exteriores; Thomas White e sua mulher Theresa, que deixam o consulado em São Paulo; o embaixador Thomas Shannon; e Alda Marco Antonio, vice-prefeita de São Paulo
EXPEDIENTE
Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: Carmem Madrilis, Daniela Rocha, Dirceu Pinto, Luiz Felipe Marques, Mariana Pires e Thiago Lucas Design: Gera Comunicação O noticiário completo da Amcham você encontra no site www.amcham.com.br
Foto: Najla Kubrusly
Pelo segundo ano consecutivo, a AmchamSão Paulo foi palco das comemorações da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil pelo aniversário da independência americana. Na primeira celebração da data sob sua gestão, o embaixador Thomas Shannon salientou a expectativa de que o relacionamento Brasil-EUA continue a se aprofundar nos próximos anos, qualquer que seja o resultado das eleições majoritárias de outubro. “A democracia no Brasil é sólida e os EUA prezam muito por isso. Celebramos as eleições, a escolha popular. Seja qual for o novo presidente, continuaremos trabalhando para intensificar relações com o Brasil, hoje um importante player global”, disse Shannon. Questionado sobre as prioridades da agenda bilateral agora que os dois países celebraram um acordo para solução mutuamente negociada do contencioso do algodão, o embaixador ressaltou a amplitude de oportunidades disponíveis. “Acredito que, independentemente desse caso específico, o relacionamento entre o Brasil e os EUA vem se aprofundando bastante. Há muitos pontos em comum, diversas áreas para cooperação. Existem campos a serem explorados, principalmente o comercial, o que