São Paulo, 02 de Junho de 2010
Publicação da Câmara Americana de Comércio
inovação Academia e setor privado debatem caminhos para
realidade brasileira
No que tange especificamente ao Brasil, empresários e experts são unânimes na avaliação de que inovação, por aqui, ainda não é um conceito plenamente difundido, como comprovam a pequena participação do País no total mundial de concessão de patentes (0,1%, diante de 14% da Coreia do Sul e 19% dos Estados Unidos, por exemplo) e também a baixa adesão nacional à inovação em modelo de negócios e estratégia corporativa. “A capacitação industrial continua a ser o grande foco quando se pensa em inovação. Esse escopo tem de se ampliar para haver um retorno muito maior”, afirmou Jorge Ramos, diretor de Desenvolvimento Tecnológico da Embraer. Em que pesem as dificuldades, o espírito geral é de otimismo. “Faz sentido inovar no contexto do Brasil e da América Latina e é preciso fazê-lo apesar de todas as barreiras a serem vencidas”, assegurou Eduardo Wanick, presidente da DuPont para a América Latina e membro do Conselho de Administração da Amcham.
Richard Locke, vice-reitor da MIT Sloan School of Management Foto: Mário Miranda
Outro ponto central para a maior disseminação da inovação no meio corporativo é compreender sua íntima relação com a sustentabilidade, hoje percebida como estímulo à busca do novo. “A sustentabilidade veio para ficar e representa um relevante motor de inovação e geração de oportunidades”, ensinou Richard Locke, vice-reitor e professor de Empreendedorismo da MIT Sloan School of Management.
Eduardo Wanick, presidente da DuPont para a América Latina e conselheiro da Amcham Foto: Mário Miranda
A pressão por resultados imediatos leva as empresas a gravitarem em torno de caminhos conhecidos, com tendência a evitar os riscos que mudanças embutem. Como então inovar mais num cenário como esse, no qual, por um lado, tudo parece conspirar para que se faça mais do mesmo, mas em que, por outro, a inovação se consolida como importante estratégia de sobrevivência e competitividade? A resposta é complexa e foi discutida no seminário “Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro” promovido pela Amcham e pela Fundação Dom Cabral em 11/05 na Amcham-São Paulo. “Inovação é um processo único pela natureza dos riscos que envolve e não se encaixa nos modelos gerenciais existentes. Não avançaremos sem sistematizála”, indicou Clemente Nobrega, especialista em estratégia de inovação. Ele deu boas pistas para que as companhias assegurem progressos continuados no campo da inovação. Entre as principais, estão: »»Abandonar o pensamento de que quem inova são somente pessoas geniais; »»Fazer maior uso de protótipos de inovação, que ajudam a romper a barreira dos riscos; »»Equilibrar melhor demandas de curto e longo prazos, reconhecendo que inovação diz respeito a um horizonte de tempo amplo; »»Aperfeiçoar a interface entre universidades, pesquisa e desenvolvimento, e empresas, reforçando a ideia de que a inovação deve ter um drive comercial.
Foto: Mário Miranda
avanço dessa importante ferramenta de competitividade
Clemente Nobrega, especialista em estratégia de inovação
CURTAS Belo Horizonte Inovação
A inovação como fator de desenvolvimento, assim como no seminário “Rumos da Inovação” em 11/05 em São Paulo, foi a tônica do “1º Encontro de Líderes Inspiradores” realizado em 18/05. O palestrante escolhido para falar aos 60 empresários e executivos presentes foi Ozires Silva, ex-presidente da Embraer e da Petrobras e ex-ministro da Infraestrutura. “O Brasil precisa tomar partido das oportunidades do mundo globalizado, mas para isso deve apostar em inovação”, defendeu ele na ocasião.
São Paulo Competitividade I
Baixa qualificação da mão de obra, tamanho do Estado, deficiências na infraestrutura e excesso de burocracia, quatro dos principais entraves à maior competitividade do Brasil que se refletem em elevados custos de transação, são temas, nessa ordem, de um conjunto de seminários que a Amcham realizará em junho e julho na capital paulista. O ponta-pé inicial da iniciativa foi dado no comitê de Business Affairs em 12/05, com a participação do professor Jacques Marcovitch (USP), líder do primeiro fórum, marcado para 09/06. “Para vencer o desafio da mão de obra, cabe ao setor empresarial explicitar o perfil do profissional de que precisa e valorizá-lo com todas as compensações possíveis; à academia, criar a metodologia da construção do conhecimento; e ao governo, assumir os investimentos em infraestrutura educacional para não onerar demais as empresas”, adiantou Marcovitch.
São Paulo Combate à pirataria
A Amcham promoveu em 29/05 o “IV Fórum de Conscientização de Educadores no Combate à Pirataria”. O evento faz parte do Projeto Escola Legal, iniciativa da entidade voltada a sensibilizar estudantes, pais e professores sobre o assunto que já contribuiu para a conscientização de aproximadamente 22 mil alunos em São Paulo, Campinas, Goiânia e Porto Alegre. Neste ano, a intenção é contemplar 110 escolas espalhadas por ao menos oito municípios: São Paulo, Goiânia, Recife, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Blumenau e Campinas.
Porto Alegre Energia
Aperfeiçoar a qualidade da distribuição de energia elétrica no Brasil é a maior meta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2010, revelou Nelson Hubner, seu diretor-geral, em 13/05 durante almoço do comitê estratégico de Energia. “Ao contrário dos últimos anos, em que nosso principal enfoque foi a ampliação da oferta de energia no País, agora os esforços da Aneel estão centrados no incentivo ao investimento em melhoria dos processos de distribuição. Um possível apagão elétrico não é mais a nossa preocupação”, explicou ele.
São Paulo Governança corporativa
Octavio de Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco, será o líder do segundo seminário, agendado para 24/06. “O Brasil tem capacidade para crescer cerca de 10% ao ano, mas não neste momento. Não estamos preparados em termos de infraestrutura nem na questão da reforma tributária”, apontou o economista, introduzindo a temática do projeto de competitividade em encontro de comitês estratégicos na regional curitibana em 27/05.
Lição bem aprendida pelas grandes companhias, a governança corporativa só recentemente começou a entrar no dicionário das pequenas, que aos poucos se apercebem das vantagens que pode proporcionar. No caso das empresas de origem familiar, essas práticas podem contribuir, por exemplo, para evitar conflitos societários entre parentes, porém apenas quando aplicadas de forma estruturada – atitude ainda rara. “As pequenas e médias companhias se interessam pela governança nos momentos de crise. Via de regra, não é algo planejado”, lamentou Luiz Marcatti, sócio da consultoria Mesa Corporate Governance, em encontro dos comitês de Empreendedorismo e Governança Corporativa em 12/05.
Recife Marketing
Campinas Ponto eletrônico
Curitiba Competitividade II
Animados com o bom momento da economia nacional e regional, os empresários pernambucanos dedicam atenção crescente a ações de marketing e divulgação. Pesquisa da Amcham, feita em parceria com o instituto Prime Brasil e divulgada no “VI Panorama de Marketing de Pernambuco” em 26/05, mostra que a totalidade das companhias consultadas no Estado aplicará recursos nessa área em 2010. Para 49% das empresas, os valores investidos serão superiores a 3% do faturamento.
Em agosto, passa a valer a Portaria 1510 do Ministério do Trabalho que disciplina a utilização do Sistema de Registro Eletrônico de Ponto (SREP). “A principal intenção é garantir a inviolabilidade dos dados, evitando fraudes, restrição de horários, marcações automáticas e autorização prévia para realização de horas extras”, comentou Wolnei Tadeu Ferreira, diretor jurídico da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-SP), no “Fórum de Legislação” em 25/05.
economia
As turbulências vividas pela Europa, concentradas sobretudo nos chamados Piigs (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), até o momento têm sido pouco sentidas no Brasil, limitadas a efeitos como alta do dólar e baixa na bolsa, isto é, volatilidade no mercado financeiro causada pela acomodação de investimentos em ativos de menor risco. Os reflexos no País, conforme economistas que estiveram na Amcham em maio, tendem a se manter baixos, principalmente com o anúncio do pacote do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia que destinará US$ 146 bilhões à Grécia, a economia mais impactada. Nesse cenário, pode-se esperar para o Brasil uma expansão econômica entre 6% e 7% em 2010. “O volume da ajuda oferecida aos gregos é de três vezes o total da dívida do país, um basta na desconfiança. Com
isso, há menores chances de o problema se espalhar pelo mundo e dificultar a expansão brasileira, que tem grandes chances de ser da ordem de 6% neste ano”, destacou Fernando Sampaio, sócio-diretor de Macroeconomia da LCA Consultores, que esteve no comitê estratégico de Diretores Comerciais da AmchamSão Paulo em 12/05. A alta do Produto Interno Bruto (PIB) nacional projetada pelo mercado tem sido em muitos casos ainda maior. Para vários analistas, poderá superar os 7%, número viável na ótica de Roberto Troster, consultor e ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). “Crescer acima de 7% é possível para 2010. Para os próximos anos, porém, o Brasil terá de fazer a lição de casa”, pontuou Troster após falar ao comitê estratégico de Finanças da Amcham-São Paulo em 13/05.
Foto: Daniela Rocha
Para especialistas, impacto da crise europeia sobre o Brasil continuará restrito
Roberto Troster, consultor e ex-economista-chefe da Febraban
norte e nordeste Pesquisa revela que companhias situadas
Os anos de atraso parecem finalmente estar ficando para trás. Quem visita o Norte e, em particular, o Nordeste do País vê hoje um processo de desenvolvimento acelerado que, em algumas áreas, lembra um grande canteiro de obras. A realidade que salta aos olhos de quem visita essas regiões é retratada também em números, como os de recente pesquisa da Deloitte Touche Tohmatsu apresentada no “Encontro de Comitês – Norte e Nordeste no Radar do Mercado” organizado em 06/05 pela Amcham-São Paulo. O levantamento conduzido em outubro e novembro de 2009 junto a 40 companhias de diferentes portes e segmentos que atuam nessa parte do Brasil revela uma aposta quase unânime na continuidade do crescimento. Dentre os consultados, 97% afirmam contar com aumento das receitas em 2010 – uma expansão
que deve ficar, na média, em 15% sobre 2009 – e 85% declaram intenção de elevar investimentos. “As empresas tiveram um 2009 complicado, mas, ainda assim, registraram bons resultados. Para 2010, as perspectivas são ainda mais positivas”, analisou Sandro Melo, gerente sênior de Consultoria Tributária da Deloitte. A fase positiva, conforme Melo, é explicada por uma conjunção de fatores, a começar pelo otimismo com a resistência brasileira aos solavancos externos. Além disso, regionalmente, a criação de empregos formais, os projetos sociais do governo (como o Bolsa Família), estímulos fiscais (sobretudo em termos de redução de ICMS em relação a outras localidades) e importantes obras de infraestrutura (principalmente energética e logística) vêm abrindo novas possibilidades de negócios.
Foto: Daniela Rocha
nessas regiões esperam receitas 15% maiores em 2010
Sandro Melo, gerente sênior de Consultoria Tributária da Deloitte
BRASIL-EUA
Comitivas dos dois países buscam estreitar laços comerciais e investimentos bilaterais A ampliação do fluxo comercial e de investimentos entre Brasil e Estados Unidos foi o objetivo central de um conjunto de quatro missões realizadas em maio por representantes dos dois países, todas elas com o envolvimento direto da Amcham. “A intensa movimentação reflete o importante momento que vivemos, mais propício ao aprofundamento e à diversificação da relação bilateral do que qualquer outro período da história recente”, avalia Gabriel Rico, CEO da Amcham. Na primeira viagem, entre 10 e 14/05, a Amcham, ao lado da Embaixada do Brasil nos EUA, levou um grupo de empresários do setor de Tecnologia da Informação a Seattle, São Francisco, Washington e Virginia para identificar oportunidades de novas parcerias. Na semana seguinte (17 a 21/05), a Amcham esteve à frente de duas outras comitivas. Uma promoveu eventos em Nova York, Miami e Houston voltados a atrair a atenção dos americanos para ne-
gócios em território brasileiro. A outra apresentou, durante seminário da The International Fiscal Association em Miami, os esforços da Amcham em prol da assinatura de um tratado que elimine a bitributação entre as duas nações, e ainda se reuniu com membros da administração Obama para dialogar sobre esse acordo e outros temas de facilitação do comércio. Completando o ciclo, a Amcham recebeu em sua sede em São Paulo, para encontro com empresários e executivos de companhias que operam no Brasil, Jose Fernandez, secretário-adjunto do Departamento de Estado dos EUA para Energia e Negócios, e Charles Collyns, secretárioadjunto do Tesouro americano na área de Finanças Internacionais. “Viemos para impulsionar as relações entre Brasil e EUA. Cada vez mais, empresas americanas investem aqui e companhias brasileiras mostram interesse por nosso país”, sintetizou Fernandez.
comércio exterior
Novo regime aduaneiro quer incentivar inserção de pequenas empresas no mercado externo O Drawback Integrado, regime aduaneiro especial recém-lançado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), promete contribuir para a entrada de novas companhias, especialmente pequenas e médias, no mercado internacional. “Hoje, 70% das exportações brasileiras são realizadas por cerca de 100 empresas. Nossa meta é incluir novas companhias e diversificar a pauta, além de fazer com que as operações sejam perenizadas”, afirmou Marcelo Sampaio, coordenador-geral do Departamento de Operações de Comércio Exterior do MDIC, em palestra no comitê de Comércio
Exterior da Amcham-São Paulo em 25/05. Com o Drawback Integrado, os exportadores brasileiros, por até dois anos, ficam isentos de tributos federais sobre a aquisição de insumos nacionais e importados usados na fabricação de bens destinados ao exterior. O regime traz duas grandes novidades. As companhias poderão optar por comprar 100% dos insumos no mercado doméstico ou no exterior ou combiná-los. Além disso, o benefício será acessível a micro e pequenas empresas inscritas no Simples ou que declaram Imposto de Renda pelo lucro presumido ou arbitrado.
EXPEDIENTE
Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: Carmem Madrilis, Daniela Rocha, Dirceu Pinto, Luiz Felipe Marques e Thiago Lucas Design: Gera Comunicação O noticiário completo da Amcham você encontra no site www.amcham.com.br