São Paulo, 10 de Março de 2010
Publicação da Câmara Americana de Comércio
BRASIL-EUA
Perspectivas Barral reputa o déficit de 2009 no comércio com os EUA principalmente à diminuição dos preços do petróleo (e seus derivados) e dos volumes de aviões e automóveis embarcados. Segundo ele, em todos os demais segmentos em que o Brasil se faz presente no mercado americano, a redução das vendas foi semelhante à sofrida por outros países, resultado direto da queda da demanda americana e proporcional a ela. Para 2010, apesar de a Secex não arriscar uma meta específica de comércio com os americanos, o que se sabe é que o
resultado estará vinculado novamente ao desempenho dos três setores que se revelaram vilões em 2009 (petróleo, aviões e automóveis) e também à habilidade dos brasileiros para reocupar espaços perdidos e disputar novos, diversificando a pauta e preparando-se para enfrentar uma competição acirrada. “O risco agora é que, com a recuperação da economia dos EUA, o Brasil não consiga repor sua fatia naquele mercado”, alertou o secretário para logo em seguida anunciar que o governo nacional prepara uma série de medidas nas áreas tributária, de financiamento e de simplificação de comércio exterior que apoiarão as empresas brasileiras nesse cenário.
Oportunidades A fim de que as companhias brasileiras não corram o risco citado por Barral e, mais do que isso, usem este momento para dar um salto no mercado dos EUA, a recomendação dos especialistas é muita atenção às oportunidades que vêm surgindo. Diego Bonomo, diretor executivo da Brazil Industries Coalition, sugere uma reflexão especial sobre as ações da administração Obama centradas no enfrentamento das turbulências – a exemplo do pacote de estímulo à economia no valor de US$ 800 bilhões, da lei de empregos e das reformas do sistema de saúde e da política energética em andamento –, que oferecem grande potencial de novos negócios. “As empresas brasileiras terão de olhar esses pontos com calma para aproveitar as chances que se abrem”, afirmou Bonomo, numa sinalização clara de que, mesmo com a crise, e até mesmo por conta dela, o Brasil tem hoje muito a conquistar no mercado americano.
Welber Barral, secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento
Intercâmbio comercial Brasil-EUA Ano
Fonte: MDIC/ Secex
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento definiu como um de seus maiores focos em 2010 trabalhar pela intensificação das exportações aos Estados Unidos, buscando retomar a trajetória – revertida em 2009 – de saldos da balança bilateral sucessivamente positivos para o Brasil. Entre 2000 e 2008, o País acumulou mais de US$ 50 bilhões em superávits em relação aos EUA, o que representa uma média de US$ 5,6 bilhões ao ano. Com a eclosão da crise mundial, houve um recuo acentuado no resultado, que caiu de US$ 6,4 bilhões em 2007 para US$ 1,8 bilhão em 2008 e tornou-se deficitário em US$ 4,4 bilhões em 2009. “A ideia (agora) é ter prioridade no mercado americano. Estamos aumentando nossas ações, principalmente de promoção comercial”, disse Welber Barral, secretário de Comércio Exterior, no evento “O Brasil na Vitrine” em 26/02 na Amcham-São Paulo. Um mês antes, em visita à AmchamCuritiba, ele já havia indicado essa inclinação, que agora ganha mais corpo.
Foto: Giuliano G. Siqueira
Ministério do Desenvolvimento prioriza mercado americano no comércio exterior em 2010
Saldo em US$ mi
2000
338
2001
1347
2002
5118
2003
7206
2004
8872
2005
9957
2006
9956
2007
6426
2008
1837
2009
- 4443
Exportações
Foto: Giovanna Carnio
Analistas recomendam caminhos para garantir resultados mais expressivos nos próximos anos
Foto: Giuliano G. Siqueira
Roberto Segatto, presidente da Abracex
Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Silex Trading, da Brex America e da Ethanol Trading
Em 2010, a meta da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) para o total das exportações brasileiras é de US$ 168 bilhões, acima dos US$ 152,9 bilhões computados em 2009, mas ainda bem abaixo dos US$ 197,9 bilhões obtidos em 2008. Especialistas veem o alvo como factível, porém tímido, e indicam como ir além nos próximos anos. A receita da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex) está centrada na criação de uma política industrial consistente para o País, que envolva os ministérios do Desenvolvimento, da Fazenda e das Relações Exteriores, atraia novas empresas e investimentos, e facilite a entrada de equipamentos para renovação do parque produtivo. “Para chegar a vendas externas de US$ 500 bilhões, basta ter equipamentos para produzir. As exportações aumentarão se o governo colocar em prática os seguintes pontos: facilitação das importações (de maquinário), redução da carga tributária e atenção ao câmbio. Se nada for feito, continuaremos perto do que foi registrado em 2009”, afirmou Roberto Segatto, presidente da Abracex, em reunião do comitê de Comércio Exterior da Amcham-São Paulo em 29/01. Com relação especificamente ao câmbio, cuja valorização tem comprometido muitas vezes a competitividade dos produtos nacionais no exterior, a Abracex advoga uma série de propostas, que incluem a possibilidade de manter depósitos em moeda estrangeira no País ou fora, desde que comunicados à Receita Fede-
Vendas externas brasileiras entre 2000 e 2009 Fonte: AliceWeb
US$ bi 250 200 150 US$ 168 bi Meta da Secex
100 50 0
2000 2001 2002
2003 2004
2005
2006 2007
2008
2009
2010
ral; a criação de um dólar de exportação, nos moldes do dólar turismo; e a taxação de capital estrangeiro de acordo com seu prazo de permanência no País – esta colocada em prática com algumas alterações em outubro último. “Tudo isso provocaria um esvaziamento de dólares e a cotação ficaria entre R$ 2,00/US$ e R$ 2,20/ US$, que é o valor ideal conforme os cálculos da Abracex”, pontuou Segatto.
Superação Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Silex Trading, da Brex America e da Ethanol Trading, não fala em projeções tão elevadas como os US$ 500 bilhões da Abracex, mas aposta em um montante de pelo menos US$ 200 bilhões que podem ser alcançados em breve. Isso se o próximo governo adotar políticas de comércio exterior mais contundentes e o País conseguir superar deficiências competitivas nas áreas logística (por meio de diminuição dos custos de transporte), financeira (com ampliação do crédito e redução dos juros) e tributária (eliminando impostos cumulativos na cadeia exportadora) – ou seja, se efetivar mudanças apoiadas exclusivamente em esforços próprios, que independem de fatores externos, como dificuldades econômicas de parceiros. Giannetti diz ainda que, diante do crescimento da percepção mundial de que o Brasil é o País do alimento e da energia, com relevante papel a desempenhar no sentido de minimizar as incertezas nesses dois campos, investimentos nesse binômio, considerando expansão da oferta, desenvolvimento de canais de distribuição e sustentabilidade, têm enorme potencial de retorno nas mais variadas partes do globo. “Estamos diante da possibilidade de o Brasil se tornar referência mundial em termos de energia e alimentos. O desafio dos próximos anos passa pela internacionalização de nossas empresas e marcas, e pelo reconhecimento do País como um exportador de qualidade – não de preços baixos, porque nesse quesito a China é imbatível”, argumentou ele em apresentação no evento “O Brasil na Vitrine” em 26/02 na Amcham-São Paulo.
CURTAS Campinas
As pequenas empresas tendem a investir cada vez mais na valorização de talentos como forma de impulsionar os negócios, diz Marcelo Nakagawa, professor da Fundação Vanzolini e da Fundação Instituto de Administração (FIA). Ele aprofundou o tema em encontro de Gestores promovido em 27/01 e salientou que o cenário econômico favorável que se desenha para o País em 2010 deve impulsionar ainda mais esse movimento.
São Paulo
O retorno das condições de depósito compulsório que vigoravam no pré-crise, determinado pelo Banco Central no final de fevereiro, não será suficiente para evitar uma iminente alta da taxa básica de juros, avalia Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban. “O impacto (da medida) é muito pequeno, dadas as condições da economia, que segue muito líquida”, explicou o economista, que falou ao comitê de Finanças em 03/03. A Febraban projeta que a Selic, atualmente em 8,75%, encerre o ano em 11,25%.
Recife
Com a expansão da economia brasileira e o aumento do consumo das classes C, D e E, a indústria brasileira de seguros vive uma fase muito positiva. A projeção é o que segmento se amplie em mais de 15% neste ano, segundo Mucio Novaes, presidente do Sindicato das Empresas de Seguros (Sindiseg) do Norte e Nordeste. Serão justamente essas regiões as que registrarão maior desenvolvimento, podendo chegar a até 20% em 2010. ”Nesses Estados, ainda existe um grande percentual de mercado não atendido”, pontuou Novaes em reunião do comitê de Economia & Finanças em 29/01.
Belo Horizonte
A Amcham acaba de completar uma década de atividades na capital mineira e, para celebrar a data, reuniu empresas associadas e representantes do governo local em coquetel na noite de 28/01. “A Amcham-Belo Horizonte vem se destacando em ações junto ao empresariado mineiro, como a missão ao Vale do Silício em 2006 para visitar grandes players do setor de tecnologia da informação e as viagens do Núcleo Amcham de Logística aos Estados Unidos, à Bélgica e à Holanda a fim de buscar alternativas para o projeto de aeroporto-indústria mineiro”, ressaltou Jorge Perutz, vice-presidente regional da entidade, no evento.
Porto Alegre
A recente Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15) em Copenhague, apesar de ter ficado bem longe de alcançar a totalidade de seus objetivos, tem gerado impactos positivos no Brasil. De acordo com Eduardo Baltar, que acompanhou os debates na Dinamarca como delegado da comitiva nacional, a COP 15, aliada à importância política que o tema ambiental vem ganhando no Brasil, acelerou a ratificação em dezembro de 2009 da Lei 12.187, que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima e prevê ações de mitigação de mudanças climáticas para diversos setores produtivos. “Os decretos específicos para cada plano setorial que serão elaborados devem criar um ambiente regulatório parecido com o existente nos países desenvolvidos”, prevê Baltar, que esteve presente em 15/01 ao comitê de Meio Ambiente.
Curitiba
Em vigor desde janeiro, as novas regras para cálculo do Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) ainda geram dúvidas. As principais, conforme o consultor da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) Rodrigo Meister indicou aos membros dos comitês de Legislação e Saúde em 27/01, estão relacionadas à revisão da metodologia que define o valor a ser pago pelas empresas. Até 2009, havia três alíquotas de contribuição ao seguro (de 1%, 2% e 3%), aplicadas sobre a folha de pagamento conforme o grau de risco dos ramos de atividade. Agora, a alíquota passa a ser definida também pelo desempenho de cada companhia, o que pode levar tanto à sua redução pela metade quanto à sua duplicação.
São Paulo
Ajustes em apenas dois dos tributos que incidem sobre medicamentos – PIS/ Cofins e ICMS –, que poderiam ser realizados com relativa facilidade, independentemente da promoção de uma reforma tributária mais ampla, permitiriam uma redução de até 20% nos preços médios desses produtos no País, calcula Nelson Mussolini, vice-presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma). “Imaginamos que, com essa diminuição nos valores, agregaríamos consumidores que hoje não compram. Em tese, poderia haver 100 milhões de embalagens a mais (no mercado) para serem consumidas”, projetou ele em 24/02 em reunião do comitê de Saúde. As alterações consideradas pelo Sindusfarma para esse resultado são aplicação do direito a créditos de PIS/Cofins previsto pela lei 10742/03 a todos os medicamentos, e corte do ICMS para 12%.
Nova liderança
Alexandre Silva, presidente do Conselho da Amcham
O Conselho de Administração da Amcham para 2010 foi empossado no dia 05/03 em cerimônia na sede da entidade em São Paulo. O grupo terá a missão de definir os próximos rumos da entidade, que vem acumulando importantes resultados. “O ano passado foi particularmente difícil para a economia global e nacional, mas a Amcham o atravessou bem. A entidade está saudável financeiramente, teve aumento da permanência dos associados e ampliou seu calendário de eventos. Mais de 60 mil executivos participaram das atividades da Amcham em 2009”, disse Alexandre Silva, presidente reeleito do conselho, a um público de cerca de 300 pessoas. O evento teve como convidado de honra o novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, e contou com a participação de autoridades brasileiras como Ivan Ramalho, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento; deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), copresidente do Grupo Parlamentar Brasil-EUA; Pratini de Moraes, ex-ministro da Agricultura; e embaixador Roberto Abdenur.
BRASIL-EUA
Convidado de honra da cerimônia, embaixador Shannon defende diálogo bilateral sem altos e baixos A relação Brasil-Estados Unidos tem passado por grandes transformações. Não é mais apenas bilateral, e sim global, nem envolve somente governos, mas as duas sociedades. Falta ainda, porém, a manutenção de um diálogo contínuo, sem altos e baixos. O recado é do novo embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, convidado especial do almoço de posse do conselho. “Temos que encontrar um modo para que o diálogo seja constante, de alto nível, aberto, fluente e respeitoso”, apontou Shannon. Durante o encontro, o embaixador também analisou a visita da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ao Brasil no último dia 03/03. Para ele, diferentemente do que se noticiou, os encontros dela com autoridades e empresários brasileiros foram muito além do debate em torno das questões de energia e segurança relativas ao Irã. Falou-se, por exemplo, de ações conjuntas entre Brasil e EUA nas áreas de educação e facilitação de comércio, e foram assinados memorandos de entendimento nos campos de mudanças climáticas, discriminação contra mulheres e cooperação trilateral no Haiti, na África e na América Central.
MUDANÇA O Conselho da Amcham ganhou neste mandato três novos integrantes: Frederico Fleury Curado, diretor presidente da Embraer; Márcio Utsch, presidente da São Paulo Alpartatas; e Rogério Patrus, presidente e CEO para a América Latina da General Electric Brasil; além de Roberto Bucker, diretor geral da Scholle Packaging, como vice-presidente regional da Amcham-Campinas. Despediram-se do grupo: Agostinho Tavolaro, sócio diretor da Tavolaro e Tavolaro Advogados; Enrique Ussher, CEO da Motorola; Maximo Pacheco, presidente da International Paper; Mickey Peters, presidente da Duke Energy; Francisco Valim, presidente da Serasa Experian; e Silvio Genesini, presidente do Grupo O Estado de S.Paulo.
Spirit of Amcham Tradicionalmente, a Amcham reconhece na posse do conselho, com o prêmio Spirit of Amcham, o membro do grupo que mais se destacou por seu trabalho na entidade ao longo do ano anterior. Desta vez, quebrando um paradigma, no lugar de um conselheiro, foi escolhido o CEO da entidade, Gabriel Rico.
Foto: Mário Miranda
Foto: Mário Miranda
Amcham dá posse a Conselho de Administração para 2010
Thomas Shannon, embaixador dos EUA no Brasil
Conheça os membros eleitos e reeleitos para este mandato:
Alexandre Silva Conselheiro, TAM Linhas Aéreas
Vice-presidentes Eduardo Wanick
Herbert Steinberg
Stefano Bridelli
Presidente, Mesa Corporate Governance
Sócio diretor, Bain & Company
Iêda Novais
Thack Brown
Diretora corporativa, BDO Auditores Independentes
Presidente para a América Latina, DuPont do Brasil
Márcio Utsch
Gaetano Crupi
Marcos S. Oliveira
Presidente, São Paulo Alpargatas
Presidente e gerente geral, Abbott Laboratórios do Brasil
Presidente, Ford Brasil e Mercosul
Sérgio Rial
Presidente e gerente geral, Sherwin-Williams do Brasil
Presidente e diretor regional para a América Latina, Cargill Agrícola
Conselheiros Acacio Queiroz
Mark Pitt
Maurilio Biagi Filho
CEO, Maubisa Agricultura; e presidente, Usina Moema
Presidente, Chubb do Brasil Companhia de Seguros
Michel Levy
Alvaro Novis
Orlando González
Conselheiro, Odebrecht
Christina Carvalho Pinto
Presidente e sócia proprietária, Grupo Full Jazz de Comunicação
Fernando Alves
Presidente, Microsoft
Presidente, Companhia Nacional de Açúcar e Álcool
Oscar Clarke
Diretor geral Brasil, Intel Semicondutores do Brasil
CFO Latin America, SAP Latin America
Vice-presidentes regionais Carlos Fernando Souto CEO, Veirano Advogados/ Amcham-Porto Alegre
Jorge Perutz
Consultor, JP Assessoria Empresarial e Comercial/ Amcham-Belo Horizonte
Luis Delfim de Oliveira
Presidente, Coca-Cola Guararapes/ Amcham-Recife
Roberto Bucker
Diretor geral, Scholle Packaging/ Amcham-Campinas
Victor Barbosa
Presidente e CEO, VB & Associados/ Amcham-Curitiba
Presidentes honorários Mauro Vieira Embaixador do Brasil nos EUA
Thomas Shannon Embaixador dos EUA no Brasil
Sócio presidente, PricewaterhouseCoopers Brasil
Regina Nunes Presidente, Standard & Poor’s Brasil
Conselheiros honorários
Fernando Pinheiro
Roberto Pasqualin
Danny De Vito
Sócio, Fernando Pinheiro Advogados
Fernando Tigre
Sócio proprietário, FTigre – Estratégia de Negócios
Frederico Fleury Curado Diretor presidente, Embraer
Geraldo Barbosa Diretor executivo, Diagonal Urbana
Gabriel Rico e Eduardo Wanick (esq.), Alexandre Silva e Stefano Bridelli (dir.) recebem três dos novos membros do conselho: Roberto Bucker (Campinas), Rogério Patrus e Frederico Fleury Curado
Sócio, Pasqualin Advogados
Rogério Patrus
Presidente e CEO da GE América Latina, General Electric do Brasil
Rubens Approbato Machado
Ministro conselheiro para Assuntos Comerciais da Embaixada dos EUA no Brasil
Thomas White Cônsul geral dos EUA em São Paulo
Robson Goulart Barreto
Presidente, Umoe BioEnergy
Presidente da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
Sandra Ralston
Robert Max Mangels
Vice-presidente, Colliers International
Chairman e CEO, Mangels Indústria e Comércio
Foto: Mário Miranda
PRESIDENTE
TENDÊNCIAS
Foto: Vinícius Gonçalves do Talho
Estudos indicam progressos em importantes áreas da economia nacional
Foto: Giovanna Carnio
Alexandre Pierantoni, sócio da PricewaterhouseCoopers
O mercado de fusões e aquisições de empresas no País deve ter uma expansão de 15% neste ano em relação a 2009. Com isso, as transações tendem a recuperar o nível verificado em 2007, antes da crise global. A projeção consta de sondagem da PricewaterhouseCoopers (PwC) apresentada em 04/02 durante encontro dos comitês de Diretores e Vice-presidentes Jurídicos, Legislação, Finanças, Gestão de Pessoas e Marketing da Amcham-São Paulo. “Sairemos das 630 fusões e aquisições de 2009 e voltaremos ao patamar de 2007, o que representa cerca de 720 operações. Podemos eventualmente até superar esse número”, disse Alexandre Pierantoni, sócio da PwC.
Cresce adoção de governança corporativa no País
Foto: Giovanna Carnio
Entre 2003 e 2009, houve significativo avanço em termos de conhecimento e adesão a práticas de governança corporativa entre empresas que atuam no País, revela pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em parceria com a consultoria Booz & Company. Esta é a segunda edição do estudo, realizado pela primeira vez em 2003. “Notamos hoje maior criticidade por parte dos conselheiros em relação às boas práticas adotadas por suas empresas e em relação a seus pares. Chamou muito a atenção também a preocupação das companhias com a transparência”, comentou Heloisa Bedicks, diretora executiva do IBGC, após divulgar os resultados ao comitê estratégico de Governança Corporativa em 03/02.
Brasil terá 9 milhões de pequenas empresas em 2015
Foto: Flávio R. Guarnieri
Heloisa Bedicks, diretora executiva do IBGC
Fusões e aquisições no Brasil aumentarão 15% em 2010
Setor de bens de consumo se expandirá 4% neste ano
Ricardo Tortorella, diretor superintendente do Sebrae-São Paulo
Eduardo Ragasol, presidente da Nielsen Brasil
As micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras, que somavam 4,1 milhões em 2000, se aproximarão dos 9 milhões em 2015, segundo cálculos do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Para 2010, a estimativa da entidade é de 6,8 milhões de MPEs no País. “É cada vez maior a dependência do Brasil em relação às MPEs e a tendência é que esse movimento se acelere nos próximos anos”, afirmou Ricardo Tortorella, diretor superintendente do Sebrae-São Paulo, em participação no comitê de Empreendedorismo da Amcham-São Paulo no dia 02/02. Em 2015, conforme o Sebrae, o segmento estará dividido da seguinte forma: 4,8 milhões de companhias no comércio; 2,9 milhões em serviços; e um milhão na indústria.
Um desempenho bastante superior ao de 2009 é o que a Nielsen espera para o setor de bens de consumo em 2010. Os cálculos da consultoria indicam uma ampliação de no mínimo 4% nas vendas em 2010 frente a 2,2% em 2009. “O crescimento do consumo está relacionado a investimentos. Como o Brasil está nos holofotes mundiais, receberá recursos para o setor produtivo, para infraestrutura e também por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Tudo isso gera um ambiente de confiança”, justificou Eduardo Ragasol, presidente da Nielsen Brasil, no “Café Setorial - Bens de Consumo” promovido na Amcham-São Paulo em 23/02. No ano passado, de acordo com a Nielsen, dentre 159 categorias de produtos analisadas, teve destaque a retomada dos segmentos de alimentos – principalmente perecíveis e mercearia doce e salgada – e bebidas. Eletroneletrônicos e higiene e limpeza também viveram ascensão.
BRASIL-EUA
Criado em 2007 com o objetivo de fortalecer os vínculos econômico-comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o CEO Forum tem se destacado por contribuições importantes para o aperfeiçoamento do ambiente de negócios bilateral. O grupo é composto por representantes do governo e do setor privado de ambos os lados e, na parte americana, tem como coordenador Tim Solso, CEO da Cummins. Em recente passagem pelo Brasil para se reunir com o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) e participar de encontro fechado com empresários e autoridades organizado pela Embaixada dos EUA e pela Amcham em 09/03 em Brasília, Solso concedeu entrevista ao AmchamNews. Acompanhe:
[Amcham] Qual a sua avaliação sobre as negociações em torno de um tratado para evitar a bitributação entre Brasil e EUA? [Tim Solso] Não há como prever quando será concretizado, mas o primeiro ponto que precisamos observar nesse processo é a recente aprovação pela Câmara de Deputados brasileira de um acordo para troca de informações entre os Fiscos dos dois países. Quando esse compromisso, que agora segue para debate no Senado nacional, se tornar realidade, consistirá em um passo importante para chegarmos a um tratado mais amplo, que evite a bitributação. Há um grande esforço do CEO Forum para negociar esse tema, que ainda esbarra em uma série de aspectos legais a serem superados. Não conto com uma vitória rápida, mas tenho certeza de que se trata de um tratado importante e que pode ser obtido. [Amcham] Com relação ao contencioso do algodão, o sr. crê que os dois países ainda podem chegar a uma solução negociada? [Tim Solso] Primeiramente, o Brasil tem o direito absoluto de retaliar os EUA porque a Organização Mundial do Comércio (OMC) reconheceu que ocorreu uma violação das regras por parte dos americanos. Nesse sentido, o Brasil está correto em trabalhar para que as sanções sejam adotadas. Porém, sinceramente, tenho esperança de que o gover-
no dos EUA ainda faça propostas específicas para que o Brasil reconsidere e desista da retaliação. Acredito que os EUA estejam estudando uma sugestão nessa direção e vejo que as autoridades americanas têm questionado seus pares brasileiros em busca de ideias para chegar a uma saída. As discussões nos últimos dias têm sido de alto nível e indicam que os dois lados querem de fato encontrar uma solução por entenderem como a relação comercial bilateral é importante. (veja matéria na página 8).
Foto: Divulgação Cummins
Tim Solso, coordenador do CEO Forum, analisa temas sensíveis para os dois países
[Amcham] E quanto a um acordo voltado a estimular investimentos entre os dois países, o CEO Forum detecta avanços? [Tim Solso] O tema foi abordado na visita da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ao País (em 03/03) e percebo que existem conversas de ambos os lados sobre o assunto que podem abrir caminho para um acordo maior de comércio e investimentos. [Amcham] Como o sr. vê hoje a presença do Brasil no cenário internacional? [Tim Solso] A Cummins tem negócios no Brasil desde o início dos anos 70 e já morei no País. Sei que o Brasil tem grande potencial, mas que também é difícil concretizálo. Nos últimos cinco anos, o País se tornou uma das melhores e mais produtivas economias que conheço. No caso específico da Cummins, a recessão trouxe impacto negativo sobre nossas operações, mas os lucros obtidos no Brasil contribuíram para o bom resultado da companhia como um todo, que cresce entre 15% e 20% globalmente. O País tem enormes oportunidades, principalmente quando observamos os recursos naturais, a ascensão da classe média, as reservas de óleo e gás, e os avanços em relação às energias renováveis. [Amcham] Podemos esperar que o Brasil seja mantido no Sistema Geral de Preferências (SGP) americano mais uma vez na renovação deste ano? [Tim Solso] No final de 2009, o acordo foi estendido até dezembro de 2010. Passado esse prazo, acredito que o Brasil continuará sendo beneficiado.
Tim Solso, coordenador do CEO Forum pelo lado americano
Amcham e bitributação A Amcham realiza esforços há longa data para mostrar a importância de um acordo que evite a bitributação entre Brasil e EUA. Em 2009, além dos debates contínuos na força tarefa de Tributação e do seminário “Tratado para evitar a bitributação: proposições para um acordo entre o Brasil e os Estados Unidos”, promovido em 27/10 na Câmara dos Deputados em conjunto com o Grupo Parlamentar Brasil-EUA, a entidade organizou uma missão a Washington em dezembro para dialogar com empresários e autoridades americanas sobre o tema. Para a Amcham, a ratificação desse tratado em 2010 é viável.
BRASIL-EUA
Foto: Wilson Dias/ ABr
Autoridades e empresários advogam solução negociada para caso do algodão
Foto: Jonas Pereira/Agência Senado
Gary Locke, secretário de Comércio dos EUA
Após sete anos de disputa por conta dos subsídios concedidos pelo governo americano aos produtores locais de algodão e sete meses depois da autorização da Organização Mundial de Comércio (OMC) para retaliação da prática, as iniciativas pública e privada do Brasil e dos Estados Unidos advogam que o melhor para os dois países é encontrar uma solução negociada para o caso – e rapidamente, antes de 08/04, quando é prevista a entrada em vigor da lista de 102 produtos americanos elaborada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) que passarão a ser sobretaxados em sua entrada no País, e previamente à definição de uma estratégia de retaliação cruzada que envolva propriedade intelectual. Esse consenso ficou nítido em encontro fechado com empresários e autoridades organizado pela Embaixada dos EUA e pela Amcham em 09/03 em Brasília e coincide com a postura da Amcham de defesa da construção de uma agenda compensatória junto aos americanos no lugar da retaliação. “É fato que queremos negociar e evitar a retaliação”, assegurou Gary Locke, secretário de Comércio dos Estados Unidos. Ele acrescentou ainda que esse conflito é pontual, será superado e não impacta os planos da administração Obama de fortalecer e dinamizar a relação comercial com o Brasil. “Reconhecemos o direito brasileiro de retaliação, mas esperamos achar uma maneira de evitá-la. Faremos todo o possível para isso”, reiterou o embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon.
Busca de alternativa Mauro Vieira, embaixador do Brasil nos EUA
O embaixador do Brasil em Washington, Mauro Vieira, mostra-se confiante de que Brasil e EUA consigam chegar a um acor-
do diferenciado no contencioso. “Esperamos que surja uma proposta. Temos visto nas reuniões que, tanto do lado brasileiro quanto do americano, não se quer uma guerra comercial”, afirmou. Uma solução alternativa também é o que espera o embaixador Roberto Abdenur, que esteve à frente da Embaixada em Washington de 2004 a 2007. “Tenho esperança de que a retaliação não ecloda e de que haja uma resposta americana que permita ao Brasil evitar sanções”, comentou ele. Danny DeVito, ministro conselheiro para Assuntos Comerciais da Embaixada dos EUA, que acompanhou as conversas de Locke com os ministros Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Dilma Rousseff (Casa Civil), reforça o senso comum de que há uma janela para uma proposta conciliatória. “Vejo que os dois lados estão interessados em que não haja retaliação”, completou.
Visitas em série Com as visitas de Gary Locke (Comércio) e Hillary Clinton (Estado) neste mês de março e a de Eric Holder (Justiça) em fevereiro, já são três os secretários diretos do presidente Obama que vieram ao Brasil em 2010. “Isso demonstra interesse no Brasil e que chegamos a um alto nível de diálogo”, avalia o embaixador dos EUA, Thomas Shannon. Ele adianta ainda que o fluxo de autoridades americanas ao País deve continuar intenso ao longo do ano.
EXPEDIENTE
Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: Carmem Madrilis, Daniela Rocha, Dirceu Pinto, Luana Braga e Luiz Felipe Marques Diagramação: Gera Comunicação O noticiário completo da Amcham você encontra no site www.amcham.com.br