São Paulo, 29 de Outubro de 2010
banco central
Henrique Meirelles aponta legados de sua gestão para próximo governo Presidente do Banco Central e ex-presidente do Conselho da Amcham, Henrique Meirelles foi o convidado especial do comitê estratégico de Economia da Amcham-São Paulo em 28/10. Ao grupo, ele falou sobre o ambiente macroeconômico global, passando por temas como liquidez internacional, situação bancária e gestão de eventuais riscos sistêmicos, além de indicar os principais desafios da economia brasileira nos planos macro e institucional. Após o encontro, concedeu entrevista em que salientou a herança de sua gestão à frente do banco para o próximo governo.
“O legado, em primeiro lugar, é de compromisso com a meta de inflação. O Banco Central cumpriu sua missão determinada pela sociedade, através do Conselho Monetário Nacional, de estabilizar a inflação em torno da meta nestes últimos anos. Em segundo lugar, regulamentação rigorosa do sistema financeiro, não permitindo a formação de desequilíbrios e crises financeiras. Em terceiro lugar, manutenção de um câmbio flutuante com construção de reservas internacionais, o que garante estabilidade na área externa. Em resumo, é o legado da estabilidade da economia brasileira, que é a função básica do Banco Central”, disse Meirelles.
Foto: Valter Campanato/ABr
Publicação da Câmara Americana de Comércio
Hemrique Meirelles presidente do Banco Central
2011 em perspectiva
Empresariado vislumbra ano positivo para economia nacional Fim de ano é, tradicionalmente, época de balanço e planejamento. Para apoiar esse processo e traçar um panorama da percepção da iniciativa privada em relação a 2011, a Amcham realizou em 07/10, em sua sede em São Paulo, mais uma Business Round-Up. Análises de representantes de alguns dos mais significativos segmentos produtivos do Brasil e pesquisa junto aos associados da Amcham preparada para a ocasião revelam um cenário de grande otimismo do empresariado, seja com relação aos seus negócios, seja quanto à economia nacional como um todo. O estudo, realizado com o apoio do Ibope entre 16 e 29/09 com altos executivos de
500 empresas de variados portes e setores, mostra que é dominante entre 64% dos entrevistados a expectativa de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2011. Sob a ótica dos especialistas que estiveram no evento, o avanço da economia ficará entre 4,5% e 5%. Para 2010, recente relatório Focus do Banco Central prevê crescimento de 7,5%. Para 2011, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o conjunto dos países emergentes se expandirá 6,4%. “Há estabilidade no País, cresce o ganho real de salários e existem mais oportunidades de emprego. Acreditamos que o mercado consumidor continuará se ampliando,
que a curva ainda será ascendente. Isso impulsiona o otimismo do setor privado”, destacou Julio de Siqueira Carvalho de Araújo, vice-presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Os participantes da Round-Up indicaram também sua visão sobre o comportamento de outras importantes variáveis macroeconômicas. Segundo eles, pode-se falar em inflação entre 4% e 5%, portanto dentro da meta estabelecida pelo Banco Central, taxa básica de juros (Selic) de 11,25% a 11,75%, câmbio em torno de US$ 1,80 e crédito aumentado em aproximadamente 19%, o mesmo nível de expansão calculado para este ano.
2011 em perspectiva
Otimismo se estende aos mais diversos setores produtivos
Visão por segmento
Durante as discussões da Business Round-Up, representantes de grandes segmentos produtivos adiantaram o que esperam para este final de ano e para 2011. Acompanhe:
Alimentos
A projeção da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) é de uma ampliação de 4% a 6% nas vendas de alimentos e bebidas em 2011. “As vendas têm espaço para crescer devido às mudanças de hábitos de consumo, em especial com o aumento das refeições fora do lar e da demanda em estabelecimentos de alimentação coletiva”, disse Amilcar Lacerda de Almeida, gerente do Departamento de Economia, Estatística e Planejamento da Abia.
Agronegócio
A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) prevê um salto de 5% para seu setor neste ano, mas considera cedo para arriscar valores para 2011. Isso porque, como explicou Luiz Antonio Pinazza, diretor da entidade, grande parte do plantio no País ainda está em fase inicial.
Expectativa de desenvolvimento das companhias para 2011 (%) Fonte: Amcham/ Ibope
Automóveis
As vendas de veículos no mercado doméstico devem subir 8% em 2010 em relação a 2009, chegando a 3,4 milhões de unidades. Para 2011, de acordo com Luiz Moan Yabiku Júnior, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), pode-se contar com uma ampliação aproximada de 5,5%.
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Investimentos Vendas Funcionários Lucro
crescente
estável
em queda
Construção civil
Após crescer apenas 1% em 2009, a construção civil no País tende a registrar expansão de 11% em 2010 e continuar um movimento positivo, ainda sem previsão numérica, em 2011. “Há uma demanda reprimida por imóveis no País e o déficit habitacional é alto. O setor de infraestrutura também vem recebendo mais investimentos”, justificou Sérgio Watanabe, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon) em São Paulo.
Tecnologia da informação
Fotos: Mário Miranda
Ao lado da perspectiva macroeconômica, a Business Round-Up buscou compreender igualmente como os empresários enxergam o futuro de seus próprios negócios. A maioria absoluta dos consultados pela sondagem Amcham/ Ibope para a ocasião (87%) afirma que fechará 2011 com maiores vendas e mantém a mesma postura positiva para os mais variados aspectos de suas operações. Eles planejam aumento dos lucros (75%), da quantidade de funcionários (58%) e dos investimentos (63%) – aportes que estarão direcionados principalmente a estratégias comerciais (65%), contratação e treinamento de recursos humanos (47%) e inovação (46%). Em que pese o clima favorável, a iniciativa privada também manifesta algumas preocupações. Como detectou a pesquisa, encabeçam a lista: carga tributária, cenário político com um novo governo (embora predomine a noção de que a mudança tende a não impactar fortemente os negócios), desaceleração da economia nacional, disponibilidade e qualificação de mão de obra, infraestrutura, ausência de investimentos públicos e privados para médio e longo prazos, e questões regulatórias. Na Round-Up, foram ressaltados ainda temores quanto ao comportamento do câmbio, que tem comprometido a competitividade das exportações.
Luiz Moan Yabiku Júnior, vice-presidente da Anfavea
O volume de negócios do segmento de tecnologia da informação (TI) e comunicações brasileiro terá incremento de 12% a 13% em 2011, acima dos níveis tradicionais de cerca de 8% anuais. “Devemos movimentar no biênio 2010-2011 em torno de US$ 44 bilhões”, afirmou Nelson Wortsman, diretor de Convergência Digital da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). Também como parte do evento da Amcham, três workshops identificaram as maiores tendências para as áreas de operações, marketing/ comercial e gestão de pessoas no próximo ano. Confira no site da Amcham.
Sérgio Watanabe, presidente do Sinduscon-SP
Arbitragem
Grandes especialistas em arbitragem, meio extrajudicial de resolução de controvérsias, defendem que o Brasil intensifique discussões para aderir ao Acordo Multilateral de Proteção de Investimentos no âmbito da Convenção de Washington. Pela convenção, fica estabelecida oficialmente a possibilidade de encaminhar conflitos por arbitragem sem a necessidade da inclusão de cláusulas específicas nos contratos de investimentos. “Este é o momento adequado para que ratifiquemos a convenção porque o Brasil vive uma fase positiva, passou a ser investidor externo e não somente receptor de recursos, e é importante solucionar rapidamente e adequadamente possíveis controvérsias. Uma convenção internacional é um cartão de visitas de um país e, ainda que façamos acordos bilaterais nesse sentido, a regra básica é a da Convenção de Washington”, afirmou Carlos Alberto Carmona, um dos autores da Lei de Arbitragem (nº 9.307/96) no Brasil. Ele participou em
Prêmio ECO
27/10 do evento “Arbitragem Comercial Internacional no Brasil”, promovido pela Amcham em sua sede em São Paulo em parceria com o Centro Internacional para Resolução de Disputas (ICDR), divisão internacional da Associação Americana de Arbitragem (AAA). “A arbitragem tende a ser mais utilizada no Brasil em casos comerciais e de investimentos. Porém, para que avance mais, certamente é importante um acordo multilateral”, acrescentou Roberto Pasqualin, presidente do Centro de Arbitragem da Amcham.
Centro da Amcham
Entre as vantagens do uso da arbitragem, estão o diálogo entre as partes e os julgadores, a alta especialização dos árbitros e, principalmente, a agilidade das decisões. “Para o andamento dos negócios, o timing é importantíssimo”, lembrou Pasqualin. A Amcham criou seu centro de arbitragem há dez anos e já mediou 45 casos de
Foto: Arquivo Amcham
Advogados recomendam adesão brasileira a acordo multilateral que prevê uso do mecanismo
Roberto Pasqualin, presidente do Centro de Arbitragem da Amcham
disputas nacionais e internacionais que, somadas, chegam a US$ 87 milhões. Para o próximo ano, a entidade planeja intensificar ações educativas sobre o mecanismo no País e está liderando as tratativas de um convênio operacional entre Amchams da América Latina que possuem centros de arbitragem já bastante ativos ou em fase de desenvolvimento.
Júri elege vencedores da edição 2010
A organização do Prêmio ECO divulgou em 29/10 quais são os ganhadores da edição 2010. Os trabalhos foram selecionados entre 82 inscritos por 67 empresas, avaliados por um júri especializado e, por fim, auditados. A cerimônia de premiação acontece em 19/11 na Amcham-São Paulo, tendo como convidado especial Jeremy Rifkin, economista americano que é referência
mundial em sustentabilidade. Saiba quem são os vencedores: • Categoria Sustentabilidade em Novos Projetos: MPX Energia (pequeno e médio porte), Philips do Brasil e Vale (grande porte); • Categoria Sustentabilidade em Processos: Image One Informática (pequeno e médio porte), Banco Santander e Votoran-
tim (grande porte); •C ategoria Sustentabilidade em Produtos: Flex do Brasil (pequeno e médio porte), BorgWarner Brasil e Du Pont do Brasil (grande porte); • Categoria Sustentabilidade em Modelo de Negócios: Full Jazz (pequeno e médio porte), Construtora Andrade Gutierrez e DPaschoal (grande porte).
CURTAS São Paulo China
Entre 11 e 19/10, a Amcham realizou sua primeira missão comercial à China, passando por Hong Kong e Cantão (Guangzhou), com o objetivo de auxiliar companhias brasileiras dos setores de máquinas e equipamentos, autopeças, computadores e eletrônicos a identificarem fornecedores e parceiros asiáticos. Integrou o grupo Roberto Abdenur, que foi embaixador do Brasil na China. A Amcham já faz novos planos de iniciativas envolvendo o gigante asiático para 2011.
Recife Brasil-EUA I
Os Estados Unidos deixaram claro por várias vezes a importância do Brasil para a concretização de sua meta de dobrar as exportações nos próximos cinco anos. Em 06/10, representantes do Departamento de Comércio americano evidenciaram que os estados nordestinos terão papel central nesse plano. “Entendemos que o Nordeste brasileiro é uma região com um potencial econômico diferenciado e um grande mercado consumidor emergindo a ser atendido”, afirmou Brian Brisson, diretor do Departamento de Comércio dos EUA para a América Latina, em café da manhã promovido em parceria com o Consulado dos EUA no Recife.
São Paulo Brasil-EUA II
Como desdobramento do memorando de Diálogo Comercial assinado em 2006 por Brasil e EUA, os dois países estão reforçando a cooperação na área de sustentabilidade aplicada à cadeia de suprimentos de suas companhias. Um importante passo nesse sentido foi dado em 06/10 com workshop na Amcham organizado pelo Ministério do Desenvolvimento e pelo Departamento de Comércio dos EUA. Na ocasião, empresas brasileiras e americanas compartilharam casos de sucesso.
Porto Alegre Sustentabilidade
O Start – Seminário de Sustentabilidade, em 14/10, debateu como as práticas sustentáveis agregam valor à identidade das empresas e abrem oportunidades para novos negócios. Experiências da Coca-Cola e da Braskem foram destaque. “Queríamos adicionar mais valor à companhia e capturar melhor as oportunidades, e percebemos que gerar benefício social seria também um bom negócio, contribuindo positivamente para a vida de grande parte de nosso público”, contou Claudia Lorenzo, diretora de Negócios Sociais da Coca-Cola Brasil.
Salvador e recife Segurança da
informação
Apesar de nos últimos anos ter aumentado significativamente a preocupação das empresas com aspectos relacionados à segurança da informação, somente 50% investem continuamente nessa área, revela pesquisa da PricewaterhouseCoopers divulgada no “Seminário de Crimes Eletrônicos e Direito Digital” que ocorreu em 21/10 em Salvador e em 22/10 no Recife.
Brasília e Campinas Business Day
Em outubro, duas regionais realizaram a tradicional feira de negócios da Amcham. Em Brasília, no dia 20, cerca de 500 pessoas visitaram o espaço que abrigou estandes de 45 empresas expositoras. Em Campinas, no dia 27, foram 56 os expositores e 650 os visitantes. Além de oportunidades para novas parcerias e networking, os eventos ofereceram palestras e debates sobre gestão e liderança.
Curitiba Golf Cup
Esporte e negócios. Essa foi a combinação-chave da 2ª Amcham Golf Cup em 16 e 17/10. O evento uniu torneio de golfe, aulas para interessados em aprender mais sobre a modalidade e espaço para networking entre os cerca de 150 participantes.
Belo Horizonte Infraestrutura
O Brasil precisará investir US$ 30,2 bilhões ao ano pela próxima década para suprir suas necessidades urgentes de infraestrutura. Os cálculos são de Paulo Resende, diretor de Desenvolvimento e Pós-Graduação da Fundação Dom Cabral, e foram apresentados em 22/10 durante o “Ciclo Amcham de Desenvolvimento Setorial: Siderurgia e Mineração”. Segundo Resende, a distribuição do valor deveria se dar da seguinte forma: US$ 8,6 bilhões para energia (geração, transmissão e distribuição); US$ 9 bilhões para logística; US$ 5,6 bilhões para mobilidade urbana; e US$ 7 bilhões para telecomunicações.
São Paulo Importação
Como parte da missão de influenciar construtivamente políticas públicas no Brasil e nos EUA que contribuam para a promoção do comércio, do investimento e da cidadania empresarial, a Amcham acaba de criar mais um grupo de trabalho, a força tarefa de Importação. A ideia é debater gargalos dos serviços governamentais para processos de importação e infraestrutura. O grupo se reuniu pela primeira vez em 27/10.
EXPEDIENTE
Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: Camila Cruz, Daniela Rocha, Dirceu Pinto, Filipe Gonçalves, Mariana Pires e Thiago Lucas Design: MondoYumi O noticiário completo da Amcham você encontra no site www.amcham.com.br