Publicação da Câmara Americana de Comércio
São Paulo, 2 de fevereiro de 2012
Glener Uehara
Competitividade
Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo: é impossível governar sem parcerias com a iniciativa privada
Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo
A
s Parcerias Público-Privadas (PPPs) vêm se consolidando como uma das principais alternativas para o País vencer uma série de gargalos, particularmente na área de infraestrutura. No âmbito do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação”, a ferramenta tem sido unanimidade nos debates que a Amcham promove reunindo representantes dos setores público e privado e da academia em busca de propostas para aumentar a competitividade brasileira. Essa convicção ficou ainda mais “ O transporte forte neste fim de janeiro (30/01), público quando a Amcham recebeu em sobre trilhos sua sede em São Paulo o prefeito Gilberto Kassab para reunião precisa da força-tarefa de Relações Go- ter maior vernamentais. Acompanharam o prefeito Alfredo Cotait Neto, secretá- participação rio de Relações Internacionais, e Gui- do setor lherme Mattar, secretário adjunto da privado” mesma pasta. “É impossível governar sem parcerias com a sociedade civil, em particular com a iniciativa privada”, afirmou o prefeito. Ele revelou que pretende deixar um legado de PPPs em pleno funcionamento e também várias pré-encaminhadas para que continuem a evoluir na próxima gestão municipal. São Paulo já conta com consórcios na área da saúde envolvendo instituições privadas que são referência no segmen-
to, como os hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein. Os parceiros fazem a gestão de equipamentos de saúde municipais e são remunerados pela atividade. Outra experiência paulistana que se desenha em sistema de PPP, já em fase final de formatação, é a construção de um enorme centro de convenções no bairro de Pirituba, para abrigar feiras de grande porte que ainda não encontram espaço adequado na cidade. “O transporte público sobre trilhos precisa ter uma participação do setor privado mais expressiva, até porque os investimentos são bastante pesados”, acrescentou Kassab, indicando mais um setor em que pretende fazer deslanchar as PPPs. Veja o que o prefeito de São Paulo disse sobre temas essenciais à competitividade local e nacional:
“
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Capacitação de mão de obra Temos de capacitar a mão de obra, em especial uma mão de obra especializada, que possa trabalhar na indústria de ponta, fornecendo serviços de qualidade.” Transparência na gestão pública É fundamental que o setor público tenha cada vez mais transparência. Não há modelo mais eficiente do que aquele que leva a fiscalização para a sociedade civil.”
Exemplo americano Gilberto Kassab vê a democracia brasileira como cada vez mais sólida. Para que avance com maior rapidez, ele considera fundamental uma maior maturidade dos partidos políticos e uma redução da pulverização partidária que se verifica hoje. “O exemplo dos Estados Unidos é o sonho de qualquer democracia. A pluralidade de partidos nos enfraquece”, analisa ele. #relacaobrasileua
“
Sustentabilidade Há uma enorme necessidade de que as políticas públicas sejam baseadas em ações de sustentabilidade. Em São Paulo, por exemplo, transformamos os gases dos nossos aterros em energia suficiente para abastecer uma cidade de 600 mil habitantes.” #competitividadebr
CURTAS
O Conselho de Administração da Amcham tem seis novos integrantes em 2012. A eleição da chapa para este ano foi feita em dezembro último e os novos conselheiros tomam posse em março. São eles: Andrea Alvares (Pepsico); Jean Michel Ribieras (International Paper); José Luis Freire (Tozzini, Freire, Teixeira e Silva); Luis Pasquotto (Cummins Brasil); Regina Navarro (Johnson&Johnson); e Reinaldo Garcia (GE). Eduardo Wanick (DuPont) segue como presidente do conselho. Conheça a composição completa do grupo em http://www.amcham.com. br/quem-somos/conselho-de-administracao-da-amcham-para-2012
Recife
Que tal um condomínio captar energia eólica ou solar para suprir suas necessidades correntes e ainda gerar créditos junto ao sistema elétrico para serem utilizados em necessidades futuras? A ideia tem entusiasmado não apenas potenciais beneficiários, como também empresários que comercializam equipamentos para geração desse tipo de energia e consultores. Abrir caminho a essas novas oportunidades de negócios ainda depende da aprovação da Aneel. “Acredito que até maio a Aneel já deve publicar o marco regulatório desse novo modelo de compra e venda de energia”, afirmou Pedro Cavalcanti, diretor de Engenharia da Multiempreendimentos, no comitê de Energia em 23/01.
Porto Alegre
Com a mesma intenção de operar em instalações amigas do ambiente, a unidade regional do Paraná acaba de mudar de endereço. O antigo prédio no bairro de Ahú deu lugar à sede na Rua João Marchesini, 139, no bairro de Prado Velho, no primeiro green building da região Sul do Brasil. O escritório deve ser inaugurado até o fim deste trimestre.
Campinas China
Energia
O Prêmio ECO chega aos trinta anos em 2012 como o principal reconhecimento de práticas empresariais de sustentabilidade no Brasil. A Amcham está preparando uma série de atividades para celebrar a data e promover uma reflexão ampliada sobre o tema. Lançado pela Amcham em 1982, o Prêmio ECO já mobilizou 2.064 companhias brasileiras e multinacionais. Elas foram responsáveis pela inscrição de 2.563 projetos, tendo 225 #premioeco sido premiados.
Private equity
Conselho da Amcham
30 anos do Prêmio ECO
Brasil
Curitiba
Green Building
A Amcham está dando início às atividades de adequação de sua sede paulista para ser reconhecida como construção verde (green building) em 2013. A ideia é obter a certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pela organização não-governamental US Green Building Council, na categoria de edifícios existentes. Algumas obras, como a construção de caixas que permitem o aproveitamento da água de chuva para uso em sanitários e jardins, já estão prontas. Está prevista a implantação de políticas para compras sustentáveis, gerenciamento de resíduos sólidos e limpeza sustentável, e também será necessária a reestruturação do sistema energético e de ar condicionado para garantir maior eficiência.
Em 27/01, almoço com Kenneth Yu, presidente da 3M para China e região, abriu o ciclo de grandes eventos da regional em 2012. Ele compartilhou especificidades da realização de negócios no gigante asiático, onde está a maior subsidiária da 3M fora dos EUA.
Belo Horizonte Marketing
Green Building
São Paulo
Roberto Sagot, diretor de Marketing, TI e Parcerias da Fundação Dom Cabral, analisou em 31/01, no comitê de Marketing, a importância do Marketing de Relacionamento. Sagot explicou que a estratégia passa por entender o cliente e seu comportamento, para então desenvolver uma relação que seja relevante para ele.
O comitê de Finanças recebeu em 31/01 Clóvis Benoni Meurer, sócio-diretor superintendente de CRP Companhia de Participações, que é pioneira na gestão de private equity (investimento em companhias não listadas em bolsa para alavancar seu desenvolvimento) no Brasil. Ele falou sobre as peculiaridades do mercado de private equity e reforçou que oferece enormes oportunidades no País nas mais variadas frentes, em particular infraestrutura, tecnologia e saúde.
A
pós desaceleração no final de 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tende a ganhar ritmo neste novo ano. Se no último semestre de 2011 a economia ficou empacada (estimativa de crescimento zero, lembrando que os dados oficiais do IBGE para o período de outubro a dezembro saem apenas em março próximo), para 2012 é esperada alguma evolução em todos os trimestres, sem exceção. Cálculos da consultoria LCA apontam para expansão de 0,9% entre janeiro e março na comparação com o trimestre anterior, seguida por 1,4% (abril a junho), outros 0,9% (julho a setembro) e 1,5% (outubro a dezembro). O ano deve fechar com aumento de 3,1%. “Não fosse a desaceleração de 2011, agora em 2012 poderíamos começar muito melhor. [Por conta da crise internacional], uma série de projetos acabou não saindo do papel no ano passado”, justifica Fernando Camargo, sócio-diretor da LCA, que apresentou um panorama das projeções da consultoria no comitê de Finanças da Amcham-São Paulo em 20/11. Famílias, empresas e governo As previsões indicam, para 2012, gastos maiores tanto das famílias, quanto dos governos e das empresas. Espera-se subida considerável da formação bruta de capital fixo a partir do segundo trimestre (3,6%) até o final do ano (2,0% e 2,1% nos períodos seguintes) – lembrando que, desde julho de 2011, esse componente vinha decrescendo. A consultoria estima que 2012 termine com um aumento total de cerca de 4% em investimentos fixos. Da mesma forma, os gastos do governo, contidos no último semestre de 2011 (crescimento zero), terão um movimento ascendente em 2012, variando entre 0,9% e 1,5% a cada trimestre. No total do ano, a previsão é de 3,8% de aumento. O consumo das famílias, a seu turno, após um 2011 marcado pelo controle do bolso, esboça retomada. Em 2012, os avanços ficarão próximos a 1,9% no primeiro semestre e a 1% no segundo, somando 4,5% no fechamento do ano.
Marcel Gugoni
Economia
PIB brasileiro deve retomar ritmo e evoluir em todos os trimestres de 2012
Inflação sob controle Fernando Camargo, sócio-diretor da LCA Consultores
Visão setorial Ao olhar setor a setor, a LCA projeta que em 2012 a indústria se expandirá 2,2%; os serviços, 2,9%; a agricultura, 8,0%; e a construção, 1,5%. Aqui não é regra, como para o total da economia, a expectativa de evolução em todos os trimestres. Acompanhe a perspectiva:
Desempenho do PIB em 2012 Total 2% 1,5% 1% 0,5% 0%
Por setor – 2012 3,5%
Indústria
3,5%
3%
3%
2,5%
2,5%
2%
2%
1,5%
1,5%
1%
1%
0,5%
0,5%
0%
0%
-0,5%
-0,5%
-1%
-1%
3,5%
Agronegócio
3,5%
3%
3%
2,5%
2,5%
Serviços
Tudo indica que a inflação não será um problema em 2012. Na maior parte do ano passado, a preocupação era se os preços ao consumidor ultrapassariam o teto da meta (6,5%). Em 2012, eles devem se estabilizar perto de 5% já a partir do final do primeiro trimestre, mais próximos ao centro da meta, que continua de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Construção
2%
2%
1,5%
1,5%
1%
1%
0,5%
0,5%
0%
0%
4º Trimestre
-0,5%
-0,5%
Fonte: LCA
-1%
-1%
1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre
O
Diversificação Luis Afonso Lima, diretor presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), salienta que o País precisa chegar a destinos que ainda não alcançou. “A diversificação é sempre melhor para quem está exportando. Isso torna um país menos vulnerável a problemas específicos em determinadas regiões do mundo”, avalia. “Hoje a crise está acontecendo em várias frentes, não só na Europa. No momento em que principalmente os países desenvolvidos que já são nossos importadores estão sofrendo mais, vale a pena mirar outras regiões e novos mercados para os quais exportamos menos ou não exportamos – caso de alguns países do Oriente Médio – e também passar a priorizar produtos que exportamos #comex pouco, como manufaturados.”
DIVUlGAçãO IBre
grande desafio do comércio exterior brasileiro, reforçado pelo atual cenário de crise global, está em dar maior consistência à sua política para a área. A recomendação ganha ainda mais peso por vir de uma grande especialista, Lia Valls Pereira, economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas). “O Brasil precisa de uma política de comércio exterior, um trabalho com continuidade e avaliação de medidas”, resume Lia, presente em 24/01 na reunião do comitê de Comércio Exterior da Amcham-São Paulo. Ela elenca também como pontos-chave para garantir avanços no comércio exterior do País: • Reflexão séria a respeito de temas como o aumento da participação em cadeias produtivas globais e regionais; • Exploração de vantagens competitivas naturais, com adição de valor, criando verdadeiros complexos produtivos (no segmento de biocombustíveis, por exemplo); • Enfrentamento estratégico da China, entendendo que o protecionismo não é a tática que dará melhores resultados; • Atenção a serviços, setor que ainda tem grande potencial a ser explorado.
LIA VALLS PEREIRA, economista do Ibre/ FGV
“O Brasil precisa de um trabalho com continuidade e avaliação de medidas.”
MArCel GUGOnI
comércio eXterior
Política conSiStente é Grande deSafio do braSil em comércio eXterior
“Diversificar é sempre melhor para quem está exportando.” LUIS AFonSo LImA, diretor presidente da Sobeet
CEnÁRIoS PARA 2012
Lia Valls Pereira trabalha com duas projeções para o comércio exterior brasileiro em 2012. o cenário base é de moderado crescimento do Brasil. A crise na Europa não contamina o sistema financeiro, a demanda mundial cai, o preço das commodities também, mas de forma moderada, e as importações são contidas parcialmente por uma desvalorização cambial. nessa perspectiva, o superávit comercial brasileiro em 2012 ficaria entre US$ 10 bilhões e US$ 23 bilhões,
lembrando que em 2011 foi de US$ 29,7 bilhões. A segunda alternativa de projeção é de grande severidade da crise global. dentro dessa conjuntura, seria esperado que os preços das commodities despencasse, os mercados latinos se contraíssem, e o saldo da balança comercial tivesse um superávit reduzido, na casa dos US$ 8 bilhões.
eXPeDIenTe Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: André Inohara, Anne Durey, Dirceu Pinto, Gabriela Vieira, Marcel Gugoni design: MOnDOYUMI. www.amcham.com.br
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