AmchamNews Agosto 2011

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São Paulo, 30 de agosto de 2011

Publicação da Câmara Americana de Comércio

Brasil vive fase positiva para potencializar PPPs em infraestrutura, mas há desafios a superar

Desafios

Se as oportunidades para investimentos em infraestrutura são muitas, há que se

destacar também que há muitos desafios a vencer para concretizá-las integralmente. O seminário da Amcham revelou que é fundamental avançar em termos de alterações regulatórias e criação de novos dispositivos de financiamentos. Entre as mudanças defendidas pelos palestrantes do evento, estão a ampliação dos limites para aportes das esferas públicas nos projetos de PPPs, a desoneração dos investimentos e a instituição de políticas específicas de estímulo a novas fontes nacionais de recursos de longo prazo, somando-se ao BNDES e englobando o desenvolvimento de fundos de investimentos e o incremento do mercado de capitais. A necessidade de maior profissionalização na elaboração de projetos de PPPs também foi destacada.

Guilherme Affif Domingos, vice-governador de São Paulo Foto: Glener Uehara

Infraestrutura, área que concentra grande parte dos gargalos que comprometem uma maior competitividade do País, foi o tema de mais um debate do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham. Seminário no dia 23/08 reuniu mais de 100 executivos e autoridades na Amcham-São Paulo para analisar formas de aumentar a participação da iniciativa privada nos projetos do setor, estimulando um progresso mais acelerado. A discussão na Amcham mostrou que o Brasil atravessa um momento especial, de alta atratividade para os investimentos tão necessários em segmentos como logística e transportes, energia e telecomunicações, saturados e carentes de novos aportes, em especial via Parcerias Público-Privadas (PPPs). As turbulências vivenciadas por Estados Unidos e Europa reforçam o interesse pelo Brasil, destacou Guilherme Affif Domingos, vice-governador de São Paulo e presidente do Conselho Gestor do Programa Estadual de PPPs de SP. “A crise que abate países desenvolvidos gera liquidez internacional querendo se aportar. Sem dúvida, mesmo com os problemas e gargalos que tem, o Brasil oferece as melhores condições comparadas para investimentos”, argumentou ele. Na administração paulista, o interesse pelas PPPs é enorme, sinalizou Afif. “É possível e rentável implementar muita coisa via PPPs. Por isso, o governador determinou a abertura de uma verdadeira temporada de caça aos investimentos”, disse. O Estado já articula um total de 103 projetos de PPPs, com investimentos de R$ 32,3 bilhões e geração de quase 59 mil empregos diretos.

Foto: Glener Uehara

Competitividade

Fernando Alves, CEO da PricewaterhouseCoopers

Dicotomia Atualmente, o Brasil vive uma dicotomia. Conforme o Fórum Econômico Mundial, em termos de infraestrutura, ocupa a 83ª posição em um ranking de 139 países. Ao mesmo tempo, o levantamento aponta que economia brasileira apresenta alto nível de sofisticação, em 9º lugar na lista.

“Se não endereçarmos a questão de infraestrutura de modo emergencial, não realizaremos o potencial do País”, lembrou Fernando Alves, CEO da PricewaterhouseCoopers, conselheiro da Amcham e mediador de dois painéis do debate.

O projeto O programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” foi criado em 2010 para promover discussões e a formulação de alternativas para enfrentar gargalos que comprometem a maior competitividade brasileira. Em 2011, a Amcham aprofunda o escopo do projeto, levando-o a várias das cidades em que está presente por meio de unidades regionais. A ideia é ampliar o

debate sobre esse tema tão premente para o País e focar também necessidades regionais. Além de São Paulo, já ocorreram encontros em Belo Horizonte (28/06), Curitiba (13/07), Campinas (26/07) e Recife (05/08). Haverá ainda mais duas etapas, novamente em São Paulo e em Brasília. Leia sobre o evento em Recife na página 3.


CURTAS Brasília How to

A Amcham lança em 31/08 mais cinco publicações da série How to Do Business in Brazil, que tem como objetivo auxiliar potenciais investidores externos ou profissionais e executivos recémchegados ao País a entenderem e atuarem no mercado nacional. Serão relançados também cinco títulos, totalizando 19 volumes, incluídos os de 2010. Na próxima edição, você terá detalhes sobre as edições e a cerimônia com as presenças de Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior, e Norton Rapesta, diretor do departamento de Promoção Comercial do Itamaraty.

Brasil-EUA Missão de TI

Washington, Nova York, Virginia e Maryland são os destinos da 2ª missão setorial de Tecnologia da Informação da Amcham, organizada em parceria com a Embaixada do Brasil nos EUA e programada para 03 a 07/10. A agenda prevê visita à Interop 2011 – Information Tecnology Expo and Conference, uma das principais feiras do setor, e reuniões com entidades da área de TI, propiciando oportunidades para a concretização de novos negócios e parcerias.

Belo Horizonte Negócios com a Flórida

Em 12/08, o comitê de Comércio Exterior, em parceria com a Câmara Brasileira de Comércio na Flórida (BACCF), promoveu o encontro “Oportunidades de Negócios com a Flórida” com a ideia de aproximar ainda mais os dois parceiros. Em 2010, conforme a BACCF, o intercâmbio do País com o Estado americano somou US$ 13,4 bi, sendo o Brasil o principal destino das vendas externas da Flórida (US$ 11,9 bi) e a 8ª maior fonte de importações daquele Estado (US$ 1,5 bi).

Curitiba Vendas online

As vendas online devem ter como objetivo, antes de tudo, o relacionamento com o cliente. Promoções e preços atrativos podem conduzir a uma primeira compra, mas a aproximação real com o comprador e sua satisfação são os fatores determinantes para que ele volte ou não a consumir os produtos da empresa, ensinou Fabiano Cruz, diretor de Criação da agência House Cricket, no comitê de Marketing em 16/08.

Brasília Anvisa

Em 08/08, a Amcham entregou o mais recente relatório de avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a seu diretor-presidente, Dirceu Barbano. O estudo mostra como a atuação da Anvisa é percebida sob a ótica dos agentes regulados e é conduzido pela força-tarefa da Amcham desde 2005.

São Paulo Banda larga

Até 2014, a Telebras quer levar internet de alta velocidade a 35 milhões de residências em mais de 4 mil municípios, a preços de R$ 35 em média, bem abaixo dos praticados atualmente. A meta foi revelada pelo presidente da companhia, Caio Bonilha Rodrigues, em participação no comitê de Tecnologia da Informação e Comunicações em 25/08. Atualmente, cerca de 13 milhões de domicílios são abastecidos com o serviço.

Recife Suape

O Porto de Suape fechará 2011 com movimentação total de 11 milhões de toneladas de cargas. Esse número deve chegar a 30 milhões em 2013 e 50 milhões em 2016. As projeções são de Frederico Amâncio, vice-presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape. “Há uma tendência forte de crescimento na movimentação de cargas que começou em 2010, quando registramos expansão de 16,3%”, ressaltou Amâncio, que esteve em 28/07 no 5º Suape Business Meeting.

Brasil Prêmio ECO

Encerradas as inscrições, o Prêmio ECO 2011 agora entra em fase de avaliação dos trabalhos. Nos próximos meses, um júri de especialistas em sustentabilidade se debruçará sobre os projetos submetidos nas modalidades “Estratégia, Liderança, Inovação e Sustentabilidade” (Elis) e “Práticas de Sustentabilidade”. Os vencedores serão conhecidos em dezembro, quando ocorre a cerimônia de premiação na Amcham-São Paulo.

Campinas Infraestrutura logística

O terceiro fórum do “Ciclo de Debates em Infraestrutura Logística de Campinas & Região”, em 23/08, tratou de perspectivas para o aeroporto de Viracopos na área de cargas. Jaime Ramsey, adido de Alfândega e Proteção de Fronteiras da Embaixada dos EUA no Brasil, Luiz Antonio Felix, coordenador regional de Logística da Infraero, José Vitor Mamede, especialista em Infraestrutura da Fiesp, e Daniel Bleckmann, diretor regional para a América do Sul, Caribe e Flórida da Lufthansa, foram os palestrantes.

São Paulo Comércio exterior

A facilitação dos processos de exportações e o incentivo à entrada de pequenas e médias empresas no comércio internacional são os objetivos do Novoex, novo módulo do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), destacou Albertino da Costa Filho, diretor do departamento de Operações de Comércio Exterior da Secex. Segundo ele informou no comitê de Comércio Exterior em 23/08, a novidade se fez necessária diante do expressivo aumento das vendas externas brasileiras nos últimos anos e também pelo surgimento de tecnologias modernas. O Novoex pode ser acessado diretamente na internet.

Porto Alegre Experiência de consumo

O comportamento humano no processo de consumo foi o tema do “Fórum de Marketing & Vendas”, promovido em 04/08 como parte do Ciclo de Decisões. “Hoje, o consumidor procura uma grande experiência, que fique gravada na memória “, disse o neurocientista Billy Nascimento. Jörg Henning Dornbusch, presidente do BMW Group Brasil, também esteve entre os palestrantes.


Brasil e Estados Unidos lançaram em 17/08 o US-Brazil Strategic Energy Dialogue, mecanismo de diálogo bilateral na área de energia acordado pelos presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff em março, durante a visita do americano ao País. O documento foi assinado em Brasília pelo secretário-adjunto de Energia dos EUA, Daniel Poneman, e por sua contraparte no Brasil, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. “Estamos começando esse diálogo que os dois presidentes solicitaram. É o início de uma conversa robusta. Acreditamos que, quanto maior for o envolvimento da iniciativa privada nas discussões, mais teremos condições de endereçar os temas e ter resultados concretos”, destacou Poneman, que, em 15/08, às vésperas da assinatura, esteve na Amcham-São Paulo para se reunir com representantes do setor privado brasileiro.

Quatro áreas

O Diálogo Estratégico de Energia en-

globa quatro áreas principais: petróleo e gás natural, eficiência energética, biocombustíveis e outros tipos de energias renováveis, e energia nuclear. Em relação a petróleo e gás, o secretário enfatizou que as companhias brasileiras e americanas vêm mantendo um longo e produtivo relacionamento, e que as parcerias tendem a se intensificar à medida que o Brasil desponta como um grande player nesse segmento. Quanto à cooperação em biocombustíveis, Poneman avalia que deve ganhar mais impulso. Para o etanol, ele considera que os objetivos centrais são descobrir maneiras de tornar a produção mais competitiva e desenvolver novas demandas, como a aplicação na aviação. A tendência, ressaltou, é fazer do combustível uma commodity no mercado internacional. Em referência à colaboração em energia nuclear, o representante americano garantiu que irá além da tecnologia aplicada, com muita ênfase em segurança.

Foto: Daniela Rocha

Brasil-EUA Países lançam Diálogo Estratégico de Energia

Daniel Poneman, secretárioadjunto de Energia dos EUA

Ele afirmou que, antes mesmo dos terremotos no Japão, que causaram irradiação a partir da usina de Fukushima, Brasil e EUA já discutiam o assunto. Poneman ressaltou ainda que o fato de o Brasil sediar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 abrirá possibilidades de cooperação bilateral em eficiência energética e redução na emissão de poluentes causadores do efeito estufa.

Competitividade Mais mão de obra técnica

Na etapa do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” em Recife, no dia 05/08, desafios de mão de obra e infraestrutura, prioridades de Pernambuco como um todo, foram a tônica do debate organizado pela Amcham. No que toca a mão de obra, a principal dificuldade vivida pelo Estado atualmente é encontrar quadros técnicos, seja de nível médio ou superior, em quantidade e qualidade suficientes. Essa escassez é sentida por mais de 70% do empresariado local, como detectou pesquisa da Amcham realizada com o apoio do Instituto Análise. Em Pernambuco, o crescimento acelerado, acima da média nacional, está criando inúmeras oportunidades profissionais, mas a insuficiência de cidadãos locais com capacitação adequada tem feito com que parte das vagas seja ocupada por gente de fora, o que cria um fenômeno migratório inverso ao registrado décadas atrás. Nesse contexto, governo, academia e empresas correm contra o

tempo para ampliar agressivamente a oferta de mão de obra regional. Para se ter uma ideia do tamanho do desafio, são geradas 10 mil novas vagas todo mês no território pernambucano, contou Antonio Carlos Maranhão, secretário estadual de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo. “É preciso ter uma estratégia de guerra para aumentar os cursos técnicos e a qualificação básica”, resumiu o secretário, que apresentou metas ambiciosas de formação para os próximos anos, como quadruplicar até 2014 a oferta de educação profissional de nível técnico de forma integrada ao ensino médio. Quanto à infraestrutura, há um grande descontentamento do setor privado praticamente com todos os modais de transporte, sendo as rodovias públicas estaduais e federais e as ferrovias as mais criticadas. Aqui também existe um grande esforço para que os gargalos não comprometam a continuidade da expansão. O Estado traba-

Foto: Ivaldo Bezerra

e avanço em infraestrutura são prioridades para desenvolvimento pernambucano

Antonio Carlos Maranhão, secretário de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo de Pernambuco

lha para reforçar a malha rodoviária, mas já se deu conta de que os investimentos em transporte ferroviário e marítimo são fundamentais para o presente e o futuro, a exemplo do que fizeram países desenvolvidos. Outra preocupação é a integração dos diversos modais, de modo a garantir barateamento de custos logísticos.


América Latina Amcham inaugura comitê presidido por

Miguel Jorge para estimular negócios do Brasil na região O comitê, formado por presidentes e CEOs para América Latina de empresas nacionais e multinacionais de grande porte ou representatividade de mercado, será presidido por Miguel Jorge, sócio da Barral M. Jorge Consultores Associados e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “O grupo consistirá em uma oportunidade interessante para as companhias mostrarem seus pontos de vista e indicarem aspectos que precisam ser resolvidos para ampliação dos negócios na região”, disse Jorge. O ex-ministro enfatizou que há condições de aumento das vendas brasileiras na América Latina em praticamente todos os setores, especialmente o de infraestrutura. “O Brasil exporta muito para a Argentina por conta do Mercosul, mas existem ou-

tros países que estão sendo cada vez mais importantes para o comércio brasileiro, como Peru, Colômbia e Venezuela.” Foto: Arquivo Amcham

Começou a atuar em 25/08 o comitê estratégico de Business Affairs Latam da Amcham, na sede da entidade em São Paulo. O novo grupo visa compartilhar experiências, incentivar a troca de informações e colaborar para o aumento dos negócios do Brasil na América Latina, reforçando a posição do País como um hub da região e tendo como objetivo o ganho de competitividade de empresas com atuação no Brasil e na América Latina. “O Brasil tem posição de crescente destaque na América Latina. Grande número de companhias internacionais tem headquarters no País, e aumentam os negócios de empresas nacionais com mercados da região. Boa parte dessas companhias faz parte da Amcham, então há uma demanda para que a entidade fale sobre o tema”, justificou Gabriel Rico, CEO da Amcham.

Miguel Jorge, ex-ministro do Desenvolvimento

Economia Ajustes fiscais do governo são fundamentais para

A Amcham reuniu quatro pesos-pesados da economia brasileira em 12/08 no comitê estratégico de Economia em São Paulo para tratar de um aspecto fundamental para o crescimento sustentável do Brasil nos próximos anos: a ampliação da poupança doméstica. Além do presidente do comitê, o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, e do vice-presidente do grupo e ex-secretário de Política Econômica, Bernard Appy, foram convidados Affonso Celso Pastore, diretor da A C Pastore & Associados e ex-presidente do Banco Central, e Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas. A avaliação geral é de que o aumento da poupança interna do País depende fortemente de ajustes fiscais do governo federal, o que envolve aumento da eficiência da máquina e cumprimento da meta de que o ritmo de evolução dos gastos públicos seja

inferior ao de expansão do Produto Interno Bruto (PIB). “Em vez de somente fazer superávit primário (economia para pagamento de juros da dívida), o governo tem de cortar gastos correntes ou, pelo menos, reduzir seu crescimento em relação ao PIB para que a poupança interna seja aumentada. Necessita, também, produzir estímulos para que as pessoas consumam menos e poupem mais”, disse Pastore em entrevista após participar da reunião. “O governo hoje tem poupança negativa. Ele absorve poupança de outros setores para financiar seu déficit e investe muito pouco. Quase a totalidade da despesa do governo é corrente”, completou Nakano. Dados do IBGE referentes a 2006 mostram que o setor privado responde por 89% da poupança interna do País, montante que representa o lucro retido das empresas finan-

Foto: Glener Uehara

aumentar poupança doméstica, afirmam especialistas

Yoshiaki Nakano (esq.), Delfim Netto, Bernard Appy e Affonso Celso Pastore

ceiras e não financeiras, que possuem alta capacidade de autofinanciamento. As famílias são responsáveis por 27% da poupança e a iniciativa pública, na contramão, tem uma poupança negativa da ordem de 16% – lembrando que, até a década de 1970, o governo conseguia acumular poupança, situação que se reverteu a partir dos anos 1980.

EXPEDIENTE

Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: André Inohara, Anne Durey, Daniela Rocha, Dirceu Pinto e Gabriela Vieira Design: MondoYumi O noticiário completo da Amcham você encontra no site www.amcham.com.br Acompanhe o conteúdo da Amcham também em www.facebook.com/amchambrasil e www.twitter.com/amchambr


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