São Paulo, 30 de maio de 2011
Publicação da Câmara Americana de Comércio
Reforma política
a prestação de contas no financiamento de campanhas têm boas possibilidades, previu Couto.
Em busca de consenso
Para Fernando Henrique Cardoso, a efetivação da reforma depende em larga medida de o governo federal conseguir costurar uma convergência em torno dela. “A reforma política não é nada fácil de ser feita, e não vejo o governo realmente empenhado nisso. Não estou criticando, porque também não a fiz. Achei que, se começasse pela reforma política, não faria as outras, ficaríamos discutindo e patinando no mesmo lugar. Agora, sua realização está mais madura. Contudo, se o governo não coordenar uma convergência ao seu redor, não acontecerá. E, se apoiar a decisão de um partido (o PT), também não ocorrerá porque os outros não deixarão. É preciso um consenso que ainda não chegou, mas está se formando”, disse o ex-presidente. Na visão do professor Couto, para esse consenso ser realmente alcançado, terá de ser construído em etapas. “Ainda não há concordância inclusive dentro das duas casas legislativas. No Senado, houve progressos mais rápidos e existe uma proposta já em debate“, comentou. O senador Dornelles, por sua vez, preferiu não declarar uma posição formal quando questionado sobre sua avaliação a respeito do ambiente político para a ratificação da reforma ainda neste ano. “A tentativa será feita, mas não posso dar garantias sobre a aprovação. Lembro, no entanto, que a única coisa impossível na política brasileira é prever o que é possível.”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República
Foto: Mário Miranda
Uma reforma política ampla não teria espaço para ser aprovada no Brasil neste ano. Temas menos complexos e mais pontuais são os com maiores chances de passar no Congresso Nacional, avaliaram convidados especiais do comitê estratégico de Economia da AmchamSão Paulo em reunião no dia 27/05. Participaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que preside a Comissão Especial da Reforma Política no Senado, e o cientista político Cláudio Couto, que é professor da Fundação Getúlio Vargas. “A sociedade está descontente com o sistema político, mas ainda não sabe muito bem para onde quer ir. Acho difícil que ocorra uma grande reforma. É complicado pensar que se mudará tudo. Entretanto, sou otimista, porque é preciso que haja alguns avanços, sobretudo acabar com a coligação proporcional, porque não dá para votar em uma pessoa e eleger outra”, argumentou Cardoso. Pela coligação proporcional, um candidato que recebeu poucos votos pode ser eleito em decorrência de pertencer a uma coligação de partidos com votação expressiva. Este é um tema sensível, e, para alguns analistas, como o professor Couto, pouco provável de ser aprovado, apesar do apoio dos grandes partidos. “É algo difícil; porém, não impossível. Os partidos médios e pequenos resistirão a essa mudança”, adiantou. Já pontos como a modificação da data de posse de governadores e presidente da República eleitos a partir de 2014, deixando de ocorrer em 1º de janeiro, e
Foto: Mário Miranda
Fernando Henrique Cardoso e senador Dornelles debatem tema na Amcham. Avaliação é de que pontos menos complexos têm maior chance de aprovação neste ano
Francisco Dornelles, presidente da Comissão Especial da Reforma Política no Senado
CURTAS Brasil Prêmio ECO
São Paulo Comércio exterior
Em 2011, o Prêmio ECO completa 29 anos reconhecendo companhias que caminham para a sustentabilidade. O objetivo é identificar cases empresariais inovadores produzidos por novas ideias, conceitos e formas de fazer negócios. A cerimônia de premiação está prevista para dezembro e as inscrições serão feitas a partir de junho, pelo site www.premioeco.com.br, em duas modalidades: “Estratégia, Liderança, Inovação e Sustentabilidade” (Elis) e “Práticas de Sustentabilidade” – esta última subdividida nas categorias “Sustentabilidade em Produtos e ou Serviços” e “Sustentabilidade em Processos”.
O Ministério de Desenvolvimento se prepara para lançar no segundo semestre a primeira versão de seu portal de facilitação de comércio exterior. A ferramenta concentrará informações sobre normas e procedimentos estabelecidos pelos órgãos governamentais intervenientes das operações de exportação e importação, e ajudará na inclusão de novas companhias (sobretudo pequenas e médias) no comércio internacional, acredita Gustavo Ribeiro, diretor do Departamento de Normas e Competitividade da Secex, que fez palestra em 05/04 no comitê de Comércio Exterior.
Infraestrutura I
A Amcham, em parceria com a Embaixada do Brasil em Washington, realizará entre 06 e 10/06 uma missão empresarial aos EUA voltada às compras de organizações multilaterais e agências de ajuda humanitária que atuam em áreas de conflito ou atingidas por desastres naturais. A delegação passará por Washington DC e Nova York e cumprirá uma agenda planejada para estimular o desenvolvimento de novos negócios nos setores de transporte e logística, construção civil, máquinas e equipamentos, saneamento básico, alimentos e bebidas, higiene, produtos e serviços médico-hospitalares, móveis, vestuário e tecnologia da informação.
São Paulo e Belo Horizonte
Na última década, o volume de cargas aéreas no Brasil teve uma expansão de 122% e a tendência de aumento se mantém para os próximos anos. “A Infraero está sensibilizada com essa realidade, assim como a presidente Dilma, que vem adotando ações como a criação da Secretaria da Aviação Civil e a implementação de mudanças em processos”, informou Luiz Antonio Felix Ferreira, coordenador de Logística de Carga Aérea da Infraero em SP, no comitê de Logística da Amcham-São Paulo em 17/05. O trânsito de cargas por via aérea também esteve em foco no comitê de Logística da Amcham-Belo Horizonte, que recebeu Frederico Pace, presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de MG, e Homero Leonardo Lopes, presidente da Associação Brasileira de Estudos Aduaneiros, em 20/05.
Campinas Infraestrutura II
Outro importante modal de transporte, o ferroviário, foi discutido na Amcham em maio, no “2º Fórum do Ciclo de Debates em Infraestrutura Logística de Campinas & Região – Os Desafios e o Potencial do Modal Ferroviário”, no dia 17. Os executivos Andre Ravara, da Vale; Felipe Guimarães, da ALL; José Roberto Lourenço, da MRS Logística; e Mauricio Quintella, da Contrail, analisaram dificuldades e perspectivas dessa forma de transporte na região.
Curitiba Geração Y
As características dos jovens nascidos entre as décadas de 80 e 90, as diferenças entre eles e as gerações anteriores, e suas necessidades específicas são informações que os gestores de pessoas precisam ter em mente para não apenas atrair, mas principalmente reter e desenvolver esses profissionais nas companhias. Sidnei Oliveira, autor especializado no tema, deu dicas importantes nesse sentido aos membros do comitê de Gestão de Pessoas em 26/05.
Brasil Missão aos EUA
Porto Alegre Vendas
O uso de métodos de coaching para compreender o cliente e aproximar-se dele de maneira eficaz deu o tom das discussões do comitê de Vendas em 16/05. O palestrante foi Paulo Gerhardt, diretor da consultoria Treinar – Desenvolvimento Empresarial. Nesta que foi sua terceira reunião, o comitê reuniu mais de 130 participantes.
Ribeirão Preto Business Day
Maior evento da regional, a feira de negócios Amcham Business Day atraiu, em 12/05, mais de 40 expositores e um público de cerca de 400 representantes da iniciativa privada local em busca de novas parcerias.
Recife CIO Fórum
Trabalhar o engajamento de colaboradores via redes sociais da mesma maneira que se faz com os consumidores será o maior desafio dos gestores de TI no futuro próximo. “Em dois anos, teremos condições de, por exemplo, abolir o e-mail como ferramenta de comunicação dentro das empresas. Elas passarão a utilizar redes sociais internas e a comunicação entre funcionários será mais rápida e dinâmica”, previu Max Thomaz, CIO do Grupo Abril, na segunda edição do CIO Fórum, em 20/05.
Comércio exterior
Pontos de impacto
Corroborando a visão dos desafios, o estudo identificou que as questões que mais afetam atualmente as exportações e importações do País são: • Deficiências de infraestrutura e alto custo logístico (24%), dificuldades comuns aos mais variados setores, como é o caso do agronegócio, que sofre para fazer chegar seus produtos ao destino. “Em alimentos, o País tem elevada produtividade até a porteira das fazendas, principalmente por conta do clima e do solo. A partir daí, passa a perder essa vantagem até chegar aos portos”, exemplificou Marcelo Martins, presidente da Cargill. • Complexidade do sistema tributário nacional e alta carga tributária (21%). “Um grave problema é a grande incidência de impostos sobre os produtos que são exportados, sem que haja devolução dos créditos em tempo adequado”, comentou Hermeto Alcides Bermúdez, CEO da Tito Global Trade Services.
• Burocracia aduaneira (19%), o que retarda o desembaraço das cargas e causa filas e atrasos, como lembrou Julian Thomas, presidente da Hamburg Sud. O câmbio apareceu com apenas 5% das indicações dos entrevistados. “O real valorizado não deixa de ser um entrave, mas houve acomodação sobre esse assunto. Aumentaram os votos sobre o impacto negativo ligado à sobrecarga da infraestrutura, principalmente porque falta solução no curto prazo”, explicou Welber Barral, presidente do comitê de Comércio Exterior da Amcham e ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento.
Agenda para o governo
Na visão de 55% dos consultados pela Amcham, os próximos anos tendem a ser favoráveis aos exportadores brasileiros. Uma fatia de 31% vê um cenário de piora e outros 14% declaram não ser possível fazer essa avaliação no momento. Para contribuir para um maior avanço e facilitar o acesso de produtos e serviços brasileiros ao mercado externo, os entrevistados apontam um conjunto de medidas que deveriam ser adotadas pelo governo. Entre as principais, estão desburocratização do sistema tributário nacional e desoneração dos tributos (item indicado por 25% dos respondentes), maior investimento em infraestrutura logística (24%), ampliação dos acordos comerciais e de investimentos (15%), simplificação dos processos administrativos e aduaneiros (14%) e mais estímulos à pesquisa e ao desenvolvimento (10%).
Diversificação
Outro ponto de destaque do estudo foi a tendência de diversificação de mercados nas relações comerciais brasileiras por meio tanto de importação quanto exportação, e também via abertura de operações em outros territórios. Quanto às importações, os principais fornecedores do País são hoje Estados Unidos (28%), União Europeia (24%),
Marcelo Martins, presidente da Cargill
Foto: Marcos Pacheco
Na visão da iniciativa privada, para que o Brasil se torne uma verdadeira potência mundial de comércio exterior, é preciso avançar principalmente em melhoria da infraestrutura (35%), simplificação do sistema tributário (30%) e criação de políticas de incentivo a essas operações (27%). Os dados são da pesquisa “O Cenário do Comércio Exterior Brasileiro” realizada pela Amcham e divulgada em 26/05 no Café de Comércio Exterior da Amcham-São Paulo. “O País tem grandes desafios para enfrentar em comércio exterior, que são justamente os gargalos que afetam negativamente a competitividade do País como um todo”, destacou Mara Lacerda, diretora de Produtos e Serviços da Amcham. Para a sondagem, a Amcham ouviu 103 altos executivos de companhias de variados portes associadas à entidade que fazem parte da cadeia de comércio exterior ou são impactadas por questões desse segmento. O levantamento foi realizado entre os dias 09 e 24/05.
Foto: Marcos Pacheco
Gargalos de competitividade são principais desafios para Brasil potencializar transações com outros mercados
Julian Thomas, presidente da Hamburg Sud
China (19%), Mercosul (8%) e outros países da América Latina (4%). Em relação às exportações, os destinos mais relevantes são Mercosul (26%), outros países da América Latina (19%), EUA (15%), União Europeia (11%) e China (5%). O levantamento apontou ainda que 40% das empresas pretendem abrir escritórios em novos mercados, especialmente EUA, União Europeia e Mercosul.
mas é preciso fazer mais e mais rápido O Brasil tem dado passos significativos em termos de inovação, mas é preciso muito mais. Mais, para aproveitar plenamente as potencialidades colocadas pela ascensão social da população, pelas descobertas do pré-sal, pela atuação de vanguarda em biocombustíveis e pela realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no País. Mais, para que as empresas consigam lidar com uma competição cada vez mais acirrada e com cenários econômicos em constante mutação. Mais, para enfrentar em melhores condições países concorrentes, especialmente os demais componentes do bloco Bric (que agrupa também Rússia, Índia e China). Esta foi a mensagem principal do “3º Seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro”, promovido pela Amcham em parceria com a Fundação Dom Cabral em 19/05 na Amcham-São Paulo. O evento reuniu cerca de 350 executivos de médias e grandes companhias com cargos de gestão da inovação e estratégia.
A boa notícia é que maioria das empresas no Brasil de fato planeja contribuir com esse progresso, ampliando seus investimentos em inovação, como detectou pesquisa realizada com os participantes do seminário (300 respondentes). Quase 80% dos consultados declararam essa intenção, enquanto 17% disseram pretender manter os aportes e 9% revelaram querer reduzir o montante aplicado.
Urgência
O senso de urgência na inovação foi a tônica de boa parte do debate na Amcham, como salientou Soumitra Dutta, diretor acadêmico do eLab da Insead. “O Brasil está vivendo um momento ‘doce’ de sua história. Não é mais o país do futuro porque o futuro é agora. O problema é que outros países também estão em uma fase assim e vêm atuando de forma rápida e agressiva no que diz respeito à inovação. Por isso, é preciso discutir no Brasil uma plataforma ampla de inovação”, afirmou o professor, que é referência internacional no assunto.
Foto: Mário Miranda
Inovação País avança nessa área,
Soumitra Dutta, professor que é referência internacional em inovação
Tendências
Conheça os principais drivers para a aceleração da inovação na visão dos participantes do seminário: 1. CEOs mais focados em inovação, inserindo esse conceito na cultura das companhias e tornando o ambiente mais propício a essa prática; 2. Maior integração entre universidades e empresas; 3. Mais investimentos em tecnologias e ferramentas para viabilização da inovação.
pílulas Veja o que disseram alguns dos palestrantes do evento, que reuniu representantes do empresariado, da academia e do setor público: “O Brasil responde por 3% da economia global, mas gera apenas 0,1% das patentes no mundo. Isso mostra que é muito importante sabermos conectar a produção científica com as necessidades específicas do mercado e isso se faz tanto nas empresas quanto nas universidades.” Eduardo Wanick, presidente e CEO da DuPont para América Latina e presidente do Conselho da Amcham “É necessário criar uma cultura de inovação consistente. O Brasil tem
DNA para se tornar uma das economias mais fortes do mundo.” João Geraldo Ferreira, presidente e CEO da GE do Brasil “A inovação é uma jornada, um caminho distante, mas muito prazeroso de se percorrer.” Pedro Suarez, presidente da Dow América Latina “Na nova Política de Desenvolvimento da Competitividade, as práticas de inovação terão as empresas, não os
cientistas, como atores centrais.” Mauro Borges, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento da Indústria, ligada ao Ministério do Desenvolvimento “O Brasil teria muito a ganhar se fizesse a conjugação das fórmulas da China e da Índia, ou seja, trabalhar o aprimoramento das políticas públicas e, ao mesmo tempo, a liberdade empreendedora.” Soumitra Dutta, diretor acadêmico do eLab da Insead
EXPEDIENTE
Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: André Inohara, Anne Durey, Daniela Rocha e Dirceu Pinto Design: MondoYumi O noticiário completo da Amcham você encontra no site www.amcham.com.br Acompanhe o conteúdo da Amcham também em www.facebook.com/amchambrasil e www.twitter.com/amchambr