São Paulo, 28 de novembro de 2011
Amcham aprofunda programa Competitividade Brasil
O programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham teve mais uma importante etapa em outubro. Saiba mais sobre o projeto aqui. No dia 18/10, seminário na Amcham-São Paulo debateu os desafios para a qualificação de mão de obra. A escassez de profissionais, especialmente técnicos, já havia sido mapeada pela Amcham em pesquisa junto a seu quadro de associados no ano passado, dados que seguem refletindo a realidade nacional e que foram reapresentados. Leia sobre a sondagem da Amcham aqui. A Amcham também defendeu no seminário um conjunto de propostas para lidar com esse cenário de déficit de mão de obra qualificada. Conheça quais são as sugestões aqui. O fórum da Amcham reuniu representantes do setor privado, do governo e da academia, que concordaram na avaliação de que o aumento da oferta de profissionais qualificados para atender a demanda colocada pela expansão econômica do País depende de planejamento de longo prazo e ações integradas envolvendo esses três agentes. Os palestrantes compartilharam exemplos de sucesso nesse sentido e planos para o futuro, de modo a garantir que o endereçamento dessa importante questão continue a avançar nos próximos anos. Acompanhe detalhes das discussões aqui.
A Amcham realiza desde junho o segundo ciclo de eventos do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação”. Criado em 2010 para promover discussões e a formulação de alternativas para enfrentar gargalos que comprometem a maior competitividade brasileira, o projeto agora está sendo aprofundado e levado a várias das cidades em que a Amcham está presente. A agenda de seminários inclui Belo Horizonte (28/06), Curitiba (13/07), Campinas (26/07), Recife (05/08) e Brasília (24/11), além de São Paulo (23/08 e 18/10), onde o programa teve origem. A ideia, neste ano, é ampliar o debate sobre esse tema tão premente para o País e focar também necessidades regionais, mantendo o caráter contributivo de busca de soluções.
Ações prévias O programa “Competitividade Brasil” começou a germinar em 2009, durante a divulgação do relatório de competitividade global do Fórum Econômico Mundial na Amcham-São Paulo. Na ocasião, ficou patente que, apesar de avanços consistentes, algumas das áreas mais fundamentais para a competitividade econômica brasileira ainda carecem de maior atenção, a saber: formação de mão de obra técnica, eficiência do Estado, infraestrutura e quantidade de rotinas burocráticas.
Entrevistas Veja ainda entrevistas com alguns dos palestrantes do evento:
Juan Carlos Sanchez
Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante do Governo de São Paulo indica que as Parcerias Público-Privadas devem ser mais exploradas em educação.
Laura Laganá
Diretora superintendente do Centro Paula Souza afirma que ações conjuntas com a iniciativa privada ajudam a organizar a demanda por cursos técnicos.
Ricardo Figueiredo Terra
Diretor técnico do Senai destaca que o Brasil precisa avançar em planejamento estratégico voltado à educação.
Aluizio de Barros Fagundes
Presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo diz que, sem qualificação básica sólida, não há como formar mais engenheiros.
Carlos Alberto Griner
Diretor executivo de RH da Suzano Papel e Celulose avalia que incentivos fiscais para empresas que investem em formação estimulariam ampliação de projetos na área.
Atenta a essas questões determinantes para o futuro do País, a Amcham estruturou o projeto, por meio do qual, ao longo de 2010, realizou pesquisa junto à sua base de associados para melhor compreender os desafios da competitividade e um conjunto de seminários em São Paulo para dialogar sobre o tema e levantar alternativas de superação.
Gabriel Rico, CEO da Amcham
As sugestões foram priorizadas conforme sua importância e urgência na ótica do setor privado brasileiro e estão sendo incorporadas ao trabalho de advocacy da Amcham. Houve ainda, no final do ano, um quinto encontro para tratar da “Reforma Tributária Possível”, já aprofundando pontos indispensáveis para destravar o sistema tributário nacional e incrementar a competitividade das companhias.
Genésio Lemos Couto
Diretor de Pessoas, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ETH Bioenergia mostra como o foco em carreira e desenvolvimento profissional de longo prazo contribui para avanços em capacitação.
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São Paulo, 28 de novembro de 2011
Amcham aprofunda programa Competitividade Brasil
O programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação” da Amcham teve mais uma importante etapa em outubro. Saiba mais sobre o projeto aqui. No dia 18/10, seminário na Amcham-São Paulo debateu os desafios para a qualificação de mão de obra. A escassez de profissionais, especialmente técnicos, já havia sido mapeada pela Amcham em pesquisa junto a seu quadro de associados no ano passado, dados que seguem refletindo a realidade nacional e que foram reapresentados. Leia sobre a sondagem da Amcham aqui. A Amcham também defendeu no seminário um conjunto de propostas para lidar com esse cenário de déficit de mão de obra qualificada. Conheça quais são as sugestões aqui. O fórum da Amcham reuniu representantes do setor privado, do governo e da academia, que concordaram na avaliação de que o aumento da oferta de profissionais qualificados para atender a demanda colocada pela expansão econômica do País depende de planejamento de longo prazo e ações integradas envolvendo esses três agentes. Os palestrantes compartilharam exemplos de sucesso nesse sentido e planos para o futuro, de modo a garantir que o endereçamento dessa importante questão continue a avançar nos próximos anos. Acompanhe detalhes das discussões aqui.
A Amcham realiza desde junho o segundo ciclo de eventos do programa “Competitividade Brasil – Custos de Transação”. Criado em 2010 para promover discussões e a formulação de alternativas para enfrentar gargalos que comprometem a maior competitividade brasileira, o projeto agora está sendo aprofundado e levado a várias das cidades em que a Amcham está presente. A agenda de seminários inclui Belo Horizonte (28/06), Curitiba (13/07), Campinas (26/07), Recife (05/08) e Brasília (24/11), além de São Paulo (23/08 e 18/10), onde o programa teve origem. A ideia, neste ano, é ampliar o debate sobre esse tema tão premente para o País e focar também necessidades regionais, mantendo o caráter contributivo de busca de soluções.
Ações prévias O programa “Competitividade Brasil” começou a germinar em 2009, durante a divulgação do relatório de competitividade global do Fórum Econômico Mundial na Amcham-São Paulo. Na ocasião, ficou patente que, apesar de avanços consistentes, algumas das áreas mais fundamentais para a competitividade econômica brasileira ainda carecem de maior atenção, a saber: formação de mão de obra técnica, eficiência do Estado, infraestrutura e quantidade de rotinas burocráticas.
Entrevistas Veja ainda entrevistas com alguns dos palestrantes do evento:
Juan Carlos Sanchez
Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante do Governo de São Paulo indica que as Parcerias Público-Privadas devem ser mais exploradas em educação.
Laura Laganá
Diretora superintendente do Centro Paula Souza afirma que ações conjuntas com a iniciativa privada ajudam a organizar a demanda por cursos técnicos.
Ricardo Figueiredo Terra
Diretor técnico do Senai destaca que o Brasil precisa avançar em planejamento estratégico voltado à educação.
Aluizio de Barros Fagundes
Presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo diz que, sem qualificação básica sólida, não há como formar mais engenheiros.
Carlos Alberto Griner
Diretor executivo de RH da Suzano Papel e Celulose avalia que incentivos fiscais para empresas que investem em formação estimulariam ampliação de projetos na área.
Atenta a essas questões determinantes para o futuro do País, a Amcham estruturou o projeto, por meio do qual, ao longo de 2010, realizou pesquisa junto à sua base de associados para melhor compreender os desafios da competitividade e um conjunto de seminários em São Paulo para dialogar sobre o tema e levantar alternativas de superação.
Gabriel Rico, CEO da Amcham
As sugestões foram priorizadas conforme sua importância e urgência na ótica do setor privado brasileiro e estão sendo incorporadas ao trabalho de advocacy da Amcham. Houve ainda, no final do ano, um quinto encontro para tratar da “Reforma Tributária Possível”, já aprofundando pontos indispensáveis para destravar o sistema tributário nacional e incrementar a competitividade das companhias.
Genésio Lemos Couto
Diretor de Pessoas, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ETH Bioenergia mostra como o foco em carreira e desenvolvimento profissional de longo prazo contribui para avanços em capacitação.
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Pesquisa da Amcham aponta desafios brasileiros para enfrentar gargalos de mão de obra técnica
Amcham discute propostas para Brasil reduzir déficit de profissionais qualificados
Pesquisa realizada pela Amcham em 2010 junto a seus associados com o apoio do Ibope mostrou que os principais desafios para enfrentar o déficit de mão de obra qualificada no País estão relacionados a expansão dos centros de formação acompanhando o nível de crescimento econômico, ampliação dos investimentos públicos em capacitação, dispersão territorial do mercado de trabalho (dificuldade para encontrar profissionais especializados em locais distantes dos grandes centros urbanos) e viabilização de modelos de parceria público-privada, sendo os dois primeiros os maiores – para 30% e 28% dos entrevistados, respectivamente.
A Amcham apresentou e debateu em 18/10 um conjunto de proposições para o Brasil enfrentar a escassez de mão de obra qualificada, um dos principais gargalos para a maior competitividade do País. As sugestões são resultado dos seminários e pesquisas realizados pela entidade ao longo de 2010 e 2011.
O estudo foi apresentado em 2010 e reapresentado agora, no dia 18/10. No processo de sondagem, foram ouvidos 211 altos executivos de companhias dos mais variados setores e portes em dez cidades do País. Desse total, 121 falaram especificamente sobre a questão da mão de obra.
“O Brasil vive um déficit de mão de obra qualificada, especialmente no nível técnico. A formação profissional precisa ser adequada à demanda da economia. Para isso, há necessidade de esforços conjuntos entre empresas, governos e as diversas instituições de ensino”, disse Gabriel Rico, CEO da Amcham, no seminário “Competitividade Brasil: Custos de Transação – Mão de Obra”, em São Paulo. As propostas são as seguintes:
A falta de profissionais qualificados no Brasil é tal que, além de ter dificuldade para preencher vagas em aberto, as empresas precisam investir maciçamente na capacitação daqueles que compõem seus quadros. A pesquisa da Amcham mostra que 76% das companhias conduzem atualmente programas de treinamento interno, 60% subsidiam cursos externos para seus funcionários e 40% desenvolvem parcerias com instituições acadêmicas.
• Criação de incentivos fiscais às companhias que investem em capacitação;
A capacitação, além de exigir investimentos pesados das companhias, ocupa parte considerável do tempo de trabalho dos profissionais. Na grande maioria das empresas (78%), até 10% da carga horária dos empregados são despendidos com programas de formação técnica.
• Aumento dos estímulos à inovação, com melhor articulação das instituições de Pesquisa & Desenvolvimento
• Reforço no Ensino Médio direcionado à profissionalização através da atualização de seu conteúdo; • Desenvolvimento de um programa intensivo de melhoria do Ensino Médio nas áreas de Matemática, Ciências, Física e Química, que funcionaria no contra-período dos colégios públicos; e buscando ampliação do número de registros de patentes no País.
Centros de formação O levantamento da Amcham indicou ainda que, na visão do setor privado, há uma importante relação entre os centros de formação de engenheiros e técnicos e a atual realidade da mão de obra especializada e seu enfrentamento. Os empresários reconhecem a qualidade dos profissionais capacitados por essas instituições (52% veem esse aspecto como totalmente adequado), mas as consideram ainda aquém do ideal em termos de custos (totalmente inadequados para 47%), quantidade de graduados em relação às necessidades do mercado (totalmente inadequada para 49%) e distribuição geográfica nas diversas regiões do País (totalmente inadequada para 49%).
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Pesquisa da Amcham aponta desafios brasileiros para enfrentar gargalos de mão de obra técnica
Amcham discute propostas para Brasil reduzir déficit de profissionais qualificados
Pesquisa realizada pela Amcham em 2010 junto a seus associados com o apoio do Ibope mostrou que os principais desafios para enfrentar o déficit de mão de obra qualificada no País estão relacionados a expansão dos centros de formação acompanhando o nível de crescimento econômico, ampliação dos investimentos públicos em capacitação, dispersão territorial do mercado de trabalho (dificuldade para encontrar profissionais especializados em locais distantes dos grandes centros urbanos) e viabilização de modelos de parceria público-privada, sendo os dois primeiros os maiores – para 30% e 28% dos entrevistados, respectivamente.
A Amcham apresentou e debateu em 18/10 um conjunto de proposições para o Brasil enfrentar a escassez de mão de obra qualificada, um dos principais gargalos para a maior competitividade do País. As sugestões são resultado dos seminários e pesquisas realizados pela entidade ao longo de 2010 e 2011.
O estudo foi apresentado em 2010 e reapresentado agora, no dia 18/10. No processo de sondagem, foram ouvidos 211 altos executivos de companhias dos mais variados setores e portes em dez cidades do País. Desse total, 121 falaram especificamente sobre a questão da mão de obra.
“O Brasil vive um déficit de mão de obra qualificada, especialmente no nível técnico. A formação profissional precisa ser adequada à demanda da economia. Para isso, há necessidade de esforços conjuntos entre empresas, governos e as diversas instituições de ensino”, disse Gabriel Rico, CEO da Amcham, no seminário “Competitividade Brasil: Custos de Transação – Mão de Obra”, em São Paulo. As propostas são as seguintes:
A falta de profissionais qualificados no Brasil é tal que, além de ter dificuldade para preencher vagas em aberto, as empresas precisam investir maciçamente na capacitação daqueles que compõem seus quadros. A pesquisa da Amcham mostra que 76% das companhias conduzem atualmente programas de treinamento interno, 60% subsidiam cursos externos para seus funcionários e 40% desenvolvem parcerias com instituições acadêmicas.
• Criação de incentivos fiscais às companhias que investem em capacitação;
A capacitação, além de exigir investimentos pesados das companhias, ocupa parte considerável do tempo de trabalho dos profissionais. Na grande maioria das empresas (78%), até 10% da carga horária dos empregados são despendidos com programas de formação técnica.
• Aumento dos estímulos à inovação, com melhor articulação das instituições de Pesquisa & Desenvolvimento
• Reforço no Ensino Médio direcionado à profissionalização através da atualização de seu conteúdo; • Desenvolvimento de um programa intensivo de melhoria do Ensino Médio nas áreas de Matemática, Ciências, Física e Química, que funcionaria no contra-período dos colégios públicos; e buscando ampliação do número de registros de patentes no País.
Centros de formação O levantamento da Amcham indicou ainda que, na visão do setor privado, há uma importante relação entre os centros de formação de engenheiros e técnicos e a atual realidade da mão de obra especializada e seu enfrentamento. Os empresários reconhecem a qualidade dos profissionais capacitados por essas instituições (52% veem esse aspecto como totalmente adequado), mas as consideram ainda aquém do ideal em termos de custos (totalmente inadequados para 47%), quantidade de graduados em relação às necessidades do mercado (totalmente inadequada para 49%) e distribuição geográfica nas diversas regiões do País (totalmente inadequada para 49%).
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Formação de profissionais no Brasil depende de ações integradas entre empresas, governos e instituições de ensino
“A carência de mão de obra é elevada fora dos grandes centros urbanos. Para resolver isso, é importante a articulação com comunidades locais, assim como mais investimentos em regiões de baixo adensamento industrial”, disse Ricardo Figueiredo Terra, diretor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
O aumento da oferta de profissionais qualificados para atender a demanda colocada pela expansão econômica do País depende de planejamento de longo prazo e ações integradas envolvendo empresas, governos e instituições de ensino.
Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo (USP) que fez a moderação do debate, ressaltou a necessidade de se encontrarem novas fórmulas para resolver questões urgentes do País, incluindo a educação formal e profissional.
O assunto foi debatido por especialistas no “Seminário Competitividade Brasil: Custos de Transação – Qualificação da Mão de Obra”. A avaliação geral é de que os agentes públicos e privados estão crescentemente sensibilizados sobre a necessidade de aproximação entre eles e que o País já tem iniciativas bem sucedidas nesse sentido.
“É preciso atuar de forma articulada e criativa para resolver problemas que limitam a competitividade, como os gargalos da infraestrutura e a falta de mão de obra capacitada, além de avançar em inovação e resolver a insegurança regulatória”, destacou Marcovitch.
“Cada vez mais, governos, empresas e trabalhadores têm de trabalhar juntos para identificar oportunidades e viabilizá-las no que diz respeito à formação profissional. Essa aproximação é fundamental para o sucesso de qualquer ação, seja de desenvolvimento das empresas, cidades, Estados ou do Brasil”, enfatizou Juan Carlos Sanchez, coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo. “A expansão do ensino deve ocorrer de forma planejada e levar em conta as demandas e as vocações econômicas regionais”, acrescentou Laura Laganá, diretora superintendente do Centro Paula Souza. O centro é uma autarquia do governo do Estado de São Paulo que administra 200 Escolas Técnicas (Etecs) e 51 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais em 155 municípios paulistas.
Exemplos Laura citou alguns exemplos nesse sentido, como o da IBM, em Hortolândia, que solicitou apoio do Centro Paula Souza para capacitação de trabalhadores. A empresa entrou com estrutura física, equipamentos e até capacitação dos professores. Os ganhos foram mútuos e o índice de contratação de pessoal formado foi de 90%, sendo que no mercado costumava ser de 15%. Outro caso foi o atendimento da demanda do polo da indústria de alimentos de Marília com a implementação de uma Fatec. Pela parceria, a prefeitura se encarregou da estrutura física e o Estado se responsabilizou pelos equipamentos e pela manutenção dos cursos específicos. A grade curricular foi desenvolvida a partir do diálogo com executivos de companhias como a Nestlé e a Marilan.
Além dos grandes centros O seminário mostrou também que é comum a visão de que a capacitação profissional deve se expandir além das regiões metropolitanas, em áreas que vêm se desenvolvendo em ritmo intenso.
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Soluções diferenciadas
Consórcios A criação de um consórcio para treinamento de mão de obra (Consórcio Mínero Metalúrgico) foi a solução encontrada pelas 15 maiores empresas de mineração do Brasil, que estão estabelecidas em Minas Gerais, para sustentar o desenvolvimento de seus negócios. Mesmo sendo concorrentes, as integrantes do consórcio venceram a desconfiança e partiram para um trabalho conjunto, em parceria também com o governo estadual e algumas instituições de ensino, entre elas o Senai e universidades. “Essa aproximação não é fácil. Foi importante quebrar paradigmas”, comentou Alba Valéria, coordenadora do Consórcio Mínero Metalúrgico. Alba explicou que, logo no início, em 2007, foi realizado um levantamento detalhado das necessidades de pessoal das companhias do consórcio por cargos e salários. Até 2012, o consórcio terá formado 40 mil novos profissionais, sendo que o quadro atual de funcionários desse conjunto de 15 empresas é de 70 mil em MG e 140 mil no Brasil. Conforme Alba, quando o setor público recebe a demanda da iniciativa privada de forma organizada, as respostas são mais rápidas e efetivas. A Suzano Papel e Celulose também está adotando o modelo de consórcio, que no caso não envolve concorrentes, mas companhias de variados setores para formar engenheiros. Esses profissionais serão encarregados da construção de duas novas plantas da Suzano, uma no Piauí e outra no Maranhão. No total, cada unidade demandará 14 mil pessoas entre engenheiros, técnicos e colaboradores para níveis mais básicos. No Maranhão, contou Carlos Alberto Griner, diretor executivo de Recursos Humanos da Suzano, a parceria entre o governo do Estado, sindicatos e empresas locais para formação de engenheiros promove o desenvolvimento local, gerando empregos e beneficiando, por exemplo, o segmento hoteleiro e o comércio. Além desse consórcio, ações envolvendo o Senai e instituições de ensino têm evitado a importação de
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Formação de profissionais no Brasil depende de ações integradas entre empresas, governos e instituições de ensino
“A carência de mão de obra é elevada fora dos grandes centros urbanos. Para resolver isso, é importante a articulação com comunidades locais, assim como mais investimentos em regiões de baixo adensamento industrial”, disse Ricardo Figueiredo Terra, diretor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
O aumento da oferta de profissionais qualificados para atender a demanda colocada pela expansão econômica do País depende de planejamento de longo prazo e ações integradas envolvendo empresas, governos e instituições de ensino.
Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo (USP) que fez a moderação do debate, ressaltou a necessidade de se encontrarem novas fórmulas para resolver questões urgentes do País, incluindo a educação formal e profissional.
O assunto foi debatido por especialistas no “Seminário Competitividade Brasil: Custos de Transação – Qualificação da Mão de Obra”. A avaliação geral é de que os agentes públicos e privados estão crescentemente sensibilizados sobre a necessidade de aproximação entre eles e que o País já tem iniciativas bem sucedidas nesse sentido.
“É preciso atuar de forma articulada e criativa para resolver problemas que limitam a competitividade, como os gargalos da infraestrutura e a falta de mão de obra capacitada, além de avançar em inovação e resolver a insegurança regulatória”, destacou Marcovitch.
“Cada vez mais, governos, empresas e trabalhadores têm de trabalhar juntos para identificar oportunidades e viabilizá-las no que diz respeito à formação profissional. Essa aproximação é fundamental para o sucesso de qualquer ação, seja de desenvolvimento das empresas, cidades, Estados ou do Brasil”, enfatizou Juan Carlos Sanchez, coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo. “A expansão do ensino deve ocorrer de forma planejada e levar em conta as demandas e as vocações econômicas regionais”, acrescentou Laura Laganá, diretora superintendente do Centro Paula Souza. O centro é uma autarquia do governo do Estado de São Paulo que administra 200 Escolas Técnicas (Etecs) e 51 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais em 155 municípios paulistas.
Exemplos Laura citou alguns exemplos nesse sentido, como o da IBM, em Hortolândia, que solicitou apoio do Centro Paula Souza para capacitação de trabalhadores. A empresa entrou com estrutura física, equipamentos e até capacitação dos professores. Os ganhos foram mútuos e o índice de contratação de pessoal formado foi de 90%, sendo que no mercado costumava ser de 15%. Outro caso foi o atendimento da demanda do polo da indústria de alimentos de Marília com a implementação de uma Fatec. Pela parceria, a prefeitura se encarregou da estrutura física e o Estado se responsabilizou pelos equipamentos e pela manutenção dos cursos específicos. A grade curricular foi desenvolvida a partir do diálogo com executivos de companhias como a Nestlé e a Marilan.
Além dos grandes centros O seminário mostrou também que é comum a visão de que a capacitação profissional deve se expandir além das regiões metropolitanas, em áreas que vêm se desenvolvendo em ritmo intenso.
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Soluções diferenciadas
Consórcios A criação de um consórcio para treinamento de mão de obra (Consórcio Mínero Metalúrgico) foi a solução encontrada pelas 15 maiores empresas de mineração do Brasil, que estão estabelecidas em Minas Gerais, para sustentar o desenvolvimento de seus negócios. Mesmo sendo concorrentes, as integrantes do consórcio venceram a desconfiança e partiram para um trabalho conjunto, em parceria também com o governo estadual e algumas instituições de ensino, entre elas o Senai e universidades. “Essa aproximação não é fácil. Foi importante quebrar paradigmas”, comentou Alba Valéria, coordenadora do Consórcio Mínero Metalúrgico. Alba explicou que, logo no início, em 2007, foi realizado um levantamento detalhado das necessidades de pessoal das companhias do consórcio por cargos e salários. Até 2012, o consórcio terá formado 40 mil novos profissionais, sendo que o quadro atual de funcionários desse conjunto de 15 empresas é de 70 mil em MG e 140 mil no Brasil. Conforme Alba, quando o setor público recebe a demanda da iniciativa privada de forma organizada, as respostas são mais rápidas e efetivas. A Suzano Papel e Celulose também está adotando o modelo de consórcio, que no caso não envolve concorrentes, mas companhias de variados setores para formar engenheiros. Esses profissionais serão encarregados da construção de duas novas plantas da Suzano, uma no Piauí e outra no Maranhão. No total, cada unidade demandará 14 mil pessoas entre engenheiros, técnicos e colaboradores para níveis mais básicos. No Maranhão, contou Carlos Alberto Griner, diretor executivo de Recursos Humanos da Suzano, a parceria entre o governo do Estado, sindicatos e empresas locais para formação de engenheiros promove o desenvolvimento local, gerando empregos e beneficiando, por exemplo, o segmento hoteleiro e o comércio. Além desse consórcio, ações envolvendo o Senai e instituições de ensino têm evitado a importação de
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quadros de outras regiões brasileiras. “A soma de esforços consegue desenvolver a infraestrutura da região. As empresas locais e a comunidade se beneficiam”, afirmou Griner.
Mecanização No setor sucroalcooleiro, a ETH (Grupo Odebrecht) está promovendo a transição da qualificação de mão de obra de um processo de colheita manual para mecanizada. Isso exige capacitação para os trabalhadores operarem os equipamentos. No último ano fiscal, os investimentos em formação somaram R$ 2,8 milhões. Dos 15 mil trabalhadores, 11,8 mil entraram em salas de aula. Pra reter esse pessoal mais especializado, a empresa instituiu uma política diferenciada de carreiras. “O setor sempre foi imediatista, mas implementamos um novo conceito de projeto de vida para que haja desenvolvimento na carreira e para que as pessoas pensem no longo prazo”, comentou Genesio Lemos Couto, diretor de Pessoas, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ETH.
Dificuldade global Riccardo Barberis, presidente (contrymanager) da Manpower Brazil, prestadora de serviços em recursos humanos, destacou que, tanto em capacitação quanto em retenção, as empresas devem atentar para a gestão da diversidade, principalmente a existente entre gerações. “Os jovens da geração Y (nascidos a partir de 1980) são mais interativos, imediatistas e movidos pela paixão.” Essas características comportamentais devem ser consideradas e adaptadas a favor dos negócios, apontou. De acordo com Barberis, o Brasil não é o único país a enfrentar problemas com a escassez com a mão de obra qualificada. Um estudo recente da Manpower apontou que 40% dos empregadores no mundo não conseguem encontrar gente com a capacitação adequada.
Retomada da engenharia Os cursos de engenharia, que foram esvaziados no longo período de descontrole da inflação, sem projetos e empregos na área, precisam ganhar novo fôlego na atual fase de aquecimento da economia. Hoje, esses profissionais estão sendo muito requisitados, indicou Aluizio de barros Fagundes, presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo. Ele defendeu uma reestruturação dos cursos em termos de qualidade e especializações. O Instituto de Engenharia liderou, junto com as principais universidades de engenharia do País, uma análise dos 258 modalidades de engenharia registradas no Ministério da Educação, cruzando-as com as necessidades de mercado. “Após um trabalho árduo, concluímos que há necessidade de redução para 53 títulos, levando em conta conteúdo, programática e carga horária”, salientou.
Perspectivas No evento da Amcham, Juan Carlos Sanchez, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
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Tecnologia de São Paulo, informou que, a partir do próximo ano, uma das prioridades da pasta será ampliar os investimentos em um projeto para elevar o nível de escolaridade de jovens e adultos. O EJA (Educação de Jovens e Adultos) Mundo do Trabalho atenderá pessoas que não concluíram o ensino fundamental (do sexto ao nono ano) no tempo correto e, no currículo, além das sete disciplinas oficiais, haverá mais uma técnica. “O projeto piloto contempla 50 mil vagas com matrículas abertas já no próximo ano. Estamos olhando para as pessoas mais velhas com defasagem na escolaridade”, disse Sanchez. Em 2012, segundo ele, também serão disponibilizadas 125 mil vagas dentro do programa Via Rápida Empregos, que oferece cursos básicos de qualificação profissional de acordo com demandas regionais. São 130 modalidades de cursos gratuitos, nas áreas da construção civil, comércio, serviços e indústria, com duração de 30 a 90 dias, dependendo do tipo de ocupação. O coordenador destacou ainda que existe um artigo da CLT (476-A) que prevê que as empresas possam suspender os contratos de trabalho para que os colaboradores participem de cursos e treinamentos durante dois a cinco meses. Por meio desse dispositivo, os trabalhadores recebem uma bolsa auxílio nos moldes do seguro desemprego pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do Ministério do Trabalho. O mecanismo pode ser utilizado pelas companhias quando há mudanças nos sistemas de produção, como ocorre no setor sucroalcooleiro, que passa por um forte processo de mecanização. “Do orçamento disponibilizado pelo Ministério do Trabalho (com esse fim), apenas 10% são utilizados no País”, apontou Sanchez. É uma maneira de desenvolver as pessoas para que possam ser acolhidas no mercado em transformação, completou. Laura Laganá, diretora superintendente do Centro Paula Souza, disse que o foco da instituição a partir de 2012 será continuar a ampliação de oferta de vagas nos cursos técnicos e de graduação tecnológica. “Credenciaremos instituições privadas para ampliar a oferta”, ressaltou. Outra iniciativa será reforçar a atuação da agência de inovação, a Inova Paula Souza. A ideia também é divulgá-la mais para que as empresas passem a financiar projetos, que poderão resultar no lançamento de novos produtos, elevando o registro de patentes. Na avaliação de Genesio Lemos Couto, diretor de Pessoas, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ETH, a legislação trabalhista (CLT) e as relações sindicais precisam ser modernizadas, por não serem mais adequadas à realidade do mundo do trabalho. “Elas são retrógradas, não evoluem”, acrescentou ele ao debate. Carlos Alberto Griner, diretor executivo de RH da Suzano, defendeu, por fim, uma mudança nos processos de admissão pelas empresas. De acordo com ele, os critérios de seleção foram sempre muito exigentes e, atualmente, devem ser flexibilizados. “No passado, o cenário era de grande oferta de profissionais e os RHs selecionavam os ‘Pelés’, os melhores. Esse critério ainda está vigente em algumas companhias, mas não condiz com a realidade porque está faltando gente qualificada. Então cabe à empresa escolher pessoas com vontade de aprender e desenvolvê-las”, ponderou.
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quadros de outras regiões brasileiras. “A soma de esforços consegue desenvolver a infraestrutura da região. As empresas locais e a comunidade se beneficiam”, afirmou Griner.
Mecanização No setor sucroalcooleiro, a ETH (Grupo Odebrecht) está promovendo a transição da qualificação de mão de obra de um processo de colheita manual para mecanizada. Isso exige capacitação para os trabalhadores operarem os equipamentos. No último ano fiscal, os investimentos em formação somaram R$ 2,8 milhões. Dos 15 mil trabalhadores, 11,8 mil entraram em salas de aula. Pra reter esse pessoal mais especializado, a empresa instituiu uma política diferenciada de carreiras. “O setor sempre foi imediatista, mas implementamos um novo conceito de projeto de vida para que haja desenvolvimento na carreira e para que as pessoas pensem no longo prazo”, comentou Genesio Lemos Couto, diretor de Pessoas, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ETH.
Dificuldade global Riccardo Barberis, presidente (contrymanager) da Manpower Brazil, prestadora de serviços em recursos humanos, destacou que, tanto em capacitação quanto em retenção, as empresas devem atentar para a gestão da diversidade, principalmente a existente entre gerações. “Os jovens da geração Y (nascidos a partir de 1980) são mais interativos, imediatistas e movidos pela paixão.” Essas características comportamentais devem ser consideradas e adaptadas a favor dos negócios, apontou. De acordo com Barberis, o Brasil não é o único país a enfrentar problemas com a escassez com a mão de obra qualificada. Um estudo recente da Manpower apontou que 40% dos empregadores no mundo não conseguem encontrar gente com a capacitação adequada.
Retomada da engenharia Os cursos de engenharia, que foram esvaziados no longo período de descontrole da inflação, sem projetos e empregos na área, precisam ganhar novo fôlego na atual fase de aquecimento da economia. Hoje, esses profissionais estão sendo muito requisitados, indicou Aluizio de barros Fagundes, presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo. Ele defendeu uma reestruturação dos cursos em termos de qualidade e especializações. O Instituto de Engenharia liderou, junto com as principais universidades de engenharia do País, uma análise dos 258 modalidades de engenharia registradas no Ministério da Educação, cruzando-as com as necessidades de mercado. “Após um trabalho árduo, concluímos que há necessidade de redução para 53 títulos, levando em conta conteúdo, programática e carga horária”, salientou.
Perspectivas No evento da Amcham, Juan Carlos Sanchez, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
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Tecnologia de São Paulo, informou que, a partir do próximo ano, uma das prioridades da pasta será ampliar os investimentos em um projeto para elevar o nível de escolaridade de jovens e adultos. O EJA (Educação de Jovens e Adultos) Mundo do Trabalho atenderá pessoas que não concluíram o ensino fundamental (do sexto ao nono ano) no tempo correto e, no currículo, além das sete disciplinas oficiais, haverá mais uma técnica. “O projeto piloto contempla 50 mil vagas com matrículas abertas já no próximo ano. Estamos olhando para as pessoas mais velhas com defasagem na escolaridade”, disse Sanchez. Em 2012, segundo ele, também serão disponibilizadas 125 mil vagas dentro do programa Via Rápida Empregos, que oferece cursos básicos de qualificação profissional de acordo com demandas regionais. São 130 modalidades de cursos gratuitos, nas áreas da construção civil, comércio, serviços e indústria, com duração de 30 a 90 dias, dependendo do tipo de ocupação. O coordenador destacou ainda que existe um artigo da CLT (476-A) que prevê que as empresas possam suspender os contratos de trabalho para que os colaboradores participem de cursos e treinamentos durante dois a cinco meses. Por meio desse dispositivo, os trabalhadores recebem uma bolsa auxílio nos moldes do seguro desemprego pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do Ministério do Trabalho. O mecanismo pode ser utilizado pelas companhias quando há mudanças nos sistemas de produção, como ocorre no setor sucroalcooleiro, que passa por um forte processo de mecanização. “Do orçamento disponibilizado pelo Ministério do Trabalho (com esse fim), apenas 10% são utilizados no País”, apontou Sanchez. É uma maneira de desenvolver as pessoas para que possam ser acolhidas no mercado em transformação, completou. Laura Laganá, diretora superintendente do Centro Paula Souza, disse que o foco da instituição a partir de 2012 será continuar a ampliação de oferta de vagas nos cursos técnicos e de graduação tecnológica. “Credenciaremos instituições privadas para ampliar a oferta”, ressaltou. Outra iniciativa será reforçar a atuação da agência de inovação, a Inova Paula Souza. A ideia também é divulgá-la mais para que as empresas passem a financiar projetos, que poderão resultar no lançamento de novos produtos, elevando o registro de patentes. Na avaliação de Genesio Lemos Couto, diretor de Pessoas, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ETH, a legislação trabalhista (CLT) e as relações sindicais precisam ser modernizadas, por não serem mais adequadas à realidade do mundo do trabalho. “Elas são retrógradas, não evoluem”, acrescentou ele ao debate. Carlos Alberto Griner, diretor executivo de RH da Suzano, defendeu, por fim, uma mudança nos processos de admissão pelas empresas. De acordo com ele, os critérios de seleção foram sempre muito exigentes e, atualmente, devem ser flexibilizados. “No passado, o cenário era de grande oferta de profissionais e os RHs selecionavam os ‘Pelés’, os melhores. Esse critério ainda está vigente em algumas companhias, mas não condiz com a realidade porque está faltando gente qualificada. Então cabe à empresa escolher pessoas com vontade de aprender e desenvolvê-las”, ponderou.
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Juan Carlos Sanchez |
Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante do Governo de SP: Parcerias Público-Privadas devem ser mais exploradas em educação Amcham: A escassez da mão de obra é uma realidade no País? Juan Carlos Sanchez: A escassez de mão de obra, infelizmente, é real. Há uma discrepância entre a oferta de profissionais e a demanda das empresas; porém, em um cenário de desemprego. Temos ainda no Estado de São Paulo mais de 1,5 milhão de pessoas desempregadas. Então, como explicar esse fenômeno de um quadro de desempregados e, ao mesmo tempo, empresas buscando profissionais e não encontrando? A explicação para esse fenômeno é o histórico de falta de educação básica e de qualificação profissional no País e, dentro dessa perspectiva, logicamente alguns setores sofrem mais, principalmente aqueles que demandam mais tecnologia. Amcham: Durante o evento, o sr. comentou que, em relação às 50 maiores ocupações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, bastaria o ensino médio para que boa parte fosse preenchida... Juan Carlos Sanchez: O problema é muito sério. Quando olhamos pessoas acima de 30 anos de idade, ainda há grande parcela com déficit acentuado de educação. Das 50 principais ocupações do Caged, 65% das vagas seriam preenchidas se as pessoas tivessem concluído o ensino médio e feito algum curso profissionalizante. Ou seja, essas pessoas não precisariam ingressar em uma universidade ou mesmo em um curso técnico de tecnologia, apenas um curso básico de formação profissional daria a elas as condições instrumentais necessárias para que pudessem estar ocupadas. No entanto, quando falamos em educação profissional, infelizmente, não é possível associá-la sem que se tenha a educação formal. Assim, precisamos garantir às pessoas mais velhas programas de elevação de escolaridade adequados.
Amcham: No Brasil, as parcerias entre governos, empresas e instituições de ensino na área de capacitação de mão de obra vêm sendo intensificadas? Juan Carlos Sanchez: Sim. Essa aproximação é fundamental para o sucesso de qualquer ação, seja de desenvolvimento da empresa, de cidades, dos estados ou do Brasil. Os atores, os agentes envolvidos devem estar integrados. Cada vez mais, governos, empresas e trabalhadores têm de trabalhar juntos para identificar oportunidades e viabilizá-las no que diz respeito à formação profissional. Amcham: As Pacerias Público-Privadas (PPPs) podem ser aplicadas na área educacional? Juan Carlos Sanchez: Sem sombra de dúvida. O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, tem muita experiência nisso. Ele é o maior entusiasta dessa aproximação do setor produtivo com o governo do Estado. A experiência mostra que sempre que a iniciativa privada faz alguma coisa, faz melhor. E, dentro dessa perspectiva, quanto mais PPPs forem possíveis de serem implantadas, não somente em áreas tradicionais que dizem respeito a infraestutura, mas cada vez mais em educação e saúde, será muito positivo. Amcham: Nesse caso, as empresas poderiam construir escolas? Juan Carlos Sanchez: Estamos vendo movimentos semelhantes ao que seriam PPPs. Por exemplo, a secretaria de Estado da Educação contrata 30 mil vagas da iniciativa privada em seu contra-turno para cursos técnicos aos alunos da rede pública. São espaços ociosos nas instituições privadas nos períodos matutino e vespertino, que passam a ser ocupados por alunos de Ensino Médio das escolas estaduais em cursos técnicos. Isso mostra que não é preciso ficar reinventando a roda e construir mais escolas. É possível aproveitar instalações ociosas da iniciativa privada. Amcham: O Brasil tem urgência em formar mão de obra capacitada, sobretudo diante de eventos esportivos da Copa e das Olimpíadas e oportunidades de negócios relacionadas. Como alavancar a competitividade do País com geração de empregos e renda nos próximos anos? Juan Carlos Sanchez: É fundamental “correr atrás” de anos e anos perdidos. O apagão da mão de obra não é causa, mas sim efeito. Nos últimos anos, a educação foi relegada a segundo plano. Nas décadas de 60, 70, 80 e em parte da de 90, não se colocou foco na educação. O que enfrentamos hoje é esse apagão decorrente da falta de educação profissional que está, por sua vez, relacionada à falta de educação formal. São milhares de brasileiros que não têm ensino fundamental concluído. Temos de fazer a lição de casa em curto espaço de tempo em função da proximidade dos eventos; no entanto, é preciso olhar no longo prazo e fazer todos os que cursam o ensino fundamental e o ensino médio seguirem aos cursos técnicos ou universidades. Esse é o caminho para o País se desenvolver de maneira sustentável.
Amcham: O Estado de São Paulo possui algum programa profissionalizante para atender essas pessoas? Juan Carlos Sanchez: Sim. O programa Via Rápida veio para preencher essa lacuna mas, por enquanto, prevê apenas a formação profissional. A elevação da escolaridade formal é dada pelas redes públicas de ensino municipal e estadual. O que ofereceremos em um segundo momento é um programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) profissionalizante articulado entre o governo do Estado e prefeituras. O objetivo é que essas pessoas que não têm ensino fundamental concluído tenham a possibilidade de concluí-lo formalmente e ingressar na profissionalização de baixa complexidade.
Amcham: É necessário um plano que transcenda governos? Juan Carlos Sanchez: Certamente. A descontinuidade causada pelas mudanças de governos é ruim para qualquer política pública, sendo que, para as educacionais, isso é um veneno. A continuidade dessas políticas é que traz benefícios ao longo de gerações.
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Juan Carlos Sanchez |
Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante do Governo de SP: Parcerias Público-Privadas devem ser mais exploradas em educação Amcham: A escassez da mão de obra é uma realidade no País? Juan Carlos Sanchez: A escassez de mão de obra, infelizmente, é real. Há uma discrepância entre a oferta de profissionais e a demanda das empresas; porém, em um cenário de desemprego. Temos ainda no Estado de São Paulo mais de 1,5 milhão de pessoas desempregadas. Então, como explicar esse fenômeno de um quadro de desempregados e, ao mesmo tempo, empresas buscando profissionais e não encontrando? A explicação para esse fenômeno é o histórico de falta de educação básica e de qualificação profissional no País e, dentro dessa perspectiva, logicamente alguns setores sofrem mais, principalmente aqueles que demandam mais tecnologia. Amcham: Durante o evento, o sr. comentou que, em relação às 50 maiores ocupações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, bastaria o ensino médio para que boa parte fosse preenchida... Juan Carlos Sanchez: O problema é muito sério. Quando olhamos pessoas acima de 30 anos de idade, ainda há grande parcela com déficit acentuado de educação. Das 50 principais ocupações do Caged, 65% das vagas seriam preenchidas se as pessoas tivessem concluído o ensino médio e feito algum curso profissionalizante. Ou seja, essas pessoas não precisariam ingressar em uma universidade ou mesmo em um curso técnico de tecnologia, apenas um curso básico de formação profissional daria a elas as condições instrumentais necessárias para que pudessem estar ocupadas. No entanto, quando falamos em educação profissional, infelizmente, não é possível associá-la sem que se tenha a educação formal. Assim, precisamos garantir às pessoas mais velhas programas de elevação de escolaridade adequados.
Amcham: No Brasil, as parcerias entre governos, empresas e instituições de ensino na área de capacitação de mão de obra vêm sendo intensificadas? Juan Carlos Sanchez: Sim. Essa aproximação é fundamental para o sucesso de qualquer ação, seja de desenvolvimento da empresa, de cidades, dos estados ou do Brasil. Os atores, os agentes envolvidos devem estar integrados. Cada vez mais, governos, empresas e trabalhadores têm de trabalhar juntos para identificar oportunidades e viabilizá-las no que diz respeito à formação profissional. Amcham: As Pacerias Público-Privadas (PPPs) podem ser aplicadas na área educacional? Juan Carlos Sanchez: Sem sombra de dúvida. O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, tem muita experiência nisso. Ele é o maior entusiasta dessa aproximação do setor produtivo com o governo do Estado. A experiência mostra que sempre que a iniciativa privada faz alguma coisa, faz melhor. E, dentro dessa perspectiva, quanto mais PPPs forem possíveis de serem implantadas, não somente em áreas tradicionais que dizem respeito a infraestutura, mas cada vez mais em educação e saúde, será muito positivo. Amcham: Nesse caso, as empresas poderiam construir escolas? Juan Carlos Sanchez: Estamos vendo movimentos semelhantes ao que seriam PPPs. Por exemplo, a secretaria de Estado da Educação contrata 30 mil vagas da iniciativa privada em seu contra-turno para cursos técnicos aos alunos da rede pública. São espaços ociosos nas instituições privadas nos períodos matutino e vespertino, que passam a ser ocupados por alunos de Ensino Médio das escolas estaduais em cursos técnicos. Isso mostra que não é preciso ficar reinventando a roda e construir mais escolas. É possível aproveitar instalações ociosas da iniciativa privada. Amcham: O Brasil tem urgência em formar mão de obra capacitada, sobretudo diante de eventos esportivos da Copa e das Olimpíadas e oportunidades de negócios relacionadas. Como alavancar a competitividade do País com geração de empregos e renda nos próximos anos? Juan Carlos Sanchez: É fundamental “correr atrás” de anos e anos perdidos. O apagão da mão de obra não é causa, mas sim efeito. Nos últimos anos, a educação foi relegada a segundo plano. Nas décadas de 60, 70, 80 e em parte da de 90, não se colocou foco na educação. O que enfrentamos hoje é esse apagão decorrente da falta de educação profissional que está, por sua vez, relacionada à falta de educação formal. São milhares de brasileiros que não têm ensino fundamental concluído. Temos de fazer a lição de casa em curto espaço de tempo em função da proximidade dos eventos; no entanto, é preciso olhar no longo prazo e fazer todos os que cursam o ensino fundamental e o ensino médio seguirem aos cursos técnicos ou universidades. Esse é o caminho para o País se desenvolver de maneira sustentável.
Amcham: O Estado de São Paulo possui algum programa profissionalizante para atender essas pessoas? Juan Carlos Sanchez: Sim. O programa Via Rápida veio para preencher essa lacuna mas, por enquanto, prevê apenas a formação profissional. A elevação da escolaridade formal é dada pelas redes públicas de ensino municipal e estadual. O que ofereceremos em um segundo momento é um programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) profissionalizante articulado entre o governo do Estado e prefeituras. O objetivo é que essas pessoas que não têm ensino fundamental concluído tenham a possibilidade de concluí-lo formalmente e ingressar na profissionalização de baixa complexidade.
Amcham: É necessário um plano que transcenda governos? Juan Carlos Sanchez: Certamente. A descontinuidade causada pelas mudanças de governos é ruim para qualquer política pública, sendo que, para as educacionais, isso é um veneno. A continuidade dessas políticas é que traz benefícios ao longo de gerações.
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Laura Laganá |
Diretora superintendente do Centro Paula Souza: ação conjunta com empresariado ajuda a organizar demanda por cursos técnicos Amcham: Qual a importância do trabalho em conjunto com as empresas? Laura Laganá: Para nós, essa ação de parceria tem sido muito intensa. Ela é especifica em alguns setores, mas os resultados são excelentes. As parcerias são importantes porque quem tem a responsabilidade de formar pessoas precisa estar sempre em contato com as demandas. Amcham: De que forma as parcerias acontecem? Laura Laganá: Estamos elaborando novos currículos e reformulando cursos já existentes em parceria com o setor produtivo. Criar uma nova metodologia de ensino é difícil porque temos de traduzir para perfis profissionais o que o setor produtivo entende como ideal. A formação técnica precisa ter currículos atualizados, que são fundamentais para que a educação profissional atenda com agilidade e eficiência as novas demandas. Amcham: Como o governo trata a questão da formação profissionalizante? Laura Laganá: O governo tem dado absoluta prioridade à expansão da educação profissional em São Paulo. Essa expansão tem sido feita de forma planejada, sempre atendendo às vocações regionais. Além disso, temos a preocupação de incluir as parcerias com o setor produtivo na elaboração e no planejamento de todo o plano de formação educacional. Amcham: Que resultados estão sendo obtidos com as parcerias? Laura Laganá: Quando a empresa se envolve na elaboração da proposta de ensino, automaticamente acaba confiando mais nos profissionais que formamos e dando mais empregos ao pessoal treinado. Para nós, as parcerias são fundamentais pelo apoio ao desenvolvimento econômico e também na questão da empregabilidade. Amcham: Sem a iniciativa privada, seria mais difícil localizar as demandas de formação? Laura Laganá: Não, as carências de formação até que estão bem mapeadas por estudos da Secretaria de Desenvolvimento do Estado. Fazemos escolas técnicas em parcerias com as prefeituras, pois o prefeito e seus secretários sempre sabem qual é a necessidade de formação regional nas respectivas regiões. O que as parcerias com empresas fazem é organizar a demanda. Nós, que temos a responsabilidade de formação, somos orientados sobre o caminho mais adequado para atender à necessidade de formação técnica. A iniciativa da Amcham de aplicar uma pesquisa sobre a necessidade de mão de obra técnica junto ao setor produtivo é um exemplo disso.
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Ricardo Figueiredo Terra |
Diretor técnico do Senai: Brasil precisa avançar em planejamento estratégico voltado à educação Amcham: Está havendo maior envolvimento entre iniciativa privada, governos e instituições de ensino diante do quadro de escassez de mão de obra qualificada no País? Ricardo Figueiredo Terra: Diferentemente do passado, hoje os agentes estão trabalhando juntos. Há muito exemplos de parcerias de sucesso nesse novo estágio. É preciso atuar junto com as empresas, dentro de suas estratégias, para saber os planos de expansão, os lugares e as necessidades de profissionais. Amcham: O sr. poderia dar um exemplo desse trabalho mais articulado? Ricardo Figueiredo Terra: Um dos casos é a chegada da Hyundai a Piracicaba, em São Paulo. O Senai está atuando com essa grande montadora de veículos há pouco mais de um ano. Toda a estratégia da empresa foi aberta e os 2.500 trabalhadores que serão empregados passarão por treinamento do Senai com a devida antecedência. Recentemente, foi publicada uma entrevista com o diretor de Recursos Humanos da companhia em jornal local informando que a Hyundai não está tendo problemas de contratação porque os profissionais vêm sendo formados. Tudo está sendo feito de forma planejada. Amcham: O Brasil deve agir com urgência na melhoria do nível educacional da população? Ricardo Figueiredo Terra: Durante muito tempo, a educação não foi considerada como instrumento de apoio ao desenvolvimento econômico, foi colocada em segundo plano. Digo isso com convicção, como educador. Mas, agora, a educação é vista como um instrumento importante para o País. Pena que essa percepção tenha sido tardia, mas antes tarde do que nunca. O Brasil tem plenas condições de estabelecer programas emergenciais e não perder essa janela que se abriu ao País de inserção em um contexto global, com uma economia mais forte. Amcham: Mas é necessário um plano de longo prazo visando maior qualidade do ensino? Ricardo Figueiredo Terra: A educação, especialmente básica, tem de ganhar uma nova visão. Se ela passa a ser instrumento importante para o desenvolvimento econômico, precisa ter um planejamento estratégico. Há necessidade de se estabelecerem horizontes, indicadores, metas, compromissos e, fundamentalmente, gestão. Hoje, a coisa está solta. O governo federal já sinaliza com exames de verificação da qualidade. Isso precisa se intensificar, atrelado a uma ação de planejamento e condições de trabalho e qualificação do corpo técnico de docentes.
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Laura Laganá |
Diretora superintendente do Centro Paula Souza: ação conjunta com empresariado ajuda a organizar demanda por cursos técnicos Amcham: Qual a importância do trabalho em conjunto com as empresas? Laura Laganá: Para nós, essa ação de parceria tem sido muito intensa. Ela é especifica em alguns setores, mas os resultados são excelentes. As parcerias são importantes porque quem tem a responsabilidade de formar pessoas precisa estar sempre em contato com as demandas. Amcham: De que forma as parcerias acontecem? Laura Laganá: Estamos elaborando novos currículos e reformulando cursos já existentes em parceria com o setor produtivo. Criar uma nova metodologia de ensino é difícil porque temos de traduzir para perfis profissionais o que o setor produtivo entende como ideal. A formação técnica precisa ter currículos atualizados, que são fundamentais para que a educação profissional atenda com agilidade e eficiência as novas demandas. Amcham: Como o governo trata a questão da formação profissionalizante? Laura Laganá: O governo tem dado absoluta prioridade à expansão da educação profissional em São Paulo. Essa expansão tem sido feita de forma planejada, sempre atendendo às vocações regionais. Além disso, temos a preocupação de incluir as parcerias com o setor produtivo na elaboração e no planejamento de todo o plano de formação educacional. Amcham: Que resultados estão sendo obtidos com as parcerias? Laura Laganá: Quando a empresa se envolve na elaboração da proposta de ensino, automaticamente acaba confiando mais nos profissionais que formamos e dando mais empregos ao pessoal treinado. Para nós, as parcerias são fundamentais pelo apoio ao desenvolvimento econômico e também na questão da empregabilidade. Amcham: Sem a iniciativa privada, seria mais difícil localizar as demandas de formação? Laura Laganá: Não, as carências de formação até que estão bem mapeadas por estudos da Secretaria de Desenvolvimento do Estado. Fazemos escolas técnicas em parcerias com as prefeituras, pois o prefeito e seus secretários sempre sabem qual é a necessidade de formação regional nas respectivas regiões. O que as parcerias com empresas fazem é organizar a demanda. Nós, que temos a responsabilidade de formação, somos orientados sobre o caminho mais adequado para atender à necessidade de formação técnica. A iniciativa da Amcham de aplicar uma pesquisa sobre a necessidade de mão de obra técnica junto ao setor produtivo é um exemplo disso.
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Ricardo Figueiredo Terra |
Diretor técnico do Senai: Brasil precisa avançar em planejamento estratégico voltado à educação Amcham: Está havendo maior envolvimento entre iniciativa privada, governos e instituições de ensino diante do quadro de escassez de mão de obra qualificada no País? Ricardo Figueiredo Terra: Diferentemente do passado, hoje os agentes estão trabalhando juntos. Há muito exemplos de parcerias de sucesso nesse novo estágio. É preciso atuar junto com as empresas, dentro de suas estratégias, para saber os planos de expansão, os lugares e as necessidades de profissionais. Amcham: O sr. poderia dar um exemplo desse trabalho mais articulado? Ricardo Figueiredo Terra: Um dos casos é a chegada da Hyundai a Piracicaba, em São Paulo. O Senai está atuando com essa grande montadora de veículos há pouco mais de um ano. Toda a estratégia da empresa foi aberta e os 2.500 trabalhadores que serão empregados passarão por treinamento do Senai com a devida antecedência. Recentemente, foi publicada uma entrevista com o diretor de Recursos Humanos da companhia em jornal local informando que a Hyundai não está tendo problemas de contratação porque os profissionais vêm sendo formados. Tudo está sendo feito de forma planejada. Amcham: O Brasil deve agir com urgência na melhoria do nível educacional da população? Ricardo Figueiredo Terra: Durante muito tempo, a educação não foi considerada como instrumento de apoio ao desenvolvimento econômico, foi colocada em segundo plano. Digo isso com convicção, como educador. Mas, agora, a educação é vista como um instrumento importante para o País. Pena que essa percepção tenha sido tardia, mas antes tarde do que nunca. O Brasil tem plenas condições de estabelecer programas emergenciais e não perder essa janela que se abriu ao País de inserção em um contexto global, com uma economia mais forte. Amcham: Mas é necessário um plano de longo prazo visando maior qualidade do ensino? Ricardo Figueiredo Terra: A educação, especialmente básica, tem de ganhar uma nova visão. Se ela passa a ser instrumento importante para o desenvolvimento econômico, precisa ter um planejamento estratégico. Há necessidade de se estabelecerem horizontes, indicadores, metas, compromissos e, fundamentalmente, gestão. Hoje, a coisa está solta. O governo federal já sinaliza com exames de verificação da qualidade. Isso precisa se intensificar, atrelado a uma ação de planejamento e condições de trabalho e qualificação do corpo técnico de docentes.
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Aluizio de Barros Fagundes |
Presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo: sem qualificação básica sólida, não há como formar mais engenheiros Amcham: O Brasil forma menos engenheiros que países emergentes como China, Rússia e Índia. O que pode ser feito para acelerar o surgimento de mais profissionais em curto prazo? Aluizio de Barros Fagundes: É preciso atrair o jovem. O Brasil tem capacidade de formação de pelo menos 40 mil engenheiros por ano, e dobrar o contingente não é difícil. Esse volume não deixa o País num patamar de tranquilidade, mas pode, pelo menos, suprir o mercado de imediato. Temos um novo desafio. Quando me formei, em 1967, estávamos no início do milagre brasileiro. Meu registro no Crea (Conselho Regional de Engenharia) é 21.285 e do meu pai, 8 mil. Na época, havia, ao todo, cerca de 17 mil engenheiros de para enfrentar o período de crescimento brasileiro daquela geração. Enfrentamos esse desafio com todo o esforço da classe, e acho que acontecerá a mesma coisa agora. Amcham: O que pode ser feito para melhorar a formação dos engenheiros? Aluizio de Barros Fagundes: A qualificação tem de ser feita rapidamente. É preciso começar pelas matérias básicas, ensinando matemática, física e química. Em três anos, se consegue preparar um homem para enfrentar os assuntos de engenharia. Infelizmente, os cursos não têm melhorado. Isso está em franca discussão, e o que se espera é que haja uma melhora daqui para a frente, em função da exigência do mercado. Amcham: Passando para a formação de nível técnico, o sr. acha que as parcerias entre governo e setor privado têm cumprido o papel de formar mão de obra especializada? Aluizio de Barros Fagundes: Pudemos ver no evento da Amcham uma demonstração de que setores diversos estão se movimentando por um Brasil mais preparado. Mas as grandes e as pequenas empresas se organizam de forma diferente. Amcham: Como assim? Aluizio de Barros Fagundes: Quando falta mão de obra técnica, grandes companhias montam escolas próprias e treinam o pessoal de que necessitam. Para a pequena empresa, restou o poder público. O governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria da Ciência e Tecnologia, com as escolas-embrião e o Instituto Paula Souza, está dando treinamento profissional de nível médio que supre a pequena empresa. E temos o exemplo mais bem-sucedido de Parceria Público-Privada, o sistema de ensino técnico formado por Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). A manutenção financeira dessas instituições vem dos impostos, portanto do público, mas quem administra é o setor privado, como indústrias e estabelecimentos de comércio. Esse é o caminho.
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Carlos Alberto Griner |
Diretor executivo de RH da Suzano Papel e Celulose: incentivos fiscais para empresas que investem em formação poderiam ajudar na ampliação de projetos na área Amcham: O Brasil já enfrenta problemas com a escassez de mão de obra qualificada? Carlos Alberto Griner: Sim. Percebemos dificuldades para recrutar talentos em diversas posições, em especial aquelas que exigem maior qualificação. Amcham: A Suzano papel e Celulose tem ambiciosos projetos de expansão. Quantos profissionais serão necessários e em que áreas? Quais as dificuldades experimentadas? Carlos Alberto Griner: Esse é um tema sobre o qual temos nos debruçado na Suzano e as discussões resultaram em um projeto bastante interessante. Nossos planos de crescimento, recentemente anunciados, incluem o que chamamos de uma nova fronteira para nosso setor. Por questões climáticas, a indústria de celulose e papel está concentrada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. Despois de anos de pesquisa e desenvolvimento de clones de eucalipto compatíveis com o clima do Nordeste, a Suzano anunciou o investimento em duas novas fábricas de celulose, sendo uma na cidade de Imperatriz, no Maranhão, e outra na região de Palmerais, no Piauí. Um dos desafios referese a pessoas. Nossas projeções são de contratação, para a operação, de mil pessoas por nova unidade, considerando todos os níveis de atuação. Se incluirmos nessa conta os profissionais necessários para a construção das fábricas, teremos uma demanda de cerca de 7 mil pessoas por unidade. Esses Estados brasileiros não possuem essa oferta de mão de obra, seja para as posições que exigem mais qualificação como para aquelas mais simples. Amcham: Quais as iniciativas da companhia para conseguir preencher essas vagas ? Carlos Alberto Griner: Decidimos nos antecipar a essa necessidade e, em parceira com poder público, universidades e empresas locais, além de entidades como o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), desenvolvemos o que estamos chamando de Consórcio de Formação de Pessoas. A partir do consórcio, são oferecidos cursos de qualificação para diversas posições, desde construção civil até técnico em celulose e papel. Incluímos também nessa grade cursos com foco no setor de serviços (por exemplo, garçom, camareira e cabeleireira) que, apesar de não estarem dentro da necessidade da companhia, naturalmente passarão a ser mais demandados com a chegada de um empreendimento das proporções de uma fábrica de celulose com capacidade anual de 1,5 milhão de toneladas.
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Aluizio de Barros Fagundes |
Presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo: sem qualificação básica sólida, não há como formar mais engenheiros Amcham: O Brasil forma menos engenheiros que países emergentes como China, Rússia e Índia. O que pode ser feito para acelerar o surgimento de mais profissionais em curto prazo? Aluizio de Barros Fagundes: É preciso atrair o jovem. O Brasil tem capacidade de formação de pelo menos 40 mil engenheiros por ano, e dobrar o contingente não é difícil. Esse volume não deixa o País num patamar de tranquilidade, mas pode, pelo menos, suprir o mercado de imediato. Temos um novo desafio. Quando me formei, em 1967, estávamos no início do milagre brasileiro. Meu registro no Crea (Conselho Regional de Engenharia) é 21.285 e do meu pai, 8 mil. Na época, havia, ao todo, cerca de 17 mil engenheiros de para enfrentar o período de crescimento brasileiro daquela geração. Enfrentamos esse desafio com todo o esforço da classe, e acho que acontecerá a mesma coisa agora. Amcham: O que pode ser feito para melhorar a formação dos engenheiros? Aluizio de Barros Fagundes: A qualificação tem de ser feita rapidamente. É preciso começar pelas matérias básicas, ensinando matemática, física e química. Em três anos, se consegue preparar um homem para enfrentar os assuntos de engenharia. Infelizmente, os cursos não têm melhorado. Isso está em franca discussão, e o que se espera é que haja uma melhora daqui para a frente, em função da exigência do mercado. Amcham: Passando para a formação de nível técnico, o sr. acha que as parcerias entre governo e setor privado têm cumprido o papel de formar mão de obra especializada? Aluizio de Barros Fagundes: Pudemos ver no evento da Amcham uma demonstração de que setores diversos estão se movimentando por um Brasil mais preparado. Mas as grandes e as pequenas empresas se organizam de forma diferente. Amcham: Como assim? Aluizio de Barros Fagundes: Quando falta mão de obra técnica, grandes companhias montam escolas próprias e treinam o pessoal de que necessitam. Para a pequena empresa, restou o poder público. O governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria da Ciência e Tecnologia, com as escolas-embrião e o Instituto Paula Souza, está dando treinamento profissional de nível médio que supre a pequena empresa. E temos o exemplo mais bem-sucedido de Parceria Público-Privada, o sistema de ensino técnico formado por Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). A manutenção financeira dessas instituições vem dos impostos, portanto do público, mas quem administra é o setor privado, como indústrias e estabelecimentos de comércio. Esse é o caminho.
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Carlos Alberto Griner |
Diretor executivo de RH da Suzano Papel e Celulose: incentivos fiscais para empresas que investem em formação poderiam ajudar na ampliação de projetos na área Amcham: O Brasil já enfrenta problemas com a escassez de mão de obra qualificada? Carlos Alberto Griner: Sim. Percebemos dificuldades para recrutar talentos em diversas posições, em especial aquelas que exigem maior qualificação. Amcham: A Suzano papel e Celulose tem ambiciosos projetos de expansão. Quantos profissionais serão necessários e em que áreas? Quais as dificuldades experimentadas? Carlos Alberto Griner: Esse é um tema sobre o qual temos nos debruçado na Suzano e as discussões resultaram em um projeto bastante interessante. Nossos planos de crescimento, recentemente anunciados, incluem o que chamamos de uma nova fronteira para nosso setor. Por questões climáticas, a indústria de celulose e papel está concentrada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. Despois de anos de pesquisa e desenvolvimento de clones de eucalipto compatíveis com o clima do Nordeste, a Suzano anunciou o investimento em duas novas fábricas de celulose, sendo uma na cidade de Imperatriz, no Maranhão, e outra na região de Palmerais, no Piauí. Um dos desafios referese a pessoas. Nossas projeções são de contratação, para a operação, de mil pessoas por nova unidade, considerando todos os níveis de atuação. Se incluirmos nessa conta os profissionais necessários para a construção das fábricas, teremos uma demanda de cerca de 7 mil pessoas por unidade. Esses Estados brasileiros não possuem essa oferta de mão de obra, seja para as posições que exigem mais qualificação como para aquelas mais simples. Amcham: Quais as iniciativas da companhia para conseguir preencher essas vagas ? Carlos Alberto Griner: Decidimos nos antecipar a essa necessidade e, em parceira com poder público, universidades e empresas locais, além de entidades como o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), desenvolvemos o que estamos chamando de Consórcio de Formação de Pessoas. A partir do consórcio, são oferecidos cursos de qualificação para diversas posições, desde construção civil até técnico em celulose e papel. Incluímos também nessa grade cursos com foco no setor de serviços (por exemplo, garçom, camareira e cabeleireira) que, apesar de não estarem dentro da necessidade da companhia, naturalmente passarão a ser mais demandados com a chegada de um empreendimento das proporções de uma fábrica de celulose com capacidade anual de 1,5 milhão de toneladas.
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Amcham: Mas a Suzano tem conseguido contratar e reter profissionais? Carlos Alberto Griner: Em razão dos projetos que mencionei anteriormente, estamos em um período de intensa busca por profissionais, em especial aqueles com elevado nível de qualificação. Uma das posições em que encontramos mais dificuldade para recrutamento é a de engenheiro, não só pela qualificação desse profissional, mas também porque entendemos que existe outro pré-requisito importante no processo de seleção: os valores do profissional. Na Suzano, assim como em qualquer empresa, temos foco no resultado. Mas, tão importante quanto “fazer”, é “como fazer”. É com esse olhar que nossa equipe busca novos talentos. Em razão desse desafio de encontrar profissionais qualificados e alinhados com nossos valores, desenvolvemos um sistema de gestão de pessoas diferenciado, cujo objetivo, entre outras coisas, é atuar na retenção dos talentos que já temos dentro de casa. Entre 2010 e 2011, realizamos cerca de 40 promoções internas frente a 21 contratações de gerentes executivos e diretores. Esses números são reflexo do novo sistema de gestão e desempenho de pessoas. Além disso, foram promovidos internamente seis diretores e 34 gerentes executivos.
Amcham: O sr. avalia que poderia ser concedido algum tipo de incentivo às empresas que investem em treinamentos, como sugere a Amcham em seu conjunto de propostas para enfrentar o desafio da mão de obra? Carlos Alberto Griner: Sem dúvida esse pode ser um passo importante do poder público no estímulo ao desenvolvimento de novas parcerias e projetos com foco em educação. Compensações fiscais para projetos educacionais e, eventualmente, leis de incentivo como as que já existem para cultura e esporte podem ser alternativas a serem avaliadas.
Amcham: Como o sr. avalia a qualidade da educação no País? Carlos Alberto Griner: Temos gaps importantes, que precisam ser rapidamente tratados. Grande parte dessa responsabilidade é do poder público, mas acreditamos que a iniciativa privada também pode contribuir. Na Suzano, a educação é o centro dos investimentos socioambientais. Entre os principais projetos, está o Programa Educar e Formar, uma parceria com o Instituto Ayrton Senna que, com as prefeituras locais, apoia o aprendizado de crianças do ensino fundamental, investe na melhoria da infraestrutura escolar e promove a leitura. A Suzano é também a principal mantenedora do Instituto Ecofuturo, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) cuja missão é gerar e difundir conhecimento e práticas para a construção coletiva de uma cultura de sustentabilidade. Um dos principais programas do Ecofuturo é o Ler é Preciso, que busca reduzir o analfabetismo funcional e preparar as gerações futuras para o uso crítico da linguagem. Amcham: Há alguma atuação especial em relação ao ensino profissionalizante? Carlos Alberto Griner: Sim. No ensino profissionalizante, contamos com o Formare, uma parceira com a Fundação Iochpe e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) que resultou no desenvolvimento de um curso de assistente de operações industriais com ênfase em papel e celulose. São atendidos jovens de baixa renda das comunidades do entorno das fábricas de Suzano (SP), Embu (SP), Mucuri (BA) e Limeira (SP) pertencentes a famílias com renda per capita de meio salário mínimo. São alunos da rede pública cursando o segundo ano do ensino médio. Cerca de 54% dos formandos já estão empregados, seja na própria Suzano ou em empresas prestadoras de serviços da nossa indústria. Amcham: No País, há necessidade de maior envolvimento entre empresas, governos e instituições de ensino? Carlos Alberto Griner: Acho que estamos no caminho certo. Existem diversas iniciativas em andamento e já consolidadas e, a cada dia, temos notícias de novas possibilidades. Acredito que esse é o caminho: a união de esforços e expertises.
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Amcham: Mas a Suzano tem conseguido contratar e reter profissionais? Carlos Alberto Griner: Em razão dos projetos que mencionei anteriormente, estamos em um período de intensa busca por profissionais, em especial aqueles com elevado nível de qualificação. Uma das posições em que encontramos mais dificuldade para recrutamento é a de engenheiro, não só pela qualificação desse profissional, mas também porque entendemos que existe outro pré-requisito importante no processo de seleção: os valores do profissional. Na Suzano, assim como em qualquer empresa, temos foco no resultado. Mas, tão importante quanto “fazer”, é “como fazer”. É com esse olhar que nossa equipe busca novos talentos. Em razão desse desafio de encontrar profissionais qualificados e alinhados com nossos valores, desenvolvemos um sistema de gestão de pessoas diferenciado, cujo objetivo, entre outras coisas, é atuar na retenção dos talentos que já temos dentro de casa. Entre 2010 e 2011, realizamos cerca de 40 promoções internas frente a 21 contratações de gerentes executivos e diretores. Esses números são reflexo do novo sistema de gestão e desempenho de pessoas. Além disso, foram promovidos internamente seis diretores e 34 gerentes executivos.
Amcham: O sr. avalia que poderia ser concedido algum tipo de incentivo às empresas que investem em treinamentos, como sugere a Amcham em seu conjunto de propostas para enfrentar o desafio da mão de obra? Carlos Alberto Griner: Sem dúvida esse pode ser um passo importante do poder público no estímulo ao desenvolvimento de novas parcerias e projetos com foco em educação. Compensações fiscais para projetos educacionais e, eventualmente, leis de incentivo como as que já existem para cultura e esporte podem ser alternativas a serem avaliadas.
Amcham: Como o sr. avalia a qualidade da educação no País? Carlos Alberto Griner: Temos gaps importantes, que precisam ser rapidamente tratados. Grande parte dessa responsabilidade é do poder público, mas acreditamos que a iniciativa privada também pode contribuir. Na Suzano, a educação é o centro dos investimentos socioambientais. Entre os principais projetos, está o Programa Educar e Formar, uma parceria com o Instituto Ayrton Senna que, com as prefeituras locais, apoia o aprendizado de crianças do ensino fundamental, investe na melhoria da infraestrutura escolar e promove a leitura. A Suzano é também a principal mantenedora do Instituto Ecofuturo, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) cuja missão é gerar e difundir conhecimento e práticas para a construção coletiva de uma cultura de sustentabilidade. Um dos principais programas do Ecofuturo é o Ler é Preciso, que busca reduzir o analfabetismo funcional e preparar as gerações futuras para o uso crítico da linguagem. Amcham: Há alguma atuação especial em relação ao ensino profissionalizante? Carlos Alberto Griner: Sim. No ensino profissionalizante, contamos com o Formare, uma parceira com a Fundação Iochpe e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) que resultou no desenvolvimento de um curso de assistente de operações industriais com ênfase em papel e celulose. São atendidos jovens de baixa renda das comunidades do entorno das fábricas de Suzano (SP), Embu (SP), Mucuri (BA) e Limeira (SP) pertencentes a famílias com renda per capita de meio salário mínimo. São alunos da rede pública cursando o segundo ano do ensino médio. Cerca de 54% dos formandos já estão empregados, seja na própria Suzano ou em empresas prestadoras de serviços da nossa indústria. Amcham: No País, há necessidade de maior envolvimento entre empresas, governos e instituições de ensino? Carlos Alberto Griner: Acho que estamos no caminho certo. Existem diversas iniciativas em andamento e já consolidadas e, a cada dia, temos notícias de novas possibilidades. Acredito que esse é o caminho: a união de esforços e expertises.
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Genésio Lemos Couto |
Amcham: Qual a necessidade de mão de obra especializada na ETH? Genésio Lemos Couto: Estamos totalmente mecanizados e precisamos de operadores de trator e colhedoras. Também necessitamos de mão de obra técnica industrial, como instrumentistas. Mas precisamos igualmente de gestores de pessoas porque ninguém quer sair de São Paulo e ir para o interior. Tivemos de nos valer das pessoas formadas em faculdades no entorno de nossa atuação. Ocorre que muitas vezes essas instituições não têm nível semelhante ao dos grandes centros, então acabamos por inserir nelas um processo de qualificação.
Amcham: Quais são os programas de qualificação de mão de obra que a ETH possui? Genésio Lemos Couto: A ETH tem um efetivo de 15 mil pessoas e está presente em municípios onde a população somada chega a 127 mil habitantes. Assim, somos responsáveis por mais de 10% da geração de empregos nesses locais e enfrentamos dificuldade de qualificação. Temos dois projetos. Um possui caráter social e se chama Energia Social. Ele consiste em capacitar as pessoas para o trabalho, com possibilidade de que sejam absorvidas tanto pela ETH como por outras empresas da região. É um programa que visa dar empregabilidade ao profissional. Essa experiência veio do programa Acreditar, do grupo Odebrecht, que foi aplicado na usina de Santo Antonio (RO). Mas o Energia Social envolve prefeitura, comunidade e empresa em um comitê comunitário que direciona a aplicação do programa. O outro projeto, para os funcionários da ETH, consiste em realizar uma ampla qualificação no primeiro período da safra, de abril a setembro, o que já resultou no treinamento de 495 mil horas/ homem, com investimento de R$ 2,8 milhões. Estamos falando de um universo de 15 mil pessoas, com programas de qualificação de executivos, média gerência, lideranças básicas e os quase 10 mil funcionários das áreas agrícolas.
Amcham: O que é mais importante hoje, oferecer carreira ou remuneração? Genésio Lemos Couto: Carreira, sem dúvida. Para os jovens, o salário aparece em terceiro ou quarto lugar na escala de prioridades. Ele leva em conta a forma de treinamento, o espaço de crescimento e seu horizonte profissional. O jovem quer ferramentas melhores para gerenciar sua carreira. E na ETH não oferecemos emprego, mas carreira.
Diretor de Pessoas, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ETH Bioenergia: foco em carreira e desenvolvimento profissional de longo prazo contribui para avanços em capacitação
Amcham: O que motivou a ETH a investir em treinamento de pessoal? Genésio Lemos Couto: O setor sucroenergético está passando por mudanças. A forma de trabalho manual, onde a cana-de-açúcar era colhida por um funcionário que usa um facão de R$ 6, está sendo substituída pelas máquinas. Hoje, o trabalhador tem de operar uma colheitadeira de R$ 800 mil, e somos 100% mecanizados. Basicamente, nossa frente de trabalho é formada por equipes de cerca de 25 pessoas e se estende até 80 km fora da usina. Se nosso funcionário não estiver qualificado, fará um estrago nas pessoas, na plantação e na preservação ambiental. Temos dedicado tempo para conduzir essa mudança de paradigma no setor. A ETH precisa cumprir suas obrigações empresariais com responsabilidade social.
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Genésio Lemos Couto |
Amcham: Qual a necessidade de mão de obra especializada na ETH? Genésio Lemos Couto: Estamos totalmente mecanizados e precisamos de operadores de trator e colhedoras. Também necessitamos de mão de obra técnica industrial, como instrumentistas. Mas precisamos igualmente de gestores de pessoas porque ninguém quer sair de São Paulo e ir para o interior. Tivemos de nos valer das pessoas formadas em faculdades no entorno de nossa atuação. Ocorre que muitas vezes essas instituições não têm nível semelhante ao dos grandes centros, então acabamos por inserir nelas um processo de qualificação.
Amcham: Quais são os programas de qualificação de mão de obra que a ETH possui? Genésio Lemos Couto: A ETH tem um efetivo de 15 mil pessoas e está presente em municípios onde a população somada chega a 127 mil habitantes. Assim, somos responsáveis por mais de 10% da geração de empregos nesses locais e enfrentamos dificuldade de qualificação. Temos dois projetos. Um possui caráter social e se chama Energia Social. Ele consiste em capacitar as pessoas para o trabalho, com possibilidade de que sejam absorvidas tanto pela ETH como por outras empresas da região. É um programa que visa dar empregabilidade ao profissional. Essa experiência veio do programa Acreditar, do grupo Odebrecht, que foi aplicado na usina de Santo Antonio (RO). Mas o Energia Social envolve prefeitura, comunidade e empresa em um comitê comunitário que direciona a aplicação do programa. O outro projeto, para os funcionários da ETH, consiste em realizar uma ampla qualificação no primeiro período da safra, de abril a setembro, o que já resultou no treinamento de 495 mil horas/ homem, com investimento de R$ 2,8 milhões. Estamos falando de um universo de 15 mil pessoas, com programas de qualificação de executivos, média gerência, lideranças básicas e os quase 10 mil funcionários das áreas agrícolas.
Amcham: O que é mais importante hoje, oferecer carreira ou remuneração? Genésio Lemos Couto: Carreira, sem dúvida. Para os jovens, o salário aparece em terceiro ou quarto lugar na escala de prioridades. Ele leva em conta a forma de treinamento, o espaço de crescimento e seu horizonte profissional. O jovem quer ferramentas melhores para gerenciar sua carreira. E na ETH não oferecemos emprego, mas carreira.
Diretor de Pessoas, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ETH Bioenergia: foco em carreira e desenvolvimento profissional de longo prazo contribui para avanços em capacitação
Amcham: O que motivou a ETH a investir em treinamento de pessoal? Genésio Lemos Couto: O setor sucroenergético está passando por mudanças. A forma de trabalho manual, onde a cana-de-açúcar era colhida por um funcionário que usa um facão de R$ 6, está sendo substituída pelas máquinas. Hoje, o trabalhador tem de operar uma colheitadeira de R$ 800 mil, e somos 100% mecanizados. Basicamente, nossa frente de trabalho é formada por equipes de cerca de 25 pessoas e se estende até 80 km fora da usina. Se nosso funcionário não estiver qualificado, fará um estrago nas pessoas, na plantação e na preservação ambiental. Temos dedicado tempo para conduzir essa mudança de paradigma no setor. A ETH precisa cumprir suas obrigações empresariais com responsabilidade social.
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