São Paulo, 14 de Junho de 2012
Por mais que o cenário externo apresente solavancos, as empresas que operam no Brasil parecem se manter otimistas, como demonstraram executivos financeiros presentes ao CFO Fórum da Amcham-São Paulo no dia 14/06. Entre 136 profissionais consultados, 72% declararam acreditar que os negócios de suas companhias serão pouco impactados ou não serão afetados de nenhuma forma pelas atuais movimentações internacionais. Eles também indicaram, na maioria, esperar aumento das vendas neste ano em relação a 2011. Em que pese o tom positivo captado pela sondagem, economistas que fizeram palestras no evento alertaram para pontos que precisam ser tratados com atenção para que a economia do País obtenha de fato resultados favoráveis e consistentes a médio e longo prazos. Saiba mais sobre essa pesquisa da Amcham e a avaliação dos economistas aqui. O CFO Fórum abriu espaço também para discutir práticas consideradas exemplo de desempenho na área
financeira. Essas práticas ultrapassam as atividades rotineiras de eficiência transacional (como contabilidade e produção de relatórios) e controle, e permitem que o departamento financeiro assuma uma posição de relevo no planejamento estratégico da empresa, atuando como parceiro de negócio e apoiando decisões corporativas com análises qualificadas. Os executivos presentes apontaram que, em sua visão, os aspectos mais importantes para um departamento financeiro ser considerado best in class são a padronização e a melhoria contínua de processos financeiros e operacionais (40% dos votos) e a utilização de dados mais uniformes e confiáveis, possibilitando que mais tempo seja empregado em análises (38%). Leia mais sobre essa sondagem e o debate em torno das boas práticas da área financeira aqui. O CFO Fórum teve ainda a apresentação de estudo da PricewaterhouseCoopers sobre os desafios da função financeira. Veja detalhes aqui.
Acompanhe também entrevistas com alguns dos palestrantes do evento:
LUIS AFONSO LIMA
Economista-chefe da Telefônica do Brasil e diretor presidente do Sobeet avalia que a percepção dos executivos financeiros para este ano é positiva, mas tende a esmorecer à medida que as turbulências se prolongarem
MAURÍCIO MOLAN
Economista-chefe do Banco Santander defende que, para crescer no longo termo, País terá de elevar o patamar de investimentos
CARLOS ZETTLER
Diretor executivo de Finanças da Avon argumenta que, se a organização não contar com pessoas e processos adequados, a implantação de sistemas acaba apenas automatizando a ineficiência
EDMUNDO BALTHAZAR
Diretor financeiro do Google diz que a terceirização de serviços que não são core business ajuda a economizar tempo e recursos para serem usados no negócio em si
LUIZ EDUARDO VIOTTI
Sócio líder de Consulting Finance da PwC Brasil mostra que equilíbrio entre compliance, eficiência e visão de negócios é segredo para uma área de finanças bem sucedida
Você encontra outras entrevistas com palestrantes no site www.amcham.com.br
GESTORES FINANCEIROS MOSTRAM OTIMISMO COM NEGÓCIOS NO BRASIL E REVELAM ACREDITAR EM EFEITO REDUZIDO DA CRISE INTERNACIONAL SOBRE O PAÍS Os executivos financeiros mantêm expectativas otimistas para os negócios de suas empresas no Brasil e acreditam que serão pouco afetados pelas adversidades do cenário internacional. Essas foram algumas das conclusões de sondagem realizada pela Amcham durante o CFO Fórum, evento que reuniu executivos da área financeira para debater perspectivas econômicas e as melhores práticas de gestão financeira em 14/06 na Amcham-São Paulo. A maioria dos profissionais (55,2%) crê que as turbulências externas terão pouco impacto por aqui e 16,9% pensam que não haverá nenhum tipo de efeito. Com opinião diferente, um grupo de 27,9% considera que os negócios serão bastante afetados. Quando questionados sobre como as vendas das empresas irão se comportar em 2012, 75% dos 136 executivos ouvidos revelaram apostar em evolução, sendo que quase 53% falaram em expansão na casa dos dois dígitos. Em fevereiro, a Amcham havia mapeado projeções de vendas ainda mais favoráveis: 62% dos 387 executivos da área comercial e de marketing que estiveram no ‘Seminário Perspectivas Comerciais 2012’ da Amcham-São Paulo indicaram esperar incremento de vendas na casa dos dois dígitos em 2012.
JUROS, INVESTIMENTOS E CÂMBIO
PERSPECTIVAS ECONÔMICAS
Na sondagem do CFO Fórum, a grande maioria (75%) respondeu que, para suas empresas, a queda da taxa de juros terá pouco impacto sobre o nível de investimentos. Uma fatia de 24% disse que suas companhias aumentarão os aportes, e somente 1% afirmou que os investimentos serão reduzidos.
Alinhado com a pesquisa, o fórum da Amcham tratou de temas macroeconômicos essenciais ao dia a dia da área financeira e das empresas como um todo. O painelista Maurício Molan, economista-chefe do Banco Santander, pontuou que, em sua visão, os bons fundamentos econômicos no País e o otimismo entre os executivos são importantes, mas não tornam o Brasil imune aos efeitos da crise internacional a médio prazo.
Em relação ao câmbio, mais da metade dos entrevistados (51,1%) declara que o dólar tende a ficar entre R$ 1,80 e R$ 2,00 no segundo semestre. Uma fatia ligeiramente menor da amostra, de 47,4%, crê que o câmbio oscilará na faixa de R$ 2,00 a R$ 2,20 no período.
“Passamos por um período longo de bonança em que os países se sentiam confortáveis para consumir fortemente, se endividando, mas esse modelo se
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mostrou não sustentável e dá lugar agora a uma fase de ajustes. Saímos da zona de conforto. O crescimento brasileiro será menor, a demanda por produtos brasileiros diminuirá e os preços das commodities terão uma inflexão. Há, então, um impacto de médio prazo da crise global sobre o Brasil que não se pode ignorar. O mercado doméstico seguirá crescendo, mas em ritmo mais moderado”, ponderou Molan. Para ele, a média de crescimento verificada entre 2003 a 2011, de 4,4%, não se repetirá na próxima década. “Cresceremos em um ritmo saudável, mas moderado, que se situará na faixa de 3% a 3,5% ao ano”, comentou. Luis Afonso Lima, economista-chefe da Telefônica do Brasil e diretor-presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), também analisou os efeitos da conjuntura externa sobre o País. “O crescimento internacional está sendo gradual e com risco. Os EUA estão se recuperando, mas a China pode desacelerar além da conta e a Zona do Euro enfrenta recessão em sete das 17 economias do bloco”, explicou. Lima também considera que, com o passar do tempo, as dificuldades vividas pelos países ricos tendem a trazer alguns impactos importantes para o Brasil. Um dos mais relevantes se refere às exportações, diante da baixa dos preços das commodities, como mencionou Molan.
PRIORIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS PRODUTIVOS Para continuar crescendo, o Brasil precisa focar mais em investimentos produtivos em vez de se concentrar no estímulo ao consumo, indicou o debate. De acordo com Maurício Molan, do Santander, o governo vem priorizando medidas agressivas de expansão via consumo, quando deveria incentivar mais os investimentos e enfrentar os gargalos estruturais da economia. “Se só o consumo aumenta, provavelmente acabaremos importando mais. Para o País crescer, é preciso elevar investimentos e não temos visto medidas para isso”, afirmou. O atraso na infraestrutura logística, o excesso de burocracia e a complexidade da carga tributária também atrapalham. “Gerar consumo não é tão complicado. Difícil é mudar o patamar de investimentos. Nosso crescimento atual de 3% tem de se transformar em 4% ou 5%, e não cair para 2%”, defendeu. Na mesma linha, Lima enfatiza a importância dos avanços em competitividade. “O desafio não é só o crescimento, mas competitividade e inovação”, reforçou.
VEJA TODOS OS DETALHES DA PESQUISA:
Diante das movimentações que vêm ocorrendo no cenário internacional, você acredita que os negócios de sua empresa: 1. Serão muito impactados 2. Serão pouco impactados 3. Não serão impactados
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Diante da redução da taxa de juros, a sua empresa: 1. Aumentará seus investimentos 2. Reduzirá seus investimentos 3. Não haverá alteração nos investimentos
Qual sua expectativa para o patamar da taxa de câmbio no 2° semestre: 1. Abaixo de R$ 1,80 2. Entre R$1,80 e R$2,00 3. Entre R$2,00 e R$2,20 4. Acima de R$2,20
Como as vendas de sua empresa se comportarão em 2012 se comparadas com 2011? 1. Redução acima de 15% 2. Redução de 15% a 10% 3. Redução de 9,9% a 5% 4. Redução de 4,9% a 0,1% 5. 0% 6. Aumento de 0,1% a 5% 7. Aumento de 5,1% a 10% 8. Aumento de 10,1% a 15% 9. Aumento acima de 15%
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AUTOMATIZAR E PADRONIZAR PROCESSOS SÃO LEMAS PARA ÁREAS DE FINANÇAS CONSIDERADAS BEST IN CLASS A informação é o principal ativo que as empresas têm para se destacar diante da enorme concorrência do mundo corporativo. É preciso saber manejá-la, garantir sua confiabilidade e fazer com que seja base para análises que contribuam para um melhor desempenho dos negócios. Na área financeira, essa regra vale ouro e fica cada vez mais claro que automatizar e padronizar processos e sistemas são caminhos fundamentais para obter bons resultados. Uma pesquisa da Amcham conduzida com executivos financeiros durante o CFO Fórum identificou que os 136 ouvidos consideram como os aspectos mais importantes para uma área financeira ser considerada best in class a padronização e a melhoria contínua de processos financeiros e operacionais (40% dos votos), ao lado da utilização de dados mais uniformes e confiáveis, liberando mais tempo para análises (38%). Também foram apontados os maiores desafios para uma área financeira ser considerada exemplo de desempenho. Investimentos em tecnologia, pessoas, base de dados e terceirização (38%), e alinhamento entre as diversas áreas da organização (30%) foram os mais votados. Os executivos financeiros, na maioria (60%), veem a automatização dos processos manuais como a melhor forma de se obter maior eficiência em relação aos custos da área financeira. Outros 23% dizem que os ganhos de eficiência resultam, principalmente, do alinhamento da atuação da área financeira com a estratégia da empresa.
CONSISTÊNCIA Ao todo, mais de 180 profissionais de finanças participaram do evento da Amcham e se mostraram alinhados com o debate sobre as melhores práticas que colocam o setor financeiro como uma área estratégica para as companhias. Cristiano Furtado, CFO da seguradora Marsh, contou que foi por meio da padronização e da automatização de processos que a área de finanças aumentou sua consistência e eficiência na empresa. A Marsh padronizou seus métodos em todos os escritórios e seu banco de dados é capaz de mapear as operações da companhia em qualquer canto do mundo. “É um enorme ganho de eficiência da área financeira, com relatórios semelhantes e uma contabilidade rápida, que permite uma base forte de comparação em curtíssimo espaço de tempo”, disse Furtado.
De acordo com ele, os sistemas permitem fazer todos os controles da contabilização, de pedidos de compras a pagamento final. Com isso, “as informações financeiras estão sendo apuradas da melhor forma”, sem falar na vantagem da liberação de tempo da área financeira para dedicação a suporte ao negócio. “Hoje somos vistos como parceiros de fato na condução de negócios. Conseguimos andar lado a lado com a área de negócios”, celebrou.
TERCEIRIZAÇÃO Edmundo Balthazar, diretor financeiro do Google, compartilhou que, na companhia, a área financeira tem hoje a tarefa de dar apoio ao negócio como um todo. “Precisamos ouvir os parceiros e entender a necessidade de cada área que suportamos. Finanças foi um departamento de back office, mas passou a ser uma área que precisa interagir e influenciar outras”, explicou.
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No Google, como em muitas empresas que se destacam por uma atuação estratégica em finanças, houve uma opção por terceirizar parte das atividades. “Mantivemos [internamente] aquilo que contribui com a geração de valor agregado e terceirizamos o que não faz parte do core business para poder crescer, eliminando ineficiências.” Na Avon, como revelou Carlos Zettler, diretor executivo de Finanças da companhia, terceirizar também foi uma opção adotada na América Latina, para agilizar a troca de dados entre as fábricas e os centros de distribuição na região e melhorar o controle de fluxo financeiro. O modelo escolhido pela Avon buscou parceiros para todos os serviços financeiros na América Latina, promovendo redução de custos para a empresa na comparação com uma operação totalmente interna, como ocorre na Europa. Comparando diversas formas de operação que a companhia mantém no mundo, Zettler diz que uma alternativa híbrida (diferente da latino-americana e da europeia), que terceiriza os processos financeiros não ligados ao negócio de forma estratégica e mantém o essencial, é a melhor. Nos EUA, essa foi a opção adotada. Para o diretor da Avon, uma lição importante aprendida nos últimos anos é que “a diferença entre uma empresa multinacional e uma global é que a multinacional está em vários países, mas só a global está em vários países com processos idênticos em todos eles”. É só com a visão do todo, tanto de curto quanto de longo prazo, que é possível entender a operação e ser relevante na definição estratégica da empresa, analisa ele.
PESSOAS, PROCESSOS E SISTEMAS Daniel Levy, diretor de Global Finance Services para a América Latina da Johnson & Johnson, defendeu que medidas best in class para finanças se baseiam em três grandes fundações adotadas por sua companhia e que servem de exemplo para outras organizações: pessoas, processos e sistemas. No que toca ao primeiro aspecto, ele considera que é importante promover uma mudança cultural para
entender de fato o que é ser uma organização com serviços financeiros de alta performance e ter as pessoas certas, nos lugares certos, pelo tempo adequado e motivadas para as funções de análise. Nos processos, a preocupação na J&F foi com o redesenho, de modo a contemplar as necessidades de todos os clientes internos. “Trabalhamos para transformar o que estava fragmentado em algo que atendesse a todos os clientes internos. Constituímos uma área de finanças única, provendo serviços para praticamente muitas empresas separadas [pertencentes ao grupo]. Conseguimos trabalhar com células autogeridas a um custo muito menor”, explicou. Por fim, quanto aos sistemas, a mensagem de Levy é de que é preciso compreender que não se adaptam completamente ao negócio. “O negócio também tem de se adaptar”, recomendou.
TECNOLOGIA A Penske, do setor de logística, voltou grande parte de seus esforços para implementar e aperfeiçoar sistemas e assim ganhar produtividade. “Atualizamos o ERP e investimos em um sistema de folha [de pagamento] mais adequado. Além disso, a área [financeira] era demasiadamente grande, com mais de 200 funcionários”, afirmou Ivanyra Correia, CFO South America da companhia. O modelo antigo deu lugar a uma estrutura mais enxuta, com processos apoiados em sistemas eficientes de informação. “Alinhamos [as operações financeiras] com a matriz e conseguimos reduzir os custos. A área financeira hoje é capaz de desenvolver previsões, orçamento e outros dados estratégicos no longo prazo.” As planilhas manuais geravam retrabalho e abriam brechas para eventuais erros. O upgrade tecnológico ajudou resolver esses pontos, com ganho de agilidade para executar processos burocráticos. Assim, ficou mais fácil atrair pessoas mais qualificadas e reter os talentos. É o mesmo que diz Elias Teixeira, diretor financeiro da operação brasileira da Canon. Ele conta que o trabalho manual, na área financeira, fica “muito vulnerável a erros e fraudes”. Teixeira defende que a área financeira, em parceria com outros setores – do TI ao comercial –, é capaz de trabalhar proativamente a parte de controle e dinamizar as soluções da empresa toda.
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EFICIÊNCIA
as definidas pelo agente regulador”, explicou. Nesse aspecto, contar com uma área de finanças eficiente é
Rinaldo Pecchio, vice-presidente financeiro da AES Brasil, ressalta a importância do aumento de eficiência trazido pela atuação estratégica área financeira, considerando com especial atenção características próprias do setor de atuação de sua companhia.
fundamental. As mudanças no departamento financeiro promovidas pela AES para melhorar a análise e o controle de dados envolveram estimular discussões em todos os níveis hierárquicos. “Introduzimos desde fóruns de performance até a análise de indicadores para verificar melhorias a serem feitas.”
O segmento de energia precisa repassar os aumentos de produtividade à fatura. Ou seja, se a empresa consegue reduzir seus custos de produção e fornecimento energético, o consumidor é beneficiado com redução de preços. “Essa lógica de repasses força ganhos de produtividade constantes. Se a empresa quiser ganhar dinheiro, tem de operar em condições melhores do que
Pecchio concorda com os outros palestrantes do evento da Amcham na avaliação de que a área financeira que quer se destacar e ser, realmente, um agente estratégico para a empresa tem de contribuir qualitativamente para os mais variados aspectos do negócio. “O ganho de eficiência da área financeira necessita ser conjugado com um ganho do próprio negócio”, concluiu.
VEJA TODOS OS DETALHES DA PESQUISA: Dentre os itens abaixo, qual você considera o mais importante para uma área financeira ser considerada best in class? 1. Padronização e melhoria contínua de processos financeiros e operacionais 2. Utilização e dados mais uniformes e confiáveis, permitindo que mais tempo seja investido em análises 3. Uso efetivo de serviços compartilhados e terceirização 4. Uso de processos e ferramentas de planejamento financeiro mais inteligentes, permitindo o preparo de orçamentos em tempo 25% menor
Na sua empresa, qual o maior desafio enfrentado para se atingir o conceito best in class? 1. Questões culturais 2. Alinhamento entre as áreas da organização 3. Investimentos (tecnologia, pessoas, base de dados, terceirização) 4. Perfil dos executivos atuais da área financeira (com foco tradicional)
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Em relação aos custos da área financeira, você acredita que para se obter uma maior eficiência é necessário: 1. Terceirizar serviços ou utilizar centros de serviços compartilhados 2. Flexibilizar processos 3. Automatizar o máximo de processos manuais 4. Adotar controles rigorosos 5. Alinhar a atuação da área de financeira à estratégia da empresa
DEPARTAMENTO FINANCEIRO EFICIENTE ATUA COMO PARCEIRO DE NEGÓCIO
Um departamento financeiro eficiente, considerado exemplo de desempenho, é aquele que vai além das atividades rotineiras de eficiência transacional (como contabilidade e produção de relatórios) e dos processos de controle, e assume posição de relevo no planejamento estratégico da empresa, atuando como parceiro de negócio e apoiando decisões corporativas com análises qualificadas. A tese é mostrada por estudo da PricewaterhouseCoopers (PwC) apresentado durante o CFO Fórum. O levantamento “Dirigindo ou Derrapando?” foi feito em 2011 junto a 130 empresas globais com atuação em 82 países, incluindo o Brasil, e abordou os desafios da função financeira e a busca por suas melhores práticas. Entre as companhias ouvidas, a falta de automatização dos processos financeiros aparece como um grande ponto de atenção. A pesquisa mostrou que 62% ainda usam planilhas manuais e perdem tempo e dinheiro por conta disso. “Apesar da disponibilidade de tecnologia testada e comprovada, os processos manuais ainda predominam”, destaca Luiz Eduardo Viotti, sócio líder de Consulting Finance da PwC Brasil, que apresentou o estudo na Amcham. Isso consome horas preciosas e aumenta o custo e a necessidade de supervisão gerencial.
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ENTREVISTA
podem aumentar a probabilidade a erros e exceções, assim como afetam sua capacidade em se adaptar rapidamente às mudanças”.
AUTOMATIZAÇÃO A pesquisa revela que fluxos de trabalho automatizados e interfaces entre sistemas e ferramentas, assim como armazenagem de dados e instrumentos sofisticados de planejamento e análise ajudam a ganhar tempo para ser investido em tarefas que agreguem valor e ainda ajudem a reter talentos. “A questão de eficiência envolve garantir que os processos estejam alinhados e sejam eficientes”, afirma Viotti. A diferença entre uma função convencional de finanças e uma best in class é significativa: os custos da primeira são 60% superiores e elas enfrentam maior dificuldade para se ajustar às mudanças do negócio e às exigências regulatórias, retrata o relatório. A PwC entende que “as empresas de alta performance estabelecem unidades de serviços multifuncionais apropriando-se das vantagens da automatização dos processos de ponta a ponta, aproveitando a sua estrutura de serviços compartilhados”. No caminho contrário, “empresas convencionais precisam de mais funcionários e adotam soluções provisórias, reduzindo eficiência e elevando custos que
VISÃO ESTRATÉGICA O estudo destaca que as empresas de alta performance têm 40% mais pessoal atuando em atividades qualitativas, agindo como parceiros de negócio, e consomem menos horas em tarefas rotineiras e mais tempo aconselhando diretores e equipes de negócios. Aproximadamente 80% dos entrevistados dizem que suas equipes de finanças estão assumindo um papel importante no planejamento estratégico, 20 pontos percentuais acima dos que declaravam isso na pesquisa do ano anterior. Os entrevistados que relataram que seus executivos de finanças exercem função preponderante no planejamento estratégico passaram de 63% do total (no estudo passado) para 78% (no levantamento atual). O salário médio pago nessas empresas de alta performance também é superior ao das convencionais para atrair os profissionais mais qualificados e capacitados a desempenhar esse papel estratégico. O gasto adicional é recompensado por uma maior eficiência, ressalta a pesquisa.
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ENTREVISTA
LUIS AFONSO LIMA
ECONOMISTA-CHEFE DA TELEFÔNICA DO BRASIL E DIRETOR PRESIDENTE DO SOBEET PERCEPÇÃO DOS EXECUTIVOS FINANCEIROS PARA ESTE ANO É POSITIVA, MAS TENDE A ESMORECER À MEDIDA QUE AS TURBULÊNCIAS SE PROLONGAREM Amcham:
Recentemente, o governo retirou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre financiamentos obtidos no exterior acima de 720 dias. Qual o efeito dessa medida para os investimentos?
Luis Afonso Lima:
Quando o governo usa instrumentos para gerir o câmbio, tira a visão do investidor. Ficar mudando regras atrapalha quem investe, pois compromete a previsibilidade do retorno. O investidor aplica seu capital com base em um horizonte de cinco anos, e seis meses depois o governo muda a regra?
Amcham:
Apesar do cenário internacional complexo, pesquisa da Amcham realizada durante o CFO Fórum revela que os executivos financeiros acreditam em crescimento das vendas neste ano. O que explica esse otimismo?
Luis Afonso Lima:
Os dados da pesquisa foram muito positivos, mas, pela experiência de crises passadas, creio que o otimismo vai esmorecer à medida que as turbulências se prolongarem no médio e longo prazos. O nível de atividade industrial no Brasil, bem como a confiança do consumidor e do empresariado, está menor, e isso é um aspecto negativo.
Amcham:
A sondagem da Amcham também mostrou que a queda dos juros deve ter pouco impacto sobre o nível de investimentos das empresas. Como o sr. analisa esse resultado?
Luis Afonso Lima: Na minha avaliação, é possível que a taxa de investimento caia. Os bancos estão mais receosos aqui e as matrizes no exterior estão optando
pelo repatriamento de capital. As empresas que, mesmo assim, querem investir estão encontrando mais dificuldades para captar dinheiro no setor bancário. Uma alternativa que está sendo bastante utilizada pelas grandes companhias é o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que tem sido um parceiro para investimentos de longo prazo. Quanto às médias e pequenas empresas, vejo que recorrem mais aos bancos públicos, que têm sido mais agressivos que os comerciais. É uma saída que, de qualquer forma, é importante para que as companhias diversifiquem suas fontes de recursos.
Amcham: Em sua apresentação, o sr. defendeu a
internacionalização das empresas brasileiras. O que espera nesse sentido para os próximos meses?
Luis Afonso Lima:
Nos próximos meses, haverá redução do processo de internacionalização. Tanto o investimento que chega das empresas estrangeiras como o que sai, das brasileiras, está reduzido. Estamos em um momento de instabilidade e incerteza, mas em 2013 ficará claro que as economias emergentes têm de ser o destino de investimentos diretos estrangeiros.
Amcham: Por quê? Luis Afonso Lima:
Cada vez mais, as empresas estrangeiras verão o Brasil como destino de investimento direto porque aqui existem oportunidades que não encontram mais nas economias centrais. Quanto às empresas brasileiras, elas devem voltar a investir no exterior a partir de 2013 por uma questão de competitividade. Não se pode mais contar apenas com o mercado doméstico. É preciso buscar novos mercados e se expor para ganhar competitividade.
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ENTREVISTA
MAURÍCIO MOLAN
ECONOMISTA-CHEFE DO BANCO SANTANDER PARA CRESCER NO LONGO TERMO, PAÍS TERÁ DE ELEVAR O PATAMAR DE INVESTIMENTOS
Amcham: Como o sr. avalia os riscos para o Brasil
diante da atual conjuntura externa?
Maurício Molan:
O que acontece é que passamos por um longo período de bonança em que os países se sentiam confortáveis para consumir fortemente, se endividando, mas esse modelo se mostrou não sustentável e dá lugar agora a uma fase de ajustes. Saímos da zona de conforto. O crescimento brasileiro será menor, a demanda por produtos brasileiros diminuirá e os preços das commodities terão uma inflexão. Não significa que a recessão no exterior gerará recessão aqui. Não vejo isso. O Brasil está bem: tem reservas internacionais, um mercado interno forte e está aproveitando o momento para reduzir a taxa de juros. A questão toda é o impacto que isso [as turbulências no exterior] tem sobre o crescimento do País nos próximos anos porque não conseguiremos expandir a economia no mesmo ritmo do passado.
Amcham
: Em sua avaliação, o atual modelo brasileiro baseado em consumo interno será capaz de continuar a sustentar o crescimento econômico?
Maurício Molan: Ele ajuda no curto prazo, mas, no longo termo, o que gera crescimento é o aumento de capacidade produtiva, que é determinado pelo ritmo dos investimentos. O consumo funciona quando age como estopim para o investimento. Se apenas o consumo aumentar, teremos de importar mais. País que quer crescer precisa elevar investimento. Gerar consumo não é tão complicado. Difícil é mudar o patamar dos
investimentos.
Amcham:
O que o Brasil precisa fazer para garantir mais investimentos?
Maurício Molan:
Desenvolver a infraestrutura e melhorar as condições de negócios. O Brasil vai mal nos indicadores principais do relatório Doing Business [do Banco Mundial, que mede a facilidade de se fazer negócios nas mais variadas partes do globo]. Quando olhamos para o desempenho fraco da indústria, o câmbio tem sido tratado como grande culpado, mas a preocupação maior do empresariado é com a carga tributária, seguida por infraestrutura e crédito. A [deficiência de] infraestrutura do País aumenta os custos de produção e isso derruba nossa competitividade internacional. Há ainda um aspecto que está ligado ao mercado de trabalho. Os custos de demitir e qualificar são altos, ao mesmo tempo em que vemos aumentos de salários sistematicamente acima dos ganhos de produtividade. No entanto, o que percebemos é o governo atuando com medidas pontuais para reduzir a carga tributária de setores escolhidos ou controlar a taxa de câmbio, o que politicamente é mais fácil do que realizar a reforma tributária.
Amcham: O governo tem agido para baixar os juros,
mas permanecem reclamações sobre a concentração bancária no País...
Maurício Molan:
Esse é um tema que tem sido muito debatido. O governo tem colocado muita pressão sobre os bancos para baixar os spreads [diferença entre
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ENTREVISTA
o custo de captação de dinheiro para os bancos e quanto cobram na ponta do tomador], e o senso comum diz que a concentração poderia impedir uma redução mais acentuada. Porém, o que acontece é que já há uma tendência de queda dos juros para o consumidor. A taxa caminha para patamares reais inferiores a 5%. O que impede uma redução mais rápida no momento atual é a inadimplência. Como fator restritivo a uma oferta de crédito mais acelerada, a inadimplência é mais relevante do que a concentração bancária.
acesso aos recursos de poupança dos consumidores. Isso acontecerá naturalmente com a redução da taxa de juros ao longo dos próximos anos.
Amcham:
Quais as projeções do Santander quanto ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro?
Maurício Molan: Projetamos 2,2% para este ano
Amcham: Como o sr. vê essa questão do ponto de
vista das empresas?
e 4,7% para 2013. Acreditamos que, no longo prazo, provavelmente o País não conseguirá repetir a média de 4,5% por ano que vimos entre 2004 e 2011.
Maurício Molan: O mercado de crédito no Brasil
Amcham:
ainda é muito regulado, e as próprias empresas se dizem pouco afetadas pela redução dos juros. Isso ocorre basicamente porque, para investimentos, muitas recorrem a recursos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. O necessário realmente, além da redução da taxa de juros doméstica, é o desenvolvimento do mercado de capitais para que as empresas tenham maior
Os empresários que participaram do CFO Fórum mostraram acreditar em avanço nas vendas em 2012. Como o sr. olha para esse indicador?
Maurício Molan:
Acho que está bastante em linha com o resultado macroeconômico e vai em direção contrária ao que se vê no senso comum, que prega que a economia vai mal e que o crescimento está baixo. O consumo [ainda] se expande a uma taxa considerável.
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ENTREVISTA
LUIZ EDUARDO VIOTTI
SÓCIO LÍDER DE CONSULTING FINANCE DA PWC BRASIL EQUILÍBRIO ENTRE COMPLIANCE, EFICIÊNCIA E VISÃO DE NEGÓCIOS É SEGREDO PARA ÁREA DE FINANÇAS BEM SUCEDIDA Amcham: Quais são, na sua avaliação, os principais
destaques da pesquisa da PwC apresentada no CFO Fórum? Como esses dados refletem a realidade brasileira?
Luiz Viotti:
No painel de discussões sobre as melhores práticas da área financeira, procuramos trazer um microcosmo que representasse a realidade internacional e brasileira ao mesmo tempo. Das 130 empresas ouvidas em nossa pesquisa, sete estão estabelecidas no Brasil e algumas são multinacionais estrangeiras que têm seu principal mercado no País. Na pesquisa, pudemos capturar bem as diferentes nuances das responsabilidades dos profissionais de finanças. Selecionamos uma amostra com o universo mais sofisticado das empresas e vimos que algumas estão claramente mais avançadas, como o Google, e outras estão buscando chegar a um nível de eficiência nos processos que permita trazê-las para o patamar de parceiro de negócios.
Amcham: Que conclusões podem ser extraídas do
estudo?
Luiz Viotti:
Ele reflete muito bem a realidade do mercado local. Ficou claro nas conversas prévias com as empresas que participaram do CFO Fórum que o dia a dia delas é exatamente o mesmo do dos respondentes da pesquisa. Questões de compliance, eficiência e visão de negócios fazem parte dessa atuação.
Amcham:
Esse é o tripé que norteia a atuação da área financeira?
Luiz Viotti: Certamente. O grande segredo para ser
bem sucedido é conseguir fazer o equilíbrio desse tripé. O que vemos às vezes são CFOs preparados para
questões de compliance e eficiência, mas muito pouco prontos para a visão do negócio. Esses CFOs terão vida curta porque, à medida que as empresas amadurecem e entram em mercados mais competitivos, são necessárias decisões mais ágeis.
Amcham:
Como equilibrar a boa atuação em compliance, eficiência e visão do negócio?
Luiz Viotti: O CFO que se preparar para atender as
necessidades da empresa e se expuser mais ao mercado terá de montar o tripé de forma bastante equilibrada. Nem todas as empresas conseguirão equilibrar os três pontos ao mesmo tempo porque isso depende do estágio de maturidade e capacidade do CFO de se cercar das pessoas certas. A área de finanças depende mais de pessoas do que de tecnologia e não é fácil conseguir as pessoas certas para exercer essas atribuições no nível adequado.
Amcham:
Em sondagem da Amcham realizada durante o CFO Fórum, os executivos financeiros demonstraram otimismo em relação ao desempenho das empresas neste ano, a despeito de um cenário exterior turbulento. Isso chega a ser uma surpresa para o sr.?
Luiz Viotti:
O Brasil tem uma posição muito privilegiada. Ouvimos dos economistas que o problema do País não é o tamanho de seu mercado interno nem o crescimento do poder aquisitivo do consumidor, mas há questões fundamentais da economia que têm de ser resolvidas, como todos os gargalos tributários e a [deficiência de] infraestrutura logística.
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ENTREVISTA
CARLOS ZETTLER DIRETOR EXECUTIVO DE FINANÇAS DA AVON SEM PESSOAS E PROCESSOS ADEQUADOS, IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS ACABA AUTOMATIZANDO A INEFICIÊNCIA
Amcham: Pesquisa da Amcham aplicada durante
o CFO Fórum revelou que 40% dos executivos presentes consideram que uma área financeira best in class precisa ter processos padronizados e buscar a melhoria contínua de processos financeiros e operacionais. Outros 38% indicaram como prioridade a utilização de dados mais uniformes e confiáveis, garantindo tempo para análises. Como o sr. vê esse resultado?
Carlos Zettler:
É necessário ter uma base forte, que são o controle e a entrada de dados. O departamento financeiro almeja ser um conselheiro de negócios da empresa, mas, se não tiver uma base de dados sólida, não adianta. Uma organização precisa ter processos, pessoas e sistemas adequados.
Amcham:
relevante?
Desse três elementos, qual é o mais
Carlos Zettler:
As pessoas são o ponto mais importante. Elas é que fazem a diferença. Muita gente fala que o mais importante é o sistema, mas ele em si pode acabar automatizando a ineficiência.
Muitas vezes um novo sistema de gestão financeira é implantado, automatizando funções, mas sem avaliar adequadamente os processos. Sem saber o que está acontecendo e definir responsabilidades, os erros passam a acontecer mais rapidamente e há retrabalho.
Amcham: O papel das pessoas com o emprego de sistemas também se torna diferente...
Carlos Zettler:
A pessoa tem de saber utilizar o sistema da forma correta, possuir a visão geral do negócio e acompanhar se a execução está seguindo a estratégia definida.
Amcham: Como é uma gestão financeira voltada
ao negócio?
Carlos Zettler: É preciso tomar medidas adequadas
para preparar o negócio para o mercado. Não se pode ter foco só no curto prazo, mas no médio e no longo. O financeiro tem de entender o negócio e seu ambiente, e possuir estratégia para avaliar se uma ação tem retorno não só no aspecto financeiro, mas na qualidade como um todo, incluindo não apenas redução de custo, mas também aspectos como adequação de pessoas.
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ENTREVISTA
E D M U N D O BA L THA Z A R DIRETOR FINANCEIRO DO GOOGLE TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS QUE NÃO SÃO CORE BUSINESS AJUDA A ECONOMIZAR TEMPO E RECURSOS PARA USAR NO NEGÓCIO EM SI
Amcham:
Qual a relevância de terceirizar operações que não são core business?
Edmundo Balthazar:
Vemos a terceirização como uma oportunidade para que possamos focar no que sabemos fazer. É uma maneira de economizar tempo e recursos e usá-los para o negócio em si, dar atenção a suporte, compliance, melhorias de processos, estruturação da empresa para ela chegar ao próximo nível. Quanto ao transacional, queremos que seja entregue dentro de níveis de controles pré-estabelecidos por nós para parceiros que tenham capacidade de fazer esse serviço com muito mais eficiência e a um custo mais competitivo. Desde o início, sempre buscamos conhecer e modelar nossos processos de negócios, focando muito nos processos-chave que agregam valor. Customizamos os sistemas para os regulamentos no País e investimos em automação, tudo para preparar uma estrutura com a qual pudéssemos crescer sem nos preocupar com ineficiências.
Amcham:
empresa?
Essas medidas servem para qualquer
Edmundo Balthazar: Sim. A empresa tem sempre de
olhar para aquilo que é core para ela e separar o que pode ser passado a parceiros estratégicos, que desempenharão [as outras funções] com muito mais eficiência, qualidade e a um custo mais competitivo. Somos uma empresa nova, com sete anos de operação. Definimos o escopo do que precisávamos terceirizar, respeitando as características locais que tínhamos. Fizemos um trabalho grande de buscar os parceiros que precisávamos a partir de sua capacidade técnica, língua, fuso [horário] e flexibilidade. Foi uma experiência interessante que nos permitiu crescer a taxas astronômicas e sair de uma presença reativa para uma participação no ecossistema de internet na América Latina de forma muito enxuta, bem estruturada e com um time de finanças que trabalha em tesouraria, operações financeiras e ciclo de planejamento financeiro, baseado nessa separação do que é valor agregado.
Amcham: Para uma empresa que tem a inovação como maior meta, qual o papel da área de finanças?
Edmundo Balthazar:
É suportar a companhia em seu crescimento, uma vez que a velocidade de inovação é muito grande. Se nos perdermos nisso, ficamos para trás. Então, é vital que tenhamos um nível de eficiência e entrega de valor agregado à organização muito rápido,
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ENTREVISTA
sem nos esquecer de entregar aquilo que é fundamental: compliance, [ambiente] regulatório, números bem apurados e demonstrações financeiras transparentes. Temos de ser um verdadeiro parceiro de negócios e ouvir cada área para entender sua necessidade. Foi-se o tempo em que finanças era só uma área de back office. Com um nível de exigência maior, ela passou a ser uma área que interage com todas as outras.
Amcham: Qual é o caminho para se tornar um real
parceiro de negócios da empresa?
Edmundo Balthazar: A informação é o grande ativo
que temos para prestar contas aos clientes e usuários dos serviços Google. Quando falamos de outsourcing, preparamos nossos processos, integramos o regional ao global, investimos em informação para dar suporte ao negócio e chamamos pessoas que foram preparadas para pensar fora da caixa de finanças. Pensamos do ciclo do produto até o ambiente regulatório de internet, que é complexo. O time tem de estar preparado para suportar essas áreas e determinar como levantaremos informações do negócio em todas as dimensões. Olhar lucro, custo e receita nos ajuda a apoiar a tomada de decisão para reposicionar um produto. O skill de finanças vai além do básico da função e passa a agregar valor aos projetos.
Expediente Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: André Inohara e Marcel Gugoni Crédito das fotos: Mário Miranda Diagramação: Daniel Salabert
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