São Paulo, 13 de junho 2011 O Brasil tem dado passos significativos em termos de inovação, mas é preciso muito mais. Mais, para aproveitar plenamente as potencialidades colocadas pela ascensão social da população, pelas descobertas do pré-sal, pela atuação de vanguarda em biocombustíveis e pela realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no país. Mais, para que as empresas consigam lidar com uma competição cada vez mais acirrada e com cenários econômicos em constante mutação. Mais, para enfrentar em melhores condições países concorrentes, especialmente os demais componentes do bloco Brics. Esta foi a mensagem principal do 3º Seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro, promovido pela Amcham e pela Fundação Dom Cabral em 19/05 na Amcham - São Paulo com apoio da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e Open Innovation Center. O evento reuniu cerca de 350 executivos de médias e grandes companhias com cargos de gestão da inovação e estratégia. Acesse o Material Relização
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Menu Principal A boa notícia é que maioria das empresas no Brasil de fato planeja trabalhar para colocar em prática esse progresso, ampliando seus investimentos em inovação, como detectou pesquisa realizada com os participantes do seminário (300 respondentes). Quase 80% dos consultados declararam essa intenção, enquanto 17% disseram pretender manter os aportes e 9% revelaram querer reduzir o montante aplicado. Clique aqui para mais detalhes sobre essa sondagem O senso de urgência na inovação foi a tônica de boa parte das discussões na Amcham, como salientou Soumitra Dutta, diretor acadêmico do eLab da Insead, um dos palestrantes. “O Brasil está vivendo um momento ‘doce’ de sua história. Não é mais o país do futuro porque o futuro é agora. São muitas as oportunidades. O problema é que outros países também estão em uma fase assim e vêm atuando de forma rápida e agressiva no que diz respeito à inovação. Por isso, é preciso discutir no Brasil uma plataforma ampla de inovação”, afirmou o professor, referência internacional no tema. Acesse a matéria completa sobre o debate No evento, ficou claro que a criação de redes colaborativas (com base no conceito de open innovation) pode ajudar muito a alavancar o processo de inovação. Leia a entrevista com Eduardo Wanick, presidente e CEO da DuPont para América Latina e presidente do Conselho de Administração da Amcham Outra lição importante foi de que a inovação é uma jornada, como demonstrou Pedro Suarez, presidente da Dow América Latina. Clique e saiba mais O seminário também mostrou cases de algumas das empresas que estão na vanguarda da inovação no país. Elas reinventam processos e produtos, diversificam negócios e têm a coragem de entrar em áreas de atuação inéditas. Acesse a matéria completa Para essas companhias, inovar é uma questão de sobrevivência, como compartilhou Paulo Matos, supervisor de Inovação Estratégica da Fiat. Leia entrevista completa com o executivo Durante o evento, a FDC apresentou pesquisa sobre as empresas e os produtos mais inovadores em 2010, assim como as universidades do País mais próximas das atividades de inovação das companhias e mais dinâmicas na cooperação com empresas para o desenvolvimento da inovação. Clique aqui para conhecer as eleitas
Quase 80% das empresas pretendem investir mais em inovação A grande maioria das empresas no país pretende ampliar os investimentos em inovação. Enquete realizada com 300 executivos de médias e grandes empresas com cargos de gestão da inovação e estratégia sinalizou que 78% têm esse objetivo. A pesquisa foi conduzida pela Amcham em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC) durante o Seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro. Uma parcela de 17% dos respondentes afirmou que pretende manter o atual nível de investimentos em inovação. Outros 6% declararam intenção de reduzir os aportes.
Tendências Questionados sobre as principais tendências de inovação, os executivos apontaram, por ordem de prioridade: CEOs mais focados na prática da inovação, inserindo esse conceito na cultura da companhia e tornando o ambiente mais propício a essa prática; Maior integração entre universidades e empresas; Mais investimentos em tecnologias e ferramentas para viabilização e aceleração da inovação; Aumento dos investimentos em inovação; Compartilhamento de centros de Pesquisa e Desenvolvimento com outras empresas do mercado; Facilitação nos processos de obtenção de financiamento público para projetos de inovação; Intensificação de aquisições e fusões na busca por novos produtos e mercados; Criação de modelos de remuneração e bonificação ligados diretamente a projetos e resultados relacionados à inovação; Redução do backlog (acúmulo de pedidos) de patentes no Brasil, proporcionando aumento das concessões, com qualidade e em um prazo menor; Transferência de inovações realizadas no Brasil para as matrizes.
Contexto atual Atualmente, as empresas, na maioria, investem pouco em inovação. Apenas cerca de 17% dos consultados disseram que suas companhias aplicam montantes superiores a 4% do faturamento em pesquisas e desenvolvimento tecnológico. Uma parcela de aproximadamente 74% faz aportes de até 4% do faturamento e um grupo de 9% disse que não aplica em inovação. A principal estratégia que as companhias adotam para avançar no desenvolvimento de novas tecnologias é a busca pelas melhores práticas de inovação junto às respectivas matrizes ou a outras empresas, de acordo com 39% dos respondentes. A ampliação da rede de parceiros e a formação de equipes de inovação também foram opções bastante citadas, com 23% e 17% das respostas, respectivamente. Voltar para página inicial
Cresce no Brasil senso de urgência em inovação para enfrentamento de países concorrentes O Brasil vive uma fase em que estão mais aguçadas as percepções de iniciativa privada, governo e meio acadêmico de que é preciso avançar em inovação com urgência para enfrentar em melhores condições países concorrentes, em especial a China. São imensas as potencialidades a serem exploradas perante a ascensão de classes no país, as descobertas do pré-sal, a atuação de vanguarda na área dos biocombustíveis e os eventos esportivos da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, entre outros fatores. Porém, o país tem o desafio de construir rapidamente uma plataforma mais eficiente para transformar ideias em fins produtivos para não colocar em risco essa fase promissora. Essa visão foi compartilhada pelos especialistas que participaram do Seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro. “O Brasil está vivendo um momento ‘doce’ de sua história. Não é mais o País do futuro porque o futuro é agora, são muitas as oportunidades. O problema é que outros países também estão em uma fase semelhante e atuando de forma rápida e agressiva no que diz respeito à inovação. Por isso, é preciso discutir no Brasil uma plataforma ampla de inovação”, afirmou Soumitra Dutta, cofundador e diretor acadêmico do eLab, centro de excelência em geração de valor da Insead, escola de negócios com campi na França, em Singapura e Abu Dhabi, além de um centro de pesquisas em Israel. “A inovação é um tema que ganha maior ênfase no País, uma questão de sobrevivência da nossa capacidade industrial e de serviços. É um grande desafio para as empresas que operam no Brasil lidar com os chineses, que agora chegam com produtos de altíssima qualidade. A concorrência, principalmente os asiáticos, tem atuado com muita eficiência e inovação”, completou Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral. Arruda lembrou que o Brasil retrocedeu em 2010 seis posições em relação ao ano anterior no ranking de competitividade elaborado pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Administração (IMD), com sede na Suíça, passando a ocupar a 44ª posição entre 59 nações analisadas. O País só não perdeu mais posições do que a Grécia e a África do Sul. “Estamos perdendo participação em produção de maior valor agregado”, destacou. Apesar dessa situação, Arruda reconhece que atualmente há esforços das companhias, universidades, centros de pesquisa e do governo Dilma Rousseff, com trabalho desenvolvido pelos ministérios e agentes de fomento, para ampliarem a cooperação e tornarem o ambiente mais favorável à inovação.
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Cresce no Brasil senso de urgência em inovação para enfrentamento de países concorrentes Brasil X Bric Após estudar a inovação nos quatro países do bloco Bric – Brasil, Rússia, Índia e China –, Soumitra Dutta avalia que a China hoje está em posição de destaque porque o governo tem sido o grande líder da transformação, impulsionando setores promissores. “O governo dissemina a ambição de que a China se tornará a primeira grande potência global, superando os Estados Unidos. Ele seleciona os setores-chave com grande potencial para conceder incentivos”, afirmou. Entre esses segmentos, o professor destacou os trens de alta velocidade chineses, que são os mais rápidos do mundo, utilizando trilhos tradicionais. O país tem ocupado grande espaço na Europa e nos Estados Unidos com as exportações desses veículos. Já na Índia, na análise de Dutta, a inovação é encabeçada pela iniciativa privada e a atuação do governo é tímida e ineficaz. Há uma onda de jovens empreendedores, que tomam como exemplo bilionários do milênio”, disse ele, referindo-se sobretudo aos empreendedores de sucesso na área de tecnologia da informação. Para Dutta, o Brasil teria muito a ganhar se fizesse a conjugação das fórmulas da China e da Índia, ou seja, trabalhar no aprimoramento das políticas públicas e, ao mesmo tempo, a liberdade empreendedora. Quanto à Rússia, Soumitra afirmou que, dentre os Brics, é onde a inovação está menos focada e a economia permanece muito centrada em commodities.
Conexões Eduardo Wanick, presidente e CEO da DuPont para América Latina e presidente do Conselho de Administração da Amcham, ressaltou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro representa 3% da economia mundial, mas o País detém somente 0,1% das patentes globalmente. Já os Estados Unidos, líderes em inovação, são responsáveis por 20% da economia mundial e 19% das patentes totais. Para Wanick, o descompasso no Brasil não é essencialmente resultado de deficiência de ações de governo, mas da própria comunidade de negócios, que não se apropria como deveria do conhecimento produzido. O Brasil conta com 2,8% dos papers científicos globais, mas um pequeno índice se transforma em patentes. “Lembro que, nos EUA, 90% das patentes são emitidas por corporações. Aqui, as companhias ainda têm de saber fazer uso da contribuição científica, estabelecer a conexão com as necessidades da sociedade”, frisou.
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Cresce no Brasil senso de urgência em inovação para enfrentamento de países concorrentes Wanick disse que políticas públicas podem, contudo, ajudar no engajamento das companhias com questões prioritárias do país; na maior ligação das empresas com o meio acadêmico visando aperfeiçoamento da educação e de pesquisas; e no suporte financeiro aos projetos de pesquisa de produtos e serviços ainda em estágios iniciais, quando é mais difícil fazer captações de recursos. “É necessário criar uma cultura de inovação consistente. O Brasil tem DNA para se tornar uma das economias mais fortes do mundo”, também enfatizou João Geraldo Ferreira, presidente e CEO da General Electric do Brasil. As empresas precisam ter a consciência de que devem buscar cooperação e parcerias com seus stakeholders na busca de novas soluções. Os processos de inovação não devem ser somente internos, disse Ferreira. “Um ambiente encorajador para inovar se faz com comunicação. É preciso interagir, compartilhar os conhecimentos internos e externos”, ponderou Pedro Suarez, presidente da Dow América Latina. Esse conceito de inovação aberta também foi defendido pelo diretor de Pesquisa e Inovação do Grupo O Boticário, Israel Feferman, e pelo professor Soumitra Dutta, que avaliaram que ainda não é devidamente apropriado pelas companhias no Pais. “Antigamente, havia os inovadores que eram cientistas, PHDs com seus jalecos brancos nos laboratórios. Hoje, a inovação é popular, qualquer indivíduo pode dar a sua contribuição”, comentou Dutta. Os participantes do seminário da Amcham reconheceram que ainda vigora em grande parte das empresas o desconhecimento sobre as linhas de incentivos governamentais oferecidas e a falta de adaptação de processos organizacionais para melhor aproveitá-los. O Grupo Fleury, de análises clínicas e exames laboratoriais, reestruturou toda a sua área de P&D visando aproveitar benefícios fiscais existentes, um exemplo da importância de se reverter esse quadro. “As companhias reclamam que não existem políticas de incentivo à inovação por parte do governo. No Fleury, desde o momento em que reestruturamos nossa área de P&D de acordo com os requisitos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), conseguimos aumentar nossa captação via Lei do Bem”, contou Rendrik Franco, diretor de Inovação do Fleury.
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Cresce no Brasil senso de urgência em inovação para enfrentamento de países concorrentes Ações de governo O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) pretende anunciar até o final de maio a Política de Desenvolvimento da Competitividade (PDC), que substituirá a até então chamada Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), destacou Mauro Borges, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Indústria (ABDI), autarquia ligada ao ministério. De acordo com ele, a ideia é que, com a PDC, a abordagem em relação ao pipeline (processo) da inovação seja alterada, com adaptação da legislação de incentivo baseada nas necessidades atuais das organizações. “As políticas de inovação terão as empresas como atores centrais e não os cientistas”, disse. Para elaborar a PDC, o MDIC realizou sondagens e verificou que, das 1400 companhias genuinamente inovadoras no País, apenas 400 tinham acesso aos incentivos diretos do governo. Ao preencher as carências no suporte dessas empresas líderes, o governo espera puxar as demais, que fazem parte de suas cadeias produtivas. Outra iniciativa do governo em curso é mudar o status da Finep de órgão para banco público, afirmou Ada Cristina Vianna Gonçalves, secretária técnica da Finep. Segundo ela, a mudança será feita em um período de três anos a partir de uma articulação com o Banco Central, com o objetivo de ampliar a capitalização, ou seja o crédito aos projetos de inovação e a instituições de pesquisa.
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Empresas no Brasil devem priorizar inovação aberta, defende presidente da DuPont para América Latina A inovação aberta (open innovation) deveria ser largamente aplicada por companhias no Brasil como chave para potencializar os negócios e a competitividade do país no cenário global. É o que defende Eduardo Wanick, presidente e CEO da DuPont para América Latina e presidente do Conselho de Administração da Amcham. A estratégia, segundo o executivo, consiste na criação de redes colaborativas formadas por funcionários, clientes e fornecedores, assim como outras organizações e meio acadêmico, dentro e fora do país, para atuar na busca de novas soluções. O Brasil é o mercado no qual a DuPont tem a maior penetração de seus produtos no mundo, resultado de um projeto amplo da companhia, que a partir de 2002 passou a adotar uma política de inovação focada especificamente nas necessidades dos países em desenvolvimento. Atualmente, os resultados da DuPont na América Latina têm crescido três vezes mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) da região. Eduardo Wanick participou do Seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro e concedeu a seguinte entrevista: Amcham: Durante o seminário, diversos especialistas afirmaram que o meio empresarial deve assumir a liderança no processo de inovação no País. O sr. avalia que a iniciativa privada deve ter, de fato, essa responsabilidade? Eduardo Wanick: O Brasil responde por 3% da economia global, mas gera apenas 0,1% das patentes no mundo. Isso mostra que é muito importante sabermos conectar a produção científica com as necessidades específicas do mercado e essa conexão se faz tanto nas empresas quanto nas universidades. Porém, claramente, é maior a responsabilidade das companhias de acessarem a produção científica do que vice-versa porque são elas que sabem de quê o mercado precisa. Amcham: Pode-se dizer que há um senso de urgência de inovação tomando conta do país? Eduardo Wanick: O mundo está cada vez mais acelerado. Antigamente, uma empresa criava algum produto ou serviço e passavam-se até dez anos sem que alguém inventasse algo melhor. Hoje, a inovação tem de ser constante, com ações todos os dias dentro das companhias. Os processos longos e burocráticos não se prestam mais à realidade dos negócios. É preciso estar conectado, ser ágil e manter uma rede colaborativa com outras empresas e entidades acadêmicas para conseguir essa velocidade toda. Voltar
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Empresas no Brasil devem priorizar inovação aberta, defende presidente da DuPont para América Latina Amcham: O país reúne muitas possibilidades diante da boa fase da economia, ascensão de classes sociais, descobertas do pré-sal e eventos esportivos da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O sr. vê disposição do governo para aperfeiçoar as políticas públicas em relação à inovação para que o País aproveite mais as oportunidades? Eduardo Wanick: Existe a disposição do governo de fazer isso, sim. O Ministério da Ciência e Tecnologia e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior estão engajados nisso. Com certeza, muitas coisas precisam ser feitas rapidamente. Mas já é possível notar algumas evoluções nessa área. Um exemplo bom é o esforço da Petrobras de criar um centro de open innovation para resolver os problemas e os desafios tecnológicos do pré-sal. Amcham: Desde 2002, a DuPont passou a adotar ações específicas de inovação para o desenvolvimento de produtos e serviços destinados aos países emergentes porque, até então, os objetivos eram muito centrados nas nações desenvolvidas. Atualmente, qual é a importância do Brasil para a multinacional? Eduardo Wanick: A DuPont vê o Brasil muito estrategicamente. Trata-se do país onde a penetração da companhia é a mais alta do mundo. Definirmos a penetração como a receita da DuPont em determinado país dividida pelo PIB. A posição do Brasil é decorrente dessa mudança na filosofia da inovação. Amcham: Qual é a relevância da inovação aberta? Eduardo Wanick: Um ponto-chave em termos de inovação é a colaboração entre empresas. Hoje, é muito difícil pensar que uma companhia encontrará sozinha respostas para grandes problemas. Portanto, as empresas devem se sentir mais livres e abertas para colaborar umas com as outras. É necessário ter disposição para fazer alianças com outras organizações, colaborar com a área acadêmica, buscando alianças dentro e fora do país, para desenvolver soluções. É preciso fazer isso; caso contrário, ficaremos para trás.
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Jornada da inovação é complexa, porém motivadora, explica presidente da Dow América Latina Para o presidente da Dow América Latina, Pedro Suarez, a inovação é um trabalho árduo e contínuo dentro das companhias, porém motivador porque tem como resultado soluções satisfatórias para os clientes e para o progresso. “A inovação é uma jornada, um caminho distante, mas muito prazeroso de se percorrer. Nunca teremos um diploma de inovador, mas isso é o que nos dá força para chegar lá”, afirmou Suarez, que participou do Seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro. Suarez ressaltou que a inovação precisa ser enraizada na cultura das empresas como forma de sobrevivência. Nesse sentido, as organizações devem manter diversos canais para receber sugestões sobre os mais variados assuntos. “Saber ouvir é salutar quando se fala em inovação”, constatou. Passo a passo O presidente da Dow na América Latina deu lições de como as corporações podem incrementar o processo de inovação: • Garantir tempo para inovar: a pressão por resultados no curto prazo não pode inibir os processos de criação, de busca de novas soluções e planejamento de longo prazo; • Criar um ambiente encorajador: a comunicação é a palavra mágica ligada à inovação. É fundamental compartilhar conhecimentos e experiências dentro e fora da companhia; • Medir resultados: a mensuração da inovação não está restrita somente ao número de patentes geradas porque os benefícios à sociedade também devem ser contabilizados (atenção às práticas sustentáveis); • Liderar ativamente: a atuação dos gestores da companhia deve servir de exemplo a todos os colaboradores. Os processos de inovação só funcionam com liderança focada e impulsionadora das estratégias. Pedro Suarez disse que a maior participação de novas gerações no mercado de trabalho traz uma perspectiva diferenciada ao meio empresarial no Brasil. “Até 2014, quase 50% dos trabalhadores serão os milênios (nascidos a partir de 90), trazendo uma nova mentalidade muito mais voltada á inovação do que as outras gerações, o que é uma oportunidade fantástica.”
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Desenvolvimento tecnológico é primordial para o futuro das companhias O acirramento da concorrência e as mudanças cada vez mais rápidas de cenários econômicos estão obrigando as empresas a reinventarem processos e produtos, assim como entrar em áreas de atuação inéditas. É o caso de Vale, Suzano Papel e Celulose, Fiat e Microsoft, que mostraram seus cases no 3º Seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro. Essas companhias têm adotado estratégias que passam pela diversificação dos negócios ou pela criação de produtos mais adaptados às aspirações dos clientes e com alto teor tecnológico. “As regras mudarão inexoravelmente, e temos de estar preparados. A forma como a mineração era feita há cinquenta anos é inaceitável hoje, assim como o que fazemos agora será impraticável em cinquenta anos”, disse o diretor do Departamento do Instituto Tecnológico da Vale, Luiz Mello. A mineradora possui vários centros de pesquisa tecnológica no Brasil e na América do Norte, que desenvolveram processos de extração de minérios de forma mais econômica e menos agressiva ao ambiente. A Vale também mantém parcerias tecnológicas com as principais instituições de pesquisa em mineração no mundo. “O principal desafio da mineração é fazer negócios de forma mais verde”, comentou Mello. Também como parte de sua preparação para o futuro, a maior mineradora de ferro do mundo passou a atuar em segmentos inexplorados, como o de metais não-ferrosos, fertilizantes e energia.
Impactos das novas tecnologias O surgimento de tecnologias novas, como as mídias eletrônicas, teve desdobramentos importantes em setores como papel e celulose. Para o gerente executivo de Estratégia e Marketing da Unidade de Papel da Suzano Papel e Celulose, Adriano Canela, as novas mídias, diferente do que muitos pensam, podem ser oportunidades de negócio. “Hoje as pessoas acessam muito mais informações do que antes, o que pode levar a um consumo maior de papel”, afirmou. Canela contou que a Suzano foi pioneira em seu setor na inovação de produtos. Foi a primeira empresa a produzir celulose a partir das fibras de eucalipto e papel reciclado em escala industrial (desde 2001), e a pioneira no lançamento de produtos com base na Pegada de Carbono (medição do impacto da produção individual de gás carbono no meio ambiente).
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Desenvolvimento tecnológico é primordial para o futuro das companhias A inovação faz parte do processo de crescimento da Suzano, segundo Canela. “O foco da companhia é consolidar sua presença na América Latina por meio de negócios rentáveis a partir da base florestal renovável”, comentou. Para isso, a empresa investiu na diversificação de atividades como fornecimento de energia a partir de fontes renováveis – caso de ripas de madeira – e desenvolvimento de pesquisas de biotecnologia e gestão florestal. No cenário atual, a concorrência de um produto não vem apenas das companhias do mesmo segmento. Paulo Matos, supervisor de inovação estratégica da Fiat, disse que as montadoras estão enfrentando a concorrência de outros setores da economia. “Uma nova geração de consumidores não está interessada em carros, mas em dispositivos como o iPad e o iPhone”, observou. Os casos mais recentes de inovação de produtos da Fiat foram o automóvel Uno, cuja linha foi remodelada neste ano, em parceria entre o Centro Estilo Fiat para a América Latina e a matriz italiana. Outro produto inovador é o carro-conceito Fiat Mio, criado a partir de sugestões de internautas no mundo todo e apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo em 2010.
Na Microsoft, investimento de US$ 8 bilhões ao ano Na gigante americana Microsoft, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos são da ordem de US$ 8 bilhões por ano, segundo Franklin Luzes, gerente de inovação da Microsoft Brasil. “Imaginamos como será o mundo dentro de 15 anos em termos de interação homem-máquina e necessidades de dispositivos de segurança. Testamos a aplicabilidade das soluções em nossos laboratórios e trabalhamos para criar produtos que serão usados em três ou quatro anos”, disse Luzes. A empresa possui diversos programas de incentivo à criatividade. Um deles, chamado de ThinkWeek, é uma iniciativa surgida há quase 30 anos que consiste na coleta de ideias com potencial “para dar continuidade à vantagem competitiva da Microsoft”. Entre essas sugestões, surgiu o videogame interativo Xbox 360 Kinect, criado por um brasileiro, que se tornou um exemplo de sucesso na Microsoft Corporation. Outra solução criada na Microsoft a partir da sugestão de brasileiros foi o Windows Starter Edition, um sistema operacional com menos recursos que o Windows e voltado para consumidores de menor poder aquisitivo. No Brasil, uma das sugestões que se transformou em caso de sucesso foi a carreta Fórum de Soluções, uma estrutura móvel de apresentação de produtos e soluções.
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Desenvolvimento tecnológico é primordial para o futuro das companhias “Durante a crise de 2008, tivemos de cortar investimentos e, com isso, precisaríamos deixar de atender a eventos que tratassem de inovação”, afirmou Luzes. Diante daquela situação, um dos colaboradores sugeriu montar um caminhão equipado com as últimas novidades tecnológicas e que fosse capaz de se mover não só para as capitais, mas também cidades importantes. “Reduzimos em 10% o custo anual com eventos”, assinalou o executivo.
Corrida contra o tempo Para diminuir a distância competitiva em relação a outros países, o Brasil precisa dar saltos de inovação, concordaram os participantes do seminário realizado na Amcham-São Paulo. “É preciso pensar em superar rapidamente os concorrentes, e há muitas opções para isso no Brasil”, disse Soumitra Dutta, cofundador e diretor acadêmico do eLab, centro de excelência em geração de valor da Insead. Dutta sugere a criação de produtos relacionados especificamente à realidade dos mercados emergentes, como carros baratos e confiáveis. “A Tata Motors, que lançou o Nano (veículo popular que custa US$ 2 mil), desenvolveu 90 patentes diferentes para o carro”, comentou o professor. Além disso, as organizações também devem ser responsáveis por estimular a criatividade nas pessoas. “É preciso permitir que os jovens tenham voz. É papel dos CEOs dar espaço a eles e permitir que vejam além das fronteiras.”
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Inovar é uma questão de sobrevivência, diz executivo da Fiat O Brasil produz inovação tecnológica de ponta, mas não em quantidade suficiente para superar a concorrência de outros países. Para Paulo Matos, supervisor de Inovação Estratégica da Fiat, o país possui vocação tecnológica em algumas áreas, como a produção de biocombustíveis e fibras naturais. No entanto, para aumentar a produção tecnológica, é preciso que as empresas criem uma relação mais estreita com as universidades. Elas exercem papel fundamental na formação de mão de obra qualificada, pois, além da capacitação técnica, também fornecem os modelos mentais de inovação, argumentou o executivo da Fiat. Matos concedeu entrevista à Amcham após participar do Seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro. Acompanhe: Amcham: Como está o nível de inovação de produtos e processos no setor automobilístico? Paulo Matos: Hoje, em termos de desenvolvimento de produtos da Fiat, temos um polo importante no Brasil. Também já ultrapassamos nossa matriz na Itália em produção e somos o maior fabricante de automóveis do grupo. Nossa proposta é caminhar com a inovação. Como exemplos, temos o carro conceito Fiat Mio e o novo Uno – este último, um carro produzido de fato no Brasil, resultado de um processo de maturação e desenvolvimento interno. Amcham: Como a Fiat vê o Brasil nesse contexto? Paulo Matos: Para o grupo Fiat, o Brasil é muito importante. Aqui temos algumas oportunidades que não seriam possíveis em outros lugares, seja do ponto de vista tecnológico ou mercadológico. Quando se fala em tecnologia, o desenvolvimento de fibras naturais é mais fácil no Brasil do que na Europa, assim como acontece com o biocombustível. Além disso, o mercado brasileiro possui desafios importantes em função do crescimento do mercado interno. Inovar não é uma questão de vontade ou capacidade, mas de sobrevivência. Amcham: Na sua avaliação, qual é a vocação tecnológica do Brasil? Paulo Matos: Há coisas que julgamos saber fazer muito bem. Como case de produção, resolvemos questões logísticas importantes. Isso levou nossa unidade de Betim (MG) a ser a segunda maior fábrica de automóveis do mundo, sempre em disputa acirrada para ser a primeira. Em tecnologia, posso citar o desenvolvimento dos biocombustíveis, mas também produtos mais adequados às condições de rodagem no Brasil, como sistemas de suspensão. Estamos criando um DNA tecnológico que está integrado ao resto do mundo. O Brasil não concorre com a matriz da Itália, mas faz parte de uma rede mundial de desenvolvimento de produtos. Nossa capacidade tecnológica equivale à de centros automotivos desenvolvidos, como Itália e Detroit, nos EUA. Temos um patamar elevado de estrutura de inovação e, por isso, estamos preparados para dar um salto de qualidade. Mas temos muito trabalho a fazer.
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Inovar é uma questão de sobrevivência, diz executivo da Fiat Amcham: Como a falta de mão de obra qualificada atrapalha o desenvolvimento da inovação no país? Paulo Matos: Quem faz a inovação são as pessoas. Se não houver gente boa para trabalhar, ela não acontece. Nesse quadro, a universidade, como fornecedora de pesquisas e bons profissionais, desempenha um papel muito importante. É preciso discutir como as universidades desempenham hoje essa função e sua proximidade em relação ao tema da inovação. Elas devem não só trabalhar a formação de pessoas propensas a inovar do ponto de vista técnico, mas também desenvolver modelos mentais para isso. Amcham: A indústria automobilística tem recebido mão de obra qualificada das universidades brasileiras? Paulo Matos: Sim, mas não na quantidade necessária. Temos boas universidades no Brasil e recebemos alunos com nível de preparo semelhante ao de qualquer boa instituição acadêmica do mundo. Porém, precisamos de mais UFMG, Unicamp, USP e tantos outros bons exemplos no Brasil.
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Pesquisa FDC: Apple é eleita empresa mais inovadora em 2010 A Apple é a empresa mais inovadora de 2010 e o Ipad, tablet desenvolvido pela companhia, se destaca como o produto mais inovador, segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral (FDC) junto a 122 gestores de Inovação e Planejamento Estratégico que atuam no Brasil divulgada no Seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro. A Apple recebeu 70% dos votos dos consultados, seguida por Natura (10%), Azul Linhas Aéreas (8%), O Boticário (6%) e Facebook (4%). Quando instigados a apontar as três empresas mais inovadoras a partir de uma lista sugerida, os entrevistados colocaram a Natura na liderança com 23% dos votos. Em seguida, vieram 3M (16%), Fiat (13%), Embraer (11%), Itaú (11%), Embrapa (10%), O Boticário (7%), Braskem (7%), TOTVS (6%), Whirlpool (6%), Vale (6%), Petrobras (5%); P&G (4%), Oi (4%), Coca-Cola (3%), General Electric (3%) e Rhodia (2%). Na categoria produto ou serviço mais inovador, o Ipad teve 66% dos votos, e, na sequência, foram eleitos Novo Fiat Uno (14%), Compras Coletivas (11%), Kinect (7%) e Android OS (7%). Diante de uma lista de produtos e serviços inovadores, os consultados novamente colocaram o Ipad na liderança (30%), seguido por Groupon (27%), Televisão 3D (16%), Máquina Cielo (12%), Azul (9%), Novo Fiat Uno (9%), Wikileaks (9%), 24X7 Vending Machine (3%), Havaianas (2%) e Disque-Denúncia (1%). Universidades O estudo da Fundação Dom Cabral buscou apurar ainda qual é a universidade mais próxima das atividades de inovação das companhias. A USP aparece em primeiro lugar, com 29% dos votos. A seguir, vêm Unicamp (26%), a própria FDC (21%), Universidade Federal de São Carlos – UFSCar (21%), Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (11%), Fundação Getúlio Vargas – FGV (11%), Mackenzie (11%), Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (8%) e Universidade Federal de Viçosa – UFV (8%). Os gestores de Inovação e Planejamento Estratégico elencaram também as três universidades que consideram mais dinâmicas na cooperação com empresas para o desenvolvimento da inovação. Neste caso, a Unicamp assume a primeira posição, com 24% das indicações, seguida por USP (20%), UFSCar (13%), USP de São Carlos (12%), Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA (10%), UFMG (6%), UFSC (5%), Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Universidade do Rio do Vale do Rio dos Sinos – UniSinos (4%), Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG (2%), PUC do Rio de Janeiro (2%) e Universidade Federal de Pernambuco e Universidade de Brasília – UnB (1%).
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