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A CABRA
ENSINO SUPERIOR
3ª feira, 15 de Abril de 2008
Instituições de ensino ajudam alunos através de ‘part-times’ BRUNA GUERREIRO
Universidade de Coimbra e Escola Superior de Educação de Coimbra promovem programas de apoio a alunos que pretendem estudar e trabalhar na instituição que frequentam Por Ana Coelho João Luzio Andreia Pereira Os projectos são vários, mas têm todos a mesma finalidade: proporcionar a quem estuda no ensino superior trabalhar na instituição onde se está inscrito. Muitos trabalham por necessidade, outros para conseguir rendimentos extra. A Universidade de Coimbra (UC) dispõe de mais do que um projecto para estes casos, na maioria prestados pelos Serviços de Acção Social da UC (SASUC). Os programas, apesar de não serem divulgados oficialmente, são conhecidos entre a comunidade e procurados por muitos. Há 44 anos que António Luzio Vaz, administrador dos SASUC, tenta responder aos pedidos de trabalho dos estudantes. Posteriormente, surgiu nos serviços o projecto “Apoio a Alunos por Alunos” com o objectivo de permitir que estudantes da UC possam obter rendimentos extra. “É uma forma de estarem em contacto com o mundo do trabalho”. Os estudantes podem-se inscrever nos Serviços de Alimentação ou directamente nos SASUC. “Há sempre trabalho. Nem que não sejam muito precisos, tentamos pô-los sempre em algum lado”, avança. “Nas cantinas recebem-se três euros e cinquenta cêntimos por hora”, adianta. Também podem receber em senhas de refeição, mas de forma opcional. Na origem das verbas está o Fundo de Apoio ao Aluno.
Os rostos do projecto Taliton Valentim é estudante de Direito na Universidade de Coimbra pelo programa Erasmus e trabalha no “Sandwich-Bar”, junto às Cantinas Amarelas, pelos SASUC. Taliton era frequentador assíduo do bar e ali tomou conhecimento do projecto de que hoje faz parte. A informação do programa é transmitida “de boca em boca”, diz. O estudante revela que procurou os serviços de alimenta-
O “Sandwich-Bar” é um dos serviços dos SASUC mais procurados pelos estudantes para trabalhar em ‘part-time’
ção para trabalhar “de forma a não atrapalhar o horário dos estudos”, pois o horário de expediente é flexível. Taliton vê vantagens no serviço, pois dessa forma pode aplicar o dinheiro extra “sem sobrecarregar” os pais. Também a aluna Carla Marques, de Engenharia Geológica e de Minas na Faculdade de Ciências e Tecnologias da UC, trabalha no “Sandwich-Bar”. “Os meus pais não me podem pagar as propinas e para o resto das despesas”, justifica. Euclides Cassamá é outro dos que optou pelo programa. “Trabalho dois dias, uma média de 10/12 horas por semana”, conta. Fala numa boa relação entre colegas e sentese agradado por “conciliar o trabalho, flexível, com os estudos”.
Outros serviços na UC Para além desta modalidade, os Serviços de Acção Social da UC implementaram o apoio em residências universitárias. Quem tem mais dificuldades, paga o alojamento com trabalho, refere Luzio Vaz. Ao todo são cerca de 20 os alunos envolvidos. Também o Gabinete de Comunicação e Identidade da Universidade de Coimbra abre a possibilidade de captar alunos da instituição. Pedro Nunes, estudante de Mestrado em Relações Internacionais, colabora no pro-
jecto de captação de potenciais futuros alunos, em várias escolas do País. Para isso, teve “um dia de formação oferecido pela Reitoria, em que são explicadas algumas técnicas de abordagem e pontos importantes a focar”. Pedro Nunes, além de trabalhar na captação de estudantes, colabora no Teatro Académico de Gil Vicente como assistente de sala. Também por questões financeiras decidiu inscrever-se no teatro para trabalhar. Para o estudante, o trabalho “interfere de qualquer forma nos estudos”. “Contudo, nada que me pareça incontornável”, salvaguarda.
ESEC com programa semelhante Tal como na Universidade de Coimbra, a Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) criou em 2005 um projecto para empregar os alunos na instituição, o “ESEC Suporte”. A vice-presidente do conselho directivo da escola, Cristina Faria, explica que o principal objectivo é, à semelhança dos SASUC, ajudar os alunos. Os estudantes são informados via e-mail e através do Núcleo de Apoio ao Aluno, que coordena o projecto. Segundo Cristina Faria, neste projecto não há contratos, pois os alunos trabalham como voluntários. Quando são precisos para trabalhar nas
salas de informática e no Centro de Meios Áudio Visuais, “contactamos o núcleo”. Por isso mesmo, os horários são feitos para que “não sejam nunca coincidentes com as aulas”. O pagamento e a distribuição das pessoas ficam a cargo da associação de estudantes. A vice-presidente do conselho directivo reconhece que o serviço ganharia vantagens se “a nível legal e de financiamento fosse permitido contratar directamente os alunos” sem isso se reflectir na atribuição de bolsas.
Números
50
Alunos da UC trabalham para os SASUC.
Estudantes empregados no “Sandwich-Bar”, através dos SASUC.
20
11
Alunos trabalham nas residências.
Alunos da ESEC trabalham para a escola, distribuídos pelas salas de informática e pelo Centro de Meios Áudio Visuais.
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