(Re)conhecendo o Setor Central: Patrimônio, Práticas e Morfologia - Parte 2 | Projeto 5

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PARTE 2

O SETOR CENTRAL: PATRIMÔNIO, PRÁTICAS E MORFOLOGIA

PROJETO 5

ANA BEATRIZ STRINGHINI

CARLA ESPER

EMILY BALDOINO

MARIANNE TOMAZ


INTRODUÇÃO .................................................. 2

GOIÂNIA, SETOR CENTRAL E PATRIMÔNIO.......................... 3

O ENTORNO DO JÓQUEI CLUBE E SUA INSERÇÃO NO ACERVO PATRIMONIAL DO CENTRO .......................................11 EIXO CULTURAL ....................................................11

MAPEAMENTO DO ENTORNO ............................................17

PASSEIO PELA QUADRA ........................................19

DIRETRIZES URBANAS ..........................................21

OBJETIVOS.........................................................21

PROPOSTAS.................... ....................................23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................... ...............26


U

EI CL

UB

E

DE

GOIÂN

JÓQ A I

INTRODUÇÃO Este trabalho busca compreender o Setor Central de Goiânia, a partir do estudo da sua história, da sua estrutura espacial e das suas dinâmicas sociais, desenvolvendo uma análise crítica da região e do que ela representa para a cidade. Reconhecidos como patrimônio histórico e artístico pelo IPHAN, o traçado urbano e parte das edificações e dos espaços públicos do centro de Goiânia compõem grande parte da identidade cultural da cidade. A partir disso, este trabalho concentra-se na inserção do Jóquei Clube de Goiás dentro deste contexto e na sua relação com o entorno, estabelecendo diretrizes projetuais para uma proposta de intervenção no edifício, que contemple as necessidades e os interesses da população goianiense, de maneira democrática e coerente com o projeto original, idealizado pelos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e João Eduardo de Gennaro, em 1962.


2

No século XX, a carência de desenvolvimento econômico no Brasil Central motivou transformações que acarretaram em um empreendimento político de modernização das regiões Norte e Centro-Oeste do país: a chamada “Marcha para o Oeste” promovida por Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo. Assim, em meados da década de 1930, Goiânia surge como uma cidade moderna, concebida em um contexto de renovação e assumindo um preceito de modernidade e um modelo desenvolvimentista em contraposição à até então capital goiana, a Cidade de Goiás (CAIXETA; FROTA, 2013). No momento em que a produção modernista estava em ebulição, Attílio Corrêa Lima, e posteriormente com intervenções de Armando de Godoy, foram os responsáveis pelos primeiros planos urbanísticos da nova capital do estado de Goiás, comprometidos e influenciados pelo urbanismo científico francês. O traçado urbano, então, teve como ponto de partida a adequação às condições naturais do terreno, privilegiando a mobilidade, o zoneamento e o loteamento. Demonstrando uma preocupação com a topografia e a hierarquia das vias, Attílio concebe uma geometria de três principais avenidas – sendo elas, a Avenida Goiás, Tocantins e Araguaia – que convergem para o elemento urbano de uma praça central, a Praça Cívica, que concentra alguns dos edifícios administrativos governamentais (VIEIRA, 2012).


Figura 1: Carro de bois na Praça Cívica. 1936. Alois Feichtenberger. Fonte: Acervo Museu de Imagem e Som de Goiânia (MIS-GO)

Figura 2: Vista aérea – Construção de Goiânia: Praça Cívica e convergência das Avenidas. Década de 1930. Fonte: Acervo Museu de Imagem e Som de Goiânia (MIS-GO)

Figura 3: Vista aérea – Praça Cívica e convergência das Avenidas. Década de 1960. Fonte: Acervo Museu de Imagem e Som de Goiânia (MIS-GO)

Figura 4: Vista aérea - Praça Cívica. Silvio Berto. Fonte: IBGE.

Figura 5: Praça Cívica. Fonte: IBGE.

Figura 6: Praça Cívica. Fonte: IBGE.

Figura 7: Vista aérea - Avenida Anhanguera. Década de 1960. Alois Feichtenberger. Fonte: Acervo Museu de Imagem e Som de Goiânia (MIS-GO)

Figura 8: Vista aérea - Avenida Goiás. Fonte: IBGE.


GOIÂNIA, SETOR CENTRAL E PATRIMÔNIO O plano de urbanização de Goiânia de 1938, realizado durante o mandato de Pedro Ludovico Teixeira, foi estabelecido em malha ortogonal e simétrica, subdividindo toda a área em zonas, assim como mostrado na Figura 13. Além da previsão de edificações em alguns lotes no terreno, observa-se uma vasta zona comercial na região central do mapa, indicado por um preenchimento

na

cor

amarela

e

silhueta

vermelha, no qual permanece resistente ainda hoje. Ainda no plano urbanístico, nota-se que as quadras contêm vielas de serviço em seu interior, nas quais foram alteradas ao longo do tempo e, consequentemente, não mantêm por completo a simetria do traçado urbano. As vielas planejadas por Attílio, no entanto, tiveram as suas dinâmicas de uso e apropriações cotidianas alteradas ao longo do tempo. É possível

depreender,

por

sua

vez,

que

esses

ambientes urbanos planejados que outrora foram utilizados atualmente encontram-se, em sua maioria, negligenciados e subutilizados como estacionamento, repelindo os indivíduos em virtude da sensação de insegurança que gera e da inacessibilidade para os pedestres.


Figura 13: Plano de Urbanização de Goiânia de 1938. Fonte: SEPLAN, 2004 apud BARBOSA, 2017.


2 Em consonância com o plano urbanístico da cidade, os edifícios pioneiros de Goiânia revelaram uma linguagem arquitetônica aproximada com o racionalismo europeu, construções atualmente reconhecidas pelo “Art Déco” associados à volumetrias simétricas e ao emprego de elementos decorativos geométricos (CAIXETA; FROTA, 2013). Algumas das edificações, monumentos e espaços públicos da cidade são atualmente tombados como patrimônio histórico e artístico pelo IPHAN, tais como o traçado urbano, o conjunto da Praça Cívica, o Teatro Goiânia, o Grande Hotel, dentre outros. Dessa forma, entende-se que o contexto urbano da cidade, tendo em consideração o traçado urbanístico e as construções na linguagem arquitetônica do “Art Déco”, simboliza uma importante construção de identidade e patrimônio na capital goiana.


Figura 17: Colégio Ateneu Dom Bosco. Fonte: IBGE.

Figura 14: Praça Cívica - Palácio das Esmeraldas. Fonte: IBGE.

Figura 18: Rua 6. Fonte: IBGE

Figura 15: Praça Cívica - Palácio das Esmeraldas. Fonte: IBGE.

Figura 16: Praça Cívica - Museu Goiano Zoroastro Artiaga. Fonte: IBGE.

Figura 19: Avenida Goiás. Fonte: Site Skyscraper City.


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1 3

7

4


12 11

9 13

7

6 9

9

14

10

1

JÓQUEI CLUBE

8

BOSQUE DOS BURITIS

2

TEATRO GOIÂNIA

9

COMÉRCIO E AMBULANTES

3

VILA CULTURAL CORA CORALINA

10

PRAÇA CÍVICA

4

BECO DA CODORNA

11

VIELAS

5

CINE OURO

12

FEIRA ESPECIAL

6

RUA DO LAZER

13

EIXO ANHANGUERA

7

GRANDE HOTEL

14

RELÓGIO ART DECO


av. tocantis av. anh ang uer a

1

2

3

11


EIXO

CULTURAL

4

5

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1

JÓQUEI CLUBE

5

CINE OURO

2

TEATRO GOIÂNIA

6

RUA DO LAZER

3

VILA CULTURAL CORA CORALINA

7

GRANDE HOTEL

4

BECO DA CODORNA

RUA 3


3

EIXO CULTURAL


T

NIA

Nome: Teatro Goiânia Início da construção: 1940 Inauguração: 1942 (Cine-Teatro Goiânia) Reinauguração: 1978 (Teatro Goiânia) Tombamento: 1982 Segunda reforma: 1998 (Teatro Goiânia) Arquiteto: Jorge Félix Criado em 1942 durante o Batismo Cultural da nova capital, com o nome de Cine Teatro Goiânia, o Teatro Goiânia mantém os detalhes arquitetônicos de sua concepção original. Sua última reforma foi em 1998, com reinauguração em 28 de novembro. Na reforma geral, recebeu 100 novos lugares. Com isso, passou a acolher 836 pessoas. Nesta reforma, também houve a retirada da antiga lanchonete que funcionava em suas dependências, descaracterizando o projeto original. O Teatro Goiânia foi palco de memoráveis solenidades históricas que marcaram o Batismo Cultural. Desde então, tem abrigado grandes e médios espetáculos. De concertos a recitais e peças teatrais. Desde março de 2020, o primeiro evento realizado no Teatro Goiânia foi a apresentação da Orquestra Sinfônica de Goiânia, no dia 12 de agosto de 2021. O Teatro pode receber até 300 pessoas para a apresentação do espetáculo Debussy & Stravinsky, com obras de dois compositores clássicos.

L

VILA

LTUR U A C

2 TEATRO GOIÂNIA

RO G T A O E

Figura 20 : Fachada Teatro Goiânia Fonte: Google imagens

3

VILA CULTURAL CORA CORALINA Nome: Vila Cultural Cora Coralina Ano de inauguração: 2013 Arquiteto: Luiz Fernando Cruvinel Teixeira

Figura 21 : Área Externa Vila Cultural Cora Coralina Fonte: Google imagens

A Vila Cultural Cora Coralina constitui em um espaço de convivência, cultura e lazer, que funciona ao lado do Teatro Goiânia. A unidade foi projetada para ressaltar a imponência da arquitetura do tradicional teatro, e se insere na ação do governo estadual para revitalizar o Centro de Goiânia e resgatar a memória da capital. A Vila Cultural abriga os seguintes espaços: Sala de Exposições Principal, Sala Multimídia João Bênnio (com capacidade para 50 pessoas), Sala Antônio Poteiro, Sala Sebastião Barbosa, Sala do CAT, Hall, Varanda e a Praça Belkiss Spenziere. Todas as mostras na unidade são temporárias, o que serve de estímulo ao público visitante. A cada mês, uma nova programação está em cartaz para entretenimento do público. Eventos diários compõem a programação da unidade, como exposições de arte e fotografias, workshop, exibição de vídeo, oficinas, mostras de filmes promovidas por cineclubes, lançamentos de livros, palestras, feiras de artesanato e economia criativa, fórum e festivais.


B

DA

C OD ORNA

4

BECO DA CODORNA

O C E

Nome: Beco da codorna Ano: 2014 Autoria: Associação Grafiteiros de Goiás Galeria de arte a céu aberto, que prestigia a arte urbana e o grafite na cidade. Diversos eventos culturais já foram realizados no Beco da Codorna, desde feiras até shows que trazem aos palcos bandas e artistas locais.

OUR E O N NE O U

RO U O

CI

CI

Figura 22 : Entrada Beco da Codorna Fonte: Google imagens

RO

CINE

Figura 23 : Vista do Interior do Cine Cultura Fonte: Google imagens

5 CINE OURO Nome: Cine Ouro / Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro Ano: 1970 (Cine Ouro) Ano: 2006 (Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro) Situado dentro da Galeria Ouro, na Rua 3 do Centro de Goiânia. Em 2006, a Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia promoveu a 1ª Mostra FestCine Goiânia Ouro, inaugurando o Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, durante a gestão de Kleber Adorno. Atualmente, o Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro possui um teatro com capacidade para 291 pessoas, um cinema com capacidade para 217 pessoas, um bar conhecido como Café Cultura, além de uma loja e o espaço Prosa e Verso.


R

UA

DO L A R

Nome: Rua do lazer Ano: 1933 Última revitalização: 2019 Arquiteto: Attílio Corrêa Lima

HOT E E D L

GRAND

E HOTEL

GRA

A Rua 8 foi um dos pontos de maior destaque da região central nos anos 80. A rua atraía famílias para passeios devido à presença de cinemas na região, além de comércios importados. Porém, com a chegada de grandes shoppings, a população deixou de frequentar o local. Na mesma época, o bairro começou a sofrer com insegurança e mudança de moradores, ficando quase ao abandono. Em 2019, a Rua do Lazer foi revitalizada, com novo calçamento e iluminação. A prefeitura também realizou obras para melhorar o sistema de drenagem da água da chuva e evitar alagamentos. Novos bancos de concreto e mesas foram instalados no espaço. Os becos que ficam nas laterais da Rua do Lazer também são uma grande galeria de arte a céu aberto, com o trabalho de cerca de 140 grafiteiros. “Diferentemente dos lugares supracitados, a Rua Oito, popularmente conhecida como Rua do Lazer, é a única via pedestralizada do centro e possui uma intensa movimentação. O comércio de bares e restaurantes se apropriaram desta dela com suas mesas e bancos. Em dias de feiras o burburinho do comércio, o movimento das pessoas, as barracas e os bancos se misturam ocupando todo o trecho, propiciando assim uma interessante vivência. Grupos de teatros, de dança ou coletivos fotográficos, quase sempre se encontram ali para se reunirem.” BOAVENTURA, 2013.

N

ZE

6

RUA DO LAZER

Figura 25 : Fachada Grande Hotel Fonte: Google imagens

Figura 24 : Fachada de um dos edifícios da Rua do Lazer. Fonte: Google imagens

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GRANDE HOTEL

Nome: Grande Hotel Ano de construção: 1935 Ano da inauguração: 1937 Ano do tombamento: 2003 Arquiteto: Attílio Corrêa Lima O Grande Hotel foi o primeiro edifício construído para hospedar políticos, empresários e visitantes que chegavam à nova capital. Era o local onde ocorriam eventos comemorativos, reuniões de secretários de estado e de personalidades importantes que vinham à Goiânia (MONTEIRO, 1938 apud TEIXEIRA; SANTOS, 2021). Em 2004, o Grande Hotel foi palco da 8ª Edição da Casa Cor, exposição de arquitetura e decoração de interiores. Após o evento, o Grande Hotel passou a sediar a Diretoria da Secretaria Municipal de Cultura. Atualmente, o edifício é utilizado para apresentações musicais do chorinho. Também deveria abrigar o Centro de Memória e Referência de Goiânia, no entanto, este último está somente parcialmente implantado e sem data para conclusão (TEIXEIRA; SANTOS, 2021).


3

MAPEAMENTO DO ENTORNO


N IPAIS USO C N I S PR E

1 AMBULANTES

5

3

COMERCIAL

S ÇÕE IA PR RO

4

COMERCIAL

L NA IO UC IT ST IN

2

INSTITUCIONAL COMERCIAL

AMBULANTES

AP

AMBULANTES

6

INSTITUCIONAL

COMERCIAL

RESIDENCIAL

8

11

INSTITUCIONAL RESIDENCIAL

10

COMERCIAL

9

7

ES NT LA BU AM

12

INSTITUCIONAL

1

ESTACIONAMENTOS E LOJAS DIVERSAS

7

HABITAÇÃO PRIVADA

2

HOSPITAL E CLÍNICAS

8

TEATRO E CENTRO CULTURA

3

LOJA DE UTILIDADES

9 ALIMENTO E ARTE

4

10 HABITAÇÃO PRIVADA

5

SUPERMERCADO E COVENIÊNCIAS RELIGIOSO E SERVIÇOS PÚBLICOS

6

ALIMENTOS E TÊXTIL

12 BANCO FEDERAL

MOBILID ADE

SERVIÇOS PÚBLICOS

11 E CLÍNICAS

DO RNO TO EN

PONTO DE ÔNIBUS EIXO ANHANGUERA

18


MAPEAMENTO DO ENTORNO 3.2.1 Por estar localizado na região central de Goiânia, o Jóquei Clube de Goiás é permeado por diversos pontos de interesse na cidade. Ao passearmos pela quadra percebemos que, ao longo de toda extensão do terreno, diferentes situações fazem contato com o edifício em questão.

Na Rua 3, o que vemos é um grande fluxo de veículos que, além de circularem pela via, também a utilizam como estacionamento (figura 27); além de, como na Avenida Anhanguera, receber linhas do transporte coletivo da cidade. A Rua 3 separa o Jóquei de edifícios que são utilizados principalmente para

fins

de

prestação

de

serviços

e,

também, do Conselho Estadual de Educação de Goiás, que ocupa o prédio onde outrora encontrava-se o Colégio José Carlos de Almeida. Assim como a sede da Caixa, temos um fluxo de pessoas principalmente em horário comercial.

Na Rua 11, o Jóquei Clube é vizinho da sede da Caixa Econômica Federal em Goiânia. Por ser um edifício comercial com mais de 10 pavimentos, torna-se uma barreira visual entre o clube e aqueles que transitam pela Alameda dos Buritis. Contribuindo com essa barreira, um muro também separa o Jóquei daqueles que transitam pela Rua 11. Devido seu caráter de uso, o edifício atrai usuários para a região apenas em horário comercial, gerando um fluxo de pessoas em horário programado, que acaba por movimentar um grande fluxo de veículos. É possível imaginar que grande parte dessas pessoas utilizam o estacionamento que hoje ocupa o antigo bosque do Jóquei Clube.

Figura 26: Rua 11, com destaque para a sede da Caixa e o estacionamento do Clube. Fonte: Google Maps (edição nossa).

Figura 27: Rua 3, com destaque para o muro e carros estacionados na via. Fonte: Google Maps (edição nossa).

É na Rua 3 que vemos materializado o distanciamento entre o clube e as pessoas, muito embora a entrada principal do edifício esteja ali (figura 28). Além da barreira física formada pelos automóveis, que parecem ocupar todo o espaço que poderia ser destinado aos pedestres, nos deparamos com muros em toda a extensão do terreno, bloqueando a visão de toda a riqueza arquitetônica que o Jóquei pode proporcionar, transformando a obra num espaço inelegível. O indivíduo é repelido, ainda que as árvores que fazem sombra aos carros estacionados pudessem ser um convite à caminhada (figura x). Todas essas características transformam a Rua 3 numa via de passagens rápidas, sem elementos capazes de instigar a permanência das pessoas e, muito menos, de atiçar a curiosidade sobre o que haveria do outro lado dos muros.


A Avenida Anhanguera, por sua vez, concentra diversos tipos de atividades comerciais, além das linhas do Eixo Anhanguera, que transportam centenas de pessoas diariamente (figura 30). As lojas e ambulantes concentram-se no lado oposto ao Jóquei, cujo único contato com a avenida é através do estacioFigura 28: Rua 3. Em destaque, a entrada do clube. Fonte: Google Maps (edição nossa).

Apesar de não possuir limites com a Rua 23, esta é um ponto fundamental da análise do

namento que ocupa o lugar do bosque; as grades, assim como os muros da Rua 3, servem para repelir aqueles que transitam pela via ou pela calçada.

entorno do Jóquei: ela separa a quadra do clube e a quadra do Teatro Goiânia e da Vila Cultural Cora Coralina (figura 29). A Rua 23 pode ser encarada como uma transição entre usos, um respiro em meio à vocação comercial da região. Por serem locais destinados à cultura, podem ser utilizadas como âncoras,

atraindo

pessoas

para

o

novo

espaço de memórias e experiências no qual o Jóquei pode se transformar.

Figura 30: Ponto de embarque e desembarque do Eixo Anhanguera. Fonte: Google Maps (edição nossa).

Analisando as atividades comerciais da avenida, vemos uma diversidade de artigos vendidos ali, principalmente pelos ambulantes, que expõem para os transeuntes desde frutas a óculos de sol (figura 31). Todas as trocas são feitas no nível da rua, da calçada, através dos já citados ambulantes e das lojas, as Figura 29: Rua 23. Em destaque, a entrada do clube. Fonte: Google Maps (edição nossa).

quais ocupam o térreo dos edifícios. O que vemos é uma simbiose entre os comerciantes e os pedestres que dão vida à região, muito embora

seja

principalmente

em

horário

comercial. Grande parte dessas pessoas, especialmente graças à presença do ponto de

embarque

e

desembarque

do

Eixo

Anhanguera poderia ser instigada a adentrar o clube, caso uma intervenção que devolva a permeabilidade do clube seja realizada. Figura 31: Ambulantes na calçada da Avenida Anhanguera. Fonte: Google Maps (edição nossa).


4

OBJETIVOS


Ocupando um amplo terreno entre a Rua 3 e a Av. Anhanguera no Setor Central, o edifício do Jóquei Clube de Goiás se destaca na paisagem urbana por suas grandes dimensões e por sua estrutura em concreto aparente, projetada para abrigar amplos espaços sob uma única laje de cobertura. Constituindo parte do legado histórico da arquitetura brutalista paulista em Goiânia, o edifício foi palco da atividade social de gerações anteriores, mas encontra-se atualmente degradado e em situação de risco, tendo sofrido drásticas alterações à sua arquitetura nas últimas décadas, que o descaracterizaram do projeto original. Diante deste cenário, é necessário que a proposta de intervenção no Jóquei seja capaz de repercutir no entorno imediato, de modo a restabelecer a simbiose entre edifício e espaço urbano e democratizar o acesso ao local que, durante anos, esteve limitado a uma pequena parcela da população. Além disso, é conveniente trabalhar de modo que a obra seja evidenciada em meio ao contexto, corroborando com sua importância enquanto elemento transformador da paisagem do centro da cidade de Goiânia. Sendo assim, busca-se desenvolver uma proposta de intervenção coerente com o projeto original e com as atuais necessidades e interesses da população goianiense, tendo como eixos norteadores: requalificar, revitalizar, reinserir e democratizar.


4

PROPOSTAS

Lazer:

Além de devolver a permeabilidade do edifício, o bosque será um novo espaço de lazer, complementando a proximidade com o Teatro Goiânia, a Vila Cultural Cora Coralina e o Eixo Cultural.

Esporte:

Complementando o caráter educacional, as quadras de esporte e as piscinas do clube se configuram como um espaço ideal para a prática esportiva, podendo servir de suporte para times e instituições locais.

Educação:

Parcerias com instituições de ensino podem ser feitas de modo a transformar o Jóquei Clube em uma grande sala de aula, com cursos livres e ações de extensão e cultura.

Permeabilidade:

A retirada das barreiras físicas entre o clube e o espaço urbano será explorada de modo a restabelecer a conexão entre os diferentes contextos. Em conjunto, é necessário reimplantar o bosque, que será um espaço de respiro e contato com a natureza.

Mobilidade:

A continuidade da ciclofaixa ao longo da Rua 3 será fundamental para a conexão entre o Jóquei Clube e o Bosque dos Buritis, formando um grande corredor verde. Além disso, devido à proximidade de pontos do transporte coletivo, o clube servirá como rota de passagem e estar para aqueles que transitam pela região.


A ST O OP R P

DE USO L A GER

LAZER ESPORTE EDUCAÇÃO

TAS S O OP R P

av. anh ang uer a

1

a1 ru

rua 3

CONTINUAÇÃO DA CICLOFAIXA ARBORIZAÇÃO REABERTURA DA RUA


PROPOSTAS Inicialmente, propõe-se restabelecer aquela que seria uma das características mais significativas do partido do edifício: o bosque. Dessa forma, além de devolver permeabilidade ao terreno, agora ocupado pelo estacionamento e cercado de muros e grades, espera-se propor um convite para que todos que circulam por ali possam entrar e se conectar ao espaço. Além disso, a Rua 3 receberia uma ciclofaixa, ligando o Bosque dos Buritis ao Jóquei e, consequentemente, a todo o chamado Eixo Cultural. Por conseguinte, reconhecendo os espaços potenciais que a edificação já oferece, foram estabelecidas três diretrizes para o uso do Jóquei Clube de Goiás: esporte, lazer e educação. Enquanto as quadras de esporte e as piscinas do antigo clube se configuram como um espaço ideal para a prática esportiva, o salão de festas, a área do antigo bosque e os amplos espaços entre os diferentes níveis do edifício apresentam grande potencial para abrigar atividades de lazer. Estas práticas podem acontecer dentro de um contexto educativo, com o oferecimento de cursos livres de maneira democrática, em parceria com grandes instituições públicas de ensino, como as universidades federal e estadual de Goiás, comportando, paralelamente, suas atividades de extensão e atraindo o público jovem ao Jóquei. Uma vez estabelecidas práticas diárias no espaço, o Jóquei pode, enfim, reencontrar sua vitalidade por meio de um novo e mais amplo público que dele usufrui, cuida e com ele se identifica.


5 BOAVENTURA, Carolina Rodrigues. Encontro e memória: o centro de Goiânia e o Jóquei Clube. Goiânia: Seminário Internacional de Arquitetura, Tecnologia e Projeto, 2013, p. 99-117. Disponível em: <https://www.anais.ueg.br › siarq › article › view>. Acesso em: 15 de maio de 2021. Centro Culturais. Prefeitura de Goiânia. Goiânia: Capital Verde do Brasil. Disponível em: https://www.goiania.go.gov.br/sobre-goiania/centros-culturais/ . Acesso em: 21 de agosto de 2021. FALCÃO, Carla. Orquestra Sinfônica no Teatro Goiânia. Goiânia, 12 de agosto de 2021. Instagram: @aproveiteacidade. Disponível em: https://www.instagram.com/p/CSfUG3uNytR/. Acesso em: 19 de agosto de 2021. MONTEIRO, Ofélia. Como Nasceu Goiânia. São Paulo: Empresa Gráfica dos Tribunais, 1938. SANTANA, Vitor. Rua do Lazer é entregue após obra de revitalização, em Goiânia. G1 Goiás. Goiânia, 19 de outubro de 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2019/10/19/ruad o l a z e r -e-entregue-apos-obra-de-revitalizacao-em-goiania.ghtml. Acesso em: 21 de agosto de 2021. Teatro Goiânia divulga atrações para mês de agosto. Secretaria de Estado de Educação. Goiânia, 1 de agosto de 2017. Disponível em: <https://site.educacao.go.gov.br/teatro-goiania/>. Acesso em: 19 de agosto de 2021. TEIXEIRA, Erick Kervillynn; SANTOS, Mayko Dourados. Mapeamento de Danos em Edifício Tombado pelo Patrimônio Histórico - Estudo de Caso: Grande Hotel-Goiânia-GO. Educação Sem Distância, Rio de Janeiro, n.3, jan/jun. 2021. Disponível em: <https://educacaosemdistancia.emnuvens.com.br/esd/article/view/84/37> Acesso em 21 ago. 2021. Vila Cultural Cora Coralina recebe exposição Matéria Prima Luminosa. Secretaria de Estado de Educação. Goiânia, 20 de agosto de 2018. Disponível em: https://site.educacao.go.gov.br/vila-cultural-cora-coralina/. Acesso em: 19 de agosto de 2021. Vila Cultural Cora Coralina será inaugurada nesta quinta-feira. Governo de Goiás. Goiânia, 31 de outubro de 2013. Disponível em: https://www.goias.gov.br/servico/102221-vila-cultural-cora-coralina-sera-inaugurada-nesta-5a-feira.html. Acesso em: 19 de agosto de 2021.


EI

CL

UB

E

DE

GOIÂN

U

JÓQ A I

DISCENTES ANA BEATRIZ FERREIRA STRINGHINI CARLA ESPER SPÍNDULA EMILY BALDOINO MONTEIRO MARIANNE TOMAZ PORTO

DOCENTES FERNANDO MELLO CHRISTINE MAHLER

PROJETO V ARQUITETURA E URBANISMO

FAV UFG

GOIÂNIA 2021


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