303 - Edição 2017. O Brasil em um Olhar Norteamericano

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3.0.3 EDIÇÃO 2017

O BRASIL EM UM OLHAR NORTEAMERICANO


Apresentação: Um olhar que convida e emociona

É com muito prazer que venho apresentar a Revista Eletrônica “​303. Edição 2017: O Brasil em um Olhar Norteamericano” . ​O curso Portuguese 303 do Programa de Língua Portuguesa da Northwestern University destina-se a estudantes avançados de português que queiram ao mesmo tempo aprofundar seus conhecimentos de língua portuguesa e cultura luso-brasileira, e experimentar a comunicação pela língua de uma forma integrada e dinâmica. Neste trimestre, estudamos os temas sobre Arte, Comida, Diplomacia, Questões Raciais e Imigração. A cada tema, os estudantes escreviam um texto ou elaboravam um vídeo que refletia seu olhar, sua perspectiva, em relação ao Brasil ou aos brasileiros. Todos os estudantes desse curso são interculturais, vivem na cultura dos Estados Unidos, mas trazem em si vivências de outras culturas e diferentes línguas. A contribuição de cada um denota a riqueza que a interculturalidade proporciona. Eles saboreiam suas descobertas, dão sentido `as suas experiências. Os textos são leves, práticos, dinâmicos e muitas vezes sensíveis, refletindo uma visão intercultural, aplicada à cultura brasileira. Pela proximidade com Chicago, tivemos a oportunidade de incluir relatos sobre a exposição do artista Hélio Oiticica, cuja obra figurava no Art Institute. Também foi possível visitar restaurantes brasileiros, e participar de aulas de Samba. Além disso, a visita ao Consulado Brasileiro proporcionou uma experiência única, como se os estudantes estivessem no Brasil, sem sair da cidade. A interrelação com o Brasil e os brasileiros se faz presente em cada página da Revista. Agradecemos a todos que permitiram que esta Revista tomasse forma e conteúdo, colegas da Northwestern e do Brasil, que participaram de vídeos, artistas, profissionais de várias áreas, e à Representação Consular Brasileira. Sua presença e interação com os estudantes do Curso Portuguese 303 impactou-os de forma muito positiva. Também agradecemos ao Media & Design Studio da NU por seu auxílio nos vídeos. Esta Revista é fruto de um trabalho totalmente colaborativo. Ao ler cada texto e assistir aos vídeos produzidos, é fácil perceber que os estudantes tecem juntamente imagens, experiências, perspectivas e sonhos. E a visão dessa manta que se forma, cheia de cores vibrantes, convida e emociona.

Dra. Ana Clotilde Thomé Williams Associate Professor of Instruction Department of Spanish and Portuguese Northwestern University i


Introduction: A Sight that Captivates and Stirs It is with great pleasure that I present the digital magazine “ 303. Edição 2017: O Brasil em um Olhar Norteamericano.” The course ‘Portuguese 303’ in the Portuguese Language Program at Northwestern University is designed for advanced students who want to deepen their knowledge of the Portuguese language and Luso-Brazilian culture, as they experience communication through the language in an integrated and dynamic manner. This quarter, we covered the topics of Art, Food, Diplomacy, Race, and Immigration. For each theme, the students wrote an essay or created a video that reflected their own views and perspectives on Brazil and its people. All the students in the course have an intercultural background,they live in the culture of the United States but they bring with them life experiences from other countries and other languages. Each student’s contribution emphasizes the collective richness of the interculturalism. They cherish their discoveries and share the impact of their experiences. The texts are light, practical, dynamic, and often sensitive, reflecting an intercultural vision, applied to Brazilian culture. Thanks to our proximity to Chicago, we had the opportunity to include reports about the Chicago Art Institute’s exhibition on Hélio Oiticica. We were also able to visit Brazilian restaurants and participate in a class of Samba. Furthermore, our visit to the Brazilian Consulate provided us a unique experience, practically as if the students were in Brazil without ever having to leave their city. This interrelation of Brazil and Brazilians is more than present in each page of the magazine. We thank everyone who helped this magazine take shape: colleagues from Northwestern and Brazil, friends who helped with videos; artists; various professionals; and the Consulate General of Brazil. Their presence and interaction were a positive influence to the experience of our students. We also thank the Media & Design Studio at Northwestern for their assistance in the videos. This magazine ultimately was produced through the collaboration of many parties. When reading the texts and watching the videos, it is clear to see that the students weave together images, experiences, perspectives and dreams. And the sight of their quilted effort, full of vibrant colors, captivates and stirs.

Dra. Ana Clotilde Thomé Williams Associate Professor of Instruction Department of Spanish and Portuguese Northwestern University ii


ÍNDICE

Arte……………………………………………………………………………………… 1 Comida………………………………………………………………………………….17 Diplomacia……………………………………………………………………………...33 Questões Raciais ………………………………………………………………………40 Imigração ………………………………………………………………………………50 Visita ao Consulado Geral do Brasil…………………………………………………61 Biografia dos Editores………………………………………………………………...75


ARTE


Arte e Comunicação

José Badion

Minha obra trata da ausência de comunicação nas nossas vidas. Numa pauta grande, com uma clave de sol e uma clave de fá, as duas tipicamente têm a mesma armadura da clave. O compasso é uma valsa, representando a dança da comunicação nas relações interpessoais e a interpersonalidade de comunicar. Mas essas vozes não cantam juntas. E U representa a armadura de Bb, ou Té, e V O C Ê representa a armadura de E, ou Mi. Uma com dois bemóis, outra com quatro sustenidos, estas vozes não concordam umas com as outras. Mais que isso, as melodias das duas vozes são extremamente discordantes e dissonantes, se você ouvir a gravação que eu criei. Só repita vinte e cinco vezes na minha gravação, mas a canção real nunca terminará. As duas vozes começam juntas cada vez, mais não continuam juntas. A primeira voz, E U oferece um mandato: “Me entenda.” Depois disso, ele espera em silêncio e não diz nada. O mandato culmina cedo e termina para baixo. Ele ouve a súplica de seu parceiro para a compreensão, mas não escuta. O outro, V O C Ê começa com uma interrogativa frenética. A pergunta desce rapidamente e imita à forma da primeira voz. Contra das semicolcheias da primeira, ela tem tercinas. Mas apesar de estar perguntando, ela termina sua frase para baixo, como uma declaração. Ela não sabe a resposta, mas ela sabe que não é uma resposta fácil, uma resposta que pode ser dada em resposta a uma pergunta simples. Os símbolos de repetição indicam que esta guerra repete sem fim. Mais, por fim, será uma interrupção de silêncio eterno. Este, obviamente, representa a morte e a possibilidade (ou certeza) de que as vozes nunca terão se comunicado. Nesta obra, eu não estou me referindo a um evento específico ou particular. Mas, eu estou refletindo sobre a ilusão de comunicação real. Na maioria de casos no

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dia cotidiano, seremos uma das duas vozes cada dia com quase cada pessoa. A intenção raramente é recebida exatamente como se pretende. Mas, minha intenção não é de dizer que a compreensão e comunicação não existem. O que quero apreciar são os momentos raros, mágicos, musicais e harmoniosos da vida.

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Neoconcretismo: A linguagem Obscura da Ditadura Lilliana Graham Em Abril 1964, houve um golpe de estado militar no Brasil que derrubou o governo democrático de João Goulart e no lugar instituiu uma ditadura militar que durou vinte e um anos. Mas não foi somente no domínio político que houve conflitos de ideologia. O mundo artístico também passou por um período de transição e progresso intenso. A questão sobre a relação entre a sociedade, a cultura, e a arte manifestou-se nos diferentes movimentos que surgiram. Alguns comentando diretamente sobre o ambiente político, outros recusando o nacionalismo que a esquerda prescrevia. A arte necessariamente incorporou e encarnou a luta entre os movimentos de esquerda e de direita. E​m 1963, o poeta seminal Ferreira Gullar escreveu C ​ ultura Posta em Questão ​ rejeitando qualquer arte que valorizava o conteúdo e a forma estética no lugar de conteúdo ideológico, o que foi surpreendente, já que foi Gullar que publicou o Manifesto Neoconcreto no Jornal do Brasil em Março de 1959. Artistas do Grupo Frente como Hélio Oticica, Lygia Clarke, Lygia Pape e Willys de Castro procuraram liberar a arte concreta do racional, e instaurar a subjetividade. O espectador começou a ser convidado a participar na arte e os muros elitistas entre o quadro ou a escultura e o público foram rompidos. Mas para Gullar, o clima político foi excessivamente autoritário na cultura brasileira para ser ignorado pelo mundo artístico. Mas o que talvez Gullar não tenha percebido, foi que e a rejeição da política do mundo da arte, e o progresso e desenvolvimento das ideologias apesar da censura, foram como uma manifestação virulenta contra a opressão. ​ Indo além do geometrismo puro, o neoconcretismo procurou novos caminhos, acreditando que a arte era um mero objeto, mas algo com sensibilidade, expressividade e subjetividade. Assim, os artistas do Grupo Frente questionaram e adiantaram as ideologias artísticas, e assim fazendo, criaram uma linguagem obscura contra a ditadura; uma língua que conseguiu falar mais alto, e que virou um dos movimentos mais importantes da época pós guerra no mundo.

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Comunicação e Arte: as ​Bachianas Brasileiras Núm. 5​, “Aria-Cantilena”

Natan Kirchhoff​ O compositor Heitor Villa-Lobos nasceu em 1887 no Rio de Janeiro. Como um violoncelista profissional, Villa-Lobos tornou-se um compositor autodidata. Ele viajou para Europa e morava em Paris onde recebeu a atenção favorável de muitos compositores europeus e americanos. Villa-Lobos era conhecido pelo resto do mundo por orgulhar-se de compor música unicamente brasileira. A peça mais reconhecida dele é a ​“Aria-Cantilena” das ​Bachianas Brasileiras Núm. 5​. Na verdade, a suíte ​Bachianas Brasileiras​ foi composta para combinar as técnicas musicais do compositor antigo Bach e o estilo brasileiro do Villa-Lobos. Cada movimento foi intitulado com nome tradicional (Aria, Gigue, etc) e nome brasileiro (Cantilena, Desafio, Conversa, etc). Enquanto Villa-Lobos estava compondo as ​Bachianas Brasileiras​, Getúlio Vargas tornou-se o presidente do Brasil em 1930. Quando começou o Estado Novo em 1937, Vargas elegeu Villa-Lobos como diretor do Serviço de Música e Canto Orfeônico. Assim, Villa-Lobos compôs toda a música do Estado Novo- inclusive o Canto do Pajé, que sempre era executado na presença do Vargas. Durante tudo isso, Villa-Lobos compôs a “Aria-Cantilena”: o primeiro movimento musical das ​Bachianas Brasileiras Núm. 5​. No sentido musical, essa composição é bem incomum porque ela é tocada por soprano e oito violoncelos. 5


Villa-Lobos foi o primeiro compositor que inventou essa combinação específica de instrumentos e voz. Além disso, a “Aria-Cantilena” tem forma de ‘A-B-A’ que significa que o começo da canção repete-se como fim da peça: uma forma bem praticada por Bach. Interessantemente, as partes ‘A’, em vez de terem letra, são vocalizadas pela vogal “a” ou cantaroladas. Essa técnica foi bem inovadora no mundo da música clássica. A seguinte, a parte ‘B’ é a única que tem letra: Tarde, uma nuvem rósea lenta e transparente. / sobre o espaço, sonhadora e bela! / Surge no infinito a lua docemente, / enfeitando a tarde, qual meiga donzela / que se apresta e a linda sonhadoramente, / em anseios d'alma para ficar bela / grita ao céu e a terra, toda a Natureza! / Cala a passarada aos seus tristes queixumes / e reflete o mar toda a Sua riqueza... / Suave a luz da lua desperta agora / a cruel saudade que ri e chora! / Tarde, uma nuvem rósea lenta e transparente / sobre o espaço, sonhadora e bela! Com esse poema de Ruth V. Corrêa, vemos um belo texto que conta da crueldade de ser ansioso para ser bonito. Tudo isso é representado por Villa-Lobos. Como a parte ‘B’ consiste de cordas prolongadas, a melodia ainda fica bonita, porém tem uma discordância de sonora que reflete a crueldade da letra. Além disso, todas as cordas sonoras baixam-se gradualmente: essa é uma técnica praticada por Bach que também representa a dor da soprano. Felizmente, Villa-Lobos foi um compositor muito reconhecido durante sua vida. Quando as ​Bachianas Brasileiras Número 5​ foram cantadas pela primeira vez, a composição lançou o compositor como celebridade.​ P ​ or podemos apreciar a técnica incomum e a mensagem dolorosa da “Aria-Cantilena”, podemos dizer que somos privilegiados em herdar a obra mais famosa do Villa-Lobos.

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Um Dia no Art Institute de Chicago Adrian Lafont-Mueller O dia começou às 10:30 da manhã na estação de L, “Davis”. Fazia um tempo quase perfeito; o vento golpeava mas o sol estava fora e não fazia nem frio nem calor. Embora a viagem ia durar 69 minutos, entrei no trem muito animado, porque sabia que depois de sair estação “Monroe” já estaria no Art Institute para ver a exposição extremadamente estimada de Hélio Oiticica, “To Organize Delirium” pela primeira vez. Depois de caminhar até o fim do prédio e subir até o segundo andar, encontrei a entrada minimalista e moderna da exposição. A primeira sala contava a história da vida de Hélio, nasceu no Rio de Janeiro em 1937 e começou a criar arte no ano 1954, quando entrou na escola do Museu de Arte Moderna em Rio. Sua arte era do estilo Concreto no começo, e depois se alinhou com o grupo Neoconcreto. Faleceu 26 anos depois no ano de 1980, mas nestes anos Oiticica foi extremamente produtivo e dinâmico, criando muita arte de vários estilos. A exposição de suas artes começou com os “Bólides”. Esta sala continha várias formas geométricas de madeira suspendidas do teto com cores fortes, alguns quadros geométricos de tela principalmente brancos nas paredes, e vários outros materiais como um espelho em baixo de uma escultura. Estes diversos materiais com diversas formas de mostrá-los são a primeira maneira que Oiticica inspira os espectadores a interagir com a arte de formas inabituais. A ênfase na interação com a arte só cresceu à medida que continuava pela exposição, e a mensagem da importância de interagir com a arte foi a mais significante para mim. Na sala ao lado, estava o “Parangolé,” um tecido colorido que representa o samba para Oiticica. Os espectadores podem verdadeiramente vestir o “Parangolé” e sambar, interagindo ao nível máximo com a arte. Essa interação extrema continua pelo resto da exposição de outras maneiras. A seguinte instalação, “Éden,” que é a maior é uma área cheia de areia e pedrinhas com árvores, diferentes texturas no chão, e até dois pássaros vivos. O visitante pode interagir com todos os órgãos do sentido no 7


“Éden,” graças a todas as diferentes coisas que Oiticica incorporou na instalação. Depois de Éden, há uma instalação que é simplesmente uma mesa de sinuca em uma sala vermelha, que representa uma obra de Van Gogh, mas, no estilo de Oiticica, o visitante pode não só vê-la, senão também entrar nela e até jogar bilhar. Também há um labirinto com vários filtros de tela coloridos, vários sons, e um dispensador de suco de laranja que deixa o visitante provar o sabor da obra – verdadeiramente todos os sentidos são estimulados na exposição. Em geral, as artes de Oiticica são tão contrárias às expectativas sociais e chocam tão fortemente com as normas sociais que o visitante verdadeiramente pensa no valor inerente da arte. É uma coisa só visual, ou a interação melhora a experiência? Isso pode ser generalizado? Ou talvez dependa do contexto? Essas reflexões invadiam minha cabeça durante a viagem de volta no trem. Passavam os prédios, impressionantes, mas não olhava, toda a minha atenção estava revivendo os sentimentos que Oiticica proporcionou na exposição. Quando cheguei à estação de Davis não podia acreditar que os 69 minutos da viagem tinham passado tão rapidamente.

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A língua universal e pessoal da música Antônio H. Licht Eu acho que a música é uma língua. Mas, a diferença de uma língua falada convencional, é entendível universalmente. Enquanto é comum que as canções modernas tenham letras, é verdade que a mensagem duma canção pode ser expressa de forma sequencial simplesmente através da sua melodia. Quer dizer, ainda que todos nós não falemos as mesmas línguas, estamos unidos pela nossa tendência natural de interpretar certos sons, ritmos e batidas duma maneira similar. É por essa razão que os instrumentos podem transmitir uma ideia ou uma emoção sem o acompanhamento de palavras. E quais são essas sensações que as canções procuram compartilhar? Amor, angústia, felicidade, orgulho, solidão, anseio, lamento, gratidão, esperança. Em resumo, tudo. Na realidade, a música abarca a totalidade da experiência humana. O vocabulário dessa língua idiossincrática é tão expansiva como a vida mesma.

Enquanto todos possuímos a capacidade de ouvir e compreender música, apenas alguns são capazes de criar melodias e comunicar-se através desse meio. Eu estou imensamente grato pelo fato de que eu mesmo sou um músico. Depois de anos de prática e concentração, eu desenvolvi a habilidade de falar fluentemente o idioma da música. Especificamente, eu toco piano. Para mim, o piano funciona como uma ferramenta com que posso expressar os meus sentimentos mais pessoais e intensos. 9


Porém, não toco piano para comunicar os meus sentimentos aos outros. Em vez disso, eu toco o instrumento para fornecer a mim mesmo mais clareza emocional. Quer dizer, eu crio melodias ou replico os acordes de canções velhas por motivos de liberação catártica. Eu sou uma pessoa muito pensativa, e muitas vezes sinto como me afogo nos meus próprios pensamentos. Mas, quando eu pressiono as teclas do piano, o drama da minha vida se torna menos confuso. De fato, à medida que eu estabeleço as notas e os acordes adequados, eu consigo expressar as dores e as alegrias da minha alma com lucidez incomparável. Em particular, nos tempos mais tempestuosos da minha vida, quando experimentei o coração partido ou a morte de familiares, o piano me ajudou mais que qualquer outra coisa a entender e a soltar os meus estresses internos. Por isso, para mim, a música funciona como um meio de comunicação porque me permite identificar e exprimir, a mim mesmo, as grandes verdades que definem os meu estado mental e o meu comportamento.

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O que fica por baixo: A interpretação do amor em ​Amortemor

Isaiah Mendoza Amortemor​ é um poema de Augusto de Campos que é parte do movimento da Poesia Concreta brasileira. Em seu poema, Campos mostra algumas observações do amor que dão uma mensagem sobre as dificuldades de estar apaixonado. Pela estrutura do poema, Campos pode mostrar as características multifacetadas do amor. O poema consiste de combinações de letras que criam as palavras “amor”, “morte”, e “temor”; isso cria uma mensagem forte com respeito ao tema de amor. Debaixo da palavra “amor”, literalmente, ficam as outras duas palavras. Isso dá a mensagem que, debaixo de cada relacionamento há aspectos negativos. O amor pode machucar como a morte e sempre há temores. Nenhum relacionamento é perfeito e isso traz dúvidas. A combinação das palavras “amor” e “temor” no fim do poema mostra a relação entre os temas em que consiste o amor; realmente, existirá o temor ao lado do amor; são entrelaçados. Considerando tudo, o temor, a dor e as dúvidas são partes do amor, e desde os aspectos negativos vem a coisa positiva de amor. O autor utiliza a estrutura do poema na página para enfatizar a mensagem de cima. As letras e as palavras criam um triângulo ou uma pirâmide, uma das formas mais estável, arquiteturalmente. Para construir esta estrutura estável, são necessários materiais que não são tão lindos quanto o produto completo, os aspectos negativos que vêm com o amor, mas são partes indispensáveis para realizar a linda coisa final. Enquanto o leitor lê mais e mais da página, as palavras ou os aspectos do amor se tornam mais e mais interconectados até que se revele que a base da estrutura é o “amortemor”. O autor diz que o temor de se namorar é natural. O mais profundo o

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amor, o mais profundo é a conexão entre todos aspectos dele. No fim, todo mundo só vê o produto final, que é o amor. É a primeira coisa que se vê no poema e a primeira que se vê na vida real. Para mim, o poema significa que a gente não pode ter o amor sem o temor. A fundação sobre o qual é construído o amor consiste de aspectos abstratos, que são representados pelas imagens do temor e da morte. O amor, como estas imagens, não é algo concreto que a gente pode definir em um nível que incluye uma descripção exato dos sentimentos. As palavras “morte” e “temor” servem de representar o que é mais difícil de definir e o mais abstrato do lado sentimental do amor. O triângulo simboliza as múltiplas camadas do amor; é algo complexo, e todos os aspectos são mais e mais entrelaçados. Finalmente, o temor que coexiste com o amor é um temor do desconhecido; isso é representado pelo arquétipo do desconhecido da escuridão que a gente pode encontrar no triângulo preto.

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Arte Fluente Sofia Salgado

Tradicionalmente, arte é feita com materiais como pintura, lápis, ou até cerâmica. Mas a arte pode se encontrar em qualquer material até a areia como demonstra a artista Kseniya Simonova, uma artista ucraniana que trabalha com um material muito diferente para criar arte. Kseniya usa a areia para criar obras impressionantes numa maneira que muitos não pensariam fazer. Normalmente, obras de areia se encontram nas praias e precisam de muito tempo para serem elaboradas. Mas com só um pouco de areia e menos de dez minutos Kseniya pode fazer arte que conta muitas histórias ao mesmo tempo.

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A primeira vez que eu vi a arte de Kseniya foi durante minha aula de arte no primário. No vídeo de oito minutos, Kseniya conta a história de como as vidas de pessoas ordinárias na Rússia foram afetadas pela invasão de Alemanha durante a segunda guerra mundial (eu incluí o link no final para vocês assistirem). Numa mesa de areia iluminada, a artista rapidamente faz várias cenas com somente o uso de areia e suas mãos. Quando eu vi como ela fazia sua arte tão rapidamente e sem nenhum problema para criar detalhes tão finos com só os dedos eu fiquei verdadeiramente surpresa. Sua forma de arte causa muita emoção e admiração que se pode ver quando todas as pessoas no show estavam chorando ao final do vídeo.

Sem dúvida, eu achei que ela era uma artista muito talentosa não só porque ela foi conhecida por ter vencido o programa Ucraniano, Ukraine’s Got Talent, mas por causa do material que ela usava. A areia é um material tão difícil de se formar em um objeto 3D, muitas pessoas nem conseguem fazer uma casa de areia, então é muito mais difícil do que criar uma obra em 2D. Eu adorei a arte dela porque poderia mostrar tantas histórias em um poucos de minutos. Também o uso da música ajudou muito a criar muita emoção entres as pessoas. Enfim, Kseniya é verdadeiramente uma artista fantástica porque para mim mostrou que não deve existir limites como no papel nem com o pensamento. Também mostrou que não se precisa capturar a arte em pintura. A arte dela demonstra que só com o processo de criar a obra e mostrar para os demais é suficiente para apreciar a arte. Clique aqui para ver o vídeo de Kseniya

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O Transe da Capoeira Liam Gabriel White Capoeira: uma dança elegante ou uma luta selvagem? Essa discussão ainda existe desde que a prática começou no século dezesseis. Para quem não sabe, capoeira é uma arte marcial brasileira que combina dança, música, e combate de maneira única. O esporte se orgulha de ter origens africanas por que os criadores da capoeira eram escravos africanos. O âmago da capoeira é a resistência contra os escravizadores e o desafio pela autonomia; a arte emergiu para disfarçar o treinamento da luta, proibida nessa época. Ao longo do caminho, duas disciplinas novas se desenvolveram: a Capoeira Angola e a Capoeira Regional. A Capoeira Angola é mais lenta, com movimentos exagerados e baixos, enquanto a Capoeira Regional inclui mais saltos mortais e chutes agressivos. As duas precisam de bastante controle, foco, e atletismo para ter sucesso. Quando os capoeiristas dançam juntos, parece hipnótico com os sons do berimbau, um instrumento afro-brasileiro, ao fundo. Eu experimentei capoeira na Bahia no outono passado, com aulas duas vezes por semana, e uma roda a cada sexta-feira. A roda é onde dois capoeiristas lutam, mas ao mesmo tempo, eles trabalham juntos. Eles leem a linguagem do corpo da outra pessoa para entender quando golpear e quando esquivar. É essencial que você nunca perca contato dos olhos com seu parceiro. A comunicação não-verbal é vital. Depois da minha participação, eu valorizo bem mais a complexidade e significação cultural da capoeira. O sentimento de ter estado em sincronia com seu corpo, com a música, e seu parceiro é extraordinário na verdade. Agora, a capoeira está crescendo em todo o mundo, especialmente em Angola, no Japão, e aqui nos Estados Unidos. Algumas pessoas vão considerar a capoeira sempre mais selvagem e desorganizada, mas para mim, o esporte representa uma celebração do espírito humano, um “transe” de vida.

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O autor, Liam Gabriel White, jogando a capoeira com o Grupo Nzinga no Alta da Sereia em Salvador da Bahia.

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COMIDA


Os Transtornos Alimentares Lilliana Graham A palavra ‘comida’ tem diferentes significados para cada pessoa. Alguns pensam em caracóis, cachorros e cavalos, outros em hambúrguer, pizza e batata-frita, enquanto outros pensam em dietas e regimes. O dicionário ‘infopédia’ define a palavra como “1. aquilo que serve para comer; alimento; sustento 2. refeição, repasto.” A palavra chave aqui é o sustento, pois a comida precisa sustentar o ser humano em todas as suas atividades e empenhos, mas esta meta nem sempre é atingida. Os transtornos e disfunções alimentares como a anorexia e a obesidade são algumas das maiores causas da desnutrição em países desenvolvidos e o número de casos diagnosticados está aumentando a cada dia. A anorexia afeta principalmente as mulheres, mas os homens também podem sofrer da doença, enquanto a obesidade afeta igualmente os dois sexos. Na anorexia, os afetados percebem-se mais gordos do que realmente são, e restringem o consumo de alimentos para emagrecer. A bulimia é parecida porém os afetados ao em vez de controlar o regime, vomitam depois de comer. A obesidade é o resultado de anos de malnutrição causada pelo consumo excessivo de comidas gordurosas e açucaradas e também é frequentemente diagnosticada em pacientes com doenças psicológicas como a ansiedade, depressão e o transtorno obsessivo-compulsivo. Estas doenças são complexas e não podem ser os resultados de uma causa só, mas estudos indicam que a imagem corporal na mídia afeta a autoestima de adolescentes. Enquanto as cinturas dos modelos continua a diminuir ao longo do tempo, a prevalência de transtornos alimentares aumenta a cada dia, e estes estudos indicam que isto não e uma coincidência. Estudos já revelaram que a mídia afeta a autoestima dos indivíduos com transtornos alimentares, então para conseguirmos nos alimentarmos direito, é preciso promover imagens saudáveis e realistas de homens e mulheres na mídia. Sem que o primeiro mundo consiga se alimentar direito, como podemos esperar ajudar os países mais necessitados, onde a fome e a desnutrição são a realidade cotidiana da maioria da população? 18


O que o “Moé” Tem a Ver com Sopa de Arroz?

Natan Kirchhoff Quando eu era uma criança, um dos meus pratos preferidos era o “Moé”. Minha mãe é taiwanesa, apesar de ter crescido em São Paulo, Brasil. Como o Moé é originado do Taiwan, ele consiste de arroz fervido com caldo. Em cada café da manhã, minha mãe colocava sardinhinhas inteiras, pedaços de picles, ovos a banho-maria e outros pratinhos. Um dos meus pratos favoritos que complementam o Moé é o “jou chom”. Esse prato é composto de carne seca e rasgado de porco. Enfim, o Moé sem sabor, fica salgado por se juntar a outros pratos. Ele é bem gostoso e parece uma sopa de arroz branco. Numa manhã fria, uma tijela de Moé sempre cai muito bem, quentinha e cheirosa. Aliás, foi engraçado que eu não sabia se “Moé” era um nome chinês ou um nome português. Essa falta de sabedoria foi a maior confusão da minha tenra idade porque eu sempre misturava os nomes de muitos alimentos. O “moiáchi”, por exemplo, é um tipo de broto de feijão. No entanto, eu sempre pensei que o moiáchi era nome português. Eventualmente, aprendi que minhas avós maternas falavam japonês além de mandarim. E aí, moiáchi veio do japonês! Por outro lado, pensei que o nome “chá” era do mandarim. No entanto, fui corrigido pela minha mãe. É nome português (embora o mandarim tenha um nome parecido)! Além da comida, eu também trocava umas palavrinhas de mandarim com português. Quando eu tinha dez anos, fui para o Brasil pela minha primeira vez. Mas no verão anterior, eu tinha visitado Taiwan. Em mandarim, “duei bu ti” tem o mesmo significado de ‘desculpa’. Mas como ambas palavras começam com som de ‘d’, eu 20


misturava as palavras. Então, falava “duei bu ti” em vez de ‘desculpa’ para todos os brasileiros! Minha mãe achava esse erro meu bem engraçado. Por mais que tivesse essa troca de línguas, eu fui muito sortudo por ter tido uma infância de três culturas. Eu tinha a sorte de comer comida chinesa, brasileira e americana todos os dias. Para mim a feijoada era tão gostosa quanto o Moé. E o Moé era tão saboroso quanto um cachorro quente nos Estados Unidos. Eu aprendi como cantar a canção de aniversário em português, mandarim e inglês. Em dezembro, minha família celebrava o Natal dos Estados Unidos. Em fevereiro, jantávamos e trocávamos envelopes de dinheiro para o ano novo chinês. E em abril, comíamos um ovo grandão de chocolate com a chegada de Páscoa como se estivéssemos no Brasil. A minha formação multi-cultural demonstra que a comida é parte integral da vida. O fato das minhas trocas de nomes com os alimentos mostra que a formação da minha cultura não tem sido fixada por um idioma só. Essa formação foi criada pelas experiências da própria cultura da minha família. Enfim, no verão passado, finalmente aprendi da minha tia de qual língua o nome Moé se originou: não é o mandarim. Essa sopa de arroz simples veio de um dos idiomas do Taiwan. Quem poderia saber disso?

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A comida e a minha identidade judaica Antônio H. Licht Para mim, o ato de comer é uma experiência intercultural diária. A razão por isso é porque eu sou judeu praticante. Como judeu comprometido, eu mantenho os costumes “kosher”. “Kosher” se refere a uma grande série de regras religiosas que ditam quais alimentos os judeus podem e não podem comer. Essas regras são apresentadas na Bíblia e foram desenvolvidas e expandidas por estudiosos rabinos ao longo dos anos. Segundo esses regulamentos de alimentação, há animais e frutos do mar que sempre são proibidos, todos os animais que são permitidos precisam ser matados duma maneira específica e não se pode combinar os produtos cárneos com os lácteos. Como resultado dessas regras extensivas, as opções de refeições da minha família são bem limitadas. Eu não posso comer nenhum prato que contenham carne num restaurante ou local público porque as carnes não são preparadas dum modo “kosher”. Como mantenho os costumes kosher, nunca sequer provei alimentos como camarões e bacon, nem lanches como Pop-Tarts ou Jell-O. E nunca comi queijo com nenhum tipo de carne; com isso dito, um cheeseburger sempre estava fora de questão. À medida que contemplo a prática de “kosher” agora, eu me pergunto qual é a implicação cultural maior de não tomar parte na totalidade da experiência gastronômica americana. Eu respondo a essa pergunta como segue: dado o fato de que a cultura dum povo está interligada com as suas comidas, eu poderia dizer que a minha cultura judaica na verdade limita o ponto até o qual posso participar na cultura americana.

Por sua vez, se essa prática realmente infringe a minha realização completa da identidade americana, por quê sou “kosher”? Eu sou “kosher” porque esse costume atua como um lembrete constante da minha identidade mais saliente: a minha identidade judaica. Tal como muitas pessoas usam colares religiosos ou carregam imagens de figuras sagradas nas suas carteiras para afirmar a elas mesmas e aos outros 22


quem são e quem querem ser, eu mesmo sigo leis dietéticas. Os meus pais e os meus avós fazem o mesmo, assim como fizeram todos os meus antepassados. Portanto, seguir esse costume também significa perpetuar uma tradição antiga e manter uma conexão com os meus familiares que não vivem mais. Assim, sendo um judeu kosher, é simplesmente impossível para mim esquecer o meu presente e os meus origens. Mesmo quando eu me sinto distante da minha religião, minha comunidade ou minha família, eu lembro que sou judeu pelo menos três vezes por dia: café da manhã, almoço e jantar.

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A ​sobremesa​ nos Estados Unidos e em Porto Rico

Isaiah Mendoza Pela comida, é possível aprender muito de uma cultura. Há diferentes comidas que significam coisas diferentes (por exemplo, na minha família, a presença no forno de um presunto significa que estamos celebrando algo e que nossos parentes vêm para jantar), e diferentes práticas com a comida que significam coisas diferentes. Uma prática que é comum em países falantes de espanhol é a da ​sobremesa​. Ao conviver com famílias diferentes (uma metade da minha família é americano e a outra é porto riquenho), compreendi que a ​sobremesa​ não é única ao mundo espanhol e latino. A ​sobremesa​, para dar uma definição, acontece imediatamente depois do jantar em que todos os amigos e/ou os membros da família conversam e compartilham um cafezinho ou outra bebida e às vezes, um pouco (ironicamente) de sobremesa. Quando visito Porto Rico, depois de cada jantar, sem exceção, participamos todos na

sobremesa​. Não é importante a hora (ou a temperatura externa), sempre bebemos café e falamos sobre nossos dias. O café se acompanha com um flan se é a primeira noite que estamos visitando porque é uma ocasião especial. O aspecto que quero enfatizar, entretanto, é que a ​sobremesa​ é um evento diário. Com a minha família americana, a ​sobremesa​ é mais rara mas ainda participamos. A ​sobremesa​ americana tem uma significação similar ao “presunto” para minha família; significa que nossos parentes ou alguns convidados especiais estão visitando. Muitas vezes, nossa ​sobremesa​ americana ocorre durante os feriados, quando abrimos nossa casa a convidados mais frequentemente. Minha mãe sempre

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prepara algumas sobremesas e oferece um cafezinho ou uma bebida e encontramos ou jogamos jogos de tabuleiro. Muitas culturas oferecem uma ​sobremesa​, mas as culturas latina e espanhola deram um nome a ela. É um “evento” praticado por muitas pessoas mas muitas vezes sem a percepção de que tem um “nome” em algumas culturas. Na cultura americana, que valoriza a rapidez, é importante que desaceleremos um pouco. Para as famílias que não parecem passar muito tempo juntos, a ​sobremesa​ é uma prática fácil para passar tempo de qualidade juntos. A ​sobremesa​ pode durar qualquer quantidade de tempo contanto que os membros compartilhem os eventos do dia. É algo mais comum e com mais significância familiar do que a gente imagina.

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Comida: Mais do que sabor e facilidade Sofia Salgado A comida revela muito sobre a cultura das pessoas e os gostos. Mas, a comida também demonstra certos aspetos da sa​úde de certas culturas e o​ valor de preparação. Com minha experiência intercultural, eu tenho visto como certas culturas apreciam mais a saúde e a preparação adequada da comida do que outras. Sendo filha de pais mexicanos, eu tenho comido, a maior parte da minha vida, comida mexicana e comida americana. Também por morar em Chicago, uma cidade tão diversa, eu também tenho comido várias comidas de culturas diferentes. Se alguém me perguntasse qual comida eu prefiro entre as duas, eu responderia a comida mexicana, mas também a comida brasileira. Na minha opinião, eu acho a comida mexicana um pouco mais saudável do que a comida americana. É verdade, a comida mexicana tem muitos pratos que são fritos ou que usam muito azeite, mas é mais fresca e usa melhores ingredientes do que a comida americana. Além disso, a comida mexicana é feita com muita dedicação e normalmente a pessoa precisa um pouco de tempo para fazer. Um de meus pratos prediletos mexicanos é ‘chiles rellenos’ que é feito com pimenta, queijo e ovos e se come com arroz. Este prato precisa mais ou menos umas duas horas para fazer e é muito gostoso. Os ingredientes deste prato são frescos algo que é muito diferente no caso da comida americana. A comida americana, diferentemente, é feita com mais rapidez. Normalmente a comida americana é feita da maneira mais rápida possível para que esteja mais disponível para os americanos. Mas essa comida não é muito saudável. Muitas vezes as famílias

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americanas compram muitas coisas que estão congeladas e são fáceis de cozinhar depois. É estranho que os americanos façam comidas com ingredientes frescos no mesmo dia. Por isso, eu acho a comida mexicana melhor para as pessoas do que a comida americana. Mas mesmo assim, eu também tenho algumas comidas americanas que eu gosto de comer como o hambúrguer. Além disso, também tenho experimentado comidas de muitas culturas diferentes e uma das quais eu mais gosto de é a comida brasileira. Uma cultura que eu acho que tem uma das melhores e mais saudáveis culinárias é a brasileira. A comida brasileira usa mais opções saudáveis do que as comidas mexicanas e americanas. Quando eu estudei no Brasil, eu vi como as pessoas gostavam de sempre comer salada com os demais pratos. Também vi pessoas comerem frutas frescas e usá-las no sucos e vitaminas. Ao fazerem isto, os brasileiros promovem um estilo de comer mais saudável do que o de outras culturas. Enfim, há várias comidas muito gostosas que dão muito prazer para comer. Mas as pessoas devem ter em conta questões saudáveis quando escolhem suas comidas. Na minha opinião, eu acho que talvez mais pessoas devem comer a comida como o estilo dos brasileiros que usam mais frutas e verduras do que muitas outras culturas.

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Você é o que Você Come Liam White

O anúncio acima provoca várias reações na audiência a quem se dirige—as mães brasileiras—e também nos estrangeiros que o assistem e querem aprender sobre a cultura brasileira. Ao mesmo tempo, eu me preocupo que mensagens como essas são bem perigosas para a saúde mental das mães. A decisão de comer comidas não saudáveis muitas vezes não é uma fraqueza pessoal, mas um problema social complexo. A imagem da mulher amamentando o filho dela presenta um momento intimista. Contudo, o ato da amamentação no Brasil é menos privado e estigmatizado do que nos Estados Unidos. Enquanto os americanos geralmente consideram inapropriado amamentar em público, a prática é fortemente levada em consideração pela saúde das criancinhas brasileiras. Não é incomum ver uma mulher amamentando na rua ou no restaurante no Brasil. Talvez esse fato reforça o estereótipo de que os brasileiros são mais confortáveis com seus corpos. Ao mesmo tempo, a imagem na publicidade não é normal. No lugar do 28


peito da mulher há um hambúrguer. É simbólico pelo processo da alimentação pelos bebês, significando que a saúde da criança depende da comida que a mãe come. Você pode entender neste momento que cada mãe tem uma responsabilidade de alimentar a si mesma, mas ao filho também. Considerando que as taxas de obesidade no Brasil continuam a aumentar rapidamente, pode ser que essa estratégia queira lembrar as pessoas que suas decisões de alimentação importam mais do que a elas mesmas. A preocupação é ainda que essas mensagens causem culpa nas mulheres inteiramente quando “comer bem” é ainda um questionamento. Na maioria dos casos, as pessoas com mais problemas de obesidade são também pobres. Quando você não tem muito dinheiro, você come as comidas mais baratas— carnes processadas, por exemplo. Se você não tem muito tempo livre porque você precisa trabalhar sempre, você comeria as comidas prontas—as batatas fritas por exemplo. Quase todos sabem que é melhor comer saladas, frutas, legumes, e carnes grelhadas, mas essa não é sempre a realidade para todo mundo, infelizmente. Os criadores das publicidades têm a responsabilidade de produzir conteúdo que o público pode internalizar sem ter dúvidas que causem perigo. As mães já precisam superar bastante estresse quando estão grávidas e quando se convertem em mães novas. Elas não devem se estressar ainda mais por causa dos anúncios.

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A História da Feijoada e a Feijoada em Chicago

Assista ao vídeo para ver a entrevista no Restaurante Brazilian Bowl e um pouco da história da Feijoada.

Zé Badion

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Uma receita de Feijoada Adriano Lafont-Mueller Você gosta da feijoada mas não acha que tenha tempo para fazê-la? Este vídeo vai mostrar que até com pouco tempo você pode criar uma feijoada perfeitinha! Olha-​lá​!

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Conhecendo os sabores do Brasil Sofia Salgado

A cultura de um país pode ser conhecida através de sua comida. Neste vídeo eu entrevistei três amigos do Brasil sobre o que eles mostrariam da comida para um americano se tivessem a oportunidade. Durante este video, aprenderão um pouco sobre certas comidas em Salvador, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu que demonstram a diversidade do Brasil. Clique na parte inferior da foto.

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DIPLOMACIA


Relações Amigáveis Lilliana Graham O Brasil e os Estados Unidos têm uma das relações diplomáticas mais antigas do continente Americano, já que os EUA foram o primeiro país a reconhecer a declaração de independência de Portugal em 1822 e foi o primeiro país a instalar um consulado ali. Além disto, o Brasil foi o único país Sul Americano a mandar tropas para lutar ao lado dos aliados na segunda guerra mundial. Mas a história entre os dois países não termina aqui, pois os Estados Unidos também estiveram presentes em um dos momentos mais importantes da história Brasileira: o Golpe Militar que resultou em uma ditadura que durou mais de vinte anos. Existem arquivos provando que o Presidente Lyndon Johnson apoiou os organizadores do golpe em 1964, providenciando armas aos revoltados. Os Estados Unidos e o Brasil têm uma relação económica bilateral com cada país aproveitando do comércio e exportações do outro. O Brasil contribui com os Estados Unidos principalmente com Açúcar e Etanol, mas como inovador de tecnologias, também exporta inteligência preciosa de biocombustíveis que os Estados Unidos apreciam e utilizam.

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Uma História: As Relações entre o Brasil e o Japão

Nathan Kirchhoff Hoje em dia, o Brasil tem a maior população no mundo de japoneses fora do Japão. Atualmente, o bairro Liberdade, em São Paulo, é conhecido como o bairro de lojas e restaurantes orientais. Este lugar é onde a maioria dos japoneses mora no país. Por que os japoneses se interessaram por virem a um país latino? E quais são os maiores debates atuais de diplomacia entre os dois países? Em 1888, o Brasil aboliu a escravidão. Ao mesmo tempo, a exportação primária do Brasil era o café. Os ex-mestres reclamavam que os ex-escravos não trabalhavam suficientemente para a colheita da produção de café. Além disso, a elite queria que mais brancos morassem no Brasil e contribuíssem com a miscigenação do povo. Portanto, houve uma grande propaganda brasileira para atrair imigrantes brancos. Os primeiros foram os italianos e os alemães. Quando eles chegaram, foram maltratados pelos mesmos ex-mestres brasileiros que os convidaram. Em seguida, a Itália proibiu que seus cidadãos continuassem a emigrar ao Brasil. Então, no princípio do século XX, o Brasil convidou os japoneses para preencher a vaga causada pela falta dos italianos. A maioria dos japoneses imigraram para o Brasil entre as décadas de 1910 a 1940. Cerca de 1930, a industrialização no Japão estava começando e, com esse movimento, resultou um incentivo de emigração japonesa. No entanto, os Estados Unidos tinham fechado a imigração de pessoas de cor. Então, o Brasil foi um dos únicos países que permitiram a entrada dos japoneses. Entre 1931 e 1935, cerca de 70 mil japoneses chegaram no Brasil. Quando esses novos imigrantes chegaram, se confrontaram com muita opressão dos ex-mestres brasileiros. Como não havia leis de trabalho nem de proteção para os fazendeiros, os brasileiros abusaram dos japoneses nas plantações de café. Comunidades japonesas, como o bairro da Liberdade, nasceram então para manter

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um apoio social e a cultura e língua japonesas. Logo depois em 1942, o Brasil declarou guerra contra o Japão por causa da segunda guerra mundial. O governo brasileiro proibiu que os japoneses ensinassem japonês e começou a assumir muitas propriedades, empresas e possessões dos japoneses brasileiros. O governo até pensou em transferir todos os japoneses a um campo de internamento, como os Estados Unidos estavam fazendo. No entanto, eventualmente, a segunda guerra mundial terminou e a situação dos japoneses brasileiros melhorou. A economia também melhorou no Japão nas décadas de 1970 a 1980. Agora, muitos japoneses brasileiros imigram ao Japão à procura de empregos. Esses trabalhadores, chamados ​Dekasegi​, tem por volta de 300,000 japoneses brasileiros no Japão. Hoje em dia, a relação entre o Brasil e o Japão parece muito melhor comparada com a época da chegada dos primeiros japoneses. Mas atualmente, na diplomacia real, os dois países têm acordos e desacordos bem complicados. A área da economia faz a polêmica mais atual. Durante a última reunião da Organização de Comércio Mundial, representantes do Brasil acusaram o Japão de subsidiar os seus fazendeiros japoneses embora o país precisasse de alimentos mais baratos. O Japão provavelmente teria feito isso se importasse produtos do Brasil. Por outro lado, os representantes japoneses argumentaram que o Brasil tem uma taxa alta demais para atrair a demanda do Japão. Nesse problema, talvez ambos os países estejam certos. Enfim, parece que

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a relação entre o Brasil e o Japão ainda está evoluindo.

Citações

https://lens.blogs.nytimes.com/2013/09/25/japanese-brazilians-straddling-two-c ultures/?partner=rss&emc=rss&_r=0 https://web.archive.org/web/20120204213520/http://www.international.ucla.ed u/article.asp?parentid=6996 http://www.itu.com.br/artigo/a-imigracao-japonesa-em-itu-20100202 http://thediplomat.com/2017/05/japan-brazil-cooperation-flawed-by-design/

http://www.imigracaojaponesa.com.br/

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Relatório da diplomacia comercial entre o Brasil e os EUA Adrian Lafont-Mueller No mundo capitalista em que vivemos, os incentivos econômicos e comerciais são essenciais para definir como as nações se relacionam—todos os países querem otimizar sua situação econômica no contexto global. Dado que a diplomacia pode ser definida como “a prática das relações internacionais entre Estados,” o comércio indubitavelmente está intimamente ligado à diplomacia. Especificamente, a relação econômica entre os EUA e o Brasil é muito forte. Segundo o texto A ​ s Relações entre o Brasil e os Estados Unidos por Joel Anthony Woodward, essa relação “proporciona muitos benefícios mútuos, o que faz da economia e do comércio uma área (...) para construir uma relação geral mais forte.” Concretamente, acerca do Brasil, os EUA são—depois da China—o país onde a maior parte das exportações brasileiras chegam, com um valor estimado de $24.5 bilhões (13% das exportações totais) em 2015, segundo o “Atlas” de MIT. Por outro lado, o Brasil importa $26.5 bilhões de produtos dos EUA (15% das importações totais). Para os EUA, o Brasil é o segundo país mais importante em termos do comércio nas Américas, e é o décimo quarto no mundo inteiro. Claramente, essa ligação econômica destaca que os dois países se beneficiam mutuamente do comércio entre eles, portanto faz sentido que Woodward diga que a relação geral pode crescer do comércio. Woodward também afirma que “a crescente economia brasileira oferece um mercado em potencial para muitos bens e serviços norteamericanos.” Olhando pelas estatísticas atuais, isso é totalmente verdadeiro. As importações brasileiras dos EUA são muito diversificadas. Os produtos mais importados são: o petróleo refinado (9%), as turbinas a gás (8.2%), e os instrumentos para a prática médica e os medicamentos empacotados (6%). Os produtos mais importados pelos EUA do Brasil são: os aviões (12%), o petróleo bruto (10%), e o café (5.2%). Quanto a estes produtos mais importantes, a mutualidade também é claramente visível. Por um lado, os EUA 37


importam “matéria prima” na forma do petróleo bruto, e em troca exporta esse produto depois de ser manufaturado como petróleo refinado. Por outro lado, o Brasil importa “matéria prima” na forma das turbinas a gás, e as utiliza para retornar os aviões manufaturados. Isto mostra que os dois países podem ser manufaturadores ou produtores de fornecedores quando for mais conveniente. Além disso, os produtos médicos são uma especialidade americana, enquanto que o café é uma especialidade brasileira—o que mostra também que os dois países podem depender um do outro para manufaturar produtos de alta qualidade. Por último, é interessante ver que o comércio com os EUA beneficia quase o Brasil inteiro, não é um benefício concentrado em uma região ou apenas uma população. As cidades que mais importam dos EUA são: Ipojuca (7.9%), São Paulo (7.7%), e São Luís (7.4%). Essas três cidades estão em três estados distintos e representam populações muito diferentes. São Paulo é uma megalópole e é a cidade maior do Brasil, São Luís é uma cidade média-grande, enquanto que Ipojuca é uma cidade bastante pequena. As exportações seguem um modelo similar, vindo de Rio de Janeiro (9.9%), São José dos Campos (8.3%), e Vila Velha (3.3%)—também de três estados diferentes. Em conclusão, os EUA e o Brasil claramente exibem uma relação comercial muito saudável e produtiva para os dois lados—desde muitos pontos de vista. Várias indústrias, populações, e regiões nos dois países se beneficiam dessa relação. Graças a esses benefícios, a diplomacia—que encapsula mais fatores políticos, militares, etc.—entre os dois países tem uma base forte na qual crescer e se desenvolver. Resumindo isso em palavras prometedoras, Woodward disse que o comércio “tem um grande potencial para servir de veículo para guiar o caminho a uma relação mais próxima e cooperativa de longo prazo entre esses dois países.”

CITAÇÕES: Todas as estatísticas deste texto vêm de: ​http://atlas.media.mit.edu As citações vêm do texto de Joel Anthony Woodward: Woodward, Joel A. As Relações Entre O Brasil E Os Estados Unidos. Esg.br. Escola Superior De Guerra, 2011. Web. 29 May 2017.

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Os EUA e o Golpe de 64

Isaiah Mendoza Os Estados Unidos teve um papel discreto no golpe de estado no Brasil em 1964 no qual ajudou preparar a opinião pública para um novo governo. A extensão da influência era sutil, mas as transformações que ajudaram fazer foram grandes. O vídeo seguinte revê as relações entre os países dessa época. Clique aqui ou na imagem para assistir o vídeo!

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QUESTÕES RACIAIS


Exploração de raça: uma comparação entre racismo no Brasil e os EUA José Badion

O Brasil e os Estados Unidos têm muito em comum. São repúblicas liberadas de poderes imperiais, nações proeminentes no estágio global, e países diversos com uma multidão de pessoas de cada credo e cor. Também, os dois têm histórias de escravidão e até hoje são inundados por um racismo institucionalizado. Nos Estados Unidos, o problema é muito mais óbvio, uma parte do diálogo diário. A segregação é bem viva até hoje, apesar de não ser uma lei. Existe muita violência e hostilidade visível, dirigida a pessoas com ascendência africana, tanto vindo da polícia como dos cidadãos comuns. Cada dia e noite, são histórias na mídia sobre atos de racismo. Para muitas pessoas marginalizadas, o racismo define sua experiência na vida e previne liberdade e ascensão socioeconômica. Palavras racistas explícitas têm desaparecido até certo ponto na linguagem comum, mas frases e palavras como “dogwhistle” (eufemístico para uma coisa) como “urban” (urbano) e “inner-city”(do interior da cidade) a substituíram. O racismo e a opressão estão manifestados numa

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grande divisão cultural entre comunidades predominantes brancas e predominantes negras. Em contraste, o racismo no Brasil é muito menos visível e facilmente tangível. Na verdade, o Brasil nunca teve uma lei de segregação. A miscigenação é muito difundida e prevalente no país, ao ponto que quase todos têm sangue africano nos suas veias. Mesmo que existam diferenças culturais no Brasil, não há uma divisão sócio cultural tão forte. Mas, até hoje, o Brasil pode parecer-se como muitos outros países latino-americanos: tem um espectro hierárquico que determina que nível sócio-econômico geral depende da cor da pele e características nativas e africanas. É mais difícil dividir negro e branco, mas uma pessoa que parece mais negra pode auto-identificar-se facilmente. Os padrões de beleza se enfocam em características europeias e características mais africanas são menosprezadas de acordo com o artigo “A beleza brasileira nas revistas femininas” do Blog Cítrico (Batista). Também, a língua racista é muito mais prevalente, com palavras como “neguinha” e “preta” na linguagem diária em algumas comunidades brancas. Apesar disso, os dois países têm frequentemente orgulho em suas “faltas de racismo”, o Brasil até mais do que os Estados Unidos. Como se sabe, o sociólogo Gilberto Freyre inventou o frase “democracia racial” (Freye) para descrever a sociedade brasileira, com o intento de racionalizar e celebrar a integração cultural de cultura brasileira, também com a miscigenação quase universal. Pessoas nos Estados Unidos gostam de dizer que cada mudança de lei (anti-segregação, ação afirmativa) termina o racismo ou cria um “racismo ao inverso.” Mas é mais que evidente que os dois países têm problemas para corrigir a questão do racismo em suas sociedades.

Gilberto Freyre: Casa Grande e Senzala, Rio de Janeiro, Schmidt Editor, 1933 Batista, Ana Luisa et. al. "A beleza brasileira nas revistas femininas" Blog Cítrico, 14 Maio. 2012.

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Conceitos da negritude no Brasil e nos EUA Antônio H. Licht O conceito de raça é fluído. Enquanto componentes do carácter físico humano são fixos e objetivos tal como a cor da pele e a textura do cabelo, “raça” é um conceito socialmente construído. Ao longo dos anos, várias sociedades usaram esse conceito para criar sensações de diferença e separação inerente entre pessoas que pareciam distintas exteriormente. De fato, as pessoas também utilizaram a ideia de raça para justificar a estratificação social, a exclusão e a opressão. Porém, tem que notar que devido à natureza arquitetada e relativa de raça, cada sociedade tem sua própria relação com ela. Com isso dito, enquanto o Brasil e os Estados Unidos têm populações muito heterogêneas, a raça desempenha papéis bem diferentes na consciência coletiva dos países. Em particular, nesses países existem concepções distintivas do que significa ser “negro” . De muitas formas, as histórias específicas dos africanos em cada região ajudam a explicar as relações divergentes entre os EUA e o Brasil em relação à raça negra. Entre os séculos XVII e XIX, ambos os países trouxeram escravos africanos forçadamente. Além do mais, a escravidão definiu as economias e os estilos de vida dessas sociedades até a sua abolição em cada país ao fim do século XIX. Durante esse período de escravidão, as populações de ancestralidade europeia dos dois países mantinham práticas de casamento diferentes com as pessoas com a pele negra. Enquanto os anglo-saxões vieram fugidos da Inglaterra por razões religiosas ou políticas, os portugueses normalmente eram aventureiros e exploradores da terra. Por isso, os colonizadores anglo-saxões originais que vieram para a América do Norte frequentemente já eram casados. Por outro lado, era comum que os primeiros colonizadores portugueses fossem solteiros quando chegaram no Brasil. Devido a essa discrepância em estado civil, a miscigenação entre os negros e os brancos era muito mais comum no Brasil. Assim, com início nos primeiros anos da colonização, muitos Brasileiros já tinham ancestralidade mista. Com esse precedente cedo de miscigenação, a prática de mestiçagem continuou—inclusive entre as pessoas de ascendência mista. Em contraste com a situação histórica do Brasil, nunca emergiu um precedente significante de miscigenação nos EUA. Por isso, durante os períodos de escravidão e de pós-escravidão os negros e os brancos dos EUA tenderam a casar-se apenas com outros da mesma cor de pele.

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Como resultado da história de miscigenação, a negritude no Brasil não é um conceito muito preciso. Nos EUA, tendemos a chamar toda pessoa que tem pele vagamente negra de “negra”, e as sua linhagem é de um modo geral africano. Porém, o caso não é tão simples no Brasil. Quer dizer, como consequência dos anos de casamentos mistos, é muito comum que Brasileiros que são negros fenotipicamente realmente tenham mais ancestralidade europeia. Além disso, muitos dos brasileiros que têm pele escura têm características faciais mais associadas com gente de ascendência europeia. Mais interessante ainda, muitos brasileiros que americanos classificariam definitivamente como “negros” na verdade se autoidentificam de outra forma. Por exemplo, muitos se autoidentificam como “mulato”, “moreno”, “moreno-claro”, “clarinho”, “café com leite”. Então, este estudo de caso de raça no Brasil e os EUA demonstra poderosamente a natureza construída de raça e o efeito da história social no pensamento racial contemporâneo.

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A falha do uso da raça Sofia Salgado O Brasil é um país que tem cidadãos realmente únicos. Os brasileiros são uma mistura de raças e culturas que fazem eles únicos. Mas nos últimos anos o Brasil tem tentado seguir o modelo americano do sistema de quotas que está tentando dividir os brasileiros entre brancos e negros, algo que é realmente difícil no Brasil. Hoje em dia, isso está causando problemas porque põe a questão sobre quem deve ser considerado como negro. Nos Estados Unidos, nossa forma de dividir os cidadãos por causa da raça e etnia parece que funciona, mas na verdade só causa frustração para vários cidadãos e vai continuar causando mais problemas como acontece no Brasil com o aumento de casamentos multirraciais. Em primeiro lugar, o Brasil e os Estados Unidos têm várias coisas em comum especialmente nas relações de colonização e imigração. Mas existe uma grande diferença entre estes países e isso é a questão da miscigenação, o que não houve nos Estados Unidos. Durante o tempo colonial houve muita miscigenação e nas épocas mais modernas houve muita imigração que aproximou pessoas de diferentes culturas e raças no Brasil. Na verdade, é muito difícil categorizar os brasileiros por causa das cores e se usássemos o sistema americano até o americano ficaria confuso com as maneiras como as pessoas decidem classificar as pessoas como brancas e negras. Por exemplo, antes de ter ido para o Brasil, eu sabia que meu parceiro era filho de pai negro e mãe parda. Ao chegar na casa deles, eu fiquei surpresa em ver a família... o pai de meu amigo não era “negro.” (Ele é o último homem na direita na foto). Nos Estados Unidos quando uma pessoa pensa numa pessoa negra acha que essa pessoa tem que ter certos aspectos físicos africanos e normalmente tem a cor preta. Mas no Brasil muitas das pessoas que são

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consideradas negras na verdade não parecem negras conforme os ideais americanos. O caso de 2007 (ver link abaixo)* dos dois irmãos gêmeos univitelinos, um considerado branco e outro negro pelo sistema de quotas, também demonstra que a forma de classificar brasileiros como negros não funciona. Levando isto em consideração, também se deve avaliar o sistema de classificação das raças nos Estados Unidos. Normalmente, existem cinco categorias raciais que são: indígena, asiático, negro ou afro-americano, nativo havaiano ou de outra ilha pacífica, e branco. Além disso, também existe categoria étnica que `as vezes causa muita confusão entre as pessoas. Por exemplo, na categoria racial, eu seria considerada branca mas na étnica eu seria latina. Também muitas pessoas estão chateadas com a forma de combinar certos grupos em um. Sendo latina, eu posso só falar pelas pessoas que são consideradas latinas. Em geral, os latinos não gostam de ser considerados todos latinos porque existe diferença entre, por exemplo, os cubanos e os colombianos. Por sinal, por causa das desigualdades que existem nos Estados Unidos, ser considerado “branco” ou “branca” nos Estados Unidos é um privilégio para muitos, e isso está causando problemas entre as pessoas. Nos anos passados, por exemplo, os mexicanos que vinham para os Estados Unidos queriam ser considerados brancos e não como pessoas de cor porque teriam a oportunidade de ter vários benefícios. Agora, nos Estados Unidos também estamos vendo mais casamentos interraciais que vão causar problemas para os filhos desses casamentos. Por exemplo, como vão se identificar: brancos, negros, mexicanos, etc. Vou dar o exemplo dos gêmeos da minha prima (foto incluída que foi dada por minha prima). Os gêmeos são filhos de mãe mexicana e pai americano (branco) mas um gêmeo parece completamente branco e a outra parece mexicana. Quando as pessoas os veem, um é considerado “branco” e a outra “mexicana”, mas os dois são mexicanos e brancos. Então como devem se categorizar?

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Enfim, os problemas que estão acontecendo no Brasil e nos Estados Unidos pela forma de classificar as pessoas por causa da cor da pele demonstra que é hora de terminar com estas categorias que só dividem as pessoas e causam confusão entre os cidadãos. O Brasil deve parar de tentar classificar as pessoas como negras ou não, como está tentando no caso do sistema de cotas nas faculdades. Igualmente, os Estados Unidos devem tentar mudar as formas que existem para classificar as pessoas porque isso só vai continuar causando confusão entre os cidadãos. Ao final, nós é que decidimos a raça ou etnia de que somos.

*http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0806200718.htm

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Comparando as Representações dos Corpos Negros no Brasil e nos Estados Unidos Liam Gabriel White Os legados da escravidão no Brasil e nos Estados Unidos têm vários paralelos. Os dois países estiveram entre os últimos a proibir a prática. Nos anos após a abolição, as medidas tinham sido tomadas para assegurar que os negros ficassem em desvantagem na sociedade até agora. A construção do conceito de raça só beneficia os brancos. Hoje a opressão dos negros é menos agressiva, mas ainda violenta nos vários contextos da vida brasileira e americana. Um deles é na cultura popular, onde as pessoas celebram o valor da diversão e os corpos dos negros, mas ignoram o intelecto e o sofrimento deles. Os brasileiros falam duma democracia racial, enquanto os norte-americanos se perguntam sobre um país pós-racial. É cedo demais para declarar isso. Cada ano durante o Carnaval no Brasil, a maior rede de televisão, a Globo, promove o feriado com a “Mulata Globeleza,” uma mulher negra linda vestindo nada além de alguma tinta no corpo. Algumas pessoas podem dizer que isso é uma celebração da beleza negra, mas a gente precisa considerar como a mídia representa a vida dos negros. Nesse caso, e muitas vezes com os homens negros também, o corpo é sexualizado e fetichizado, tirando a humanidade deles através dessas imagens. As pessoas ao redor do mundo assistem o Carnaval, mas é importante que eles não pensem que a Mulata Globeleza representa todas as mulheres negras no Brasil. Na verdade, a maioria delas nunca vai receber a oportunidade de serem veneradas. Muitas só podem trabalhar como empregadas domésticas ou empregos menos favorecidos por causa das condições sociais. É uma hipocrisia os brasileiros terem orgulho dos aspectos da cultura inspirados pelos negros, mas não trabalharem para melhorar a qualidade das circunstâncias a que se submetem todos os dias. Infelizmente, os mesmos problemas de hipocrisia e representação dos negros existe nos Estados Unidos. Nós adoramos a música da Beyoncé e Jay-Z, 48


o atletismo do Lebron James e Russell Westbrook, e a comida afro-americano quando ele serve para entreter. Quando nós precisamos confrontar as perguntas da ação afirmativa, da violência policial, e a remoção dos monumentos confederados, nós ficamos muito menos animados. É aceitável os negros serem nossas celebridades, nosso presidente mesmo, mas não nossos vizinhos pedindo por mais apoio. Sem dúvida, o Brasil e os EUA progrediram muito desde a escravidão, e é encorajador que possamos ver os negros na mídia, na televisão, a na cultura popular mais e mais. Só um aviso: os dois países não podem fingir que eles têm igualdade. Primeiramente, precisam parar a sexualizaçao e o exibicionismo dos corpos negros. Depois, podemos criar mais oportunidades para representar respeitosamente os talentos e as contribuições deles.

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IMIGRAÇÃO


Imigração à oportunidade Zé Badion A imigração é muito prevalente em nossa sociedade global hoje, particularmente nos países da América Central e do Sul. No caso do Brasil, uma sondagem estima que são 2 a 3,7 milhões de pessoas que já imigraram para outros países. Mas por que as pessoas imigram? Os perfis desses emigrantes e imigrantes podem explicar por que os domiciliares escolhem deixar sua terra natal em busca de outra. De acordo com a mesma sondagem, a maioria (cerca de 60%) dos brasileiros que migraram para outros países têm hoje entre 20 e 34 anos (não considerando quando saíram do Brasil). Também (especialmente nos estados do sul), a maioria (cerca de 70%) de emigrantes são mulheres. O sul e o sudeste fornecem a maioria dos imigrantes, com 240.298 e 84.348 emigrantes reportados respectivamente. Para onde vão? Sem surpresa, a maioria imigram aos Estados Unidos (117.104 e 23,8%) ou Portugal (65.969 e 13,4%). Curiosamente, os próximos são Espanha (46.330), Japão (36.202 e 7,4%), Itália (34.652 e 7,0%) e o Reino Unido (32.270 e 6,2%). Para princípio de conversa, estes números nos dizem muito. (Nalon, G1) Em primeiro lugar, muitas das pessoas que migram são pessoas mais jovens dos estados mais ricos. Nisso, nós vemos um pouco de privilégio e um pouco de miséria. Estão migrando a países proeminentes devido ao idioma (inglês, português, espanhol), ou à cultura (italiana, japonês, americana). Jovens adultos, que podem ter o dinheiro necessário para viajar de forma segura e legal, vão buscando alguma coisa que não podem obter no Brasil (mas em países familiares). Por que, exatamente, as pessoas migram? Em termos mais gerais, ao que tudo indica, as pessoas imigram para terem novas oportunidades. Essas oportunidades são diferentes para cada um: Alguém quer encontrar seu amor ou reunir-se a ele; alguém quer sair da guerra e encontrar a paz, alguém simplesmentes quer obter um emprego novo ou inacessível na sua pátria de origem. O país de partida importa tanto quanto o país de origem. Mas a imagem grande e holística continua a ser a mesma: alguns países oferecem coisas que não são 51


acessíveis ou realizáveis em outro. As pessoas que veem isso são as mais jovens, os membros da sociedade de trabalhadores. Mas esse fenômeno não se faz auto-realizável? Se as pessoas se foram do país, de onde vão os trabalhadores novos para melhorar o Brasil? Podemos saber no futuro. Nalon, Tai. "EUA São Principal Destino De Brasileiros No Exterior, Aponta IBGE." Globo Brasil. G1, 16 Nov. 2011.

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Brasileiros nos EUA: quem são e porque vão Adrian Lafont-Mueller Hoje em dia, nos EUA, é quase impossível conhecer alguém que não tenha um amigo imigrante, ou não tenha um imigrante na sua família. Segundo o censo dos EUA realizado em 2010, havia 40 milhões de imigrantes no país, representando quase 13% da população inteira. Evidentemente, há um enorme interesse em imigrar para os EUA por parte de pessoas de todo o mundo. Especificamente, para os imigrantes do Brasil também é verdade. De fato, os EUA são seu destino principal, contendo quase 24% de todos os Brasileiros que moram no exterior. O interesse na imigração para os EUA, contudo, provém de várias causas. Um aspecto que desempenha um papel em decidir p ​ orque u ​ m brasileiro quer imigrar para os EUA é a sua classe social. Segundo o BBC Brasil, o perfil do imigrante brasileiro está se transformando, com uma proporção maior de brasileiros de classe alta começando a ir para os EUA. Para eles, a prioridade é a segurança—e estão dispostos a pagar por ela. Somente para receber o visto EB-5 (usado pelos brasileiros de classe alta) os imigrantes precisam investir $US 500,000 na economia americana. Não obstante, os imigrantes desta classe dizem que vale a pena. Por exemplo, o empresário Leandro Maia “foi alvo de dois disparos num assalto na capital paulista. Na época, a esposa dele estava grávida da primeira filha.” Nesse tempo, quando pensava no futuro da sua filha, o mais importante tornou a ser evitar que ela tivesse que viver com violência frequente. Por outro lado, brasileiros da classe média-baixa ainda são os que mais imigram para os EUA. Para eles a experiência é diferente; a segurança é importante, mas a prioridade é encontrar oportunidades que não são possíveis 53


para eles no Brasil. Segundo o cônsul brasileiro em Atlanta, “a maioria dos brasileiros ... vêm em busca de melhores condições de renda porque veem, novamente, a economia norte-americana crescendo e uma fase mais difícil na economia brasileira”. A imigração por parte destes imigrantes é principalmente ilegal, no sentido de que eles entram com o visto de turista e depois não saem do país. Em geral, sempre há vantagens de mudar para um novo país, mas também há desvantagens. Sair do Brasil e ir para os EUA não é uma exceção. Para a classe alta, a desvantagem principal é que o nível de vida baixa dramaticamente porque o custo de vida é elevadíssimo nos EUA. Então, por exemplo, um advogado típico entrevistado pela BBC teve que trocar sua casa “com sete suítes de frente para o mar no litoral paulista por uma residência com três quartos perto de Orlando” quando ele mudou. Para os brasileiros de classe média-baixa, há muitas dificuldades associadas em ser residente ilegal nos EUA, como não falar suficientemente inglês, e deixar as famílias e os conhecidos para trás. Também, o preço do sistema de saúde americano é esquecido frequentemente e pode fazer impossível que os brasileiros de classe média-baixa tenham acesso à saúde. Enfim, o processo de emigrar do Brasil aos EUA é muito complexo. Significa muitas coisas diferentes para pessoas e há uma variedade enorme em como os brasileiros se aproveitam da oportunidade. Isso faz com que, na minha opinião, seja muito importante para os brasileiros analisarem sua situação individualmente antes de imigrarem para os EUA, porque a melhor decisão nem sempre é a de mudar de país.

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Por que sair? O dinheiro e a imigração de brasileiros Isaiah Mendoza Os brasileiros são um grupo importante de imigrantes aos Estados Unidos. Muitas vezes, no entanto, esse grupo não é representado pela mídia americana e é esquecido aos olhos da gente americana. Embora não seja adequadamente representado, a maioria de emigrantes brasileiros vão para os Estados Unidos. A razão mais comum que explica este fenômeno é a razão econômica: os endinheirados do Brasil vão por causa de investimentos enquanto os com menos dinheiro, a maioria, vão pela esperança de melhorar a vida. Por causa de uma lei americana, os brasileiros endinheirados têm um bom incentivo para mudar aos Estados Unidos. Com o programa do visto EB-5, os brasileiros que têm mais de vinte um anos e entre US$500 mil e US$800 mil para investir na economia americana podem receber um cartão de residente permanente. O incentivo disso tem dois lados. Primeiro, oferece uma oportunidade para investir em uma das economias maiores e mais bem conhecidas do mundo. A maioria desses investidores são parte do mercado imobiliário americano. Esse mercado é conhecido por ser lucrativo. Com tal oportunidade, eles veem a oportunidade de ser “residente permanente americano” com o que é chamado o “Green Card” nos Estados Unidos. A combinação de morar em um lugar onde o consumismo reina e a possibilidade de ganhar muito dinheiro com o investimento cria um incentivo forte para os brasileiros ricos. Do outro lado dos imigrantes brasileiros, está a maioria: os da classe C, ou da classe média baixa. O conceito do “Sonho Americano”, que tinha acalentado os imigrantes por décadas, é ainda forte hoje. Há uma razão pela qual os brasileiros migram aos Estados Unidos “‘em busca de qualidade de vida’”. A esperança de poder se mudar aos Estados Unidos é uma razão tão forte quanto a econômica. A promessa do sucesso é considerada um fator principal para mudar-se e tentar criar uma vida melhor. A esperança e o investimento são fatores bem fortes que motivam a gente brasileira a mudar-se, mas um grupo não mencionado são os estudantes. Muitos brasileiros (e pessoas de outros países pelo mundo) mudam aos Estados Unidos para estudar. Esta razão pode ser considerada econômica, porque com um diploma, muitas vezes, vem mais dinheiro. Os imigrantes brasileiros são um grupo importante na sociedade americana, mas muitas vezes não são representados como convém. 55


Fontes de pesquisa: Felipe, Leandra. "Maioria Dos Imigrantes Brasileiros Nos Estados Unidos é Da Classe C." ​EBC​. N.p., 25 June 2015. Web. 26 May 2017. <​http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2015/06/maioria-dos-imig rantes-brasileiros-nos-estados-unidos-e-da-classe-c​>. Lagôa, Tatian. "Brasileiros Endinheirados Migram Para Os EUA Com Mala, Cuia E Bilhões De Reais." ​Home​. Ediminas S/A Jornal Hoje Em Dia, 15 July 2016. Web. 26 May 2017. <​http://hojeemdia.com.br/primeiro-plano/brasileiros-endinheirados-migr am-para-os-eua-com-mala-cuia-e-bilh%C3%B5es-de-reais-1.398212​>​. Nalon, Tai. "EUA São Principal Destino De Brasileiros No Exterior, Aponta IBGE." ​G1​. Globo, 16 Nov. 2011. Web. <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/11/eua-sao-principal-destino-d e-brasileiros-no-exterior-aponta-ibge.html>.

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O idioma na vida do imigrante Sofia Salgado As pessoas têm vários motivos para emigrar a outro país especialmente aos Estados Unidos, mas nem todos os imigrantes recebem o mesmo resultado que esperavam. O fator que determina o sucesso das pessoas neste país é a língua. Sem dúvida, a língua determina quanto o imigrante pode se assimilar à cultura do país. O inglês é a língua essencial nos Estados Unidos e a qual ajuda os imigrantes obterem uma melhor oportunidade para conseguir empregos mais desejáveis Tristemente, nem todos os imigrantes sabem o idioma, e isso pode tornar as coisas mais difíceis para eles. Por exemplo, quando a família de meu pai imigrou para os Estados Unidos havia muito poucos Mexicanos em Chicago. Meu pai chegou a este país aos treze anos sem saber falar uma palavra em inglês. No México ele teria diversas oportunidades de ir para a faculdade por causa das notas dele mas ao chegar aos Estados Unidos se apresentaram novas dificuldades. Não só tinha que aprender o inglês numa idade que é muito difícil para os adolescente, mas também tinha que ajudar a família dele o que impossibilitou ele continuasse estudando. Ainda que meu pai tivesse aprendido a falar o idioma, como não tinha ido bem nos estudos porque não entendia as matérias em inglês, decidiu trabalhar num trabalho simples onde poderia obter dinheiro para ajudar a família em vez de tentar continuar estudando. Como a história de meu pai existem muito mais histórias nas quais jovens imigrantes perderam a possibilidade de continuar estudando para obter uma carreira por causa do obstáculo do idioma. Hoje em dia, existem mais imigrantes nos Estados Unidos que falam os idiomas nativos de seus países e isto oferece novas oportunidades para os imigrantes, mas a pergunta que muitos se devem fazer é o quanto isso ajuda os imigrantes. Como disse o autor do artigo “Os Perfis dos Brasileiros Residentes nos Estados Unidos,” (ver referência abaixo), hoje existem várias opções para os brasileiros viverem de acordo com seu estilo de vida, até com a opção de falar só português. Os brasileiros podem ir para cidades onde há uma concentração grande de brasileiros como em Boston e em Nova Iorque. Também podem ir para lugares onde o inglês não é completamente necessário como Miami e Los Angeles, onde o espanhol é mais falado do que o inglês. Além que ter a oportunidade de ficar entre imigrantes do mesmo país, ajuda o 57


imigrante a sentir-se mais entre família. Por outro lado, também as pessoas têm que se perguntar o quanto este ato está prejudicando os imigrantes. Muitos dos imigrantes brasileiros que moram em Nova Iorque por exemplo moram em guetos e sobrevivem com empregos triviais. Também sabe-se que o nível de inglês é o que determina o trabalho que o imigrante vai obter. Enfim, é necessário pedir que as comunidades prestem mais atenção ao promover o bem-estar das seus habitantes. Comunidades onde as pessoas falam mais as línguas dos países de origens dos habitantes devem promover o ensino do inglês para ajudar os imigrantes a terem melhor possibilidade de vida e sucesso no novo país. *http://www.soulbrasil.com/home/os-perfis-dos-brasileiros-residentes-nos-estad os-unidos/

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Entrevista com imigrantes 1. Entrevista com Silvia Lovato

Natan Kirchhoff

No meu vídeo, entrevistei a Sílvia Lovato, uma estudante de doutorado aqui na Northwestern Universidade. Ela é a professora assistente de um dos meus outros cursos. No primeiro dia do trimestre, ela se apresentou e disse que era do Brasil. De repente, eu quis que ela fizesse o vídeo comigo para essa revista. Em seguinte, lhe pedi para fazer uma entrevista sobre a história dela como uma imigrante. A entrevista que deu foi bem divertida, educacional e agradecida. Espero que você goste!

2. Aprender e adaptar-se: Reflexões dum carioca sobre a experiência americana

Aitan Licht Uma entrevista com o Ricardo Dahis, um aluno de pós-graduação na Universidade Northwestern, sobre a sua experiência como um imigrante brasileiro nos EUA. Clique embaixo para vê-la!

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3. Dill Costa, Uma imigrante extraordinária Liam Gabriel White

Quer saber como uma imigrante extraordinária trouxe a cultura brasileira com ela quando ela mudou para Chicago? Apresentando Dill Costa, professora de samba na Old Town School of Folk Music em Chicago e ex-atriz do Rede Globo no Brasil. Os conhecimentos dela sobre assimilação, o processo de aprender inglês, e as comparações da raça são muito fascinantes.

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A visita ao consulado Zé Badion É como se tivéssemos "ido ao Brasil", sem termos saído de Chicago, especialmente encerrando nosso curso que lida com a vida cultural entre o Brasil e os EUA. No final de semana do dia 19 de maio, ficamos honrados como convidados do Consulado brasileiro aqui em Chicago. Fora do caos de um dia ocupado e chuvoso, apressamo-nos para o ônibus que nos levaria aos portões do belo edifício que abriga o Consulado. Depois de receber cartões especiais de acesso com nossos nomes, nós pegamos o elevador para seus salões corporativos. Ao chegar ao Consulado pela primeira vez, logo percebemos sua governabilidade. Governabilidade no sentido da burocracia simples, para esclarecer. Me refiro à área de recepção pública no lado exterior, que parece um "correio oficial" com funcionários específicos para os cidadãos brasileiros que moram nos nove estados que o cônsulado serve. Com números de atendimento como num "deli", com balcões com vidros como Bancos e com filas de cadeiras, o lugar me fez lembrar de um DMV (Department of Motor Vehicles) onde você tira sua licença para dirigir um carro, aqui na América. Para as pessoas em geral, este Consulado pode ser um lugar estritamente governamental. Isso me deu uma maior apreciação pelo quotidiano dos brasileiros. Quando você cresce na América, você tende a simplificar a burocracia outros países, e esquece o fato de que a vida normal ocorre em cada um deles. Agora, eu preciso que dizer quão diferente é o interior do consulado. Na área de recepção privada, a situação é muito diferente. Você é acolhido por confortáveis sofás, mesas de café e belas prateleiras. Nós fomos recebidos pela Assistente Educacional, amigável e tangivelmente poderosa ao mesmo tempo. O mesmo sentimento tivemos quando conhecemos a Ministra, e finalmente a Embaixadora, de quem emanava um brilho de celebridade. Aqui, minhas expectativas estavam prestes a ser desafiadas novamente. 63


Todas as mulheres (e também todas as pessoas na repartição) eram tão legais! Depois de nosso passeio pelo Consulado e uma troca de presentes, fomos tratados com uma conversa casual em que aprendemos sobre a vida de nossos anfitriões, particularmente como eles se tornaram diplomatas e de como são suas vidas desde então. (A conversa, claro, foi acompanhada de guaraná e pão de queijo.) Minha impressão final do Consulado brasileiro foi o quão inteligentes e qualificadas eram as diplomatas. Vindo de um país em que muitas vezes nem sempre as pessoas mais inteligentes se tornam diplomatas, foi incrivelmente refrescante encontrar o que um diplomata deveria realmente ser. Após essa visita, penso que nosso sistema político poderia aprender uma coisa do sistema diplomático brasileiro!

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Diplomacia Brasileira: A Nossa Visita ao Consulado Geral do Brasil em Chicago Nathan Kirchhoff Em Março, eu tive o privilégio de ser entrevistado pelo Departamento do Estado dos EUA. Eu tinha me candidatado a um estágio para trabalhar na embaixada dos EUA no Brasil e estava animado para entrar na área de diplomacia americana. No entanto, quando comecei a conversar com a entrevistadora, fiquei com medo. Ela falou com um tom muito sério e nunca riu. Em cada pergunta, eu senti que respondi errado porque ela me deixou tão nervoso. Quando terminamos, eu saí acreditando que não seria o escolhido para o estágio. Agora, eu ainda não sei se a entrevista deu certo. No entanto, foi nesse contexto em que pensei quando a nossa turma de português visitou o consulado geral do Brasil em Chicago. Primeiro, fomos saudados pela Assistente de Educação. Ela nos apresentou `a Ministra de Cultura e logo depois, entramos no escritório da própria Embaixadora. Ela tem uma vista maravilhosa do rio Chicago e do lago Michigan. Todas elas se vestiam bem formalmente. Depois de conhecer a todas elas, a ministra e a assistente viraram guias para nos mostrarem todo o andar do Consulado. Vimos os escritórios delas, a sala para clientes e as estações de serviço. Em seguida, fomos à sala de reunião onde havia café, Guaraná e pão de queijo! Enquanto nós comíamos um pouco, a assistente nos deu uma apresentação sobre todos os seus serviços. Aprendemos que o consulado geral do Brasil em Chicago tem jurisdição em dez estados no meio-oeste dos EUA. Ou seja, oferece ajuda a todos os brasileiros nessa área. Se tiver problema com visto, o consulado ajuda. Se quiser transferir a cidadania brasileira ao seu filho, o consulado o faz. Se houver algum casamento de brasileiros, o consulado oficia. De acordo com a assistente, apenas os Consulados Gerais e a Embaixada do Brasil podem oferecer esses serviços aos brasileiros que moram nos EUA. Depois, chegou a hora de fazermos perguntas. Esse momento me relembrou da minha entrevista com o Departamento do Estado, então fiquei nervoso. Elas me pareciam meio assustadoras porque falavam com postura ótima e gramática perfeita. A embaixadora até conjugou com o pronome ‘tu’! E além disso, elas nos contaram das suas próprias experiências como diplomatas. As histórias delas eram cheias de exames difíceis, trabalho duro e grandes desafios. Eu fiquei impressionado, tanto quanto nervoso por não ter uma carreira igual! Antes de terminarmos, eu perguntei para a Embaixadora: o que a senhora aconselharia se algum americano quisesse arrumar um emprego no Brasil? Primeiro, ela me avisou que trabalhar no Brasil sem visto de trabalho é ilegal (que eu já sabia!). Aliás, a Embaixadora aconselhou que eu pesquisasse na internet para achar empresas brasileiras com vagas para estrangeiros. Eventualmente, acabamos a reunião. Todos nós nos abraçamos ao sairmos do escritório. Quando nós 65


ultimamente deixamos o edifício, eu perdi meu medo. Finalmente, percebi que a visita ao consulado foi bem-vinda e as diretoras foram super simpáticas. Eu ainda estou esperando o resultado da minha entrevista com o Departamento do Estado. Mas agora, eu não tenho medo de diplomacia. A nossa visita foi educacional e divertida. Agradeço por ter aprendido sobre essa diplomacia brasileira nos EUA e estou animado para ver o que uma carreira em diplomacia pode me trazer.

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Visita ao Consulado

Adriano Lafont-Mueller O dia 19 de Maio em Chicago foi um dia bastante feio. Chovia, fazia frio, e o vento estava soprando muito —a cidade verdadeiramente merecia o título de “windy city”. Contudo, nossa turma decidiu visitar o Consulado Geral do Brasil no centro da cidade e foi uma expedição extremamente agradável. A cônsul—pequena mas com um sorriso simpático e uma aura muito profissional —nos recebeu até depois das 5:30 em seu escritório. O escritório mesmo era impressionante, estava no oitavo piso de um prédio imediatamente ao lado do rio de Chicago, com vistas alucinatórias da cidade e do lago Michigan. Depois que nós nos apresentamos de maneira meio desajeitada, a cônsul assumiu a conversa e começou a nos perguntar de nossas experiências com o Brasil, rindo-se do fato que quase todos da turma tinham uma conexão com Salvador. Ela reagiu de maneira engraçada ao perceber que nenhum de nós tinha tido coragem para ir até Brasília, e brincou sobre o sotaque de Portugal quando eu lhe disse que ia ir para lá neste verão. Suas reações foram divertidas e sem dúvida autenticamente brasileiras.

Esta primeira interação foi comovente porque pudemos sentir que a cônsul verdadeiramente se importava com nosso interesse pelo Brasil e pela língua portuguesa, e queria cada vez mais encorajar esse interesse. Graças a isso nós nos sentimos bem-vindos e confortáveis. Depois de fazer fotos oficiais, fizemos um tour pelos setores do Consulado com a Ministra e a Assistente Educacional. Elas nos mostraram a função de cada parte e nos apresentaram a diferentes pessoas que poderiam nos ajudar com vistos, passaportes, ou outros documentos legais no futuro. Esse tour foi um aspecto da visita muito útil, porque incluiu informações práticas que seriam diretamente aplicáveis em nossas futuras viagens para o Brasil. Finalmente, as colegas nos mostraram uma apresentação muito informativa com detalhes mais específicos sobre o trabalho que o consulado faz mesmo. Desde logo foi impressionante ver quantas coisas elas têm que fazer! Sua jurisdição inclui dez estados! Enquanto elas apresentavam os serviços prestados, nós pudemos saborear pão de queijo caseiro e guaranás; não só estivemos aprendendo do Brasil mas também consumindo as merendas tradicionais do país. A segunda parte da apresentação foi uma conversa informal e divertida com elas sobre vários temas—de seus caminhos na carreira diplomática até dicas para se adaptar efetivamente depois de se mudarem a um lugar novo. Ouvir o que a cônsul e suas colegas tinham a dizer foi extremamente interessante, e de fato me fez

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considerar pela primeira vez em muito tempo entrar no serviço diplomático Americano. Talvez algum dia trabalhemos no mesmo país!

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Nossa visita ao consulado brasileiro Antônio H. Licht Por meio da nossa visita ao Consulado Brasileiro em Chicago, eu tive a oportunidade de aprofundar os meus conhecimentos sobre a diplomacia brasileira. De fato, através das nossas conversas com as três diplomatas que nos acolheram, eu aprendi muito mais sobre as responsabilidades e o estilo de vida exigidos de embaixadores. Além disso, as diplomatas com quem interagimos nos ensinaram mais sobre o processo educacional associado com a carreira, e elas explicaram de forma mais pormenorizada o plano profissional convencional das pessoas que trabalham nesse campo. Essas mulheres foram muito transparentes e abertas em relação às suas histórias de vida e às suas trajetórias profissionais, e nos falaram das suas próprias experiências de viajar e morar no estrangeiro. É importante notar que as embaixadoras também esclareceram as múltiplas funções que o Consulado desempenha e elas compartilharam sobre a posição que ocupam no sistema consular. Em geral, a experiência de conversar com as embaixadoras foi fascinante e muito informativa. Para mim, um dos aspectos mais notáveis desse consulado é o seu intento de criar um microcosmo do Brasil no centro de Chicago. Quer dizer, desde o primeiro momento em que pisei nos escritórios do consulado, já não sentia que estava nos EUA; em vez disso, sentia que estava no Brasil. Em primeiro lugar, durante todo o tempo que passamos lá, nunca ouvimos nem falamos nenhuma palavra em inglês; a totalidade da interação foi realizada em português. Além disso, as formas de cumprimento que utilizamos foram especificamente brasileiras. Em particular, quando todos nos apresentamos e nos despedimos da Embaixadora principal, era de esperar que a beijássemos duas vezes nas bochechas. Também, as comidas e as bebidas que as nos serviram eram brasileiras por excelência. Isso quer dizer, para beber, nos serviram Guaraná— o essencial, nem precisávamos de nada mais. Similarmente, para comer, nos ofertaram pão de queijo caseiro-- um quitute clássico da culinária brasileira. Então, embora eu ainda não tenha viajado para o Brasil, agora tenho uma ideia melhor de como é estar imerso na cultura brasileira!

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Uma visita ao Brasil

Isaiah Mendoza

A coisa mais inacreditável e muitas vezes mais despercebida quando se mora numa das maiores cidades dos Estados Unidos é que a gente pode ir para um país novo sem sair da sua cidade. Os consulados e as embaixadas que ficam nas maiores cidades de qualquer país são considerados parte da terra soberana do país que representam. Por isso, a gente pode acessar programas educativos, informação, e muitas outras coisas referentes ao país. Este aspecto do consulado brasileiro em Chicago foi o que mais me impressionou.

Quando entramos no Consulado, nos recebeu a recepcionista do consulado em uma área de espera com móveis de couro. Isso imediatamente causou um sentimento de elegância e um ambiente formal. Uma pessoa pode ver claramente que tudo nesse escritório representava o Brasil; era algo sóbrio e elegante. Esta elegância e formalidade impressiona os visitantes que, por estarem no Consulado, estao, tecnicamente, no Brasil. Caminhando pelos escritórios das diplomatas, qualquer pessoa pode ver que elas estavam fazendo coisas oficiais. As diplomatas se vestiam com roupa formal ou roupa de negócios e nos receberam em uma sala de reuniões com pão de queijo e Guaraná Antártica: lanches verdadeiramente brasileiros. A imersão total desta experiência, cultural e linguística, serviu para reforçar o fato de que estávamos em uma terra brasileira. Por outro lado, estar em um ambiente em que tudo representa país, nos leva a imaginar que também nós representamos nosso próprio país. Isso me trouxe o sentimento de que éramos igualmente diplomatas; tivemos contato com alguns representantes do Brasil, e tivemos que representar nossa universidade e, até um ponto, nosso país. Falando com as diplomatas numa sala de reuniões parecia que éramos de fato diplomatas e isso foi muito divertido e interessante. A viagem foi um sucesso! Ir para o consulado parecia similarmente que tínhamos ido ao Brasil mesmo. Foi 70


muito interessante ver e aprender o que fazem as diplomatas e experimentar a cultura brasileira. A coisa mais impressionante de visitar um consulado ou uma embaixadora é o fato de que a pessoa está chegando a um país novo e está interagindo diretamente com um governo diferente do seu. Desempenhamos o papel de diplomatas universitários numa reunião com verdadeiros diplomatas do Brasil!

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O embaixador e a vida fora da perspectiva pública Sofia Salgado Quando muitos pensam nas vidas de um embaixador ou embaixadora sempre pensam nos aspectos positivos. Por exemplo, talvez muitos pensam em todas as possibilidades que eles têm para viajar, ir para bons eventos sociais , entre outros. Mas poucos pensam no lado negativo que há para estas pessoas. Em nossa visita ao consulado brasileiro o aspecto mais impressionante para mim foi aprender um pouco sobre alguns dos aspectos não tão positivos de ser embaixador. Ainda que os embaixadores tenham a oportunidade de viajar para diferente países no mundo, nem sempre têm a chance de ir aos melhores países. Foi interessante saber que os países são classificados por grupos dos melhores países até os menos desenvolvidos. Para os embaixadores brasileiros, eles não são obrigados a ficar no país por vários anos. Por exemplo, a embaixadora disse que alguns embaixadores podem ser enviados para países no grupo C ou D só por alguns anos, como dois ou três se eu lembro corretamente, e depois eles têm a oportunidade de ir para um país no grupo A que são países como Espanha ou Inglaterra. Eu achei esse maneira de distribuir os embaixadores muito justa porque não os obriga a ficar em um lugar por um tempo muito longo.

Mas, mesmo assim, imagino que é um pouco frustrante ter que morar num país que tem a cultura tão diferente de sua cultura. Por exemplo, a Ministra Cynthia Bugané falou sobre como ela tinha ficado na Coreia do sul e na Coreia do norte e que foi difícil não ter a possibilidade de encontrar a comida que ela desejava, comida brasileira. Por último, outra dificuldade que os embaixadores têm que suportar é o ato de ter que mudar com muita frequência. A embaixadora Maria de Lujan falou sobre a dificuldade de ter que se mudar com toda a família e sobre a tristeza de deixar alguns membros da família. Na verdade, eu nunca tinha pensado na dificuldade que é para os filhos dos embaixadores que têm que mudar de um país a outro em tão poucos anos. Ainda que eles tenham a oportunidade de morar em diferentes países e aprender novos idiomas, também têm que deixar muitos amigos e costumes. Também, não só as famílias dos embaixadores sofrem mas também os próprios embaixadores. Por exemplo, a embaixadora disse que durante um tempo, ela teve que ficar completamente sozinha sem os filhos dela e sem o esposo dela.

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Enfim, nossa visita ao consulado brasileiro me impressionou porque aprendi mais sobre as vidas e sobre as dificuldades dos embaixadores. Muitas vezes a população acha que é só glamour esse trabalho de embaixador, mas mesmo que seja um emprego muito importante e interessante também é um emprego que requer muitos sacrifícios. Ao final, temos que agradecer que existem pessoas, como a Embaixadora Maria De Lujan Caputo Winkler, que fazem sacrifícios para promoveras relações entre o Brasil e países no mundo e que trabalha para promover a cultura brasileira.

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Visita ao Consulado Liam White

O que mais me impressionou foi o profissionalismo da operação no Consulado. Encarregado de uma grande jurisdição de dez estados, o Consulado Brasileiro em Chicago apoia a diáspora brasileira de várias maneiras. Ele não é só uma "burocracia por documentos", mas também o Consulado desenvolve oportunidades culturais e educativas entre brasileiros e americanos, e facilita o intercâmbio econômico pelos negócios. Foi bem interessante que tantas mulheres trabalham no Consulado, incluindo a Embaixadora. Acho que isso é incomum, mas talvez se no futuro mais diplomatas forem mulheres, nós certamente teremos relações mais agradáveis entre países. Todas delas falaram eloquentemente sobre a importância da construção da comunidade brasileira e da difusão da língua portuguesa no Meio-Oeste dos Estados- Unidos. Eu me sinto grato por ter ouvido as trajetórias profissionais da embaixadora e da ministra. As duas sacrificaram muito—os amigos, o tempo com família, a estabilidade—para trabalhar e representar o Brasil nos vários lugares do mundo. Não é trabalho simples, mas ficou claro que têm muito orgulho do Brasil e muita confiança para promover a imagem global do país. Talvez, um dia no futuro, eu serei um diplomata americano.

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Os Autores/Editores Zé Badion é um estudante de segundo ano na Bienen Escola de Música, estudando educação musical coral. Ele também está se dedicando a dois “minors”, um em Português e outro em Estudos de Cinema e Mídia. Está no segundo ano do estudo de português na Northwestern, e também tem estudado espanhol desde os cinco anos. Em seu tempo livre, ele é o diretor musical de seu grupo de A Capella e presidente do bem-estar da fraternidade Delta Chi. Gosta muito de teatro, arte, e comida. Ele mora em Evanston agora, mas é de Westport, CT.

Lilliana Graham é estudante de terceiro ano na Northwestern University. Ela estuda Francês, Português e Literatura Comparativa. Ela nasceu na Califórnia, mas foi criada em Londres com os seus três irmãos. Com uma mãe Brasileira e um pai Inglês, sempre passou as férias na Bahia e em São Carlos, SP, e por isso sentiu vontade de explorar a cultura brasileira e a língua portuguesa. Ela espera trabalhar em Relações Públicas e Marketing para agências criativas e passará o verão de 2017 em Nova Iorque trabalhando em uma agência de consultoria de marketing em um equipe de moda.

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Natan Kirchhoff, de Los Angeles, Califórnia, está no seu terceiro ano na Northwestern Universidade. Com 21 anos, ele faz curso nas áreas de Comunicação, Música e Português. Kirchhoff também canta no grupo de a cappela “​Treblemakers​”, que apresenta canções em inglês, mandarim, cantonês, coreano e japonês. Apesar de a mãe do Kirchhoff ser taiwanesa, ela cresceu em São Paulo. Com essa história na própria família materna, Kirchhoff está feliz por aprender e praticar português. No futuro, ele quer que desempenhar sua carreira no Brasil para continuar a falar a língua.

Adrian Lafont-Mueller nasceu em Evanston, IL em 1998 e cresceu lá. Agora ele é estudante na Northwestern University--também localizada em Evanston--onde ele estuda Economia e Português. Ele gosta muito de aprender línguas, e como ele cresceu falando espanhol, o interesse para o português veio naturalmente. Fora das aulas, ele gosta de correr pelo lago Michigan, assistir filmes de terror, e comer pão de queijo. No futuro, ele acha que trabalhará ou na área de diplomacia ou na área de direito.

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Antônio H. Licht é um aluno do último ano na Universidade Northwestern. Ele está especializando-se no Espanhol e em Economia. Ele começou a aprender português no Inverno passado e não se arrepende da decisão! Ele acredita firmemente no poder da aprendizagem de línguas estrangeiras de construir laços de compreensão e amizade entre pessoas de diferentes origens e culturas. E, na futura carreira dele, ele pretende utilizar o seu conhecimento do português e do espanhol como possível for. No seu tempo livre, ele gosta de jogar beisebol, tocar piano e passar o tempo com os seus amigos e com os seus dois ótimos irmãos. Ele espera que vocês gostem das suas reflexões!

Isaiah Mendoza está no seu segundo ano na Universidade Northwestern. Ele faz estudos nas áreas de ciências políticas, espanhol e português. Ele tem 20 anos de idade e joga no time de ​ultimate frisbee​ em Northwestern. Em seus estudos, Mendoza tem muita interesse na região da América Latina e as relações entre esses países e entre os Estados Unidos e esses países. Por isso, ele gosta muito de praticar e estudar as três línguas dessa região. No futuro, ele quer continuar seus estudos em direito ou diplomacia (ou ambos!).

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Sofia Salgado é estudante da Northwestern University que está no seu terceiro ano. Na faculdade, ela estuda psicologia, português, e biologia. O sonho dela é algum dia ser cirurgiã plástica. Fora da aula, Sofia gosta muito de ser voluntária no asilo perto da faculdade, participar em grupos de pré-medicina, e atuar como presidente da NULBA, a associação luso-brasileira da Northwestern. Sofia vem de uma família imigrante de origem mexicana. Gosta muito de aprender novos idiomas e até agora fala inglês, espanhol e português.

Liam White está no seu terceiro ano na Northwestern, estudando antropologia, saúde global, e português. Em 2016, ele morou em Salvador da Bahia para fazer um programa que examinou a saúde pública, raça, e os direitos humanos no Brasil. Na faculdade, ele serve como presidente da comunidade dos direitos humanos e luta contra a violência sexual. Além disso, ele adora jogar futebol, viajar a novos lugares, e comer feijoada. Ele quer voltar ao Brasil depois da formatura no ano que vem.

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ana-williams@northwestern.edu

josephbadion2019@u.northwestern.edu

lilianagraham2017@u.northwestern.edu

nathankirchhoff2018@u.northwestern.edu

adrianlafontmueller2020@u.northwestern.edu

aitanlicht2017@u.northwestern.edu

isaiahmendoza2019@u.northwestern.edu

sofiasalgado2018@u.northwestern.edu

williamwhite2018@u.northwestern.edu



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