Winston Churchill

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Winston Churchill

Por Ana do Mar Ribeiro, nยบ 1, 12ยบ E Ano letivo 2015/16 Histรณria A


Escola Secundária Gabriel Pereira

Índice

Introdução

As raízes de Churchill

Ínicio de carreira: o Exército e o Governo

Criação de um Estado Social

Conservadores no poder

O Afundamento do Lusitania

Segunda Guerra Mundial

Churchill: mestre da oratória

O fim de uma era: últimos dias

Conclusão

Bibliografia/ webgrafia


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Introdução Este trabalho foi realizado no contexto do estudo das transformações mundiais nas primeiras décadas do século XX, após a Primeira Guerra Mundial; as tensões políticas e sociais a partir dos anos 30; dos regimes fascistas e suas crises, e da conjuntura que culminou no segundo conflito mundial. Neste âmbito, destacam-se algumas personalidades de relevo. Focando nomeadamente na figura de Winston Churchill, tem este trabalho por objetivo entender porque é Churchill um ícone do século XX, como foi que a sua liderança mudou o rumo da História, qual foi de facto o seu contributo e qual é, hoje, o seu legado. Apresento deste modo uma síntese da vida e obra de Winston Churchill, personalidade tutelar de todos os democratas modernos.


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As raízes de Churchill Winston Leonard Spencer Churchill nasceu a 30 de novembro de 1874, no palácio de Blenheim, em Inglaterra. Nascera no seio da política, numa família aristocrática. O seu pai, Lorde Randolph Churchill, estadista inglês, tinha sido ministro das Finanças de um Governo conservador. Churchill não foi de todo um aluno exemplar ou brilhante, pelo contrário provou ser rebelde e indisciplinado. Em abril de 1888 é mandado para o colégio interno Harrow School, em Londres. Semanas depois junta-se à Harrow Rifle Corps, que o colocou no caminho para uma carreira militar. Carreira esta que, ao principio, não parecia indicada para ele. Precisou de três tentativas para passar o exame para a British Royal Military College. Enquanto estava no exército escreveu relatórios militares para jornais como The Pioneer e The Daily Telegraph, e ainda dois livros sobre as suas experiências, The Story of the Malakand Field Force (1898) e The River War (1899).

Início de carreira: o Exército e o Governo Quando Sir Winston Churchill foi eleito membro do Parlamento aos 25 anos, em 1900, já tinha atrás dele uma carreira como soldado e correspondente de guerra. Dois anos depois, filiou-se ao partido liberal. Foi convidado a ocupar o cargo de Subsecretário de Estado para as colónias. A mudança de Winston dos Unionistas para os Liberais em 1904 fez alguns pensar que ele não passava de um oportunista. Se assim era, o seu sentido de oportunidade era perfeito. Subiu rapidamente na hierarquia liberal para dirigir o Comércio, o Interior e, em 1911, o Almirantado. Modernizou a Marinha de Guerra do Reino Unido. Porém, com o fracasso da expedição britânica na Turquia, em plena Primeira Guerra, pediu demissão e alistou-se no exército. Depois da Primeira Guerra Mundial regressou aos Conservadores. Tornou-se ministro das Finanças de 1924 a 1929, mas nos anos 30 a sua ligação ao Império Britânico e os seus ataques à política governamental de apaziguar Adolfo Hitler excluíram-no dos cargos governamentais. No início da Segunda Guerra nenhum outro político podia igualá-lo na oposição permanente à ascensão do fascismo. Em 1940 foi nomeado primeiro-ministro. Os seus discursos apregoavam uma confiança exuberante na vitória e inspiravam a nação. Cultivou o apoio norte-americano depois dos Estados Unidos entrarem na guerra, em 1941, promoveu a colaboração entre os dois países. Embora adversário do comunismo, compreendeu também que a cooperação com Estaline era um mal necessário.


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A vitória dos trabalhistas em 1945 encurtou o seu mandato. Dedicou-se a escrever a sua história de guerra, que lhe valeu o Prémio Nobel da Literatura em 1953. Foi de novo primeiro-ministro entre 1951 e 1955, no auge da guerra fria.

Criação de um Estado Social Em finais do século XIX, as economias do Ocidente prosperavam. O poder do Estado crescia rapidamente. Na Grã-Bretanha, David Lloyd George e Winston Churchill planearam criar pensões do Estado e segurança social pública. 1 A Espanha de Franco e Portugal, após as ditaduras de Salazar e Marcello Caetano, conseguiram despojar-se das suas identidades quase fascistas e adotaram a política da corrente dominante. Na Grã-Bretanha, um governo socialista destituiu os conservadores de Churchill e foi mais longe do que nunca na criação de um Estado social; porém, caiu em 1951.2

Conservadores no poder «Entre 1906 e 1916, o governo britânico esteve entregue aos liberais. O chefe liberal Lloyd George teve de formar em 1916 um governo de coligação nacional (…) mas os desaires da sua politica estrangeira levaram-no a demitir-se. As eleições que se seguiram, em 1922, deram a vitória aos conservadores. (…) [Apesar dos trabalhistas terem assumido a chefia do governo em Janeiro de 1924, com Ramsay MacDonald] os conservadores ganharam as eleições de Outubro do mesmo ano, com Stanley Baldwin como primeiro ministro, Chamberlain como ministro dos negócios estrangeiros e Winston Churchill como chanceler do tesouro. (…) As novas eleições gerais, em 30 de Maio de 1929 deram o triunfo aos trabalhistas, mas o governo presidido por MacDonald viu-se a braços com o recrudescimento do desemprego, consequência do contágio da crise norte-americana. (…) Em 1935, MacDonald foi substituído pelo conservador Baldwin. Em 1936, morreu Jorge V, após quase 26 anos de reinado e [dá inicio a uma crise de coroa]. Abalado por esta crise, Baldwin demite-se em 1937. Sucedeu-lhe Chamberlain, que no entanto pediu a demissão em 1940, após o inicio das hostilidades. Sucedendo-lhe, Churchill constituiu um governo onde os trabalhistas aceitaram participar. Foi este o governo de Inglaterra durante o segundo conflito mundial.»3

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MARR, Andrew; História do Mundo; 1ª edição, Texto Editores, 2014, pp. 529 MARR, Andrew; História do Mundo; 1ª edição, Texto Editores, 2014, pp. 581 3 MONNIER, Jean; História Universal; XI volume (Idade Contemporânea – Tempos Actuais – I Parte); Verbo Juvenil; 1970, pp.42 2


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O Afundamento do Lusitania Ás duas da tarde de 7 de Maio de 1915, o capitão Walther Schwieger do submarino U20 atravessava a costa sul irlandesa em busca de navios que pudessem estar a abastecer Inglaterra. Ao largo de Old Head of Kinsale detetou um alvo: o transatlântico de luxo, de 31 000 toneladas, o Lusitania, que seguia para Liverpool vindo de Nova Iorque. Houve uma terrível explosão a bordo e o navio afundou-se em 20 minutos, inclinandose e mergulhando nas profundezas. 1198 pessoas morreram, dos quais 129 americanos. O afundamento causou indignação internacional e tem sido objeto de grande controvérsia desde então. Especulou-se sobre uma intriga – da autoria de Winston Churchill e de Sir Jonh Fisher – para afundar o transatlântico de modo a forçar a América a intrevir. De facto, a atrocidade não foi planeada. Schwieger não tinha ordens para afundar o navio. A longo prazo, contudo, gerou uma onda de empatia pró-Inglaterra e anti-Alemanha. O afundamento deu início à lenta mudança de opinião que culminou, dois anos mais tarde, com a intervenção americana na guerra.4

O transatlântico Lusitania, 1915 https://it.wikipedia.org/wiki/RMS_Lusitania

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Adaptado de Memórias de Um Século – A Primeira Grande Guerra (1914-1918), Seleções do Reader’s Digest, 1998; pp.79


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Segunda Guerra Mundial Confirma-se e amplia-se o conflito bélico, com êxitos alemães em todas as frentes. O Pacto Tripartido, entre a Alemanha, a Itália e o Japão confirma o poder dos regimes totalitários. Por seu lado, os Aliados enfrentam a humilhação da derrota, a angústia da possível invasão ou a dos bombardeamentos. Ao tomar conta do Governo de Coligação no Reino Unido, Winston Churchill oferece à população “sangue, suor e lágrimas”, frase que refletia a gravidade extrema da situação, embora também a esperança e a resistência dos povos submetidos à ameaça totalitária.5 Se Hitler tivesse podido invadir a Grã-Bretanha em 1940, ou tivesse encontrado alguma maneira de obrigar os Britânicos a implorarem pela paz, a guerra podia ter terminado aí. Se isso houvesse acontecido, seríamos hoje menos dominados pela América e a Rússia soviética teria permanecido atrás das suas antigas fronteiras. O general Franco de Espanha rejeitara uma aliança militar com Hitler, (…) a Itália de Mussolini era um aliado, mas não uma cópia fiel. A Suécia, a Suíça e a Irlanda permaneciam neutras. A Grécia, a Roménia, a Hungria e a Jugoslávia poderiam ter escapado totalmente ilesas. Teriam morrido tantos judeus? Se os britânicos tivessem suplicado a paz, isso teria provavelmente conduzido ao rápido colapso do seu império. Assim pensava Churchill. A Índia poderia ter ficado sob domínio japonês. Os EUA provavelmente não teriam desenvolvido a bomba atómica tão cedo, visto que para o conseguirem dependeram de britânicos e cientistas judeus imigrados, bem como um colossal esforço para ultrapassar os cientistas de Hitler. 6

Churchill: mestre da oratória Churchill fez bom uso da retórica, era um prestigiado orador. Os seus discursos motivadores e a sua fé aos princípios da liberdade foram um farol para todos os que combatiam a tirania nazi. É sua a célebre frase proferida em Westminster College em Fulton, nos EUA, em 1946: “De Stettin, no Báltico, a Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro caiu ao longo do continente”. A ideia de uma “cortina de ferro” (muito antes de os comunistas construírem o muro de Berlim) valer-lhe-ia, na altura, a crítica feroz e a acusação de anticomunismo por parte da esquerda em geral, incluindo os trabalhistas britânicos e mesmo personalidades dos Democratas americanos.7 Em seguida, algumas citações que ilustram a mestria e a eloquência de Churchill:

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GISPERT, Carlos (dir.); Crónica do Século XX 1900-1941; volume I, Grupo Editorial Oceano; pp. 372 MARR, Andrew; História do Mundo; 1ª edição, Texto Editores, 2014, pp. 571 7 CHURCHILL, Winston; Memórias da II Guerra Mundial; volume I, livro I; Texto Editores, 2011; prefácio 6


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«Um dia, o presidente Roosevelt disse-me que estava a pedir publicamente sugestões para um nome a dar à guerra. Sugeri de imediato: “A Guerra Desnecessária”. Nunca houve uma guerra mais fácil de impedir do que esta, que acabou por destruir o que o conflito anterior tinha deixado de pé.”8

“Todos os homens têm o direito de viver livres de medo e de necessidade” Fundamento da Carta Atlântica assinada em segredo por W. Churchill e Roosevelt9

"O vício inerente ao capitalismo é a distribuição desigual de benesses; o do socialismo é a distribuição por igual das misérias."10

"Se Hitler invadisse o inferno, eu, pelo menos, faria uma referência favorável ao diabo." - Discurso na Câmara dos Comuns depois da invasão alemã da União Soviética em Junho de 1941.

O fim de uma era: últimos dias Próximo do fim, Churchill teve de aceitar que a influência global da Grã-Bretanha estava a diminuir. Já evidenciava sinais de fraca saúde desde 1941, tendo sofrido vários ataques cardíacos. Havia até especulações de que tinha Alzheimer, encontrava-se fortemente debilitado. No dia 24 de janeiro de 1965, aos 90 anos, morre o líder britânico. Nas suas exéquias de Estado em Londres reuniram-se líderes mundiais para sublinhar a morte do grande líder britânico e o termo da era imperial do seu país.11

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CHURCHILL, Winston; Memórias da II Guerra Mundial; volume I, livro I; Texto Editores, 2011 GISPERT, Carlos (dir.); Crónica do Século XX 1900-1941; volume I,Grupo Editorial Oceano; pp.392

10 11

CHURCHILL, Winston, The Sinews of Peace: Post-War Speeches; Cassell, 1948; pp. 23 Enciclopédia da História Universal, Seleções do Reader’s Digest, 1996; pp.136


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Num cartaz de guerra norte-americano Churchill representa a “raça buldogue” http://fineartamerica.com/featured/winston-churchill-holding-the-line-war-is-hell-store.html

Winston Churchill e Josef Stalin http://www.hellstormdocumentary.com/winston-churchill-germanys-unforgivable-crime/

Winston Churchill e a sua mulher Clementine, durante uma visita a Aldershot, Hampshire, em 1910 http://www.telegraph.co.uk/news/winston-churchill/11699329/Churchill


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Durante um discurso em 1945 (autor desconhecido). http://todiscoverrussia.com/who-started-the-cold-war/

Churchill (esquerda) aos 17 anos, fotografado com um colega na Harrow School. http://www.dailymail.co.uk/news/article-2914985/Doomed-class-young-Winston-1892-portraityouthful-Churchill-poses-Harrow-pals-1945-half-dead.html

Churchill com o presidente Truman dos EUA, abordo do yate do presidente, 5 de janeiro de 1952. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Photograph_of_President_Truman_and_British_Prime_Minist er_Winston_Churchill_aboard_the_President%27s_yacht,_the_U.S.S...._-_NARA_-_199012.jpg


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Conclusão Nascido no berço da aristocracia, Winston Churchill foi soldado, correspondente de guerra, demagogo, primeiro-ministro. Churchill, através da liderança da Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial, desempenhou um papel chave na derrota do fascismo na Europa. Estabeleceu o conceito da “cortina de ferro”, impulsionou a criação de um pioneiro estado social, realizou inúmeras viagens, costurou alianças e traçou estratégias militares fundamentais para a vitória dos aliados contra os alemães. Em certos momentos terá sido injusto e cometido erros, mas como sempre se faz aos heróis, estes aspetos caem no esquecimento para exaltar o que é importante: a sua perseverança, a sua luta pela liberdade e o apego aos valores da nossa civilização.

Bibliografia/ Webgrafia CHURCHILL, Winston; Memórias da II Guerra Mundial; volume I, livro I; Texto Editores, 2011 CHURCHILL, Winston, The Sinews of Peace: Post-War Speeches; Cassell, 1948 MARR, Andrew; História do Mundo; 1ª edição, Texto Editores, 2014 GISPERT, Carlos (dir.); Crónica do Século XX 1900-1941; volume I, Grupo Editorial Oceano MONNIER, Jean; História Universal; XI volume (Idade Contemporânea – Tempos Actuais – I Parte); Verbo Juvenil; 1970 Memórias de Um Século – A Primeira Grande Guerra (1914-1918), Seleções do Reader’s Digest, 1998 Enciclopédia da História Universal, Seleções do Reader’s Digest, 1996 História Universal – Da Segunda Revolução Industrial (S. XIX) ao Mundo de Hoje; Grupo Editorial Oceano; 1992

http://www.biography.com/people/winston-churchill-9248164 (21-09-2015) http://www.winstonchurchill.org/ (21-09-2015) https://pt.wikiquote.org/wiki/Winston_Churchill (21-09-2015) http://www.seuhistory.com/node/105266 (14-10-2015) http://educacao.uol.com.br/biografias/winston-churchill.htm (14-10-2015)


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